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1-Descreva a técnica cirúrgica realizada na cirurgia da catarata e seus cuidados

pós-cirúrgicos.

Catarata é a perda de transparência da lente devido à opacificação da lente,


causada pelo estresse oxidativo direto. As células epiteliais da lente são as células
mais metabolicamente ativas da lente, sofrendo oxidação, insolubilização e
reticulação. Essas células migram para o equador da lente para formar fibras, que são
gradualmente comprimidas centralmente e resultam em esclerose nuclear e
opacidade.

Não há método de prevenção conhecido para a catarata; a cirurgia de catarata


evoluiu de uma extração intracapsular para facoemulsificação. É feita uma abertura
anterior na cápsula da lente (capsulorrexis). A lente é emulsionada e então aspirada
através de uma incisão de 2,2 -3,2 mm. Após a remoção da catarata, uma de lente
intraocular (LIO) é implantada. Para ser implantada através de uma pequena incisão,
foram desenvolvidas LIO dobráveis que podem ser inseridas no saco capsular e
implantadas por um injetor.(3) A escolha da LIO deve ser individualizada, levando
sempre em consideração condições médicas associadas.

Entretanto, há grande diferença entre o custo dos diferentes tipos de lentes. As


lentes, apesar de terem finalidade de corrigir a opacificade do cristalino, podem trazer
também correção para algumas patologias refracionais. Deve ser discutido sobre as
vantagens e desvantagens de cada lente e, em conjunto, médico e paciente, decidir
qual lente será implantada durante a facectomia, levando em consideração eficácia,
custo e satisfação paciente.

 Cuidados Pós Operatório:

1 – Seguir rigorosamente a prescrição médica que for entregue no dia da cirurgia.


2 – Lavar as mãos antes de pingar os colírios.
3 – É necessário agitar o colírio antes de pinga-lo.
4 – O intervalo entre os colírios deve ser de 15 a 30 minutos.
5 – Não é necessário pingar colírio durante a madrugada.
6 – É normal a sensação de areia, ardor e lacrimejamento no primeiro dia. Também é
normal sentir arder após a aplicação dos colírios. Nesse caso, é recomendado pingar
colírio lubrificante após 15 minutos do último colírio.
7 – Um discreto embaçamento na visão é normal nos primeiros dias após a cirurgia.
8 – Em caso de desconforto com a luz, usar óculos escuros.
9 – Não coçar os olhos.
10 – Você poderá assistir TV, trabalhar no computador, ou ler no mesmo dia, desde
que esteja se sentindo bem.
11 – Para voltar a dirigir aguarde liberação médica.
12 – Evitar esportes de contato físico por duas semanas.
13 – Evitar entrar em piscinas ou mar por uma semana.
14 – Maquiagem e creme na região dos olhos estão liberados após 1 semana.
15 – Em caso de dor, é permitido fazer uso do analgésico oral que esteja habituado.
16 – Dormir de barriga para cima no 1º dia da cirurgia ou com a cabeça apoiada no
travesseiro do lado não operado.

Referências:

MENDONÇA CQ, et al. Qualidade de vida e visão pós-facectomia. Rev Bras Oftalmol
2018; 77 (3): 119-23

2-Explique a fisiopatologia da dengue englobando suas manifestações clínicas


e diagnóstico diferencial com as demais arboviroses.

O vírus da dengue é um arbovírus do gênero Flavivírus, pertencente à família


Flaviviridae. São conhecidos quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4. Os vetores são mosquitos
do gênero Aedes. Nas Américas, a espécie Aedes aegypti é a responsável pela
transmissão da dengue.
A transmissão se faz pela picada do Aedes aegypti, no ciclo homem - Aedes
aegypti - homem. Após um repasto de sangue infectado, o mosquito fica apto a
transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de incubação. A transmissão mecânica
também é possível, quando o repasto é interrompido e o mosquito, imediatamente, se
alimenta num hospedeiro suscetível próximo.
Não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções com
uma pessoa sadia, nem de fontes de água ou alimento. O período de Incubação varia
de 3 a 15 dias, sendo, em média, de 5 a 6 dias.
A fisiopatogenia da resposta imunológica à infecção aguda por dengue pode
ser primária e secundária. A resposta primária se dá em pessoas não expostas
anteriormente ao flavivírus e o título de anticorpos se eleva lentamente. A resposta
secundária se dá em pessoas com infecção aguda por dengue, mas que tiverem
infecção prévia por flavivírus e o título de anticorpos se eleva rapidamente em níveis
bastante altos. A suscetibilidade em relação à Febre Hemorrágica da Dengue (FHD)
não está totalmente esclarecida.

 Dengue clássica: o quadro clínico é muito variável. A primeira manifestação é


a febre alta (39° a 40°), de início abrupto, seguida de cefaléia, mialgia,
prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor retroorbital, náuseas, vômitos,
exantema e prurido cutâneo. Hepatomegalia dolorosa pode ocorrer,
ocasionalmente, desde o aparecimento da febre. Alguns aspectos clínicos
dependem, com freqüência, da idade do paciente. A dor abdominal
generalizada pode ocorrer, principalmente nas crianças. Os adultos podem
apresentar pequenas manifestações hemorrágicas, como petéquias, epistaxe,
gengivorragia, sangramento gastrointestinal, hematúria e metrorragia. A
doença tem uma duração de 5 a 7 dias. Com o desaparecimento da febre, há
regressão dos sinais e sintomas, podendo ainda persistir a fadiga.
 Febre Hemorrágica da Dengue (FHD): os sintomas iniciais são semelhantes
aos da dengue clássica, porém evoluem rapidamente para manifestações
hemorrágicas e/ou derrames cavitários e/ou instabilidade hemodinâmica e/ou
choque.
Os casos típicos da FHD são caracterizados por febre alta, fenômenos
hemorrágicos, hepatomegalia e insuficiência circulatória. Um achado
laboratorial importante é a trombocitopenia com hemoconcentração
concomitante.
A principal característica fisiopatológica associada ao grau de
severidade da FHD é a efusão do plasma, que se manifesta através de valores
crescentes do hematócrito e da hemoconcentração. Entre as manifestações
hemorrágicas, a mais comumente encontrada é a prova do laço positiva.
A prova do laço consiste em se obter, através do esfignomanômetro, o
ponto médio entre a pressão arterial máxima e mínima do paciente, mantendo-
se esta pressão por 5 minutos; quando positiva aparecem petéquias sob o
aparelho ou abaixo do mesmo. Se o número de petéquias for de 20 ou mais em
um quadrado desenhado na pele com 2,3 cm de lado, essa prova é considerada
fortemente positiva.
Nos casos graves de FHD, o choque geralmente ocorre entre o 3º e 7º
dia de doença, precedido por um ou mais sinais de alerta. O choque é
decorrente do aumento da permeabilidade vascular seguido de
hemoconcentração e falência circulatória. É de curta duração e pode levar ao
óbito em 12 a 24 horas ou à recuperação rápida após terapia anti-choque
apropriada.

Diagnóstico Diferencial:

Dengue clássica: considerando que a dengue tem um amplo espectro clínico, as


principais doenças a serem consideradas no diagnóstico diferencial são: gripe,
rubéola, sarampo e outras infecções virais, bacterianas e exantemáticas.

Febre Hemorrágica da Dengue - FHD: no início da fase febril, o diagnóstico


diferencial deve ser feito com outras infecções virais e bacterianas e, a partir do 3º
ou 4º dia, com choque endotóxico decorrente de infecção bacteriana ou
meningococcemia. As doenças a serem consideradas são: leptospirose, febre
amarela, malária, hepatite infecciosa, influenza, bem como outras febres
hemorrágicas transmitidas por mosquitos ou carrapatos.

Referências:

Dengue: Aspectos Epidemiológicos, Ministério da Saúde Diagnóstico e Tratamento.


Avaiable from: url:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/dengue_aspecto_epidemiologicos_diagn
ostico_tratamento.pdf. Accessed May 05, 2019.

3-Pesquise o mecanismo de formação das escaras de pressão e sua prevenção.

É definida como qualquer lesão causada por uma pressão não aliviada,
cisalhamento ou fricção que podem resultar em morte tecidual, sendo freqüentemente
localizada na região das proeminências ósseas(1), que além de ocasionar dano
tissular, pode provocar inúmeras complicações e agravar o estado clínico de pessoas
com restrição na mobilização do corpo. Apesar de ser um tema de grande atenção no
âmbito do cuidado de enfermagem, estudos mostram que a incidência e prevalência
mundial permanecem elevadas, fato que comprova a necessidade de novas
pesquisas com vistas aperfeiçoar medidas preventivas e terapêuticas.

 A prevenção das úlceras por pressão

O enfermeiro possui ações determinantes na prevenção e tratamento das úlceras


por pressão. As rotinas de prevenção incluem, segundo alguns autores:

1. Avaliação do grau de risco com individualização da assistência, como a


confecção de um protocolo para prevenção da úlcera por pressão;
2. Utilização de escalas de avaliação do grau de risco, como por exemplo, a
Escala de Braden adaptada para a língua portuguesa, e outras como as de
Norton e Waterlow;
3. Quadro demonstrativo enfatizando as áreas suscetíveis à úlcera por
pressão;
4. Providenciar um colchão de poliuretano (colchão de caixa de ovo) para o
paciente, especialmente pacientes em cadeiras de rodas ou acamados;
5. Identificar os fatores de risco e direcionar o tratamento preventivo,
modificando os cuidados conforme os fatores individuais;
6. Mobilização ou mudança de posição de duas em duas horas, bem como
realizar massagem de conforto com emulsão;
7. Proteger saliências ósseas, principalmente calcâneas, com rolos e
travesseiros;
8. Registro das alterações da pele do paciente seguindo os estágios de
classificação das úlceras por pressão proposto pela NPUAP (National
Pressure Ulcer Advisory Panel) em 1989;
9. Tratamento precoce da pele: manter e melhorar a tolerância tecidual à
pressão, a fim de prevenir a lesão;
10. Checar as áreas vulneráveis da pele de todos os pacientes de risco e
otimizar o estado dessa pele, através da hidratação com cremes à base de
ácidos graxos essenciais, tratar a incontinência, evitar o uso de água muito
quente, providenciar suporte nutricional;
11. Monitorar e documentar intervenções e resultados obtidos;
12. Implementar medidas de suporte mecânico: proteger/evitar complicações
adversas de forças mecânicas externas;
13. Criar e fornecer um programa de ensino para pacientes de risco em longo
prazo e para as pessoas que tomam conta deles.

Referências:

MEDEIROS ABF, LOPES CHAF, JORGE MSB. Análise da prevenção e tratamento


das úlceras por pressão propostos por enfermeiros. Rev esc Enferm 2009; 43(1): 223-
8

4-Diferencie os tipos de demência mais frequentes nos idosos.

1. Demência vascular:

É largamente aceito que as doenças cerebrovasculares possam ser responsáveis


pelo desenvolvimento de quadros demenciais. As demências vasculares (DV)
constituem a segunda maior causa de demência. Entretanto ainda não há consenso
sobre os mecanismos fisiopatológicos exatos que levam à demência.
Os pacientes com DV tipicamente apresentam-se com síndrome demencial do
tipo córtico-subcortical, na qual os sintomas primários são de déficits nas funções
executivas ou focais múltiplos.
Doença de grandes vasos leva comumente a múltiplos infartos corticais (com
síndrome demencial cortical multifocal), enquanto uma doença de pequenos vasos,
geralmente resultado de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes melito, causa
isquemia da substância branca periventricular e infartos lacunares (com demência
subcortical, alterações frontais, disfunção executiva, comprometimento de memória,
prejuízo atencional, alterações depressivas, lentificação motora, sintomas
parkinsonianos, distúrbios urinários e paralisia pseudobulbar).
Em estudo recente, (poucas diferenças consistentes foram identificadas entre DA
e DV. Pacientes com DV mostraram taxas mais elevadas de depressão e
comprometimento funcional, além de menor comprometimento cognitivo quando
comparados a pacientes com DA.

2. Demência mista:

A demência mista é entidade nosológica caracterizada pela ocorrência simultânea


de eventos característicos de DA e DV. De acordo com estudos patológicos, estima-
se que mais de um terço dos pacientes com DA apresentem também lesões
vasculares, e proporção similar de pacientes com DV exibam alterações patológicas
características de DA.

A presença de lesões vasculares nos pacientes com DA pode estar subestimada


e parece estar associada à deterioração clínica mais rápida.

3. Demência por corpúsculos de Lewy:

A demência por corpúsculos de Lewy (DCL) acomete cerca de 20% dos pacientes
com demência. O diagnóstico clínico é feito quando o declínio cognitivo é flutuante,
acompanhado por alucinações visuais e sintomas extrapiramidais. O quadro
demencial apresenta-se com rápido início e declínio progressivo, com déficits
proeminentes na função executiva, resolução de problemas, fluência verbal e
performance audiovisual. As alucinações visuais são os únicos sintomas psicóticos
que diferenciam DCL de DA ou DV. Quanto aos sintomas parkinsonianos, encontra-
se hipomimia, bradicinesia, rigidez e, menos comumente, tremor de repouso.
Sensibilidade a neurolépticos, quedas e síncopes também estão presentes.

4. Demência frontotemporal:

O termo demência frontotemporal (DFT) caracteriza uma síndrome


neuropsicológica marcada por disfunção dos lobos frontais e temporais, geralmente
associada à atrofia dessas estruturas, e relativa preservação das regiões cerebrais
posteriores. Estima-se que a DFT responda por 10% a 15% dos casos de demência
degenerativa, ocorrendo principalmente após os 40 anos de idade, com igual
incidência em homens e mulheres.

Os déficits mais característicos da DA envolvem a memória episódica, refletindo o


prejuízo funcional nas áreas cerebrais mais susceptíveis à patologia da DA (lobo
temporal médio). Na medida em que há progressão para outras regiões cerebrais, os
sintomas passam a envolver outros déficits cognitivos, sociais e comportamentais.

A DFT, entretanto, tem início seletivo nos lobos frontais e temporais anteriores e
os pacientes nos estágios iniciais da doença mostram discreto comprometimento da
memória episódica, mas exibem importantes alterações comportamentais (Rosen et
al., 2002). Tais alterações incluem mudanças precoces na conduta social, desinibição,
rigidez e inflexibilidade mentais, hiperoralidade, comportamento estereotipado e
perseverante, exploração incontida de objetos no ambiente, distraibilidade,
impulsividade, falta de persistência e perda precoce da crítica.

Na DFT os prejuízos cognitivos começam tipicamente nas funções executivas,


mas podem também envolver a linguagem.

Referências: GALLUCCI NETO J, TAMELINI MG, FORLENZA OV. Diagnóstico diferencial


das demências. Rev psiquiatr clÍn 2005; 32(3): 119-30

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