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No Brasil, 84% percebe racismo, mas apenas 4% se considera preconceituoso

Uma pesquisa do Instituto Locomotiva encomendada pelo Carrefour com o objetivo mapear a situação


da população negra no Brasil reforça a dificuldade de superar o racismo estrutural uma vez que pretos
e pardos são 56% da população, mas constantemente minorizados pela sociedade. A pesquisa realizada
com 1630 entrevistados em 72 cidades do país entre os dias 15 e 20 de abril de 2021 é um dos passos
da varejista em meio aos compromissos antirracistas divulgados nesta quarta-feira, 28. O primeiro
ponto que indica um problema estrutural é a maior presença de negros nas classes sociais mais baixas.

Por meio da pesquisa se confirma ainda que o preconceito racial é frequente no varejo e demais
ambientes públicos, uma vez que 61% dos brasileiros presenciaram uma pessoa negra (preta ou parda)
sendo humilhada ou discriminada devido à sua raça/cor em lojas, shoppings, restaurantes ou
Tal indicador faz com que a população negra utilize mais os serviços públicos de saúde e educação,
supermercados. O percentual aumenta para 71% quando pretas. Além disso, 69% pessoas negras já
tendo maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho, especialmente nos cargos de liderança.
foram seguidas por seguranças em lojas. Entre as pessoas pretas, o percentual atinge 76%. Além isso,
Quando inseridos, o preconceito continua, uma vez que 52% dos trabalhadores negros já sofreram
89% dos brasileiros reconhecem que as pessoas negras sofrem mais violência física do que as brancas.
alguma discriminação. Além disso, 54% acreditam que brasileiros não reagiriam bem diante de um
chefe negro. Por esses e outros motivos, o Brasil é reconhecido pela população como um país racista,
mas poucos assumem suas atitudes de preconceito racial -- e outros ainda demonstram não
compreender de fato a dimensão do problema.

"As empresas podem contribuir para a mudança ao promover o letramento racial contínuo, proteger
clientes e funcionários e ter uma tolerância zero no combate ao racismo. Os números mostram que é
uma questão de valor e também de estratégia de negócios. Para isto, é preciso ter diversidade na
empresa e promover ações que não perpetuem a lógica da desigualdade que mantém as pessoas negras
nas camadas mais pobres da sociedade", diz Meirelles. 

Por outro lado, mesmo reconhecendo a existência do racismo, a maioria ainda critica a
existência da “patrulha do politicamente correto”. "As pessoas acreditam que o racista é uma pessoa
do mal e que ela própria não reproduz qualquer racismo, e alguns chegam a deslegitimar o fato de que a
população negra morre simplesmente pela cor da pele", afirma Renato Meirelles, presidente do
Instituto Locomotiva.

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