A doença de Tay-sachs é uma disfunção dos lisossomos, organelas responsáveis
pela digestão celular. A forma mais comum de gangliosidose GM2, é resultado de
mutações no locus da subunidade α no cromossomo 15. Essas mutações causam uma deficiência grave de hexosaminidase A. Doença especialmente prevalente entre judeus originários da Europa oriental (Ashkenazi): nessa população, um em 30 indivíduos carrega essa doença. Os lisossomos são componentes importantes do “trato digestivo intracelular”. Semelhantes a todas as outras proteínas secretadas, as enzimas lisossômicas são sintetizadas no retículo endoplasmático e são transportadas para o complexo de Golgi. No complexo de Golgi, essas enzimas sofrem uma variedade de modificações pós- traducionais. Erros geneticamente determinados nesse notável mecanismo de separação podem gerar uma forma de doença de armazenamento lisossômico. As hidrólases ácidas lisossômicas catalisam a quebra de uma variedade de macromoléculas complexas. Essas grandes moléculas podem surgir da renovação metabólica de organelas intracelulares (autofagia) ou podem ser adquiridas do meio extracelular por fagocitose (heterofagia). Com uma deficiência de uma enzima lisossômica funcional herdada, o catabolismo dessas moléculas complexas é incompleto e, consequentemente, ocorre o acúmulo de metabólitos insolúveis parcialmente degradados dentro dos lisossomos. As organelas, em decorrência do acúmulo de macromoléculas incompletamente digeridas, aumentam de tamanho e de número e esses aumentos podem interferir nas funções celulares normais, gerando as doenças de armazenamento lisossômico, ou seja a Tay-sachs. A Tay-sachs é uma doença oriunda autossômatica recessiva, quando o indivíduo herda os genes mutados dos pais, quando herdado apenas de um genitor não desenvolve a doença, mas são portadores do gene mutado, e caso venham ter filhos com outro portados torna-se 100% de chance dos filhos desenvolver a doença de Tay-sachs. Seu sintomas se manifestam logo nos primeiros seis meses de vida do indivíduo. Por ser uma doença neurodegenerativa, o indivíduo tem seu sistema nervoso totalmente comprometido principalmente à capacidade psicomotora. Começando com falta de coordenação motora, embotamento mental que causa flacidez muscular, cegueira, demência crescente, que consiste numa perda das capacidades cognitivas, como percepção, atenção, linguagem, e raciocínio. Algumas vezes durante o curso da doença, os pontos vermelho-cereja característicos, mas não pato gnômicos, aparecem na mácula do olho em quase todos os pacientes. Por volta de 12 meses ou 2 anos de idade, o indivíduo ficam totalmente em estado vegetativo e morrem com 2 a 3 anos de idade. Foram descritas mais de 100 mutações no gene que codifica a subunidade α; muitas dessas mutações afetam o enovelamento das proteínas. Essas proteínas com enovelamento defeituoso deflagram a resposta celular às “proteínas não enoveladas” que leva à apoptose. O diagnóstico pré-natal é possível através de ensaios enzimáticos e análise baseada em DNA. Tratamentos e medidas paliativas para os sintomas, geralmente fazem uso de medicamentos anticonsionantes, para diminuição das crises convulsivas. Também pode ser indicado o transplante de medula óssea, quando introduzida células sadias no organismo acarreta na produção de enzimas totalmente ativas, ou a terapia genica, em que novos genes serão inseridos nas células somáticas, passando produzir enzimas em quantidade suficiente. Pois promissora, a terapia genética ainda é um tratamento em pesquisa. Ainda não a cura para a doença de Tay-sachs.