Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Faculdade AVANTIS
Curso de Sistemas de Informação - Balneário Camboriú - SC, Brasil.
{rodrigo.cezario, marcos.carrard, emerson.saldanha}@avantis.edu.br
Abstract. This paper presents the report of an experience in the use of the
active peer instruction method in ENADE preparation reinforcement classes.
The method was applied to a class of the Information System course to
reinforce the subjects covered in the discipline of Programming Languages
and Techniques. It was noticed that the method motivated the students in the
participation of the reinforcement meetings, which did not occur in the
formation of previous classes. This work also presents the result of an
evaluation of students' perceptions regarding the use of the methodology. The
results of the evaluation corroborate the teacher's observation that the method
favors learning. In addition, the method is easy to apply in the classroom and
has been very attractive to students as well as to the teacher.
Resumo. Este trabalho apresenta o relato de uma experiência na utilização do
método ativo peer instruction em aulas de reforço de preparação para o
ENADE. O método foi aplicado junto a um turma do curso de Sistema de
Informação para reforço nos assuntos abordados na disciplina de Linguagens
e Técnicas de Programação. Percebeu-se que o método motivou os alunos na
participação dos encontros de reforço, o que não ocorreu na formação de
turmas anteriores. Este trabalho também apresenta o resultado de uma
avaliação de percepção dos alunos em relação a utilização da metodologia.
Os resultados da avaliação corroboram a observação do professor de que o
método favorece o aprendizado. Além disso, método é de fácil aplicação em
sala de aula e se mostrou muito atraente aos alunos como também ao
professor.
1. Introdução
As metodologias de ensino “tradicionais” tem sido questionadas quanto a sua eficácia,
especialmente em detrimento das gerações cada vez mais tecnológicas [FERREIRA;
KEMPNER, 2017]. A discussão sobre estratégias que motivem os alunos no processo
de ensino-aprendizagem há muito tempo vêm sendo discutida, buscando que o aluno
deixe de ser um espectador e o professor um depositante de conteúdo [ROCHA et al.,
2016].
Neste sentido, as metodologias ativas têm se destacado como uma forma de
promover no discente uma postura mais autônoma e ativa em sala de aula [GODOI;
FERREIRA, 2016], ou permitindo aos professores complementarem os métodos
tradicionais [ROCHA et al., 2016]. As metodologias ativas permitem aos alunos uma
participação no processo de ensino-aprendizagem que valorize a formação crítica e
X Computer on the Beach 436
Instrução pelos Colegas, em uma tradução livre), têm ganhado notoriedade em duas
grandes universidades americanas, Harvard University e Massachusetts Institute of
Technology [GODOI; FERREIRA, 2016]. Esta metodologia, permite mudança no
processo de ensino-aprendizagem, conferindo maior centralidade aos aluno [RIBEIRO
et al., 2016]. Como acontece na maioria das metodologias ativas, os alunos devem
realizar um estudo prévio do assunto que será abordado em sala de aula, tendo de se
preparar para discussões entre si que surgem a partir de questionamentos conduzidos
pelo professor. O objetivo do método é permitir que o aluno se aproprie dos conceitos
fundamentais dos conteúdo abordado, através da interação entre pares [ARAÚJO;
MAZUR, 2013].
Comumente são realizadas pelas instituições de ensino superior ações
preparatórias para melhorar a performance dos alunos no Exame Nacional de
Desempenho dos Estudantes (ENADE) [SILVA et al., 2017]. Por meio do exame do
ENADE, é possível verificar se os ingressos assimilaram os conhecimentos, habilidades
de competências necessários para vivencia profissional [SILVA et al., 2017]. O objetivo
do exame, é de avaliar o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos
programáticos previstos nas diretrizes curriculares, em relação as habilidades e
competências para a atualização permanente e aos conhecimentos sobre a realidade
brasileira, mundial e sobre outras áreas do conhecimento [BRASIL, 2004]. Em relação
ao desempenho geral dos alunos dos cursos de Sistemas de Informação no exame
realizado em 2014, a média nacional (considerando os componentes de formação geral e
de conhecimento específico) foi 43,6. Os alunos da região Sul obtiveram a média (46,1)
e nota (88,4) mais alta no exame [INEP, 2016].
1
Optou-se em utilizar o termo na língua inglesa por ser mais utilizado desta forma na
literatura na área da ciência da computação.
X Computer on the Beach 437
2. Referencial Teórico
3. Relato da Experiência
Esta seção apresenta um relato de uma experiência de ensino-aprendizado com a
metodologia ativa Peer Instruction aplicada junto os alunos de uma instituição de ensino
superior de Santa Catarina, do Curso de Bacharel em Sistemas de Informação, como
estratégia para o reforço de conceitos na preparação para o ENADE (ano 2017-2),
objetivando o maior aproveitamento dos alunos. Vale ressaltar que a escolha por esta
estratégia também foi motivada pela insatisfação dos docentes com a estratégias
utilizadas no mesmo tipo de reforço para o exame do ciclo anterior onde, em muitos
encontros, os alunos desempenhavam o papel de ouvintes. Naquele momento, percebeu-
se um processo de aprendizagem passiva e de baixa atividade intelectual dos alunos
durante os encontros. A experiência foi realizada com um turma composta por doze
alunos para reforço nos assuntos abordados pela disciplina de Linguagens e Técnicas de
Programação (conforme os passos ilustrados na Figura 2).
4. Resultados
Esta seção apresenta os resultados da avaliação de percepção de uso da metodologia
peer instruction. Para tanto, foi elaborado um questionário com seis questões,
disponibilizado na plataforma Google Forms, onde os alunos participantes foram
convidados para preenchimento. Todos os alunos presentes no encontro mantiveram-se
motivados e responderam ao questionário, sendo este um aspecto positivo à
metodologia na percepção dos autores deste trabalho.
A primeira questão apresentada a seguinte pergunta: “Você considera que o seu
envolvimento e sua aprendizagem na disciplina aumentaram com o Socrative? Por
quê?”. Como resposta, todos os participantes concordaram que a sua aprendizagem e
envolvimento aumentaram em virtude da aula ser mais dinâmica. Além disso, alguns
alunos disseram que a metodologia tornou a aula mais dinâmica, que prendeu mais a sua
atenção e motivou mais a participação da aula. Um participantes disse: “O bom é que
todos podem participar sem medo de responder ao vivo e a interação com as questões
assim que apresentadas se torna mais aparente.”. Outro participante disse que a
metodologia foi eficiente devido a necessidade da leitura dos materiais disponibilizados.
A segunda questão solicitava aos participantes pensar e comentar os aspectos
positivos no uso da metodologia nas aulas de reforço. Um acadêmico disse que a
metodologia “Melhora as discussões e promove a competitividade entre os alunos.”.
Outro afirmou que a metodologia “Ajuda a discutir o assunto e realizar simulados”. Um
outro diz que “Atrair a atenção na aula usando o celular, respostas corrigidas em tempo
real”. Outro acadêmico contribui em destacar que a metodologia promove “Interação
contínua; fácil disponibilidade de questionários; explicação apresentada nas questões”.
De forma sucinta um diz “Feedback instantâneo, interessante, novidade, prende a
atenção.”. Um outro destaca “Os pontos são a maior interação com a ferramenta e
também com o professor e os colegas, o espirito de competitividade e motivação de
estudo com a ferramenta.”.
A questão seguinte (terceira questão), solicita para os participantes comentem
sobre os aspectos negativos da metodologia. A maioria dos participantes disseram não
observar nenhum aspecto negativo. Um dos participantes disse que o tempo para
responder deveria ser maior. Outro participante disse que o tempo para leitura do
material disponibilizado poderia ser maior.
A quarta questão (elaborada em formato de escala de opinião) apresentava a
seguinte pergunta: “O método de trabalho do professor favoreceu o seu aprendizado?”.
Nesta questão, todos participantes marcaram concordar plenamente.
X Computer on the Beach 442
5. Conclusões
Este trabalho teve como objetivo apresentar o relato de uma experiência de docência na
aplicação da metodologias ativas, chamada de peer instruction, para o reforço de
conceitos na preparação dos acadêmicos para o ENADE. A experiência foi realizada
com uma turma de concluintes do curso de Sistema de Informação para reforço nos
assuntos abordados pela disciplina de Linguagens e Técnicas de Programação. Em
experiências anteriores de preparação de grupos para o ENADE, o instrumento utilizado
foi de aulas práticas a partir de listas de exercícios. Nestas experiências, percebeu-se
que as turmas não compareciam motivadas para os encontros de reforço, e normalmente
os alunos das turmas deixavam a aula antes do seu fim. Nesta experiência utilizado a
metodologia ativa, percebeu-se alunos mais motivados e participativos, e que ficavam
até o final do encontro. Segundo os participantes, esta foi a primeira vez em que a
metodologia foi utilizada como método de ensino-aprendizagem em uma disciplina do
curso. Os participantes demonstram-se muito entusiasmados antes e durante a aplicação
do método no ensino de linguagem de programação. Além disso, os participantes
questionados pelo professor, concordaram que método promove a aprendizagem e
recomendaram a sua utilização em mais momentos durante o curso.
Um grande diferencial deste trabalho a ser destacado é quanto a apresentação do
resultado de uma avaliação na aplicação do método. Aproveitando a oportunidade, o
professor da disciplina, preparou um questionário para avaliar a percepção dos alunos
na utilização da metodologia de ensino. Sendo assim, um questionário de seis questões
foi elaborado utilizando o método GQM (Goal Question
Metric) [BASILI et al., 1994].
Conforme os resultados observados, o método peer instruction pode ser utilizado para
promover reforços de aulas, pois promove a discussão e motivação dos alunos em
participar dos encontros. Segundo a percepção dos alunos, o método favoreceu o seu
aprendizado, consoante com os resultados do experimento de Ferreira e Moreira (2017).
Além disso, os participantes recomendaram a utilização do método em aulas do curso,
pois, segundo eles, alguns assuntos são monótonos e desinteressante, e a utilização do
método poderia permitir se apropriarem mais facilmente do conhecimento.
Outro aspecto importante que pode ser destacado quanto ao uso da plataforma
Socrative é que esta apresenta um relatório com desempenho de cada participante. Este
relatório pode ser uma ferramenta importante para demonstrar ao professor os assuntos
que devem ser reforçados após a dinâmica. Além disso, percebeu-se que na utilização
da plataforma os alunos se sentiram desafiados em competição na tentativa de acertar as
questões, aspecto semelhante observado na utilização de métodos de gamificação. Por
X Computer on the Beach 443
sua vez, a plataforma é muito simples de ser utilizada, tanto pelos professores, quanto
pelos os alunos.
A partir deste experiência, constatou-se que a metodologia peer instruction é
simples de ser aplicada em sala e se demonstra muito atraente ao aluno e professor. No
entanto, mesmo demonstrando ser bastante eficiente, a metodologia não pode ser
aplicada repetidamente. A sua utilização pode ser mesclada com outras metodologias
ativas, ou até mesmo com o método tradicional [FERREIRA; MOREIRA, 2017].
Uma recomendação de trabalho futuro seria a medição de aumento de
conhecimento dos participantes ao utilizar a metodologia, visto que isto estava fora do
escopo deste trabalho. A medição do desempenho é importante, visto que alguns
trabalhos como o de Rocha et al. (2016) relatem que a metodologia não foi tão eficiente
quanto a metodologia tradicional. Outra direção seria de avaliar a relação entre a
metodologia proposta e a metodologia tradicional.
Referências
Araújo, I. S.; Mazur, E., (2013) “Instrução Pelos Colegas e Ensino Sob Medida: Uma
Proposta para o Engajamento dos Alunos no Processo se Ensino-aprendizagem de
Física”. Cad. Bras. Ens. Fís., vol 30, n.2, p.362-384, agosto de 2013.
Basili, V. Caldiera, G. Rombach H. D. (1994) Goal Question Metric Approach,
Encyclopedia of Software Engineering, pp. 528-532, John Wiley and Sons, Inc.
Brasil. Lei no. 10.861 de 14 de abril de 2004. (2004) Institui o Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior (SINAES). Brasília.
Ferreira, E. D., Kempner, M, F., (2017) “Metodologias Ativas de Aprendizagem:
Relatos de Experiências No uso do Peer Instruction”, XVII Colóquio Internacional
de Gestão Universitária
Gemignani, E. Y. M. Y., (2012) “Formação de Professores e Metodologias Ativas de
Ensino-Aprendizagem: Ensinar Para a Compreensão”, Revista Fronteira das
Educação [online], Recife, v. 1, n. 2, 2012. ISSN: 2237-9703.
Gil, A. C., (1994) Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas.
Godoi, A, F., Ferreira, J, V., (2016) “Metodologia Ativa de Aprendizagem para o
Ensino em Administração: Relatos da Experiência com a Aplicação do Peer
Instruction em uma Instituição de Ensino Superior”, Revista Eletrônica de
Administração (Online) ISSN: 1679-9127, v. 15, n.2, ed. 29, Jul-Dez 2016.
INEP. (2016) Relatório de Área – Sistemas de Informação, ENADE 2014, versão
07/04/2016. Disponível em <
http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/relatorio_sintese/2014/2014_re
l_sistemas_de_informacao.pdf >. Acessado em 18 de dezembro de 2018.
Marin, M. J. S., Lima, E. F. G., Paviotti, A. B., Matsuyama, D. T., Silva, L. K. D.,
Gonzalez, D., Druzian, S., Ilias, M., (2010) “Aspectos das fortalezas e fragilidades
no uso das Metodologias Ativas de Aprendizagem”, Revista Brasileira de Educação
Médica, 34 (1) : 13 – 20; 2010. Disponível em
<http://www.scielo.br/pdf/rbem/v34n1/a03v34n1>. Acessado em 25 de junho de
2018.
X Computer on the Beach 444
Mazur, E., (1997) Peer Instruction: Getting Students to Think in Class. The American
Institute of Physics, Cambrigde.
Mazur, E. (2012) “Twilight of the lecture”. Harvard Magazine, p. 23-27, march/april
2012. Disponível em <http://harvardmagazine.com/2012/03/twilight-of-the-lecture>.
Acessado em 27 de junho de 2018.
Ribeiro, J. B. P., Teles, S. M., Montenegro, M. A. P., Moreira, J. R., (2016)
“Intervenção Pedagógica e Metodologia Ativa: O Uso da Instrução por Colegas na
Educação Profissional”, Periódico Científico Outras Palavras, volume 12, número 2,
ano 2016.
Rocha, H. M., Lemos, W. M., (2014) “Metodologias Ativas: do que Estamos Falando?
Base Conceitual e Relato de Pesquisa em Andamento”, IX SIMPED – Simpósio
Pedagógico e Pesquisas em Educação – 2014.
Rocha, Z. S., Silva, J. P. S., Soussa, M., (2016) “Uma Análise Prática da Metodologia
Ativa de Ensino Peer Instruction Utilizando Dispositivos Móveis no Ensino Médio”,
Revista Tecnologias na Educação- Ano 8-Número/Vol.17- Dezembro-2016.
Silva, T. D., Miranda, G. J., Freitas, S. C., (2017) “Ações Institucionais Preparatórias
para o Enade nos Cursos de Ciências Contábeis”, Revista Universo Contábil,
Blumenau, v. 13, n. 1, p. 65-84, jan./mar. 2017, ISSN 1809-3337.
Tucker, B., (2012). The Flipped Classroom: Online instruction at home frees class time
for learning. January 2012, Education Next 12(1): 82-83. Disponível em:
<http://educationnext.org/files/ednext_20121_BTucker.pdf>. Acessado em 18 de
dezembro de 2018.