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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

LUCAS SOARES DE ALMEIDA

ANÁLISE GEOAMBIENTAL DO ATOL DAS ROCAS, COM ÊNFASE NOS


FORAMINÍFEROS COMO BIOINDICADORES DE AMBIENTE OCEÂNICO, EM
2017

NATAL - RN
2018
LUCAS SOARES DE ALMEIDA

ANÁLISE GEOAMBIENTAL DO ATOL DAS ROCAS, COM ÊNFASE NOS


FORAMINÍFEROS COMO BIOINDICADORES DE AMBIENTE OCEÂNICO, EM
2017

Monografia apresentada à
Coordenação do Curso de Geografia
da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito
parcial à obtenção do título de
bacharel em Geografia.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo dos
Santos Chaves.

NATAL - RN
2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências
Humanas, Letras e Artes - CCHLA

Almeida, Lucas Soares de.


Aná lise geoambiental do Atol das Rocas, com ênfase nos
foraminíferos como bioindicadores de ambiente oceâ nico, em 2017 /
Lucas Soares de Almeida. - Natal, 2018.
50f.: il. color.

Graduaçã o (Monografia) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Departamento
de Geografia. Natal, RN, 2018.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo dos Santos Chaves.

1. Atol das Rocas - Monografia. 2. Foraminíferos - Monografia.


3. Bioindicador - Monografia. I. Chaves, Marcelo dos Santos. II.
Título.

RN/UF/BS-CCHLA CDU 911.2:593.12

Elaborado por Heverton Thiago Luiz da Silva - CRB-15/750


Agradecimentos

Agradeço, primeiramente, à Deus por que me deu a força necessária para


realização desta pesquisa.
Ao ICMBio que promove a realização de expedições ao Atol das Rocas
para fins de pesquisa e desenvolvimento acadêmico na área.
À funcionária Maurizélia pela prestação de serviços ao Atol das Rocas.
Ao projeto de pesquisa “Paisagem Oceânica Atol das Rocas –
caracterização sedimentológica, hidrodinâmica e impactos ambientais”, que
desenvolve pesquisas no monitoramento paisagístico do Atol.
Ao orientador desta pesquisa Prof. Dr. Marcelo dos Santos Chaves, que
colaborou e foi fundamental para a realização desta monografia.
À minha família que sempre meu apoiou nos momentos de maiores
dificuldades.
Aos colegas de pesquisa Erick, Matheus e Júlio, que, em 2018,
representou o departamento de geografia no Atol das Rocas.
Aos meus colegas de turma que estiveram comigo durante toda a
caminhada acadêmica, em especial Matheus, Emanoel e Richerlida.
RESUMO

O Atol das Rocas é uma unidade de conservação (UC), protegida de forma


integral pelo Brasil e onde se abriga uma vasta diversidade ambiental que dá ao
lugar um caráter único a partir de sua paisagem. O objetivo desta monografia foi
compreender a condição geoambiental atual desta UC, a partir da análise de
foraminíferos mortos, elencando cinco principais espécies. Com isso, foi
buscado elencar as principais espécies de foraminíferos no Atol das Rocas, onde
mostrou sua característica de bioindicador, bem como sua relação com a
paisagem oceânica. Nesta perspectiva, foi preciso traçar um paralelo em uma
análise geoambiental, fazendo uma relação com o ambiente oceânico presente
e as questões ligadas de variâncias meteorológicas, traçando uma relação com
os foraminíferos presentes no local da pesquisa. Os foraminíferos, importantes
para estabelecer níveis de conservação, devem ser postos em discussão, tendo
um longo leque de aprofundamento em pesquisas que podem vir a contribuir
ainda mais e destacar a importância de sua preservação e de reunir novos
estudos para a área.

Palavras-chave: Atol das Rocas; Reserva Biológica; Foraminíferos;


Bioindicador; Análise meteorológica.
ABSTRACT

The Atol das Rocas is a conservation unit (UC), fully protected by Brazil and
where it is home to a wide environmental diversity that gives the place a unique
character from its landscape. The objective of this monograph was to understand
the current geoenvironmental condition of this UC, from the analysis of dead
foraminifera, listing five main species. With this, it was searched to list the main
foraminifera species in the Atol das Rocas, where it showed its characteristic of
bioindicator, as well as its relation with the oceanic landscape. In this perspective,
it was necessary to draw a parallel in a geoenvironmental analysis, making a
relation with the present ocean environment and the linked issues of
meteorological variances, drawing a relation with the foraminifera present at the
research site. The foraminifera, important for establishing conservation levels,
should be discussed, having a long range of research that may contribute even
more and highlight the importance of its preservation and of gathering new
studies for the area.

Keywords: Atol das Rocas; Biological reserve; Foraminífera; Bioindicator;


Meteorological analysis.
LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Mapa de localização do Atol das Rocas................................................... 12


Figura 02 Mapa geomorfológico do Atol das Rocas.................................................. 14
Figura 03 Vegetação herbácea no Atol das Rocas.................................................... 15
Figura 04 Formação de beachrocks no Atol das Rocas............................................ 16
Figura 05 Elevação em bancos de areia no Atol das Rocas...................................... 16
Figura 06 Piscinas naturais no Atol das Rocas.......................................................... 19
Figura 07 Rochas carbonáticas bioclásticas.............................................................. 20
Figura 08 Porção granulométrica do Atol das Rocas................................................. 21
Figura 09 Estação meteorológica portátil................................................................... 26
Figura 10 Três amostras coletadas para análise de foraminíferos............................ 28
Figura 11 Lupa binocular Olympus sz- 29
40.......................................................................
Figura 12 Análise em lupa binocular do material coletado das amostras de 30
foraminíferos..............................................................................................
Figura 13 Mapa dos pontos de coleta dos dados meteorológicos em 2017.............. 34
Figura 14 Mapa dos pontos de coleta das amostras de foraminíferos em 2018....... 41
LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Início da trilha usada para coleta de foraminíferos.................................... 32


Tabela 02 Meio da trilha usada para coleta de foraminíferos..................................... 32
Tabela 03 Fim da trilha usada para coleta de foraminíferos....................................... 33
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 Umidade relativa do ar no ponto meteorológico 01................................... 34


Gráfico 02 Umidade relativa do ar no ponto meteorológico 02................................... 35
Gráfico 03 Temperatura do ar no ponto meteorológico 01.......................................... 35
Gráfico 04 Temperatura do ar no ponto meteorológico 02.......................................... 36
Gráfico 05 Velocidade média dos ventos no ponto meteorológico 01......................... 36
Gráfico 06 Velocidade média dos ventos no ponto 02................................................ 37
Gráfico 07 Velocidade máxima dos ventos no ponto meteorológico 01...................... 37
Gráfico 08 Velocidade máxima dos ventos no ponto meteorológico 02...................... 38
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 09
2 CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL DO ATOL DAS ROCAS..................... 11
2.1 Geologia e Geomorfologia .............................................................................. 13
2.2 Granulometria.................................................................................................... 20
2.3 Bioindicadores................................................................................................... 21
3 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................... 24
3.1 Atividades de Campo........................................................................................ 24
3.2 Atividades de Laboratório................................................................................. 27
3.3 Atividades de Gabinete..................................................................................... 31
4 RESULTADOS.................................................................................................... 32
4.1 Foraminíferos..................................................................................................... 32
4.2 Dados Meteorológicos...................................................................................... 33
5 DISCUSSÕES..................................................................................................... 39
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................................. 45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 47
10

1 INTRODUÇÃO

Com o processo de conservação do Atol das Rocas, as dinâmicas da


paisagem oceânica continuam a modificar e trazer novas faces ao ambiente,
criando novas formas no meio presente, e trazendo características peculiares.
Assim, é característico do Atol ser um ambiente com diversas mudanças,
principalmente influenciado pelas condições climáticas extremas. O que é
demonstrado dentro das coletas de dados e pelas constatações feitas por
pesquisadores a partir das análises realizadas.
No Atol das Rocas é encontrado diferentes tipos de espécies de
foraminíferos que constituem o atol e está presente formada a partir da presença
de material de calcário. Este composto constitui as carapaças dos foraminíferos,
que são cobertos e estão envolvidos ao material. Com isso, observamos a
presença de muitos foraminíferos quebrados, outros que já se difundiram ao
material mais presente no atol e que só são visíveis em análise de lupa binocular.
Em Junho de 1979, o Atol das Rocas foi reconhecido por meio de decreto
presidencial Nº 83.549, trazendo para o lugar as normas fundamentais que foram
implementadas a partir do ofício. A partir disso, o Atol passou a compreender
não só o seu reconhecimento, como também sua dimensão geográfica. Foi
decretado, dentro do litoral brasileiro a intitulada Reserva Biológica do Atol das
Rocas, onde, a partir de então ficara subordinada ao então Ministério da
Agricultura (BRASIL, 1979).
Com isso, foram trazidas as localizações de latitude e longitude, bem como
demarcada sua área total, definida em decreto presidencial no Artigo 2 º.

Art 2º - A Reserva Biológica do Atol das Rocas, compreendendo todas


as águas recifes, ilhas e plataforma continental, localizadas no litoral
do Rio Grande do Norte, dentro do limite do mar territorial brasileiro,
contidos dentro da isóbata 1000, a partir da ilha do Farol, (Gr.Lp (2) B.
6 Seg. 18m. 13m. SG) abrangerá um quadrante cujas coordenadas
são: Lat. 03º45º a 03º56’S; Long. 33º37’W’ a 33º56’W-Gr, com a área
aproximadamente de 36.249 ha (trinta e seis mil, duzentos e quarenta
e nove hectares). (BRASIL, 1979).

Dentro da necessidade de encontrar um maior conhecimento desta


macrofauna e suas variações físicas, o Atol das Rocas é um lugar que oferece
diferentes formas de estudos, mas a desempenhada por esta pesquisa vai no
11

sentido de demonstrar um estudo para novas análises de estudos como forma


de retratar a vida e os aspectos peculiares da vida oceânica, sendo um
importante reflexo de preservação de um meio ambiente genérico e que
possibilita um maior conhecimento frente aos aspectos de dinâmicas oceânicas
em um lugar equilibrado, porém, extremamente frágil
Com isso, foi desempenhado e tratado a respeito do clima e suas variações
no Atol, bem como esta variação é entendida e demonstrada. Torna-se
necessário o acompanhamento sistemático e como forma de utilização, as
estações metrológicas portáteis são de importante feição para isto.

A leitura dos aparelhos e outras observações que fazemos nos


permitem conhecer o estado presente da atmosfera (o tempo
meteorológico) e, mais importante ainda, nos possibilitarão prever o
tempo futuro (previsão do tempo). Praticamente, todas as atividades
humanas dependem dos dados coletados nas estações
meteorológicas, desde o dia a dia do cidadão comum até as mais
importantes atividades econômicas, como a agricultura, os transportes,
o turismo etc. Finalmente, os registros acumulados por muitos anos
(pelo menos 30, de preferência!) serão usados pelos cientistas para o
estudo do clima e de suas variações”. (VIANELLO, 2011, p.4).

Com as possibilidades de analisar as condições meteorológicas do local, é


possível, também, observar o comportamento dos foraminíferos encontrados e
a sua relação com o meio em que está inserido, sua condição física e a maneira
no qual está adaptado ao local. Nisto, é possível observarmos o comportamento
deste grupo de protista, além de sua relação bioindicadora, trazendo um paralelo
entre sua presença e diversidade de espécies, e a qualidade do meio ambiente
no qual estão inseridos.
Dessa forma, a pesquisa teve como objetivo geral, uma análise
geoambiental, a partir da coleta de dados meteorológicos, e suas implicações
nos foraminíferos mortos encontrados no atol, bem como sintetizar de como sua
presença e diversidade é característica de bioindicador de ambiente oceânico,
em equilíbrio e com bom nível de preservação. Já os objetivos específicos foram:
discorrer a respeito da manutenção do Atol das Rocas a partir do decreto
presidencial de nº 92.755/86, onde tornou o Atol uma Área de Proteção
Ambiental (APA), e a sua posição de equilíbrio ambiental. Também discutiremos
a importância da manutenção do grupo de protistas em que está inserido os
12

foraminíferos no Atol das Rocas, a partir de sua função bioindicadora de


ambiente oceânico e de preservação ambiental.
Com o intuito de atingir ao objetivo proposto, procuramos uma metodologia
que articulasse com os autores que escreveram sobre este assunto. Trata-se de
uma pesquisa que reúne e sintetiza estudos anteriores, porém, com dados
coletados no ano de 2017 (de 08 de julho a 03 de agosto de 2017). Para o
desenvolvimento da pesquisa, foi necessária a parceria com o ICMBio, através
do projeto de pesquisa “Paisagem oceânica Atol das Rocas”, como forma de
buca pelo conhecimento dos processos de paisagem oceânica ocorrentes no
Atol. Para isso foi firmada essa parceria, onde três discentes do Departamento
de Geografia/UFRN, Erick, Matheus e Julio, membros do projeto de iniciação
científica, coordenado pelo professor Dr. Marcelo Chves, embarcaram para o
Atol das Rocas juntamente com os pesquisadores do ICMBio, Maurizélia e
Frederico. A coleta de dados, meteorológicos e de foraminíferos, foram
realizados pelos discentes, durante o período de 1 (um) mês. Por motivos de
ordem pessoal, fiquei impossibilitado de se fazer presente a área de estudo da
pesquisa, mas que tudo fui tratado internamente. A fotos foram mantidas no
acervo no laboratório de geografia física do Departamento de Geografia.
13

2 CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL DO ATOL DAS ROCAS

O Atol das Rocas situa-se a 145 km a Oeste do arquipélago de Fernando


de Noronha e a aproximadamente a 260 km a Nordeste da cidade do Natal,
sendo este o único atol presente do Oceano Atlântico Sul Ocidental (Figura 01).
É notório o estado de conservação elevado do local, sendo zona de alimentação,
abrigo e reprodução de várias espécies de animais, onde pelo decreto de lei Nº
83.549/79, “fica proibida qualquer alteração do meio ambiente, inclusive a caça
e a pesca na área.”
O Atol das Rocas foi constituído como Área de Proteção Ambiental em 5
de junho de 1986, por meio de um decreto presidencial de número 92.755/86,
onde, a partir daquele instante, transformava o lugar numa restrita e de constante
preservação ambiental. Com isso, foram criadas normas de controle que estão
em vigência até os dias atuais, criadas a partir deste decreto. No artigo 4º do
decreto 92.755, estão presentes as seguintes normas que proíbem
determinadas atividades.

I - a implantação de atividades potencialmente poluidoras ou que


provoquem sensível alteração nas condições ecológicas locais;
II - a utilização indiscriminada ou em desacordo com as normas e
recomendações técnicas oficiais, de biocidas e fertilizantes;
III - a implantação de projetos que, por suas características, possam
provocar deslizamento de solos e outros processos erosivos. (BRASIL,
1986).

Com o decreto de 1986, o Atol das Rocas passa a ser uma área de
constante vigilância, desta vez, regido pelo Governo Federal em parceria com o
ICMBIO/MMA. A proibição de atividades que venham a gerar possíveis efeitos
poluidoras são importantes no sentido de tratar o Atol das Rocas como um
ambiente preservado, mantendo suas características primárias e que possa
preservar as suas características bióticas e abióticas.
14

Figura 01 - Mapa de Localização do Atol das Rocas.

Fonte: Elaboração do autor (2018).

Com a promulgação do referido decreto, o atol adquire peculiaridades que


são encontradas e recorrentemente estudadas. Sua dinâmica oceânica, através
das coletas de dados de perfis de praia, hidrodinâmica, coleta de sedimentos,
são formas de avaliar o comportamento deste local perante toda uma
biodiversidade marinha ali presente. Com isso, os efeitos destes processos se
caracterizam no Atol, seja pela vida existente, ou pelas formas em que contornos
são ganhos a partir da dinâmica de correntes e suas formas de erosão e
progradação de sedimentos ao longo das pequenas ilhas formadas.
Nisso, o Atol das Rocas está situado:

[...] sobre um monte vulcânico que integra a cadeia de montanhas


submarinas de Fernando de Noronha, a qual se localiza nas Zona
fraturada de Fernando de Noronha. Essa cadeia é composta de um
segmento de montes submarinos com direção Leste-Oeste.
(PEREIRA et al 2010, p.334 apud GORINI & BRYAN 1976).

No Atol das Rocas, a sua configuração espacial torna sua paisagem


bastante peculiar, com sua estrutura coberta de corais trazendo uma importante
15

forma de como a disposição do material geológico e geomorfológico estão


expostos no atol. Estes estão arregimentados em estruturas cálcicas que
envolvem o atol, propiciando um tipo de vida bastante peculiar em relação a
outras áreas que habitam grande diversidade biológica. Com isso, é possível
constatar um ambiente de forte equilíbrio ambiental, nas mais diferentes analises
em que se possa fazer. Nisso, fica notório a importância e necessidade em se
manter a área como objeto de estudo e de constante vigilância frente a possíveis
invasões dentro do atol.

2.1 Geologia e Geomorfologia

Em sua dimensão geológica e geomorfológica, o Atol das Rocas constitui-


se de alguns arranjos peculiares que dão ao local uma importante base para
novos estudos. A disposição do material geológico e geomorfológico, e com sua
vegetação, transforma o Atol das Rocas num berço de centenas de animais e
abriga novas formas de estudos da paisagem em questão. Na figura 02, notamos
como estes relevos estão assentados no atol e de maneira em que se encontram
espacializados no mapa.
Na espacialização destes relevos, constata-se que o Atol das Rocas possui
uma grande diversidade em sua estrutura geomorfológica, trazendo para além
das estruturas mais visíveis formadas em rochas orgânicas. Com isso, é clara a
presença de lagunas, onde habita-se grande variedade de espécies, que com o
passar do tempo vão moldando uma nova paisagem a partir dos restos em que
solidificam e formam os corais. Nestes ambientes, segundo Luz e Couto (2014,
p.32) são:

Ambientes recifais suportam grande riqueza de espécies e podem ser


comparados, em termos de diversidade, às florestas tropicais. Esses
ambientes fornecem habitat, proteção e alimento para muitos
organismos, que em contrapartida influenciam o desenvolvimento dos
recifes e assim desencadeiam atividades ecológicas e processos
biológicos internos do ambiente recifal.
16

Figura 02 - Mapa Geomorfológico do Atol das Rocas

Fonte: Pereira (2011)

Nisto, a composição da estrutura do Atol das Rocas, traz outras feições


peculiares a se observar. Nele, encontra-se o platô recifal do atol, que está em
constante contato com as forças das ondas, possuindo múltiplas feições pelo
processo de intemperismo físico das ondas. Assim, é possível aferir que é a
porção geomorfológica onde há mais fluxo de materiais e quebra de sedimentos,
onde se traz, a partir da arrebentação das ondas, novas formas de configuração
do relevo no platô recifal. Isso se configura e traz à tona de que o Atol das Rocas
não se configura como um ambiente imóvel como se imaginava, mas, sim, a
partir de processos morfodinâmicos que acontece no atol, onde nota-se uma
constante mudança em sua configuração.
Sua vegetação rasteira (Figura 03), também é bastante peculiar, por sua
estrutura herbácea, onde vale-se salientar que passou e passa por diferentes
17

tipos de adaptações ao ambiente vivido, tanto a sua composição geológica,


climática e etc.

Figura 03 - Vegetação herbácea no Atol das Rocas

Fonte: Originada da pesquisa (2018)

Em outro local analisado, encontra-se uma composição de beachrocks,


assentado em volta do atol, denominada de ilha do farol, em que foi assentada
por um processo em que, segundo Malta et al. (2017, p.8), demarca “a linha de
costa pretérita e a constituição sedimentar de paleopraias, em ambiente de
micromaré, e definem com precisão a posição do nível médio do mar, pela
ocasião do processo de litificação”.
Nisto, podemos denotar a importância que esse material traz para o Atol
das Rocas, a partir de estudos para o reconhecimento de novas espécies. Este
material é formado por uma camada de rocha sedimentar friável, que com o
passar dos anos, tornou-se cimentada e agrupada entre seus sedimentos de
areia – no caso do Atol das Rocas, carbonático – e que a partir da junção desses
materiais, deu-se origem a esta rocha, situada ao longo da linha de costa na ilha
do farol.
18

Na ilha do farol, uma camada de baía de lama é indicada no mapa, onde é


constituída por material argiloso e que, com o contato com a água, solidifica-se
e forma-se o material denominado de lama. Este material é presente também ao
redor ou por sobre o beachrocks, com a diferença em que a baía de lama não
se solidificou como a anterior. Nisto, podemos inferir, que a escala temporal
aplicada a baía de lama é diferente, mas que, com o passar dos anos e com as
condições climáticas e ambientais adequadas no Atol das Rocas, esta pode-se
tornar um material solidificado, a pode vir se tornar uma rocha.

Figura 04 - Formação de beachrocks no Atol das Rocas

Fonte: Originada da pesquisa (2018)

Com grande dimensão espacial no Atol das Rocas, é constatada a


presença de depósito sedimentar, constituído de material proveniente e calcário,
onde se concentra em grande porção terrestre, mas, também, submersa com o
avanço da maré no atol. Este depósito sedimentar é de origem de rochas
bioclásticas, constando a presença de animais marinhos na formação destes. Os
bioclastos “englobam todos os fósseis de estruturas calcárias de organismos ou
fragmentos destas estruturas, e os diferentes grupos, gêneros e espécies estão
restritos a determinados ambientes de formação”. (FALCÃO, 2014, p.28).
19

O material em questão é diversamente constatado, principalmente com o


recuo da maré ao longo do dia. Por meio dos períodos de ventos e das correntes
oceânicas que levam o material arenoso para deposição como descrito por Allen;
Middleton & Southard (1968; 1984 apud Possenti, 2009, p.25), “Os sedimentos
que compõe as plataformas continentais respondem à ação de ondas e correntes
e, portanto a topografia é moldada gerando distintas fases de fundo ou estados
de fundo (bed states)”. Estas correntes acabam formando locais de assentos
sedimentares, onde estão inseridas as ilhas sedimentares, compostas a partir de
areias que se formam pelas condições de maré, de erosão e deposição, bem
como as condições de ventos no local.
Com isso, a partir do local em questão, é formado pequenos bancos de
areia que dão um aspecto paisagístico diferenciados do restante do atol (Figura
05). Este material encontra-se presente nas três ilhas do Atol das Rocas: ilha do
farol, ilha do cemitério e ilha zulu. Estas ilhas são compostas por estes materiais,
e servem de abrigo para diversos tipos de aves, que ali depositam seus ovos até
o processo de maturação do ciclo em que os filhotes deixam os ovos.

Figura 05 - Elevações em bancos de areia no Atol das Rocas


20

Fonte: Originada da pesquisa (2018)

A partir do processo de erosão das marés no Atol das Rocas, as rochas


sedimentares ali presentes se degradam ao longo do tempo, formando o que se
chama de piscinas naturais (Figura 06). Estas piscinas, berços de inúmeras
espécies presentes no atol, foram formadas a partir do avanço e recuo das
marés, em que constatamos a forma como a água interfere e dá novos arranjos
paisagísticos ao material em questão.

Figura 06 - Piscinas naturais no Atol das Rocas


21

Fonte: Originada da pesquisa (2018)

Em um outro tipo de material rochoso, encontra-se estruturas que são


denominadas de materiais de substratos consolidados e não consolidados,
designadas de rochas carbonáticas bioclásticas (Figura 07), que não são
propriamente denominados em sua condição geológica ou geomorfológica, mas
são alguns dos arranjos presentes no Atol das Rocas.

Figura 07 - Rochas carbonáticas bioclásticas


22

Fonte: Originada da pesquisa (2018)


23

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Aqui tratamos da metodologia utilizada nesta pesquisa para que os


objetivos propostos neste trabalho fossem alcançados. Visa permitir, através da
exposição detalhada do caminho escolhido para formulação e desenvolvimento
do estudo em questão, dar ao leitor condições para a compreensão do mesmo.
Para Roesch (2007, p.123) “a metodologia é a forma pela qual será
elaborado o projeto”. Para definir o tipo de pesquisa, o mesmo autor recomenda
que “esta escolha seja norteada a partir dos objetivos do estudo, nesta fase se
distingue entre o delineamento da pesquisa e as técnicas de coleta e análise de
dados que será utilizada”.

3.1 Atividades de Campo

A expedição para o Atol das Rocas foi realizada no dia 05 de julho de 2017,
no Catamarã Borandá, com saída do Iate Clube de Natal, com destino ao Atol
das Rocas, e a volta se deu no dia 04 de agosto de 2017. Este teve duração de
30 dias, nos quais foram acomodados na base do ICMBIO no Atol das Rocas,
sob a orientação de técnicos do ICMBio, a funcionária Maurizélia e o funcionário
Frederico.
Na chegada ao Atol das Rocas, foi feita a acomodação da equipe na base
fixa ali existente, base essa promovida e construída pelo ICMBIO, onde se faz
parte do complexo do Atol das Rocas. Com isso, a equipe, no dia seguinte, já
começou a coletar dados meteorológicos pela manhã e pela tarde, nos pontos
denominados de P1 (Ponto 1) e P2 (Ponto 2). Com isso, foram coletados, ao
longo do mês de julho, diversas amostras para analises posteriores. Outros
dados também foram coletados, como perfis de praia, a partir da coleta de
sedimentos ao longo do atol, dentro dos pontos relatados anteriormente. Nestes
perfis, foram coletadas amostras de areia que seriam utilizadas posteriormente
para análise granulométrica.
Para o estudo em questão, foram coletadas amostras para as análises de
foraminíferos em apenas três locais do Atol, aqui definidos como F1 (início da
trilha), F2 (meio da trilha) e F3 (final da trilha). Essas amostras foram coletadas
24

em superfície e devidamente ensacadas e acondicionadas de volta a Natal, onde


foram trabalhadas em laboratório.
Além do perfil de praia, dados hidrodinâmicos também foram coletados a
partir do uso de boias que eram contabilizadas durante certo tempo, onde estas
mostraram a força da maré e como o comportamento de erosão e progradação
ocorre no Atol. Estas experiências foram coletadas e armazenadas em fichas de
campo para outros fins, dentro da pesquisa Atol das Rocas/ICMBIO.
A coleta de dados meteorológicos, utilizados neste trabalho como fonte de
aprofundamento para o melhor entendimento da dinâmica oceânica do Atol das
Rocas, foi desempenhado a partir de uma estação meteorológica portátil (Figura
09), a uma altura de 1 (hum) metro e de 2 (dois) metros, que serviu como forma
de coleta de dados. Essa estação norteou, e mais à frente, a confecção de
tabelas e posteriormente de gráficos que viria a servir como para análise
climatológica, que irá remeter um subitem de capitulo neste trabalho.

Figura 09 - Estação meteorológica portátil

Fonte: Originada da pesquisa (2018)

Com isso, foi possível aferir a respeito das condições de tempo ao longo
de todo o mês, bem como foi capaz de ter detalhes das formas como o
25

comportamento do Atola é desempenhado em função das condições


meteorológicas ao longo do tempo. Em outras práticas, este aparelho monitora,
a partir do processo em que queria se buscar dentro das possibilidades
fornecidas por este, mostrar outros dados em que se precise para dedicar-se ao
trabalho ali presente. No caso, os dados obtidos foram de temperatura, umidade
relativa do ar, velocidade máxima dos ventos e velocidade mínima dos ventos,
como também o direcionamento destes a partir do posicionamento do aparelho
na localização do integrante que esteja responsável pela coleta dos dados
aferidos.
Nisto, foi possível avançar na possibilidade em descobrir, a partir da
obtenção destes dados climatológicos, a interferência das condições do Atol em
outras situações desempenhadas com a equipe, com a obtenção de outros
dados já citados acima.
Com isto em mãos, e depois de todo o recolhimento de dados e material
obtidos a partir destes, foram colocados em pequenos sacos o material de areia
coletados no Atol, como forma de armazenamento para os estudos
subsequentes. Assim, podendo, depois, guardar este material como reserva
para outros tipos de estudos.
Além do material de areia colhido na expedição científica, foi feito as
anotações de campo, necessárias para guardar os dados obtidos em listas que
ofereciam espaços para que os dados obtidos nas coletas fossem armazenados
ali. Estes dados seriam resguardados nestas listas e mandados de volta com a
equipe para tabulação e confecção de gráficos, mapas e tabelas posteriormente.
Com o recolhimento dos dados obtidos, também foi feito as observações e
anotações de campo, como forma de verificação e constatação da paisagem em
questão, bem como a retirada de fotografias como forma de análise da
paisagem. Essa visita a campo torna-se de suma importância para o geógrafo
como forma de reconhecimento da paisagem em que virá a ser estudada.
Ressalta-se aqui, que por motivos pessoas, não pude participar da coleta
no Atol das Rocas, sendo toda essa parte planejada com os colegas Erick,
Mateus e Júlio, além do técnico do ICMBio, que participaram desta etapa de
campo.
26

3.2 Atividades de Laboratório

Com o recolhimento dos dados em campo, os procedimentos foram


iniciados, com as práticas laboratoriais de análise granulométrica das amostras
no Laboratório de Geografia Física - LABGEOFIS, do Departamento de
Geografia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Com isso, as três
amostras foram lavadas para retirada do sal e de possíveis fragmentos de silte
e argila, em peneira de 0,063 mm para lavagem. Após este procedimento, as
amostras foram postas para secagem em uma estufa pelo período de um dia,
até estarem prontas para análise. A partir disso, foram postas em recipientes
para análise de lupa, e retirado e pesado 1g de cada amostra, conforme
mostrado na figura 10, onde foi possível observar as espécies de foraminíferos
presentes em cada amostra, a partir da lupa binocular Olympus sz-40 (figura 11
e 12).

Figura 10 - Três amostras coletadas para análise de foraminíferos

Fonte: Originada da pesquisa (2018)


27

Figura 11 – Lupa binocular Olympus sz-40

Fonte: Originada da pesquisa (2018)

Figura 12- Análise de lupa binocular do material coletado das amostras de


foraminíferos

Fonte: Originada da pesquisa (2018)


28

3.3 Atividades de Gabinete

Para a aplicabilidade desta pesquisa foram necessárias algumas etapas


estabelecidas previamente. O levantamento bibliográfico foi proposto como uma
forma de embasamento teórico-metodológico da pesquisa. Este levantamento
bibliográfico embasou e permeou toda a pesquisa. Com isto, a pesquisa teve
prosseguimento com os dados meteorológicos colhidos no período de
08/07/2017 à 03/08/2017 no Atol das Rocas, onde por este período, foi feito o
reconhecimento de campo, bem como o levantamento de referenciais
bibliográficos que viriam fundamentar a pesquisa.
Para a confecção do mapa de localização do Atol das Rocas, foi registrado
uma imagem deste no repositório Google Earth, imagem essa das quais foram
exportadas para o ambiente SIG, através do software ArcGis 10.5. No
processamento digital da imagem, a imagem foi georreferenciada pelos sistemas
de coordenadas planas no Datum Sirgas 2000, zona 25 M. Posteriormente, os
elementos do Atol das Rocas foram vetorizados, com a referência dada a ilha do
farol e a ilha do cemitério. Em seguida, foi elaborado o mapa temático de
localização do Atol das Rocas, a partir de shapes oriundos do Geobank da
CPRM, locados em ambiente SIG.
Nos mapas de localização dos pontos das unidades amostrais, foi retirada
a imagem anterior do mapa de localização e acrescentado os pontos respectivos
para cada coleta, em P1, P2 e P3 e PM1 e PM2.
As tabelas de foraminíferos foram denominadas de P1 (início da trilha de
coleta de foraminíferos), P2 (meio da trilha de coleta de foraminíferos) e P3 (final
da trilha de coleta de foraminíferos), e foram realizadas logo após a prática de
laboratório, onde foi feito uma pequena tabela manual e, em seguida, descrita
no programa Excel. Com isso, foram quantificadas e qualificadas as espécies de
foraminíferos em cada uma das três amostras e colocadas de um lado o nome
das espécies encontradas a partir da metodologia encontrada em Machado e
Souza (1994) e de outro, a quantidade de espécies encontradas com auxílio da
lupa binocular. Assim, foram geradas três tabelas como forma de organização
dos resultados obtidos.
A partir da coleta desses dados, foram geradas tabelas feitas no programa
Excel, que ilustraram, pele período de um mês, as variações climatológicas
29

obtidas neste intervalo de tempo. Assim, a partir da produção das tabelas, foi
confeccionado os gráficos que mostram as variações e as direções tomadas a
partir da coleta das estações meteorológicas, sendo produzido gráficos de
Umidade Relativa do Ar, Velocidade Máxima dos Ventos, Velocidade Média dos
Ventos e Temperatura.

2.2 Granulometria

Com a possibilidade de observação do Atol das Rocas, notamos a


presença de uma granulometria de maior densidade de grãos, características a
partir de corais que formaram a unidade ecológica, demonstrado em expedições
cientificas pretéritas ao atol. Na nossa análise realizada em laboratório, é
perceptível a presença de material granulométrico que vai de areia grossa à silte,
acompanhado de material proveniente de recifes, materiais estes com presença
de calcário e matéria orgânica (Figura 08).

Com relação à composição do sedimento de Rocas, não foi possível


constatar a presença de minerais, sendo este sedimento composto
basicamente por bioclastos, os quais foram descritos por: algas
calcárias, tubos de polychaetas, foraminíferos, gastrópodes,
fragmentos de conchas de bivalves, fragmentos de crustáceos,
esponjas, corais, espículas de esponjas e espinhos de equinodermos,
sendo as algas calcárias o bioclasto mais notável. (PEREIRA et al.,
2008, p.76)
30

Figura 08 - Porção Granulométrica do Atol das Rocas

Fonte: Albuquerque (2017).

2.3 Bioindicadores

No contexto de análise dos foraminíferos, ele é trazido para uma


perspectiva de qualidade do ambiente marinho. Os bioindicadores trazem um
olhar a partir dos componentes em que determinado ambiente está inserido, ao
passo em que podemos traçar inferências de como determinado ecossistema se
encontra a partir da ocorrência destes. Um bioindicador pode ser qualquer forma
de vida que venha a mensurar e avaliar a condição de um ecossistema (SILVA,
2010) e que, neste contexto, é trazido aos foraminíferos como um agente
indicador de ambiente em estágio de equilíbrio. Segundo Kapusta (2008, p.25)
apud Klumpp (2001), o uso de bioindicadores permite:

- verificar o impacto da poluição: somente bioindicadores conseguem


provar que um determinado poluente ou mistura de poluentes
realmente provoca um efeito;
- integrar fatores endógenos do organismo, que podem influenciar a
resposta à poluição, como, por exemplo, o estágio de desenvolvimento
e a idade da planta;
31

- integrar fatores externos, como condições climáticas e outros


poluentes que ocorram na área;
- detectar estresse crônico por níveis baixos de poluição, atuando por
períodos prolongados.

O Atol das Rocas serve de um importante parâmetro para avaliação do


estágio em que este ambiente se encontra, de como o processo de evolução
desde quando foi decretado uma área de reserva até os dias atuais, sendo
importante compreender as mudanças vistas a partir da ambientação de
foraminíferos no local.
Com isso, refere-se como forma de acompanhamento sistemático no Atol
das Rocas a partir dos biondicadores analisados, neste caso, os foraminíferos.
Estes acabam exercendo sua importância na avaliação de como o ambiente
marinho ali posto se enquadra em padrões de equilíbrio ambiental aceitáveis. Os
parâmetros podem ser utilizados como forma de observação da qualidade do
ambiente em si, mas também, como as espécies ali residentes se adequam e
exercem suas funções normais ou da forma que seria a mais adequada.
Os biondicadores trazem novas formas de olhar e outras perspectivas a
despeito da qualidade ambiental. De forma sintática, ela reflete a vida dos
organismos, bem como a qualidade ambiental como um todo. Desta forma, é
imprescindível a manutenção da qualidade de vida ambiental do local em
questão, bem como sua preservação.

As leis e diretrizes ambientais foram criadas para amenizar os efeitos


dos impactos causados pela civilização no ambiente, mas, por outro
lado, todos os atos envolvendo a exploração dos recursos naturais são
apenas para suavizar suas consequências, atualmente as tecnologias
aplicadas são apenas para minimizar os efeitos, não os eliminando
totalmente, apenas os atenuando. Toda e qualquer ação relacionada à
exploração dos bens naturais causa impactos, podendo ser plausíveis
ou não, algumas consequências imediatas são facilmente observadas
pelos detritos gerados. (BAGLIANO, 2012, p. 27).

As consequências trazidas a partir do desmonte da fauna e flora do local,


acarreta em uma mudança impactante na vida dos seres presentes no Atol das
Rocas. Os bioindicadores, na análise em questão, são parte preponderantes na
manutenção da diversidade em questão, bem como no aferimento de que o local
proporciona para o ambiente ali vivido a qualidade de vida necessária para que
as mesmas possam usufruir de um lugar equilibrado, de forma harmoniosa e que
32

traga a necessidade de se afirmar que o ambiente mantido em equilíbrio, traz


outro espírito para o local.
Estes bioindicadores tornam-se alvos de possíveis impactos causados pela
sociedade, onde, por conseguinte, acaba-se perdendo seu potencial de aferição
pelos efeitos causados e que vão de encontro a luta por estas espécies em
buscar sobrevivência e desempenhar seu papel natural e fundamental na
natureza. Desta forma, busca-se outras maneiras em lhe dar com esses
problemas, de maneira concreta como dito em Bagliano (2012, p.27):

“As leis e diretrizes ambientais foram criadas para amenizar os efeitos


dos impactos causados pela civilização no ambiente, mas, por outro
lado, todos os atos envolvendo a exploração dos recursos naturais são
apenas para suavizar suas consequências, [...]”.

Assim, estes ambientes acabam por se tornar sufocados da própria existência


da humanidade, vivendo como forma de resistência ao império econômico que
permeia a sociedade atual.
Dentro das perspectivas trazidas pelos bioindicadores na aferição deste
tipo de ambiente, é trazido à tona a sua importância e de que forma estes seres
– no caso, os foraminíferos – é posto ao ambiente e com qual vigor e velocidades
estes vão responder, de forma sucinta, aos preceitos que são colocados para a
avaliação do ambiente marinho.

“O emprego de uma bateria de bioindicadores abrangendo distintos


níveis de organização biológica possibilita o conhecimento sobre a que
nível o poluente interage com o organismo, e a que nível este é mais
suscetível à ação daquele”. (ARIAS et al, 2006, p.70).

Nas formas de garantir o funcionamento do Atol das Rocas, a manutenção


e preservação dos foraminíferos ligados ao seu fator bioindicador é, de forma
sistêmica, muito importante ao se levar em conta as múltiplas respostas que
estes seres são capazes de fornecer ao que se é proposto, e no caso, a
manutenção e a grau de maturidade do ambiente que ali está posto. Ao se
pensar num ambiente saudável, capaz de sofrer grandes mutações com a
variabilidade em diferentes níveis de escala que um ambiente marinho está
sempre propício a se tornar, os foraminíferos acabam por sendo fundamentais
no tocante à sua maneira no qual desempenham papéis fundamentais em seu
33

caráter avaliativo e de outras formas de uso do Atol das Rocas. Com isso, faz-
se necessário buscar outras formas de engajamento na busca pelos níveis de
resultados que se pretende alcançar, já que

Uma vez que é improvável que respostas em um único nível de


organização biológica satisfaçam os critérios de especificidade, os
mecanismos de compreensão e a relevância ecológica, uma
abordagem alternativa é estudar respostas em diferentes níveis de
organização simultaneamente, integrando os efeitos dos
contaminantes através dos diferentes níveis de organização; portanto,
é necessário promover pesquisas interdisciplinares. (ARIAS et al,
2006, p.70).

Neste sentido, vale ressaltar que o tipo de ambiente vivido por estes seres
é de constante mutualidade, não só preso ao ambiente marinho que é conhecido,
nem tampouco pela sua posição no tocante ao nível de maturação que a Atol
das Rocas já chegou com sua proteção. É importante que haja uma solidificação
nos processos em que estes estão inseridos e são levados diariamente a
obedecer e responder – aos pesquisadores – novos contextos e novas formas
de obter resultados.
34

4 RESULTADOS

4.1 Foraminíferos

As amostras dos foraminíferos ora coletados, estão representados


quantitativamente e qualitativamente nas tabelas 01, 02 e 03 abaixo.

Tabela 01- Início da trilha para coleta de foraminíferos

Início da trilha (P1)

Espécie Quantidade

Archais Angulatus 7

Amphistetina Lesonii 5
Gypsina Vesicularis 3

Sorites Marginalis 15

Heterostegina Subo 12
Fonte: Elaboração do autor (2018)

Tabela 02 - Meio da trilha usada para coleta de foraminíferos.

Meio da Trilha (P2)

Espécie Quantidade

Archais Angulatus 2

Amphistetina Lesonii 5

Gypsina Vesicularis 7

Sorites Marginalis 3

Heterostegina Subo 5
Fonte: Elaboração do autor (2018)
35

Tabela 03 - Fim da trilha usada para coleta de foraminíferos.

Fim da Trilha (P3)

Espécie Quantidade

Archais Angulatus 1

Amphistetina Lesonii 2

Gypsina Vesicularis 2

Sorites Marginalis 3

Heterostegina Subo 0
Fonte: Elaboração do autor (2018)

Aqui encontramos 42 foraminíferos no início da trilha (Tabela 01), 22


foraminíferos no meio da trilha (Tabela 02) e apenas 08 foraminíferos no fim da
trilha (Tabela 03). Onde percebemos, que ao todo, foram encontradas e
identificadas apenas cinco (05) espécies.

4.2 Dados Meteorológicos

A coleta de dados meteorológicos realizada no Atol das Rocas em 2017,


foi feita a partir de estação meteorológica portátil e foram coletadas as seguintes
medidas: Temperatura (ºC), Umidade relativa do Ar (%), Velocidade Média dos
Ventos (m/s) e Velocidade Máxima dos Ventos (m/s). Dito isso, os pontos dessas
coletas foram obtidos no Atol das Rocas em PM1 e PM2 (Figura 13) e, nestes
dois pontos, foram coletados dados em dois níveis para cada ponto: Em 1m (um
metro) e 2m (dois metros). Foram produzidos dois gráficos para cada unidade
meteorológica, que mostram as variações dos pontos de coletas obtidos.
36

Figura 13 - Mapa dos pontos de coleta dos dados meteorológicos em 2017.

Fonte: Elaboração do autor (2018)

No gráfico 01 são mostrados os valores de Umidade Relativa do Ar no


Ponto 01, coletados na altura de 1 e 2 metros. Já no gráfico 02, são mostrados
os valores de Umidade Relativa do Ar no Ponto 02, coletados na altura de 1 e 2
metros.

Gráfico 01 - Umidade relativa do ar no Ponto Meteorológico 01

PM1 - Umidade Relativa do Ar (%)


150
100
50
0

1M 2M

Fonte: Elaboração do autor (2018)

Gráfico 02 - Umidade relativa do ar no Ponto Meteorológico 02.


metros.

10
15
20
25
30
35

0
5
100
120

20
40
60
80

0
08/07/2017 08/07/2017
09/07/2017 09/07/2017
10/07/2017 10/07/2017
11/07/2017 11/07/2017
12/07/2017 12/07/2017
13/07/2017 13/07/2017
14/07/2017 14/07/2017
15/07/2017 15/07/2017
16/07/2017 16/07/2017
17/07/2017 17/07/2017
18/07/2017 18/07/2017
19/07/2017 19/07/2017
20/07/2017

1M
1M

20/07/2017
21/07/2017 21/07/2017
22/07/2017 22/07/2017

2M
2M

23/07/2017 23/07/2017

Fonte: Elaboração do autor (2018)


Fonte: Elaboração do autor (2018)

24/07/2017 24/07/2017
25/07/2017 25/07/2017
26/07/2017

PM1 - Temperatura do Ar (°C)


26/07/2017
PM2 - Umidade Relativa do Ar (%)

27/07/2017 27/07/2017
28/07/2017 28/07/2017
29/07/2017 29/07/2017

Gráfico 04 - Temperatura do ar no Ponto meteorológico 02


Gráfico 03 - Temperatura do ar no Ponto meteorológico 01.

30/07/2017 30/07/2017
31/07/2017 31/07/2017
Ponto 01, coletados a uma altura de 1 e 2 metros. E no gráfico 04, são mostrados
os valores de Temperatura do Ar no Ponto 02, coletados a uma altura de 1 e 2
No gráfico 03, são apresentados os valores de Temperatura do Ar no
37

01/08/2017 01/08/2017
02/08/2017 02/08/2017
03/08/2017 03/08/2017
metros.

10

0
1
2
3
5
7
8
9

4
6
22
24
25
27
28

23
26
29

08/07/2017
09/07/2017
08/07/2017
10/07/2017
09/07/2017
11/07/2017
10/07/2017
12/07/2017
11/07/2017
13/07/2017
12/07/2017
14/07/2017
13/07/2017
15/07/2017
14/07/2017
16/07/2017
15/07/2017
17/07/2017
16/07/2017
18/07/2017
17/07/2017
19/07/2017
18/07/2017

PM1 1M
20/07/2017
19/07/2017
21/07/2017
20/07/2017
1M

22/07/2017
21/07/2017
23/07/2017
22/07/2017
24/07/2017

PM1 2M
2M

23/07/2017

Fonte: Elaboração do autor (2018)


Fonte: Elaboração do autor (2018)

25/07/2017
24/07/2017
26/07/2017
25/07/2017
27/07/2017
26/07/2017
PM2 - Temperatura do Ar (°C)

28/07/2017
27/07/2017

PM1 - Velocidade Média dos Ventos (m/s)


29/07/2017

Gráfico 06 - Velocidade média dos ventos no ponto 02


28/07/2017
30/07/2017
29/07/2017
31/07/2017
30/07/2017
01/08/2017
Gráfico 05 - Velocidade Média dos Ventos no Ponto meteorológico 01

31/07/2017
coletados a uma altura de 1 e 2 metros. Já no gráfico 06, observamos as
Velocidades Médias dos Ventos no Ponto 02, coletadas a uma altura de 1 e 2
No gráfico 05, observamos as Velocidades Médias do Ventos no Ponto 01,
38

02/08/2017
01/08/2017
03/08/2017
02/08/2017
03/08/2017
12
14

10

0
2
6
8

4
10
12

0
2
4
8

6
08/07/2017
08/07/2017
09/07/2017
09/07/2017
10/07/2017 10/07/2017
11/07/2017 11/07/2017
12/07/2017

altura de 1 e 2 metros.
12/07/2017
13/07/2017 13/07/2017
14/07/2017 14/07/2017
15/07/2017 15/07/2017
16/07/2017 16/07/2017
17/07/2017 17/07/2017
18/07/2017 18/07/2017
19/07/2017 19/07/2017
20/07/2017
PM2 1M
20/07/2017

1M
21/07/2017 21/07/2017
22/07/2017 22/07/2017

2M
23/07/2017 23/07/2017
24/07/2017 24/07/2017
PM2 2M

Fonte: Elaboração do autor (2018)


Fonte: Elaboração do autor (2018)

25/07/2017 25/07/2017
26/07/2017 26/07/2017
27/07/2017 27/07/2017
28/07/2017 28/07/2017
PM2-Velocidade Média dos Ventos (m/s)

29/07/2017 29/07/2017
30/07/2017 30/07/2017

PM1 - Velocidade Máxima dos Ventos (m/s)


31/07/2017 31/07/2017
Gráfico 07 - Velocidade Máxima dos ventos no Ponto meteorológico 01
01/08/2017 01/08/2017
No gráfico 07, são mostrados os valores de Velocidades Máximas do

os valores de Velocidades Máximas do Ventos no Ponto 02, coletados a uma


Ventos no Ponto 01, a uma altura de 1 e 2 metros. Já no gráfico 08, mostramos
39

02/08/2017 02/08/2017
03/08/2017 03/08/2017
14

10
12

2
4
6
8

0
08/07/2017
09/07/2017
10/07/2017
11/07/2017
12/07/2017
13/07/2017
14/07/2017
15/07/2017
16/07/2017
17/07/2017
18/07/2017
19/07/2017
20/07/2017
1M

21/07/2017
22/07/2017
23/07/2017
2M

24/07/2017
Fonte: Elaboração do autor (2018).

25/07/2017
26/07/2017
27/07/2017
28/07/2017
29/07/2017
PM2 - Velocidade Máxima dos Ventos (m/s)

30/07/2017
31/07/2017
Gráfico 08 - Velocidade Máxima dos ventos no ponto meteorológico 02.

01/08/2017
02/08/2017
40

03/08/2017
41

5 DISCUSSÕES

Dentro da análise granulométrica grãos, a partir de análise microscópica,


foram analisados a presença de foraminíferos. De acordo com as amostras
analisadas do campo, estes se encontraram, em sua maioria, mortos, muitos
quebrados, consequência de dinâmica oceânica no Atol das Rocas. Estes seres
são fundamentos de estudos e denotam qualidade de ambientes em que os
mesmos estão presentes.
Foraminíferos são protoctistas microscópicos, de dimensões variando
entre 0,1 e 2,0 mm de diâmetro, que possuem seu corpo envolto por
uma “carapaça” de formatos variados em função da adaptação ao
ambiente ao qual está inserido. Está carapaça conhecida como testa,
pode ser composta de material orgânico secretado, ou minerais
(calcita, aragonita ou 41orami) ou por partículas aglutinadas (como
grãos sedimentares ou até mesmo outros foraminíferos). (VIEIRA E
DANTAS, 2015).

Os foraminíferos são protistas que se envolvem por uma carapaça,


geralmente constituídas de material de calcário, como no atol, formada em sua
maior parte por conchas marinhas e pela dinâmica dos habitats naturais de
peixes, crustáceos, moluscos e etc.
Na perspectiva das análises físicas do atol, desenvolve-se formas de
acessos e, a partir das já existentes, coletamos os foraminíferos numa trilha já
existente, apresentado pontos para deslocamento das equipes técnicas
presentes. Apesar da presença controlada de pessoas, o impacto humano ainda
é existente, onde os foraminíferos são parte do contexto da biodiversidade de
recifes de corais do atol.
As alterações causadas pelo homem têm descaracterizado e degradado os
ecossistemas marinhos, levando muitas espécies à extinção. As maiores
ameaças à biodiversidade marinha, principalmente costeira [...]” (AMARAL e
JABLONKI, 2005).
Em análise feita a partir da coleta de dados e pesquisa, buscamos as
principais espécies dominantes de foraminíferos dentro do Atol das Rocas, como
forma de caracterizar as principais espécies ali presentes. Os foraminíferos
foram coletados a partir de três pontos: no início da trilha, meio da trilha e fim da
trilha, onde, respectivamente, foram denominados como P1, P2 e P3 (Figura 14).
Estes foraminíferos foram analisados a partir de sua população mais elevada
42

dentro do Atol das Rocas, como forma de evocar sua importância quantitativa e
de maneira geral, de como estes podem oferecer respostas a resistência e
resiliências em determinadas conturbações especificas.

Figura 14 - Mapa dos pontos de coleta das amostras de foraminíferos em


2018.

Fonte: Originada da pesquisa (2018)

De acordo com Machado e Souza (1994), as espécies de foraminíferos com


mais frequências foram determinadas dentro do Atol das Rocas, onde:
[...] ocorre uma abundante e bem diversificada microfauna de
foraminíferos. Do total de 74 espécies identificadas, 5 são frequentes,
e são elas: Archaias angulatus, Amphistegina lessonii, Gypsina
vesicularis, Sorites marginalis e Heterostegina suborbicularis. O
gênero Triloculina apresenta maior diversidade nas amostras da ilha
do Farol e do topo recifal, zonas que são mais expos tas durante a
baixa-mar [...]. A composição da microfauna de foraminíferos
apresenta diferentes características nos diversos sub ambientes
recifais.

A partir da metodologia de Machado e Souza (1994), foi possibilitada a


pesquisa dos foraminíferos a partir de análise laboratorial por meio da análise
em lupa binocular, onde encontramos e denominamos as principais espécies
43

como foi elencado anteriormente. Com isso, foram divididos em três tabelas a
quantidade de espécies encontradas em cada amostra, denominadas de P1,
denominada de Tabela 01, P2, denominada de Tabela 02 e P3, denominada de
Tabela 03. Essas amostras foram coletadas na trilha feita no Atol das Rocas por
pesquisadores, onde cada tabela produzida representa uma amostra coletada.
Em sua presença constante e de número elevado em sua fragmentação e
quantidade, os foraminíferos acabam por serem fundamentais em sua
manutenção em ambientes marinhos. Sua forma bioindicadora e de material
frágil e invisível a olho nu, traz uma recarga de cuidados ainda mais redobrados
na sua preservação. Em sua importância ambiental, os foraminíferos
desempenham papéis fundamentais e que acabam se tornando preponderantes
para a manutenção rica e equilibrada do ambiente marinho.
Além da sua função paleoambiental, principalmente de formação de
material pedológico, os foraminíferos trazem consigo outras formas de
descobrimentos. De acordo com Hessel (1982), os foraminíferos permeiam
outras formas de representação de materiais, e estes acabam por representar,
dentro da micropaleontologia, a busca por interesses de diferentes companhias
petrolíferas, já que esses fornecem importantes materiais na determinação de
ambientes deposicionais, em questões de datação relativa e correlação
estratigráfica, além das questões de formatos e da disposição destes seres nas
estruturas marinhas.
Os foraminíferos são de constituição de pequeno porte, se apresentam em
grande abundância, e de maneira bem preservada, principalmente pensando-se
em um ambiente como o Atol das Rocas, numa área de proteção permanente.
Sua presença está associada ainda à ambientes bem peculiares, onde estes
possuem faunas especificas e de características próprias, possuindo, assim, o
grupo de seres mais bem conhecidos quanto à sua distribuição ecológica, e,
neste tipo de ambiente, uma distribuição espacial.
Com a obtenção da coleta de dados meteorológicos, a produção de tabelas
como forma de sintetização dos dados obtidos e da confecção de gráficos como
forma representativa do material coletado, a análise meteorológica é ponto
fundamental da discussão que envolve o ambiente em que os foraminíferos
estão presentes.
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No gráfico 01, foi representado a Umidade Relativa do Ar (%), onde foi


colhido dados em PM1 e PM2, onde em cada ponto foi colhido duas medidas,
uma de 1m e outra de 2m. Do dia 8/07 ao dia 10/07, analisamos que houve uma
constância da umidade em torno de 80%, até que no dia 11/07, houve um
aumento para quase 100% de umidade relativa do ar. Nos dias 13/07 e 14/07
houve outra diminuição de umidade, e no dia 15/07 um ligeiro aumento na
umidade, seguidos em ambos os pontos de 1m e 2m. No dia 16/07, o ponto de
1m se sobrepôs ao de 2m, configurando um ligeiro aumento da umidade para a
localização mais baixa dos dados aferido. No dia 16/07 até o dia 24/07, houve
uma pequena baixa na porcentagem de umidade relativa obtida, sendo que, no
dia 25/07, a cota de 1m ficou acima da obtida em 2m. Do dia 27/07 a 31/07, os
dados se mantiveram constantes, sendo que houveram alguns intervalos de
altas e baixas para cada uma das duas cotas. No dia 01/08, houve uma alta na
umidade que chegou a casa dos 100%, mas, que no dia seguinte, houve uma
estabilização da média de umidade colhida na casa dos 80%.
No gráfico 02, foram obtidos os dados do PM2, em outra localização do Atol
das Rocas. Nos primeiros dias, a umidade relativa do ar se manteve estável até
o dia 12/07, onde houvera uma alta significativa, chegando na casa dos 100%
de umidade em 1m e 2m. Do dia 13/07 até o dia 16/07, ambas as cotas se
mantiveram estáveis, até que no dia 17/07, houve uma elevação para 100% de
umidade e que se manteve em dia 18/07. Do dia 17/07 até o dia 25/07, as duas
cotas caíram e se mantiveram estáveis nesse intervalo de tempo, sendo que,
nos dias 25 e 26/07, a cota de 1m obteve maior índice de umidade que de 2m.
De 27/07 a 31/07 houvera um equilíbrio entre ambas as cotas, até que no dia
1/08, um pico de umidade ocorreu, elevando à 100% de umidade, estabilizando-
se novamente nos dos dias seguintes.
No gráfico 03, este para mostrar os dados de Temperatura do Ar (ºC),
começou com uma temperatura de 25 ºC, onde no dia 09/07 houve uma elevação
para 30ºC, e que no dia 11/07 houve um rebaixamento para a casa dos 25 ºC
novamente em ambas as cotas. Do dia 11/07 até o dia 15/07, houve uma
intercalação entre as cotas de 1m e 2m, de 25ºC a 28ºC, refletindo a condição
de neutralidade da temperatura no Atol das Rocas. Do dia 14/07 até o dia 17/07,
houve um equilíbrio de temperatura até que, no dia 18/07 houve uma pequena
baixa na temperatura em 25 ºC, mas se estabilizando na faixa média 27°C até o
45

dia 31/07. No dia 01/08, houve um pequeno rebaixamento da temperatura para


25ºC, mas que se estabilizou em 27ºC nos dois dias subsequentes.
No gráfico 04, também na medição de Temperatura do Ar (ºC), mas desta
feita, em PM2. O gráfico mostra temperaturas variantes de 26°C à 28°C nas
cotas 1m e 2m. Nos dias 15/07 e 18/07, pela primeira vez em ambos os pontos
e cotas, a temperatura caiu abaixo dos 25ºC. No dia 15/07 em 24 ºC e no dia
18/07 em 23 ºC . No dia 23/07, houve um pico de temperatura de 29°C na cota
de 1m, mas com a cota de 2m estabelecida na variação média. Do dia 23/07 até
o dia 31/07, a temperatura se manteve na média de 26ºC a 28°C. Apenas no dia
01/08, houve uma queda da temperatura da cota de 2m, onde chegou a 25°C,
mantendo-se a cota 1m na faixa média. No dia 01/08, a cota de 2m teve uma
baixa para 25ºC, chegando ao ponto mínimo registrado. Nos dias subsequentes
as cotas se mantiveram na média de temperatura.
Na análise do gráfico 05, chega-se a Velocidade Média dos Ventos, com
os dados coletadas em PM1. De 08/07 a 10/07, a velocidade média se mantém
entre a faixa de 4 m/s e 8m/s. Em 11/07, houve uma diminuição da forma média
do vento, baixando para 2m/s nas cotas de 1m e 2m. No dia 12/07, houve um
pico nos ventos em 9 m/s na cota 2m, mantendo-se a cota 1m na média padrão.
No dia 13/07 não houve coleta na cota 2m, ficando sua posição marcada em
zero. No dia 16/07, houve uma elevação na média dos ventos na cota 2m para
9 m/s e descendo para a cota média até o dia 20/07. Em seguida, houve uma
elevação que se manteve na velocidade do vento média, onde, só no dia 28/07
houve uma queda na velocidade média para algo ao redor de 2 m/s,
principalmente na cota de 1m. Houve uma elevação para 9 m/s na cota 2m, nos
dias 29/07 e 30/07, mas que voltou para média. No dia 02/08, houve uma queda
na velocidade média para 2m/s na cota de 1m.
No gráfico 06, a velocidade média dos ventos foi coletada no ponto PM2.
Com isso, constata-se uma pequena queda no dia 11/07 para velocidade de
2m/s em ambas as cotas. Do dia 08/07 ao dia 16/07, a velocidade se manteve
na média, até que no dia 17/07, houve uma elevação para 10m/s na cota de 2m.
Essa velocidade se mantém média até o dia 27/07, quando no dia 28/07 houve
um rebaixamento para 2m/s em 1m e 2m. Os dados, a seguir, se mantiveram
estáveis até um pico em 29/07 e 30/07, chegando a 9m/s. Em 01/08, houve uma
queda para 2m/s em 1m, mas que entrou na faixa média nos dias subsequentes.
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No gráfico 07, foram coletados e analisados os dados de velocidade


máxima dos ventos, nos pontos de PM1 e PM2. De 08/07 até 10/07 a velocidade
atingiu 11 m/s no primeiro dia referido em 2m, e caiu para 3m/s em 1m, chegando
nos 2m a 5 m/s. No dia 13/07, nos 2m chegou a zero, por falta de dados
coletados. Nos dias 12/07 e 13/07, houveram picos de 13 m/s em 2m, e em 1m
chegando até 10 m/s. No dia 28/07, houve um grande rebaixamento na
velocidade máxima, chegando 2 m/s em ambos os pontos. Logo depois, no dia
30/07, houve um pico de elevação na faixa de 13 m/s de máxima, principalmente
na cota 2m. A partir do dia 31/07 até o final da coleta de dados, mantiveram-se
as aferições dentro da média observada.
Nas análises do gráfico 08, mostra que a velocidade máxima dos ventos no
PM2, constata-se uma queda gradativa que chega em seu pico até o dia 11/07
em 2 m/s. Depois disso houve uma elevação na velocidade do vento nos dia
13/07 e 17/07, chegando, em 2m a 13 m/s. No dia 20/07, houve uma queda para
4 m/s em 1m e 2m. Logo depois houve uma manutenção na faixa observada
como média, entre 4 e 9 m/s, mas, no dia 28/07, houve uma grande diminuição
da máxima, chegando em um pouco mais de 3m/s. No dia30/07, ao contrário,
houve uma grande máxima na cota 2m, chegando a 12 m/s de máxima dos
ventos. Em seguida, até o ultimo dia de coleta, em 03/08, percebemos que a
velocidade média dos ventos se manteve na faixa média observada.
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6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Com o estudo da população de foraminíferos no Atol das Rocas, fica


perceptível de como um ambiente equilibrado ambientalmente repercute
positivamente na proliferação e ambientação das espécies ali residentes. Os
foraminíferos são bioindicadores de ambiente equilibrado e aparece no Atol das
Rocas de maneira significativa, como foi visto em nossa pesquisa. Nisto, esta
espécie na qual está inserida no grupo de protistas são de fundamental
importância para estabelecer parâmetros nos quais buscam utilizar no atol a
respeito de sua dinâmica ambiental.
Os foraminíferos entram em consonância com os aspectos ligados ao
clima, como dito nesta pesquisa em sua análise meteorológica, como também
estão interligados aos aspectos granulométricos do atol, onde muitos se
encontram incorporados ao material de sedimentos bioclastos, como carapaças,
restos de animas, dentre outros. Com isso, foram identificados os foraminíferos
por meio de metodologia usada em Machado e Souza (1994), onde identificamos
cinco espécies, mostrando, também a quantidade destas obtidas a partir das
análises em laboratórios. O que constatamos é que a variabilidade de
foraminíferos é muito grande, onde no Atol das Rocas concentram-se outras
espécies e que são fundamentais para possíveis análises futuras em outras
pesquisas.
Sua característica bioindicadora também é importante para possíveis
formas de manutenção do Atol das Rocas, trazendo com os foraminíferos a
possibilidade de se avaliar possíveis estágios de conservação ambiental que o
lugar se encontra. Neste sentido, é importante aferir até que ponto certos locais
no Atol das Rocas podem ser transitados, pois algumas locomoções podem vir
a quebrar e destruir esses foraminíferos. Estes seres, como não são possíveis
de serem observador à olho nu, acabam sendo quebrados e difíceis de serem
analisados por estarem em fragmentos minúsculos, dificultando uma análise
mais detalhada de sua composição.
É importante ser ressaltado o nível de conservação do Atol das Rocas,
sendo este o único atol localizado no Atlântico Sul, sendo um recife semicircular,
composto por esqueletos calcários de algas, corais e moluscos. Vale ressaltar
sua importância por sua alta produtividade biológica e seu funcionamento a partir
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dos cuidados e monitoramento do ICMBio (Instituto Chico Mendes) e do MMA


(Ministério do Meio Ambiente), fazendo com que vários pesquisadores tenham
acesso ao local e possibilitem que vários estudos e pesquisas possam ser
realizados no local. Desta forma, a partir do reconhecimento legal em 1979 e da
consolidação como reserva ambiental em 1986, transformando o lugar em área
de preservação ambiental, o atol consegue ser gerido e é um local de difusão de
pesquisas, não só relacionado a esta, como a tantas outras pesquisas.
Os foraminíferos, importantes para estabelecer níveis de conservação,
devem ser postos em discussão, tendo um longo leque de aprofundamento em
pesquisas que podem vir a contribuir ainda mais e destacar a importância de sua
preservação e de reunir novos estudos para a área.
Diante da concretização deste trabalho, esperamos que haja o interesse
de outros pesquisadores em desenvolver estudos sobre assuntos correlatos à
temática abordada. As sugestões apresentadas acima poderão servir como
ponto de partida para o desenvolvimento de novos trabalhos.
49

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