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A Umbanda
Através dos Séculos
5ç, EDIÇãO
oaps.
I - A razão de ser deste livro.
II - O que significa a palavra UMBANDA.
III - A Umbanda através dos séculos.
VI - A verdadeira origem do primeiro homem que habitou
a terra,
V - Algumas religiões e sua origem.
Allan Karde,c,
VI - O Cristianismo - As religiões desmembradas do Cris-
tianismo. - Os reformadores (Valdenses - Wyclife
- Buss - Jerônimo e Luthero) - A era kardecísta
e seu fundador.
VII - Umbanda, futura religião do Universo - Domínio 0.08
espíritos.
VIU - A codificação da Umhanda - Trabalhos filosóficos
e doutrinários.
IX - Prova kármíca - Livre arbítrio - Reencarnação.
X ~ A falsa Umbanda que se pratica no Brasil - Tabus
- Imagens - Amuletos, etc.
PARTE PRÁTICA
XI - Ambequerê-Kibanda e o ritual arro-brasíleíro no
"Candomblé" .
xn - Como deve ser cultuada a verdadeira Umbanda
Sua verdadeira divisão.
Rio de JaneIro, RJ - 02818
6 ALUIZIO FONTENELLE
XlII -
Trabalhadores da Unha do Oriente - Entidades hín-
dus, suas indumentárias e rituais. I
ALUIZIO FONTENELLE
AL UÍZIO FoNTENELLE
iRMÃO! ...
VEM ...
PARTE Tf;ÓRICA
'J.,
· i.r
CAPÍTULO I
não pode haver dúvidas quando se afirma categorica- netrar nas escolas onde a Umband.a !o.sse encarada sob
mente que uma determinada teoria é ou não verdadeira, o ponto de vista científ~co e ~out~narIo... . _
nada mais fácil para! mim se toma, do que provar-Ihes Na segunda, já a minha tínalidade foi a de arrastar
o que acima foi dito. aos que têm o desejo real de encarar a Urn;banda como
Dessa maneira, desejo que fique bem patente tudo religião apontando-lhes aquilo que de sublime e de su-
o que acabei de expor, pois, a partir deste momento vou perior ~xiste por detrá~ do que o vulgo, sem base e ~e~
./
deitar por terra e discordar por completo, de todas as cultura, costuma apelidar de MACUMBAS, FEITIÇA
teorias e conceitos que da Umbanda fizeram e fazem
RIAS, etc. ,. d-
não só certos Urnbandístas, como também aqueles que, I
CAPÍTULO II
4: __ Estas são as origens dos céus e da terra, quando
foram criados: no dia em que o 8enhor Deus fez
o QUE SIGNIFICA A PALAVRA UMBANDA a terra e os céus:
5 _ E toda a planta do campo que ainda não estava
A palavra UMBlANDA . .fi' na terra, e toda a erva do campo que ainda não
ou ainda, etimOlogicamen:t:I~~:~~~ .N~ZUZ DE DEUS, brotava; porque ainda o Senhor Deus não tinha
Na Luz de Deus é, . ' . DIVINA. feito chover sobre a terra, e não havia :homem
por analogia, uma v~z ~: L~rmo por ml~ concebido
para lavrar a terra.
correta da palavra U~,ANDAZ D~VI~A, e a tradução 6 _. Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda
em PALLI (*) na ual f ' ca~pllada do original
ESORITURAS 'e q oram escritas as SAGRADAS face da terra.
que no seu GÊNESIS ., 7 _ E formou o Senhor Deus o ho'mem do pó da terra.
térando que a Bíblia na m . ja vem demons-
do que a traducão inc esma parte re~erida, nada mais
e soprou em seus narizes o fôlego da vida: e o
homem foi feito alma vivente.
(corno podemos ver' den~~~et~do I?al~z para o HebraicO 8 _ E plantou o Senhor Deus um jardim no Eden, da
vejamos então: . proprio Gênesís) e q'ue banda do Oriente: e pôs ali o homem que tinha
formado,
Diz a Bíblia: 9 _, E o Senhor Deus fez brotar da te'rra toda a árvore
agradável à vista, e boa para comida: e a árvore
Gênesis : da vida no meio do jardim, e a árvore da ciência
1 -- ASSIM os oéus e a terr do bem e do mal.
2 foram acabados~ a e todo 'O seu exército 10 _ E saia um rio do Eden para regar o jardim; e dali
- E havendo
que Deus acabado
tinha feít d no diia sétimo
,. a sua obra, se dividia e se tornava 'em quatro cabeças.
1 o, escansou no sétímodí ' 11 _ O nome do primeiro é Pison; este é I() que rodeia
a sua obra" que tinha feito. e ImOdia de toda toda a terra de Havilá, onde há ouro.
12 _, E o ouro dessa terra é bom: ali há o bdêlio, e a
(* ) Palfi: -- primeira lín . pedra sardônica.
que suas mais remota" índíca gua f_alada no Oriente Médio e 13 _ E o nome do segundo rio é Gibon: este é o que
~:a!quer tratado científico ~aboes
Amca.
=. c~~pmvadas através10,'dee
re a hístória da índia , Egít rodeia toda a terra de Cush.
ALUIZIO FONTENELLE
A UMBA.ND,A ATRAV~'DOSSÉc'ULOS 23~
14 - E ? nome do terceiro rio é Hidd .'
vai para a ban da d'o oriente da Assí
ekel, .Es~ e.: o que
to rio é o E'ufrates .a ssiria: e o quar- 25 .~ E ambos estavam nus; o homem e sua mulher;
15 E . . . e não se envergonhavam,
- tomou o SenlJ:wrDeus
jardim do Eden para o 1 o homem, e o pôs no
16 -- E ordenou o Senhor D avrar e o guardar. O mesmo Génesis, porém no seu original em Palii:
.,., toda a árvore do· jard~USao ho~e~, dizendo: De E Deus criou Adima e Eva, entregando-lhes uma parte
.1' .--, Mas da árvore da .A ~ comeras lIvremente da terra que lhes era especialmente destinada e que se
- ClenClado bem d .
nao comerás' porque no' e o mal, dela chamava IDEN, fazendo-lhes no entanto a terminante
certamente ~orrer~s, dJlaem qiUedela comeres, proíbíção de verificar o que existia fora daquelas fron-
teiras estabelecidas, dizendo-lhes apenas que, aquilo
pertencia aos Exus.
COMO DEUS CRIOU A MULHER Cumpre-me esclarecer, que o termo ADÃO foi co-
18 E d'lsse o Senhor Deus' N- .' ' b piado por analogia do seu original em Palli "ADIMA" ,
- e que, subentende-se esta analogia, urna. ~ez que no
esteja só: far-lhe-eiu'm aJO ,e om que o homem
como diante dele. . a aJudadora que esteja hebraíco, a pronúncia do "i~' aberto, é feita com bastan-
te dificuldade, o que podemos verificar para maior con-
19 '- Havendo pois o Senhor D cordáncía de minhas palavras, através do alfabeto he-
todo o animal do cam eus formado da terra
os trouxe a Ad- po, e toda a ave dos céus braíco, onde todas as letras cuja pronúncia correspon-
. ao, para este ver com lh ' de ao "i" empregado na língua Latina ou Nórdica, é
na; e tudo o que Adã o es chama-
viven,!e, isso foi o seua~~hamou a toda a alma substituído por acentos especiais que lhe emprestam o
;20 - E Adao pA me. som gutural.
, os os nomes a tod d ' Esclareço ainda, que o termo EXU,pertence ao ori-
ceu.s, e a toda a best dO o ga o, e as aves dos
h Oiffi:emnão se achava'a o campo',asm para o ginal PallJi, bem como ao original heimuco, tendo a síg-
. como díante dele. aJudadora que estivesse níf'ícação de: "POVOS".
21 -- Então o Senhor Deus fe . Cumpre notar que esa significação de "EXU" é
sobre Adão, e este adorm: ca~ um sono pesado empregada especialmente para significar um povo me-
suas costelas e cerrou ceu: e tomou uma das nos protegido, isto na concepção atual desse mesmo
22 - E da costela que o Se a carne em seu lugar. termo, empregado presentemente. nas Uonbandas, que
formou uma mUlher,~~r Deus tomou JO homem, distinguem essas entidades, como espíritos afeitos ao,
23 - E disse Adão: Esta; rouxe-a a Adao. mal, e, que naquela época referia-se a eles, porém, como
. e agora o d espíritos em estado embrionário de formação.
e carne da minha carne' s ss~ os meus ossos,
porquanto do varã foi te ta sera cha.mada varoa Voltando ainda ao que diz o Gênesis no seu origmal
24 _ Portanto dei , o o~ ornada, ' em Polli, sabemos que:
erxara o varao o se . Tendo no entanto Aâima o desejo de conhecer o que
e apegar-se-á à sua u pa~ e a sua mãe,
carne. mulher, e serao ambos uma era a vida fora daquelas: fronteiras, convidou Eva para
fazê-lo, ao que ela, receosa procurou mostrar a Adilma
que se assim o fizessem, atrairiam sobre si; a ira dei Se-
24' r: ALU 1 ZI O .s-o NT E N'EL'L E"
A UMBANDA ATRAVES DOS SÉCULOS 25
nhor, porém, acabando em perfeita harmonia de idéias,
manuscritos hebraicos, deixados por Ahrão, e hoje tra-
acompanhou seu companheiro Adima.. na perigosa tra-
vessía ... duzidos em diversas línguas.
Ao fazer essas comparações, quero mostrar ao dis-
E ne~te mesmo instante, abrem-se os céus descen-
tinto leitor que, antes de exístir a Bíblia, já existia
do "VINU~",(*) e transmitem-lhes a palavra 'do Cria-
dor, que fOIassim pronunciada: "TURIM EVEI TUMIM muita 'coisa escrita sobre a mesma matéria, [emdiversas
UMBANDA..DARMóS". . , línguas e que divergindo essas teorias sob múltíplos
aspect~, deu origem à criação de inúmeras religiões,
. po: analo~ia, e por não poder absolutamente dar a
tradução perfeita dessa frase, devido a que essas pala- muitas das quaãs ainda hoje existem espalhadas pelo
mundo inteiro.
~ras representam ul? segredo de alta iniciação, o qual
e dado a conhecer aqueles que possuem o grau de sa- Da própria Bíblia, surgrram duas religiões distintas:
cerdotes, por se tratar de alta magia, vou no entanto a BATISTh\ ea CA'DõLICAAPOSTóLICA ROMANA;
traduzi-Ias da seguinte maneira: sendo que esta última tomou um maior increme:nto, di-
"Por ordem de Deus é dado o teu destino " vidíndo a opinião dos povos, sendo que no Brasil, dada
"M'ultiplicai~vospois, e. uma vez que transg~~distes a nossa formação social, ela é a religião predominante,
os s~us mandamentos, tereís agora em encarnações su- devendo-se isto tudo ao podenio do TRIBUNAL DA IN-
eessrvas, Ú' aperfeiçoamento da alma, até ganhardes de .QUISIÇaO,. que dominou intensamente a velha Europa,.'
novo o RJillNODA GLÕRIA. e que, forçou-nos a adotá-Ia inteiramente, porque outra
"Baíxou sobre a face da terra, a luz da lJImbanda." não foi a nossa concepção e instrução religiosa.
. E de~ta fo!ma,. podemos verificar que, sendo o oe- Após ter o leitor tomado conhecimento de que existe
n~Sl1.S escnt? .!1lamais de 15 mil anos, pois, até esta data algo mais antigo que a Bíblia, e o que, a esse respeito
fOI transmItIdo segundo a própria lei pelo sistema da foi escrito, está compilado em uma língua hoje morta,
KabbaZah, o que impossível se torna determinar-se a por forças das circunstâncias, mas, que naquelas eras,·
pata da sua co:upilação, mas que, subentende-se facil- predominou de modo total, sendo que ainda nos, nossos
mente ser anterI~r ~o prime~ro Iivro de Moysés. dias, pelos avançados estudos de letras clássicas que f~-
Segundo a Bíblía, M~ys'essubiu ao monte Siruü; pa- zernos através das Universidades nas Faculdades de FI-
ra receber de Deus as Tabuas da Lei, que reunia em si losofia, é que podemos determinar que do SÂNSCRITO
os d~z mandamentos; no entanto, no original escrito em originaram-se quase todos os atuais idiomas. Cíhegamos
fJa,Zlz, esses, mesmos mandamentos já eram conhecidos também à conclusão de que, esta língua mater, teve
milhares .de a~os antes do advento do próprio Moysés, origem em um passado remoto do idioma Palli, e que,
e outrossím, so nos foram dados a conhecer" através dos posso sem nenhum receio de errar, afirmar que, se o
Paiii já se perde na poeira dos séculos, a palavra UM-
BtANDAtambém se perde, pois, no Gênesís dos "VE-
.' (,~) Vinús - na terminologia Palli, significa: Espíritos DAS", ela é pronunciada pelo VEHBO DIVINO.
~uro~, segundas pessoas de Deus, e por analogia subentende-se Pelo exposto, quero completar aqui, que a palavra
COmOyEM. MA~UEL, e, que na religião' católica' é denominado UMBANDA,foi pronunciada pela primeira vez, quando
por ••esns- Crísto ,
pela primeira vez o homem transgrediu a LEI DIVINA.
A UMBAND~ ..ATRAVÉS DOS S~CULOS 27,
26 AL U I ZI O F O'N T E NE L L E
diz: _ nenhum termo análogo pode ser formado, 9.uan-
a
Portanto, 'lógico se torna minha afirmativa em ch- do na eoncordãneía direta não exista a conoo!dân~la: dos
ser-vos que" a UMBANDA veio aJOmundo, quando o princípios; o que quer dizer claramente: .nao exístíndo
mundo entrou na sua primeira formação social, isto é: na língua africana e em nenhum dos dialetos negros
quando na terra apareceu o primeiro casal que foi existentes no mundo, a palavra UMBANDA, foi por .esses
ADÃO eEVA. escrítores, e Babalaôs de Orixá, formada a analogía do
Acontece porém, que a maionia daqueles que se dis- que os escravos pronunciavam A.MBEQUER"E:-KJIBAND'A,
põem a escrever ou mesmo comentar sobre o termo que significa: Graruie Cura,ndezro.., e que esses ~esmos
UMBANlDA, em seu princípio etimológico, pecam pela senhores querem tornar analogo a 'palavra UMBANDA,
base, ao afirmarem que a Umbanda nos foi trazida pelos como uma variação ou defeito de lmguagem.
escravos africanos que aqui apertaram l1JQS meados do
Século XVI, quando nem ao menos se lembram de que Pelo exposto, pode-se facilmente verificar que, não
uns pobres escravos, sem a menor formação de cultura, existindo numa língua uma determinada palavra, como
e, praticando algo que nada de semelhante existe no pode a essa mesma língua, ser atribuída a paternidade
que se pratica atualmente nessa; seita, pudessem ínter- do termo?
ferir na concepção de um povo já algo mais adiantado En.tretanto como a Nnalidade desta obra, é mostrar
e mais esclarecido, uma vez que, a estes pobres escravos, ao mundo o que de verdadeiro existe na concepção desta
era-Ines negado até o direito de viver, quanto mais, de religião, que, uns classificam de ESPIRITISMO, outros
ditar regras religiosas a uma nação que cambaleante de MAGIA BRANCA e a maioria chama de UMBANDA,
tentava dar os seus primeiros passos de progresso. misturando-a de todos os modos, e procurando ínterpre-
Lavro aqui no entanto, o meu preito de gratidão a tá-la de todas as maneiras; vou em continuação a este
esses heróis anônimos, que com o suor de suas faces, e capítulo, discernir de um m~do clar~ e efici~nte, todos
muitas vezes vergastados aos rudes golpes dos chicotes; os seus porquês, a sua evolução através dos séculos, d~~
e atados aos pelourínhos, constituíram os alicerces de de os pníncípíos da formação do mundo, da er~ km·decz.s-
uma nação que hoje desfruta das honras de pertencer ta do candoblé e finalmente, até os nossos dias atuaís,
ao conclave de nações que formam o poderio universal. . o~de o home~ procura adaptá-Ia ~ era progressista
Quero deixar patente também, que, respeito e acata que atualmente atravessamos, embora incorrendo em
as suas concepções religiosas, que, embora afastadas em grave erro por desconhecer Integralmente a sua verda-
grande parte da realidade, não deixam de ser no entan- deira finalidade, a sua verdadeira origem, os seus ver-
to, na sua forma empíríca, uma prática da ciência espí- dadeiros rituais" etc.
rita; mas, quero também lembrar ao meu prezado leitor - A esses mesmos homens a quem foi dado o direito
que, aquilo que os escravos africanos importaram do' de descobrir a síntese das maiores maravilhas que vêm
continente negro, foi o que se denomina de "CANDO- beneficiando a humanidade, inclusive a desintegração
BllÉ" , e agora: falando a esses escritores e BABALAôS do Á'DOMO; a esses homens quero mostrar o Alfa e o
DE ORIXÁ que por aí pululam aos montes, tentando Omega da maior expressão Divina que é a UMBANDA.
tíeturpar e fazer confusão da verdade, que, quando fala- Com o firme propósito de esclarecer tudo quanto
rem ou escreverem no sentido etímológico de um. termo, existe de verdadeiro, nesta concepção religiosa que é a
lembrem-se primeiro da grande fórmula cíentírlea que
28 A L U I Z 10 •.FO N T E N E L L E
Este fato foi mais uma conseqüência da Lei do Equi- chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho
líbrio Universal, pois, a partir dessa época, a terra seria Enoch:" .
dívírtída em duas facções ou ralanges: a do BEM sob a Jmpossível se tornaconeeber-se a veracidade dessa
proteção de Deus e a do MAL Boba força destruidora passagem bíblica, porque, sendo Caim e Abel os prim~i-
de Satanaz. , ros filhos de Adâo e Eva, e, uma vez morto Abel, Caím
Ainda, segundo o Velhio Testamento, Adão e Eva conhecera uma mulher com a qual se casara e dessa
conceberam dois filhos: Caím e Abel, nos quaís devido união nascera um primogênito. Donde teria vindo essa.
ao pecado, as duas poderosas correntes estavam perreí- mulher?
tamente representadas. Abel, era a encarnação do Bem, Vamos procurar interpretá-Ia ...
ao passo que em Caím, incorporava....se o Mal. Primeiro: - Por suposição; uma vez que, alguns
Guiado pelo mal, Caírn, atraiu para si a semente da anos se passaram entre a morte de Abel e o casamento
maldade, germinando em seu coração a vingança a de Caím, poderia ter se dado o caso de que novas gera-
inveja e ,Q ódio, matando a seguir o seu próprio irmã~. cões se formaram da parte do terceiro filho de Adão e
A partir deste momento, a maldição de Deus atingiu Eva, o qual se chamou Seth; e, desse vínculo da família
a terra,. regada pelo sangue inocente de Abel; e por sua 'tenha surgido então a mulher que Caim conhecerae
vez, .Ca~, ao ser chamado à responsabUidade pelo seu com a qual se unira.
ato índigno, mergulhou-se no caos da degradação e do Segundo: - Também por suposição, poderíamos
castigo. interpretar esse fato, baseando-nos nas teorias Científi-
Conhecendo-se a existência do Génesis, escrito se- cas, as quais procuraram provar a existência de outras
gundo a própria lei, pelo sistema que se denominou de criaturas humanas, concebidas pelo fenômeno denomi-
Kaballah, há mais de quinze mil anos, ou melhor: muito nado "transformação", no qual o homem passava por
antes .do aparecímento do prvmeíro livro de Moysés, no diversas fases, até chegar ao estado da suacontormação
q~e ~IZ respeito a~ velho. testamento tão decantado pela atual. Nesse caso poderia conceber-se perfeitamente
Bíblia Sagrada, ja se tinha dele conhecimento antes esse estado de coisas, uma vez que, seria bem possível
me~mo ~o aparecimento do próprio Moysés, e que a se- que Caim, ao emigrar para outras terras, viesse a encon-
guir, o irmao deste, Ahrãn, os escreveu posteriormente trar um elemento feminino em condições idênticas às
na língua hebraíca, compilados entretanto do verdadeiro suas.
original rou: Terceiro: - Ainda por suposição, poderíamos per-
Existe numa das passagens bíblícas, um ponto bas- feitamente acatar a teoria de Darunn, quando afirma
tante obscuro, no que diz respeito à expulsão de Adão que o homem descende do macaco; e, assim sendo, po-
e Eva do paraíso, ao qual poderemos dar várias ínter., deria ter sido provável o aparecímento da mulher de
pretações, Cairo, oréunda de uma dessas tribos símíescas,
Diz a Bíblia:
Por outro lado, formulo eu a minha concepção.
Gênesís 5. O primeiro homicídio. Interpretando esse fato, tendo como ligação, não o
. J 7 - E conheceu Caim a sua mulher e ela conce- principio da formação terrena, e sim, o incidente havido
beu, e pariu a Enoch: e ele edificou ~ ctdade., G nos paramos .celestíaís, quando o Senhor IJe.us, destí-
42 ALUIZIO FONTENSLL. A Ui\mANDA ATRAWS DOS seoutós 43
tuíndo-a LUCIFER do seu elevado. cargo. junto. ao. Im- "E disse Deus: produza a terra alma vivente con-
pêrso Celeste, atirou-o sob a pecha de "EXU" (traidor), ~orme a sua espécie; gado e répteis, e bestas feras da
juntamente com a sua corte (POVO DE EXU), para terra conforme a sua espécie; e assim foí" . . . .
o. reino. das trevas; e que, esse remo era justamente "E disse Deus: Façamo.s o.nomem à nossa Imagem
o.infinito ou "uâcuo" onde mais tarde se daria, segundo. conforme à nossa semelhança: e domine sobre os peixes
a ciência, a formação das nebulosas, entre as quaís es- do. mar, e sobre todo. o réptil que se m?ve sobre ,a. ter-
tava a própria terra. ra" . .. "E criou Deus o. homem à sua unag~:" a ~:
Ao. manifestar-se a vontade e o. poder divino em gero de Deus o. criou: macho. e fê~ea: os criou .;' ' 10.1
criar os mundos, todo o ~osmo.s se movimentou. Cria- o dia da criação de todos os animais da terra e do.
ram-se os planos: do. espírito, da energia, da matéria, e aparecimento do homem, o sexto dia do mund? .
da mardtestoção; a seguir, a Vo.Zde Deus projeta a sua "Assim os céus e a terra e todo. o. seu exercito. to-
J'ontade através do infinito, transmutações se processam ram acabados. E ha~endo. Deus acabado no dia sétimo a
e mudam de estado. Do estado extátíco potencial, passa sua obra, que tinha feito, descansou no. sétimo dia de
ao estado dinâmico; re tudo entra em movimente.
Formam-se turbilhões de átomos, que gravitando em
toda a sua obra, que tinlha feito.". .. foi o.,d~ em 'u:
Deus descansou e destinou ao. descanso, o. setuno e últí-
torno de si próprios, manifestam-se com irradiações de mo. dia da criação. do mundo.
calor, de luz e de vida. IÉ o. énícío da formação dos
mundos, e o.princípio. de todas as cousas, * * >I<
Surgem os dias do Gênesis descrâto por Moysés: Explicada entretanto pelaciêndia, a fo.rmação ,?-O
"Haja luz - e houve luz". Este foi o primeiro dia mundo, concebe-se que, pelo }enômeno. da g;avItaçao,
do mundo. girando os astros em torno de uma força centrífuga, deu
"E disse Deus: Haja uma expansão no meio das origem à formação de uma grande neoutosa, a qual des-
águas, e haja separação entre águas e águas" '., foi prendendo tragmentos, e uma vez esgotada.a torça cen-
o. segundo dia do mundo. trífuga de propulsão estancaram em determinado Po.~t?,
"E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos passando a girar em torno do núcleo. central da prnm-
CéU3num lugar; e apareça a porção seca, e assim foi" ... tíva nebulosa descrevendo. suas próprías órbitas. Pelo
foí o.terceiro dia do. mundo. fenômeno. do.'atrito r e continuando a girar com, •
velocl-
•
"E disse Deus: Haja luminares nas expansões dos dade cada vez maas crescente em torno do próprio eIXO,
céus, para haver separação. entre o dia e a noite; e sejam acabaram por incendiar-se, ocasionando. a iluminação
eles sinais e para tempos determinados e para dias e ou luz formando-se deste modo todo o. sistema plane-
anos" . '. foí o.dia da criação. do sol, da lua e das estre- tário. À. seguir, devido ao. resfriamento da superrícíe de
las, o. quarto dia do. mundo. . cada um dos fragmentos deslocados, rormaram-se .as
"E disse Deus: Produzam as águas abundantemen- crostas, as quais isoladas por camadas multiforn;es per-
te répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da. mitiram a procnlaçâo de seres vivos e de vegetais,
expansão dos céus" .. , foi o.dia da criação. dos peixes e
dospássaros, 9 quinto de exístêncía do mundo. .
A UMBANDA ATRAWS DOS Sl!:CULOS 45:,
44 A t 'u I Z I O ,F O NT EN E L L E
COMO SE COMPREENDE O MUNDO
Por outro lado? ~ncarando~se a formação dos mun- ESPIRITUAL
dos, pela parte espiritual, cOfl:Cebe--seaté certo ponto a
~ontade de Deus, que com a ajuda dos espirítos constru- Sendo o "Espaço" habitado por espíritos, esses por
tores, dota~os de grande evolução hierárquica executou ua vez animam 05 seres vivos, constItuindo o que se
a sua gradíosa obra. ' onhece nas Ieís espíritas com o nome de Mundo Espi
J
, .Esses grandes espíritos, co~. autoridade de poder, íbual. Sendo inúmeras as categorias dos espíritos, e
e como exe~u~ores da vontade dívína, passaram a exer- or terem sido emanados das Leis divinas, são dotados
cer uma atI~lda?-e perfeita na execução e no cumpri-
A e inteligência, e sentimento. Encarados sob o ponto de
mento da açao dma,?1ica ditada pelo Verbo Divino. vista fluídico, pois outra não é a sua condição nos di-.
. Com a revotução sofrida nos diversos planos espí- v rsos planos espiritua.is, correspondem as suas forças
rltuaís, ~ ao término da formação dos mundos, foram os fluídícas, aos planos ou esferas vibratódas nas quaís se
Exus atirados para a terra, que deixou de ser treva desde manifestam. Ao espírito humano após a desericarnação
o momento em que surgiu a luz. omente lhes é dado a consciência da liberdade, após
<?'ormose tratava de espíritos puramente inferiores terem atingido no grau humano, a verdadeira compreen-
e afeitos ao mal, foí-Ihes dada a ordem de perambulare~ são; daí a concepção que se faz de um espírito que pos-
ora em 'estado embrionário de formação, ora pertencen- sui personalidade, ao manifestar-se na condição de
~es c?mo entes encarnados, a um tipo de raça puramente l'Egun" (espíritü de morto).
ínteríor, com. todas as características animais. Acredi- Todos os seres sepirituais habitam os Espaços Infi-
ta-se 9-~eo Pitecamtropo-erecto, de Java, tenha sido uma nitos e, somente quando lh!e's é permitido, descem ao
transição dessa espêcíe de seres. mundo material; e, de acordo com ,a Lei K.ármlÍca, muitos'
~~r outro lado, antes de existirem as raças Adâmi- são obrigados a passar por inúmeras. provas e experiên-
cas, ~a outr~ raças se lhes anteciparam. Eram homens cias terrenas, para fins unicamente purJficadores.
obscuros e bárbaros, grosseiros e egoístas, que não fa- Segundo a escala hierárquica dos espíritos, exístem.
lav~m como homens comuns, e sim, expressavam-se por três clases desse habitantes dos planos espirituais:
meio de, s~ns ~turais acompanhados de gestos horren- Espíritos Inferiores ou atrasados, compreendendo
dos e.'ll11mlc.asl~concebíveis. Alímentavam-se como ver- toda a casta de elementos maus, ignorantes, sofredores,
dadeíros animais, e seus olhos não conheciam lágrimas obcessores, etc., que não possuindo luz espil'lltual, são
e nunca riam. Seus prazeres eram gritos de besta-fera' obrigados por uma lei de justiça, a fhabitar o reino das
e suas d?res roucos gemidos. Fugiam da luz preferind~ trevas, sob o domínio do roio de Exu. Esses seres estão
a obscuridade e as trevas. ' localizados ora no espaço trevoso, no humbral, ou na
. Vol~ando agora ao ponto de partida, quando formu- crosta terrestre, na qualidade de espíritos encarnados ou
181 a minha co~cepção sobre a origem da mulher que d,e3cncarnados. Esse plano inclui todas as falanges do
pertenceu a caím, ~c~edit(). que tenha sido um desses mal. sob o domínio e direção de Exu-Reí Luoífer, da-
seres, na forma femmma, a companheira daquele ue tados entretanto de grande força maléfica.
for~ exortado por ~eus, ao cometer o primeiro horclcí- Os Bons Espíritos, integrando as falanges dos coope-
dío; e por essa razao, coube-lhe por castigo essa união radares do Bem, são encarregados dos trabalhos de au-
uma vez que, aos maus cabe o lmal.' ,
46 ALUIZID FONTENELLE
sesse O seu. nome oculto; e uma vez que lhe fora revela- Pelo exposto, podemos tirar conclusões perteítasso-
do, deu a Horus 03 seus dois ~ollhos"
o Sol; e a Lua. ore as crenças antigas, comparando-as com as crenças
Horus é considerado o Deus ma's importante do do mundo moderno.
antigo Egito. Ele .~ representado como um deus solar, As divindades tomaram nomes diferentes, porém,
'figurando no céu com um grande rosto, em cujos olhos, os cultos se compreendem numa mesma condição, na
direito e esquerdo são vistos o sol e a lua; o rosto dessa qual, O' sobrenatural faz parte integrante de todasas
divindade está emoldurado por quatro madeixas de ca- Ideologias relígíosas,
belo, ou pelos quatro filhos de Amset, Hapi, Duamutefe Comnaremos !015 deuseaegípcios com os deuses dos
Quebehsonuf. nossos aborígenes, e com as entidades máximas que se
Entre as divindades que se conhecem através da his- cultuam nas Umbandas, e veremos nitidamente a seme-
tória religiosa do Egito, conhecem-se ainda: .Seb, a terra; lhanca Que existe nos cultos da natureza, nos fenôme-
Nuit, o céu, divííndades cosmogônícas de culto local. nos solares, e principalmente na evocação dos mortos,
Tum, senhor de On (Heliópolis) no Baixo-Egito, consi- onde se concebe de um modoclarol e ãnaotísmável, a
derado como deus solar. lusas (deusa) esposa de Tum. crença na reencarnação.
fFtah, ,.grande deus de Mênfis; Totunen-
' , Sokaris, deus
runerano, etc., etc. ,AS RELIGIõES BABILôNICAS E ASS1RIAS
Todos os deuses egípcios formam legiões, entre as
quaís também .se destacavam os agentes do mal ou de- Sabe~se que os povos semitlcos da região norte.vou
mônios.Entretanto, quando o Egito saiu do seu isola- sejam: Babilônios, Arameus, Assíríos e Fenícios, estão
mento, entrando em contato com a Asia, Africa, etc., jnteiramente lígados.no que diz respeito à sua linguagem
outras dívíndades ficaram conhecidas, e Inúmeras cren- e pensamentos, Quanto às religiões, têm todas elas um
ças se formaram em torno das divindades estrangeiras. núcleo comum.
Um fator preponderante que influiu em todos os No ramo arameu, em virtude da sua dispersão, so-
conceitos relígíosos dos povos egípcios, f,oi o culto lar- mente em alguns lugares O'seu culto se centralizou. NO
gamente dlfundido na crença de além-túmulo, onde a Jenício, Entretanto, a sua reügíão foi muito mais, desen-
, morte, a sepultura, e a v,ida espiritual, constituía a base volvida.
principal dos seus mitos e superstições. O embalsama- As religiões deses três estados tinham em comum
mente, por se tratar de 'uma operação complicadíssima, o .culto de uma divindade feminina, com o nome de Istar-
era ~xe'c~tado.pocr nomens encarregados das necrópoles, Astartéa.
e. obedecia a nt~al todo próprio. As múmias eram depo- , A' religião babílôníca é reconhecidamente um na-
sítadas em sercoragos de pedra, de madeira ou mesmo turalismo políteísta ou a.nda, representada como a- re~
de papelão, e sobre elas colocavam-se os amuletos, os ligíâo de um povo puramente agricultor, vivendo num
quais asseguravam ao morto o direito, de empreender a país sumamente fértil. Na concepção que faziam sobre
'SU!;1. última viagem.
os fAnômenos que representavam o curso diário dos as-
',' .Osseus túmulos eram chamados de "casas eternas", .trose o retorno 'anual das estações, são paraeles mctívos
'~ entre muitos, conhecem-se as célebres pirâmides, nas ,~e tO'das as alegrias e esperanças. Tinham n.a,l'epl'e$~Jk"
.q~~i~,~eJl~positaY~mos. corpos dps :r?i,s ,~' !rnperadores. tação quotídíana '90"$91 ,~ à,a lu.ª" a,,~@~~~I'!,~;, §º.$
A UMB'ANDA ATRAVÉS DOS - stcULOS .t~l'
. Estando afastado de sua pátria por longo período tros deuses, são considerados como sendo os espíritos
de tempo, e desesperado pelo fato de ter perdido sua punifícados dos primeiros antepassados da nação. Para
muíner, seu filho, e seu melhor discípulo, de nome Yen Contúeto, a moral verdadeira, era a própria perfeição.
hoei, resolveu o mestre voltar ao seu torrão natal, con- Considerava a moralidade como sendo superior à
sagrando-se durante o resto de sua vida ao ensino de própria natureza, e como pertencendo ao primeiro prin-
sua doutrina. cípio da formação do universo.
Conseguiu reunir perto de 3.000 discípulos. Morreu Acreditava ainda que: "O céu e a terra são qram-
com a idade de setenta e três anos, em 479' antes da era des sem dúvida:; no entanto, também neles o homem
Cristã, tendo antes revisto os Kings, e dado um último encontra imperfeições"; e, por isso, considerando a re-
impulso às suas obras de literatura e filosofia. gra moral como <O> maior dos fundamentos; dizia: "o
mundo não pode contê-ia",
Não morrera entretanto a grandiosa obra de' Con- Pregava e recomendava como principais virtudes, a
lúcio, pois, seus discípulos ao continuá-Ia, propagaram- moderação, a justiça, e, sobretudo a humanidade.
na através de todo o imenso território chinês, tornando- Foi Confúcio quem afirmou muito antes da exis-
a base da civilização chinesa e princípío fundamental tência do próprio crdstíanísmo, um dos seus princípios
'das soeãedades, que até os nossos dias são seguidos por essenciais, ou seja, a doutrina: "Procede para com os
todas as classes sociais do Império Chinês. outros como quererias que eles procedessem para
Os Reis '€' Imperadores, ao votarem-lhe honras contigo".
divinas, mandaram erígír-Ihe templos e estátuas, te-
cendo-se em torno de sua memória um culto de vene-
ração como o verdadeiro benfeitor da grande nação
chinesa.
Um grande amor pela humanidade, revelam as obras
filosóficas de Confúcio, nas quais, o Ta-hio (grande es-
tudo), o Tchrung-ywng (fixidez do meio) e o Lunq-
yu, bem demonstram o princípio básico no qual se fun-
damenta a doutrina divina: "amar d próximo como a
noo mesmos".
Baseado no sistema sobre o qual o homem tem de-
\Veresrecíprocos com relação entre: príncipes e vassalos,
pais e fílhos, povo e governo, criou o princípio no qual
se fundamenta a família, na qual devem ser encarados:
O' respeito aos pais, o culto aos antepassados, o zelo ao
nome, numa fórmula de perfeita conciliação entre os
/seres.
Corno verdadeira religião nacional, instituiu e ínsís-
(tiu no culto dos antepassados, onde o Chang-Ti e os ou-
A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 75
antes da reforma religiosa já possuíam eles.a Bíblia ma- pouco, a ponto dos reis e nobres negarem a autoridade
nuscrita, traduzida em sua própria língua. papal, recusando-se a pagar os seus tributos à igreja.
Como verdadeiros seguidores de Cristo, sofreram O reformador foi chamado a defender os interesses
também a perseguição e o vilipêndio. Suportando toda da coroa britânica contra as pretenções de Roma, e du-
a série de iniqüidades, continuaram a testemunhar a rante dois anos foi o embaixador real, junto aos Países
verdade de Deus, e embora perseguidos de morte, lança- Baixos. Voltando à Inglaterra, foi nomeado pelo reí,
ram a semente da reforma, que continuou com as obras reitor da Universidade de Lutherworth.
de Wycliff'e, Huss, Jerônimo, Luthero e muitos outros. O papada romano decretara a morte de Wycliffe
porém, o papa que assinara a bula, morrera antes de ver
JOHN WYCLTffFE executado o seu plano de destruição do reformador .
Citado mais de uma vez perante os tribunais ecle-
Muito tempo antes da reforma, com exceção dos cíátícos, Wycliffe vencera, e com ele, o "Protestantismo"
Yalâenses, os povos não puderam ler a Bíblia, em vírtu- dera os seus primeiros passos.
de da existência de apenas alguns exemplares, bem como
pela imposição da igreja católica; que o proibia termi- JOÃO HUSS E JERÓNIMO
nantemente. Entretanto, no século XlVI,surgiu na In-
glaterra um homem que foi o arauto da reforma não Joll,oHuss, nascido na Boêmia, ,filho de pais humil-
só para o seu país de origem, como também para o be- des, iniciara seus estudos numa escola provincial, con-
nefício de toda a cristandade. tinuando na Universidade de PTaga, como estudante de
Esse homem foi John Wyeliffe, que lançou o seu caridade, os seus conhecimentos .de humanidades. Fa-
veemente protesto contra Roma e suas arbitrariedades . zendo rápidos progressos e distinguíndo-se pela sua in-
. John Wyclíffe, recebera uma educação liberal príví- fatigável aplicação .aos estudos, em pouco grangeava a
legiada, e, concebia o temor de Deus como princípio de simpatia e estima geral. Uma vez completado rapída-
toda a sabedoria. Como conhecedor profundo da flloso- mente os mais altos degraus, foi admitido na corte.,sen-
fia escolástíea, e perfeito manejadordas leis civis e dos do a seguir nomeado professor, e maís tarde reitor da
cânones ?a igreja, não hesitou em mostrar os erros que Universidade onde havia começado seus estudos.
se cometiam contra a verdadeira finalidade do crístia- Anos após o recebimento das ordens sacras, foi João
nísmo , Ainda como estudante, aprof'undou-se no estudo Huss nomeado pregador da ca.pela de Belém.
das Sagradas Escrituras, as quais ro existiam escritas Por essa ocasião, um cidadão por nome Jerônimo,
em línguas mortas, e assim, encaminhou a sua obra re- filho de Praga, tendo trazido da Inglaterra os escritos
formadora. de Wycliffe, associou-se a Huss; e este, lendo minuciosa-
Wycliffe,denunciando os abusos e erros sancionados mente esses escritos, coníderou-o perfeitos e resolveu en-
pela autoridade romana, veio trazer as luzes da razão veredar pelo mesmo caminho que o seu autor, afastan-
e s~us.ensinamentos ,c?meçaram a exercer poderosa in~ do-se completamente de Roma.
flu:,ncla sobre os espíritos diretores da nação. Por esta Durante algum tempo sofreu da mesma forma que
razao, os chefes católicos não viam com bons olhos a 'o primeiro reforrnador, todo o ódio do império papal, e,
força dominante que o reformador alcançava pouco a mais tarde, aliando-se definitivamente a Jerônímo, em-
80 ALUIZIO FONTENELLE A U~ANDA ATRAVÉS nos :SÉCULOS 81
preenderam ambos a obra meritória da reforma que Firmando-se nos seus princípios, embora certo das
avançou rapidamente. ' conseqüências que lhe acarretariam suas idéias, passou
Inúmeros incidentes acompanharam a vida desses a negar sucessivamente a autoridade do papa, o celibato
dois denodados retormadores. Primeiro foi Huss, conde- d?s padr.es, a jerarquia, os votos monásticos, o purgató-
nado à morte pela fogueira, e a seguir, Jerônimo, após no, a missa e o culto aos santos. Por esse motivo exco-
várias citações perante os tribunais inquisitoriais roma- mungado, e ainda, por ter queimado na praça pública
nos, foi também levado à fogueira, por não ábjurar da de Wittemberg a bulla do papa, fato esse passado em 16
sua oposição contra os mandatários da igreja. de dezembro de 1520. Tendo sido citado perante a Dieta
d~.Wor!lls em 1521, Luthero ao apresentar-se ante o con-
CIlIofOIdest~rrado do império, em virtude da recusa de
MARTINHO LUTHERO submeter-se as ordens papais. .
Contando com o apoio do seu protetor Frederíco de
Dentre os reformadores que se incumbiam de guiar Saxe, ficou Luthero oculto durante dez meses no cas-
a igreja, e tirá-Ia das trevas do papismo, destaca-se Mar- telo de Watburgo, onde principiou a escrever numerosos
tinho Luthero. panfletos. A seguir, de 1522 a 1526 percorreu toda a Ale-
. Tendo nascido em Eisleben (Thuríngía) , em 1483, manha, pregando a Reforma. Casou-se com Catarina de
.Martinho Luthero, reformador religioso da Alemanha, Bore, em 1525, e no período compreendido entre 1526 a
passou a sua juventude na cidade de Mansfeld. Era Lu- 1529, trabalhou no sentido de organizar a sua igreja,
th~ro descendente de camponeses, e muito jovem, com contando com a colaboração de Melanchton, que segun-
a Idade de i14 anos, foi mandado para a escola latina de do a história, foi o principal autor da confissão de fé es-
Magde·~)Urgo, de onde se passou para a de Eisenach, logo palhada em Augsburgo, em 1530.
a seguir. Em 1505, recebeu na Universidade de Erfurt, Perigava entretanto a sua obra, em virtude da guer-
o grau de mestre em filosofia; Tendo entretanto inter- ra dos camponeses; porém, a formação da liga de Sma-
rompido os seus estudos de direito, entrou para o con- kald, em dezembro de 1530 assegurou-o sobre o futuro
vento dos Agostinhos de Erfurt, recebendo em 1507 o da sua grandiosa obra de reforma. Em 1534, estalou a
sacerdócio. Publicou entre os anos de 1516 e 1518 as revolta dos anabatistas, sendo a seguir imediatamente
obras de Tauler e o pequeno livro de Teologia Germânica. abafada. Luthero empregou os últimos anos de sua exis-
Concebera ness.a ocasião a idéia central da sua teologia, tência desenvolvendo a sua doutrina, defendendo-a con-
na qual concebia que: "o homem caído, privado de Deus, tra as objeções dos seus antagonistas, e mesmo do exa-
para sempre incapaz de sair do seu nada, é salvo pela gero de alguns de seus seguidores ou discípulos, que pre-
pura graça de Deus". Com o advento das "indulgências" tendiam modificar-lhe alguns conceitos. Luthero muito
postas a venda por imposição do papa do romano, ofere- sofreu com o Estado da Alemanha, e segundo alguns,
ce~~se.a Luthero a ocasião própria para a ruptura com acredita-se que se tenha suicidado, sendo entretanto in-
a Igreja de Roma. Luthero atacou o ínquísídor Tetzel verídica essa Suposição.
(1517)., sendo obrigado, por esta rebelião, a refugiar-se Como escritos que o identificaram, fícou-noã; além
em Wíttemberg, sob a proteção de Frederico, eleitor de da sua tradução clássica da Bíblia, inclusive os seus co-
Saxe. mestários (1522), a célebre carta à nobreza alemã, es-
A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS
gratidão pelo muito que fez em prol das. cau- é nunca uma 'arma de ataque e de devastação. Procure-
sas espirituais, pois que, embora, nunca te- mos evoluir material e espiritualmente, e estou certo de
nhàsido "MÉnrUM", procurou iluminar o es- que a nossa condição humana se tornará cem por ce~to
pírito da humanidade inteira, instituindo e ~ proveitosa. Avancemos pelo mundo, procurando cnar
formando uma concepção perfeita, no que diz em vez de destruir. Aproveitemos 03 ensínamentos que
respeito a evocação dos trabalhadores do nos são ministrados pelos "Guias Espirituais, e, pode-
bem, que militam nos diversos 'planos espiri- mos estar certos que; tanto os Espíritos de Luz do Kar-
tuais. . , decismo, como os"Pretos Velhos" e "Caboclos" de' Um-
.,
84. A L U I Z,IO F ONT E NELLE
A mvmANDA ATRAVl1lS DOS Sli:CULOS 8'5
"banda, e os ((OrixáS da Quimbanda", nada mais são do
que os verdadeiros missionários da fé. comerciais e, no silêncio dá noite, dedicava-se em escre-
Todos os fenômenos que surgem atualmente na ter- ver gramáticas, aritméticas e outras obras didáticas,
ra, tem a sua razão de ser; e por isso, estudemos com bem como fazia traduções de livros alemães e ingleses.
/ o devido carinho todas as manife~tações espirituais e, Foi professor das cadeiras de filosofia, astronomia, quí-
chegaremos a um ponto no qual nao haverá mais dúvi- mica e física, no Liceu Polirnático. Dedicando-se ao estu-
das quanto. ao aperfeiçoamento do homem, que foi ídea- do do magnetismo, veio por esse motivo, travar relações
ltzado e criado a imagem de Deus. de amizade com o magnetizado r de nome Fortíer, que
lhe falou sobre o caso das mesas girantes, fenômeno esse
ALLAN KARDEC que atribuía ao magnetismo. Fortier dizia-lhe que não
só era capaz de fazer uma mesa girar, como também fa-
Nunca é de mais enaltecer ou mesmo rememorar a lar e responder às perguntas, fato este que suscitou a in-
existência na terra, de homens que pugnaram pelo en- credulidade do jovem professor.
grandecimento de uma causa nobre; e, neste caso.ien- Assim se expressou Léon Riv.ail: "Isso acreditarei se
contra-se a situação privilegiada de Allan Kardec. me provarem que uma mesa tem um cérebro para pen-
. Eis portanto, em síntese, a sua verdadeira bíogra- sar, nervos para sentir e que se pode tornar sonâmbula" .
fia: Não mudou entretanto de idéia, pois, ao assistir ao
, L~ON HIPPOLYTE D~NIZART RLVAIu, foi o no- fenômeno das mesas girantes, criou suas próprias con-
me que na terra recebeu o fundador do Espiritismo na vicções, considerando o caso como um simples estudo
França, e que adotou o pseudônimo de ALLANKARDEC. magnético. Entretanto, como costumava freqüentar a
Nascido em Lyon, na França, em 1804, ali começou os casa de uma determinada família por nome Baudin, que
seus primeiros estudos, para completá-Ias mais tarde na se achava instalada à rua Rochechouart, onde se realí-
cidade de Yverdum, na Suíça. Teve como mestre o céle- zavam sessões hebdomadárías, ali iniciou seus estudos
bre professor Pestalozzí, de quem foi um dos mais desta- espíritlstas , Não fossem as insistentes solicitações de
cados e eminentes discípulos. Completou o curso de ba- alguns membros da família, e de pessoas que freqüenta-
charel e:~ ciências e letr~sl, formando-se logo a seguir vam a casa, entre as quais se conheciam: Carlotti, René
er,nmedícína , ~o ~ransfef1r-se para a capital da França, Taillandier, Thíedeman-Manthêse, a família Sardou e
ai ~u~dou um Instituto de ensino nos mesmos moldes do Didier, teria Léon Rivail, abandonado completamente o
colégio de Yverdum, admitindo como sócio, um seu tio espiritismo, em virtude das suas inúmeras ocupações.
materno. Por infelicidade sua, seu sócio, deixando-se do- Aconteceu entretanto, que essas mesmas pessoas, lhe
minar pelo jogo, em pouco tempo arruinou-o, deixando- confiaram 50 cadernos contendo manuscritos de comu-
lhe de saldo após a liquidação do instituto, apenas a ím- nicações espirituais, para, que ele os coordenasse e estu-
portâncía de 45.400 francos, que Léon Rivail resolveu dasse. Bor sua vez, por intermédio de um dos médiuns
d~positar ~m casa de um negociante, que por sua vez da casa, foi-lhe dada uma comunicação na qual lhe dizia
VIera.a falir, dando-lhe desta maneira um prejuízo total. que no tempo dos DRUIDAS, chamava-se ele ALLAN
Contínuando na luta, apesar do duplo revés sofrido, re- .KARDEC, e esse espírito que se manifestara, ordenara-
solveu o moço encarregar-se da contabilidade de casas .lhe que se dedicasse ao estudo das manifestações espiri-
tuais, e que ele próprio se. encarregaria de o auxiliar
:86 , A'LUIZIO 'FONTENELLE A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 87
nessa penosa tarefa. Foi pois, por intermédio desse bon- Não descansemos; pois a tarefa a ser cumprida é
doso Guia Espiritual, que Léon Rivail, iniciou grandiosa bem árdua, e o mundo, ainda precisa passar pela sua
obra. C?m os esclarecimentos prestados por esse Guia, verdadeira fase de recuperação. O EspirituaUsmo virá
e te~ndoJuntado todos os cadernos, e da 'composição e da forçosamente com o tempo, e com ele, outros brahmas,
fu~ao de todas as perguntas e respostas, formou o seu coníúcíos, kardecs, etc., surgirão.
primeiro livro, que se íntítulou O LIVRO DOS ES'PíRI- Aproveitemos todo o tempo de que dispomos, para
TO~, cuja primeira edição foi dada à luz do público, em um exame perfeito de consciência, e, logo vamos ter a
Abnl de 1857, adotando o seu autor, o pseudônimo de certeza de que o trabalho a ser feito para a reconstru ...
ALLANKARDEC, com o qual se tornou universalmente ção, será muito maior do que para a destruição. As fa-
C'onhecid? A s~guir.,.fun:I0u a Revista Espírita, que sob langes espirituais não. dormem, e seus conselhos nos che-
a sua oríentação e' direção, foi publicada pela primeira gam rápidos e firmes, dando-nos perfeita consciência da
vez em Janeiro de 1858. penosa tarefa a ser cumprida.
Já em 1.0 de Abril desse mesmo ano, fundava.a So- Continua de pé o fenômeno que impulsiona todas
ciedade Espírita de Paris, que em 1860 conseguira ins- as condícões humanas. Continuará o homem a pesquí-
talar-se em sua sede própria. sar através do sobrenatural; aquilo que ele julga perfei-
Encetando diversas viagens de propaganda em prol to. e que o levará ao "Nirtana", das teorias de Buddha;
da sua doutrna, Kardec visitou Sem, Lyon, Mâcolfl., Saint- ao "Céu', dos Católicos e Protestantes; ao "Reino de Aru-
Etienne e Borâeaua; vindo a falecer em Paris, no ano anda" da Umbanda, e ao "Reino de Oluru.m" da Quim-
de 1869. ,banda. ,.' ,'" .
Vivera portanto 65 anos, o fundador e principal orí- E continuará através dos séculos, a ordem divina:
entador de uma doutrina que ma-is tarde iria revolucio-
nar a ciência,- e que se alastraria através dos mundos ,
numa evolução constante, em prol de descobrir a que TURIM EVEI, .TUMIM,UMBANDA, DÂRMÔS,
exístealém da vida material. "Baíxou sobre a face da terra Luz da Umbanda",
Façamos um minuto de silêncio em homenagem
àquele que prestou o seu tributo de honra em benefício
da nobre causa espiritual; e, não esqueçamos também,
aquele ESPíRITO DE LUZ, que ajudou Kardee na com-
pilação de sua obra redentora e amiga, de vez que a ele
tudo se deve, por ordem do Pai Onipotente.
Aproveitamos ainda esse mínimo espaço de tempo,
e com os olhos semícerrados, volvamos às páginas do
passado, e evoquemos as figuras ímpares de Moysés,
Bra,~n:a, suaano; Coniúcio. Wyclijje, Luthero, Huss;
Jerônimo, etc., que foram outros tantos espíritos ílumi-
nados por Deus para dar orientação aos que se encontra-
vam num mundo de obscuridade.
A UMBANDA ATRA ~S DOS sJ!:CULOS 89
atingiu um determinado grau de elevação espiritual é Essa finalidade na manítestação dó espírito en~re-
não voltará mais à terra. Entretanto, o que aconteceu tanto, foge à regra geral, quando o rnédsum rece~.~
fol 6 seguinte: Esse Guia recebeu a incumbência de incorporação de um "~~UN" (esp~ito de mort<», pelo
doutrinar um novo médium, neste ou em outro planeta, lato de que esses espírütos, por :r:a:opossuírem rorça
isto é: teve necessidade de prestar em outro lugar a sua fluídíca, embora possuam Luz Espzrztual (quaJ?-do.<:>,~:.
cooperação ou "caridade", a fim de elevar-se espiritual- píríto é bom, e O' que deseja fazer tem uma fI?ahdã<I~
mente. Com o afastamento dessa entidade, oucro espírí- boa), tem necessidade de tomar posse verdadel~lt~?~~,
-to passará a influenciar aquele aparelho, embora já não do' aparelho (médium mconsciente), pa!a a tra~sm~s_~~
Júija necessidade de doutriná-lo, "domesticá-Io", porque das ordens que recebe e que foi íncumbído de tránsmítir
'ó' terreno já estava preparado. Esse é um dos Inúmeros aos entes encarnados.
easos que acontecem na vida de milhares de médiuns . Para finalizar, aquele que conseguir ~e provar, co~
'qÚe trabalham no espírítésmo,
fatos verdadeiramente palpáveis, que e~ta e?1desac2r??
Como até aqui ainda não provei o que desejava, com o meu ponto de vista, a esse d~rel a mmhl:l.ma~o.}l;
vejamos agora o seguinte caso: palmatória. Caso contrár~o, mantenI:0 e rnant~~L~~S.~'
, . Ao afirmar que os bons médiuns trabalham únícà- concepção, até que as mmha~ ,«e1}:~:dc:-des,~spz~~t1!:~z.~.
inexte recebendo das entidades astrais a força espiritual eóritradígam o que por intuiçao me fízeram conceber.
'ÓUé ós caracteriza, provo da seguinte maneira:
- Algum médium, que tenha saído do lugar onde
trabalha, já conseguiu encontrar o seu "GUIA PROTE-
TOR" , b~ixado -- em outro .. médium, sendo ímedíatamente
.. ..
~,-•. --."
".
'iêcô:hlheéido pór ele? . '. Não acredito que tal fato ténha
"ãfõ'líté-cidó;:' poís, "O fato' ele- 'fulconti'âr' ihúriiérós piét6s
108 AL U r ZI o ' F oNT ENEL L E
o erro dos que praticam atualmente' a Umbanda, Ofato da Umbanda lidar com espíritos dessa natu-
está não só nas suas concepções, como tambémno modo reza; nãoquer dizer que se mantenham certas tradições
como a cultuam, pelo simples fato de quererem íntro-. africanas, e nem tão-pouco sejamos induzidos a seguir
duzír no seu ritual elementos de outras religiões, indo certos preceitos que bradam contra a opinião pública,
de encontro ao pr.ncípío fundamental dessa Lei. em completo desacordo com as normas que se deveriam
seguir, cultuando uma Umbanda melhor conceituada e
Numa verdadeira Umbanda, não devem existir abso- perfeita, tal como o desejam e exigem certas entidades
lutamente altares, onde se preste culto aos santos que de grande lu~ espiritual.
a igreja católica canonizou, pois isso acarreta um mís- Para que não surjam dúvidas quanto à minha aflr-
tícísmo incompreensível de adoração a fetiches criados
pela igreja católica, em completo desacordo com as Le's
°
matíva e meu ponto de vista sobre como' deve ser en-
carado o verdadeiro culto da Umbanda, no capítulo XII
de Cristo, que foi bem explícito em determinar: "Nada voltarei ao assunto, para mostrar-Ines como deve ser
se faça à minha imagem ou semelhança". Portanto, es- cultuada a verdadeira Umbanda, e qual a sua verdadeira
ses bonecos que enfeitam os altares das igrejas e de inú- divisão.
meros centros espíritas, nada mais representam do que
uma desobediência às Leis de Deus. TABUS, IMAGENS, AMULETOS, ETC.
Por outro lado, certos rltuaís utilizados nessa falsa É muito comum utilizar-se nas diversas práticas da
Umbanda de hoje, estão em completo contraste com a Umbanda, o uso de "tabus", "imagens", "amuletos", e
nossa evolução moral, material e espiritual. O que se o.utr.os apetrechos próprios das religiões puramente re-
faz, é misturar rituais bárbaros provindos do aírícanís- tíchístas. Entretanto, a religião católica, embora não
mo, com práticas católicas e concepções kardecistas o estando enquadrada no rol dessas religiões, costuma em-
que não condiz absolutamente com uma Umbanda cem pregar nos seus cultos muita coisa idêntica com a
por cento divina, e diferente daquilo que o vulgo aceita intenção de atrair 015 seus fiéis incutindo-Ihes' no espí-
e cul tua como emanada de Deus. . rito o uso desses apetrechos. ' .
Deve-se em grande parte essa tremenda contusão, Asslm vemos as medalhas com imagens de santos,
ao fato de que os médiuns que deram início a essas prá- os terços, rosários, etc. que nada mais são do que uma
ticas, nenhuma cultura possuíam, e nem tão pouco se representação simbólica de tudo isso. .
inclinaram a elucidar certos fenômenos espirituais: Que se utilizem todos esses objetos nos diversos cuL
Criando nos seus subconscientes a mentalidade de que tos religiosos, ainda estou de acordo; porém, o que não
as entidades, pretos velhos, caboclos, etc. tinham que se posso conceber, é que sejam eles encarados corno oriun-
sujeitar à linguagem e práticas observadas nos terreiros dos de coisas divinas, depositando-se-lhes uma fé exage-
de QC1imbanda, (poís outra não foi a escola na qual rada e sem fundamento, o que acarretaria voltarmos
tiveram o seu princípio), adotaram esse sistema, que até novamente ao Culto Pagão das Divindades.
hoje vigora, e v.gorará até que os próprios espíritos, por Até um certo ponto, sou de opinião que se deposite
ordem divina, modifiquem inteiramente esse modo de uma confiança írrestríta em "patuás", "amuletos", etc.,
manírestar-se, quando se tratar de magia, e quando a finalidade desse»
122 .123
objetos seja unicamente por uma questão material, isto bora mudamdo-lhes o aspecto; pois as cruzes; as meda-
é : para dar sorte em negócios, etc., por urna ~imples- -lhas onde estão gravadas as imagens de santos, etc.
questão de superstição, pois, acredito que ahumanidade nada mais representam do que simples amuletos. , '
inteira jamais deixará de acreditar nessas coisas. Digo, , 'lÊ preciso não confundir .0 a:nul~toco.m o s~u ~inô-
ísso pelo fato de que, conhecendo perfeitamente a Magia, nimo "talismii"; pois, o talísmã nao se traz, íntima-
posso muito bem assegurar a grande influência que esses mente ligado à própria pessoa, tal como se da com o
objetosexercem no subconsciente das pessoas, transfor- amuleto. Aquele, segundo certas crenças, possui uma
mando-Ines por completo o seu, modo de agir e pensar. virt,ude mais intensa. Segundo alguns, o amuleto pode
, Como a finalidade deste capítulo é tratar justamen- afastar os peúgas, as doenças e até mesmo evitar a mor-
te dessa questão, vou, em poucas palavras, descrever a te de quem o possui; ao passo que o talísmã, 3:1é!ll.des-
origem e o porquê do uso desse objetos, para que aque- ses mesmos dotes, possui o poder de atacar os immigos,
les: que nada conheçam, possam orientar-se a respeito. ou afastá-Ias definitivamente.
AMULETIOS TABUS
A palavra amuleto vem da língua latina amuleiumi; , A palavra tabu, de origem poli~ési31'.traz ~ signUi~
com a mesma significação. O amuleto é representado cação de: sagrado. tÉ uma crença mitológâca, orIUnda de
por uma medalha ou objeto Semelhante, que as pessoas instituições religiosas da oceania, e principalmente da
trazem consigo, por uma questão de superstição, e ao Pollnésía. O tabu representa 'um caráter sagrado em
qual 'atribuem a virtude do afastamento de imalefí- determinada pessoa ou coisa, a qual constitui uso proí-
cíos, doenças, olho çranâe, etc. bido.
Foram os povos Galdeus,' Egípcios e Persas, os prr- Segundo a enciclopédia, a palav.:'a tabu" com os ,~e-
melros e introduzir a crença dos amuletos, desde tempos rivatívos de tapu. e kapu, em certos dialetos, 'e um oposto
ímemoriaís. Também os Judeus os usavam, com as mais à palavra noa, a qual era aplicada a toda pessoa ou ~ou-
variadas interpretações. Os' amuletos consistiam na re- sa cujo contato ou uso podia ser indepe~d~nte ou livre,
presentação, em: forma de fíguras, de deuses, como anéis sem constituir perigo algum. Segundo. inúmeras cren-
mágicos e mesmo fragmentos de pergaminhos sobre os ças religiosas, podiam ser ~abus quaisquer seres ou
quais se encontravam gravados os seus caracteres sagra- objetos os quai.s eram respe1tados como cousas sagra-
dos, ou mesmo as inscrições de livros sagrados. Da mes-. das. Os' chefes, os sacerdotes, os feiticeiros, os cadáveres,
ma forma; os Gregos e Romanos conceberam o uso dos as mulheres em determinadas condições, etc. represen-
amuletos, .devído talvez às relações que trataram com tavam verdadeiros tabus. Quando os tabus se referiam
os povos asiáticos. a objetos, armas ou apetrechos de guerra, eram consi-
,Segundo a hístórãa das religiões, e enciclopédias, o derados invíoláveís, e sujeitos aos mais tremendo~ ~~ .•
uso dos amuletos teve larga repercussão durante, ao ida- tigos aqueles que os violassem. Em a~guma.s. r~11glOes
de média, na qual todas, as religiões cristãs deles se utí- fetlchístas, os tabus representam objetos dívínos, e
l~aya:m~ElnboJa ,cohdenados pela igreja católica, não acreditavam plenamente nos castigos por parte dos deu-o
de~ou:ela. de-introduzir .essa .erença nos amuietosr.em- séS;·11 quem sé atrevesse a violá':'los;, , ' ",' ," :.
·A UMBAND,A ATRAVÉS DOS SÉCULOS 125
Os tabus também representavam divindades, bem
como, faziam parte das indumentárias e rituais de ínú- sentam do que uma intensa propaganda católica, com a
meras crenças religiosas dos povos antigos. finalidade única e exclusiva de conseguir-se maior nu-
Na época atual, já o tabu praticamente não existe, mero de adeptos, e conseqüentemente, maior renda para
prãncípalmente no Brasil e outros países, onde a cívilí- a suntuosidade do Vaticano.
zação procura dar um cunho de maior progresso, não Ainda chegaremos à conclusão de que, quando o
admitindo certas teorias que não condizem com o adían- homem encarar devidamente as questões relígãosas, não
tado grau de cultura destes tempos modernos. Entre- se deixará imbuir por falsos princípios e falsos credos,
tanto, em alguns países como na Africa, Asía, etc. ainda guiando-se unicamente por uma força superior e divina,
perduram, em certas crenças, essas concepções mito- a qual não admitirá absolutamente o 'fenômeno da fé,
lógícas. baseando-se naquilo que se vê, e sim, naquilo que: se
sente. Essa, será a sublime condição da Umbanda. Mos-
IMAGENS trar a verdade, onde ela verdadeiramente se encontra.
Encaradas somente sob o ponto de vista religioso,
as imagens são as representações de figuras humanas,
simbolizando cultos religiosos, nos quais se apresentam,
principalmente na religião católica, os mártires da cris-
tandade.
Essas imagens não deixam de ter o seu simbolismo
tabulesco, uma vez que pela igreja católica é considera-
do ímpío, ou hereje, todo aquele que as menospreza.
Contrários a essas representações simbólicas, foram to-
d?S .os reformadores, e por essa razão, nas concepções
bíblícas e protestantes, esses símbolos não são absolu-
tamente concebidos.
. As imagens sacras foram instituídas pelo papado de
Roma, em completa ínobservãncía aos ensínamentos
cristãos, e surgiram com a finalidade de incutir, no es-
píri.to dos leigos e ignorantes, a idéia de fixação real das
e?tldades consi?eradas celestíais, para melhor proveito
tirarem do sentimento humano, na questão, de ver para
crer.
No Brasil, as imagens nos foram trazidas pelos sa-
cerdotes catequizadores, e a primeira missa aqui rea-
lizada, bem como as procissões que se realizam, trans-
portando-se imagens, nada mais representaram e repre-
(. "
CAPÍTULO XI
Surgiu desta forma uma nova religíão no Bra... da verdadeiramente nos princípios e ensínamentos do'
síl, na qual os seus praticantes, na maioria elemen- Mestre, e mesmo dedicando-se ao culto das evocações
tos incultos e maus, procuraram criar em' torno des- com o mundo astral superior" terá a denominação de
sa nova seita um mito de que as suas práticas eram ESPIRITUALISMO. Essa será a verdadeira Umbanda, a,
dedícadas exclusivamente à evocação das falanges de Umbanda que J:sus Cristo praticou na Terra, e a única
Exus, entidades essas dirigidas pelo Agente Mágico Uni- que permanecera sobre a face da Terra, de vez que todas
versal (Demônio ou Satanaz).
as demais relígtões desaparecerão, ou se fundirão nela.
Em virtude do aparecimento, no Brasil, da religião COMO SE CULTUA VERDADEIRAMENTE
surgida na França, baseada na concepção filosófica de O "CANDOBLÉ"
Allan Kardee, denominada' ESPIRITISMO, no qual se
confirmava a presença dos espíritos dos mortos, nas reu, Conforme expliquei anteriormente o CANDOBLlÉ
níões realizadas com o fim de evocá-los, alastrou-se pelo surgiu primeiramente no Estado da B~hia oriundo da
Brasil inteiro a crença no sobrenatural, e por fim, in- mistura de rituais praticados pelos escr~vos que ali
conscientemente denominou-se de Espiritismo, a todos apertaram, vindos dos diversos países aos quais estavam
os rituais e crenças fetichistas trazídas pelos negros afri- s~bmetidos e que, ramificando-se através dos estados
canos. círcunvízínhos, foi pelo próprio povo erroneamente de-
nominado de Umbanda , E pelo fato da pluralidade
Passam-se os anos, .. desses cu!tos, o termo Umbanda também se pluralízou.
O homem branco, procurando imiscuir-se com os
Infelizmente, denominam-se UMBANDAS todos os
negros, e dotado de mais capacidade e cultura, aprovei- cultos fetichistas que se praticam no Brasil. '
ta grande parte dos rituais praticados nos Candoblés,
nos Canger.ês e mesmo na Quimbanda; e, com o advento ° CiANDOBLE não deixa de ser uma religião" ou
melhor: é uma verdadeira religião; pois, assemelha-se
da Lei Aurea busca melhores desígnios nessas crenças, e
concebe o que hoje, erroneamente, conhecemos com o às demais religiões que pratícamrítuaísevocatívos das
nome de UMBANDA, a. qual, alguns escritores querem en.tidades dos planos Astrais, superiores e inferiores,
fazer crer, também é oriunda dos povos africanos. tal~ como as c~nças: Ortod.oxa, Positivista, Ançlicana;
Ao ser dado' erroneamente o nome de UMBANDA a B~amane, , ~udzsta, Coniucionista, Protestante, ma-
essa reunião de credos, nos quais se encontram:' o ESPI- nuca, Catolzca, etc. nos quaís acredita-se na existência
RITISMO de Allan: Kardec, os cultos NAGú, BANTU, de seres sagrados, onde se encara o fundamento da fé.
GÉGE, MAL)!:,LOANDA, AMERíNDIO, ete., inclusive o ? candoblé simboliza perfeitamente os Cultos:
próprio CATOLICISMO, criou-se uma tal confusão, que Nago, Bantu, Gêge, Malê; GUiné, Amerríndio Cabinda
se tornará sumamente difícil retirar-se esse nome dessa Bençuela, Loanda, etc. tanto de origem afri~na co~
ameríndia. .
religião que se alastrou de tal modo pelo Brasil inteiro,
que ser~ prererível continu.ar ~omo está, a fim de que Não deve o Candoblé ser considerado ou encarado
nao surjam maiores complicações e maiores embaraços como ciência,. e sim como religião, pelo fato de que,
aos seus praticantes e adeptos. CIÊNCIA é a incerteza de fatos ou condições que se nos
~ preciso entretanto que se separe o joio do trigo, apresentam na vida :naterial, de um modo permanente,
poís, surgirá no futuro uma nova relígíão, a qual basea- estando por esse motívo aguçada a nossa curiosidade em
134. '~ALUIZTO :FON'T'ENELL:B A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 135,
descobrir a verdade palpável, ou melhor: quando que- 1.0) Os chamados ESPíRITOS DE LUZ,encarnan-
remos ter certeza absoluta daquilo que se ignora; e, por do as forças da Natureza, considerados como
conhecermos apenas uma parte, formulamos hipóteses, ELEMENTAIS. São os espíritos evoluídos que
até a conclusão de que aquilo realmente existe. se projetam através dos planos superiores do
mundo Astral, e que aceitam, como qualquer
Por outro lado, RELIGIÃO é a crença naquilo que elemento humano, os AMALAS (comidas de
não se vê onde se formulam dogmas, que devem ser santo), quando incorporados nos seus mé-
aceitos apenas por questão de fé. É acreditar sem obje- diuns. .
ção nas verdades reveladas, que vão passando de gera-
ção a geração, acreditadas apenas por aqueles que se- 2.0) 0'S EGUNS ou espíritos desencarnados, consi-
guem este ou aquele culto. . derados como ELEMENTARES. São as almas
ou espíritos dos mortos, ou ainda: os espíritos
Sabendo-se que religião é todo culto que contém humanos que ainda não atingiram as mais al-
O seu cortejo de divindades, ou TEOGONIA; a sua LI- tas camadas espirituais do mundo astral, su-
,!:URGIA ou Cerimonial; e os seus oficiantes ou pratí- jeitos, muitas das vezes, a novas reencarnações.
cantesque obedecem a uma classificação hierárquica,
po.sso af~~ar que o C!andoblé é na realidade uma per- 3.0) Os EXUS ou espíritos diabólicos, considerados
feita relígíão, verdadeíramente integral em todos os sen- como servos ou escravos dos Orixás, servindo
tidos. de intermediários entre os Orixás Menores e
o homem. São essas entidades que se incum-
'Tanto a teogonía, como a líturgía e a hierarquia bem de castigar os filhos de fé quando erram,
que se pratica no Candoblé, não passam de uma mistu- de vez que aos Oríxás não é dado o direito ao
ra de credos, os quais variam de conformidade com as castigo e tão-pouco se incumbem da prática
seitas afro-brasíleíras. No entanto, as suas práticas são
do mal.
perfeitas, e tudo o que se distingue como fazendo parte
do seu ritual define-se de um modo claro e ínsofísmável., Com relação à escala hierárquica dos praticantes,
A composição dessa seita, inclui na sua teogonía a iniciados ou sacerdotes do culto no CANDOBL,Éconhe-
crença nos seus deuses, considerados como ORIXAS ce-se como chefe principal o chamado PAI DE SANTO
MAIORES, constituindo o que se denomina de SUPRE~ com outras denominações tiradas dos dialetos negros,
MA CORTE DE ARUANDA,onde as mais altas divinda- tais como: BABALAô, BABALORIXA, BABALUAÊ, ou
des .irradiam para a Terra a sua força fluídica, sem no ainda: Chefe de Terreiro, Senhor de Olurum, Chefe de
entanto darem-se ao trabalho de baíxar neste planeta. Rebanho, Príncipe de Umbanda, etc. etc. no lado mas-
Possuem no entanto esses Orixás, os seus subalternos, culino; e MÃE -DESANTO ou BABA, no lado feminino.
os quais, com a denomínação de Orixás Menores, tra- A seguir vêm os OGANS; homens que dirigem os
zem até nós as ordens e as irradiações que desejam es- trabalhos de incorporação dos médiuns, ajudando o PAI
palhar sobre a Terra. DE SANTO, na entoação dos pontos. cantados e zelando
Como entidades superiores, consideram os pratícan- pela perfeita ordem dos terreiros, e que atuam. como di-
t~s do Galldoblé, os seguintes: . rigentes materiais dos trabalhos.
136. A L ur zto F..O.NT:E RE LJ;,;:m' A UlY1~ANDA' ATRAV'tS DOS' SJí:,CULOS 137.
, Seguem-se, as denominações Pequenas Mães ou "JI- guição, fingindo que admitiam perfeitamente os deuses
BONANS''',encarregadas de tudo quanto diz respeito ao cristãos, dizendo que na sua linguagem os seus deuses,
ritual, isto é: danças, despachos e preparo das ínician- eram os mesmos deuses católicos.
das, quando após passar pelos períodos de iniciação, es- Desta maneira, criou-se um novo mito, e até os nos-
tarão aptas a trabalhar em público. sos dias, os praticantes dessa seita evocam a XANGO
Como intérpretes e ajudantes do Pai de Santo, vêm (ou Bérí - Chefe do Oyó, capital de Yoruba, terra de
os Cambonos, que ainda com as denominações de Cam- negros Nagôs), como SÃO JERóNiMO; a TIMIM ou TI-
bones ou Cambondos, são os encarregados de preparar MIM-OXIOE ou simplesmente OX:OCE, como SÃO
e facilitar a chamada dos fílhos de fé, ao se dirigirem SEBASTIÃO; a OGUM-GBONKAou OGUM, como SÃO
ao Babalaô. JORGE; a XAPANÃ, ou OBALUAU:,como SÃO LAZA-
A seguir, encontram-se os irmãos de seita ou me- RO; a INHANÇÃ ou IANÇÃ, como SANTA BARBARA;
lhor: Filhos de Santo (homens) e Filhas de Santo (mu- a OXUM ou AXUM, como NOSSA SENHORA DA CON-
lheres), denominação dada a todos os médiuns julgados CEIÇÃO; a IEMANJA ou IAMANJA, como NOSSA SE-
em condições de incorporar ou receber os Orixás Meno- NHORA DA GLÓRIA, etc., ete.
res, Esses médiuns são também chamados de: cavalos, Depositam os praticantes do Candoblé a sua crença.
aparelhos, moleques" etc., quando manifestados, isto é: num Deus Supremo, considerado o PAI DOS ORlXAS,
quando incorporados com os seus Guias Espirituais. encarado como o criador dos mundos e rei supremo da
lf'inalrnente, vêm os músicos ou componentes da corte de "OBATALA", considerado esse reino também
CURIMBA; encarregados de executar os hinos e batu- com o denomínatívo de "SUPREMA CORTE DE
ques próprios para facilitar a aproximação dos Orixás. ARUANDA".
Como instrumentos' utilizados pelos praticantes do Para o 'povo de Nagô, esse Deus SUpremo denomí-
Caruioblé, conhecem-se os "aiaoaques", "macumbas", nava-se Olurum, o qual também é assim conhecido na
"tambores", "gingês", "alabés", etc. os quais num ritmo prática da Quimbanda.
ensurdecedor, acompanham os cânticos de guerra e as Acontece, porém, que esse Deus tomou várias deno-
evocações dos bravos "Orixás" . . minativos, de acordo com os demais cultos, e assim,
para O'S negros Bantus, Angoleses, Loandas, Costa-Afri-
COMO SURGIRAM AS DIVINDADES DO canos e muitos outros, é conhecido com os seguintes'
"CANDOBLÉ" nomes:
zomu, Zambi-Maior, Senhor do Bomfim ·(pelo povo
Das lendas africanas, surgiram as divindades prin- da Bahia) , Ganga, Ganqa-Maior, Malungo, Zambiapun-
cipais, que com a denominação de Orixás Maiores, são go, Arué-Zambi, etc. etc.
evocados nos terreiros onde impera o CANDOELÉ. Tendo o culto Nagô, por terem os seus descendentes
Acontece no entanto, que, com a ímposíção sofrida pe- em maior número, dominado totalmente os demais
los negros, quando os missionários católicos proibiram cultos negros, foi considerado o mais perfeito, e por
terminantemente que eles praticassem esses cultos retí- , essa razão, seus Orixâs prevaleceram em todos os ri-
chístas, admínistrando-lhes entretanto as crenças ca- tuais fetichistas.
tólícas, esses negros procuraram furtar-se à perse-
ALMIZIOFONTENELLE A UMBANDA. ÀTltAVJi:S DOS :Sl!:CULOS
Assim, são eles evocados: com os respectivos' retí- arco e flecha, frigideira de barro, pedra. Insígnia:
ches, amalás, curíadores, indumentárias, etc. arco e ·flecha. Indumentáría: verde. Amalá: carne
OXALA, OBATALA, ZAMBI, SENHOR DO BONFIM, de carneiro, galo e milho verde.
OLURUM (Chefe Supremo da Corte Celestíal) -
Jesus Cristo na Lei Católica. - Para evocá-lo, usam IBEGI ou NABEIJADA - São Cosme, São Damíão e
os praticantes da seita os seguintes fetiches: anel Daum na Lei Católica - (Gêmeos, protetores das
de ouro, chumbo ou prata. Como ínsígnías: um crianças) - Têm como fetiche suas próprias ima-
bastão de pastor com pequenos sinos e um alrorge gens, representadas por três garotos, trazendo nas
ou bolsa de pele de carneiro. Como amalá, oferecem- mãos um bastão recurvado e na outra uma palma.
lhe: carne de cabra e pombos. Vestem-se de branco, Amalá: bombons, balas e doces. Cor da índumen-
usam contas brancas e pulseiras de contas brancas, tária: rosa e branco. Cor das contas: várias cores.
e cor de cumbo. O dia preferido para a sua evoca-
ção é às sextas-feiras. OMULU, OMULUM ou XAPANÃ - São Lázaro na LeI
Católica (Deus da peste, principalmente da varíola.
OGUM, OGUM-MEG.Ê!, OGUM DAS 7 ENCRUZILHA- Considerado na Lei Quimbanda como dono e Se.
'. DAS, OGUM NARU.Ê!, OGUM ROMPE-MATO, nhor dos Cemitérios) - Fetiche: caveira, píaçava
OGUM-IARA, OGUM-MALEI, OGUM-NAGô - com búzios, velas de sebo. Insígnias: lança, caveira,
São Jorge na Lei Católica - (Chefe das demandas, tridente de Exu. Amalá: bode, galo preto, acaçá,
espirituais, deus da guerra). - Fetiche: pá, foice, farofa com azeite de dendê, pipoca, orobó. Cor da
lança, bigorna, malho, enxada, ferro. Insígnias: lan, indumentária: verde, amarela. Cor das contas:
. .ça e espada. Amalá: carne de bode, -cabeça de boi, preta e branca ou verde e preta. Pulseiras: bronze
galínhola (galinha da Angola), galo. Indumentá- ou latão. Dias sagrados: quintas-feiras. Curiador:
ria:' todas as cores, porém, de preferência: verme- rnarafo, azeite de dendê, sangue de galinha.
lho. Colares contendo enfeites de todas as cores.
Pulseiras de bronze e ferro. INHANÇA ou IANSÃ - Santa Bárbara na Lei Católica
""--(Deusa do vento e da tempestade. Deusa da vin-
XANGó-AGODô ou B~RI - São Jerônímo na Lei ca- gança) - Tem como fetiche: pedra 'meteorito.
, tólíca - (Rei da cachoeira, chefe das quedas dágua Insígnia: espada e o raio. Amará: bode, galínha;
e das pedras, deus do relâmpago) - Fetiche: me- acarajé. Cor da indumentária; vermelha e verde.
teorito. Insígnia ou ponto: lança e machadinha. Contas: de cor vermelha coral. Pulseira: cobre, la-
Amalá: galo" tartaruga, bode, caruru, rabada de boi tão. Curiador: cerveja branca, água de cachoeira.
com agrião. Indumentária: cor roxa ou vermelho-
cardeal. Contas: de cores vermelha e branca. Pul- IEMANJÁ ou IAMANiJÁ - N08sa Senhora da Glória na
seiras: de latão. Seu dia sagrado: quartas-feiras. Lei Católica - (Deusa da água salgada) - Fetí-
che: conchas e estrelas do mar. Insígnias ou pon-
OXOCE, O:XOCE DAS MATAS, etc. _ São Sebastião na tos: leque, espada. Amalá: pombo, milho verde,
Lei Católica - (Rei e Senhor das .florestas, .chefe bodeeastrado. Cor da índumentáría: vermelha,
das matas, deus da caça) - Tem como fetiche o azul-escuro, cor de rosa, branco. Contas:. ",pingo-
140'A LUI ZI O F o N T E N E L L li: A UMB'ANDA' ATRAWS nos ...sncur.os 141
d'água", "águasomarinhas". Pulseiras: aíumnío, XANGô-CAó - São João Batista na Lei Catôlíca t-«
prata. (protege os que sofrem por injustiça). -Fetiche:
carneiro. Insígnias: cruz de Cristo, bandeira e ca-
OXUM ou AXUM - Nossa senhora da Conceição na jado de pastor. Amalá: Cabra, galo, porco. Indu-
Lei Católica - (Deusa dos rios e da água fresca) -:... mentária: vermelha. Contas: vermelha, branca, cor
F€)tiche.: pedrinhas roladas. Insígnias: leques" sinos de rosa.
pequenínos, espelhos, Amalá: peixes do rio, taínha, EXU - (Satanaz - demônio - Deus do mal- rei das
cabra, galinha, feijão fradinho. Contas: amarelas trevas) - Fetiches: barro, ferro, madeira. Amalá:
azuis. Pulseiras: latão. ' bode, cabra, galo preto, farofa com azeite de dendê,
OXUM-MARÉ - Nossa Senhora Aparecida na Lei Ca- porco. Indumentária: vermelho e preto. Contas: ver-
tólica,- (Deusa 'do Arco-íris). - Fetiche: pedra. melha, preta. Pulseiras: bronze. Curiador: marafo,
Amala: galo, bode. Contas: Cor alaranjada. Curía- charuto, pemba preta.
dor: Cerveja preta, água com açúcar. Pelo exposto, podemos notar que cada Orixápossui
NANA ou NANA-BURUCU - Santa Maria Madalena na seu fetiche próprio, e tudo quanto diz respeito ao culto
Lei Cat~lica - (D~usa da chuva - que protege as das divíndades .:
p~antaçoes) - Fetiche: pedra. Insígnia: espada de Antigamente os praticantes do Candoblé não se uti-
Sao Jorge, vassourinha de palha com búzios. Ama- lizavam de fetiches esculpidos, porém, com o advento
lá: boi, bode, galinha. Indumentária: branca, e dessa mistura de credos, já é comum mesmo no estado
azul-escuro. Contas: branca, vermelha, azul. Pul- maior dessa crença, que é o Estado da Bahia, ver-se nos
seiras: alumínio. Curíador: água da chuva. seus pegis as imagens utilizadas nas igrejas católicas.
Esses fetiches são guardados nos "Estados" ou "Pe-
IROCó - (Deusa das matas e das cachoeiras) - Fe- gis", tratando deles o praticante a quem é dado o nome
tiche: gameleira. Amalá: galo, fumo. Indumentá- de ACHOGUM, o qual é encarregado do sacrifício dos
ria: verde, amarela. Curtadores: cerveja, vinho animais, quando se fazem os "EMBÉS" (orerendas), e os
branco. . "EBÓS" (despachos para Exus), constando de comidas
e bebidas (amalás e curiadores).
IFA - Nossa Senhora das Dores na Lei Católica - Em virtude da expansão dos cultosretíchístas espa ..
(Deusa mãe '- que protege as parturientes) - Fe- lhados em toda a América do Sul, originaram-se várias
tiche: dendêzeíro (fruto). Contas: verde amarela. crenças com relação aos Orixás, e assim, concebem-se em
Amalá: galinha, cabrito.' , alguns países essas entidades relacionadas com os san-
tos da Igreja Católica, da seguinte maneira:
XANGô-CAó -São João Batista na Lei Católica -
JESUS CRISTO - OXALA - OBATALA - Na Bahía,
protege as almas que entram no céu ou Aruanda)
representado como Cristo crucítícado, é chamado e
....,-Fetiche: chave. Insígnias: pedra, palmas. Ama.
considerado SENHOR DO BOMFIM. Em Havana
lá: bode, carneiro, galinha. Contas: azul, branca,
(Cuba), é chamado Nossa Senhora das Mercês (Vir-
roxa. gem) ou senuenma Sacramento,
142 A'L'U I .Z:'I O F O N TE NE'LL E A UMB'ANDA- ATRAVÉS 'DOS",S:il':CULOS
qGUM - NÇ> de de Janeiro é São Jorge; em Cuba é São díndo-se essas linhas em outros tantos ramos Ou suddí-
Pedro; nos C'andoblés baianos, é Santo Antônio. visões, denominadas tiüançes, cabe a cada uma o poderio
ou mando a determinado Orixá ou Chefe.
'OXOCE - No Rio de Janeiro é São Sebastião; na Tal como se conhece nas Leis de Umbanda e Quim-
Bahia é São Jorge; em Cuba é Santo Antônio. banda, a divisão dessas linhas nos cultos do CANDOBiLÉ
obedece à seguinte classificação:
XANGô '- Em Cuba é Santa Bárbara; na Bahia, com
. os nomes de: XANGó-AGODó, XANGó-AGAJó e PRIMEIRA LINHA: - LINHA DE SANTO OU DE
XANGô-CAó, são respectivamente: São Jerônimo, OXALA - Tem como chefe principal Jesus Cristo
São Pedro e São João Batista, sendo que em alguns (Senhor do Bonfim). Integra-a a "LEGIÃO
terreiros, alguns ainda consideram também a Santa DOS SANTOS", quais sejam: "São Casme e São
Bárbara como sendo XANGó. Damião (inclusive Daum); Santo Antônio, Santa
Rita de Cássia, São Francisco de Assis, Santo Expe-
,II~EJI - NEiBElJADA - DOIS-DOIS: - Na Bahia e dito, Santa Catarína, São Benedito, e os Arcanjos:
no Rio de Janeiro, são considerados como: Sãó São Miguel, São Gabriel e São Rafael.
Cosme e São Damíão ~ (Compreende a falange dos
gêmeos.i na qual se inclui ainda o aparecimento de 8EGUNDA LINHA: - LINHA DE IEMANJA oU IA-
DAUM e CR!SPIM - CRISPINIANO) . MANJA - Assistida e dírígída por Nossa Senhora
(Virgem Maria), também denominada "Linha do
IEMANJA ou IAMANJA: - No Rio de Janeiro é
Nossa Senhora da Glória; na Bahia, é Nossa senho- Mar"; composta de 7 legiões a saber:
, ra do Rosário e também N. S. da Piedade.
Legião das sereias: - sob a proteção e'<chería de
'úMULU ou OMULUM: - No Estado do Rio de Janeiro Mãe Oxum ou Axum (N. S. da Conceição) .
, é São Lázaro; na Bahia é São Bento. Legião das Caboclas do Mar: - Sob a oríentação e
:LúCIFER ou SATANAZ: - Conhecido como EXU em Nanã-Burucu (Santa Maria Madalena).
quas:, todos os cultos fetichistas das Umbandas. Legião das Caboclas do Mar: - 8'0 ba orientação e
direção de Indaíá ,
Em face desta exposição, é fácil conceber-se gran- Legião das Caboclas dos Rios: - Chefiadas por
de influência do Catolicismo junto aos cultos fetichistas Iara, a Deusa dos Rios (Mitologia Nagõ).
que praticam a crença no sobrenatural, que apesar de Legião dos Marinheiros: - Sob a chefia de Tarimá.
tudo, não deixa de se uma prática do Espiritismo, nas Legião dos Calungas: - Dirigida por Calunga ou
suas inúmeras modalidades. Calunguinha.
Leçuio da Estrela-Guia: - Sob a proteção e direção
Concebem os praticantes do CANDOBLl!::,na sua da Virgem Maria, na aparição como N .S. dos
religião, uma divisão em 7 linhas ou legiões, nas quais Navegantes.
se, enquadram as entidades maiores e menores, consti- (Alguns cultos atribuem a direção dessa Legião, a
tuindo um verdadeiro' SETENARIQ; e ainda: :.SU,bdivi- Santa Mq.tia Madalena,ou a San.t'Ana).
'144 - ·At.U·IZIO·FONTENEr;~E • A UMS·A.NDAATRAvts DOS 'Sl!:CULOS
TERCEIRA LINHA: .- LINHA DO ORIENTE OU DA Sétima Legião: --.: De MARCUS PRIMEIRO"":;' ce-
MAGIA, cujo chefe, São João Batista, dirige os mes- sar ou Imperador Romano, qUe comanda a
tres da ciência oculta, e toda a legião de sábios, que _Legião dos Gauleses, Fenícíos, Romanos e .g.,e.:
se dedicaram aos estudos da cartomancia, astrolo- • mais' raças européias, muitas das quaís' iã
gia, grafologia, ciência ocultas etc. Está também desaparecidas .c, .
.s-: .~"-"""- -.
mente consciente, são os desejos das entidades do bem, CORTE DE OXALA
que nos trazem as luzes necessárias ao aperfeiçoamento Jesus Cristo I
do corpo e do espírito. I I
CORTE DE CORTE DE
I
>I: * * CORTE DE
OXUM SÃO GABRIEL SÃO JOÃO
BAPTISTA
Maria Santíssima Arcanjo' (Profetas)
Para maíorclareza no que concerne à divisão da .I
Umbanda, a qual chamarei de UMBANDA E$OTÉRICA I I
E INICIATIC:A, farei as devidas comparações entre uma CORTE DE CÕRTE DE
CORTE DOS ANJOS
e outra, à medida que for descrevendo suas linhas; en- SÃO RAFAEL
E SERAFINS
SÃO MIGUEL
tidades etc. Arcanjo Arcanjo
Dívíde-se .a Umbanda Esotérica e lniciática em 2 I I r
partes principais, chamadas REINOS. Esses reinos, obe-
decendo à fórmula esotérica UMBANDA, significam ,,-
CORTE DEARUANDA
duas forças: o bem e o mal, ou ainda: o CÉU, pólo po- ..•. _ ..- 7 Linhas de Umbanda
- ._- .. - -- '''-'~''-'---'-' -,- ..
OBATALA: ~Chefe_ Supremo da Umbanda, Deus, na Como a finalidade deste capítulo é descrever apenas
concepção de: Pai, Filho e Espírito Santo. os orixás da Umbanda, deixo de completar a escala es-
piritual desta seita, uma vez que, iria tratar dos Agen-
JESUS CRISTO - Filho iie Deus - Pai dos Orixâs. tes do Mal e dos espíritos atrasados ou obsessores, ponto
MARIA SANTíSSIMA- Mãe de Jesus Cristo: - Chefe este que não condiz absolutamente com esta parte que
da Corte de Oxum - (Oxum, representando o ES- acabei de citar.
PÍRITO SANTO - 3~ pessoa-de Deus).
ARCANJOS: - São Miguel, São Gabríel, São Rafael,
São Ismael.
ANJOS: - Legião de milhares de espíritos puros, inte-
grantes do Reino de Deus.
SERJAiFINS:- Legião de milhares de espíritos puros,
chefiados pelas legiões de Anjos, sob as ordens de
São Miguel.
ORIXAS .MAIORES: - Milhares de Espíritos purifica- ,
dos pela glória de Deus, inclusive todos os santos
mártires canonizados ou não. pela igreja católica,
que atingiram a plenitude de sua ascensão espiri-
tual. Nesta classe de entidades estão incluídos os
profetas, os apóstolos de Cristo e os reis sábios, que .
na terra tiveram incumbências divinas.
ORIXAS MENORES: - Todo o "Povo de Aruanda", no
qual se encontram os Pretos Velhos, Caboclos, Hín-
duas etc. etc., possuídores de "Luz Espiritual" e
"Força Fluídica", considerados com-o "ENTIDA-
DES" ou "GUIAS ESPIRITUAIS".
ESPíRITOS DE LUZ: - Eguns que atingiram elevado
grau espiritual, embora não possuam ainda "Força·
Pluídíca", e que também são considerados como
"Guias Espirituais". (Não são considerados como
entidades) .
A UMBAND,A 'ATRAVÉS DOS MCULOS 181
nnecímento das leis que dominam és planos espirituais. Nos rituais de Umbanda, o manto de Apolônío esta
representado na índumentáría aprese12tada pelas. enti-
Aos que se dizem iniciados na Alta Magia, concebe-
dades espirituais, ao passo que o bastão dos patrtarcas
se essa iniciação, a todos quantos possuem três fontes
está bem representado e bastante definido nos ponteiros
principais de poder" e que .são: a força da inteligência
esclareeeâora da raéiio, conlíeéída pelos eabalístas como que são atirados sobre os pontos riscados nos trabalhos
a Lâmpada de Trismegisto; o domínio de seus nervos e a
de cruzamentos e demandas espirituais. A arte mágica ••
I
posse plena e intêgraí de si mesmos, que ós éol.oça em da Umbanda é uma ciência que precisa ser bem estuda-
condição de superíorídaãs frente aos seus semelhantes, da, pelo fato de que, ao homem é dada a liberdade de agir
e- de pensar, e, se desconhecer as forças que o cercam,
A UMBAND,A ATRAVÉS DOS SÉCULOS 191
190 ALUIZIO FONTENELLE
tuaís da magia negra, onde a sua mente privileg"ia?a o
h.i.corre:r-ánum lamentável erro, deixando-se arrastar fa- conduz ao perfeito contato com os entes que se dizem
talmente pela inconsciência da sua ignorância. obrenaturais , dominando desta forma as manifestacões.
Denominava-se antigamente de Arte Sacerdotal e dos AGENTES MÁGICOS UNIVERSAIS, mais conneci-
Arte Real à ciência mágica, pelo fato de que a INICIA- dos na gira Umbandísta com o denomínatívo de Exus.
çÃO dav~ ao sábio o domínio sobre as criaturas huma- É preciso que saibamos de onde provém o mal, para
nas e força para dominar a vontade, tornando-se por livrarmo-nos dele. Necessário se torna que! aprofunde-
essa TaJi':ê.D um predestinado eu tre os homens. mos os nossos conhecimentos sobre as condições que re-
Om dos fatores que deve influir forçosamente como gem às incorporações de entidades dos diversos planos
- privilégio de todo iniciado, é o dom da adivinhaçã~, o espirituais, para que não admitamos erros clamorosos,
qual se concebe como sendo.,o c.?m:eciI::en~odos efeitos que vêm de encontro aos preceitos que regem todos os
contidos nas causas e aplicação a ciencia, dos fatos, trabalhos que se praticam na Umbanda, quando essa
conhecidos como dogmas universais, dentro de uma per- Umbanda visa única e exclusivamente a prática do bem.
feita analogia. . , Concebe-se a INICIAÇÃO, como instrução educacio-
Aos iniciados é dado conhecer em resumo, a hístó- nal, na qual o iniciado se instrui mental e espiritual-
ria e a vida de cada homem, pela razão de que cada in- mente nos estudos das faculdades próprias da sua capa-
divíduo traz consigo estampadas na própria rísíonomía, cidade e do seu esforço, em prol de um desenvolvimento
as condições cármicas da sua existência material e es- maior, de percepção e força.
piritual. Por saber-se que o futuro é na ve~~ade .uma Em outras palavras: resume-se a iniciação, em cul-
conseqüência do .passado, con~ebe-se no e.spmt~a!lsl::lO tua r duas espécies ou modalidades de mistérios dogmá-
que, todo espírítísta deve aprimorar a Alta IlllClaQao, tícos, assim concebidos: Iniciação elementar ou a prática
para que o sacerdócio umbandista compreenda perfeita- de mistérios superiores.
mente os altos significados das LEIS ESPIRITUAIS. Na iniciação elementar, os trabalhos não compor-
Ao perfeito iniciado numa seita religiosa, o desco- tam grandes conhecimentos, ao passo que na Alta Ini-
nhecido torna-se urna condição simples de pesquisa,e, ciação, já os estudos dogmátícos são de molde a abran-
os poderes de que se torna imbuído como conhecedor ger altos conhecimentos sobre ciências, metarísíca etc.,
profundo dos dogmas e mistérios da seita, nada mais bem como o desenvolvimento acentuado das práticas
representam do que um ritual comum, que está acos- ocultístas, nas quais se cultuam todos os rituais místí-
tumado a ver, professar e estudar . ' cos que comportam a ciência sagrada, a qual era minis-
, O iniciado não alimenta esperanças absurdas, e tão- trada antigamente nos templos e santuários.
pouco concebe temores duvidosos sobre as manifestações O fato de conceber-se na Umbanda a Alta Inicia-
espirituais, pelo motivo de que, não possuindo crenças ção, não comporta dizer que todo Umbandista deve cul-
desarrazoadas, sabe perfeitamente o que pretende, em- tuar tudo quanto concerne às Ciências Ocultas; pois,
bora muito lhe custe atingir o objetivo desejado. impossível se tomaria essacondição, pela razão que nem
Tornar-se um iniciado é estar a par de todas as todos 00 .que se -aprofundam demasiadamente numa
condições que regem os cultos, e assenhorear-se dos mis- determinada religião, são de rato conhecedores perfeitos
térios que envolvem os fenômenos espirituais. É estar de tudo quanto lhe diz respeito. No entanto, seria pre-
senhor dos segredos que se apresentam nos dogmas e ri-
I ALUIZIO FONTENELLE A:V:rvmA~Dj\. .ATRA Vl!lS - DOS Sl!;CULOS
192
císo que todo Umbandista conhecesse pelo menos a sín- nhecendo profundamente as ENTIDADES, írmanando-
tese dos fenômenos espirituais, a fim de evitar o desmo- se perfeitamente com as condições que ligam o espírito
ronamento dessa concepção religiosa que é, acima de à matéria, tornando-se por assim dizer, um perfeito:"
tudo, perfeita em todos os seus pontos de vista. SACERDOTE' DA UMBANDA. .
Um problema que se mostra por demais complexo Perfeitamente integrados no que diz respeito à INI~
no que diz respeito ao culto umbandista, é justamente a CIAÇÃO, são os adeptos e professantes dos "CANDO--
questão do DESENVOLVIMENTO: _ BLÉS"; sendo porém, a interpretação dada a essa ini-
Geralmente costuma-se mandar para as sessoes de ciação, como uma forma bárbara de cultuar os preceí-
-desenv:olvimen.to, todo e qualquer indivíduo que se apre- tos impostos a essa seita, que nos dias atuais prócura
senta com pequenas qualidades ~e mé~ium, quand? muí- conservar <todasas antigas tradições dos povos que lhe
tas das vezes, essa qualidade nao existe, e o .fenomeno deram a origem. .
que se apresenta é, nada mais nada menos, do que. uma Querem alguns escritores tachar como UMBÀNDA,
questão de animismo, próprio de pessoas mal orienta- esses rituais ínícíátícos dos Candoblés, quando na rea-
das; e, por esta razão, sujeitas a uma série de perturba- lidade, essas práticas jamais se coadunam com a verda-
ções orgânicas que redundam, na maíoria dos casos, em deira finalidade. e práticas observadas numa Umbanda
formidável MISTIFICAÇÃO. cem por cento DIVINA.
. Nma perfeita iniciação umbandísta deveriam ser 'Querer misturar Umbanda, com Candoblé ou Quim~
estudados todos os casos, ,e,8, preparação dos seus sacer- banda, é ' o mesmo que misturar uma fina essência de
dotes poderia passar por três fases perfeitamente dís- perfume ao conteúdo de! um .frasco contendo simples
tintas, para que se conseguisse um êxito relativamente água de uma torneira .
grande no culto dessa doutrina. .. ..- O Candoblé, por- ser uma religião puramente íetí-
Em primeiro lugar proceder-se-ia ao preparo físico chísta, e, pelo fato de sua origem bárbara, pode conter
e mental do iniciado, onde se pudesse desenvolver-lhe no. seu ritual, todas as fantasias exóticas que se costu-
os dons espirituais, evitando dessa maneira O' problema mam apreciar nas camarínhas onde se processam os -ri~
sério da m1stificação, pelo fato de que, não é possível en- tuaís de iniciação das IAÔS. Entretanto, a verdadeira
caixar-se à força um GUIA ESPIRITUAL num médium, Umbanda fogecompletàmente a esses absurdos, e a di-
quando esse médium não possui absolutamente mediu- ferença entre ambas é de molde a não deixar dúvidas
nidade. quanto aos seus preceitos e finalidades. .
A seguir, viria forçosamente a concepção perfeita Já é-tempo de se fazer a separação entre o joio e o
da iluminação espiritual; e esse médium, consciente da trigo, e, todo aquele que porventura desejar conhecer
sua nobre função, passaria a uma outra escola, onde a melhor o que seja de fato Umbanda, procure entre os
doutrina abrangeria um estudo mais minucioso dos te- seus adeptos o que mais conhecimento tiver sobre essa
nômenos físicos e espirituais, que o enquadrariam per- perfeita religião; bem como, procure entre as obras um-
feitamente na sua condição de um perfeito iniciado. bandístas.aquela que maiores e melhores esclarecimen-
Finalmente, dar-se-ia a INICIA:ÇÃO propriamente tos trouxer sobre as suas verdadeiras práticas, desde que
dita; aí então, o médium estaria apto a comunicar-se estejam-escritas dentro de um preceito sincero, honesto,
com as altas camadas dos diversos planos espirituais, co- e.sooretudo perreíto. '
W4.- . " A-L tr I Z I~O· , F O N T E 1'1E L L-E ., A UMBANDA Al'RA VES . DOS SÉCULOS 195
. Que nos '.aqialltará: conhecer profundamente: uma quando 'disse no meu primeiro livro "O ESPIRITISMO
Inlcíação do C'andoblé, quando não pretendemos abso- NO CONCEITO DAS RELIGIõES E A LEI DE UMBAN.,.
lutamenteabraçar essa seita? DA", que outras pedras seriam lançadaa em prol de uma
Melhor será que se conheça o trato' com as coisas CODIFICAÇÃO DA LEI DE UMBANDA, dentro da sua
divinas; €i para isso, mister se ,faz que procuremos den- verdadeira concepção e finalidade.
tro da verdadeira Umbanda um estudo ínicíátíco per-
feito, para chegarmos à conclusão de que será ela a fu-
tura religião que abrangerá todos os povos do universo. OS EXUS E SUAS FALANGES
Nesta época de progresso que ora atravessamos, não
é mais admissível o processo de certos rituais bárbaros Confome disse anteriormente] que um perfeit~ ini-
que não condizem com o meio ambiente ,em que vivemos, ciado na Umbanda deveria conhecer de onde provem o
pois, os' sacrifícios e as perversidades que se' .pratícam mal para Iívrarmo-nos dele, era preciso que esta obra
trazem-nos repugnáncca e estão em completo desacordo conÚvesse, pelo menos, alguns dados sobre o que' se co-
com as Leis Divinas. A matança de animais e outras nhece como AGENTES MAGICOS UNIVERSAIS, e as-
práticas dessa natureza, tão comuns nos cultos do can- sim reportando-me a trabalhos feitos anteriormente, vou
doblé e da Quimbanda, já tiveram a sua razão de ser neste capítulo transcrever alguns dados so~re os ele.
em épocas remotíssimas; porém, com o adiantado grau mentos do mal ou espíritos das trevas, os quais na Um-
de civilização e mesmo com o elevado conceito das pró. banda são conhecidos com o nome de EXUS.
prías entidades espirituais, já não se pode absolutamen- Embora tenha comentado, se bem que sucíntamen-
te conceber . te, nos primeiros capítulos deste livr,o, sobr~ a entldad~
. " Pratiquemos a Alta Magia, a Ciência Astral, e o do mal, denominada EXU, nunca e demais esclarecer
culto da Umbanda, pondo de parte todas essas irregula- outros pormenores dessa entidade, uma v~z que nec~s-
ridades sem ser preciso adotarmos esses rituais bárba- sárío se torna que o perfeito umbandista seja de fato um
ros, uma vez que a verdadeira Umbanda disso não pre- digno sacerdote dessa seIta.' . " .
cisa, e suas entidades espirituais possuem força suficien- , Na terceira parte, capítulo X-O. E~~ através da
te para ~ prática de caridade, sem encenações e misti- sua origem primitiva - seus nomes esotérícos - seus
cismos' absurdos. caracteres eabalístícos ,..--.seus pontos cantados -: .seus
Para uma perfeita iniciação na Umbanda, não será pontos riscados etc, da minha segunda obra espírítua-
apenas com o desenvolvimento de médiuns que se obte- lista intitulada: "EXU", eu disse: ,
rão os resultados desejados. É preciso que esses elemen- , "Por desconhecer completamente qualquer livro ?u
tos sejam doutrinados, instruídos e iniciados verdadeí- tratado que esclar;C€Sse ao PÚ?l!co ~ que de ..fato eX1s~
ramente dentro de tudo quanto diz respeito a essa ídeo- te nas diversas praticas do Espírttualísmo sobre as Entl-,
logía religiosa, para que tenhamos, no futuro, atingido dades do Mal,' que com a denominação de "EXUS''' (Nas
o ponto máximo da nossa condição de perfeitos UMBAN. Leis de Umbanda e Quimbanda) representam o que os
DISTAS; C'atóUcos, Protestantes, etc ., denominam de De,J1ônios
, Esti:>U'ao inteiro dispor de 'quantos queiram comigo ou Anjos Maus, e que na Doutrina de, Karde~ sao cha-
colaborar neste sentido e, mais uma vez,. tomo a arírmar mados. de: EspÍl<itbs, do: Mal (também conhecidos como
A LU IZrO FO: N T E'N E VI,. E A 'UMBANDA ATRAWS. DOS_S~GULOS
espíritos obsessoresj , invocados nos trabalhos de MAGIA subordinados, julgou-se no direito de ser maior que o
NEGRA; resolvi tornar pública mais esta obra, verdadeí- próprio Deus. .. '
ràmente completa, sobre tudo quanto diz respeito. a essas Por castigo foi-lhe imposta a pecha de "EXUD" (que
entidades. , quer dizer: povo traidor), e, enxotado, foi condenado a
Será necessário, entretanto, que se faça um parale- habítar as profundezas da terra, tornando-se esse o seu
lo~ ante~ dei er:tr.armos no ass;mto e~ causa, para que reinado.
nao surjam dúvídas quanto a veracídads das minhas Aos demais anjos maus que acompanharam o seu
afirmativas, de vez que tudo o que aqui foi inserido não chefe na revolta contra Deus, Ioi-lhes dada por ímpo-
é objeto de minha imáginação, e sim, uma exposição real sição a situação de permanecerem sob as ordens do pró-
e verdadeira de como agem esses espíritos das trevas prio Lúcifer, sendo-lhes apontado como habitação. o lado
pelo fato de que, foram as próprias Entidades EspirituaiS oposto ao/EDEN (Paraíso Terrestre), situado no Orien-
que me trouxeram, através das suas explanações filosó- te '- Ilha de Ceílão - permanecendo como espíritos em
ficas ~ doutrínárías, os ensinamentos necessários para a estado embrionário de formação.
organização deste trabalho. Entretanto, a designação de EXUD fOÍ sofrendo mar
,.. Orientado em grande parte pelos meus GUIAS ES- dífícações, e já no original Palli, bem como no original
PffiITUAIS, pelos próprios EXUS, e ainda: aliado ao Hebraico, passou a denominar-se EXUS com a significa-
meu profundo conhecimento sobre a MAGIA, como sa- ção de "POVOS".
cerdote que sou dos diversos cultos de Umbanda; além Nota-se entretanto, que a significação de EXU nes-
de .eonhecedor real de todas as práticas que se exercem ses dois idiomas era empregada especialmente para síg-
nos diversos "terreiros" onde se praticam os "Batuques" nificar um povo menos protegido, isto é: um povo sobre
<CCa n dobl'"
e~! "Otmçeres",
A . "
etc., posso perfeitamente, co-
,
', . Querendo Deus compensar aqueles que naTerra de- iremos forçosamente integrar a poderosa .falange dos
selassem alcançar a redenção de suas almas, impôs ao elementos das trevas.
ho~em. o voto de reger-as a si próprio, procurando no Eles atuam da maneira mais variada possível .. Mos-
,sa~rlfíclQ, no sofrimento e na dor, elevar-ss no Seucon., trám-se mansos como cordeiros, porém o seu íntimo é
ceíto, até que pudesse atingir novamente a plenitude uma gargalhada demoníaca de gozo.
de sua forma" como espírito perfeito. , Poderemos usá-tos também como arma contra os
'Os filhos de Adão e Eva, multiplicando-se por or- malefícios que nos fizeram, pois, interesseiros como são,
.dem do Divino Criador, espalharam-se pela terra, e hoje, tanto se lhes dá que seja nossa ou de outrem, a alma ou
desconhece dores de tudo quanto. encerra o mistério da espírito que pretendem arrastar.
.criação do m~ndo, entregam-se, completamente cegos, a Todo aquele que desconhece as Leis Espirituais, e,
tl!do quanto Julgam poder dominar, sem a mínima no- iludido pelas pregações católicas, protestantes etc. crê
çao de que o liure arbitric que pensam possuir, é apenas aue os praticantes do Espiritismo lidam com Demônios,
uma modalídads de se afundarem cada vez m~is na ín- .está cometendo um grande erro, pois, não possuindo o
'eonscíencía e no desespero. :h9mem força suficiente para controlar os seus maus
.. ~inguém faz ~udo aquilo que quer, pois, uma força instintos, aí sim, é dominado facilmente por esses ele-
supenor no~ ~omma; e, se conseguirmos muitas vezes mentos, e o resultado é sofrer ainda mais as persegui-
um cer~ objetivo, o resultadr, final está aquém da nossa ções das falanges de Exus, fato esse que raramente
v~rdadelra co~preensao, pelo fato de desconhecermos o acontece a quem, cultuando a verdadeira prática do Es-
dia de amanha. piritismo, e, tendo a seu favor a proteção dos Guias Es-
É preciso que se saiba que os Exus exercem desde
pirituais que os dominam e trazem sujeitos às suas von-
.os prímórdíos da criação do mundo, um domínid ínten- 'tades, pode perfeitamente dominar esses Exus, utili-
80 so?~e os homens" e, pela Lei da Compensação, Deus
zando-os como escravos e não como obsessores,
permItIU aios descendentes de Adão e EVa que outros _ - Nà Quimbanda, 0.$ Exus são invocados para os tra-
elementos mais. fortes os dominassem,' porém, esses ele- balhos- de Magia Negra, e os resultados são sempre fu-
mentos, cuja denominação é 'conhecida com diversos nestos, de vez que a inconsciência dos homens é de mol-
nomes, tais como: Entidade,s Guias EspiTituais, Orixâs de a procurar apenas o prejuízo para o seu semelhante.
et.c. l~tam tenazmente contra 03 elementos do mal, É muito comum hoje em dia, mesmo entre os ele:-
para Iívrar-nos das perseguições e de tudo quanto nos mentos da alta sociedade, verem-se casos de larga pro-
retarda o progresso espiritual. :cura aos Quimbandeiros, para que estes realizem traba-
'lhos de "macumbas", "feitiçarias", "despachos!' etc.,
-
Os Exus. possuem força poderosíssíma , e se não to-
marmos CUIdado e nao nos apegarmos aos nossos guias
com a finalidade de conseguirem desmanches de casa-
mentos, aproximações de amantes,enfim, uma série de
espirituais, fracassaremos redondamente na senda pe- "trabalhos" próprios dos Exus, num crescer constante
rigosa que é a existência humana.
de maldade, perversidade e falta de bom senso.
PodeD?-o~ Exus dar-nos forças suficientes para com Pelo exposto, chegamos a uma conclusão de que d_e-
'Q; mal prejUdICarmos [os nossos semelhantes, porém. pro-
vemos conhecer perfeitamente as falanges do, MAL, tao
,vindo essa força dos gênios do mal , se ..nos.-.. descuidarmos
" .. - ., bem como conhecemos as falanges do BEM. ,1
200 A L U IZ I'OFO N 'l' EN E L LE
\
20&: 209,
de espinhos, 'simbolizando a passagem de seu filho Jesus PONTO CANTADO DE MARIA SANTfSSIMA
Cristo, rumo ao calvárío, Maria nossa mãe extremosa!
PON'I10 DE N. S. DAS DORES - representado por um, Baixai, baixaí como a rosa.'
coração trespassado por um punhal, símbollzando Anda ver nosso povo de Aruanda,
a dor. . .
Trabalhando no gongál '..:
-'
210
ALurZIQ '~ONTE~ELL~
A UMBANDA ATRAWS DOS SltCULOS 211
,Pe~a ~oss~ L-ei de Umbandal
Bal~al, baíxaí como a rosa,
Ma.fla. nossa mãe extremosa,
BaIXal, baíxaí como a rosa.
- ela, no qual a sua característica (duas flechas cru- rencia -dos po tando os sete (7) planos espi-rituais;
zadas) indica que o trabalho que executa ou exe- gra~s, re~~~~encircundando esses símbolos, um ~ir-
cutou, teve a proteção de Inhançã (raio), assistido ~~l~n!~ost~ de semicírculos representando as m ..._
pelo povo do Oriente (4 estrelas), representando 4 fluências do povo do mar. . .
planetas. _
~<?(f)
é-
" .".."..
'~'.-* '~i·' '"
..... 4••••. PONTO DE SÃO JOãO BATISTA - Este outro ponto
de São. João· Batista, representa um símbolo esoté-
,).( . íF rico no qual essa entidade máxima chefia a falange
.... do povodo Oriente, representado pela estrela maior,
~.@.~l®'~*&o"v~
+ •
(~. . '. .."
.'
.'
.
"
:.~..tendo apontado para o vértice uma seta, que sígní-
.ríca a força víbratóría das falanges de oxoce, As
três. estrelas menores, representam o triângulo má-
~~~ ..gico evocativo dos mistérios da Santíssima Trindade
CD®'.:
. . . ""
,~.... ----..:-
Pai; Filho e Espírito Santo. As duas cruzes sim-
bolizam a fé na significação da ínícíação de Cristo
0'0 _\
'f\A
..
~."'
:\6/.f J :,:
como mestre, e São João Batista, como seu pre-
.:cursor.· ..
Figura 3 .
-P0N'I10 DE ZARTU - O INDIANO - Símbolo de uma
risca~~ figura ~, vemos repre.sentados doze (12) pontos entidade trabalhadora do povo do Oriente .-. ·3~ li-
. s, os quais, contando-se de cima p baí . nha da Umbanda, onde Zartu é o chefe da l .. a legíão
dIreção da esquerda para a direita ..' ara aixo, e na componente dessa linha. A Estrela Guia, representa
• J vamos encontrar:
a Alta Magia; as duas lanças cr:uzadas, símnouzam
FONTO DE SÃO MIGUEL ARCANJO' . ".. as falanges por ele dirigidas (Rabis, Maometa-
pela balan' . ~ Representado éPOS, etc.); o. meio ciclo lunar significa o esoterismo
. " ça cruzada por uma-espada !lame'ante
:;p~r:~
sIgnülCando a .J:orça dlV1~a dJl. j}.1;$.t~,Çal~e um~ :. ~:.~La.estrela com cauda, a íorça espiritual dos mon-
ges. (Lei de Kaballah). .
218 '.. A L U I Z 1:o"ít' 6 N T EN E L L E A UMB'AND,A ATRAVES DOS SÉCULOS 21~
PONTO DE 'SÃO JORGE DE RONDA - Duas espadas PONTO DE' QUlRIIvú3ó - Sírilbo16 de amarração de
de Ogum, cruzadas, tendo ao alto a Estrela Guia, . trabalhos, com a flecha apont~ndo para a Estrela
e embaixo a cruz de Cristo. Este ponto traz a sig- . D'Alva, designando a Alta Magla.
. .
nificação de trabalhos, nos quais está vigilante a
entidade ou "Orixá" Ogum. PONTO DO REI .cONGO - A Estrela da Manh~ (es~
trela branca), cruzada por duas, la~ças, e círcun-
dada por quatro (4) cruzes cabal1stlcas. Ponto má:
PON'TlO DOS íND[OS CARAíBAS - Ponto de um caci- ximo do Chefe da falange do povo do Congo (ReI
. que da falange dos caboclos que trabalham na Lei
Congo).
de Umbanda, representando um trabalho no qual
estão representadas as forças do Oriente representa-
das pela estrela do centro, com um arco e flecha
dirigindo o seu pedido ou ponto de firmeza para o
reino de Obatalá. Circundando a estrela maior, en-
contram-se quatro (4) pequenas estrelas, simboli-
zando os quatro signos de Zodíaco.
PONTO DE SANTO ANTONIO. (Amarração) - Traba~ PONTO DO CABOCLO VIRA MUNDO - Ponto máxímo
lho feito por uma entidade da Unha de Santo An- da entidade VIRA MUNDO (caboclo de Oxoce). A
tônio, mostrando o símbolo de amarração cruzado rosa dos ventos (Lei de Kaballah) dirigida pela fle-
por duas flechas, indicativas da falange de caboclos cha característica do povo das matas.
trabalhadores da Linha de Oxoce,
PONTO DO CABOCLO Da VENTO - Três flechas cru-
PONTO DE PAI JOSlÉ DE ARUANDA - Ponto de preto zadas (caboclos de Oxoce) , estando a do centro di-
velho, representando o símbolo esotéríco dá sua ra- rigida para a Estrela Guia. As linhas curvase em
Iange cruzado com a falange de caboclos; represen- sentido paralelo, Indícam os planos astrais domina-
tada pela rlecha apontando para cima, em pedido dores dos fenômenos atmosféricos (ventos).
de 'Proteção.
PONTO DE PAI VELHa r- Ponto de preto velho, repre- PONTO DO CABOCLO JAVARI - Signo de .Salomão,
sentado pelo pentágono cabalístíco significando a .dirigido pela ríecna característica dos caboclos da
magia, tendo no centro' a cruz de Cristo, símbolo linha de Oxoce, apontando para uma pequena estre-
da fé. Ia representando a irradiação do povo do Oriente.
PONTO DE PAI JOBA - O Z de Zoroastro (signo caba-
Iístíco) ladeado por duas cruzes representando o PONTO DO CABOCLO URUCUTANGO,-- Caboclo da
princípio e o fim (o alfa e o ômega). Ponto de preto falange de Oxoce das Matas. Ponto máximo dessa
velho, pertencente ao Povo do Congo. entidade vendo-se dois círculos concêntricos cruza-
dos por ~eis flechas dirigidas para os lados direito e
PlONTO DE PAI AGOLó - (Zudus) - Símbolo do Chefe esquerdo, significando a união ele todas as forças
dos pretos Zulus. Trabalho de Alta Magia represen- da Natureza.
tado pelo ponto de amarração.. irradiado para o
Povo do Oriente.
PONTO DE OXOCE CAÇADOR - O arco e a flecha sim-
PONTO DE TIA MARIA -.-- Ponto de preta velha (Povo bóücos do Deus da caça. A estrela indicada pela
de Minas). A Estrela Guia, dominando as três pedras flecha, significa que essa entidade "Oríxá", pede au-
mágicas, terminando cOpI a lança do povo do Congo xílio ao Plavo do Oriente, ao passo que a estrela
em ziguezague (Interferência de 'Inhançã) . situada na corda do arco, representa o domínio do
astro que determina o trabalho.' A segunda flecha
PONTO DO CABOCLO TARTARUGA DO PARA - En- (fora do arco) representa a proteção e indica que o
tidade cabocla representada pela. flecha caracterís- trabalho a ser executado requer persistência, para
tica do povo de Oxoce rdirigíndc o triângulo ésoté- que tenha: bom êxito. .
rico representadona.Alta Magia.
" A L'UI Z I O .F,O NT E N EL,trE'
A UMBANl'A ATR.4V$S DOS.S$:Om:..os
,'PONTO CANTADO DE SANTo ANI'óNI:O
Na figura 5, vemos os seguintes ~ontos riscados:
(AbertUra de Trabalhos)
;PONTODÓ POVO DA BAHIA- SENHOR DO BONFIM PONTO DE SA .MiARIADE PAI BENEDITO :......,.:; .~(Preta
- Ponto esotéríco representado pelas falanges de velha que se apresenta trabalhando em duas linhas:
pretos velhos, onde a cruz representa o símbolo da Linha de Oongo, cruzada com o Povo' de.,Minas).
fé (Oxalá - Senhor do Bonfim), e o quadrado cor- Quatro lanças de Congo, dispostas 'eni sen1lidcrin-
tado em diagonal, simboliza esoterícamente as ia- verso uma da outra, e dil'ligidas pela Estrela'.Guia.
langes dos povos Bantus.
P0N'I10 DE SÃO BENfll}DlTO - (Entidades caboclas) -
PONTO DE PAI JOBIM - (Preto velho da falange de Três flechas dirigidas para Oxalá e cruzadas sobre
Oxalá). O quadrado esotéríco da falange, colocado o símbolo de amarração (ponto místico utilizado
em sentido vertical, tendo ao centro o símbo.lo de pelas entidades pretos velhos, em trabalhos de Ma~
a~arração, dirigido por uma plecha de Oxoce, síg- gia branca ou Magia Negra" conforme a direção
nírícando que o trabalho foi feito com a 'proteção dada à terminação da linlha onde termina o .cara-
de Exu, pejo fato de estarem, esses sinais, cortados col). Esse ponto significa que o trabalho fói reali-
por duas linhas que se cruzam, terminando essas zado com a proteção das entidades (Pretos Velhos)
linhas por uma pequena cruz. qrue trabalham na linha de Oxalá, onde SaoBene-
dito é o chefe espiritual da Legião que tem o seu
P0N'I10 DE MARIA REDONDA - (Preta velha da ia- nome.
lange do povo de oongo). Dois ponteiros colocados
em sentido oposto um ao outro, tendo ao centro o
símbolo de segurança' ou' ponto central, onde geral- PONTO DE TIO AN'J1ôNío - Preto velho da linha de
Congo. Ponto 'Usual dessa entidade, onde se desta-
mente é colocado um copo com água.
cam as duas lanças de congo cruzadas, dirigidas
pela estrela do Oriente (povos níndus). A cobra,
PONTO DE MARIA CONGA- A chave de Xangô Agojô
simboliza' os trabalhos de magia ou curandeirismo.
(São Pedro), cruzada por duas lanças representati-
vas do povo do Congo. (Ponto usual dessa entidade).
PONTO DE TIA MARIADE MINAS- A cruz de Cristo, PONTO CANTADODE SÃO BENEDITO
colocada no vértice do triângulo de Salomão, repre-
senta o trabalho de Alta Mag.ia, confirmado pela Oh! que santo é aquele
Estrela do Oriente (Proteção dos povos híndus). Que vem acolá? ..
É São Benedito,
PONTO DE PAI JOÃO DE MINAS - A cruz de Cristo , Que vem ajudá!
colocada no vértice de dois triângulos concêntricos, Oh! que santo é aquele
significa que essa entidade trabalha na falange de QUe vem acolá?!
Oxalá, pelo fato de ter a proteção da Estrela Guia. ~ São Benedito
Essa entidade pertenceao Povo de Minas, e pratica Que vem trabalhá.
a Alta Magia. .
A UMBANDA ATRAVÉS DOS S OUI,
226 ALUIZIO FONTENELLE
Na figura 6, vemos representados 12 pontos '1:1 Ur
dos, OS quais podem ser interpretados da seguinte ma-
neira:
Nossa mata tem folhas ...
Tem rosário 'de, Nossa S~nhora., PONTO DO PO~O DA BAHIA NA CANGIRA - Ponto
Arooira de. São :Benedito, de trabalho do Candoblé baiano, onde está re-
São Benedito que nos valha presentado o símbolo da Magia, vendo-se duas tle-
Nesta hora. eblas cruzadas em direção do reino de Exu, ladeadas
por duas estrelas representativas dos povos do ori-
PONTO DE1 PAI BiE,NEDITO. (P-retos VelhOs) ente e Ocidente.
Salve o. Rei, salve o Rei, P0N!10 CRUZADODE INHANÇÃ E XANGó - Símbolo
Bênedito rio terreiro, no qual a entidade cabocla da falange de Inhançã
Salve o. Rei. . pede a proteção de Xangô. A:E.stre1ada Manhã (es-
Saivê. Eei,
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ai
.-... j,
sai'fe 0 ~~i,
).. '~' •• J - •
trela branca), tendo no centro o falia e três estrelas
Benedito no terreiro, menores, representa o domínio de Inhançã, pelas for-
'. %a\v~Zámb~ ~i. ' ças vivas da Natureza; ao passo que as duas flechas
cruzadas por trás da estrela, em direção aos lados
direito e esquerdo, simbolizam o povo de Oxoce. A
entidade Xangô está representada pelo raio de
Inhançã apontando para baixo, e pela estrela branca.
Na figura 7, doze (12) pontos riscados, trazem as PONTO DO CABOClfOTUPINAMíBá - Ponto usual 'deá-
aeguíntes interpretações: sa entidade da falange de Oxoee, representado par
um arco e tíécna, urna outra Ilécha, dirdgindó a es-
PONTO DO CABOClJO ARIRAJARA - Ponto de cha- trela mágica do Oriente; e o ponto de firmeza, mos-
mada do caboclo Araríjara da talange de Oxoce, trando num pequeno círculo duas partes: uma bran-
representado por um arco e uma flecha dirigidos ca é uma preta.
para o Reino de Obatalá. Uma flecha curva, apon-
tando para uma estrela, significando que a ralange PONTo DO CAOOCLO UBIRAJARA - Ponto decba-
dessa entidade pede a proteção para a Estrela Guia, rnada da entidade uPirajara. Está representado por
Os pequenos traços verticais, representam os cami- três elerrientos ou símbolos: :A flecha, indicando que
nhos traçados. esse caboclo pertence à falange desse "Oríxá"; a es"
pada de Ogum designando a interferência desse
PONTO DOS CABOCLoS DO SOL E DÁ LUÁ - Duas povo nos seus trabalhós, éó arco caracteristic·o dós
entidades irmanadas num mesmo trabalho (Cabo-
póvbs que trabalham na lihha das tnatàs:
clo do Sol e Caboclo da Lua). o crescente' lunar • \... t .' •• , ., ~ t ~ 01 ~ j, '.'
A UMBANDA. ATRAVÉS DOS'· SÉCULOS 233
232 ALUIZIO FONTENELLE
~i;;.
d~ da entidade que trabalha com a falange do "Orí- tãao 50.
"
xa" Caboclo Urubatão. Está representado pelo cír- A·1 de mim
'.
234 ALUIZIO FONTENELhE
A UMBANDl\· l\TRAV:ÉS DOS SÉCULOS
i'"='~@.' ~"'."-".'.--
<t •• JIt n -
PONfrO DOS GAULESES OU ROl\lANOS - Ponto
de chamada das entidades que trabalham na Li.n.ha
~
do Oriente - 7~ Legião, sob a direção de Marcus I.
,i" * :
*
""
l;:} "~" /;~~•..,
-
.
q - -
A espada flamejante de São Miguel, atravessando
duas lanças cruzadas (povo de Congo), e dirígídas
- - pela estrela do onente, sob aptoteção do Reino
de Obatalá.
Figura 8
FONTO DOS CABOCLOSDO SOL E DA LUA (na irra-
diação de Xangô) - Ponto cruzado, onde essas-âúas
1 Na rígura ~, vêer:t~se._iep!_~s~ritaaoS
12 pontos rtsca- entidades pedem proteção ao "Oríxá" xangô, para
aos, os quaLSsao assIm mterprêtados: . - trabalhar na Alta Magia. A Espada de Ogum cru-
zada com a flecha de Oxoce, significa: a união das
PONTO DO CABOCLO GlRA~SOL - -A cruz com de- duas ralanges, dírigídas pelas forças da Natureza,
graus, simbol~ando a fé; a flecha de Oxoee dirigindo representadas pela estrela do Oriente e o quarto
a ~trela GUla; e, o Sol característico do denomi- crescente lunar (Xangô), irradiando os fenômenos
natIvo da entidade. . atmosféricos (chuva),
PO~~ I?O CABOCLO;DAS7 FLEÇH;AS - Sete flechas PONTO DO CABOCLO DAS SETE ESTRELAS - As li-
dírígídas para o ~Im?~lo representativo da fa.1ange nnas de Umbanda representadas pelas 7 estrelas,
de Exu Cavelra,-slglllflcaz:tdoque.essa entidade tra- dirigidas pela estrela do Oríenté (pOVlOS
hinduis)
balhou ou tl'abalha na Alta M'agia., - com a proteção de Oxoce (flecha dírígtda para o
Reino de Obatalá). .
A UMBAND/I. ATRAVÉS DOS SÉCULOS 23·7
236 ~, AL U I Z I OF ON T EN E L i. E
PONTO CANTADODO CABOCLO ARRANCA-TOCO
roerro DO CABOCLOARRANCA-TOCO--....:. Ponto mís-
Na minha aldeia;
tico de chamada dessa entidade, onde se vê a sua Eu sou caboclo;
afinidade com a linha de Oxum, representada pelo Sou Rompe~Mato
coração. As três flechas cruzadas em direções opos- E Arranca-Toco.
tas, significam o trabalho em várias linhas da Um- Na minha aldeia;
banda sob a direção de Oxoce (deus da caça). Lá na Jurema,
Não se faz nada
PONm DAS CABOCLAS- Duas flechas cruzadas sobre Sem a I,.ei Suprema.
um arco, com a significação do domínio de Oxoce,
sobre a falange das caboclas que trabalham na linha PONIlO CANTADODAS CABOCLAS
de Iemanjá.
JesuS prometeu salvar ..
PONTO DO .CABOCLOJAGUAR,IÉ- Ponto místico de Quem a santa Cruz beijar . .
chamada dessa entidade (caboclo da linha do Orien- Quem beija a cruz são seus fillhos,
te) representado por duas estrelas (astros dominan- Quem salta cruz é judeu! _
tes), e a flecha dirigda pela espiral cabalística. PONTO CANrrADODO CABOCLOJAGUARJ!!
PONTO DO CABOCLOARAÚNA- O símbolo esotérico Nas horas de Deus baixou
representado por um S deitado, cortado pela flecha Na Aruanda, ar.uê... .
de Oxoce, significa que essa taíangé pertence à ta- Nas horas de Deus baIXOU
lange de Oxoce, e trabalha na Alta Magia. Na Aruanda, anuê ...
No terreiro de Umbanda chegou
PONTO DA FALANGE DOS GUARANIS -:Ponto de O Caboclo Jaguaré!
.. chamada da falange de caboclos que trabalham na No terreiro de Umbanda chegou
4'il linha da Umbanda (Oxoce); sendo o seu ponto A falange de J~guaré!
representado pelo arco e a flecha característicos
desse "Orixá". PONTO DA FALANGE DOS CABOcLOS GUARANYS
Eu sou oaboCloguerreíro.
Da tribo dos Guarams, .
Quando chego nesse te.rr~lro,
PONTO DO CABOOLODAS 7 ENCRUZILHADAS A paz deve sempre ex:stIr.
.A falange dos Guararus,
Chegou, chegou, É a falange da paz; _
.Chegou com Deus. Quando baixa nesta- Tenda,
Chegou, chegou, Amor e caridade traz.
O Caboclo das 7 Encruzilhadas.
ALUIZIO FONTENELLE A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 239
PONTO DE/ GERElRÊ, REI DE GANGA - Ponto místico PONTO D{E OGUM ROMP~MATO
cruzado, onde se destaca o símbolo de Exu (triden-
te). A espada curva, representa o símbolo do povo
Eu vi parar o dia;
de Gererê (Povo de Ganga). A Estrela Guia dirige os
Eu vi estrela brilhar,
trabalhos de Exu.
Eu vi seu Rompe-Mato! ...
PONTO DE CAMlBINDA DE GUINÉ - Ponto de Pretos Ogum das Matas,
Camblndas, cruzado com o povo de Exu. Quem morar à beira-mar,
~~
Figura 12
Figura 11
tes earacterístícas: O triângulo mágico de Salomão;
Para terminar este capítulo, passarei a descrever tendo na parte superior o Sol tem a significação de:
o ponto prmcipal do MAIORAL,conforme se vê na gra- Agente mágico dominador das forças naturais e dos
vura da figura 11, e a seguir, apresentarei apenas as .fenômenos da Natureza. A cobra mordendo a cauda,
gravuras de alguns pontos riscados de Eixus, furtando- significa o domínio sobre a vida e a morte" pelos
me entretanto à explicação dos mesmos, em virtude de dogmas mágicos da medicina astral. O pentágono
não interessar-nos, nesta obra, maiores detalhes sobre as de Salomão circunscrito à cobra, e tendo na sua
falanges do mal. parte superior o ponto de São Cipriano (!:entáculos
PON'I1O RISCADO DO MAIORAL - A figura 11 mos- de Ezequiel e de Pitágoras - duplo triângulo de
tra-nos o ponto riscado do maioral do Povo de EX'u. Salomão), representam as ciências oeultas . (Al~
É um ponto místico de chamada, onde Lúcif'er mos-
Magia e Magia Negra). Os dois ponteiros .perpendi-
tra toda a sua supremacia como ((AGENTE MAGl- culares ao crescente lunar que tem sobre Si sete cru...
CO UNIVERSAL". EStá representado com as seguín- zes, significam o poder sobre a t,err~ e sobre' os ho-
mens, dominados pelas forças cosnncas, e de natu-
248 I AÚMi3:A.NnA ATRAVES nos SÉCULOS
I
reza terrena. As duas espadas cruzadas por trás do f ~ ':"':"'Pontode EXu Veludo na Irradiação de Ogum,
triângulo de Salomão., significam O· poder absoluto, 4 - Ponto de Exu das 7 Cruzes. . .
tendo a dírígí-lo a irradiação de Marte e Mercúrio 5 - Ponto de Exu-Rei (Ponto místico de chamada).
(duas estrelas laterais). 6 - Outro ponto de Exu-Rei.
Para melhores esclarecimentos sobre o que seja o Na figura 13, estão representados os seguintes pon-
Reino do Poder do Mal, dírgdo pelo MAIORAL, será tos de Exus:
preferível que o leitor procure na obra: "EXU", já edi- 1- Ponto de Exu, na irradiação de Cabinda de Guiné.
tada, tudo quanto desejar conhecer sobre o Povo de Exu. 2 - Plonto de Exu das 7 Pedras. . .
•••c, 1- P~l>,o 3 r-r- Signo de Segal (E~ Gira-Mundo - Signo caba-
, ",)'9' . '1 lístíco),
+ @ ~
4 - Ponto de EXiU:
da Capa Preta.
lJ g~.J..~ 5 - Ponto de Exu das 7 Poeiras.
?:r"_ 6 - Ponto de Exu das 7 Cachoeiras.
~~
Figura 13
tfj.
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Figura 16
-,~~.~,~' I~ ~
~,
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~~~~í.R~.b".~ -1~.
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.. ,
. - j
Fi2Ura 17
..Figura 18
Na figura 17, vemos: Na figura 1~, seis pontos de Exus, estão assím re-
presentadios: .. .
Figura 20
Figura 19
Na figura 20, seis pontos de EXlUSestão assim repre-
tados:
Na figura 19, vêem-se os seguintes pontos: Ponto de Tranca-Ruas na irradiação da Linha do
Mar.
1- Ponto místico de Exu dos Cemitérios. Ponto de Exu Tranca-Ruas em trabalhos de Magia
2 - Ponto de Exu Tronqueira (Magia). Negra.
3 - Ponto místico de Exu Pomba-Gira (Mulher Ponto de Exu Veludo, na irradiação de Urubatão.
Exus). Pnnto de Tranca-Ruas, na irradiação de Ogurn.
4 - Planto de Exu Tranca-Tudo (Ponto de cham 11 I ..:">onto
de Exu das Matas (Linha do Oriente -
{) - Ponto místico de Exu-Ganga. Alta Magia).
.6 - PORto de E;xu Brasa. Ponto de EXl1 'I'atá-Caveira .
Z56 .' - A L U I Z 1,0' 'F:o N T E.N E L J.•!ll
'l ..
."
íNDICE
1.0 Volume
PARTE TEóRICA
Capo Pág.
capo Pág.
2.0 Volume
PARTE PRATICA
COmposto e impresso na
GRAFICA EDITORA AURORA LTnA.
2021'1 Rua Frei Caneca, 19 - ZO "
Telefone: 222-0654 - Caixa Postal 7.041
- ZC 58 - RIo de Ja.nelro - ..
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