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Ronaldo Antonio Linares

Diamantino Fernandes Trindade

MEMÓRIAS DA
UMBANDA DO BRASIL
Colaboradores
Alex de Oxóssi
Gilberto Angelotti
Renato Henrique Guimarães Dias

Coordenação Editorial
Diamantino Fernandes Trindade

1ª edição
Brasil – 2011

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© Copyright 2011
Ícone Editora Ltda.

Capa e miolo
Richard Veiga

Revisão
Marsely De Marco Dantas
Juliana Biggi

Coordenação editorial
Diamantino Fernandes Trindade

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma


ou meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos
xerográficos, sem permissão expressa do editor (Lei nº 9.610/98).

Todos os direitos reservados à:


ÍCONE EDITORA LTDA.
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Tel./Fax.: (11) 3392-7771
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Dedicamos esta obra ao médium do Caboclo
das Sete Encruzilhadas, Zélio Fernandino
de Moraes, e a suas filhas Zélia de Moraes
Lacerda e Zilmeia de Moraes Cunha.

A Leal de Souza, primeiro escritor da Umbanda.

A todos os umbandistas que levam ao


mundo inteiro a Bandeira de Oxalá.

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A Umbanda, esteira de luz a iluminar os filhos de Deus nos
caminhos das trevas, chama a si todas as doutrinas evolucio-
nistas que proclamam o Amor Universal, a imortalidade da
alma e a vida futura, consagrando-se como verdadeira religião
de caráter nacional.
Jota Alves de Oliveira 1

A Umbanda é universalista e não possui codificação. Além


disso, nasceu nesta abençoada terra onde a diversificação de
cultura é grandiosa e pacífica. Essa riqueza toda contribuiu
também para que fosse escolhida a “a terra do Evangelho” como
berço da Umbanda. O Caboclo das Sete Encruzilhadas, quando
se apresentou através de seu médium, determinou como seria
essa nova religião em seus fundamentos e apresentação no
plano material, mas ele mesmo sabia que seria impossível
padronizar cada templo. É importante que se cumpra sempre,
mesmo na diversidade de culto, a essência da Umbanda, que
é a caridade. Que se promova a Lei do Amor e que cada filho
de fé que adentrar o templo umbandista possa se melhorar,
respeitando a vida de todos os seres que caminham com ele.
Isso é o que a unifica.
Vovó Benta 2

1. Este autor escreveu dois importantes livros para o Movimento Umbandista. A obra O Evan-
gelho na Umbanda, publicada em 1970, apresenta aspectos doutrinários baseada em observações,
estudos e práticas, interpretadas à luz do Evangelho de Jesus. Em 1985 publicou o livro Umbanda
Cristã e Brasileira, que traz um primeiro ensaio sobre a História da Umbanda, contando as origens
da religião com o médium Zélio Fernandino de Moraes e o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
2. Texto da obra Enquanto dormes, psicografada por Leni W. Saviscki e publicado pela Editora
do Conhecimento em 2010.

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SUMÁRIO

Iconografia, 15

Sobre os autores e colaboradores, 19

Apresentação, 23

A umbanda de nosso tempo, 27


Ronaldo Antonio Linares

Umbanda na mídia, 29
Diamantino Fernandes Trindade

A pesquisa na história da Umbanda, 65


Diamantino Fernandes Trindade

Revendo a história do início da Umbanda, 69


Renato Henrique Guimarães Dias

Oferendas e obrigações à Yemanjá: pontos a ponderar, 79


Ronaldo Antonio Linares

O uso indevido dos pontos cantados de Umbanda, 85


Diamantino Fernandes Trindade

11

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Aspectos históricos sobre o hino da Umbanda, 91
Diamantino Fernandes Trindade

Banhos de descarga e defumadores –


um olhar da década de 1940, 95
Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares

O batuque na Umbanda, 101


Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares

Umbanda: origens e rituais, 103


Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares

Umbanda em revista, 105


Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares

Umbanda não faz o santo nem feitura de cabeça, 113


Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares

Ronaldo Antonio Linares e Diamantino Fernandes


trindade no Diário do Grande ABC, 117
Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares

Macaia, 121
Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares

Antes da codificação, a renúncia, 125


Lilia Ribeiro

Testemunho para a posteridade, 129


Lilia Ribeiro

Que país é este?, 131


Diamantino Fernandes Trindade

12

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Poema ao Caboclo das Sete Encruzilhadas, 135
Atamã

Mãe Zilmeia Moraes Cunha partiu para a Aruanda, 137


Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares

A numerologia da Lei de Umbanda, 141


W. Wilson da Matta e Silva (da Tenda Umbandista Oriental)

O que deve ser oculto?, 145


Diamantino Fernandes Trindade

Imagens da Umbanda – túnel do tempo, 147


Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares

Pontos de força de um terreiro, 161


Gilberto Angelotti

O marafo, 177
Dr. Adalberto Pernambuco

Mediunidade esclarecida – considerações aos médiuns de


Umbanda sobre obsessão, animismo e mistificação, 181
Alex de Oxóssi

O espiritismo da Umbanda, 207


Carlos de Azevedo

Em Vila Isabel, 211


João de Freitas

Nelson Braga Moreira – um general a serviço da Umbanda, 219


Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares

Leal de Souza – a história continua, 223


Diamantino Fernandes Trindade

13

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ICONOGRAFIA

Figura Legenda Página


1 Casamento na Tenda Mirim 30
2 Níquel Náusea 30
3 Jovem ogan cantando e tocando tambor 32
4 Médium cantando e dançando para o Santo 32
5 Médium fazendo obrigação na cachoeira 33
6 Capa do primeiro número da Revista Planeta 35
7 Capa da Revista Visão, número 40, de 3 de outubro de 1993 38
Pretos Velhos incorporados em Diamantino Fernandes
8 38
Trindade e Edison Cardoso de Oliveira
9 Capa da Revista Realidade, número 31, de outubro de 1968 43
Manchete, de 24 de agosto de 1929, do Jornal Gazeta de
10 45
São Gonçalo
11 Foto de Zélio de Moraes na Gazeta de São Gonçalo 46
12 Capa do primeiro número da Revista Umbanda Verdade 47
13 Capa do segundo número da Revista Umbanda Verdade 47
14 Áttila Nunes no Jornal das Moças 49
15 Primeira página do número 1 do Boletim A Caridade 57
16 Primeira página do número 2 do Boletim A Caridade 58
Procissão durante a festa de Yemanjá na Praia Grande,
17 83
em São Paulo, 1978

15

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Figura Legenda Página
Festa de Yemanjá em Santos – SP, Imagem publicada pelo
18 83
jornal A Tribuna, em 12 de agosto de 1972
19 Partitura do Hino da Umbanda (1984) 94
20 Capa do livro O Batuque na Umbanda 102
21 Capa da Revista Umbanda – origens e rituais 103
22 Capa do número 79 de Umbanda em Revista 106
23 Capa do número 80 de Umbanda em Revista 106
24 Capa do número 82 de Umbanda em Revista 107
25 Capa do número 84 de Umbanda em Revista 107
26 Capa do número 87 de Umbanda em Revista 108
27 Capa do número 117 de Umbanda em Revista 108
Ronaldo e Diamantino durante a entrevista no Diário do
28 120
Grande ABC
Capa do número 41, de abril de 1971, do Boletim Macaia,
29 da Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade 123
(TULEF), dirigido por Lilia Ribeiro
30 Mãe Zilmeia de Moraes, aos 93 anos 139
31 Tenda São Jorge ainda na Rua Dom Gerardo 147
32 Tenda São Jorge na década de 1960 148
33 Tenda São Jorge na década de 1990 148
34 Benjamim Figueiredo incorporado com Preto Velho 149
Dona Zilmeia de Moraes, incorporada com o Caboclo
35 Branca Lua, firmando o ponto do Caboclo das 7 Encru- 149
zilhadas
Detalhe do Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo
36 150
da Umbanda, em 1941, no Rio de Janeiro
Médium incorporada com Exu. Imagem da Revista Man-
37 150
chete, número 50, de março de 1953
38 Iniciação de sacerdotes na Tenda de Umbanda Oriental 151
W. W. da Matta e Silva faz preleção em dia de Gira de
39 151
Caridade na T.U.O. em Itacuruçá
40 Congá do Templo de Umbanda Oriental em Itacuruçá 152

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Figura Legenda Página
Da esquerda para a direita: Pai Jairo, Pai Matta, Mãe Salete
41 152
e Mãe Marielza
42 A Velha Umbanda (imagem da década de 1950) 153
43 Demétrio Domingues 153
44 Leal de Souza em 1913 154
Pai Diamantino F. Trindade e Mãe Esmeralda Salvestro
45 Perusso durante batismo (Obrigação à Oxalá), Barco 13, 154
na Casa de Pai Benedito, em 1985
Pai Ronaldo, Mãe Dirce e Pai Diamantino na solenidade de
entrega dos barajás aos sacerdotes da Federação Umban-
46 155
dista do Grande ABC – Barco 26, na Casa de Pai Benedito,
em 17 de julho de 2010
47 Zélio de Moraes em 1971 155
Ronaldo Linares, Zélio de Moraes e Dona Isabel, esposa
48 156
de Zélio, em 1972
49 Áttila Nunes na companhia de duas médiuns 156
50 Bambina Bucci, esposa de Áttila Nunes 157
51 Atila Nunes Filho e Henrique Landi 157
Atila Nunes Filho e Atila Nunes Neto com um grupo
52 158
ecumênico
Imagens tradicionais de Preto Velho e Preta Velha pre-
53 158
sentes, por décadas, em diversos terreiros de Umbanda
Pilão do século XIX – Casa de Pai Benedito de Aruanda
54 159
(F.U.G.A.B.C.)
Nossa Senhora da Piedade, padroeira na primeira Tenda
55 de Umbanda Pietá 1599-1600; Annibale Carracci Museo 159
Nazionale di Capodimonte, Nápoles
56 General Nelson Braga Moreira 222

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SOBRE OS AUTORES E
COLABORADORES

Ronaldo Antonio Linares

• Filho de Fé do famoso Babalaô Joãozinho da Gomeia, a quem conhe-


ceu muito jovem quando dava seus primeiros passos no Candomblé,
nos subúrbios do Rio de Janeiro.
• Babalaô da Roça de Candomblé Obá – Ilê (digina do autor).
• Radialista especializado em programas de divulgação da Umbanda
e do Candomblé na Rádio Cacique de São Caetano do Sul, partici-
pando dos seguintes programas: Yemanjá dentro da noite, Ronaldo
fala de Umbanda e, por quase dezoito anos consecutivos Umbanda
em Marcha, além da programação diária Momento de Prece.
• Foi o primeiro a mencionar a figura de Zélio de Moraes em jornais
de grande circulação em São Paulo: Diário do Grande ABC e Notí-
cias Populares.
• Colunista do jornal A Gazeta do Grande ABC.
• Na televisão, participou durante quase quatro anos do programa
Xênia e você na TV Bandeirantes. Participou como produtor e apre-
sentador durante seis meses do programa Domingos Barroso no

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Folclore, na Umbanda e no Candomblé, programa dominical com
duas horas de duração, na TV Gazeta.
• Porta-voz oficial do Superior Órgão de Umbanda do Estado de São
Paulo (SOUESP), título que lhe foi concedido pelo General Nelson
Braga Moreira.
• Diretor-presidente da Federação Umbandista do Grande ABC desde
novembro de 1974.
• Criador do primeiro Santuário Umbandista do Brasil, o Santuário
Nacional da Umbanda no Parque do Pedroso em Santo André,
SP, com 640.000 m².
• Membro permanente da diretoria do SOUESP desde 1970.
• Cavaleiro de Ogum; honraria que lhe foi concedida pelo Círculo
Umbandista do Brasil.
• Autor dos livros: Iniciação à Umbanda, Os Orixás na Umbanda e no
Candomblé, Jogo de Búzios e outros.
• Ronaldo Antonio Linares considera a maior honraria de sua vida,
haver conhecido em vida e compartilhado da amizade do senhor
Zélio Fernandino de Moraes, Pai da Umbanda, considerando-se
filho espiritual de sua filha Zilmeia de Moraes Cunha.

Diamantino Fernandes Trindade

• Professor de História da Ciência e Epistemologia do Ensino do Ins-


tituto Federal de Educação Tecnológica de São Paulo.
• Pesquisador CNPQ.
• Pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisa em Interdisciplinari-
dade (GEPI) da PUC-SP.
• Mestre em Educação pela Universidade Cidade de São Paulo.
• Master Science in Education Science pela City University Los Angeles.
• Doutor em Educação pela PUC-SP.
• Pós-Doutor em Educação pelo GEPI-PUCSP.

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• Autor de livros sobre Educação e Ciências: A História da História da
Ciência, Temas Especiais de Educação e Ciências, O Ponto de Mutação
no Ensino das Ciências, Os Caminhos da Educação e da Ciência no
Brasil, Leituras Especiais sobre Ciências e Educação, Química Básica
Teórica, Química Básica Experimental e outros.
• Autor de livros sobre Umbanda: Umbanda e sua história, Umbanda
Brasileira – um século de história, Umbanda – um ensaio de ecletismo,
Iniciação à Umbanda, Os Orixás na Umbanda e no Candomblé,
Manual do Médium de Umbanda, A construção histórica da literatura
umbandista, Antônio Eliezer Leal de Souza – o primeiro escritor da
Umbanda e outros.
• Filho de fé do Babalaô Ronaldo Antonio Linares.
• Venerável Mestre da Loja Maçônica Cavaleiros de São Jorge (Grande
Oriente do Brasil).
• Foi médium do Templo de Umbanda Ogum Beira-Mar, dirigido por
Edison Cardoso de Oliveira, entre 1981 e 1989.
• Vice-Presidente da Federação Umbandista do Grande ABC entre
1985 e 1989 e Membro do Conselho Consultivo do Superior Órgão
de Umbanda do Estado de São Paulo no mesmo período.
• Relator do Fórum de Debates: A Umbanda e a Constituinte, realizado
na Assembleia Legislativa de São Paulo, em 1988.
• Foi colunista do Jornal Notícias Populares, em 1989, escrevendo aos
domingos sobre a história e os ritos da Umbanda.
• Pesquisou a Umbanda e os cultos afro-brasileiros em vários terreiros
brasileiros, visitando várias vezes a Tenda Nossa Senhora da Piedade
e a Cabana de Pai Antonio onde conviveu com Zélia de Moraes e
Zilmeia de Moraes.
• Durante sete anos dirigiu o Templo da Confraria da Estrela Dourada
do Caboclo Sete Lanças.
• Atualmente é sacerdote da Cabana de Pai Benguela e da Federação
Umbandista do Grande ABC.
• Discípulo dos Babás Adisa Salawu e Adekunle Ogunjimi no Culto
de Orunmila-Ifá, dos quais recebeu o nome iniciático de Ifasoya.

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Alex de Oxóssi

• Assessor contábil e tributário; diretor de administração tributária;


criador e responsável pelo Povo de Aruanda, um dos mais importan-
tes sites umbandistas. A página para acesso é http://povodearuanda.
wordpress.com.

Gilberto Angelotti

• Médium, Ogan do Templo de Umbanda Vovó Maria, em São Paulo,


há mais de duas décadas, tem 32 anos de atuação dentro da religião.
Estudioso de povos e religiões africanas, atualmente ministra cur-
sos e atua como Sacerdote do Culto de Orunmilá-Ifá, reconhecido
como Awo Alawode, discípulo dos Babás Adisa Salawu e Adekunle
Ogunjimi. Em 2010, completou o ciclo de iniciações, passando a
carregar o cargo máximo para um sacerdote.

Renato Henrique Guimarães Dias

• Engenheiro de telecomunicações graduado pelo Instituto Militar


de Engenharia (IME), com Especialização em Gestão Empresarial
pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ). É, atualmente, Capitão do
Exército Brasileiro. Autor do livro Sincretismos Religiosos Brasileiros
e coautor do importante blog Registros de Umbanda. Faz parte da
terceira geração de médiuns de Umbanda da sua família. Frequen-
tou, de 1979 a 1997, o Centro Espírita Caminheiros da Verdade e a
Cabana de Oxum, esta última dirigida pela senhora Fornarina de
Almeida Farias. É médium, desde outubro de 1999, do Centro Espí-
rita Santo Antônio de Pádua, o qual é dirigido pela senhora Arylda
Rodrigues Pereira. É estudioso do tema religião desde 1991. A página
para o acesso ao blog é http://registrosdeumbanda.wordpress.com.

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APRESENTAÇÃO

P rezados leitores!
Ao longo de três décadas temos procurado resgatar a memória da
Umbanda por meio de diversas obras 3 e em nosso blog. 4 A história da
Umbanda é uma grande pesquisa em construção, por isso sempre que
novos documentos se apresentam, procuramos fazer a sua divulgação
para que cada vez mais os umbandistas conheçam as origens e o desen-
volvimento histórico da sua religião.
Nesta obra, resgatamos alguns desses documentos e abordamos
alguns temas que, ao longo da história, têm sido motivo de muitos
estudos e polêmicas. Contamos com as preciosas colaborações dos
nossos irmãos Alex de Oxóssi, Gilberto Angelotti e Renato Henrique
Guimarães Dias. Por dever de ofício, e com muita alegria, damos voz
a importantes figuras do Movimento Umbandista, por meio de textos
e mensagens: Jota Alves de Oliveira, Vovó Benta, Lilia Ribeiro, Atamã,
W. W. da Matta e Silva, Dr. Adalberto Pernambuco, Carlos de Aze-
vedo, General Nelson Braga Moreira, João de Freitas, Deputado Atila
Nunes Filho, Eurico Lagden Moerbeck, Demétrio Domingues, Zélio de

3. Iniciação à Umbanda; Umbanda Brasileira: um século de história; Antônio Eliezer Leal de Souza:
o primeiro escritor da Umbanda e a construção histórica da literatura umbandista.
4. http://mandaladosorixas.blogspot.com

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Moraes, Caboclo das Sete Encruzilhadas, Martinho Mendes Ferreira,
Floriano Manoel da Fonseca e Leal de Souza.
Iniciamos com uma breve explanação de Ronaldo Antonio Linares
sobre as conquistas dos umbandistas. Em seguida, temos o capítulo
Umbanda na Mídia, uma série de nove matérias publicadas em 2009 e
2010, no Jornal de Umbanda Sagrada (JUS), editado pelo nosso querido
irmão Alexandre Cumino. Na sequência, Diamantino Fernandes Trin-
dade apresenta a sua visão sobre a metodologia utilizada na pesquisa
histórica da Umbanda. Renato Henrique Guimarães Dias contribui
com um texto muito interessante em que faz uma revisão do início
da História da Umbanda. O tema Oferendas e obrigações à Yemanjá é
tratado à luz da razão por Ronaldo Antonio Linares. Os dois capítulos
seguintes abordam o uso indevido dos pontos cantados de Umbanda
e os aspectos históricos do Hino da Umbanda.
Um tema recorrente no dia a dia dos terreiros são os banhos e
defumações recomendadas pelas Entidades Espirituais que nem sem-
pre são consultadas no sentido de explicarem o fundamento dessas
práticas. Mostramos um estudo apresentado pela Tenda Espírita Fé e
Humildade, na reunião de 22 de outubro de 1941, por intermédio do
Senhor Eurico Lagden Moerbeck, no Primeiro Congresso Brasileiro
do Espiritismo da Umbanda. É muito interessante notar a brilhante
explicação sobre a atuação dos espíritos obsessores no corpo astral e
no corpo físico da pessoa obsidiada, além da apresentação de uma sín-
tese histórica sobre a ancestralidade do uso dos banhos e defumações.
Em seguida, fazemos um resgate histórico sobre um livro e duas
revistas que muito contribuíram para a divulgação da Umbanda: O batu-
que na Umbanda, a Revista Umbanda: Origens e Rituais e Umbanda em
Revista. Resgatamos também matérias publicadas nos jornais Notícias
Populares (Umbanda não faz o santo nem feitura de cabeça) 5 e Diário do
Grande ABC.
Macaia era o noticiário da Tenda de Umbanda Luz, Esperança,
Fraternidade (T.U.L.E.F.), dirigida por Lilia Ribeiro e situada na Rua
Mariz e Barros, 658, 1º andar, no antigo Estado da Guanabara. Apre-
sentamos o texto Nosso Aniversário, da edição de abril de 1972, assinada

5. Nesta matéria temos depoimentos e uma bela mensagem de Zélio de Moraes.

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pelo Deputado Átila Nunes Filho. Desse mesmo periódico apresenta-
mos a matéria de Lilia Ribeiro Testemunho para a posteridade, publi-
cada algum tempo depois do desencarne de Zélio de Moraes. Lilia
Ribeiro era jornalista e foi uma das pioneiras no resgate da História
da Umbanda. Apresentamos uma de suas brilhantes matérias: Antes da
codificação, a renúncia, publicada na coluna Gira de Umbanda, no jornal
Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, em janeiro de 1977. No capítulo
seguinte, Diamantino escreve sobre a intolerância religiosa e Atamã
(1970) nos presenteia com um belíssimo poema ao Caboclo das Sete
Encruzilhadas.
A numerologia também está presente nos textos de Umbanda. Mos-
tramos um artigo sobre o assunto escrito por W.W. da Matta e Silva no
Jornal de Umbanda em 1955. O próximo tema é O que deve ser oculto?
Muitos estão velando algo que não conhecem, pois o verdadeiro conhe-
cimento hermético da natureza, e não das coisas esotéricas, revelado
pelos três Hermes, há muito está perdido e não mais será recuperado.
Logo após, faremos uma viagem no túnel do tempo, mostrando
fotos que nos trazem muita saudade de tempos idos da Umbanda e
também dos tempos atuais. Figuras importantes para o Movimento
Umbandista aparecem nesta viagem: a família Áttila Nunes (responsá-
vel pela criação do programa mais antigo do rádio brasileiro: Melodias
de Terreiro), W.W. da Matta e Silva, Ronaldo Linares, Zélio de Moraes,
Zilmeia de Moraes, Leal de Souza, Demétrio Domingues (fundador
da Associação Paulista de Umbanda), a Tenda Espírita São Jorge (uma
das sete tendas mestras criadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas),
Benjamim Figueiredo, o Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo
da Umbanda, etc. 6
Ao longo da História um tema que tem sido muito discutido, pela
sua abrangência, são os pontos de força de um terreiro. Nosso irmão
Gilberto Angelotti faz uma interessante abordagem sobre o tema.
Da mesma forma, Alex de Oxóssi escreve com maestria sobre esse
tema e também sobre os obsessores, o animismo e a mistificação nos
terreiros de Umbanda. O saudoso Dr. Adalberto Pernambuco faz uma
interessante explanação sobre o marafo.

6. A maior parte das imagens deste livro pode também ser encontrada em nosso blog.

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Em seguida, temos um importante discurso do General Nelson
Braga Moreira, em 1965, durante as comemorações do 5º aniversário
do Primado de Umbanda do Estado de São Paulo, e um texto de Carlos
de Azevedo que mostra o anacrônico preconceito dos kardecistas em
relação à Umbanda. João de Freitas, tal como tinha feito Leal de Souza,
relata diversas visitas a terreiros do Rio de Janeiro no livro Umbanda,
na década de 1940. Em uma dessas reportagens aborda a polêmica e a
campanha movida pela imprensa e pela medicina contra o Espiritismo
e a Umbanda. Esclarece, ainda, uma dúvida muito comum que é o fato
de diversos médiuns incorporarem “a mesma entidade”. Encerramos
com a ampliação da pesquisa sobre o nosso querido Leal de Souza,
pois após a publicação do livro Antônio Eliezer Leal de Souza: o primeiro
escritor da Umbanda, muitos documentos sobre o poeta, ensaísta e jor-
nalista nos foram apresentados e não podíamos ignorá-los em virtude
da importância do brilhante escritor da primeira metade do século XX.
A pesquisa sobre a História da Umbanda está em constante constru-
ção. Esta obra, assim como as anteriores, é uma pequena contribuição
aos milhões de umbandistas que diariamente frequentam os terreiros
no Brasil e em outros países.
Os novos tempos da Umbanda já chegaram para aqueles que abra-
çam a doutrina com amor, dedicação e sem preconceitos.
Estamos sempre à disposição dos leitores para eventuais esclareci-
mentos e colaborações.

O nosso saravá 7 profundo!

Os autores

7. O escravo banto, quando chegou ao Brasil, precisou adaptar a sua língua ao Português.
Era difícil pronunciar a letra L. Acabava dobrando a vogal. Então a palavra SALVE tornou-se
SALAVE e depois SALAVA, o que acabou gerando SARAVÁ.

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A UMBANDA DE NOSSO TEMPO

por Ronaldo Antonio Linares

J á dissemos centenas de vezes, e milhares de irmãos já sentiram


na pele as dificuldades de ser umbandista. Nestes cem anos de
Umbanda, devido a muita coragem, trabalho e amor aos Orixás, a
comunidade umbandista, pouco a pouco, foi conseguindo seu espaço
com respeito. Lentamente foi desmistificando a religião e mostrando
às pessoas que Umbanda não é uma seita que atende a qualquer tipo de
necessidade das pessoas, incluindo o mal a seus inimigos. Ao contrário
disso, mostrou ser uma religião que recebe aqueles que necessitam de
cura, de amparo, de conforto e de amor. O umbandista era chamado de
macumbeiro, a oferenda de macumba e uma reunião de umbandistas
era coisa a se temer.

Com satisfação vemos que isso é coisa do passado. Hoje a Umbanda


é vista com respeito e seus praticantes não têm mais que se esconder.
Conseguimos nosso próprio espaço na sociedade e fazemos festas e
cerimônias em locais públicos, sendo bem recebidos e, não raro, somos
efusivamente parabenizados pelos funcionários de apoio dessas ins-
tituições públicas obrigados a assistir por conta de suas funções: ope-
radores de som, vigias, administradores, etc., que acabam admirados
pela qualidade do evento, organização e pelo nível das pessoas que os
frequentam.
Esses são os novos tempos da Umbanda!

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