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Escola : Colégio professor Edilson souto freire

Aluna :Tais Silva


Professora: Alvaci França
Matéria : Iniciação científica

Trabalho sobre a ausência dos negros na grande mídia


Estudiosos da desigualdade racial afirmam que, para que a luta contra a
discriminação da população negra produza resultados consistentes, há um
passo decisivo que nós, brasileiros, ainda não demos: assumir que somos,
sim, racistas — seja como indivíduos, seja como sociedade.
De acordo com o filósofo e jurista Silvio Almeida, presidente do Instituto
Luiz Gama (ONG que atua pela igualdade racial) e professor da
Universidade Mackenzie e da Fundação Getulio Vargas, quando se admite
a existência do racismo, cria-se automaticamente a obrigação moral de
agir contra ele:
— A negação é essencial para a continuidade do racismo. Ele só consegue
funcionar e se reproduzir sem embaraço quando é negado, naturalizado,
incorporado ao nosso cotidiano como algo normal. Não sendo o racismo
reconhecido, é como se o problema não existisse e nenhuma mudança
fosse necessária. A tomada de consciência, portanto, é um ponto de
partida fundamental.
O racismo ontem e hoje: anúncio de emprego para cozinheira em São
Paulo em 1924 e para cuidadora de idosos em Belo Horizonte em 2019
(imagens: Biblioteca Nacional Digital e reprodução)
Para mostrar que o combate efetivo ao racismo depende do fim da
negação, o advogado Humberto Adami, que preside a Comissão da
Verdade da Escravidão Negra, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
também recorre ao crime racial nos Estados Unidos. Adami lembra que,
no Brasil, os canais de notícias deram um grande espaço para o
assassinato de Floyd e escalaram seus jornalistas mais renomados para
fazer a análise em programas de debate — todos jornalistas brancos.

— Os telespectadores mais atentos à questão racial reagiram na hora. Foi


só então que os canais se deram conta do absurdo da situação e, para se
retratarem, chamaram jornalistas negros para o debate sobre o racismo.
Os indivíduos e as instituições costumam ter a mais absoluta convicção de
que não são racistas, mas as atitudes acabam revelando o contrário. Se
uma sociedade é racista, também a sua mídia, a sua universidade, a sua
polícia, os seus tribunais etc. vão ser racistas. Esse episódio dos canais de
TV mostra o quanto os negros ficam em desvantagem quando a negação
prevalece e como tudo muda quando tomamos consciência de que somos
racistas.

O senso comum tende a compreender o racismo de maneira simplista,


limitando-o àquelas situações em que uma pessoa negra é proibida de
entrar no clube, impedida de tomar o elevador social, revistada ao sair da
loja ou insultada com palavras pejorativas que remetem à cor da pele. Tais
casos, claro, configuram racismo e são passíveis de punição, mas o
preconceito vai muito além disso.

O racismo também se manifesta de formas que podem ser menos


gritantes, mas produzir efeitos mais devastadores na vida da pessoa
negra. Os números do quadro abaixo são ilustrativos. Em qualquer
aspecto da vida que se considere, os pretos e os pardos (grupos que o
IBGE classifica como negros) estão sempre em franca desvantagem na
comparação com os brancos.

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