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Algumas informações sobre o Oriente Médio

O Oriente Médio é uma região com cerca de 7,2 milhões de km², um pouco menor que o
Brasil. Porém, a população é quase o dobro: 370 milhões, segundo dados de 2010.

A maioria da população é árabe e muçulmana. É bom reparar nessa distinção:

- árabes são os povos que usam a língua árabe, existem árabes cristãos e de outras religiões

- muçulmanos são as pessoas que seguem o Islã, existem povos de maioria islâmica que não
são árabes, como o Irã ou a Turquia

O Norte da África é uma região de maioria árabe fora do Oriente Médio, assim como existem
países de maioria islâmica fora do Oriente Médio, não só no norte da África como na Ásia
(Paquistão, Afeganistão, Indonésia etc).

É preferível usar a expressão “países de maioria islâmica” do que “países islâmicos”, que tem
a conotação de que esses países são teocracias. Soa estranho como dizer que o Brasil é um
país cristão, por exemplo.
Também é preferível, por uma questão política, usar a expressão antimuçulmanismo, em vez
de islamofobia. É uma expressão paralela a antissemitismo, e expressa preconceito contra os
muçulmanos, ou seja, as pessoas que seguem a religião. A expressão mais usada,
islamofobia, é paralela a cristofobia, e é usada da mesma forma pelos fundamentalistas para
igualar a crítica à religião a um discurso de ódio. O preconceito e perseguição religiosa aos
cristãos, que existe em países de maioria islâmica e em outros países, também pode ser
chamado de anticristianismo.

A língua mais falada no Oriente Médio é o árabe, mas existem outras línguas importantes: o
turco, o farsi (persa), o hebraico e o curdo. O curdo é dividido em dois dialetos principais, o
kurmanji (falado no Curdistão turco e sírio) e o sorani (falado no Curdistão iraquiano e
iraniano).

Em quase todos os países, existem minorias nacionais, a mais importante sendo os curdos
(cerca de 30 milhões, o maior povo sem Estado do mundo), divididos entre Turquia, Iraque,
Síria e Irã, mas também os árabes no Irã e em Israel, coptas no Egito, palestinos nos
territórios ocupados por Israel e na Jordânia, judeus etíopes em Israel etc.

O árabe e o hebraico são da mesma família (línguas semíticas), assim como o farsi e o curdo
(indoeuropeias, da mesma família do sânscrito, do grego e do latim). O turco é uma língua
altaica (ou seja, é mais próxima do mongol do que das outras línguas do Oriente Médio, o
que se explica porque os turcos são descendentes da invasão mongol do século XIII).

Além do Islã, as principais minorias religiosas no Oriente Médio são os cristãos (15 milhões),
os judeus (7 milhões), além de outras pequenas minorias, como os yazidis (1 milhão de
seguidores no Curdistão), baha’is, drusos, mandeus etc.

Os cristãos se dividem entre uma maioria ligada às Igrejas Ortodoxas, uma pequena minoria
ligada à Igreja Católica (coptas, melquitas e maronitas), e uma minoria ligada às Igrejas
Ortodoxas Orientais (Assíria, Copta Ortodoxa Oriental etc), que se separaram da Igreja
Católica no século V e existem principalmente em pequenas regiões do Oriente Médio.
O papel do Islã e os conflitos religiosos

A unidade cultural e linguística do oriente médio como existe hoje surgiu no século VII, com
a expansão do Islã.

Aqui não cabe explicar a doutrina do Islã, e sim o impacto da religião sobre a cultura e a
sociedade do Oriente Médio. Mas alguns elementos são indispensáveis para entender.

Em primeiro lugar, o Islã é uma religião monoteísta que se considera a sucessora da


revelação dada aos profetas judeus e do cristianismo. No Islã, Jesus também é considerado o
Messias que nasceu de uma virgem e que vai voltar no dia do Juízo Final, a diferença é que a
doutrina da Trindade não é aceita. Muhammad (Maomé é uma pronúncia baseada no
francês) é considerado também um profeta, 100% humano, assim como Jesus e Moisés.

A primeira consequência disso é que os povos que seguem outras religiões monoteístas,
como os cristãos, judeus e mandeus (que são uma religião que veio do cristianismo e
considera que João Batista era o Messias) são considerados “povos do Livro” (Ahle Al-Kitab)
e, por isso, têm direito a uma proteção (mas não igualdade) dentro do Islã.

Outro elemento, e talvez o mais importante, é que o Islã tem a concepção de uma lei
sagrada (a Sharia), baseada no Alcorão e nas tradições (hadith), que serve como lei civil para
a sociedade islâmica. Essa ideia, que era universal entre todas as religiões na Idade Média,
foi depois questionada e substituída, no cristianismo e no judaísmo, respectivamente na
Reforma (século XVII) e na Haskalá (século XVIII), estabelecendo a separação entre Estado e
religião.

É por causa dessa especificidade do Islã que o fundamentalismo islâmico é radicalmente


diferente do cristão. Para dar explicar melhor, vou usar o exemplo do AKP, o partido do
Erdogan. O AKP defende que o Estado incorpore nas suas leis os valores islâmicos. Por isso,
muitas vezes a gente vê notícias de políticos do AKP dando declarações machistas e
conservadoras em geral. É uma posição parecida com a do Malafaia, por exemplo. Como o
AKP geralmente é classificado? Como islamista moderado. Por quê? Porque um partido
fundamentalista islâmico, por exemplo, o Hamas, defende a substituição do Estado civil por
uma teocracia. No cristianismo, isso é raríssimo, só é defendido por grupos extremamente
marginais, como os seguidores da Teologia do Domínio.

A consequência principal disso é que, no Oriente Médio, as tarefas de separação entre


Estado e religião são fundamentais e estão praticamente no colo da esquerda radical. Depois
dos anos 80, com a crise do stalinismo, o discurso hegemônico de oposição passou a ser o
fundamentalismo, e a luta pelo Estado laico e pelos direitos individuais em geral passou a ser
vista como pró-imperialismo e ocidentalização. Um exemplo disso é como a Malala é tratada
pela mídia paquistanesa, quase como uma agente da CIA (sendo que ela é de uma família de
trotskistas e é de esquerda).

Além da dominação de classe, a forma específica do Islã afeta a dominação masculina


também. Nos países ocidentais, a partir dos anos 60, a revolução tecnicocientífica, que
causou a queda da mortalidade infantil e a descoberta dos anticoncepcionais, permitiu
mudar a forma de dominação masculina que existia há séculos. Ao contrário da lógica
baseada na escassez, e portanto na virgindade e no sexo para a reprodução, aconteceu o
que o Herbert Marcuse conceituou como dessublimação repressiva. As feministas radicais,
com bases teóricas diferentes, usam o conceito de passagem do patriarcado privado para o
público (o corpo das mulheres deixa de ser objeto para o marido e passa a ser para todos os
homens). O controle sobre a sexualidade deixou de ser principalmente através da repressão,
e passou a ser através da liberação controlada a serviço da indústria cultural. Daí a mudança
nas roupas, na cultura, a explosão da pornografia, o mercado rosa etc.

No Oriente Médio, em parte por causa do atraso econômico e em parte por causa do Islã, a
forma do patriarcado ainda é a antiga. Por isso os movimentos feministas (que têm uma
tradição desde a década de 1920) e LGBT ainda não conseguiram ter impacto de massas e
conseguir mudanças importantes na sociedade. Como socialistas, é nosso papel apoiar esses
movimentos. Vou colocar uns exemplos na lista de organizações que eu vou fazer.

Além das consequências sociais mais profundas, o jogo político é influenciado pela luta
entre as seitas islâmicas.

As seitas do Islã
Logo após a morte do profeta Muhammad, houve uma divisão entre os muçulmanos, em
torno de quem deveria ser o líder da Ummah (a comunidade islâmica). A maioria escolheu
Abu Bakr, e achava que o califa (vicerrei, ao lado de Deus) deveria ser eleito entre os
muçulmanos. Uma minoria seguiu o Imã Ali, genro do profeta, defendendo que o sucessor
deveria pertencer à família do profeta (Ahul Bayt). Os primeiros são os sunitas, que hoje são
mais ou menos 90% dos muçulmanos, e os outros são os xiitas.

Como geralmente acontece, existia um conteúdo de classe nessa cisão. O califado era
escolhido entre as famílias mais ricas, e a família do profeta foi uma corrente popular de
resistência ao califado. A partir da Batalha de Karbala, em 680, quando o sexto califa mata o
Imã Hussein, o terceiro Imã (guia) xiita, acontece a ruptura definitiva. Os xiitas passaram a
ser uma corrente marginalizada no mundo islâmico, e se dividindo de acordo com os imãs
que eles reconheciam.

Hoje, existem três correntes principais no xiismo:

- os zaidistas, que reconhecem cinco imãs. Existem principalmente no Iêmen, e são os


houthis, um dos lados da guerra civil

- os ismaelistas, que reconhecem sete imãs e tem um posicionamento quase apolítico

- os duodecimais, que reconhecem doze imãs. Existem principalmente no Iraque, Líbano e


Irã, onde o regime é fundamentalista xiita

Além disso, existem pequenas seitas que os xiitas chamam de Ghulat (desviados), como os
drusos e alauítas, que se separaram das correntes principais há séculos e, muitas vezes, têm
práticas religiosas sincréticas (por exemplo, os alauítas celebram a missa).

Do lado sunita, durante os séculos se desenvolveram quatro escolas legais (madhab), que
têm diferenças entre si na forma de aplicar a sharia, desde os hanafis, que são os mais
moderados, passado pelos malikis, shafiis até os hanbalis, que são os mais rigorosos.

O movimento formalmente sunita (mas que é muito rejeitado pelos sunitas) que tem tido
mais impacto é o salafismo, também chamado de wahabismo. O salafismo prega uma
interpretação literal do Alcorão e da Sharia, o que rompe com a tradição das madhabs. Essa
interpretação literal é a base de uma ação fundamentalista, quando setores salafistas se
envolvem na luta política. É do salafismo que vêm a Irmandade Muçulmana, que é a matriz
do fundamentalismo islâmico como existe hoje (o Sayyed Qutb, que foi o dirigente do Bin
Laden, foi da Irmandade, e contribuição original dele foi fundir o fundamentalismo com a
concepção de partido de vanguarda, criando o terrorismo islâmico como existe hoje)

O efeito político dessas diferenças é que existe uma rivalidade entre as seitas, que é
inflamada por conveniência política. Depois de 1979, com a república islâmica, o Irã tenta
instrumentalizar os xiitas para os seus fins políticos (por exemplo no Líbano, com o
Hizbullah), enquanto a Arábia Saudita tenta se colocar como a liderança dos sunitas, através
da versão salafista, que é exportada através de organizações como o Hamas. Essa disputa
por áreas de influência é clara na guerra civil síria.

O papel do imperialismo

Bem, como eu já falei, a unidade cultural, social e política do mundo árabe foi formada
através da expansão do Islã. Mas a partir do século VIII, essa unidade começou a se
desagregar, separando os povos árabes e muçulmanos em vários países.

No século XIII, surgem os otomanos, que vão conquistar toda a região do antigo califado
abássida, chegando ao auge no século XVI, inclusive com o controle dos Bálcãs, na Europa.
A desagregação do Império Otomano a partir do século XIX, e a sua redivisão entre Reino
Unido e França, principalmente, são efeito direto da expansão imperialista.

Após a derrota dos otomanos na Primeira Guerra Mundial, acontece essa redivisão que,
como sabemos, deixou os curdos sem território, e estabeleceu vários territórios que, aos
poucos, foram ganhando a independência até o período logo depois da Segunda Guerra
Mundial.

A partir dos anos 1950, surgem as principais correntes nacionalistas burguesas, o nasserismo
e o baathismo. O Baath (Ressurreição), formado em 1947, é o mais importante. A tese
principal do partido é que os povos árabes constituem uma única nação, formada durante o
período do califado, e que o nacionalismo deve buscar essa unidade panárabe. Existiam
correntes mais à esquerda, mais com o tempo, foram as mais à direita que ganharam a
hegemonia. O Saddam Hussein e a família Assad são as figuras mais conhecidas do Baath.

O movimento comunista no Oriente Médio, apesar de existir desde a década de 1920,


raramente conseguiu construir partidos de massas, com as exceções parciais do PCs egípcio
nos anos 1950, libanês e iraniano nos anos 1970. O motivo político que mais contribuiu para
isso foi a política de frente popular com o nacionalismo burguês, que custou muita
repressão, como no Egito de Nasser e no Iraque na época do Saddam Hussein, assim como a
perda de iniciativa perante os setores nacionalistas. Isso não significa que não tenham
existido contribuições importantes, como a da Frente Popular pela Libertação da Palestina,
ou intelectuais como os sírios Sadiq Al-Azm e Yasin Al-Rajj Saleh. A revolução de libertação
nacional do Iêmen do Sul, em 1967, foi dirigida pelos stalinistas da Frente de Libertação
Nacional, e esse regime se manteve até 1990.

No campo da esquerda revolucionária, a presença é bem menor, mas não insignificante. O


HKS (Partido Socialista dos Trabalhadores, trotskista) teve uma implantação na esquerda na
época da revolução iraniana, assim como o Matzpen (Organização Socialista em Israel,
marxista revolucionária) nos anos 1960 e 1970. Existem pequenos grupos e indivíduos
anarquistas na Síria e no Líbano desde a década de 1980, assim como trotskistas no Líbano e
no Egito. No Irã e no Iraque existe a corrente chamada hekmatista, ou seja, os seguidores do
marxista Mansur Hekmat, que construiu na década de 1980 um partido com posições
próximas do marxismo revolucionário.

Existe todo um campo de discussão no marxismo sobre o imperialismo, sendo que a fase
clássica desse debate foi nas duas primeiras décadas do século XX (Bernstein,
Kaustky, Hilferding, Rosa Luxemburgo, Lênin, Bukhárin etc). A definição clássica é a do Lênin:

“Por isso, sem esquecer o caráter condicional e relativo de todas as definições


em geral, que nunca podem abranger, em todos os seus aspectos, as múltiplas relações
de um fenômeno no seu completo desenvolvimento, convém dar uma definição do
imperialismo que inclua os cinco traços fundamentais seguintes: 1) a concentração da
produção e do capital levada a um grau tão elevado de desenvolvimento que
criou os monopólios, os quais desempenham um papel decisivo na vida econômica; 2)
a fusão do capital bancário com o capital industrial e a criação, baseada nesse "capital
financeiro" da oligarquia financeira; 3) a exportação de capitais, diferentemente da
exportação de mercadorias, adquire uma importância particularmente grande; 4) a
formação de associações internacionais monopolistas de capitalistas, que partilham o
mundo entre si, e 5) o termo da partilha territorial do mundo entre as potências
capitalistas mais importantes”.

É importante ver que essa definição é econômica: os países em que o capital chegou no
nível monopolista são imperialistas. Ou seja, Bélgica, Suíça, Noruega etc são imperialistas,
mesmo sendo qualitativamente mais fracos que as maiores potências. Na esquerda, tem
prevalecido um critério político: as maiores potências mundiais são imperialistas. Esse tipo
de raciocínio é que faz setores de esquerda, ao olharem para a Rússia, que não tem um
papel mundial como o dos EUA, Reino Unido ou França, por exemplo, não caracterizarem o
país como imperialista, e classificarem a sua política externa como uma forma de resistência.

Ainda segundo esse critério, a maioria dos países do Oriente Médio são semicolônias, ou
seja, são formalmente independentes, mas economicamente são exportadores de matérias-
primas (principalmente o petróleo). Israel é um caso à parte, provavelmente uma forma de
subimperialismo (dependente e associado aos EUA). Como os teóricos marxistas da
dependência (Rui Mauro Marini, Gunder Frank, Vânia Bambirra etc) mostraram, essa
estrutura reproduz de forma permanente o atraso econômico e social.

A análise do imperialismo serve para entender as transformações no capitalismo a partir do


final do século XIX, mas ela também tem consequências políticas importantes. Uma delas é a
defesa da autodeterminação dos povos, independente da forma como o povo deseje exercer
a sua autodeterminação, e outra é a luta contra as intervenções imperialistas, independente
da direção política de um país.

Pequeno histórico da questão curda

Hoje, os curdos se dividem em quatro países: Turquia (o Curdistão turco é chamado Bakur),
com cerca de 20 milhões de pessoas, Iraque (Basur), com 6,5 milhões, Irã (Rojilat), com 3,5
milhões e Síria (Rojava), com 2 milhões, além de outros 2 milhões na diáspora pelo mundo.
Os curdos são mencionados pela primeira vez no século VII em textos árabes, e a primeira
vez que a palavra Curdistão foi usada foi em um texto armênio do século XII.

Como todo mundo sabe (menos os nacionalistas fanáticos), a ideia de nação da forma como
existe hoje surgiu durante o século XIX. Até lá, os curdos fizeram parte do califado ou da
Pérsia, até serem incorporados pelo Império Otomano.

A primeira revolta nacional curda foi em 1880-1, dirigida pelo Sheik Ubeydullah. Depois da
derrota, uma parte dos latifundiários curdos tentou colaborar com o governo otomano para
conseguir por favor uma autonomia. Isso levou até à participação infame da elite curda no
genocídio armênio de 1915.

Depois da Primeira Guerra, o Império Otomano foi divido pelos imperialistas. Em 1920, foi
assinado o Tratado de Sèvres, que previa a existência de um Curdistão independente. Mas,
quando o Império caiu e surgiu a Turquia moderna, os nacionalistas não aplicaram o que
estava no tratado. Em 1923, a Turquia assinou o Tratado de Lausanne, onde jánão aparecia
mais o Curdistão.

O não reconhecimento levou a revoltas nos países em que os curdos tinham sido divididos:
no Iraque, Mahmoud Barzanji proclamou o Reino do Curdistão entre 1921 e 1924. Em 1927,
os curdos na Turquia proclamaram a República de Ararat, que resistiu até 1930. Na década
de 1930, aconteceu uma série de revoltas na Turquia, sendo a maior em 1937 (Rebelião de
Dersim).

No Irã, depois de algumas revoltas locais na década de 1920, aconteceu a Revolta de Hama
Hashid, durante a invasão do país durante a Segunda Guerra Mundial. Em janeiro de 1946,
aproveitando a ocupação soviética, foi declarada a República de Mahabad, que durou até o
final do ano. Os dirigentes foram a família Barzani, que depois se exilou no Iraque. Em 1946
foi criado o KDP.

No começo, o KDP era frentepopulista e pró-soviético. Ele chegou a organizar dois períodos
de luta armada no Iraque, o primeiro entre 1961 e 1970, o segundo de 1974 a 1975. Porém,
a direção começou a se aproximar do Baath de Saddam Hussein, tentando conquistar a
autonomia “por cima”. Isso levou ao alinhamento do partido com a direita, que existe até
hoje (o KDP é pró-EUA e pró-Israel), e gerou o racha em 1975 da PUK (União Patriótica do
Curdistão), socialdemocrata.

Em 1978 se forma na Turquia o núcleo guevarista do que hoje é o PKK. Em 1984 eles
começam a luta armada, que é derrotada em 1999. O dirigente do PKK, Abdullah Öcallan, é
preso em 1999 e na prisão faz autocrítica de várias posições anteriores, chegando ao
confederalismo democrático.

No Irã, logo depois da revolução de 1979, aconteceu um ascenso do movimento de


libertação curda, sob direção do KDP iraniano. Em 1983, com a consolidação do regime
fundamentalista, começou uma repressão total. Depois do assassinato de um dirigente do
KDPI em 1989, o partido começou a luta armada, que foi derrotada em 1996. A onda atual
da resistência curda no Irã começou em 2004, sob direção do partido irmão do PKK, o PJAK
(Partido pela Vida Livre no Curdistão).

No Iraque, depois de uma política de arabização e repressão durante a década de 1980,


inclusive com o uso de armas químicas, os curdos se revoltaram em 1991, numa frente única
KDP-PUK. O resultado foi a formação do Governo Regional Curdo (KRG), no ano seguinte,
que é o máximo de autonomia que os curdos conseguiram antes da revolução de Rojava.

Finalmente, chegamos em 2012 na situação atual. O PYD, formado em 2003 como um


partido formalmente autônomo, mas ligado de fato ao PKK aproveitou o vazio de poder
deixado pela guerra civil para estabelecer os cantões de Kobanê, Efrîn e Cizirê, onde existe
uma presença do Conselho Nacional Curdo (KNC), que faz oposição a Assad e tem partidos
ligados uns ao KDP e outros ao PUK. Isso fez a Turquia começar uma guerra de baixa
intensidade em 2015, enquanto está acontecendo um aumento da repressão no Irã,
enquanto o KRP está em crise econômica e política no Iraque.

Algumas organizações e movimentos de esquerda do Oriente Médio

Solidariedade com LGBT egípcios

https://solidaritywithegyptlgbt.wordpress.com/
Socialistas Revolucionários (Egito, marxistas revolucionários)

https://global.revsoc.me/

Frente Popular pela Libertação da Palestina (Palestina, marxista-leninista)

http://pflp.ps/english/

Frente Democrática pela Libertação da Palestina (Palestina, marxista-leninista)

http://www.dflp-palestine.net/

Anarquistas contra o Muro (Israel, anarquista)

https://www.facebook.com/pages/%D7%90%D7%A0%D7%A8%D7%9B
%D7%99%D7%A1%D7%98%D7%99%D7%9D-%D7%A0%D7%92%D7%93-
%D7%94%D7%92%D7%93%D7%A8-Anarchists-Against-The-Wall/184879698210917

Partido Comunista de Israel (Israel, marxista-leninista)

http://maki.org.il/en/

Esquerda Revolucionária Síria (Síria, trotskista)

https://syriafreedomforever.wordpress.com

Anarquistas sírios

https://www.facebook.com/syrian.anarchists/

Helem ([Sonho], Líbano, movimento LGBT)

https://www.facebook.com/Official-Page-for-Helem-Lebanon-133916233311662/

HDP ([Partido da Democracia Popular]. Turquia, socialdemocrata)


https://hdpenglish.wordpress.com/

Organização pela Libertação da Mulher no Iraque (movimento feminista marxista


hekmatista)

http://www.owfi.info/EN/

Partido Comunista do Iraque (marxista-leninista)

http://iraqiletter.blogspot.com.br/

Minha Liberdade Roubada (Irã, movimento feminista)

http://mystealthyfreedom.net/en/

Aliança Internacional em Apoio aos Trabalhadores do Irã (movimento sindical)

http://www.workers-iran.org/index.php?lang=en

Partido Comunista Operário do Irã (hekmatista)

http://www.wpiran.org/new_main.htm

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