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JOGADORAS DE “MAGIC THE GATHERING”:

ASSIMETRIA DE GÊNERO, DESTAQUE E INSPIRAÇÃO

Meggie Rosar Fornazari*

Resumo: “Magic The Gathering” é um jogo norte-americano de Estampas Ilustradas com alto grau
competitivo em vários níveis: de lançamentos trimestrais a torneios profissionais em nível internacional
acompanhados pela Internet em todo o mundo. Apesar de mulheres participarem de eventos mais casuais
(como os lançamentos acima citados), dentro da comunidade de jogadores competitivos a participação
feminina é menor que 10%. Recentemente, a jogadora estadunidense Melissa DeTora foi a primeira mulher a
se colocar entre os 8 melhores jogadores de um torneio profissional no Canadá. A recepção da comunidade
jogadora na Internet a este fato não foi somente de congratulações, mas também de outras mulheres
jogadoras em níveis mais casuais que se declararam inspiradas por Melissa a participar de torneios de maior
competitividade. A presente fala mostrará a reação das demais jogadoras e da própria Melissa, além de
sugerir que a representatividade feminina nos torneios profissionais que tende a aumentar com o sucesso e o
destaque recente desta jogadora por meio dos comentários de mulheres nas notícias sobre seu êxito e das
entrevistas realizadas com DeTora.
Palavras-chave: Representatividade Feminina, Assimetrias de Gênero, Comunidade Gamer.

1 Magic: The Gathering, comunidade de jogadores e assimetrias de gênero

Magic: The Gathering (popularmente conhecido como Magic) é o primeiro jogo de estampas
ilustradas produzido no mundo, de acordo com o Manual de Regras Básico (2012)1. Nesses jogos, os
participantes podem colecionar cards para exibição ou troca, compra, venda ou leilão – mas também podem
utilizá-las em partidas com dois ou mais jogadores, construindo decks com seus cards sob diversas regras de
construção e formatos de jogo. Magic tem representatividade no gênero por ser o primeiro e, até hoje, o
maior dos jogos de Estampas Ilustradas.
Tais partidas entre dois ou mais jogadores podem ser realizadas casualmente, entre amigos ou em
lojas especializadas, chamadas de hobby stores; algumas dessas lojas têm licença da fabricante do jogo para
realizar eventos competitivos. Estes eventos têm graus variados de competitividade: o evento semanal,
Friday Night Magic, é menos competitivo que o evento trimestral de pré-lançamento para novas edições,
seguidos de etapas classificatórias para eventos maiores que ocorrem a cada quatro meses, como os Grand
Prix e os torneios profissionais.
De acordo com Bernal (2006)2, a média de idade de jogadores é de 33 anos, sendo 38% mulheres.
Devido ao registro DCI (Duelists' Convocational International, organização criada pela empresa detentora
dos direitos sobre o Magic a fim de organizar torneios e pontuações gerais entre jogadores competitivos), é
possível que haja dados estatísticos específicos em relação ao perfil de jogador de Magic. Infelizmente, o

*
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Inglês: Estudos Linguísticos e Literários.
1
Wizards of the Coast. M13 Basic Rulebook. Disponível em
<http://media.wizards.com/images/magic/resources/rules/EN_MTGM13_Rulebook.pdf> Acesso em 19 de março de
2013.
2
BERNAL-MERINO, Miguel Angelo. On the Translation of Video Games. Em: The Journal of Specialized
Translation, (6), pp. 22-36. Disponível em <http://www.jostrans.org/issue06/art_bernal.php> Acesso em 29 de agosto
de 2012.

1
Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X
departamento de mercado da Wizards of the Coast não pode revelar esses dados, como informado por
comunicação pessoal (e-mail) pela gerente de marca Jennifer Meyen. Além disso, a porcentagem de
jogadoras de Magic é estimada abaixo da média da indústria de jogos em geral (em cerca de 5%, com base
na experiência pessoal da autora como jogadora em nível casual). Esta porcentagem pode ser ainda menor
em formatos competitivos de jogo, especialmente em Grand Prix e outros torneios profissionais.

2 Melissa DeTora entre os 8 melhores jogadores do Pro Tour Montreal

A estadunidense Melissa DeTora não é a primeira jogadora de Magic a ganhar atenção especial da
imprensa especializada por ser mulher, mas foi a primeira a se colocar entre os 8 melhores jogadores em um
torneio profissional de alta competitividade. Jogando Magic casualmente desde 1997, ela participa de
torneios desde 1999, tendo preferência pela esfera competitiva do jogo; ela também é juíza licenciada pela
DCI. Após um hiato de 3 anos sem competir, mas sem parar de jogar casualmente, ela retornou ao circuito
em 2011 e além de jogar profissionalmente, ela escreve uma coluna semanal sobre o jogo em um site
especializado (DETORA, 2012)3.
Em 16 de fevereiro de 2013, Melissa DeTora foi a primeira mulher a se colocar entre os 8 melhores
jogadores de um torneio profissional no Canadá. Em um torneio de três dias onde apenas os 8 melhores se
qualificam para jogar no terceiro dia, Melissa teve um sábado brilhante, terminando com um placar altíssimo
em terceiro lugar, dentre cerca de 200 competidores e competidoras4. O evento tem cobertura ao vivo pela
internet por várias mídias, e a celebração de seu sucesso ficou clara nas seções de comentários, por exemplo,
da página oficial do jogo no Facebook5. Esta página tem moderação rígida de comentários, e toda sorte de
comentários racistas, sexistas e infantilmente relacionados com a aparência física de todos os jogadores e
jogadoras são deletados - e alguns comentadores são banidos da página. Por este motivo, esta observação
terá foco na celebração do êxito de DeTora, e não no sexismo que ela sofreu por meio dos comentários sobre
o evento.
A maioria dos comentários gira em torno de congratulações; várias pessoas dizem ter torcido por ela,
e/ou estar torcendo por ela no dia seguinte, e há uma quantidade muito grande de comentários relacionados
com a seleção de cards que DeTora fez, e como ela os utilizou, pois algumas partidas são filmadas e ficam

3
DETORA, Melissa. My Magic life story - Gatheringmagic.com. Disponível em
<http://www.gatheringmagic.com/melissadetora-030812-my-magic-life-story/> Acesso em 18 de fevereiro de 2013.
4
Wizards of the Coast. Monumental Top 8 Set at Pro Tour Gatecrash - Daily MTG Magazine. Disponível em
<http://www.wizards.com/Magic/Magazine/Article.aspx?x=mtg%2Fdaily%2Feventcoverage%2Fptgtc13%2Fwelcome
> Acesso em 17 de fevereiro de 2013.
5
Melissa DeTora em Álbum de fotos Pro Tour Gatecrash - at Montreal. Magic The Gathering - Facebook.
Disponível em <https://www.facebook.com/media/set/?set=a.10152552845735307.951254.201120755306&type=3>
Acesso em 17 de fevereiro de 2013.

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X
disponíveis no canal oficial do jogo no Youtube6. A maior parte do foco nos comentários que passaram pelo
filtro do então moderador da página do Facebook, Michael Robles, se dedica ao jogo em si, ou a
parabenização pelo sucesso da jogadora7. Alguns comentários fazem menção desonrosa a outros comentários
anteriores, já deletados, que davam foco à aparência física da jogadora. Outros celebram a importância da
realização de Melissa em comparação com outros esportes de mesa, onde mulheres ainda não têm vez e voz.
É interessante observar que todos os comentários acima foram feitos por homens; apenas um comentário
feminino repudiou comentários sexistas sobre a adequação de DeTora em não exibir decote durante o torneio
- o que implica a opinião do comentador sobre mulheres utilizarem seus corpos para obter alguma vantagem
no jogo.
No dia seguinte, Melissa foi eliminada nas quartas de final por Tom Martell, que veio a ser o
vencedor do Pro Tour, mas a história já havia sido reescrita. Na cobertura do site oficial do jogo, DeTora
comentou que gostaria que seu êxito fosse visto como o de qualquer outro jogador, mas que se sente feliz em
ter sido protagonista desta história pois Magic "precisava de algo assim para crescer como jogo" (DAVID-
MARSHALL, 20138, tradução minha)9.

3 O destaque advindo do sucesso: Melissa DeTora como modelo de comportamento

Nas entrevistas realizadas após o evento, DeTora declarou que o maior peso no torneio não era se
tornar a primeira mulher a ficar entre os 8 melhores, mas obter determinada pontuação a fim de classificar-se
para os demais torneios do ano. Entretanto, após o êxito, os objetivos mudaram para não apenas classificar-
se, mas vencer um torneio profissional. Magic é considerado pela imprensa especializada como um jogo
dominado pelo público masculino, o que para Melissa não parece mais um problema, dada sua experiência
em longo prazo e qualidade de jogo. Apesar disso, o tratamento diferencial de homens que reclamaram após
perder para ela, ou chegaram a reações agressivas como jogar suas próprias cartas no chão, são mencionadas
frequentemente em entrevista (HONZA, 2013)10. Alguns jogadores pedem desculpas e até autógrafos após
descobrirem sua pontuação ou desempenho nos torneios (DETORA, 2012).

6
Álbum de fotos Pro Tour Gatecrash - at Montreal. Magic The Gathering - Facebook. Disponível em
<https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10152555341225307&set=a.10152552845735307.951254.201120755306
&type=3&src=https%3A%2F%2Ffbcdn-sphotos-b-a.akamaihd.net%2Fhphotos-ak-
ash3%2F557873_10152555341225307_2065454378_n.jpg&size=620%2C412> Acesso em 17 de fevereiro de 2013.
7
Atualização de status de Melissa DeTora - Facebook. Disponível em <
https://www.facebook.com/mdetora/posts/10151441007535682> Acesso em 17 de fevereiro de 2013.
8
David-Marshall, Brian. Cross 'Em Off - Daily MTG Magazine. Disponível em <
http://www.wizards.com/Magic/Magazine/Article.aspx?x=mtg%2Fdaily%2Ftwtw%2F237> Acesso em 8 de março de
2013.
9
A partir deste ponto, todas as traduções de citações são de minha autoria.
10
HONZA, Adam. Interview with Melissa DeTora - MUDRC. Disponível em <
http://www.mysticshop.cz/blog/interview-with-melissa-detora/> Acesso em 12 de março de 2013.

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X
Em um artigo anterior de Laura Mills, outra jogadora de destaque no circuito de Magic, um
argumento importante é levantado:
Todos precisamos de modelos de comportamento - e quando uma mulher vai bem,
é importante mostrar o fato para outras mulheres, para que a geração de jogadoras
mais novas saiba que tem alguém em quem elas podem se inspirar. Ter uma mulher
no campeonato nacional é realmente um êxito. Ter uma mulher no torneio
profissional também é um êxito. Não há motivo para que não demos atenção às
pessoas que conseguem entrada nestes eventos (MILLS, 2002)11.

Melissa DeTora ganhou este papel com seu desempenho no Pro Tour Montreal de fevereiro de 2013,
pois os padrões foram reescritos: a partir daí, não é somente importante que uma mulher seja classificada ou
convidada para participar nestes eventos, mas também quando ela termina com bom desempenho, já que
agora DeTora mostrou que isso é possível. Apesar de pessoalmente ter uma relação mais neutra em relação a
gênero sobre o jogo no momento atual, há frequente menção nas entrevistas sobre a recepção do público
feminino a essa colocação. Melissa declarou ter recebido diversas mensagens de mulheres jogadoras que
tinham receios em participar de torneios profissionais ou Grand Prix, mas que o sucesso dela as inspirou a
tentar. Além disso, jogadores mencionaram o fato de suas namoradas, filhas ou esposas terem dado atenção
especial à cobertura online do Pro Tour Montreal a fim de acompanhar e torcer por ela. Por fim, uma
jogadora disse a ela na semana seguinte que era sua heroína, o que parece ter impactado DeTora para
compreender completamente a inspiração que ela é para outras jogadoras desde então (DAVID-
MARSHALL, 2013).

4 Considerações finais, limitações da observação e sugestões para pesquisas futuras

O sucesso de Melissa DeTora ser um caso isolado em um jogo com 20 anos de existência é apenas
mais um exemplo de mulheres que começam a trilhar seus caminhos em ambientes predominantemente
masculinos. Como no Magic estes exemplos estão espalhados pelo mundo, temos o exemplo local da
jogadora Michelle Olsen: jogadora desde 2003, é atualmente a líder do ranking no circuito estadual no
formato Legacy12. A realidade de jogadoras no sul do Brasil é tão escassa quanto no exterior, mas parece ser
diferente: de acordo com Olsen, há tratamento diferenciado para jogadores novos de todos os gêneros até que
comecem a ganhar torneios, sem levar o gênero muito em conta. Além disso, ela crê que a maioria das
jogadoras da região começam a jogar por influência de namorados, de modo similar a sua própria história, já
que pratica, joga e compete na companhia e colaboração do marido.
Devido a questões de escopo e limitações de tempo, este trabalho não pôde se dedicar ao outro lado
da recepção de mulheres no âmbito dito masculino do Magic; foi uma escolha consciente da autora dar foco

11
MILLS, Laura. Oh My Gawd! A Woman on Women in Magic - Star City Games. Disponível em <
http://www.starcitygames.com/php/news/print.php?Article=3276> Acesso em 17 de fevereiro de 2013.
12
Entrevista concedida à autora por e-mail.

4
Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X
à celebração do êxito feminino vindo de todos os gêneros ao invés de realizar investigações aprofundadas
sobre discriminação, bullying e tratamento rude, sexista ou condescendente com as jogadoras. Portanto, esta
seria uma primeira sugestão de pesquisa futura a todos interessados no assunto.
Outras sugestões de pesquisa podem trilhar rotas de entrevistas estruturadas com jogadoras de todos
os níveis e idades, a fim de traçar projeções de participação feminina dentro do circuito de jogadores de uma
determinada localidade. Por fim, uma última sugestão seria a realização de observações similares em
comunidades de jogadores de outras mídias e outros jogos.
E assim, com os caminhos abertos por bandeirantes como DeTora e Olsen, vamos seguindo seus
passos. Torcendo por elas, torcemos por todas nós e por uma comunidade de jogo cada vez mais amigável,
aberta e receptiva.

Referências

Álbum de fotos Pro Tour Gatecrash - at Montreal. Magic The Gathering - Facebook. Disponível em
<https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10152555341225307&set=a.10152552845735307.951254.20112
0755306&type=3&src=https%3A%2F%2Ffbcdn-sphotos-b-a.akamaihd.net%2Fhphotos-ak-
ash3%2F557873_10152555341225307_2065454378_n.jpg&size=620%2C412> Acesso em 17 de fevereiro de
2013.

Atualização de status de Melissa DeTora - Facebook. Disponível em <


https://www.facebook.com/mdetora/posts/10151441007535682> Acesso em 17 de fevereiro de 2013.

BERNAL-MERINO, Miguel Angelo. On the Translation of Video Games. Em: The Journal of Specialized
Translation, (6), pp. 22-36. Disponível em <http://www.jostrans.org/issue06/art_bernal.php> Acesso em 29 de
agosto de 2012.

DAVID-MARSHALL, Brian. Cross 'Em Off - Daily MTG Magazine. Disponível em <
http://www.wizards.com/Magic/Magazine/Article.aspx?x=mtg%2Fdaily%2Ftwtw%2F237> Acesso em 8 de
março de 2013.

DETORA, Melissa. My Magic life story - Gatheringmagic.com. Disponível em


<http://www.gatheringmagic.com/melissadetora-030812-my-magic-life-story/> Acesso em 18 de fevereiro de
2013.

HONZA, Adam. Interview with Melissa DeTora - MUDRC. Disponível em <


http://www.mysticshop.cz/blog/interview-with-melissa-detora/> Acesso em 12 de março de 2013.

Melissa DeTora em Álbum de fotos Pro Tour Gatecrash - at Montreal. Magic The Gathering - Facebook. Disponível
em <https://www.facebook.com/media/set/?set=a.10152552845735307.951254.201120755306&type=3>
Acesso em 17 de fevereiro de 2013.

MEYEN, Jennifer. Entrevista concedida à autora (e-mail) em 4 de fevereiro de 2013.

MILLS, Laura. Oh My Gawd! A Woman on Women in Magic - Star City Games. Disponível em <
http://www.starcitygames.com/php/news/print.php?Article=3276> Acesso em 17 de fevereiro de 2013.

OLSEN, Michelle. Entrevista concedida à autora (e-mail) em 18 de julho de 2013.

Wizards of the Coast. M13 Basic Rulebook. Disponível em


<http://media.wizards.com/images/magic/resources/rules/EN_MTGM13_Rulebook.pdf> Acesso em 19 de
março de 2013.

5
Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X
Wizards of the Coast. Monumental Top 8 Set at Pro Tour Gatecrash - Daily MTG Magazine. Disponível em
<http://www.wizards.com/Magic/Magazine/Article.aspx?x=mtg%2Fdaily%2Feventcoverage%2Fptgtc13%2F
welcome> Acesso em 17 de fevereiro de 2013.

"Magic The Gathering" Female Players: Gender Asymmetry, Prominence, and Inspiration

Abstract: “Magic The Gathering” is a North-American Trading Card Game with high competitive degree,
in several levels: from trimester Prereleases to Professional Tournaments in international level that are
watched through the Internet in several countries. Although women participate in more casual events (such
as the aforementioned Prereleases), within the community of competitive players women's participation is
under 10% players. Recently, the North-American player Melissa DeTora was the first woman to ever place
within the Top 8 players in a Professional Tournament in Canada. The player community on the Internet has
received such news not only with congratulations, but also with several other female players of more casual
levels who declared themselves inspired by Melissa to participate in more competitive tournaments. This
presentation will focus on the reaction by these female players and by Melissa herself, as well as suggest that
women's representation in Professional Tournaments tends to increase with the accomplishment and
prominence of this one female player, through analyzing comments by female players on the news about her
success, and through the interviews DeTora has given to various online sources.
Keywords: Women’s Representation, Gender Asymmetries, Gamer Communities.

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X

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