ocupar cada vez mais com os registros e comentários sobre todo tipo de violência e insegurança. Seja homicídios, assaltos, suicídios, roubos, furtos, estupros, brigas.
As escolas por sua vez, não estão fora dos
noticiários ou rodas de conversas quando o assunto é violência, acaba sendo também mais uma vítima.
Antes de começarmos é necessário fazer algumas
considerações para introduzirmos no tema da violência e da segurança nas escolas.
-Ah, você vai falar de segurança nas escolas!?
Mas nós temos muros altos, grades e até mesmo um porteiro que controla a entrada e saída de pessoal- Uma segurança que convive, que se adapta, que se conforma com as violências, é uma pseudo-segurança e não cabe num projeto educativo.
Assim como a construção de muralhas e fossos ao
redor dos palácios só considerava as ameaças militares externas ao mundo feudal e não enfrentava a violência interna entre nobres e servos, também corremos o risco de erguer muros em volta de nossas escolas para construir uma “ilha escolar de segurança”, sem dialogar com as verdadeiras violências da comunidade e da sociedade para as quais educamos as crianças e os adolescentes.
Costumamos dizer que segurança rima com
vigilância, prevenção e punição. E para isso, começaremos falando um pouco dos aspectos jurídicos nos quais se baseiam a segurança em geral.
Art. 5º da Constituição Federal: “Todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...).
O Artigo 5º da Constituição Federal de 1988
determina o exercício dos direitos sociais e individuais, assim como a liberdade dos indivíduos, a segurança e o bem-estar, além do direito de se desenvolver com igualdade e justiça.
Ele define esses itens como valores supremos para
a nossa vida em sociedade de forma fraterna e sem violência e preconceitos, estabelecendo a ordem interna e internacional.
As condições do Artigo 5º da Constituição são
consideradas cláusulas pétreas, ou seja, que não podem ser alteradas. Portanto, são imodificáveis e não podem ser excluídas, nem mesmo por meio de emenda constitucional.
Por ser imutável, o Artigo 5º garante a segurança
jurídica diante de atos que possam ferir os nossos direitos e colocar em risco a nossa liberdade, ou até mesmo a nossa vida.
Ainda no artigo 5º da Constituição:
XLIII – A lei considerará crimes inafiançáveis
e insuscetíveis de graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
Façamos o seguinte questionamento, estamos
fazendo de tudo para evitar possíveis desastres?! Quantos alunos tristes, mal entendidos ou até mesmo frustrados não são encontrados nas suas salas de aulas.
De acordo com o Código Penal, no art. 13, § 2º, a
omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado, mas não o faz. Existem duas previsões no código informando quem deveria agir: 1) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
2) de outra forma, assumiu a responsabilidade
de impedir o resultado.
A segurança, não é de responsabilidade apenas do
Estado, mas sim de todos nós, por isso volto a dizer que segurança rima com vigilância, prevenção e punição.
Faz-se necessário apresentar e comentar o
conteúdo do art. 144 da Constituição, que descreve a organização da segurança pública no Brasil e as atribuições das diferentes polícias.
Art. 144 A segurança pública, dever do Estado,
direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, (...)
Nesse artigo mais uma vez se refere à segurança,
onde deixa claro que é um direito e responsabilidade de todos, não apenas da Policia, que nem pode se fazer presente de forma integral, cujo efetivo nunca é do tamanho ideal. Apesar disso, devemos buscar estreitar os laços com as entidades de segurança, através de visitas periódicas e comunicação direta, sempre que necessário.
Fazendo uma verdadeira integração das políticas
de segurança pública, hoje dispersas em ações frágeis e isoladas da polícia civil, da polícia militar e das autoridades do Poder Judiciário.
Vejamos agora o que diz o ECA – Estatuto da
Criança e do Adolescente:
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de
todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se- lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
A criança e o adolescente, por sua condição de
imaturidade e de incompletude, necessita de proteção. Entretanto, sua segurança advém do desenvolvimento humano, aqui entendido por cinco adjetivos que mais não fazem que descrever as dimensões da própria educação, nos princípios de liberdade e de dignidade. A segurança não é, portanto, algo que se acrescente de fora, como um muro, um cadeado ou uma cerca elétrica, mas algo que se constrói de dentro das pessoas e das comunidades, como fruto de direitos.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da
sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Percebe-se que o ECA não coloca a proteção e a
segurança como substantivos ou realidades a que a criança e o adolescente tenham direito. Elas são fruto do cultivo de outros direitos fundamentais registrados neste artigo. Percebe-se, até mesmo, a importância de eles assumirem papéis de convivência nos grupos estruturantes da sociedade, a família e a comunidade, hoje tão fragilizados e violentados.
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a
proteção, à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
Antes de pensarmos em segurança como antídoto à
violência social, “medidas de segurança”, traduzidas em “proteções materiais”, há de se cultivar formas de sua construção pessoal e social, em que sobressaem os cuidados pela vida e pela saúde das crianças e dos adolescentes.
(FALTA EDITAR)
LEI BASE DA EDUCAÇÃO NACIONAL - Nº 9.394, DE 20 DE
DEZEMBRO DE 1996.
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as
normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
IX - promover medidas de conscientização, de prevenção
e de combate a todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas; (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018)
X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura
de paz nas escolas.” (NR)
(...)
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do
ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
§ 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à
prevenção de todas as formas de violência contra a criança, o adolescente e a mulher serão incluídos, como temas transversais, nos currículos de que trata o caput deste artigo, observadas as diretrizes da legislação correspondente e a produção e distribuição de material didático adequado a cada nível de ensino. (Redação dada pela Lei nº 14.164, de 2021).