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INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM ÁREAS CLASSIFICADAS

1. CLASSIFICAÇÃO DA ÁREA

Nos documentos anteriormente apresentados, procedemos a classificação da área da nova


planta de produção de álcool gel, documentada no item 4 daquele Memorial Descritivo e Nas
prancha PSE-01/03, PSE-02/03 e PSE-03/03, onde apresentamos a classificação da área
considerando hipóteses de situações em que os processos de fabricação podem ser
arranjados, levando a configurações de áreas de risco diferentes para cada caso.
Posteriormente, em reunião com o proprietário, foi decidida a opção de automação dos
processos de introdução do Álcool Etílico 96 ° do tanque utilizado na fabricação do produto
Álcool gel, limitando a abertura do tanque para adição de produtos complementares e
verificação do produto final. Assim procedendo, a opção recaiu sobre a proposta de projeto
apresentada PSE-03/03.

A automação do processo para introdução dos componentes da formulação do álcool gel, com o
Álcool Etílico 96º sendo bombeado remotamente por canalização diretamente no tanque, sem a
necessidade de abertura da tampa, restringe a área de risco de explosão ao interior do tanque
(zona 0 estimada na prancha PSE-03/03), o que resulta na eliminação do risco de dispersão do
vapor de Álcool Etílico 96º no ambiente interno da planta de produção que a classificaria como
zona 1, reduzindo o risco de formação de atmosfera explosiva pela mistura do produto com o
oxigênio do ar (zona 2 estimada na prancha PSE-03/03).

Convém ressaltar que a classificação de áreas, bem como as decisões sobre equipamentos e
medidas de prevenção contra explosões devem ser tomadas a partir das recomendações
contidas nas normas da série ABNT NBR IEC 60079.

Conforme a norma ABNT NBR IEC 60079-10-1:2009:

Item 3.2 – atmosfera explosiva de gás é uma mistura com ar, sob condições atmosféricas de
substâncias inflamáveis na forma de gás ou vapor, na qual, após a ignição, permite a auto-
sustentação de propagação da chama. Embora uma mistura que possua uma concentração
acima do seu limite superior de explosividade (LSE) não seja uma atmosfera explosiva de gás,
esta pode rapidamente se tornar explosiva e, em certos casos para os objetivos de classificação
de áreas, é recomendável que esta seja considerada uma atmosfera explosiva de gás.

Item 3.3 – área classificada (devido a atmosferas explosivas de gás) é uma área na qual uma
atmosfera explosiva de gás está presente ou é esperada para estar presente em quantidades
tais que requeiram precauções especiais para a construção, instalação e utilização de
equipamentos.

2. EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS PARA ATMOSFERAS EXPLOSIVAS

Tipos de proteção são características específicas aplicadas aos equipamentos elétricos de


forma a adequá-los ao uso em atmosfera explosiva. Cada tipo de proteção possui uma norma
correspondente da série ABNT NBR IEC 60079.
A ABNT NBR IEC 60079-0 de 2013 define como tipo de proteção:

“Medidas específicas aplicadas ao equipamento elétrico para evitar ignição de uma atmosfera
explosiva circundante”.

No quadro a seguir são ilustrados os tipos de proteção apresentados nas normas da série ABNT
NBR IEC 60079.

Ver exemplo a seguir e catálogos de produtos e equipamentos em anexo.


Zona 0 – Conforme a norma ABNT NBR IEC 60079-11, em presença de gás inflamável, devem
ser instalados equipamentos com segurança intrínseca (Ex-ia), com nível de proteção de
equipamento (EPL) Ga. Também podem ser instalados equipamentos com encapsulamento
(Ex-ma), com nível de proteção de equipamento (EPL) Ga.

Zona 1 – Conforme a norma ABNT NBR IEC 60079, em presença de gás inflamável, devem ser
instalados preferencialmente equipamentos à prova de explosão (Ex-d), com nível de proteção
de equipamento (EPL) Gb. Também podem ser instalados equipamentos com segurança
aumentada (Ex-e), com nível de proteção de equipamento (EPL) Gb.
Zona 2 – Conforme a norma ABNT NBR IEC 60079, em presença de gás inflamável, devem ser
instalados preferencialmente equipamentos não centelhante (Ex-nC), Não acendível (Ex-nA) ou
com respiração restrita (Ex-nR) com nível de proteção de equipamento (EPL) Gc.
3. INSTALAÇÕES PARA ZONAS 1 E 2

Conforme a NBR IEC 60079-14:2006 temos:

12.2.1 Equipamentos

Nas instalações com circuitos intrinsecamente seguros para zonas 1 ou 2, os equipamentos


intrinsecamente seguros e as partes intrinsecamente seguras dos equipamentos associados
devem estar de acordo com a IEC 60079-11, no mínimo para categoria “ib”.

Equipamentos simples não precisam ser marcados, mas devem estar de acordo com os
requisitos das ABNT NBR IEC 60079-0 e IEC 60079-11, na medida em que a segurança
intrínseca depende deles.

Os equipamentos associados devem ser localizados, preferencialmente, fora da área


classificada ou, se instalados dentro de uma área classificada, devem ser providos com outro
tipo de proteção, de acordo com 5.2, apropriado para as fontes de ignição que o equipamento
associado pode apresentar.

Os equipamentos elétricos conectados aos terminais não intrinsecamente seguros de um


equipamento associado não devem ser alimentados por fonte de tensão maior que Um
mostrado na marcação do equipamento associado.

A máxima corrente de curto-circuito da fonte não deve ser maior que 1 500 A.
Os componentes e a fiação dos equipamentos intrinsecamente seguros e equipamentos
associados (por exemplo, barreiras) devem ser montados normalmente em invólucros que
oferecem um grau de proteção de no mínimo IP20 para proteger contra interferência não
autorizada e danos. Métodos alternativos de montagem podem ser usados se eles oferecerem
integridade semelhante contra interferência e dano (por exemplo, montados em armários em
salas de painéis normalmente trancadas).

Todos os equipamentos que fazem parte de um sistema intrinsecamente seguro devem,


quando possível, ser identificados como sendo parte de um sistema de segurança intrínseca.

4. REQUISITOS COMPLEMENTARES PARA TOMADAS E PLUGUES NÃO CENTELHANTES

Conforme a NBR IEC 60079-15:2006 temos:

20.1 Plugues e tomadas para conexões externas

Plugues e tomadas para conexões externas devem atender a alínea a) ou b) abaixo:

a) devem ser mecânica ou eletricamente intertravados, ou então projetados para que não
possam ser separados quando os contatos forem energizados, e os contatos não podem ser
energizados quando plugues e tomada forem separados. Chaves utilizadas para este propósito
devem estar em conformidade com esta Norma ou com um ou mais tipos de proteção listados
na ABNT NBR IEC 60079-0;

b) se forem alocados e conectados somente para um equipamento específico, eles devem ser
fixados mecanicamente para evitar separação não intencional e o equipamento deve possuir a
advertência determinada no item b) da Tabela 13: ATENÇÃO – NÃO DESCONECTE QUANDO
ENERGIZADO.

20.2 Preservação do grau de proteção

Disposições devem ser feitas para que a parte fixa de uma conexão plugue e tomada
mantenha o grau de proteção do invólucro no qual ela é montada, mesmo quando a parte
móvel é removida. Se o nível de segurança solicitado for efetivamente reduzido pelo acúmulo
de poeira ou água, providências também devem ser tomadas para manter um grau de
proteção apropriado para o plugue elou tomada. Plugues e tomadas para correntes nominais
até 10 A e tensões nominais até 250 V c.a. ou 60 V c.c. não têm que atender aos requisitos de
20.1 se todas as condições seguintes estiverem de acordo com:

– a parte que permanece energizada é uma tomada de corrente; o plugue e a tomada


interrompem a corrente nominal com desengate retardado para permitir que o arco seja
extinto antes da separação;

– o plugue e a tomada mantêm o tipo de proteção "à prova de explosão" de acordo com a IEC
60079-1 durante o período de extinção do arco;

– os contatos que permanecem energizados depois da separação são protegidos de acordo


com um dos tipos de proteção específicos listados nesta Norma ou na ABNT NBR IEC 60079-0.

20.3 Plugues e tomadas para conexões internas


Plugues e tomadas e conectores similares para conexões internas em circuitos com potencial
de provocar ignição devem ser considerados normalmente centelhantes, a menos que eles
necessitem de uma força de separação de no minimo 15 N ou eles sejam impedidos por meios
mecânicos de se soltar ou separar. Quando uma tomada for utilizada para a montagem de um
componente leve (por exemplo, um fusivel ou cabo de interligação), a força de separação (em
N) não deve ser menor que 100 vezes a massa do componente (em kg)

20.4 Tomadas que não necessitam de plugues inseridos em operação normal

As tomadas em equipamentos que em condições normais não têm um plugue inserido e que
são utilizadas somente para manutenção e reparo, são consideradas não centelhantes.

5. EQUIPAMENTOS PORTÁTEIS E EQUIPAMENTOS DE ENSAIOS

Conforme a NBR IEC 60079-14:2006 temos:

5.7 Equipamentos portáteis devem ser utilizados em áreas classificadas somente quando esta
utilização não puder ser evitada.

Equipamentos portáteis devem possuir um tipo de proteção apropriado para a(s) zona(s) de
utilização.

Durante a utilização, tais equipamentos não devem ser transferidos de uma zona de menor
risco para uma zona de maior risco, a menos que eles sejam adequadamente protegidos para
o maior risco. Na prática, entretanto, tal limitação pode ser difícil de ser aplicada; é
recomendável, por esta razão, que todo equipamento portátil atenda aos requisitos do maior
risco. Similarmente, o grupo e a temperatura do equipamento devem ser apropriados para
todos os gases e vapores nos quais o equipamento possa ser utilizado.

Equipamentos portáteis de uso industrial normal não devem ser utilizados em áreas
classificadas a menos que o local específico tenha sido avaliado para assegurar que gases ou
vapores potencialmente inflamáveis estejam ausentes durante o período de utilização
(situação “livre de gás”). Se plugues e tomadas estão presentes em uma área classificada, eles
devem ser adequados para utilização na zona em questão e ter intertravamento mecânico
e/ou elétrico para evitar que uma fonte de ignição ocorra durante a inserção ou a remoção do
plugue.

Alternativamente, eles podem ser energizados somente em uma situação “livre de gás”.

NOTA Sempre que equipamentos elétricos portáteis são utilizados em uma área classificada,
cuidados extremos devem ser tomados para evitar riscos desnecessários. A menos que
especificamente permitido pelos documentos de certificação dos equipamentos elétricos
portáteis ou a menos que outras precauções adequadas sejam tomadas, baterias de reserva
não devem ser levadas para o interior da área classificada.

9.4 Sistemas de eletrodutos

Os eletrodutos devem ser instalados com unidades seladoras onde eles adentrem ou deixem
uma área classificada e adjacentes a invólucros, de forma a manter o adequado grau de
proteção (por exemplo, IP54) do invólucro.

Os eletrodutos devem ser mantidos seguramente fixados em todas as conexões roscadas.


Onde o sistema de eletrodutos é utilizado como condutor de proteção, as junções roscadas
devem ser adequadas para conduzir a corrente de falta que possa fluir, quando o circuito é
adequadamente protegido por meio de fusíveis ou disjuntores.

Nos casos em que eletrodutos são instalados em área corrosiva, o material do eletroduto deve
ser resistente à corrosão ou o eletroduto deve ser adequadamente protegido contra a
corrosão. A combinação de metais que possam ocasionar corrosão galvânica deve ser evitada.

Após os cabos terem sido instalados nos eletrodutos, as unidades seladoras devem ser
preenchidas de acordo com as instruções do fabricante, com um selante que não contraia na
solidificação, seja impermeável a produtos químicos encontrados na área classificada e não
seja afetado por estes. Cabos singelos ou multicabos sem cobertura podem ser utilizados em
eletrodutos. Entretanto, quando o eletroduto contém três ou mais cabos, a área da seção total
dos cabos, incluindo a isolação, não deve ser maior do que 40% da área da seção do
eletroduto. Em longos encaminhamentos de eletrodutos devem ser instalados dispositivos
adequados para assegurar a drenagem satisfatória de condensado. Além disso, a isolação do
cabo deve ser adequada para resistência à água.

Para alcançar o grau de proteção requerido pelo invólucro, adicionalmente à utilização de


unidades seladoras, pode ser necessária a instalação de um selo entre o eletroduto e o
invólucro (por exemplo, por meio de buchas selantes ou graxas que não solidifiquem).

NOTA Quando o eletroduto é o único meio de continuidade de aterramento, convém que esta
selagem não reduza a efetividade do caminho para a terra.

6. CONCLUSÃO

Não tendo a pretensão de possuirmos a única e conclusiva resposta para assunto de natureza
tão ampla e complexa, transcrevemos as sábias considerações do item 4.2 da ABNT NBR IEC
60079-10-1/2009:

A classificação de áreas é um método de análise e classificação do ambiente onde uma


atmosfera explosiva de gás possa ocorrer, de modo a facilitar a adequada seleção e instalação
de equipamentos a serem utilizados com segurança em tais ambientes. A classificação também
leva em consideração as características de ignição dos gases ou vapores, tais como energia de
ignição (grupo do gás) e a temperatura de ignição (classe de temperatura).

Na maioria das situações práticas, onde produtos inflamáveis são utilizados, é difícil assegurar
que a presença de uma atmosfera explosiva de gás nunca irá ocorrer. Pode também ser difícil
assegurar que os equipamentos nunca se constituirão em fontes de ignição. Desta forma, em
situações onde exista uma alta probabilidade de ocorrência de uma atmosfera explosiva de
gás, a confiabilidade é obtida pela utilização de equipamentos que possuam uma baixa
probabilidade de se tornarem fontes de ignição. Por outro lado, onde houver uma baixa
probabilidade de ocorrência de uma atmosfera explosiva de gás, equipamentos construídos
com requisitos menos rigorosos podem ser utilizados.

Após a conclusão da classificação de área, uma avaliação adicional de risco pode ser realizada
para avaliar se as consequências da ignição de uma atmosfera explosiva requerem a utilização
de equipamentos com um nível de proteção de equipamento (EPL – “Equipment Protection
Level”) mais elevado ou possa justificar a utilização de equipamentos com nível de proteção de
equipamento mais baixo do que aquele normalmente considerado. Os requisitos de EPL podem
ser registrados, como apropriado, nos documentos e desenhos de classificação de áreas de
modo a permitir uma adequada seleção de equipamentos a serem utilizados.

Raramente é possível, através de uma simples análise de uma planta industrial ou de um


projeto de uma planta, decidir que partes daquela planta podem ser enquadradas na definição
de zonas (zonas 0, 1 e 2). É necessário um estudo mais detalhado e isto envolve a análise das
probabilidades básicas de ocorrência de uma atmosfera explosiva de gases inflamáveis.

O primeiro passo é avaliar a probabilidade de acordo com as definições de zona 0, zona 1 e


zona 2. Uma vez que se tenha determinado a probabilidade da freqüência e duração de uma
liberação (bem como o grau de risco), a taxa de liberação, concentração, velocidade, ventilação
e outros fatores que afetam o tipo e/ou a extensão da zona, existe então uma base confiável
para a determinação da probabilidade de presença de uma atmosfera explosiva de gases
inflamáveis nas áreas ao redor.

Esta abordagem requer que análises detalhadas sejam feitas para cada item do equipamento
de processo que contenha um produto inflamável, e que poderia se tornar uma fonte de risco.

Em particular, as áreas de zona 0 ou zona 1 necessitam ser minimizadas em quantidade e


extensão, seja por projeto ou por procedimentos operacionais adequados. Em outras palavras,
plantas e instalações devem possuir principalmente áreas de zona 2 ou áreas não classificadas.
Quando a liberação de material inflamável for inevitável, é recomendado que os itens dos
equipamentos de processo sejam limitados àqueles que dão origem a fontes de risco de grau
secundário ou, na sua impossibilidade (isto é, onde for inevitável terem-se fontes de risco de
grau primário ou contínuo), as fontes de risco necessitam que sejam limitadas, ao máximo, em
quantidade e taxas de liberação.

Ao se desenvolver um estudo de classificação de áreas, estes princípios devem receber


considerações prioritárias. Quando necessário, recomenda-se que o projeto, a operação e a
localização dos equipamentos de processo assegurem que, mesmo quando estes estejam
operando de forma anormal, a quantidade de material inflamável liberado para a atmosfera
seja minimizada, de forma a reduzir a extensão da área classificada.

Uma vez que a planta tenha sido classificada e que todos os registros necessários tenham sido
efetuados, é importante que nenhuma modificação nos equipamentos ou nos procedimentos
de operação seja feita sem discussão prévia com os responsáveis pela classificação da área.

Ações não autorizadas podem invalidar a classificação de áreas. É necessário assegurar que
todos os equipamentos que afetam a classificação de área e que tenham sido submetidos a
procedimentos de manutenção sejam cuidadosamente inspecionados durante e após a sua
montagem, de forma a assegurar que a integridade original de projeto, relativa à segurança,
esteja mantida, antes que os equipamentos retornem à operação

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