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(3 de janeiro e 2012)
Neste primeiro post, pretendo discutir um pouco alguns aspectos históricos que
considero importantes para compreender o lugar que livro ocupa na obra
junguiana.
Em suas memórias Jung nos conta a semente que originou esse livro foi lhe
dada num sonho,
Esse sonho ocorreu durante a viagem que ele realizou com Freud aos Estados
Unidos em 1909. Nesta viagem, Jung relata que haviam ocorridos alguns
desentendimentos com Freud, que abalaram a amizade que tinham. Jung
conta que Freud não foi capaz de apreender o conteúdo deste sonhos, fixando-
se na imagem das caveiras, que julgou ser um desejo de morte por parte de
Jung. Ficou claro para Jung que a diferença que havia entre ambos, impedia a
Freud de compreender o conteúdo de seu sonho. Entretanto, para Jung a
semente do sonho começou a germinar.
É possível que Jung não tenha percebido o quanto estava absorvido por sua
pesquisa, considerando, que seu desempenho na presidência da IPA aceitável.
Contudo, a produção deste trabalho não foi tranquila, especialmente na
segunda parte onde Jung anunciava para a sociedade psicanalítica suas
diferenças com Freud. Em suas memórias, Jung afirma
Jung sabia que seu trabalho o afastaria de Freud, contudo, esse não foi o único
efeito “colateral” de seu livro. Em suas Memórias, ele afirma,
Nesse mesmo ano de 1912, Freud criou o chamado “Comitê’” que seria um
grupo secreto de psicanalistas proeminentes e sobretudo fiéis ao mesmo .
Esse “grupo secreto” zelaria pela psicanálise combatendo duramente qualquer
idéia que desviasse da concepção ortodoxa, de modo a evitar que Freud se
desgastasse em discussões políticas, formando uma espécie de “guarda
pretoriana” de Freud, os primeiros membros deste comitê foram: Ferenczi,
Abraham, Jones, Rank, Sachs.
Assim, coube Ferenczi a refutação publica das idéias de Jung, o que ele
realizou num ensaio em 1913, ao passo que nos bastidores o destino de Jung,
já estava selado: seria o mesmo de Adler e Stekel – expulsão do movimento
psicanalítico. A crítica que Ferenczi seguiu exatamente as diretrizes por ele
apresentadas:
A proposta de Ferenczi foi muito clara, seu intuito seria fazer uma avaliação do
que era psicanálise e o que não era, separando o “joio do trigo”. O trabalho de
Jung não foi considerado “em si” ou em seu próprio contexto, ou como uma
ampliação do campo de estudo, mas, como a obra de um inimigo ou opositor. A
crítica de Ferenczi, seu afastamento de Freud, o trabalho do comitê secreto
que o combatia nas diferentes sociedades que compunham a IPA, fez com que
Jung fosse desacreditado e seu livro, como ele afirmou, “não foi considerado
uma obra séria”.
No decorrer deste ano iremos fazer outros posts discutindo um pouco mais
dessa importante obra centenária.
Referências Bibliográficas