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Unidade III

Unidade III
7 Planejamento das ações: a observação da comunidade

Conforme já salientamos em diversos trechos deste livro-texto, faz-se necessária a compreensão


dos fenômenos observados sob a ótica da totalidade, ou seja, os fatos observados não podem ser
interpretados sob uma ótica focal. Partindo dessa necessidade, nossa análise pretende realizar uma
descrição da comunidade na qual a instituição está inserida. Essa observação é relevante para que
possamos compreender que a instituição observada não está descolada da realidade, mas possui com
ela uma relação direta. Como realidade observada, teremos como foco a comunidade onde a instituição
está localizada, porém compreendendo essa comunidade como resultado dos fenômenos econômicos,
sociais e políticos da sociedade contemporânea.

Lembrete

A observação é importante para nos oferecer informações sobre a


realidade.

Observação

Para serem empreendidas e alcançarem seu objetivo, as ações precisam


ser previamente elaboradas, planejadas.

Assim, adotaremos alguns aspectos a fim de orientar a observação da comunidade. Para que
você possa direcionar-se nesse objetivo, descreveremos no item seguinte esses aspectos e, em
seguida, em outro item específico, apresentaremos um exemplo dessa observação da comunidade.
Note que os dados da instituição aqui destacados estão totalmente relacionados à comunidade
observada.

7.1 Aspectos a adotar para a observação da comunidade

Antes de iniciarmos a exposição sobre os aspectos necessários para que seja realizada a
observação da comunidade, é importante compreender que os nomes aqui destacados, como
aconteceu na Unidade anterior, também são fictícios, ou seja, não fazem menção a nomes
verdadeiros, tendo em vista a necessidade de preservar a área da exposição. Já os dados apontados
são verdadeiros e ilustram a realidade de uma região, de um município e de uma comunidade,
respectivamente.

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Observação Orientada

Observação

É necessário estar atento a todos os aspectos apresentados no decurso


deste livro-texto, para que você consiga, de fato, apreender a realidade
observada.

Quanto à observação da comunidade, devemos identificar os seguintes aspectos: histórico da


comunidade, localização geográfica, equipamentos sociais, densidade demográfica, perfil econômico e
uso predominante do solo. Para obter esses dados, você deverá recorrer a organismos como o IBGE, o Ipea
ou então às secretarias municipais ou mesmo à Prefeitura, ou seja, precisa reportar-se a dados de fontes
confiáveis, e não respaldar-se apenas em observações do senso comum. A observação deve considerar,
em média, 1 quilômetro no entorno da instituição, ou seja, além desses limites, não observaremos;
caso contrário, a extensão será muito ampla, e as informações, igualmente amplas, poderão dificultar a
análise e não cumprirão os propósitos desta disciplina.

Iniciamos pela elaboração do histórico da comunidade. Nesse item, busque identificar aspectos
gerais relacionados ao município em questão e, partindo disso, faça considerações sobre a história da
comunidade observada. Isso pode proporcionar informações básicas sobre o município, como o ano
de fundação e o desenvolvimento geral do lugar comparado ao da região a que pertence. Por fim,
apresente os dados mais detalhados sobre a comunidade, indicando quando o bairro foi constituído e
quais foram os fatores que influenciaram nesse sentido.

Assim, quando nos referimos à localização geográfica, estamos fazendo menção ao espaço geográfico
onde a comunidade está localizada. Portanto, precisamos destacar informações gerais sobre o Estado,
a região, o município, além de delimitar o bairro onde estamos realizando a observação. Esses dados
permitem a localização do espaço geográfico, considerando que este se relaciona ao Estado, à região e
ao município.

Os equipamentos sociais referem-se a todos os equipamentos de uso coletivo e para os quais afluem
a população. Destacam-se, nesse sentido, os serviços básicos, tais como unidades de educação, saúde,
assistência social, correios e ainda equipamentos privados, como bancos, mercados e outros mais que
se fazem necessários à vivência no local. É interessante ainda notar a existência de igrejas, associações
de moradores e outros órgãos que desenvolvam intervenção junto às pessoas da comunidade local.
Também nessa avaliação, é importante que você observe os equipamentos que seriam necessários, mas
que não estão disponibilizados na comunidade, e, nesse caso, como a população ali residente tem acesso
a eles.

Partindo dessa aproximação, você já conseguirá obter uma série de informações sobre a comunidade
e também compreender a relevância da instituição onde realizou a observação nesse processo.
Entretanto, esses dados devem ser ainda complementados por outros, conforme destacamos: a densidade
demográfica, o perfil econômico da população e o uso predominante do solo.

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Unidade III

A densidade demográfica faz acepção aos índices de população residentes na comunidade


observada. Assim, faz referência à quantidade de pessoas que residem naquele espaço. Sendo possível,
sempre é interessante observar como se distribui essa população, ou seja, qual o percentual de crianças
e adolescentes, de adultos, de idosos e assim sucessivamente. Informações suplementares, como
quantidade de portadores de necessidades especiais e outras que você identificar como relevantes,
também devem ser destacadas.

É necessário ainda identificar o perfil econômico dessa população, ou seja, sua renda, sua ocupação
laboral e como essa população tem suas necessidades atendidas. Esses dados nos trarão informações
sobre as questões de emprego, desemprego, subemprego, renda e necessidades que são vivenciadas pela
população como um todo. Tais informações auxiliam muito na constituição de programas e serviços sociais.

Por fim, desejamos destacar a importância de conhecer a utilização do solo. Isso faz referência a
compreender se o solo, o território em questão, é utilizado com predominância rural, urbana ou se é
destinado a residências, comércios ou a outro tipo de constituição.

Por meio da identificação desses aspectos é que se torna possível empreender a observação da
comunidade na qual a instituição está inserida. No item que segue, destacaremos também um modelo
que foi organizado para que você possa visualizar melhor a intervenção proposta.

7.2 Observação da comunidade: um exemplo

O exemplo que segue foi elaborado apenas com finalidade didática. Esperamos que por meio
dele você possa identificar os pontos que precisam ser descritos quando realizar a abordagem junto
à comunidade. Os dados foram oferecidos pela Prefeitura, sobretudo por meio do Programa Saúde
da Família, que havia realizado uma pesquisa um semestre antes da recorrência aos dados. Alguns
destes também foram obtidos por meio do contato com funcionários da Prefeitura, com moradores do
município e ainda com base no site funcional dessa instituição. Assim, trata-se de dados atualizados.
Também foi realizada recorrência a dados disponibilizados no site do IBGE.

Iniciaremos, assim, com uma exposição sobre o histórico da comunidade.

Lembrete

O histórico nos traz informações sobre a comunidade e nos aproxima


da realidade.

Vamos ao relato:

• Histórico da comunidade

As informações aqui descritas foram extraídas do documentário Álbum de renovação, que foi
organizado por um professor de História a pedido da atual administração do município. Esse professor
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Observação Orientada

recorreu às fontes vivas, ou seja, pessoas que vivenciaram essa história ou que tiveram essa informação
fornecida por parentes, como pais e avós, e assim sucessivamente.

O surgimento do bairro Vida Nova nos remete a conhecer o desenvolvimento do município de


Renovação. Este, por sua vez, está totalmente relacionado à construção da linha férrea na década de
1930 por todo o Estado, passando por diversos municípios da região, influenciando-a como um todo. A
intenção da ferrovia era escoar a madeira desde o Estado de Brogodó até a capital.

A construção da linha férrea fez chegar colonizadores portugueses, que também foram trazidos
em razão do fato de poderem adquirir latifúndios na região e no município, com o interesse inicial
na possibilidade de extração da madeira e, depois, na possibilidade de produção do café. Em 1932,
Dr. Emerson Feliz foi incumbido de fazer a demarcação do patrimônio, constituindo uma das
primeiras cidades planejadas, com avenidas amplas e duas belas praças.

Os fantásticos resultados obtidos das primeiras colheitas de café provocaram um grande corre‑corre
à procura de glebas disponíveis, e, em pouco tempo, todas já estavam colonizadas. Só a Fazenda Alegria
chegou a plantar 1 milhão de pés de café, e, em razão disso, uma grande movimentação ocorria na
estação de trem do município, chegando gente para fazer negócios e embarcando café em grandes
quantidades. Por sua vez, os parentes dos instalados no local começavam a chegar em número cada vez
maior: eram portugueses, italianos, espanhóis e, mais tarde, japoneses.

Nunca o município viveu uma época tão maravilhosa nos quesitos econômico e de oportunidades
como nos anos de 1920 a 1930, sempre de crescimento e prosperidade. No entanto, a crise do café já
havia assolado o país e acabou exercendo influência também sobre o município, resultando assim em
um grande empobrecimento da população, que produzia café e dele sobrevivia no período.

Nessa época, surgiram no município outras culturas, como o gado e a cana-de-açúcar; esta se
tornou hegemônica e, conforme veremos, assim se constitui nos dias atuais.

Na década de 1950, o município encontrava-se totalmente povoado, e estimativas não oficiais


registram uma média de 18 mil habitantes. Foi nesse período que se constituiu o bairro Vida Nova,
resultado do crescimento da população local. Na década de 1980, o bairro recebeu um grande
incentivo, visto que foi organizado pela administração do município um conjunto habitacional. Um
novo crescimento do bairro aconteceu na década de 1990, quando outro conjunto habitacional foi nele
construído, o que aumentou significativamente a quantidade de moradores no local.

Inicialmente o bairro era organizado apenas pelas casas dispostas. Não havia asfalto nem nenhum
serviço constituído. Mesmo assim, muitas pessoas passaram a residir nesse espaço, e parte delas teve
o acesso à moradia viabilizado por meio de financiamentos que eram concedidos pelo Banco Nacional
da Habitação, que, na época, era responsável por prestar esses financiamentos e não possuía sede do
município, mas em municípios circunvizinhos.

De tal forma, torna-se possível compreender aspectos gerais acerca do desenvolvimento histórico
da região, do município e do bairro. Atualmente, é comum que os municípios tenham essas informações
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Unidade III

em sites e mesmo na própria Prefeitura. No entanto, caso estas não sejam encontradas nesses espaços,
você poderá recorrer a antigos moradores ou a outras pessoas que possam oferecer a você informações
dessa natureza.

• Localização geográfica

Esses dados, por sua vez foram colhidos junto à Prefeitura, que os disponibiliza também em seu site.

O bairro Vida Nova está localizado no Município de Renovação, que, por sua vez, encontra-se na
região leste do Estado de Mundo Novo. O município está localizado a 400 quilômetros da capital e
possui como municípios circunvizinhos Rancho Alegre, Sentinela e Pouso Tranquilo. No caso, como se
trata de um município de pequeno porte, muitas das necessidades do moradores, como ensino superior
ou atendimento médico especializado, são atendidas em Pouso Tranquilo, que está localizado a 100
quilômetros, em média, de Renovação.

Vida Nova, por sua vez, está situado na região leste do município e encontra-se distante, em média,
um quilómetro do centro de Renovação e da Prefeitura.

Com essa informação, torna-se possível compreender onde o município está localizado, e, assim,
respectivamente, dentro do município, o bairro observado. Na sequência, destacaremos os equipamentos
sociais disponíveis no bairro, indicando também aqueles que, a nosso ver, deveriam ser constituídos.

• Equipamentos sociais

Como equipamentos sociais, destacaremos aqueles que o bairro Vida Nova possui. Apenas para
facilitar a compreensão do leitor, indicaremos os equipamentos públicos e os equipamentos privados.

Quanto aos equipamentos públicos, desejamos destacar os mantidos com recursos provenientes dos
governos federal, estadual e municipal que são acessíveis à maioria da população residente no bairro.
Assim, o local conta com uma creche municipal, uma escola municipal, uma unidade do Programa
Saúde da Família e um Centro de Referência da Assistência Social (Cras).

O bairro não dispõe de escola estadual. Para os frequentadores do Ensino Fundamental e do Ensino
Médio, há apenas uma escola no município, para a qual se dirigem e que está localizada em uma região
oposta àquela em que o bairro está localizado, aproximadamente a 3 quilômetros. Essa distância é
percorrida pelos alunos por meio da cessão do transporte municipal.

Em relação aos equipamentos privados, o bairro dispõe da entidade Associação Cidadão em Construção,
que atende a crianças e adolescentes nos termos aqui já descritos. Conta ainda com dois minimercados, uma
farmácia, um posto de gasolina, duas lojas de comércio de roupas, duas padarias, sete igrejas evangélicas,
uma capela da igreja católica, um açougue, uma associação de bairro ativa e cinco bares.

É necessário pontuar que todas as ruas do bairro estão asfaltadas, possuem acesso a água, esgoto e
iluminação residencial e também iluminação pública. O bairro conta ainda com o serviço de coleta de
lixo que é viabilizado pela administração municipal.
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Observação Orientada

Os moradores não possuem acesso a bancos, correios, papelarias e outros serviços fundamentais.
Esses serviços estão localizados apenas no centro do município. Além disso, não possuem acesso
a nenhum equipamento de cultura ou lazer, e o município só possui uma quadra poliesportiva, a
qual é usada por todos os moradores. No caso, o próprio município não dispõe de equipamentos
de cultura.

Como podemos concluir, o bairro dispõe apenas dos serviços básicos. Na sequência, destacaremos a
composição e a quantidade da população, ou densidade demográfica.

• Densidade demográfica

Em relação aos dados que apontaremos, desejamos destacar que foram obtidos junto ao IBGE e
também junto ao site do município de Renovação.

O município de Renovação conta com uma população estimada em 13 mil habitantes, segundo
dados do IBGE, índice que sofreu uma queda considerável se levarmos em conta os primórdios de
sua fundação. O bairro Vida Nova, por sua vez, segundo dados da Prefeitura, possui uma população
estimada em 4.500 habitantes, um grande contingente populacional, se considerarmos a população
geral do município.

Em relação ao bairro Vida Nova, 2.624 pessoas são pertencentes ao gênero feminino e 1.876
pertencem ao gênero masculino, comprovando a tendência nacional de que a população é
composta por predominância feminina. Esses dados em relação ao bairro foram obtidos junto à
Prefeitura.

Tal população é composta, segundo a faixa etária, da seguinte maneira: 1.187 moradores estão
na faixa etária de 0 a 18 anos, 2.750 se encontram na faixa etária de 18 a 65 e 565 têm de 65 a 80
anos de idade, indicando, assim, segundo a Prefeitura, grande quantidade de crianças, adolescentes e
adultos dentre os moradores do bairro, em contraposição a uma quantidade inferior de idosos, apesar
do envelhecimento observado na população brasileira e regional.

As famílias são compostas, em média, por cinco membros. Dentre as entrevistadas pelo Programa
Saúde da Família, 81% são compostos por cinco membros, 15% são formados por quatro membros, 3%
são constituídos por três membros e 1% é composto por dois membros.

Por meio desses dados, torna-se possível observar o perfil demográfico do bairro e também do
município em questão. Dando seguimento a essa análise, destacaremos informações sobre o perfil
econômico do município e do bairro. Esses dados são de suma importância.

• Perfil econômico

Em relação ao perfil econômico do município e do bairro, precisamos destacar que ambos são relevantes
e complementares. O perfil econômico do município exerce influências no perfil econômico do bairro, e
ambos, por sua vez, são influenciados pela realidade regional, estadual e nacional como um todo.
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Unidade III

Partindo de dados oferecidos pela Prefeitura, foi possível observar que 87% da mão de
obra economicamente ativa encontram-se empregados junto a uma usina de açúcar e álcool
que está lotada do município. Há ainda 3% da população geral que estão empregados junto à
administração municipal e um percentual de 2% da população que exercem atividade laboral
junto ao comércio.

O município possui um distrito industrial, mas composto por apenas três empresas: uma funilaria de
grande porte, uma serralheria e uma fabriqueta de telhas.

No entanto, a economia local está totalmente relacionada à agricultura, sobretudo à cultura de


cana-de-açúcar. Os latifúndios que constituíam o município em seu surgimento hoje já não existem,
exceto por algumas famílias tradicionais que conseguiram manter tal patrimônio. Essas grandes porções
de terra, atualmente, foram compradas pela usina de açúcar, ou então encontram-se arrendadas fazendo
que a cultura de outros gêneros e a pecuária inexista atualmente.

O bairro Vida Nova, como todo o município e, de certa forma, toda a região, vivencia a influência
dessa forma de organização econômica. Partindo de dados obtidos junto ao Programa Saúde da Família,
é possível concluir que 53% das famílias encontram-se sem renda mensal fixa, 45% encontram-se
atuando como empregados da usina de açúcar e álcool, 1% atua junto à administração municipal e
1% atua junto ao comércio. Podemos concluir que o desemprego é grande, latente, e é notável que é
preocupante, visto ser este um dos bairros mais populosos do município.

Apesar de o desemprego impressionar, a população empregada também não possui uma renda
que possamos considerar elevada. No caso, 72% dos moradores empregados do bairro, segundo dados
obtidos junto ao Programa Saúde da Família, possuem renda mensal fixa que oscila entre um e dois
salários mínimos. Isso equivale, em média, a R$ 540,00, considerando-se o salário mínimo vigente em
2011, e, no máximo, equivalente a R$1.080,00. O valor não é elevado, levando-se em conta que cada
família é composta, em média, por quatro a cinco membros.

Quanto à renda da população economicamente ativa do bairro, ainda com recorrência aos dados do
Programa Saúde da Família, apenas 21% possuem renda superior a dois salários mínimos e apenas 7%
possuem renda mensal superior a três salários mínimos. Não foram identificadas, no ano da pesquisa, e
até o semestre posterior à elaboração desse diagnóstico, famílias com renda superior a quatro salários
mínimos.

Em outras palavras, a renda é, em geral, muito baixa, ainda mais porque estamos nos referindo à
renda familiar, que deve ser responsável por atender às necessidades de um grupo de pessoas.

Para concluir a nossa análise da comunidade, faremos considerações acerca do uso do solo.

• Uso predominante do solo

Os dados obtidos no que se refere à utilização do solo foram conseguidos por meio do contato
estabelecido com a Secretaria de Obras, órgão da Prefeitura. Foi por meio dessas aproximações
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Observação Orientada

que se tornou possível saber que o município em questão possui 462,8 km2. Desta área territorial,
segundo informação dessa secretaria, o uso do solo total tem se destinado predominantemente ao
cultivo da cana-de-açúcar, atualmente ocupando 62% do território local. Além dessa utilização,
28% do solo destinam-se à alocação das residências, e apenas 10% são utilizados para a constituição
de prédios comerciais ou de atividades relacionadas ao comércio.

Por meio de todas essas informações, torna-se possível compor uma percepção da comunidade onde
a instituição está lotada. Partindo destas e das informações que foram obtidas ao observar a instituição
é que se tornará possível realizar e empreender o projeto de integração, o qual destacaremos no último
tópico, a seguir.

Saiba mais

Observe os textos que seguem. Ambos enfocam conceitos tratados até


agora de forma distinta, visto que indicam a prática do Serviço Social junto
a instituições e junto a comunidades:

Bentes, N. Gestão democrática da cidade: reflexões preliminares


sobre a participação das entidades populares no orçamento participativo
– op de Belém/PA. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ASSISTENTES SOCIAIS,
10., 2001, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos... Disponível em: <http://
www.ts.ucr.ac.cr/eventos/br-cbass-con-10-po.htm>. Acesso em: 1º jun.
2011.

Almeida, F. Serviço social e a justiça como equidade: aportações teóricas


para uma intervenção do serviço social. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE ASSISTENTES SOCIAIS, 10., 2001, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos...
Disponível em: <http://www.ts.ucr.ac.cr/eventos/br-cbass-con-10-po.
htm>. Acesso em: 1º jun. 2011.

8 Planejamento das Ações: a elaboração do Projeto

Tendo obtido todas essas informações, com base nas observações realizadas junto à instituição e
junto à comunidade, você deverá elaborar um projeto de integração entre ambos. Esse projeto deverá
ser feito com base em aspectos que você identificou em sua observação, mas também é necessário
adotar alguns procedimentos ou parâmetros mínimos.

Esses parâmetros serão oferecidos neste livro-texto e, como foi realizado até o presente momento,
também será destacado um exemplo desse projeto de integração, ao qual você poderá recorrer quando
for elaborar o seu.

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Unidade III

O projeto em questão deverá ser apresentado para a instituição e, dependendo de determinados


condicionantes, poderá até ser constituído na prática, ou seja, poderá vir a se tornar um projeto de
intervenção.

8.1 Os passos necessários ao projeto de integração

O projeto de integração que será aqui destacado foi extraído do Módulo 5 da Pós-Graduação em
Serviço Social e Política Social (UNB, 2001), e traz informações relevantes para que você possa construir
seu projeto de integração. Entretanto, esse itens não são estanques, até porque a realidade está em
constante construção. Assim, alguns itens podem ser acrescidos à medida que você considerar necessário.

Observação

Os projetos poderão possuir diferentes formatos, dependendo do


contexto institucional em que você estará inserido.

Assim, o projeto de integração poderá destacar os seguintes itens: justificativa, problematização


teórico-histórica do objeto, objetivos (geral e específicos), procedimentos operacionais, público-
alvo, metas quantitativas, avaliação e controle, cronograma, recursos, folha de rosto, referências
e anexos (se houver). A partir de agora, descreveremos o que você deverá elencar em cada tópico
específico.

Lembrete

O projeto precisa conter os itens: justificativa, problematização


teórico‑histórica, objetivos (geral e específicos), procedimentos operacionais,
público-alvo, metas quantitativas, avaliação e controle, cronograma,
recursos, folha de rosto, referências e anexos (se houver).

Na justificativa, você deverá descrever a intervenção pretendida e ainda destacar a importância


do desenvolvimento da ação. A justificativa deve demonstrar a necessidade de realização do projeto de
integração, enfatizando, para isso, que o empreendimento da proposta trará benefícios à instituição e à
comunidade como um todo. Nesse item, você deverá recorrer aos dados que obteve nas observações e
demonstrar que seus argumentos não partem apenas do senso comum.

A problematização teórico-histórica faz referência ao entendimento do objeto de


intervenção como algo contido nas relações sociais, econômicas e históricas da sociedade
em geral, privilegiando assim a compreensão com base na totalidade. Esse momento deve ser
visto como a possibilidade de aplicar aos dados obtidos um tratamento teórico, com base nas
orientações que você já recebeu, proporcionando assim a junção entre a realidade observada e
a teoria.

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Observação Orientada

O objetivo geral deve descrever de modo focalizado o que a ação pretende alcançar. Nesse item,
devem ser enfatizados os direitos sociais que a ação empreendida pretende alcançar, destacando mais
uma vez a relevância social desta. Os objetivos específicos, por sua vez, destinam-se ao detalhamento
das possibilidades de alcançarmos o objetivo geral. Devem estar totalmente relacionados a este, bem
como aos demais itens elencados em todo o projeto de integração.

Os procedimentos operacionais devem estar igualmente relacionados os objetivos, mas fazem


referência aos artifícios que serão utilizados, colocados em prática, para que seja possível alcançar os
objetivos específicos e o geral. Deve conter um detalhamento das ações pretendidas e ainda destacar
como e por quem estas serão desenvolvidas, ou seja, quem será o responsável pelas intervenções
propostas. Também nesse item deve ser destacada a periodicidade das ações.

O público-alvo faz referência àqueles a quem se destina a ação, ou seja, quem será o beneficiário
final da proposta de intervenção. Será quantificado no item seguinte, referente às metas quantitativas,
o qual será o espaço de quantificar o publico-alvo e de definir em quanto tempo essa meta proposta
pela intervenção será alcançada.

Avaliação e controle fazem acepção às formas constituídas para avaliar se a ação pretendida
conseguiu cumprir os objetivos propostos. Deve ser guiada pelos objetivos (geral e específicos) e também
ser organizada pensando-se em sua periodicidade e na pessoa que será responsável por tal intento.
Devem ser construídos indicadores, a serem utilizados como parâmetros para realizar essa avaliação.

O cronograma será uma forma visual de identificar os períodos para implantação das ações, sua
execução, desenvolvimento da etapa de avaliação e controle e possibilidades de redefinição do projeto
após a avaliação. Podemos compreender o cronograma como uma exposição geral do projeto de acordo
com o período destinado para o desenvolvimento de cada atividade.

Os recursos fazem menção aos recursos humanos, materiais, financeiros e físicos que deverão ser
disponibilizados para que o projeto seja colocado em prática. Nesse item, é importante ainda identificar
os parceiros responsáveis pelo destino dos recursos.

A folha de rosto, apesar de estar disposta na primeira página do projeto, deve ser o último item a
ser elaborado. É o resultado de todas as reflexões que foram realizadas durante as observações e ainda
durante a elaboração do projeto em questão. Deve conter os itens: título; nome de quem o elaborou;
nome da instituição executora; local, mês e ano de sua elaboração; nome da instituição financiadora,
caso exista uma; e indicação do tipo de projeto.

Concluindo o projeto, deverão ainda ser destacadas as referências que orientaram a sua elaboração,
devendo também ser dispostos os anexos, caso haja. No seu caso, se tiver acesso a documentos
institucionais, estes deverão ser dispostos em anexo.

FInalizando este tópico e parte de nossas reflexões sobre as atividades propostas pela disciplina
Observação Orientada, destacaremos o projeto de integração por nós elaborado para auxiliar seu
processo de aprendizagem.
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Unidade III

8.2 O projeto de integração: exemplo

Saiba mais

Para uma compreensão mais aprimorada dos assuntos tratados, recorra


aos sites a seguir, em que são destacados exemplos de projetos:

<http://www.fibrj.com.br/projetos_sociais.htm>. Acesso em: 13 jul.


2012.

<www.victorsgomez.com/2009/06/modelo-de-projeto-social.htm>.
Acesso em: 13 jul. 2012.

O exemplo que segue foi elaborado com base nas necessidades identificadas a partir da observação
empreendida na instituição e na comunidade. Esse projeto terá como referência os tópicos descritos
anteriormente e será apresentado a seguir, de forma sucinta, apenas para que você tenha uma ideia de
como poderá constituir o seu projeto de integração.

• Justificativa: o presente projeto foi elaborado por exigência da disciplina Observação Orientada,
frequentada pelo autor como parte do curso de Serviço Social da Universidade Paulista – UNIP.
No entanto, é preciso destacar que esse documento foi elaborado após ter sido realizada uma
abordagem de observação junto à Associação Cidadão em Construção e ao bairro Vida Nova,
onde a instituição está localizada. Apesar de ser uma exigência curricular a ser cumprida
pelo autor, o projeto pretende propor uma ação que tem como foco a maior integração a ser
estabelecida entre instituição e comunidade. Partindo da observação realizada na instituição,
especificamente por meio da intervenção empreendida junto aos usuários, foi possível observar
que eles desejavam a constituição de cursos que pudessem ser oferecidos aos seus familiares.
Foi possível ainda identificar que essa necessidade torna-se latente, tendo em vista o grande
número de pessoas desempregadas que residem no bairro onde a instituição está localizada.
Essa necessidade também se evidencia ao passo que observamos o grande contingente
populacional que possui baixa renda, o que, em parte, decorre da falta de capacitação. Tendo
essas informações pontuadas, desejamos destacar que os dados que ilustram essas colocações
encontram-se disponibilizados detalhadamente anexos a este projeto, especificamente nos
documentos em que foram registradas as informações sobre a instituição Associação Cidadão
em Construção e sobre a comunidade observada, o bairro Vida Nova. A integração pensada faz
referência a uma proposta de intervenção que favorecerá o relacionamento entre instituição
e comunidade, e ainda oferecerá resultados positivos para ambos os envolvidos. Pretende‑se
realizar um curso de qualificação para pais e mães de alunos já inseridos no atendimento
institucional, sendo necessárias atividades também para o gênero masculino, tendo em vista
que algumas intervenções empreendidas para o gênero feminino já são prestadas no âmbito

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Observação Orientada

do Cras. A intervenção inicialmente pensada é a da constituição de um curso de eletricista e


outro de manicure, visto que ambos não são oferecidos no bairro nem no município. Devem ser
priorizados, para a inclusão, familiares de crianças e adolescentes já atendidos na instituição e
que estejam vivenciando situação de desemprego ou subemprego. Se não forem preenchidas
as vagas disponíveis, estas poderão ser oferecidas a outros segmentos que possuam renda per
capita equivalente a R$ 300,00 por mês. Essa modalidade de curso foi pensada por observar-se
que há poucos profissionais prestando esse serviço no município e no bairro. Nos demais itens,
detalharemos a ação pensada.

• Problematização teórico-histórica: tendo em vista o compromisso ético-político assumido


pela nossa categoria no tocante a buscar efetivar os direitos sociais e partilhar a riqueza
socialmente produzida, elaboramos esta proposta. Cientes da impossibilidade de destituição total
das desigualdades sociais, pretendemos efetivar uma ação que busque, ao menos, minimizar os
impactos vivenciados por certos segmentos, em decorrência de uma estrutura social que é, por
inerência, assentada na desigualdade social e econômica. Esse processo deve ser compreendido
como resultado direto dessa forma de a sociedade estruturar sua produção, em que o trabalho é
coletivo, mas a apropriação dos lucros é privada.

• Objetivo geral: desenvolver atividades voltadas para a capacitação de familiares de usuários da


Associação Cidadão em Construção, objetivando colaborar no seu processo formativo com foco
na sua reinserção no mercado de trabalho, favorecendo, assim, a melhoria da sua qualidade de
vida e sua autonomia na atenção às próprias necessidades.

• Objetivos específicos:

— realizar a divulgação ampla das atividades propostas;


— organizar procedimentos de triagem dos casos para inclusão nos cursos, tendo como foco os
critérios elencados;
— acompanhar a frequência dos usuários incluídos;
— desenvolver acompanhamento de natureza psicossocial dos familiares incluídos;
— trabalhar temas de orientação que se façam necessários, tais como importância do retorno
à escola, relevância da convivência familiar e outros que tenham como foco a melhoria das
relações familiares e interpessoais.

• Procedimentos operacionais: caberá à instituição proceder às ações para organizar a


constituição dos cursos, sendo de fundamental importância no processo a vinculação de todos
os funcionários a ela atrelados. A instituição poderá ainda buscar recursos junto à usina de
açúcar e álcool e à Prefeitura, para que possa empreender a ação.

• Público-alvo: as intervenções empreendidas deverão ser destinadas a familiares dos usuários


vinculados à instituição com prioridade para aqueles que vivenciam situação de desemprego;

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Unidade III

diante do não preenchimento de vagas, a instituição poderá destiná-las às famílias que


possuam renda per capita igual ou inferior a R$ 300,00.

• Metas: serão atendidos trinta usuários em cada modalidade de curso oferecido, e cada um
deles possuirá duração média de dois meses.

• Avaliação e controle: será realizado o processo de avaliação, tomando como base os seguintes
indicadores:

— quantidade de usuários que ingressaram no curso e que o concluíram;


— aproveitamento no tocante à apreensão dos conhecimentos proporcionados pelo curso;
— inserção em atividades laborais, quer seja por meio de trabalhos para geração de renda
autônoma, quer seja por meio do ingresso em empregos formais.

• Cronograma:

Quadro 1 – Modelo de cronograma do projeto de integração

Atividade Primeiro mês Segundo mês


Divulgação X
Início do curso X
Acompanhamento X X
Avaliação X

• Recursos: os recursos financeiros para o custeio dos cursos foram orçados no valor de R$ 10.000,00,
valor informado por uma empresa que desenvolve essa intervenção. Esses recursos precisam ser
conseguidos pela instituição junto a possíveis organismos financiadores. Quanto aos recursos físicos
e humanos, poderão ser utilizados os da própria instituição, que cumprirá assim o seu papel social.

• Referências: UNIVERSIDADE DE BRASILIA (UNB). Capacitação em Serviço Social e Política Social:


intervenção e pesquisa em Serviço Social. Universidade de Brasília: Brasília, 2001.

• Anexos: Documento de Registro da Observação da Instituição e Documento de Registro da


Observação da Comunidade.

Por meio da descrição desses itens, será possível construir o projeto de integração. Obviamente, o
modelo aqui destacado trata-se apenas de algo ilustrativo. O projeto de integração de fato deve ser
objeto de ampla reflexão e fruto de profundas discussões com os segmentos envolvidos.

Esperamos, no entanto, que esses exemplos possam colaborar com o desempenho das atividades
propostas pela disciplina de que trata este livro-texto e que, dessa forma, seja possível colaborar com o
processo formativo dos alunos.

92
Observação Orientada

Resumo

Nesta Unidade, demos sequência ao conteúdo tratado até então. Nessa


circunstância, estudamos especificamente o planejamento das ações. É
importante reforçar que, como elencamos inicialmente, a observação
é empreendida para que nos motive a uma reflexão e, por fim, a uma
intervenção.

Para que tal intervenção aconteça, há necessidade de planejamento, que


precisa também ser prévio. Como tal, demanda ainda que seja elaborado
um documento em que todas as intenções para as atividades a serem
desenvolvidas sejam destacadas e sistematizadas.

Nessa ótica, destaca-se a necessidade de elaborar um projeto de


intervenção, aqui denominado projeto de integração, mas partindo
da observação da realidade da prática desenvolvida na instituição, bem
como de uma proposta de intervenção a ser empreendida partindo dessas
aproximações iniciais.

Para facilitar a sua compreensão, foi introduzido um modelo de projeto


que utilizou como referência explicações teóricas sobre os itens que devem
compor o projeto em questão e que foram elencadas na Unidade II. Como
modelo, pode ser utilizado apenas como uma referência.

Sintetizando, precisamos considerar que todas as nossas ações precisam


ser previamente elaboradas, sistematizadas, partindo da observação como
aspecto inicial e fundamental para todas as intervenções profissionais
empreendidas pelo assistente social.

Exercícios

Questão 1. De acordo com a referência teórica adotada neste estudo, avalie as afirmativas elencadas
a seguir:

I – As ações empreendidas pelo assistente social precisam ser pragmáticas e dependem apenas da
vontade do profissional.
II – Todas as intervenções do assistente social precisam ser previamente planejadas e elaboradas de
forma sistemática.
III – A observação, por ser inerente ao ser humano, não precisa de planejamento.

93
Unidade III

IV – A aproximação da comunidade demanda a observação de uma série de aspectos, a fim de nos


apropriarmos das informações da realidade concreta.
V – São aspectos antagônicos por natureza a observação e o planejamento das ações.

Podemos concluir que:

A) Estão corretas as afirmativas I e II.


B) Estão corretas as afirmativas II e III.
C) Estão corretas as afirmativas II e IV.
D) Estão corretas as afirmativas IV e V.
E) Estão corretas as afirmativas I e IV.

Resposta correta: alternativa C.

Análise das alternativas:

I - Afirmativa incorreta.

Justificativa: como vimos, as ações desenvolvidas precisam ser previamente elaboradas, sistematizadas,
e não pragmáticas, como diz a afirmativa. Na verdade, a ação pragmática está relacionada àquela que
não é planejada previamente.

II - Afirmativa correta.

Justificativa: conforme vimos, todas as ações, inclusive a observação, precisam ser planejadas
previamente, sistematizadas com antecedência. No caso, o planejamento também se aplica à elaboração
das atividades de intervenção, sistematizadas por meio do projeto.

III - Afirmativa incorreta.

Justificativa: apesar de afirmar que a observação é algo inerente ao ser humano, o que é correto,
coloca que, como tal, a observação não precisa ser planejada, o que constitui sua incorreção.

IV - Afirmativa correta.

Justificativa: devemos nos ater aos aspectos tratados e elencados neste material. Com base nos
indicadores tratados, poderemos identificar os dados da realidade sobre a qual se pretende realizar a
intervenção. Sem essas informações, torna-se difícil apropriar-se da realidade, e, de tal forma, poderemos
conduzir nossa intervenção de forma incorreta.

94
Observação Orientada

V - Afirmativa incorreta.

Justificativa: a observação não é antagônica ao planejamento, o qual é necessário a esta, tal como
pontuamos no decurso deste livro-texto.

Questão 2. Analise a seguinte situação: Ana Paula, aluna do curso de Serviço Social, começou a
realizar estágio de observação na instituição Pequeno Príncipe. Ao ser inserida nesse espaço, obedecendo
às orientações recebidas, Ana Paula adotou os seguintes procedimentos:

I – Passou a observar tudo o que acontecia na instituição, sem anotar nenhuma informação visto
que a observação em Serviço Social precisa ser assistemática.
II – Passou a observar tudo o que acontecia na instituição apoiada em indicadores postos pela
instituição de ensino.
III – Começou a tecer críticas à assistente social, que desenvolvia uma prática incorreta.
IV – Começou a atuar como assistente social, visto que estava no final de seu processo de graduação.
V – Partindo de sua observação, passou a propor um projeto de intervenção, em consonância com
o assistente social responsável.

Pela análise das afirmativas, podemos afirmar que:

A) Estão corretas as afirmativas I e II.


B) Estão corretas as afirmativas III e IV.
C) Estão corretas as afirmativas IV e V.
D) Estão corretas as afirmativas II e III.
E) Estão corretas as afirmativas II e V.

Resposta correta: alternativa E.

Análise das alternativas:

I - Afirmativa incorreta.

Justificativa: como vimos, há diversos tipos de observação que podem ser adotados pelo Serviço
Social. Não há um tipo específico de observação que precise ser adotado pelo Assistente Social. Apesar
disso, sempre é recomendado que, no processo de observação, sejam anotadas as informações alcançadas,
para que não sejam perdidos dados; portanto, uma observação sem sistematização (assistemática) nem
sempre é indicada.

95
Unidade III

II - Afirmativa correta.

Justificativa: essa afirmativa está correta porque faz menção ao que é esperado do estagiário quando
inicia o processo de observação, ou seja, apoiado nos indicadores, em aspectos específicos, realiza a
observação. Nesses termos, é extremamente necessário ater-se aos indicadores, para que seja possível
uma visão total da realidade em que está sendo feita a observação.

III - Afirmativa incorreta.

Justificativa: não é ético realizar críticas a colegas; além de antiético, é algo que fere os dispositivos
legais que disciplinam a ação dos assistentes sociais: o Código de Ética e a Lei nº 8.662/93, que
regulamenta a profissão do assistente social.

IV - Afirmativa incorreta.

Justificativa: como sabemos, o estagiário não pode desempenhar ações no lugar do profissional. Isso
se torna ainda mais grave nesse caso, em que a aluna está realizando um estágio de observação, visto
que não é permitido a ela realizar nenhuma intervenção.

V - Afirmativa correta.

Justificativa: está correta porque a estagiária realizou a observação, apropriou-se do espaço e,


em concordância com a profissional responsável, passou a elaborar um projeto com uma proposta de
intervenção profissional. No caso, não é possível elaborar uma proposta que contrarie os dispositivos
institucionais e, por isso, é importante a interlocução com o supervisor responsável.

96
Observação Orientada

FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

Disponível em: <http://diariodonordeste.globo.com/imagem.asp?Imagem=527701>. Acesso em: 16 jul. 2012.

Figura 3

HELLER-AGNES.JPG. Disponível em: <http://marxists.org/glossary/people/h/pics/heller-agnes.jpg>.


Acesso em: 16 jul. 2012.

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Porto Alegre: Casa de Cinema de Porto Alegre, 1989. 1 bobina cinematográfica (12 min).

O DRAGÃO da maldade contra o santo guerreiro. Direção: Glauber Rocha. Produção: Glauber Rocha,
Zelito Viana, Luiz Carlos Barreto e Claude Antoine. Rio de Janeiro: Mapa Filmes, 1969. 1 bobina
cinematográfica (95 min).

Textuais

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB). Capacitação em Serviço Social e Política Social: intervenção e


pesquisa em Serviço Social. Universidade de Brasília: Brasília, 2001.
100
UNIVERSIDADE PAULISTA (UNIP). Projeto pedagógico do curso de graduação em Serviço Social. UNIP:
São José do Rio Preto, 2010.

EXERCÍCIOS

Unidade I – Questão 1: FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS. Ministério Público do Estado de Sergipe.


Prova do concurso público para provimento de cargos de Analista do Ministério Público: especialidade
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Unidade I – Questão 2: UFAC. Prova do concurso público para provimento de cargos de nível
superior: assistente social 2010. Questão 58. Disponível em: <http://www.questoesdeconcursos.com.br/
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Unidade II – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2007: Serviço Social.
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Unidade II – Questão 2: DEFENSORIA PÚBLICA-GERAL DA UNIÃO. Prova objetiva do concurso público


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br/prova/arquivo_prova/2496/cespe-2010-dpu-assistente-social-prova.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2012.

101
102
103
104
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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