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DAS RELAÇÕES
INTERNACIONAIS
ENCICLOPÉDIA
DAS RELAÇÕES
INTERNACIONAIS
PREFÁCIO
PROF. ADRIANO MOREIRA
Título: Enciclopédia das Relações Internacionais
© 2014, Nuno Canas Mendes, Francisco Pereira Coutinho (Org.)
e Publicações Dom Quixote
Todos os direitos reservados
TEORIA CRÍTICA
André Saramago
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TEORIA CRÍTICA
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TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
BIBLIOGRAFIA
Andrew Linklater, Critical Theory and World Politics: Citizenship, Sovereignty and
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David Held, Introduction to Critical Theory: Horkheimer to Habermas, University of
California Press, Los Angeles, 1980, p. 511.
Num âmbito disciplinar marcado pela pluralidade, senão mesmo pela con-
flitualidade, não há uma teoria das relações internacionais, mas teorias das
relações internacionais. A cada uma dessas teorias corresponde uma conce-
ção da realidade internacional, fundamentalmente caracterizada pela resposta
a três questões. A primeira questão é a de saber se a realidade internacional
consubstancia inevitavelmente uma anarquia ou se, pelo contrário, lhe cor-
responde ordem. A segunda questão, não integralmente coincidente, é a de
saber se à mesma realidade corresponde facticidade ou, pelo contrário, nor-
matividade. A terceira questão respeita aos fatores determinantes da realida-
de em causa, se fatores materiais, se fatores culturais ou ideacionais.
Quanto à primeira questão, o realismo – teoria dominante das relações
internacionais – encara a realidade internacional como uma inescapável anar-
quia em cujo âmbito os Estados se empenham na prossecução de interesses
irredutíveis definíveis em termos de poder e para os quais, nessa medida, a
guerra é uma possibilidade permanente (anarquia hobbesiana). Deste modo,
o realismo demarca-se distintamente da pretensão idealista de ordenar nor-
mativamente a realidade internacional. Em grande medida, de resto, tal linha
afirmou-se no século passado sobretudo por oposição à pretensão wilsoniana
de conversão das relações interestaduais em relações jurídicas pacíficas salva-
guardadas no âmbito de um sistema de segurança coletiva. É o que ressalta na
obra de E. H. Carr, Hans Morgenthau ou Raymond Aron.
Ressalve-se, no entanto, que encarar a realidade internacional como uma
ordem – e não como uma anarquia desordenada – não significa necessaria-
mente pensá-la idealisticamente no plano do dever ser como ordem de paz,
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