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06/08/2019 ConJur - Supremo nega extradição de turco naturalizado brasileiro

CRIME ANTES DA LEI

STF nega extradição de turco naturalizado


brasileiro acusado de terrorismo
6 de agosto de 2019, 18h21

Por Gabriela Coelho

Por unanimidade, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal negou, nesta terça-feira


(6/8), a extradição de Ali Spahi, turco de nascimento e brasileiro naturalizado, que
foi preso no Brasil a pedido da Interpol seria suspeito de integrar o Hizmet, uma
organização apontada como terrorista.

Prevaleceu o entendimento do relator, Carlos Humberto/SCO/STF

ministro Luiz Edson Fachin, que negou o


pedido de extradição por não preenchimento
dos requisitos legais. 

No entendimento do ministro, os fatos


narrados na denúncia oferecida pela
Procuradoria de Ancara ocorreram antes da
lei brasileira sobre terrorismo, de 2016.
Portanto, ele não pode ser acusado pelo
crime, já que a lei pode retroagir em
Prevaleceu o entendimento do relator,
benefício do réu.
ministro Edson Fachin, que negou o pedido
"E, ainda que a conduta fosse considerada de extradição por não preenchimento dos
crime político, eventual interpretação requisitos legais.
baseada na Lei de Segurança Nacional,
vigente desde a ditadura militar, não seria suficiente para extradição. Além disso, há
preocupação de integrantes da turma se, na Turquia, o acusado seria submetido a
um julgamento independente e imparcial diante da instabilidade política e prisão de
opositores do governo", disse. 

O ministro lembrou que Sipahi, de 31 anos, mudou-se para o Brasil em 2007 e obteve
a nacionalidade brasileira em 2016. Sua mulher também tem nacionalidade
brasileira, e o casal tem um filho de quatro anos, nascido em Belo Horizonte.

"Além disso, ele é formado por universidade brasileira, trabalhou na Câmara de


Comércio e Indústria Turco-Brasileira, é sócio de um restaurante em São Paulo e não

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tem antecedentes criminais", afirmou. 

Segundo Celso, um estrangeiro que tem "ligação comprovada com o Brasil e que
demonstra querer ficar no país não precisa ficar preso preventivamente por conta
de pedido de extradição nem precisa ser extraditado". 

Fachin foi seguido pelos ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de
Mello e Cármen Lúcia. 

Em maio, Fachin determinou a substituição da prisão para fins de extradição do


cidadão turco Ali Spahi por medidas cautelares menos gravosas, entre elas a
instalação de equipamento pessoal de monitoração eletrônica. O ministro
considerou que Spahi, preso desde o início de abril, tem nacionalidade brasileira,
desenvolve atividade empresarial e mantém a mulher e o filho.

Organização
O pedido havia sido feito pelo governo do presidente turco Recep Tayyip Erdogan,
alegando que Sipahi cometeu atos de terrorismo.O empresário é suspeito de fazer
parte da organização Hizmet, considerada um grupo terrorista na Turquia. A
organização é liderada pelo clérigo muçulmano moderado Fethullah Gülen, que é
apontado por Erdogan como cabeça da tentativa fracassada de golpe de Estado no
país em 2016.

Ext 1.578
Clique aqui para ler o voto do ministro Fachin

Gabriela Coelho é correspondente da revista Consultor Jurídico em Brasília.

Revista Consultor Jurídico, 6 de agosto de 2019, 18h21

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