Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Notas2 PDF
Notas2 PDF
1 Espaços Vetoriais 3
1.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2 Exercicios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2.1 Interseção e Soma de Subespaços vetoriais . . . . . . . . . . . 9
1.3 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.3.1 Subespaços gerados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.4 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3 Transformações Lineares 36
3.0.5 Imagem e Núcleo de uma transformação . . . . . . . . . . . . 37
3.1 Isomorsmo e Automorsmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.1.1 O Espaço Vetorial L(U, V ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.1.2 A matriz associada a uma Transformação Linear . . . . . . . 46
3.2 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2
Capítulo 1
Espaços Vetoriais
Denição 1.1. Seja V é um conjunto não vazio e suponha que existem duas oper-
ações denidas em V, uma operação somma (denotada +) que a cada par de elemen-
tos u, v ∈ V associa un único elemento de V denotado por u + v, e uma operação
chamada de multiplicação por escalar que a cada u ∈ V e todo λ ∈ R associa un
único elemento de V denotado por λ · u. Dizemos que o triple (V, +, ·) é um espaço
vetorial se as seguintes condições são satisfeitas:
P1 u + v = v + u para todo u, v ∈ V, (propriedade comutativa)
P6 (λ + µ) · u = λ · u + µ · u para todo u ∈ V, λ, µ ∈ R,
P8 1 · u = u para todo u ∈ V.
3
(x1 , . . . , xn ). No conjunto Rn denimos a soma de n-uplas e a multiplicação escalar
por
Soma: P n
Pn i
• Se p(x) = a0 + a1 x + · · · + an x = q(x) = b0 + b1 x + · · · +
i=0 ai x e
bP
n xn = ni=0 bi xi denimos (p+q)(x) = (a0 +b0 )+(a1 +b1 )x+· · ·+(an +bn )xn =
n i
i=0 (ai + bi )x
4
Denimos M (n, m) como sendo o conjunto formado por todas a matrizes de
ordem n × m. Nesta apostilha sempre assumiremos que M (n, m) é munido das
seguintes operações:
P8 1 x = x1 = x para todo x ∈ V.
Um dos aspectos mais interessantes de qualquer teoria matemática é que ela é de-
senvolvida a partir de um conjunto de propriedades básicas. Em particular, notamos
que todos os resultados e aplicações da algebra linear são obtidos a partir dos ax-
iomas P 1 -P 8 . No próximo resultado vemos como é possivel obter novas propriedades
a partir desses axiomas.
5
1. O elemento 0 da propriedade P3 é único,
2. para cada u ∈ V o vetor −u da propriedade P4 é único,
3. se 0 é o vetor em P3 e λ ∈ R então λ0 = 0,
4. se 0 é o número real zero e u ∈ V então 0u = 0,
5. se λu = 0 então λ = 0 ou u = 0,
6. se u então −1 · u = −u,
7. se λ ∈ R e u ∈ V então (−λ)u = λ(−u) = −(λu),
8. se u ∈ V então −(−u) = u,
9. se u + w = v + w então u = v,
10. se u, v ∈ V então existe um único w ∈ V tal que u + w = v.
Prova: Mostramos somente as seis primeiras propriedades, a prova das outras é
deixada como exercicio.
λ0 = λ0 + λ0, / + −(λ0)
λ0 + −(λ0) = (λ0 + λ0) + −(λ0)
0 = (λ0 + λ0) + −(λ0) por P3
0 = λ0 + (λ0 + −(λ0)) por P2
0 = λ0 + 0 por P4
0 = λ0, por P3 ,
4. Note que 0u = (0 + 0)u = 0u + 0u. Logo, somando −(0u) ao ambos lados desta
igualdade vemos que
6
1.1 Exercícios
1. Verique que o conjunto V com as operações indicadas é um espaço vetorial.
a −b
(a) O conjunto V = : a, b ∈ R com as operações usuais de
b a
M (2, 2).
a −b
(b) O conjunto V = : a, b ∈ R com as operações usuais de
b 3a
M (2, 2).
V = (x, y) ∈ R2 : 3x − 2y = 0
(c) O conjunto com as operações usuais de
R2 .
(d) O conjunto V = {f : R → R : f (−x) = f (x), ∀x ∈ R} com as operações
do espaço F(R; R).
S
(e) O conjunto V = n∈N Pn (R) com as operações do espaço F(R; R).
(f ) O conjunto V = R2 munido das operações (x1 , y1 ) ⊕ (x2 , y2 ) = (2x1 −
2y1 , y1 − x1 ) e α · (x, y) = (3αx, −αx.)
(g) O conjunto V = R2 com as operações (x1 , y1 )⊕(x2 , y2 ) = (x1 +x2 , y1 +y2 )
e α(x, y) = (αx, 0).
4 2 com as operações de
(h) O conjunto V = (x, y, z, w) ∈ R : y = x, z = w
R4 .
(i) V = R × (R \ {0}) com as operações (x1 , y1 ) ⊕ (x2 , y2 ) = (x1 + x2 , y1 y2 ),
α · (x, y) = (αx, y α ).
(j) Seja ω ∈ R e Fω = {f ∈ F (R, R) : f é ω periodica} (lembre que uma
função f ∈ R é ω periodica f (s + ω) = f (s) para todo s ∈ R.) Com as
operações do espaço F(R; R), o conjunto Fω é um espaço vetorial .?
Observação 1.14. Para simplicar as notações, no que segue desta apostilha V será
um espaço vetorial e as operações soma e multiplicação por escalar serão denotadas
por u+v e αu respectivamente.
7
Proposição 1.17. Um conjunto W ⊂ V é um subespaço vetorial de V ⇔ u+λv ∈ W
para todo u, v ∈ W e todo λ ∈ W .
Prova: Se W é um subespaço vetorial de V , da denição de subespaço vetorial (veja
também a observação 1.16) segue diretamente que u + λv ∈ W para todo u, v ∈ W
e todo λ ∈ W.
Suponha agora que u + λv ∈ W para todo u, v ∈ W e todo λ ∈ W. Para
provar que W é um espaço vetorial temos que mostrar que as propriedades P 1 -P 8
são vericadas. P1 , P2 , P5 , P6 , P7 e P8 são trivialmente satisfeitas
As propriedades
V . Assim, resta mostrar que P3 e P4 são satisfeitas.
pois elas são válidas em relação a
Seja u ∈ W e λ ∈ R. Da Proposição 1.13 sabemos que −u = −1u. Logo,
0 = u + −u = u + −1u ∈ W o que implica que a condição P3 é satisfeita. Usando
agora que 0 ∈ W e que −u = −1u temos que −u = 0 + −1u ∈ W o que prova que
P4 é tambem válida. Segue do anterior que W é um subespaço vetorial de V . Isto
completa a prova.
Vejamos alguns examplos de sub-espacos vetoriais.
n
X
Sn∗ (R) = {f = aj xj ∈ Pn (R) : aj = 0 se j é par}.
i=0
Deixamos como exercicio mostrar que Sn∗ (R) é um subespaço vetorial de Pn (R).
8
1.2 Exercicios
a1 , . . . , an ∈ R e W = {(x1 , . . . , xn ) ∈ Rn : ni=1 aj xj = a1 x1 + · · · +
P
1. Sejam
an xn = 0}. O conjunto S é um subespaço vetorial de Rn . ?
9
Suponha agora que Q é um subespaço vetorial de V tal que U ∪ W ⊂ Q. Se
u ∈ U e w ∈ W então u ∈ Q e w ∈ Q, o que implica que u + w ∈ Q pois Q é
subespaço vetorial de V . Agora da denição de U + W segue que U + W = {u + w :
u ∈ U, w ∈ W } ⊂ Q.
Para nalizar, mostremos a propriedade (3). Suponha que a soma U +W é direta.
Se z ∈ U + W existem vetores u1 ∈ U e w1 ∈ W tais que z = u1 + w1 . Suponha
agora que z = u2 + w2 com u2 ∈ U e w2 ∈ W . Nessas condições
10
1. U1 + · · · + Un é um subespaço vetorial de V ,
2. U1 +· · ·+Un é o menor subespaço vetorial de V que contém o conjunto i=1 Ui ,
Sn
1.3 Exercícios
Ex. 1.32. Nos seguintes casos estude se W é um subespaço vetorial de V.
a b
1. V = M (2, 2) e W = : a, b, c, ∈ R .
−a c
2. V = R4 e W = {(x, x, y, y) : x, y ∈ R} .
11
5. Sejam V = M (n, 1), A ∈ M (n, n) uma matriz dada e W o subconjunto de V
denido por W = {X ∈ V : AX = 0} .
7. V = R3 e W = {(x, y, z) ∈ R3 : x = 0},
8. V = R3 e W = {(x, y, z) ∈ R3 : x = 1},
9. V = R3 e W = {(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y + z = 0},
Ex. 1.34. Estudar as seguintes armações (se você considera que a armação é
verdadeira prove ela e se acha que é falsa invente um contraexemplo):
12
V = R2 , U = (x, y) ∈ R2 : y = 0 W = (x, y) ∈ R2 : x = αy
1. e onde α é
um número real não nulo.
a 0 0 c
2. V = M ((2, 2), U = : a, b ∈ R e W = : c, d ∈ R .
0 b 0 d
V = R2 , U = (x, y) ∈ R2 : 2x + 3y = 0 e W = (x, y) ∈ R2 : x − y = 0
3. Se
então V = U ⊕ W .
a b 0
4. Se V é o espaço V = M (3, 3), U = 0 0 c : a, b, c, d ∈ R e
0 0 d
0 0 e
W = f g 0 ; e, f, g, h, i ∈ R então V = U ⊕ W .
h i 0
Ex. 1.36. Nos seguintes casos, achar um subespaço W de V de modo que V = U ⊕W.
1. V = R3 U = {(x, y, 0) : x, y ∈ R} .
e
V = M (3, 3) e U = A ∈ M (3, 3) : AT = A .
2.
1 1
3. V = M (2, 1) e U = {X ∈ M (2, 1) : AX = 0} sendo A= .
0 1
Ex. 1.37. Suponha que U e W são subespaços vetoriais do espaço V. Provar que:
1. U ⊂W ⇒U +W =W
2. U ⊂W ⇒U ∩W =U
3. U +W =U ⇒U ⊃W
4. U ∩W =U ⇒U ⊂W
13
Exemplo 1.41. Seja n ∈ N. Nesta apostilha, para i ∈ {1, . . . , n} usaremos a notação
ei para o vetor deRn dado por ei = (x1 , . . . , xi , . . . , xn ) onde xj = 0 se j 6= i e xi = 1
(ou seja, ei = (0, . . . , 1, . . . , 0)).
Pn
É fazil ver que y = (y1 , . . . , yi , . . . , yn ) = i=1 yi ei , de modo que todo vetor de
n
R é combinação linear dos vetores e1 , . . . , en . Observamos que os vetores e1 , . . . , en
são chamados de vetores canónicos de R .
n
Denição 1.43. Seja S ⊂ V não vazio. Denimos o conjunto [S] como sendo o
subconjunto de V formado por todas as combinações lineares dos elementos de S ,
[S] = {v = ni=1 αi si : αi ∈ R, si ∈ S, n ∈ N}.
P
ou seja,
0 1 0 0 0 α
A=α +β = ,
0 0 −1 0 −β 0
com α, β ∈ R. Como α, β são arbitrarios, vemos que [S] está formado por todas as
matrizes con diagonal principal nula.
14
Na próxima proposição consideramos algumas importantes propriedades dos con-
juntos gerados.
15
Prova: Provemos a primeira propriedade. Para mostrar que [S] subespaço vetorial
de V , xemos u, v ∈ [S] e α ∈ R. Pela denição de [S] podemos supor que u =
α1 u1 + · · · + αn un e v = β1 v1 + · · · + βn vn onde α1 , . . . , αn , β1 , . . . , βn são números
reais. Assim, temos que
n
X
u + αv = α1 u1 + · · · + αn un + αβ1 v1 + · · · + αβn vn = (αi + βi )ui ,
i=1
Exemplo
1.53.O espaço W denido por W = {X ∈ M (3, 1) : AX = 0} onde
0 1 0
A= 2 1 0 é nitamente gerado.
1 1 4
W . Se
Para rovar nossa armação, é conveniente caracterizar os elementos de
α 0 1 0 α 0
X = β ∈ W
então 2 1 0 β = 0 de onde segue que α = β = γ = 0.
γ 1 1 4 γ 0
Logo, o único elemento em W é o vetor zero. Assim, W = [{0}].
16
Exemplo 1.54. O espaço W denido porW = {X ∈ M (4, 1) : AX = 0} sendo
1 1 −1 0
2 0 1 1
A=
3
1 0 1
0 −2 3 1
é nitamente gerado.
δ
1 1 −1 0 α 0
2 0 1 1 β 0
=
3 1 0 1 γ 0
0 −2 3 1 δ 0
de onde segue que (
α = −γ/2 − δ/2
β = 3γ/2 + δ/2
e
−γ/2 − δ/2 −1/2 −1/2
3γ/2 + δ/2
= γ 3/2 + δ 1/2 .
X= γ 1 0
δ 0 1
−1/2 −1/2
3/2 1/2
concluimos que W =
Do anterior
1 , 0 .
0 1
No seguinte exemplo, vemos o caso de um espaço vetorial que não é nitamente
gerado.
Exemplo 1.55. P (R) conjunto formado por todos os polinomios de grau nito
Seja
munido das operações soma e multiplicação por escalar usuais. Como veremos, P (R)
não é nitamente gerado. Para mostrar esta armação, suponha que existem poli-
nomios p1 , . . . , p n P (R) = [p1 , . . . , pn ]. Seja N o grau mais alto dentre os
tais que
graus dos polinômios p1 , . . . , pn . Como o x
N +1 pertence P (R) e P (R) = [p , . . . , p ],
Pn 1 n
segue que existem numeros reais α1 , . . . , αn tais que x
N +1 = α p . Logo, temos
Pn i=1 i i
pi
que 1 = i=1 αi xN +1 para todo x 6= 0. Porém isto é abusrdo, pois para valores
Pn pi
grandes de x temos que i=1 αi xN +1 < 1. Como este absurdo surge de supor que
P (R) = [p1 , . . . , pn ], segue que P (R) não pode ser nitamente gerado.
Exemplo 1.56. U = {(x, y, z, t) ∈ R4 : x − y + t + z = 0} e V = {(x, y, z, t) ∈
Sejam
R4: x + y − t + z = 0}. No que segue, acharemos um conjunto gerador para cada
um dos espaços U, V, U ∩ V e U + V.
Para começar, estudemos o espaço U . Se (x, y, z, t) ∈ U então y = x + z + t e
17
de onde segue que U = [(1, 1, 0, 0), (0, 1, 1, 0), (0, 1, 0, 1)].
Vejamos agora o espaço V . Se (x, y, z, t) ∈ V então t = x + y + z e
de onde podemos concluir que V = [(1, 0, 0, 1), (0, 1, 0, 1), (0, 0, 1, 1)].
Se (x, y, z, t) ∈ U ∩ V então
(
x−y+t+z =0
x + y − t + z = 0,
U + V = [(1, 1, 0, 0), (0, 1, 1, 0), (0, 1, 0, 1), (1, 0, 0, 1), (0, 0, 1, 1)].
1.4 Exercícios
Ex. 1.57. Em cada caso, achar [S] como subespaço de V.
S = 1, t, t2 , 1 + t3 , V
3. = P3 (R).
0 1 0 0
4. S= , , V = M (2, 2).
0 0 −1 0
Ex. 1.58. Em cada um dos itens abaixo achar um conjunto nito que gere o espaço
W.
W = (x, y, z) ∈ R3 : x − 2y = 0 .
1.
2. W = {p ∈ P3 (R) : p0 (t) = 0, ∀t ∈ R} .
W = A ∈ M (2, 2) : At = A .
3.
0 1 0
4. W = {X ∈ M (3, 1) : AX = 0} onde A = 2 1 0 .
1 1 4
Ex. 1.59. Em cada um dos itens abaixo achar un conjunto (o menor possivel)
gerador de U, W, U ∩ W e U + W.
18
U = (x, y, z) ∈ R3 : x + y = 0
2. W = [(1, 3, 0), (0, 4, 6)],
e
1 1
U = A ∈ M (2, 2) : At = A
3. e W = ,
0 1
2. W = {p ∈ P3 (R) : p00 = 0} ,
3. U ∩ W.
Ex. 1.61. Mostre que as funções 1 e cos 2x pertencem a [ sen 2 x, cos2 x].
1. U = {(x, y, z) ∈ R3 : x − 2y = 0},
2. V = {(x, y, z) ∈ R3 : x + z = 0 e x − 2y = 0},
3. W = {(x, y, z) ∈ R3 : x + 2y − 3z = 0},
4. U ∩V e V + W.
Ex. 1.64. Achar un conjunto de geradores para o conjunto dos numeros complexos
C munido das operações usuais (a+ib)+(c+id) = a+c+i(c+d) e α(a+ib) = αa+iαb.
Mostre que {2 + 3i, 1 − 2i} é um conjunto gerador de C.
Ex. 1.65. {(1, −1, 2), (3, 0, 1)} e {(−1, −2, 3), (3, 3, −4)} geram o
Os conjuntos
mesmo subespaço vetorial de R3 . ?
1 0 1 1 0 0 0 1
Ex. 1.66. O conjuto de matrizes 0 1
,
0 0
,
1 1
,
1 2
é
19
Capítulo 2
dimensão
Similarmente, para cada matriz Ai,j temos que T \ {Ai,j } não é gerador de M (n, m).
A propriedade descrita anteriormente não é restrita a esses conjuntos e a essses
espaços. Mais ainda, como veremos neste capitulo nenhum subconjunto de Rn com
menos de n vetores pode ser gerador de R
n e nenhum subconjunto de M (n, m)
com menos de mn elementos pode ser gerador de M (n, m). Do anterior vemos que
os conjuntos geradores de um espaço vetorial com o menor número de elementos
possiveis são muito especiais. Este tipo de conjunto serão chamados de bases. Para
formalizar as ideias anteriores, temos que introduzir algumas denições.
Lema 2.2. Un conjunto {u1 , . . . , un } ⊂ VPde vetores não nulos é linearmente inde-
pendente ⇔ a única solução da equação n
i=1 αi ui = 0 é a solução nula, ou seja, a
solução com α1 = . . . , αn = 0.
Prova: Suponha que {u1 , . . . , un } é linearmente independente e que a equação
P n
i=1 αi ui = 0 possui umaP solução não nula. Então existem escalares α1 , α2 , . . . , αn
n Pn αj
não todos zero, tais que i=1 αi ui = 0. Se αi 6= 0, então ui = − j=1,j6=i αi uj
o que implica que {u1 , . . . , un } não é linearmente independente, o que é absurdo.
Pn
Isto prova que a equação i=1 αi ui = 0 tem uma única solução, a solução nula
α1 = α2 = . . . = αn = 0. Pn
Suponha que a equação i=1 αi ui = 0 possui uma única solução. Se o con-
junto {u1 , . . . , un } não é l.i, então um desses vetores, digamos ui , é combinação
linear dos outros. Neste caso, existem números reais β1 , β2 , . . . , βi−1 , βi , . . . , βn tais
Pn
que ui = j=1,j6=i βj uj . Nessas condições,
P temos que os números β1 , β2 , . . . , βi−1 ,
−1, βi , . . . , βn são uma solução nula de ni=1 αi ui = 0, o que é aburdo. Portanto,
{u1 , . . . , un } é linearmente independente.
20
Observação 2.3. Do Lemma anterior vemos que para mostrar que um conjunto de
vetores
Pn {u1 , . . . , un } é linearmente independente, é suciente provar que a equação
α+β+γ = 0
α+β = 0
γ = 0.
Como este sistema possui uma única solução, a soluçaõ nula, segue que {(1, 1, 1),
(1, 1, 0), (1, 0, 0)} e linearmente independente.
. . . . .
. . . . .
. . . . .
α1 xn,1 + . . . +αi xn,i . . . + αn xn,n = 0,
21
Resumimos as observações do Exemplo 2.7 na seguinte proposição.
1 0 1 1 0 1 0 0
α +β +γ = . (2.12)
0 1 0 1 0 0 0 0
α+β β+γ 0 0
= ,
0 α+β 0 0
22
Prova: A propriedade em (1) segue diretamente da deniçaõ de conjunto linearmente
independente. Para mostrar (2), suponha que B = {u1 , . . . , un , v1 , . . . , vp }. Como A
é linearmente dependente existem números reias β1 , . . . , βn não todos zero tais que
P n
i=1 βi ui = 0. Em particular, temos que
β1 u1 + · · · + βn un + 0v1 + · · · + 0vp = 0,
2.1 Exercícios
1. Estude se o conjunto S⊂V é linearmente independente.
(f ) S = {xex , x} , V = F(R; R) .
23
(b) {(1, 1, 1), (0, 1, 0), (1, 0, −2)},
(c) {(0, 0, 0), (1, 2, 3), (4, 1, −2)},
(d) {(1, 1, 1), (1, 2, 1), (3, 2, −1)},
(a) {1, x − 1, x2 + 2x + 1, x2 },
(b) {2, x2 + 1, x + 1, x2 − 1},
(c) {x(x − 1), x3 , 2x3 − x2 , x},
−1
α a c x
= . (2.19)
β b d y
Portanto, a equação α(a, b) + β(c, d) = (x, y) tem uma única solução o que mostra
que R2 = [(a, b), (c, d)].
Vejamos agora que {(a, b), (c, d)} é linearmente independente. Para isto, temos
que estudar a equação α(a, b) + β(c, d) = (0, 0). De (2.19) sabemos que a única
solução desta equação é (α, β) = (0, 0), o que prova que {(a, b), (c, d)} é linearmente
independente.
a c
Do anterior, vemos que {(a, b), (c, d)} é uma base se det = ad − bc 6= 0,
b d
o que nos permite armar que existe uma quantidade não nita de bases de R2 .
24
Exercício 2.20. Achar bases de R2 da forma {(1, 1), (c, d)}.
Do Exemplo anterior, segue {(1, 1), (c, d)} é base se d 6= c. Logo, {(1, 1), (1, 2)},
√
{(1, 1), (1, π)}, {(1, 1), (π, 2)}.... são bases de R2 .
Exemplo 2.21. Achar uma base do subespaço vetorial U de R3 gerado pelo conjunto
{(1, 0, 1), (1, 2, 0), (0, 2, −1)}.
É fazil ver que o vetor (0, 2, −1) é combinação linear dos vetores (1, 0, 1) e
(1, 2, 0) e que {(1, 0, 1), (1, 2, 0)} é linearmente independente. Assim, obtemos que
{(1, 0, 1), (1, 2, 0)} é uma base de U .
No seguinte resultado veremos que todo espaço vetorial nitamente gerado possui
uma base.
25
é combinaçõa linear dos outros. Renumerando os vetores, sem necessario, podemos
Pn
supor u2 = k=3 βk uk sendo
βk escalares.
Com antes, armamos que {u3 , . . . , un } é um conjunto gerador de V . De fato, se
u ∈ V e u = nk=2 θk uk então
P
n
X n
X n
X n
X n
X
u= θk uk = θ2 u2 + θk uk = θ2 βk uk + θk uk = (θ2 βk + θk )uk ,
k=2 k=3 k=3 k=3 k=3
x1 u1 + · · · + xn un = 0. (2.26)
Como V = [{v1 , . . . , vm }], temos que cada vetor uj é combinação linear dos vetores
v1 , . . . , vm . Logo, para cada 1P ≤ j ≤ n existen números reais α1,j , . . . , αm,j tais que
uj = α1,j v1 + · · · + αm,j vm = m i=1 αi,j vi . Usando isto em (2.26) obtemos que
m m
! !
X X
x1 αi,1 vi + · · · + xn αi,n vi = 0. (2.27)
i=1 i=1
Como os vetores v1 , . . . , v m são linearmente independentes, vemos que cada uma das
somas que aparecem na última expressao são zero. Assim, obtemos o sistema de
equações
x1 α1,1 + . . . + xn α1,n = 0,
x1 α2,1 + . . . + xn α2,n = 0,
.
.
. (2.28)
x1 αm,1 + . . . + xn αm,n = 0,
O sistema (2.28) é um sistema linear homogêneo de m equações e n incógnitas e
como n > m, segue-se que este sistema possui uma solução não trivial que denotamos
x1 , . . . , xn . É claro do anterior que x1 , . . . , xn é uma solução não trivial de (2.26) o
que mostra que {u1 , . . . , un } é un conjunto linearmente dependente. A prova está
completa.
Como consequência do resultado anterior temos o seguinte Teorema.
26
Teorema 2.29. Se V é nitamente gerado então todas as bases de V possuem o
mesmo número de elementos.
Prova: Suponha que {v1 , . . . , vm } e {u1 , . . . , un } são duas bases do espaço V . Como
{u1 , . . . , un } é base e {v1 , . . . , vm } é linearmente independente, da Proposição 2.25
segue que m ≤ n. De maneira similar, como {v1 , . . . , vm } é base e {u1 , . . . , un } é
linearmente independente, obtemos que n ≤ m. Como m ≤ n e n ≤ m segue-se que
n = m.
O resultado anterior nos permite introduzir o conceito de dimensão de um espaço
vetorial.
27
que neste caso, o conjunto {w1 , . . . , wk } é uma base de W. Isto prova que W é
nitamente gerado e que dim(W ) ≤ n.
Mostremos agora (2). Suponha por absurdo que {u1 , . . . , un } não é una base.
Como este conjunto é linearmente independente, temos que {u1 , . . . , un } não é um
conjunto gerador. Logo, existe un+1 ∈ V tal que un+1 ∈ / [{u1 , . . . , un }].
Mais
ainda, do Lemma 2.32 segue-se que {u1 , . . . , un+1 } é linearmente independente. Isto
é absurdo, pois todo conjunto com mais de n = dim(V ) elementos é linearmente
dependente (veja a Proposição 2.25). Como o absurdo é consequencia de supor que
{u1 , . . . , un } não é base, podemos concluir que {u1 , . . . , un } é base de V.
Exemplo 2.34. dim Rn = n e dim Pn (R) = n + 1. Mais ainda, deixamos
É fazil ver
como exercicio mostrar que o conjunto de matrizes {Ak,l : k = 1, . . . , n, l = 1, . . . , m}
(veja Exemplo 1.42) é uma base de M (n, m) e que dim M (n, m) = nm.
Exemplo 2.36. Achar uma base do espaço R3 contendo o vetor (1, 1, −1).
3
Como dim(R ) = 3, precisamos achar vetores (a, b, c), (x, y, z) de modo
que o
conjunto {(a, b, c), (x, y, z), (1, 1, −1) seja linearmente independente. Do Exemplo
2.22 sabemos que {(a, b, c), (x, y, z), (1, 1, −1) é linearmente independente se
1 a x
det 1 b y = x(b + c) − y(a + c) + z(b − a) 6= 0.
−1 c z
28
Prova: Da Proposição 2.33 e do Teorema 2.24 segue-se
T
T que U, W, U W e U +W
possuim bases. Seja {v1 , . . . , vm } é uma base de U W. Como {v1 , . . . , vm } ⊂ U
é un conjunto linearmente independente, do Teorema 2.35 sabemos que existe un
conjunto de vetores {u1 , . . . , up } ⊂ U {u1 , . . . , up , v1 , . . . , vm } é base de U.
tal que
De maneira similar, vemos que existe un conjunto de vetores {w1 , . . . , wm } ⊂ W tal
que {w1 , . . . , wq , v1 , . . . , vm } é uma base W.
A seguir mostraremos que {u1 , . . . , up , w1 , . . . , wq , v1 , . . . , vm } é uma base de U +
W . Para começar, vejamos que {u1 , . . . , up , w1 , . . . , wq , v1 , . . . , vm } é linearmente
independente.
Suponha que αi , βj , δk são números reais tais que
α1 u1 + · · · + αp up + β1 w1 + · · · + βq wq + δ1 v1 + · · · + δm vm = 0. (2.39)
dim(U + W ) = p + q + m
= (p + m) + (q + m) − m
\
= dim U + dim W − dim U W,
o que completa a prova.
29
Exemplo 2.41. Achar uma base para os espaçõs U, W, U ∩ W e U + W sendo
U = {p ∈ P3 (R) : p(0) = p(1) = 0} W = {p ∈ P3 (R) : p(−1) = 0}.
e
Para comecar estudemos o espaço U . Seja p ∈ U e suponha que p(x) = a0 +
a1 x + a2 x2 + a3 x3 . Como p(0) = 0 segue que a0 = 0 e p(x) = a1 x + a2 x2 + a3 x3 .
Usando agora que p(1) = 0 obtemos que a1 = −a2 − a3 e que p pode ser representado
na forma
p(x) = a0 + (a0 + a2 − a3 )x + a2 x2 + a3 x3
= a0 (1 + x) + a2 (x2 + x) + a3 (x3 − x),
de onde vemos que {1 + x, x2 + x, x3 − x} é um conjunto gerador de W .
2 3
Por outro lado, se α(1+x)+β(x +x)+γ(x −x) = 0 temos que α+(α+β −γ)x+
2 3
βx + γx = 0, de onde segue-se que α = (α + β − γ) = γ = β = 0 pois os vetores
1, x, x2 , x3 são linearmente independentes. Isto prova que {1 + x, x2 + x, x3 − x} é
um conjunto linearmente independente de W .
2 3
Do anterior podemos concluir que {1 + x, x + x, x − x} é uma base de W e que
dim(W ) = 3.
2
Achemos agora uma base de U ∩ W . Se p = a0 + a1 x + a2 x + a3 x ∈ U ∩ W
3
30
1 0 0 1 0 0
e U A={
é gerado por , , }. Mais ainda, como A é linear-
0 0 1 0 0 1
mente independente obtemos que A é uma base de U e que dim(U ) = 3.
1 1
É obvio que é uma base de W e que dim W = 1.
0 1
Estudemos agora o espaço U ∩ W . Se A ∈ U ∩ W então A ∈ W e A é da forma
α α
A= . Usando agora que A ∈ U , obtemos que α = 0 e que A é a matriz
0 α
nula. Portanto, U ∩ W = {0} e dim U ∩ W = 0.
2.1.1 Coordenadas
Pelo Teorema 2.14 sabemos que cada vetor v∈V pode ser representado como com-
binação linear dos vetores da base e que esta representação é única. Usando este
fato, podemos introduzir a seguinte denição.
Exemplo 2.45. O conjunto B = {(1, 1, 1), (0, 1, 1), (0, 0, 1)} é uma base de R3 . Para
determinar as coordenadas do vetor u = (1, 2, 0) em relação a base B , temos que
achar números reais α, β, γ tais que
31
o que é equivalente a resolver o sistema de equações
α = 1
α+β =2
α + β + γ = 0.
1
A solução deste sistema é α = β = 1 e γ = −2, de modo que uB = 1 .
−2
Além do anterior, podemos achar vB para um vetor generico v = (x, y, z). Para
fazer isto temos que resolver o sistema
α = x
α+β =y
α + β + γ = z,
x
que tem como solução α = x, β = y − x e γ = z − y + x. Assim, uB = y − x .
z−y+x
em relação a B.
Como dim(P2 (R)) = 3, para mostrar que {1, x, x2 − x} é uma base de P2 (R) é
2
suciente provar que {1, x, x − x} é linearmente independente. Se α, β, γ são tais
2 2
que α + βx + γ(x − x) = 0 para todo x ∈ R então α + (β − γ)x + γx = 0 para todo
x ∈ R, de onde obtemos que α = (β − γ) = γ = 0 pois os polinomios 1, x, x2 são
linearmente independentes. Do anterior é obvio que e α = β = γ = 0 o que mostra
2
que {1, x, x − x} é uma base de P2 (R).
Para achar uB , temos que escrever u como combinação linear dos polinomios
2
em {1, x, x − x}, o que é equivalente a encontrar números reais α, β, γ tais que
u = 1 + x + x2 = α1 + βx + γ(x2− x). A partir desta equação obtemos que α = 1,
1
β = 2 e que γ = 1. Assim, uB = 2 .
1
2
Suponha agora que p(x) = a0 + a1 x + a2 x . Para achar as coordenadas de
p en relação a B temos que achar α, β, γ de modo que p = a0 + a1 x + a2 x2 =
α1 + βx + γ(x2 − x). A partir disto, obtemos o sistema
α = a0
β − γ = a1
γ = a2 ,
32
2.2 Exercícios
Ex. 2.47. Estude se o conjunto B é uma base do espaço V.
B = 1, 1 + t, 1 − t2 , 1 − t − t2 − t3 , V = P3 (R).
1.
1 1 2 1 0 1 0 0
2. B= , , , , V = M (2, 2).
0 0 0 0 1 0 0 2
W = (x, y, z, t) ∈ R4 : x − y = 0
x + 2y + t = 0 , V = R4 .
1. e
1 2
2. W = {X ∈ M (2, 2) : AX = X} onde A = , V = M (2, 2).
0 1
1 0
3. W = {X ∈ M (2, 2); AX = XA} onde A= e V = M (2, 2).
1 1
U = (x, y, z) ∈ R3 : x + y + z = 0 , W = {(x, y, 0) : x, y ∈ R} , V = R3 .
1.
Ex. 2.51. Achar as coordenadas do polinômio p ∈ P3 (R) dado por p(t) = 10+t2 +2t3
em relação as bases de P3 (R), A = {1, t, t2 , t3 }, B = {1, 1 + t, 1 + t + t2 , 1 + t + t2 + t3 }
2 3
e C = {4 + t, 2, 2 − t , t + t }. Achar representação do polinômio generico p =
2 3
a0 + a1 x + a2 x + a3 x em relação as bases anteriores.
2 5
Ex. 2.52. Achar as coordenadas do vetor −8 7
em relação a base canonica
1 0 1 1 1 1 1 1
de M (2, 2) e em relação a base , , , .
0 0 0 0 1 0 1 1
1 0 1 1
Ex. 2.53. Achar uma base M (2, 2) que contenha os vetores
1 0
e
0 0
.
Ex. 2.54. Suponha que {u1 , . . . , un } é uma base de V . Mostre que {u1 , u1 +u2 , u1 +
u2 + u3 , . . . , u1 + · · · , un } é um base de V. Prove que {α1 u1 , . . . , αn un } é uma base
de V quando todos os números αj são diferentes de zero.
33
2.2.1 Prova teste 1 de 2011
−z z − y
T (x, y, z) =
x 0
34
2. Seja U = {(1, 2, 3), (1, 1, 1), (2, 8, 14)} e W o conjunto denido por
35
Capítulo 3
Transformações Lineares
Neste capitulo estudaremos um tipo especial de funções que são denidas entre es-
paços vetorias. Este tipo de funções, chamadas de transformações lineares, nos
permitiram comparar os espaços vetorials desde diferentes pontos de vista. Em par-
ticular, veremos que dois espaços vetoriais de igual dimensão são (do ponto de vista
da algebra linear) iguais.
No que segue, U, V são espaços vetoriais e para simplicar a escrita, usaremos
a mesma notação para as operações em U e em V (mas lembre que essas operações
podem ser diferentes,.. muito diferentes!!). Começamos com a seguinte denição.
36
o que prova que T é uma transformação linear.
un vn
M (n, 1). Para mostrar que T (u) + αT (v) = T (u + αv) é suciente mostrar
que as coordenadas de T (u + αv) são iguais as coordenadas de T (u) + αT (v).
Da denição do produto A(u + αv) vemos que a coordenada i de A(u + αv)
Pn
é dada por j=1 ai,j (uj + αvj ). Similarmente, vemos que a coordenada
Pn i de
T (u) = Au e a coordenada i de T (v) = Av são dadas por j=1 ai,j uj e
P n
a v
j=1 i,j j respectivamente, de onde segue que a coordenada i de Au + αAv
P n Pn
é j=1 ai,j uj + α j=1 ai,j vj .
Do anterior é claro que para todo i = 1, . . . , n, a coordenada i de T (u + αv) é
igual a coordenada i de T (u) + αT (v). Assim, T (u) + αT (v) = T (u + αv) o
que implica que T é uma transformação linear.
Sv = S ◦ IV v = S ◦ (T ◦ R)v = (S ◦ T ) ◦ Rv = IU ◦ Rv = Rv
o que implica que S = R.
Para mostrar que T −1 x, y ∈ U e α ∈ R.
é uma transformação linear, xemos
Como T é sobrejetora, existem vetores v, w ∈ U tais que T (u) = x e T (w) = y . Mais
ainda, notando que T (u + αw) = T (u) + αT (w) = u + αy segue que T
−1 (x + αy) =
−1 −1
u + αw = T (x) + αT (y), o que prova que T −1 é linear.
37
Proposição 3.7. Suponha que T : U → V uma transformação linear.
Prova: Mostremos (1). Para provar que T (W ) é subespaço vetorial de U temos que
mostrar que x + αy ∈ T (W ) para todo x, y ∈ T (W ) e todo α ∈ R. Se x, y ∈ T (W ),
então existem u, w ∈ W tais que x = T (u) e y = T (w). Usando que T é uma
transformação linear, vemos que
de modo que T
−1 −1
(W ) 6= ∅. Para mostrar que T (W ) é subsepaço vetorial de U ,
xemos x, y ∈ T
−1 (W ) e α ∈ R. Pela denição de T −1 (W ) temos que T (x), T (y) ∈
W o que implica que T (x) + αT (y) ∈ W pois W é um espaço vetorial. Usando isto
segue que T (x + αy) = T (x) + λT (y) ∈ W o que mostra que x + λy ∈ T
−1 (W ). Isto
prova que T
−1 (W ) é um subespaço vetorial de U. A prova está completa.
Pelo item (1) da proposição anterior, temos que uma transformação linear T :
U → V é completamente determinada pelos valores que ela assume numa base de U .
De fato, se {w1 , . . . , wn } é uma base de U e u ∈ U , então u pode ser escrito na forma
u = ni=1 αi wi de onde obtemos que T (u) = ni=1 αi T (wi ). Logo, se conhecemos
P P
os valores T (wi ) conhecemos T (u) para qualquer u. Mais ainda, como veremos no
próximo Lemma, se {u1 , . . . , un } e {v1 , . . . , vn } são vetores de U e V respectivamente,
e {u1 , . . . , un } é uma base de U então existe uma transformação linear T : U → V
tal que T (ui ) = vi para cada i.
Lema 3.8. Suponha que {u1 , . . . , un } é uma base e U e que {v1 , . . . , vn } ⊂ V . Então
existe uma única transformação linear T : U → V tal que T (ui ) = vi para cada i.
Prova: Como {u1 , . . . , unP
} é uma base e U , para u ∈ U existem números reais
n
α1 , . . . , uP
n tais que u = αi ui . Usando este fato, denimos T : U → V por
i=1 P
T (u) = ni=1 αi vi quando u = ni=1 αi ui . Armamos que T é função e que T é uma
transformação linear.
38
Da denição de T e do fato que os coecientes u ∈ U são
na representação de
unicos, segue queT é uma
Pn função. Para P ver que T
n Pn u, x ∈ U
é linear, suponha que
e que α ∈ R. Se u = i=1 αi ui e x = i=1 βi ui então αu + x = α i=1 αi ui +
P n Pn
β u
i=1 i i = i=1 (αα i + β )u
i i de onde segue que
n
X n
X n
X
T (αu + x) = (ααi + βi )vi = α αi vi + βi vi = αT (u) + T (x),
i=1 i=1 i=1
o que prova que T é linear. Mais ainda, como ui = 0u1 + . . . , 1ui + . . . 0un temos que
T (ui ) = vi para cada i, o que prova que T é uma transformação como a requerida.
Para mostrar que é unica, suponha que S : U → VPé uma outra transformação
linear tal que S(ui ) = T (ui ) = vi para cada i. Se u = ni=1 αi ui ∈ U então
Xn n
X n
X
S(u) = S( αi ui ) = αi S(ui ) = αi vi = T (u),
i=1 i=1 i=1
o que implica que S(u) = T (u) para todo u ∈ U. Isto prova que T = S.
Observação 3.9. Note que na prova do Lema 3.8 aparece como denir a transfor-
Pn
mação TP: U → V tal que T (ui ) = vi para cada i. De fato, se u= i=1 αi ui então
T (u) = ni=1 αi vi .
Deixamos como exercicio provar o seguinte Lemma.
Assim, a transformação linear dada por T (x, y, z)(x+y, 2x+y, y) é como a requerida.
Exemplo 3.12. Achar uma transformação linear T : R2 → R2
tal que T (1, 2) =
(3, −1) T (0, 1) = (1, 2).
e
2 2
Como {(1, 2), (0, 1)} é uma base de R , para (x, y) ∈ R existem números reais
α, β tais que (x, y) = α(1, 2) + β(0, 1) = (α, 2α + β). Mais ainda, é fazil ver que neste
caso α = x e β = (y − 2x).
Da Observação 3.9 temos que a transformação requerida é dada por
39
Introduzimos agora o conceito de núcleo de uma transformação linear. No que
segue desta apostilha, usaremos a mesma notação “0” para o zero de algum espaço
vetorial.
cos(θ) − sen (θ) x 0
= .
sen (θ) cos(θ) y 0
Como A matriz anterior é inversivel (o determinante da matriz anterior é 1),
obtemos que (x, y) = (0, 0). Assim, N (T ) = {0} o que implica que T é injetora.
β1 u1 + · · · + βp up − α1 v1 − · · · − αq vq = 0,
40
de onde obtemos que α1 = · · · = αq = β1 = · · · = βp = 0 pois {u1 , . . . , up , v1 , . . . , vq }
é uma base de U. Isto prova que {T (v1 ), . . . , T (vq )} é linearmente independente.
Por outro lado, como {u1 , . . . , up , v1 , . . . , vq } é uma base de U , do item (1) da
Proposição 3.7 segue que {T (u1 ), . . . , T (up ), T (v1 ), . . . , T (vq )} é um conjunto gerador
de T (U ), o que implica que {T (v1 ), . . . , T (vq )} é um conjunto gerador de T (U ). Isto
completa a prova que {T (v1 ), . . . , T (vq )} é uma base de T (U ).
Notando que {u1 , . . . , up } é base de N (T ), que {u1 , . . . , up , v1 , . . . , vq } é base
de U e que {T (v1 ), . . . , T (vq )} é uma base do espaço T (U ), vemos que dim U =
dim N (T ) + dim T (U ). A prova do caso N (T ) = {0} segue da prova anterior. Isto
completa a demostração.
Observação 3.17. Na prova do Teorema 3.16 aparece uma maneira de achar uma
base para o espaço T (U ). De fato, na prova supomos que {u1 , . . . , up } é uma base de
N (T ) e logo completamos este conjunto a uma base do espaço U que foi denotada
por {u1 , . . . , up , v1 , . . . , vq }. O conjunto {T (v1 ), . . . , T (vq )} é uma base de T (U ).
Prova: Suponha que T é sobrejetora. Pelo teorema anterior temos que dim(U ) =
dim(N (T )) + dim(V ) dim(N (T )) = 0 e que
de onde segue que N (T ) = {0}. Agora,
do Lemma 3.14 podemos concluir que T é injetora.
Se T é injetora então dim N (T ) = 0 e do Teorema 3.16 segue dim U = dim T (U ).
Portanto, T (U ) é um subespaço de V com a mesma dimensão de V o que implica
via o item (2) da Proposição 2.33 que T (U ) = V . Isto prova que T é sobrejetora, e
como consequencia bijetora.
Suponha que T u1 , . . . , un é uma base de U. Do item (1) da
é bijetora e que
Proposição 3.7 sabemos que {T (u1 ), . . . , T (un )} é um conjunto gerador de T (U ) = V .
Pn Pn
Por outro lado, se i=1 αi T (ui ) = 0 então T ( i=1 αi ui ) = 0 de onde obtemos que
P n
i=1 αi ui = 0 uma vez que T é injetora. Como u1 , . . . , un é base obtemos que
α1 = . . . un = 0 o que implica que {T (u1 ), . . . , T (un )} é linearmente independente.
Assim, temos provado que {T (u1 ), . . . , T (un )} é uma base de V . Portanto, T leva
bases em bases.
Finalmente, suponha que T leva bases em bases. Seja u1 , . . . , un uma base de U.
Pela hipótese, o conjunto {T (u1 ), . . . , T (un )} é P
uma base de V. Assim, dado v ∈ V
n
existem números reais α1 , . . . , αn tais que v = i=1 αi T (ui ) de onde obtemos que
Pn
v = T ( i=1 αi ui ). Isto mostra que T é sobrejetora. A prova está completa.
41
Sep(x) = a0 + a1 x + a2 x2 ∈ N (T ) então (a1 + 2a2 x) + 2a2 = 0 para todo x ∈ R.
Fazendo x = 0, seque que a1 = −2a2 e com x = −1 segue que a1 = 0. Assim, p
é o polinomio constante p = a0 . Logo, N (T ) = {a : a ∈ R} que tem por base o
polinômio {1}.
2
Da observação 3.17 segue que o conjunto {T x, T x } = {1, 2x + 2} é uma base da
imagem de T . Assim, T (P2 (R)) é um espaço de dimensão 2.
Exemplo 3.20. Achar uma transformação T ∈ L(P3 (R), P2 (R)) tal que N (T ) =
[{1 + x3 , 1 − x2 }].
Para denir a transformação T precissamos de uma base de P3 (R). Por conve-
3 2
niencia, consideramos a base {1 + x , 1 − x , 1, x}. Como queremos que o núcleo de
T seja {1 + x , 1 − x }, denimos T (1 + x ) = T (1 − x2 ) = 0. Mais ainda, para que
3 2 3
3 2
o núcleo de T seja exatamente [{1 + x , 1 − x }], denimos T (1) = 1 e T (x) = x.
2 3
Para achar uma formula explicita de T , xemos p(x) = a0 + a1 x + a2 x + a3 x ∈
P3 (R). Note agora que
T (p) = T (a0 + a2 − a3 + a1 x + a3 (1 + x3 ) − a2 (1 − x2 ))
= T (a0 + a2 − a3 ) + a1 T x + a3 T (1 + x3 ) − a2 T (1 − x2 )
= (a0 + a2 − a3 )1 + a1 x
= a0 + a2 − a3 + a1 x.
Exercício 3.21. Usando as ideias no exemplo anterior, achar uma segunda trans-
formação S ∈ L(P3 (R), P2 (R)) tal que N (S) = [{1 + x3 , 1 − x2 }].
42
de onde obtemos o sistema de equações
a + 2c = a
b + 2d = 2a + b
c = c.
d = 2c + d
43
2. T : Rn → Pn−1 (R) dada por T (x1 , . . . , xn ) = x1 + x2 t + · · · + xn tn−1 ,
44
Ti,j (ui ) = vj . Note que Tij (x) = xi vj quando x = ni=1 xi ui . Mostraremos a seguir,
P
que {Tij : 1 ≤ i ≤ n, 1 ≤ j ≤ m } é uma base de L(U, V ).
Provemos para começar que {Tij : 1 ≤ i ≤ n, 1 ≤ j ≤ m } é linearmente
Pn Pm
independente. Se i=1 j=1 aij Tij = 0, da denição das funções Ti,j segue que
n X
X m m X
X n m
X m
X
0= aij Tij (uk ) = aij Tij (uk ) = akj Tkj (uk ) = akj vj .
i=1 j=1 j=1 i=1 j=1 j=1
Exemplo 3.36. Achar a base dual deB = {(1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0)}.
Se (x, y, z) ∈ R3 , então
(x, y, z) = z(1, 1, 1) + (y − z)(1, 1, 0) + (x − y)(1, 0, 0) de
onde segue que f1 (x, y, z) = z, f2 (x, y, z) = y − z e f3 (x, y, z) = x − y.
45
4. Se T ∈ L(U, V ), IV é a identidade em V e IU ∈ L(U ) é a identidade em U .
então IV ◦ T = T e T ◦ IU = T.
Prova: Somente provaremos (1). Para u, v ∈ U e α ∈ R, vemos que
46
Como antes, para achar [T ]B
C temos que achar as coordenada de cada vetor T (ei )
em relação a base C. Como
47
Proposição 3.45. Seja W espaços vetorial, T ∈ L(U, V ) e S ∈ L(V, W ). Se B, C e
D são bases de U, V e W respectivamente, então [S ◦ T ]B C B
D = [S]D [T ]C .
m
!
X
S ◦ T (uj ) = S αij vi
i=1
m
X
= αij S(vi )
i=1
m p
!
X X
= αij βki wk
i=1 k=1
p m
!
X X
= βki αij wk ,
k=1 i=1
Exemplo 3.48.Seja B = {(1, 1), (1, −1)} e suponha que T ∈ L(R2 ) é tal que
1 0
[T ]B,B = . Achar [T ]C,C onde C é a base canônica de R2 e uma formula
0 5
explícita para T (x, y).
B B C B
Para achar [T ]C,C , usamos a formula [T ]C,C = [I]C [T ]B [I]B =. Para calcular [I]C
note que
1 1
(1, 0) = (1, 1) + (1, −1),
2 2
1 1
(0, 1) = (1, 1) − (1, −1),
2 2
48
1 1
1 1
de onde segue que [I]C
B =
2
1
2 . Similermente, obtemos que [I]B
C = .
2 − 12 1 −1
Assim,
1 1
1 1 1 0 2 2 3 −2
[T ]C,C = 1 = .
1 −1 0 5 2 − 12 −2 3
Finalmente, da Proposição 3.43 segue que
x
T (x, y) = [T ]C,C = (3x − 2y, 3y − 2x).
y
Exemplo 3.49.
R1
Seja T : P2 (R) → R 0 p(s)ds.
a transformação dada por T (p) =
Achar a matriz de T em relação às bases canônicas deR. P2 (R) e
2 1
Sejam C = {1} e B = {1, x, x }. Da denição de T temos que T (1) = 1, T (x) =
2
2 1 B 1 1
e T (x ) = 3 , de onde segue que [T ]C = 1 2 3 .
Exemplo 3.50. T : P3 (R) → P2 (R) dada por T (p) = p0 . Achar a matriz de T
Seja
em relação às bases canônicas de P3 (R) e P2 (R).
n
Primeiro que nada, lembre que a base canonica de Pn (R) é Cn = {1, x, . . . , x }.
Note agora que
de modo que
3 0 0
[T ]B = 0 1 0
0 0 0
Como veremos no seguinte resultado, é possivel deduzir propriedades de uma
transformação T a partir da propriedades de [T ]B
C.
49
Exemplo 3.53. Vejamos se a transformação linear T : R2 → P1 (R) dada por
T (a, b) = a + (a + b)x é um isomorsmo.
1 0
Se B é a base canonica de R2 e C = {1, x, x2 }, então [T ]B
C = . Como esta
1 1
matriz é inversivel, seque da Proposição 3.52 que T é um isomorsmo.
3.2 Exercícios
Ex. 3.54. Seja T ∈ L(U ). Mostre que T2 = 0 se e somente se T (U ) ⊂ N (T ).
Ex. 3.56. Achar o núcleo, uma base do núcleo, a imagen e uma base da imagem
para as seguintes transformações.
50
Ex. 3.57. Achar uma transformação linear T : R3 → R3 tal que T ((1, 0, 0)) =
(2, 3, 1), T ((1, 1, 0)) = (5, 2, 7) e T ((1, 1, 1)) = (−2, 0, 7). T é sobrejetora?, injetora?
bijetora? justique sua resposta.
Ex. 3.58. Achar uma transformação linear T : P2 (R) → P2 (R) tal que T (1) = 1 + t,
T (t) = t + t2 e T (t2 ) = 1+t− 2t2 . T é sobrejetora?, injetora? bijetora? justique
sua resposta.
Ex. 3.59. Achar uma transformação linear T : M (2, 2) → M (2, 2) tal que
1 0 1 4 1 1 −1 0
T = , T = ,
0 0 2 3 0 0 0 3
0 0 0 0 0 0 1 0
T = , T = .
1 0 2 1 0 1 2 0
T é sobrejetora?, injetora? bijetora? justique sua resposta.
Ex. 3.63. Achar uma transformação linear T : R3 → R3 tal que {(1, 1, 0), (0, 0, 1)}
seja base do nucleo e {(1, −1, 1)} seja base da imagem.
Ex. 3.64. Achar T ∈ L(R3 , R4 ) tal que T (R3 ) = [(2, 2, 3, 2), (3, 2, 0, 2)].
T (R5 ) = [(1, 0, 0), (0, 1, 0), (1, 1, 1)] e N (T ) = [(1, 1, 1, 1, 1), (1, 1, 1, 1, 0)].
Ex. 3.66. Achar uma transformação linear T : R3 → R2 tal que T (1, 0, 0) = (1, 2),
T (0, 1, 0) = (3, 4) e T (0, 0, 1) = (0, 0).
Ex. 3.70. Achar T : R2 → R3 linear tal que T (R2 ) = [(1, 1, 1), (1, 2, 0)].
Ex. 3.71. Achar uma transformação linear T : R2 → R3 tal que T (R2 ) = [(1, 1, 1)]
e N (T ) = [(1, 1)].
51
2. T : R3 → R3 dada por T (x, y, z) = (x, x − y, 2x + y − z),
U = R2 V = (x, y, z) ∈ R3 : z = 0 .
1. e
U = R3 e V = A ∈ M (2, 2) : At = A .
3.
a 0
4. U= : a ∈ R e V = {p ∈ P3 (R) : p0 = 0} .
0 0
Ex. 3.74. Mostre que as funções T, R, S ∈ L(R2 , R2 ) dadas por T (x, y) = (x, 2y),
R(x, y) = (x, x + y) e S(x, y) = (0, x) formam um subconjunto linearmente indepen-
2 2
dente de L(R , R ).
B = 1, t, t2 , C = {1} B = 1, 1 + t, 1 + t + t2 , C = {−2} .
e
1 1 0
[T ]C
C =
0 1 0 .
0 1 −1
52
Ex. 3.81. Seja T : P2 (R) → P2 (R) a transformação linear dada por T (p(t)) =
[T ]B B e [T ]C sendo B = 1, t − 1, (t − 1)2 e C = 1, t, t2 .
p(t) − p(1). Achar C , [T ] B C
Ex. 3.82. Suponha que B = {u1 , u2 , u3 } uma base de um espaço vetorial V e que
T, S : V → V são transformações lineares em V tais que
Achar [T ]B B B 2 B
B , [S]B , [S ◦ T ]B , [S + I]B e [T 3 − S 2 ]B
B.
53