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Este artigo trata da roda de capoeira como espaço que colabora para a formação da
identidade afro-brasileira. O africano deixou marcas na sociedade brasileira (CUNHA
JÚNIOR, 2006), a Capoeira, como uma dessas marcas, pode contribuir para a valorização
de culturas oriundas dessa mesma matriz. Nesse universo, a corporeidade e a oralidade são
elementos indissociáveis também presentes nas manifestações de origem africana. Essa
expressão do negro africano em Terras brasilis foi perseguida pelo Império e pela
República, hoje é reconhecida pelo Governo Brasileiro e registrada como Patrimônio
Cultural do Brasil. Teve a roda e os mestres registrados nos respectivos livros das formas
de expressão e dos saberes contidos no art. 1º da Lei 3.551/2000. A escola hodierna abre as
portas para diversas manifestações culturais trabalhando ao lado da comunidade em seus
interesses. A arte cultural em tela figura nesses espaços oficiais colaborando para que o
conteúdo da Lei 10.639/2003 possa se tornar realidade. Através da imersão pessoal na
citada manifestação cultural inspirada na Etnografia (MENDES, 2009) e de pesquisa
bibliográfica sobre as cantigas (CAMISA, 1997), (MATTOS & MATTOS, 1995), (REGO,
1968) tenta-se expor esses elementos estéticos como fonte de ensino de História e de
valorização da figura do negro no cenário brasileiro. Nelas aparecem heróis como Besouro
(VASCONCELOS, 2009), Zumbi, Bimba ou Pastinha (VIEIRA, 1998) que oferecem
outras possibilidades de referência. Eles são os protagonistas da nova história que é
contada. O objetivo desse trabalho é tão somente apontar as cantigas como ferramenta que
colabora para o ensino de História oferecendo outra visão, retirando da mão dos
dominantes o privilégio único de repassar as tradições e a memória do povo (BENJAMIN,
1994). Ao final desse trabalho percebe-se com a análise das composições que os
praticantes dessa arte valorizam a matriz africana como componente indispensável na
formação brasileira.
Referências Bibliográficas
BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de história. In: Obras escolhidas: magia e técnica,
arte e política. Tradução Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. p.222-
233.
BURKE, Peter. O que é História Cultural?. Tradução de Sérgio Goes de Paula. 2. ed. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.
SILVA, Robson Carlos. Capoeira: o preconceito ainda existe? Porto Alegre: Armazém
Digital, 2010.
VIEIRA, Luiz Renato. O Jogo da Capoeira Corpo e Cultura Popular no Brasil. 2ªed.,
Rio de Janeiro, RJ: Sprint, 1998.