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Nomes do Estudantes
Pará de Minas
2018
1. INTRODUÇÃO
A Doença de Chagas se trata de um agravo endêmico em grande parte da América
Latina, visto que é uma doença parasitária causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e
transmitida principalmente por insetos da subfamília Triatominae, mais conhecido como
barbeiros. É uma doença que afeta principalmente as áreas rurais e zonas de pobreza, por seu
método de transmissão mais frequente ser o vetorial, ou seja através do inseto com o parasita
que pica os humanos comumente a noite.
Outras formas de transmissão já são mais vistas em áreas urbanas, uma vez que há
menor incidência de insetos infectados, e ela é passada por outros meios. O protozoário pode
ser transmitido a outro hospedeiro via transfusão de sangue, transplante de órgãos infectados e
até da grávida para o feto em gestação.
Esta endemia apresenta dois estágios, uma fase aguda logo após a infecção e outra
crônica que pode ser desenvolvida através de anos. A fase aguda pode ser assintomática ou
apresentar sintomas que são bem genéricos como febre, dor de cabeça e dor no corpo. Já a
fase crônica é a que pode ser fatal por atacar mais severamente o sistema nervoso, digestório e
cardíaco. É mais fácil ser detectada na fase aguda pela alta parasitemia, ou alta contagem de
parasitas vivos no sangue, já na outra fase é mais difícil, pois a parasitemia é baixa, porém o
número de anticorpos é alto.
Por estes motivos listados acima a Chagas se tornou uma doença de difícil trato pelo
sistema de saúde de suas regiões endêmicas, pois é complicada a extinção do parasita pela sua
fácil transmissão e comprometedora detecção para tratamento. Apesar disso é uma doença
curável que os governos têm tentado, desde meados do século passado, lutar contra o
Trypanosoma. Isso se dá tanto na esfera da prevenção, quanto tratamento e tentativa de
extinção da parasita. O nome destas tentativas é a Vigilância Epidemiológica que será
discutida ao decorrer deste trabalho.
2. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
É necessário, primeiramente, definir o que é a vigilância epidemiológica ou VE. Esta é
um instrumento para o planejamento, organização e operacionalização dos serviços de saúde,
bem como a normatização das atividades relacionadas ao tema, no caso a Doença de Chagas.
E competem-lhe tais atribuições, como as seguir listadas:
a) Coordenar a resposta às doenças, com ênfase no planejamento, monitoramento,
avaliação, produção e divulgação de conhecimento e informação para a
prevenção, controle das condições de saúde da população, no âmbito da saúde
coletiva, baseados nos princípios e diretrizes do SUS;
b) Gerir e apoiar a operacionalização do Programa de Imunizações contribuindo
para o controle, eliminação e/ou erradicação de doenças.
c) Instituir, desenvolver, implementar, capacitar, coordenar e avaliar ações de
vigilância epidemiológica e assistenciais,
d) Elaborar e divulgar informes epidemiológicos e notas técnicas relacionadas às
doenças transmissíveis,
Desde o primeiro esquema básico para o controle dos triatomíneos domiciliados, que
Emmanuel Dias formulou, nos anos cinquenta, os programas de controle da Doença de
Chagas em toda a área endêmica, hoje, se defrontam com o tema da vigilância
epidemiológica. Foram experimentadas algumas tentativas que datam desde a ditatura até os
dias de hoje. Entretanto, para a vigilância ser bem sucedida não é só uma questão vertical e
centralizada de poder interferir na comunidade rural para mudar o cenário da endemia. As
experiências só começaram a gerar resultados em longo prazo durante a democracia onde a
participação da comunidade se fez mais presente, politicamente e na prática. Isso ajudou o
sistema horizontal e de base para controlar a transmissão vetorial do protozoário, como
também dos hospedeiros. Desta forma no fim dos anos oitenta, praticamente tinha sido
controlado o vetor da doença e o problema se voltava mais para a fase crônica da desta. A luta
haveria de mudar, pois agora havia outros focos a serem levados em conta:
São alguns princípios de ação que devem sempre ser levados em conta: universalidade
para toda área de risco, sustentabilidade em longo prazo e eficiência para o diagnóstico e
tratamento. E são alguns princípios de gestão do modelo: a participação comunitária junto das
atividades desenvolvidas, gerência técnica nos níveis local, regional, estadual até nacional e
integralidade pois é pertinente também a educação, comunicação e política.
O SUS consegue manter contato direto com outros setores sociais, como a educação,
trabalho, e outros programas como saúde da família e agentes comunitários, fazendo uma VE
mais ampla que a contenção de um vetor. Em contrapartida, parece em alguns casos faltar
integração entre tais setores sociais, até por falta de supervisão de como anda os serviços
prestados. O sistema conta com um forte trabalho de base, o que agiliza tomada de decisões e
ações para resultados, entretanto isso também gera o ponto fraco de falta de estrutura e auxílio
regional ou mesmo nacional levando a precarização de locais isolados. E por fim tem grande
investimento federal que infelizmente nem sempre chega como deveria a cada município.
O nosso sistema único de saúde tem se estabelecido como a alternativa mais viável,
embora tenha sido muito ameaçado por questões políticas e má gestão. Salvo em caso de
epidemias, não têm sido sua prioridade as ações preventivas, como o saneamento básico e o
controle de endemias, especialmente na zona rural.
5. NECESSIDADES DE PESQUISA
Com as adversidades apresentadas, assim como os avanços já alcançados, ainda resta
alguns pontos que necessitam de pesquisa para prosseguir os avanços na vigilância
epidemiológica em Doença de Chagas.
Com tratamentos específicos a busca por drogas mais eficazes e menos tóxicas aos
indivíduos, assim talvez, trazendo maiores chances de cura. Sobre o tratamento dos principais
sintomas, ainda não há modulação química e imunológica da fibrose, é preciso investir em
drogas mais eficientes no trato da arritmia, ICC e tromboembolismo. Além disso, garantir a
qualidade e continuidade das propostas, além de trazer a Doença de Chagas para o SUS.
6. CONCLUSÃO
Chegando às nossas considerações finais, pode-se concluir que a luta contra a Doença
de Chagas ainda não acabou e está longe do seu fim, portanto a dita vigilância epidemiológica
em Doença de Chagas é tão necessária quanto fora no século anterior e é viável se o Sistema
Único de Saúde abraçar a missão de implementá-la, supervisioná-la e geri-la.
Desta forma os melhores cenários podem ser construídos com o acesso que o SUS
possui as localidades junto da efetiva participação comunitária. Hoje um dos maiores
problemas tem sido fazer com que seja uma luta contínua, pois com o tempo e a redução dos
índices de transmissão, diminuem o interesse e a prioridade da população e dos governantes.
Além disso, tem-se outro fator que agrava a situação para tal movimento a nível
nacional que é a PEC do Teto de Gastos, aprovada em 2016 que congelou os investimentos
em educação e saúde por vinte anos e isso prejudica novas ações do SUS durante sua vigência
por ser um planejamento que demanda mais investimento financeiro. Assim, mesmo que
implementada, o bom funcionamento dos sistemas de saúde em áreas precárias ainda seria
complexo e população poderia sofrer com o desmonte que as estruturas centrais passam.
DIAS, João Carlos Pinto. Vigilância Epidemiológica em Doença de Chagas. 2000. Cad.
Saúde Pública, Rio de Janeiro, 16(Sup. 2):43-59. Disponível em:
<https://scielosp.org/article/csp/2000.v16suppl2/S43-S59/pt/#>. Acesso em 24/10/2018.