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Este livro está constituída de

uma parte teórica e outra prá-


tica.
Na .primeira, composta de
dez capítulos, o autor expõe as A UMBANDA
suas teorias e os seus conce'-
tos sobre a estrutura e a evolu ATRAVÉS
ção, através dos séculos da Lei
de Umbanda, na sua concepção DOS SÉCULOS
a mais perfeita e sublime ideo-
logia religiosa.
Na ~EgL·ndaparte, também
constituída de dez capítulos,
são dadas valíosas e interes-
santes explicações sobre a.s prá-
ticas umbandístas e seus ri-
tuais.
~re de O.Curninó
..v
Q.
ALUIZIO FONTENELLE

A Umbanda
Através dos Séculos
5ç, EDIÇãO

Editora Espiritualista, Ltda.


20211 Rua Frei Caneca, 19 - ZC-14
Caixa Postal 7.041 - ZC-53
Rio de Janeiro - RJ
PARTE TEÓRICA

oaps.
I - A razão de ser deste livro.
II - O que significa a palavra UMBANDA.
III - A Umbanda através dos séculos.
VI - A verdadeira origem do primeiro homem que habitou
a terra,
V - Algumas religiões e sua origem.
Allan Karde,c,
VI - O Cristianismo - As religiões desmembradas do Cris-
tianismo. - Os reformadores (Valdenses - Wyclife
- Buss - Jerônimo e Luthero) - A era kardecísta
e seu fundador.
VII - Umbanda, futura religião do Universo - Domínio 0.08
espíritos.
VIU - A codificação da Umhanda - Trabalhos filosóficos
e doutrinários.
IX - Prova kármíca - Livre arbítrio - Reencarnação.
X ~ A falsa Umbanda que se pratica no Brasil - Tabus
- Imagens - Amuletos, etc.

PARTE PRÁTICA
XI - Ambequerê-Kibanda e o ritual arro-brasíleíro no
"Candomblé" .
xn - Como deve ser cultuada a verdadeira Umbanda
Sua verdadeira divisão.
Rio de JaneIro, RJ - 02818
6 ALUIZIO FONTENELLE

XlII -
Trabalhadores da Unha do Oriente - Entidades hín-
dus, suas indumentárias e rituais. I

XIV - Orixás da Umbanda. ~


XV - A Medicina do espaço e o poder da vontade - Ma~la
- 'Passes e operações astrais,
XVI - A Umbanda Iniciática - Os Exus e suas ralanges.
XVII - Rituais da Umbanda.i--; Ourandetrísmo.
XVIII - A alta sígntíícação dos pontos cantados e riscados.
XIX - Pembas, Ponteiros, Ouríadores, Amalás, etc.
XX - saravã Umbanda!".

ALUIZIO FONTENELLE

* 23 MAIO 1913 - t 3 JANEIRO 1952


A minha querida esposa, HELENA NOVAL FON~
TENELLE DA SILVA, companheira imeeparâ-
uei de todos os momentos, a minha sincera
homenagem.

AL UÍZIO FoNTENELLE
iRMÃO! ...

MEDITA DEMORADAMENTE SOBRE A


TUA CONDIÇÃO DE ENTE HUMANO, E PRO-
CURA CONHECER A RAZÃO DE SER DOS
TEUS INúMEROS SOFRIMENTOS. ACOMPA-
NHA A EVOLUçaO DA MAIS PERFlill:TA
IDEOLOGIA RELIGIOSA QUE É A UMBAN-
DA, E VERASQUE OS TEUS TEMOHES SE
DISSIPARÃO, QUANDO TOMARES CONHE-
CIMENTO DO MUNDO ESPIRITUAL, ONDE
OS BONDOSOS ORIXAS TE MOSTRARÃO A
SUBLIMIDADE DAS LEIS DIVINAS, DANDO-
TE FORÇA PARA SUPORTARES COM A RE-
SIGNAÇaO DOS FORTES, OS MAIS ATRO-
ZES PADECIMENTOS MORAIS, MATERIAIS
E ESPIRITUAIS.

VEM ...

A UMBANDA REDENT,ORA E AMIGA TE


ESPERA! ...
1.0 VOLUME

PARTE Tf;ÓRICA
'J.,

· i.r

CAPÍTULO I

A RAZÃO DE SER DESTE LIVRO - .


Pelo muito que' tenho ouvido falar; pelas observa-
ções feitas durante longos anos de trabalho como prati-
cant-e da SEITA; e, sobretudo, pelo que tenho lido sobre
a UMBANDAe seus propósitos; querendo combater de
uma maneira pode-se dizer acintosa, as inverdades que
não só se praticam, como também, se espalham através
de livros e panfletos que tratam dessa intrincada ma-
téria, foi o que me levou;a publicar esta obra" na qual
venho de público', demonstrar cientificamente e dentro
da maís perfeita concordância em face à TEOGONIA
RE,LIGIOSA,que a UMBANDA,é a única religião que
sobre a face da terra tem a autoridade suficiente para
falar e tratar das COUSAS:DiVINAS.
Ao me referir ao termo UMBANDA,quero enqua-
-drar todo aquele que, contra ela se manifesta, seja desta
nu daquela religião,- e, digamos mesmo, em face ao
Ecletismo Uniuersal,
Na alta concordância das religiões; quando aprofun-
damos a matéria ao âmago da sua criação, verificamos
que todos os caminhos provêm de uma única fonte; e
que, a UMBANDA,é a razão de ser de todas as religiões.
Embora pareça-nos um tanto irrisória essa afirma-
tiva, estou convicto de ser essa uma verdade; e, como
18 ALUIZIO FONTENELLE A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 19

não pode haver dúvidas quando se afirma categorica- netrar nas escolas onde a Umband.a !o.sse encarada sob
mente que uma determinada teoria é ou não verdadeira, o ponto de vista científ~co e ~out~narIo... . _
nada mais fácil para! mim se toma, do que provar-Ihes Na segunda, já a minha tínalidade foi a de arrastar
o que acima foi dito. aos que têm o desejo real de encarar a Urn;banda como
Dessa maneira, desejo que fique bem patente tudo religião apontando-lhes aquilo que de sublime e de su-
o que acabei de expor, pois, a partir deste momento vou perior ~xiste por detrá~ do que o vulgo, sem base e ~e~
./
deitar por terra e discordar por completo, de todas as cultura, costuma apelidar de MACUMBAS, FEITIÇA
teorias e conceitos que da Umbanda fizeram e fazem
RIAS, etc. ,. d-
não só certos Urnbandístas, como também aqueles que, I

Nesta obra, você poderá muito bem ca~preen er. o


desconhecendo a sua verdadeira origem, julgam-na uma porque da sua sublimidade, uma vez que, nao faço mis-
religião de idiotas, de obsedados, enfim, de indivíduos térios e nem tão pouco crio dogmas so"?Tea verdade que
deslassíficados e sem princípios, para os quais só inte- de fato existe, e que o passado do~ .seculos atesta., .
ressa o bem estar e os prazeres da vida mundana, pouco Prossigamos então na obra ínícíada, e no capítulo
se importando que provenham desta ou daquela -forma. seguinte, vejamos como ente~~o a U~b:~da, segundo a
Por este motivo, vem à luz do público, a primeira minha próprda opinião, e quiça, a opimao daqueles que
obra doutrinária e iii.;IJosófica,
escrãta nos moldes das realmente conhecem profundamente essa concepçao re-
Academias, para que aqueles que se julgam aptDs a ligiosa, que é sublime em todos os seus pontos de vísta.
combatê-Ia, tenham a hombridade de o fazer, em face
da presente exposição, a qual não comporta a dubiedade
de interpretações nem as falsas demagogias religiosas.
Em retrospecto a um passado de lutas, quero de-
monstrar também que estou a cavaleiro da situação,
pois, obras de minha lavra já se espalham pelo Brasil
a fora, e quiçá, além das fronteiras da Pátria, onde
demonstro de modo claro 'e insofismável, que aquela
mesma Umbanda cujos véus venho hoje rasgar, já pos-
suía sobre ela a autoridade de dirigent :
Ao serem elaboradas as obras: 4''0 ~I PIRITlSMQ
NO CONCEITO DAS RELIGL E A E DE UMBAN-
DA", e "EXU", ambas de mính utcría, qui apenas de-
monstrar d público, n 1'1 f t conheci-
mento que, U P i s u. b 1 1 um que se
pratica na quas t t 1 t l" 1"" n r sil, para
lanç r uma bra U I tualm nte serve,
de /lV.AD(EM'E Mil to, t , J i ndo-s nessas
prátícas relígt SQ, , 1"1 ~ ti' Ia. f 11 idad de pe-
:~:.
3 _ É abençoOU De'Us o dia sétimO, e 'O santificou;
porque nele descansou de toda a sua obra, que
JI)euscriara e fizera.

A FORMhÇAO DO JARDIM DO EDEN

CAPÍTULO II
4: __ Estas são as origens dos céus e da terra, quando
foram criados: no dia em que o 8enhor Deus fez
o QUE SIGNIFICA A PALAVRA UMBANDA a terra e os céus:
5 _ E toda a planta do campo que ainda não estava
A palavra UMBlANDA . .fi' na terra, e toda a erva do campo que ainda não
ou ainda, etimOlogicamen:t:I~~:~~~ .N~ZUZ DE DEUS, brotava; porque ainda o Senhor Deus não tinha
Na Luz de Deus é, . ' . DIVINA. feito chover sobre a terra, e não havia :homem
por analogia, uma v~z ~: L~rmo por ml~ concebido
para lavrar a terra.
correta da palavra U~,ANDAZ D~VI~A, e a tradução 6 _. Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda
em PALLI (*) na ual f ' ca~pllada do original
ESORITURAS 'e q oram escritas as SAGRADAS face da terra.
que no seu GÊNESIS ., 7 _ E formou o Senhor Deus o ho'mem do pó da terra.
térando que a Bíblia na m . ja vem demons-
do que a traducão inc esma parte re~erida, nada mais
e soprou em seus narizes o fôlego da vida: e o
homem foi feito alma vivente.
(corno podemos ver' den~~~et~do I?al~z para o HebraicO 8 _ E plantou o Senhor Deus um jardim no Eden, da
vejamos então: . proprio Gênesís) e q'ue banda do Oriente: e pôs ali o homem que tinha
formado,
Diz a Bíblia: 9 _, E o Senhor Deus fez brotar da te'rra toda a árvore
agradável à vista, e boa para comida: e a árvore
Gênesis : da vida no meio do jardim, e a árvore da ciência
1 -- ASSIM os oéus e a terr do bem e do mal.
2 foram acabados~ a e todo 'O seu exército 10 _ E saia um rio do Eden para regar o jardim; e dali
- E havendo
que Deus acabado
tinha feít d no diia sétimo
,. a sua obra, se dividia e se tornava 'em quatro cabeças.
1 o, escansou no sétímodí ' 11 _ O nome do primeiro é Pison; este é I() que rodeia
a sua obra" que tinha feito. e ImOdia de toda toda a terra de Havilá, onde há ouro.
12 _, E o ouro dessa terra é bom: ali há o bdêlio, e a
(* ) Palfi: -- primeira lín . pedra sardônica.
que suas mais remota" índíca gua f_alada no Oriente Médio e 13 _ E o nome do segundo rio é Gibon: este é o que
~:a!quer tratado científico ~aboes
Amca.
=. c~~pmvadas através10,'dee
re a hístória da índia , Egít rodeia toda a terra de Cush.
ALUIZIO FONTENELLE
A UMBA.ND,A ATRAV~'DOSSÉc'ULOS 23~
14 - E ? nome do terceiro rio é Hidd .'
vai para a ban da d'o oriente da Assí
ekel, .Es~ e.: o que
to rio é o E'ufrates .a ssiria: e o quar- 25 .~ E ambos estavam nus; o homem e sua mulher;
15 E . . . e não se envergonhavam,
- tomou o SenlJ:wrDeus
jardim do Eden para o 1 o homem, e o pôs no
16 -- E ordenou o Senhor D avrar e o guardar. O mesmo Génesis, porém no seu original em Palii:
.,., toda a árvore do· jard~USao ho~e~, dizendo: De E Deus criou Adima e Eva, entregando-lhes uma parte
.1' .--, Mas da árvore da .A ~ comeras lIvremente da terra que lhes era especialmente destinada e que se
- ClenClado bem d .
nao comerás' porque no' e o mal, dela chamava IDEN, fazendo-lhes no entanto a terminante
certamente ~orrer~s, dJlaem qiUedela comeres, proíbíção de verificar o que existia fora daquelas fron-
teiras estabelecidas, dizendo-lhes apenas que, aquilo
pertencia aos Exus.
COMO DEUS CRIOU A MULHER Cumpre-me esclarecer, que o termo ADÃO foi co-
18 E d'lsse o Senhor Deus' N- .' ' b piado por analogia do seu original em Palli "ADIMA" ,
- e que, subentende-se esta analogia, urna. ~ez que no
esteja só: far-lhe-eiu'm aJO ,e om que o homem
como diante dele. . a aJudadora que esteja hebraíco, a pronúncia do "i~' aberto, é feita com bastan-
te dificuldade, o que podemos verificar para maior con-
19 '- Havendo pois o Senhor D cordáncía de minhas palavras, através do alfabeto he-
todo o animal do cam eus formado da terra
os trouxe a Ad- po, e toda a ave dos céus braíco, onde todas as letras cuja pronúncia correspon-
. ao, para este ver com lh ' de ao "i" empregado na língua Latina ou Nórdica, é
na; e tudo o que Adã o es chama-
viven,!e, isso foi o seua~~hamou a toda a alma substituído por acentos especiais que lhe emprestam o
;20 - E Adao pA me. som gutural.
, os os nomes a tod d ' Esclareço ainda, que o termo EXU,pertence ao ori-
ceu.s, e a toda a best dO o ga o, e as aves dos
h Oiffi:emnão se achava'a o campo',asm para o ginal PallJi, bem como ao original heimuco, tendo a síg-
. como díante dele. aJudadora que estivesse níf'ícação de: "POVOS".
21 -- Então o Senhor Deus fe . Cumpre notar que esa significação de "EXU" é
sobre Adão, e este adorm: ca~ um sono pesado empregada especialmente para significar um povo me-
suas costelas e cerrou ceu: e tomou uma das nos protegido, isto na concepção atual desse mesmo
22 - E da costela que o Se a carne em seu lugar. termo, empregado presentemente. nas Uonbandas, que
formou uma mUlher,~~r Deus tomou JO homem, distinguem essas entidades, como espíritos afeitos ao,
23 - E disse Adão: Esta; rouxe-a a Adao. mal, e, que naquela época referia-se a eles, porém, como
. e agora o d espíritos em estado embrionário de formação.
e carne da minha carne' s ss~ os meus ossos,
porquanto do varã foi te ta sera cha.mada varoa Voltando ainda ao que diz o Gênesis no seu origmal
24 _ Portanto dei , o o~ ornada, ' em Polli, sabemos que:
erxara o varao o se . Tendo no entanto Aâima o desejo de conhecer o que
e apegar-se-á à sua u pa~ e a sua mãe,
carne. mulher, e serao ambos uma era a vida fora daquelas: fronteiras, convidou Eva para
fazê-lo, ao que ela, receosa procurou mostrar a Adilma
que se assim o fizessem, atrairiam sobre si; a ira dei Se-
24' r: ALU 1 ZI O .s-o NT E N'EL'L E"
A UMBANDA ATRAVES DOS SÉCULOS 25
nhor, porém, acabando em perfeita harmonia de idéias,
manuscritos hebraicos, deixados por Ahrão, e hoje tra-
acompanhou seu companheiro Adima.. na perigosa tra-
vessía ... duzidos em diversas línguas.
Ao fazer essas comparações, quero mostrar ao dis-
E ne~te mesmo instante, abrem-se os céus descen-
tinto leitor que, antes de exístir a Bíblia, já existia
do "VINU~",(*) e transmitem-lhes a palavra 'do Cria-
dor, que fOIassim pronunciada: "TURIM EVEI TUMIM muita 'coisa escrita sobre a mesma matéria, [emdiversas
UMBANDA..DARMóS". . , línguas e que divergindo essas teorias sob múltíplos
aspect~, deu origem à criação de inúmeras religiões,
. po: analo~ia, e por não poder absolutamente dar a
tradução perfeita dessa frase, devido a que essas pala- muitas das quaãs ainda hoje existem espalhadas pelo
mundo inteiro.
~ras representam ul? segredo de alta iniciação, o qual
e dado a conhecer aqueles que possuem o grau de sa- Da própria Bíblia, surgrram duas religiões distintas:
cerdotes, por se tratar de alta magia, vou no entanto a BATISTh\ ea CA'DõLICAAPOSTóLICA ROMANA;
traduzi-Ias da seguinte maneira: sendo que esta última tomou um maior increme:nto, di-
"Por ordem de Deus é dado o teu destino " vidíndo a opinião dos povos, sendo que no Brasil, dada
"M'ultiplicai~vospois, e. uma vez que transg~~distes a nossa formação social, ela é a religião predominante,
os s~us mandamentos, tereís agora em encarnações su- devendo-se isto tudo ao podenio do TRIBUNAL DA IN-
eessrvas, Ú' aperfeiçoamento da alma, até ganhardes de .QUISIÇaO,. que dominou intensamente a velha Europa,.'
novo o RJillNODA GLÕRIA. e que, forçou-nos a adotá-Ia inteiramente, porque outra
"Baíxou sobre a face da terra, a luz da lJImbanda." não foi a nossa concepção e instrução religiosa.
. E de~ta fo!ma,. podemos verificar que, sendo o oe- Após ter o leitor tomado conhecimento de que existe
n~Sl1.S escnt? .!1lamais de 15 mil anos, pois, até esta data algo mais antigo que a Bíblia, e o que, a esse respeito
fOI transmItIdo segundo a própria lei pelo sistema da foi escrito, está compilado em uma língua hoje morta,
KabbaZah, o que impossível se torna determinar-se a por forças das circunstâncias, mas, que naquelas eras,·
pata da sua co:upilação, mas que, subentende-se facil- predominou de modo total, sendo que ainda nos, nossos
mente ser anterI~r ~o prime~ro Iivro de Moysés. dias, pelos avançados estudos de letras clássicas que f~-
Segundo a Bíblía, M~ys'essubiu ao monte Siruü; pa- zernos através das Universidades nas Faculdades de FI-
ra receber de Deus as Tabuas da Lei, que reunia em si losofia, é que podemos determinar que do SÂNSCRITO
os d~z mandamentos; no entanto, no original escrito em originaram-se quase todos os atuais idiomas. Cíhegamos
fJa,Zlz, esses, mesmos mandamentos já eram conhecidos também à conclusão de que, esta língua mater, teve
milhares .de a~os antes do advento do próprio Moysés, origem em um passado remoto do idioma Palli, e que,
e outrossím, so nos foram dados a conhecer" através dos posso sem nenhum receio de errar, afirmar que, se o
Paiii já se perde na poeira dos séculos, a palavra UM-
BtANDAtambém se perde, pois, no Gênesís dos "VE-
.' (,~) Vinús - na terminologia Palli, significa: Espíritos DAS", ela é pronunciada pelo VEHBO DIVINO.
~uro~, segundas pessoas de Deus, e por analogia subentende-se Pelo exposto, quero completar aqui, que a palavra
COmOyEM. MA~UEL, e, que na religião' católica' é denominado UMBANDA,foi pronunciada pela primeira vez, quando
por ••esns- Crísto ,
pela primeira vez o homem transgrediu a LEI DIVINA.
A UMBAND~ ..ATRAVÉS DOS S~CULOS 27,
26 AL U I ZI O F O'N T E NE L L E
diz: _ nenhum termo análogo pode ser formado, 9.uan-
a
Portanto, 'lógico se torna minha afirmativa em ch- do na eoncordãneía direta não exista a conoo!dân~la: dos
ser-vos que" a UMBANDA veio aJOmundo, quando o princípios; o que quer dizer claramente: .nao exístíndo
mundo entrou na sua primeira formação social, isto é: na língua africana e em nenhum dos dialetos negros
quando na terra apareceu o primeiro casal que foi existentes no mundo, a palavra UMBANDA, foi por .esses
ADÃO eEVA. escrítores, e Babalaôs de Orixá, formada a analogía do
Acontece porém, que a maionia daqueles que se dis- que os escravos pronunciavam A.MBEQUER"E:-KJIBAND'A,
põem a escrever ou mesmo comentar sobre o termo que significa: Graruie Cura,ndezro.., e que esses ~esmos
UMBANlDA, em seu princípio etimológico, pecam pela senhores querem tornar analogo a 'palavra UMBANDA,
base, ao afirmarem que a Umbanda nos foi trazida pelos como uma variação ou defeito de lmguagem.
escravos africanos que aqui apertaram l1JQS meados do
Século XVI, quando nem ao menos se lembram de que Pelo exposto, pode-se facilmente verificar que, não
uns pobres escravos, sem a menor formação de cultura, existindo numa língua uma determinada palavra, como
e, praticando algo que nada de semelhante existe no pode a essa mesma língua, ser atribuída a paternidade
que se pratica atualmente nessa; seita, pudessem ínter- do termo?
ferir na concepção de um povo já algo mais adiantado En.tretanto como a Nnalidade desta obra, é mostrar
e mais esclarecido, uma vez que, a estes pobres escravos, ao mundo o que de verdadeiro existe na concepção desta
era-Ines negado até o direito de viver, quanto mais, de religião, que, uns classificam de ESPIRITISMO, outros
ditar regras religiosas a uma nação que cambaleante de MAGIA BRANCA e a maioria chama de UMBANDA,
tentava dar os seus primeiros passos de progresso. misturando-a de todos os modos, e procurando ínterpre-
Lavro aqui no entanto, o meu preito de gratidão a tá-la de todas as maneiras; vou em continuação a este
esses heróis anônimos, que com o suor de suas faces, e capítulo, discernir de um m~do clar~ e efici~nte, todos
muitas vezes vergastados aos rudes golpes dos chicotes; os seus porquês, a sua evolução através dos séculos, d~~
e atados aos pelourínhos, constituíram os alicerces de de os pníncípíos da formação do mundo, da er~ km·decz.s-
uma nação que hoje desfruta das honras de pertencer ta do candoblé e finalmente, até os nossos dias atuaís,
ao conclave de nações que formam o poderio universal. . o~de o home~ procura adaptá-Ia ~ era progressista
Quero deixar patente também, que, respeito e acata que atualmente atravessamos, embora incorrendo em
as suas concepções religiosas, que, embora afastadas em grave erro por desconhecer Integralmente a sua verda-
grande parte da realidade, não deixam de ser no entan- deira finalidade, a sua verdadeira origem, os seus ver-
to, na sua forma empíríca, uma prática da ciência espí- dadeiros rituais" etc.
rita; mas, quero também lembrar ao meu prezado leitor - A esses mesmos homens a quem foi dado o direito
que, aquilo que os escravos africanos importaram do' de descobrir a síntese das maiores maravilhas que vêm
continente negro, foi o que se denomina de "CANDO- beneficiando a humanidade, inclusive a desintegração
BllÉ" , e agora: falando a esses escritores e BABALAôS do Á'DOMO; a esses homens quero mostrar o Alfa e o
DE ORIXÁ que por aí pululam aos montes, tentando Omega da maior expressão Divina que é a UMBANDA.
tíeturpar e fazer confusão da verdade, que, quando fala- Com o firme propósito de esclarecer tudo quanto
rem ou escreverem no sentido etímológico de um. termo, existe de verdadeiro, nesta concepção religiosa que é a
lembrem-se primeiro da grande fórmula cíentírlea que
28 A L U I Z 10 •.FO N T E N E L L E

Umoatuia, I?elo·fato de tratar-se de uma religião que


procura nmícamente elevar os homens rio conceito de
Deus, evocando o sobrenatural; não medirei esforços,
no sentido de que não haja dúvidas quanto à veracidade
das minhas afirmativas, de vez que, basear-me.eí apenas
no que de concreto existe, através de obras consideradas
de grande valor cíentíãco.
CAPÍTULO lU

A UMBANDA ATRAVES DOS SÉCULOS

Eis-me frente a frente com um problema por demais


complexo, no que diz respeito à verdadeira concepção
que se tem feito através dos tempos, de uma ideologia,
como é a Umbtsnda, sublime emtodos os seus pontos
de vista.
As ínverdades que se têm praticado, e quase tudo. Q
que se tem escrito, através de Iivros que procuram mos-
trar a sua origem, não têm sido absolutamente perfeitos,
de vez que não se fundamentam de fato na realidade
dos acontecimentos.
A Lei de Umbanda, essa lei divina, tem sido detur-
pada com teorias absurdas, que não condizem absoluta-
mente com a época adiantada que ora atravessamos. O
homem de hoje, procura desvendar os mistérios que cer-
cam quaisquer atividades, e estuda os porquês de tudo
{) que llhe possa dnteressar em todos os setores da vida
atual. Entretanto, porque não aprofundarmos os nossos
-conhecimentos, no que diz respeito às religiões? ..
Porque não nos aprofundames em procurar. desco-
brir a verdade que paira sobre as nossas cabeças no que
concerne às forças sobrenaturais, que nos dirigem os
passos, anos e vontades, mudando completamente o
.rttmo das nossas intenções? ..
Se procurarmos mergulhar o nosso pensamento no
.âmago de uma concepção, em busca de mostrar a ver-
A UMBANDt\ ATRAVÉS DOS SÉCULOS 31-
30 ALUIZIO FONTENELLE
~ mundo, aquilo que d~ fato é perfeito e integral desde
dade que de fato possa existir quando queremos que ve- a sua primeira forma~aQ.. . ~
nha à tona aquilo que é necessário e real dentro de uma Desta maneira vejo-me obrigado a ag~:,_n~ pela
relígíão, nada mais fácil para nós se torna provar o que força das eíreunstnctas, e sim, por um capricho tao co-
desejamos, desde que, conheçamos profundamente a ma- mum a todo aquele que procura praticar uma Umbanda
téria sobre a qual pretendemos! discutir. sincera e quando possui a dirigir-llhe os pensam:ntos,
Façamos !Umestudo completo daquilo que as gera- entidades de "grande luz espiritual". E:n:b~ra veJa,...~e
ções passadas nos deixaram, e, com um pouco de inte- obrigado a usar de algumas verdades esotenc~s, ao: dl~-
ligência, formulemos concepções perfeitas, e, logo sur- sertar neste terreno, com o fito de reforçar amda: ma~s
girá a luz de que tanto precisamos. o meu pensamento, procurarei dentro da v~rdadel~a 10-
Ao encararmos as questões religiosas, no tocante à gica, mostrar,. não por meio de fórmulas cheIas,de ütera-
crença em Deus, necessário se torna que pratiquemos a tura, e sim, de um modo claro e compreensívet. tudo
verdadeira caridade, concebendo o AMOR UNIVERSAL; aquilo que desejo.
e para isso, é precsío que o homem sinta o Cristo dentro A minha única finalidade é -mostrar como conh~-
dó seu próprio' coração, e se reintegre na sua condição cedor profundo das questões espirituais, e oomo prati-
de ser perfeito, tal como foi idealizado e criado pelo cante da Umbanda durante vários anos, que, tudo qw;n-
Deus Onipotente. to existe sobre a face da terra evolui, como tem evoluído
Se o homem conceber a verdade, e cultuar uma re- o Espi1'itismo na Lei de Umbanda.
ligião sem preconceitos de qualquer natureza, procuran- Alguém me perguntará!... .
do auferír mais Iuzes com o intuito único de enriquecer _ Porque nasceu a UlV.IBANDA?..
os seus conhecimentos pessoais, estará seguindo o camí- E eu responderei .. " . .
Illho da perfeição; servirá à humanidade dentro da evo- A tjmbanda nasceu com os séculos, para uma maIOI
lução universal, e estará progredindo moral e .espiritual- aproximacão do homem ao seu oríador. .'
mente, dentro dos princípios básicos nos quais se fun- .Á uriíbanda nasceu com 'Ü homem, e ? .acompanha
damentam todas as crenças reiligosas. Este é o 'caso da através da sua existência material e sspírítaial, desde
UMBANIDA. que o mundo é mundo.
Do muito que se tem dito a respeito dessa lei, vou, Pelas próprias palavras do Pai Onipotente: "TU~
no entanto, abordar um magno problema fílosóflco-re- RIM-EVEI, TUMIM-UM.BANDA,DARJ.VIjôS", ditas pela
ligioso, que é justamente como se devia conceber essa boca dos seus ministros, temos a certeza absoluta de
LEI, através da sua primitiva origem, de vez que, diver- que, uma nova ORDEM baixara sobre a terra.
gem de maneira assustadora, todas as opiniões a seu "BAIXOU SOBRE A FACE DA TERRA, A LUZ DA
respeito.
UMBAr-."D~. "
É meu desejo esclarecer pontos de vista, nos quaís, Deus na sua bondade infinita, querendo dar ao ho-
baseado nas minhas próprias convicções e sobretudo, mem pec~dor, a oportunida~~ de reabilitar-se,. e :?:v:~
criando concepções sobre o que se tem feito através de de novo à sua primeira oondíçâo, deu-lh~ o castIgO.: Gê
estudos psicológicos em tudo quanto diz respeito à prá- nesís, 3,19. No suor do teu TOi:;tO
comeras o teu pao, até
tica da Umbanda, ninguém até hoje procurou mostrar
32 A LU I Z I O . 1.<'O-N T E N Ê--LL E
A UMB'ANDA· ATRAVtS DOS "stCULOS 83'
que te tornes à terra;. porque dela foste tomado: por-
quanto és pó e em pó te tornarás". .. Haveriam de cumprir-se as Sagradas Escrituras; e,
Deu-lhe também, através do que se denominou na consumação dos séculos, o homem será obrigado, pe-
"KARMA"" o direito de reabilitar-se: "Multiplicai-vos 10 0050 das responsabilidades que assumiu, uma vez q ue~
poüs, e 'Uma vez que transgredistes os meus mandamen- dotado de todos os conhecimentos e da força que lhe fOl
tos, tereis agora em encarnações sucessivas, o aperfei- dada em condições de quase igualdade para co~ Deus,
çoamento da alma, até ganhardes de novo o REINO DA "Gênesis, 3. 22 - Então disse 'o Senhor Deus: EIS o que
GLóRIA". o homem é como um de NÓ3,sabendo o bem e o mal;
Oomeçara a partir daquele momento, a evolução do ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome tam-
mundo, e com ele, a UM'BANDA. bém da árvore da vida, e coma e viva eternamente: ",
Era preciso entretanto, que a Lei do Equilíbrio Un,i- ver-se-á na contingência de escolher qual das duas .fo..r-
tJe1'sal predominasse nos mundos, uma vez que ao ho- cas o levará à VI'l1óRIA ou à DERROTA nasua condiçao
roem fora dado conhecer as forças do Bem e do Mal. perante 'o Criador.
Essas forças seriam os pólos: POSITIVO e NEGA-
TIVO, o ALFA 'e:o OMEGA, o BELO e o FEIO, o MAIS
e o MENOS, para que as igualdades pudessem subsístír.
Como a verdadeira tínalídade deste capítulo, é um-
Assim, tínnam que predominar no mundo essas
duas correntes perfeitas, onde o HO:MEM e a MULHEH var-lhes que a UMBANDA provém ~os séculos, 0:urr;e~
haveriam de representar esse perfeito equilíbrio. lhor: surgiu no mundo com o apareclm~nt~ ~o pnmeiro
homem que habitou a terra, nada mais ~acll se t~)lna
O HOMEM é o pólo positivo" e a MULHER, o pólo mostrar-lhes através de explicações perteítas, aquilo a
negativo.
que me propus elucídar. _ .
Deus ré a encarnação do BEM e do BELO, ao passo
que SATANAZ é a encarnação do MAL e do FEIO. Pelo fato de que inúmeras interpret~oe~ f(~ra~ da-
das às questões religiosas, no tocante a exístêncía de
Criadas todas essas concepções, não poderia o Ho-
Deus e dos.homens, onde alguns constderam_ como sendo
mem fugir a essas forças; uma vez que ele próprio pro- a Bíblia a revelação divina das comunícações de Deus,
curava desvendá-Ias.
embora escrita pelas mãos do homem co~pllador d.?s .
Na própria ordem Div!lna: UMl3ANDA,essas duas ratos, sendo o autor do G~NESIS; e que mais tarde Joao
forças ali estavam representadas: o vínente, nos transmitiu por es~rito osJatos do Evange-
Um - (uno ,----,Deus - infinito -- força do Bem _ lho pregado por N. S. Jesus CflS~; nao vem absoluta-
pólo positivo). mente corroborar com as concepçoes formuladas no ver-
BANDA - (divisão - lado oposto - força do Mal dadeiro G:ÊNESIS no. seu origi~al ~,m Palli, de. vez que,
-- pólo negativo). antes do primeiro livro de Moysés, ja se conhecíam esses
Oom a multiplicidade do gênero humano, essas duas mandamentos, milhares de anos antes do advento. do
forças teriam forçosamente de estar representadas no próprio Moysés, uma vez que haviam sido transmítídos
próprio homem. Caim. e Abel não fugiram absolutamen- há mais de quinze mil anos. .
te 1,>., essa concepção. Antes de cometer o pecado, era dada ao homem a
c:ondição de comunicar-se diretamente com o seu Cria-
A UMBANDA ATRAVÉS DOS s~cULOS 36
34 ALUIZIO FONTENELL~
Na própria LEI DAUMBANDA, furmadapelas duas
kior, poís ibastava-lhe evocá-Ia nos seus pedidos para correntes, isto é: o BEM e o MAL; aqueles que dísvírbua-
que a palavra divina se manifestasse. ' ram e desobedeceram as Leis Divinas, procuraram no
Em virtude do afastamento do homem, que pro-
lado oposto, os seus desígnios. Assim, com a mesma
curou no pecado, furtar-se à aproximação de Deus f!lcou
força, criou-se o reino de Satanaz. O "FOVO DE EXU" J
por essa razão impedida essa. manifestação espiritual que habitava, o Iado oposto do EDEN" invadiu todas as
que era a comunicação C<m1o mundo dos seres invisíveis'
regiões da terra, e a maldade dominou o mundo.
r~eus, comunicava-se com o (homem através do se~ Mais uma vez, a grande "fórmula" esotérica e kaba-
espírito, e su~. o~dens eram por ele ouvidas tal e qual, Iístíca, entrava na concepção da "grande síntese":
quando nos dírígímos a qualquer ser mortal.
AO~ ht?mens que se seguiram às gerações de Adão e
Eva, pn:r:clpalmente àqueles que procuravam em Deus "UMBANDA"
o cumpr~ento de suas Leis, foi dada a MEDIUNIDA-
DE; que amda. hoje s~ .conhece através dos tempos, se- UM _ (U\l10- Deus ,- infinito - força do Bem -
gun~o as teorias e~p~ntas, nas quais se acredita que pólo positivo - Eden). .
?eu~, n~ ,sua magnaruma bondade, permitiu ao homem BANDA _ (Divisão - lado aposto - força do mal
mfluencla-~o com ,as manifestações espirituais, para que _ pólo negativo -' Reino de E:Xu).
pudesse Crle~tar aqueles que precisassem de luzes, para O homem, tomado pelo desespero, desorJentadore!o
o seu apeJ:f~lçº.amentc:>material e espiritual. pecado, conhecendo perfeitamente o bem o mal, nao
FOI desta maneira que surgiram os verdadeiros pestanejou em fazer o seu PACTO DE HONRA com Sa,-
PROFETAS, que nada mais eram do que grandes MÉ- tanaz: e, aquele mesmo AGENTE MAGICO UNIVER-
DIUNS, incumbidos por Deus para derramarem sobre a SAL. que tentara e conseguira deturpar a consciência
terra, 'os ensínamentos e leis pelas quaís se deveria reger humana, prometera ao homem tudo o que estava ao seu
toda a humanidade. alcance, 'desde que ele o adorasse.
~oysés, ao subir ao monte Sinai, para receber as Mais um passo fora dado, para o equilíbrio das duas
TABUAS D~ LEI, recebeu também a dádiva divina na forças ...
representação das manifestações medíúnícas, conhecidas Quem ? venceria? .
como CLARIVID~NCIA, INTUlçaO, PSIC'OGRAFIA. ~ .
etc., etc., ou melhor: recebeu a LUZ DA UMBANDA. Prossigamos através dos séculos ...
. Da mesma forma, João Batista, tendo a graça di- O homem bom, amava e ama a Deus sobre todas as
v~nat de conh~cer a yrD®NCIA, transmitiu através dos cousas.
tec~l<os_os mais sublimes fatos do Evangelho. Portanto. O Homem mau, amesquinha-o e zomba dele, certo
Crel? .nao haver dúvidas quanto aos fenômenos da Lei tie que Satanaz é o "ABSOLUTO".
~pll'ltal de ve~ que, na LUZ DA UMBANDA se nave- Prossegue na terra e no espaço, essa luta títãníea
riam de cumprir todos os mandamentos e vontades im- entre os dois grandes adversários: O BEM e o MAL.
postas pelo Pai Onipotente. Com eles, evolui a Umbanda, na certeza de que a
Vejamos agora o reverso da medalha ... marcha do tempo não pode parar.
A.LU:IZIO FONTENELLE· A UMBANDA ATRAV~S DOS Sl!\CULOS 37
Formaram-se legiões' e Iegiões; e, o mundo inteiro, torno do seu "NIRVANA", que o apontava como a mo-
desde os primórdíos das civilizações, ainda hoje luta te-. rada dos deuses, onde seus flhos encontrar-se-iam com
nazmente pela conquista da sua evolução. os ancestrais, que tiveram na vida material.
A luta continua; e, o homem, procurando aproxí-
mar-se do Deus Onipotente, busca na sua concepção, um Vejamos a evolução 'sofrida pela Utnbanda através
d'undamento ou religião que lhe dirija os passos, para das épocas, e estejamos certos de que as finalidades têm
chegar até lá. S11doas mesmas, isto é: procurar nas evocações divinas,
Mudam-se os nomes, criam-se Deuses, porém, o de- o aperfeiçoamento da alma, sabendo que exíste algo
do mágico da Umbanda, continua mostrando a toda a além da vida material, que resume em si tudo aquilo que
humanidade, a sua força espiritual. se deseja de bom e de belo, ao deixarmos 'Ü invólucro
Vem o PAGANISMO, e com ele a força destruidora carnal que tanto nos atormenta 18 nos faz sofrer a dor
do "Povo de Exu". Adoram-se deuses de barro e de pe- física,
dra; de bronze e de ouro; em completa. desobediência às Analisemos a concepção dessa crença, os seus dog-
leis divinas. mas' , e , ve]amos como em tudo se assemelha à verdadeira
Surge a MITOLOGIA, e com ela o POLITEíSMO, Umbanda.
Aparecem as doutrinas rílosóücas e religiosas de Vamos encontrar em Siddhârtha Gautama, 'O príví-
Brahma, Buddha e Confúcio, e com elas também evolui Jegíado fundador do Buââhismo, um predestinado pelo
a' Umbanda. Deus Onipotente, para derramar entre o seu po~o os
Os profetas anunciam a vinda dos seus messias, e ensínamentos das suas leis, em perfeita comunhão de
eis que o Deus Onipotente resolve enviar à terra o seu idéias e pensamentos.
filho amado, para a redenção da rmísera humanidade. Vejamos ainda como culbuavam a crença no sobre-
-Chegamos à era de ORISTO, e com ele, ainda mais natural, certos de que essa força índômita, os conduzia
se solidificou a concepção da sua Lei Divina, a "UM~ através dos diversos planos espirituais, até a morada dos
BANDA". DEUSES.
Façamos urna pequena parada. Volvamos nossos Porque então, meus caros leitores, não uníficarmos
pensamentos à era Budâhista, e procuremos compará-Ia todas essas crenças, de vez que tanto faz chamar-se
às concepções espdrítuaís que hoje se praticam e 'se "CÉU" ou "ARUANDA", "NIRVANA" ou "INFINITO",
cultuam dentro do Espiritismo. a verdadeira morada daquele que criou todos os mun-
·Vejamos como os híndus, nos SAGRADOS LIVROS dos? ..
DOS VEDAS, tão bem souberam díscernír e comentar, a Estudemos, pois, todas essas concepções, e estou
sagrada epopéia do "MARRABARHATT", que o supre- certo de que não me enganei quando afirmei e afirmo
mo Mestre WYAZA, soube interpretar através de que a UMBANDA será a futura religião do mundo, tal
300.000 versos: e, na velha China milenária, com o uso como o toí, no período da sua formação.
da "PLANlCHETA", recebiam as últãmas palavras dos Não se pode ser materialista, quando se tem a cer-
seus entes queridos, que bem souberam traduzir, nas teza de que a Natureza é a obra imortal do maior ar-
belezas do seu Espiritualismo, na descritiva feita em quíteto do Universo.
38 ALUIZIO FONTENELLE

.A <?om~se pode co~trarjar as leis de Deus, quando a


.'

ciencia ainda nao pode chegar a uma conclusão de


mesmo saber a verdadeira origem do homem?
Como se pode duvidar da existência de fenômenos
espirit~ais, se a todo o momento se nos deparam com
f~:os. Incapazes de serem eíucídacos pela própria
ciencra»
Qual será a nossa condição na terra, quando temos CAPÍTULO IV
a certeza de possuirmos um cérebro que pensa, e que
pode com a sua capacidade criadora modifiar muitas
das vezes a própria estrutura da te~a? A VERDADEIRA ORIGEM DO PRIMEIRO
É muito simples. Fomos feitos à imagem de Deus e HOMEM QUE HABITOU A TERRA
d'entr~ de nós mesmos, extiste uma força criadora q~e
poderá _ser boa ou ma, conforme as nossas próprias
eonvicçoes, t Por divergirem grandemente as opiniões sobre o
aparecimento do primeiro homem na terra, e, não ~ese.
jando deixar passar desapercebido este ponto de VISta,
principalmente, por s~ ~ratar de ~~ assunto ~ue diz
respeito ao trato das enumeras relígíões conhecidas no
mundo inteiro, como também, porque a ciência tem pro-
curado estudá-ío com verdadeiro carinho, vou aproveitar
este capítulo, para, não só elucídar esse caso sobre o
ponto de vista religioso, como também, explanar o co:?-
ceíto que faço, e o meu modo de entender, sobre tao
íntríncado problema.
Tendo esclarecido em capítulos anterlores, que o
aparecimento do homem na terra, seg;u~d.o a própria
Bíblia , tinha sido em virtude da vontade dívina, na qual,
o Deus TOdo Poderoso, o criou à sua semelhança; e, que,
de acordo com o Gênesis escrito no seu original em Palli,
'(primeira língua falada quando da formaç~ d~ mU?-d?)
Adíma e Eva, ou Adão e Eva segundo apropna Bíblia,
foram destronados do Eden em virtude do conheci-
mento do Bem e do Mal, incutidos pelos agentes mági-
cos uniuersaie (POVO DE EXJJ) , sendo esses os prin-
cipais causadores e responsáveis por este ..tremendo
erro.
40 ALUIZIO FONTENELLE A UMBANDA ATRAWB DOS SltCULOB 41

Este fato foi mais uma conseqüência da Lei do Equi- chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho
líbrio Universal, pois, a partir dessa época, a terra seria Enoch:" .
dívírtída em duas facções ou ralanges: a do BEM sob a Jmpossível se tornaconeeber-se a veracidade dessa
proteção de Deus e a do MAL Boba força destruidora passagem bíblica, porque, sendo Caim e Abel os prim~i-
de Satanaz. , ros filhos de Adâo e Eva, e, uma vez morto Abel, Caím
Ainda, segundo o Velhio Testamento, Adão e Eva conhecera uma mulher com a qual se casara e dessa
conceberam dois filhos: Caím e Abel, nos quaís devido união nascera um primogênito. Donde teria vindo essa.
ao pecado, as duas poderosas correntes estavam perreí- mulher?
tamente representadas. Abel, era a encarnação do Bem, Vamos procurar interpretá-Ia ...
ao passo que em Caím, incorporava....se o Mal. Primeiro: - Por suposição; uma vez que, alguns
Guiado pelo mal, Caírn, atraiu para si a semente da anos se passaram entre a morte de Abel e o casamento
maldade, germinando em seu coração a vingança a de Caím, poderia ter se dado o caso de que novas gera-
inveja e ,Q ódio, matando a seguir o seu próprio irmã~. cões se formaram da parte do terceiro filho de Adão e
A partir deste momento, a maldição de Deus atingiu Eva, o qual se chamou Seth; e, desse vínculo da família
a terra,. regada pelo sangue inocente de Abel; e por sua 'tenha surgido então a mulher que Caim conhecerae
vez, .Ca~, ao ser chamado à responsabUidade pelo seu com a qual se unira.
ato índigno, mergulhou-se no caos da degradação e do Segundo: - Também por suposição, poderíamos
castigo. interpretar esse fato, baseando-nos nas teorias Científi-
Conhecendo-se a existência do Génesis, escrito se- cas, as quais procuraram provar a existência de outras
gundo a própria lei, pelo sistema que se denominou de criaturas humanas, concebidas pelo fenômeno denomi-
Kaballah, há mais de quinze mil anos, ou melhor: muito nado "transformação", no qual o homem passava por
antes .do aparecímento do prvmeíro livro de Moysés, no diversas fases, até chegar ao estado da suacontormação
q~e ~IZ respeito a~ velho. testamento tão decantado pela atual. Nesse caso poderia conceber-se perfeitamente
Bíblia Sagrada, ja se tinha dele conhecimento antes esse estado de coisas, uma vez que, seria bem possível
me~mo ~o aparecimento do próprio Moysés, e que a se- que Caim, ao emigrar para outras terras, viesse a encon-
guir, o irmao deste, Ahrãn, os escreveu posteriormente trar um elemento feminino em condições idênticas às
na língua hebraíca, compilados entretanto do verdadeiro suas.
original rou: Terceiro: - Ainda por suposição, poderíamos per-
Existe numa das passagens bíblícas, um ponto bas- feitamente acatar a teoria de Darunn, quando afirma
tante obscuro, no que diz respeito à expulsão de Adão que o homem descende do macaco; e, assim sendo, po-
e Eva do paraíso, ao qual poderemos dar várias ínter., deria ter sido provável o aparecímento da mulher de
pretações, Cairo, oréunda de uma dessas tribos símíescas,
Diz a Bíblia:
Por outro lado, formulo eu a minha concepção.
Gênesís 5. O primeiro homicídio. Interpretando esse fato, tendo como ligação, não o
. J 7 - E conheceu Caim a sua mulher e ela conce- principio da formação terrena, e sim, o incidente havido
beu, e pariu a Enoch: e ele edificou ~ ctdade., G nos paramos .celestíaís, quando o Senhor IJe.us, destí-
42 ALUIZIO FONTENSLL. A Ui\mANDA ATRAWS DOS seoutós 43
tuíndo-a LUCIFER do seu elevado. cargo. junto. ao. Im- "E disse Deus: produza a terra alma vivente con-
pêrso Celeste, atirou-o sob a pecha de "EXU" (traidor), ~orme a sua espécie; gado e répteis, e bestas feras da
juntamente com a sua corte (POVO DE EXU), para terra conforme a sua espécie; e assim foí" . . . .
o. reino. das trevas; e que, esse remo era justamente "E disse Deus: Façamo.s o.nomem à nossa Imagem
o.infinito ou "uâcuo" onde mais tarde se daria, segundo. conforme à nossa semelhança: e domine sobre os peixes
a ciência, a formação das nebulosas, entre as quaís es- do. mar, e sobre todo. o réptil que se m?ve sobre ,a. ter-
tava a própria terra. ra" . .. "E criou Deus o. homem à sua unag~:" a ~:
Ao. manifestar-se a vontade e o. poder divino em gero de Deus o. criou: macho. e fê~ea: os criou .;' ' 10.1
criar os mundos, todo o ~osmo.s se movimentou. Cria- o dia da criação de todos os animais da terra e do.
ram-se os planos: do. espírito, da energia, da matéria, e aparecimento do homem, o sexto dia do mund? .
da mardtestoção; a seguir, a Vo.Zde Deus projeta a sua "Assim os céus e a terra e todo. o. seu exercito. to-
J'ontade através do infinito, transmutações se processam ram acabados. E ha~endo. Deus acabado no dia sétimo a
e mudam de estado. Do estado extátíco potencial, passa sua obra, que tinha feito, descansou no. sétimo dia de
ao estado dinâmico; re tudo entra em movimente.
Formam-se turbilhões de átomos, que gravitando em
toda a sua obra, que tinlha feito.". .. foi o.,d~ em 'u:
Deus descansou e destinou ao. descanso, o. setuno e últí-
torno de si próprios, manifestam-se com irradiações de mo. dia da criação. do mundo.
calor, de luz e de vida. IÉ o. énícío da formação dos
mundos, e o.princípio. de todas as cousas, * * >I<

Surgem os dias do Gênesis descrâto por Moysés: Explicada entretanto pelaciêndia, a fo.rmação ,?-O
"Haja luz - e houve luz". Este foi o primeiro dia mundo, concebe-se que, pelo }enômeno. da g;avItaçao,
do mundo. girando os astros em torno de uma força centrífuga, deu
"E disse Deus: Haja uma expansão no meio das origem à formação de uma grande neoutosa, a qual des-
águas, e haja separação entre águas e águas" '., foi prendendo tragmentos, e uma vez esgotada.a torça cen-
o. segundo dia do mundo. trífuga de propulsão estancaram em determinado Po.~t?,
"E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos passando a girar em torno do núcleo. central da prnm-
CéU3num lugar; e apareça a porção seca, e assim foi" ... tíva nebulosa descrevendo. suas próprías órbitas. Pelo
foí o.terceiro dia do. mundo. fenômeno. do.'atrito r e continuando a girar com, •
velocl-

"E disse Deus: Haja luminares nas expansões dos dade cada vez maas crescente em torno do próprio eIXO,
céus, para haver separação. entre o dia e a noite; e sejam acabaram por incendiar-se, ocasionando. a iluminação
eles sinais e para tempos determinados e para dias e ou luz formando-se deste modo todo o. sistema plane-
anos" . '. foí o.dia da criação. do sol, da lua e das estre- tário. À. seguir, devido ao. resfriamento da superrícíe de
las, o. quarto dia do. mundo. . cada um dos fragmentos deslocados, rormaram-se .as
"E disse Deus: Produzam as águas abundantemen- crostas, as quais isoladas por camadas multiforn;es per-
te répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da. mitiram a procnlaçâo de seres vivos e de vegetais,
expansão dos céus" .. , foi o.dia da criação. dos peixes e
dospássaros, 9 quinto de exístêncía do mundo. .
A UMBANDA ATRAWS DOS Sl!:CULOS 45:,
44 A t 'u I Z I O ,F O NT EN E L L E
COMO SE COMPREENDE O MUNDO
Por outro lado? ~ncarando~se a formação dos mun- ESPIRITUAL
dos, pela parte espiritual, cOfl:Cebe--seaté certo ponto a
~ontade de Deus, que com a ajuda dos espirítos constru- Sendo o "Espaço" habitado por espíritos, esses por
tores, dota~os de grande evolução hierárquica executou ua vez animam 05 seres vivos, constItuindo o que se
a sua gradíosa obra. ' onhece nas Ieís espíritas com o nome de Mundo Espi
J

, .Esses grandes espíritos, co~. autoridade de poder, íbual. Sendo inúmeras as categorias dos espíritos, e
e como exe~u~ores da vontade dívína, passaram a exer- or terem sido emanados das Leis divinas, são dotados
cer uma atI~lda?-e perfeita na execução e no cumpri-
A e inteligência, e sentimento. Encarados sob o ponto de
mento da açao dma,?1ica ditada pelo Verbo Divino. vista fluídico, pois outra não é a sua condição nos di-.
. Com a revotução sofrida nos diversos planos espí- v rsos planos espiritua.is, correspondem as suas forças
rltuaís, ~ ao término da formação dos mundos, foram os fluídícas, aos planos ou esferas vibratódas nas quaís se
Exus atirados para a terra, que deixou de ser treva desde manifestam. Ao espírito humano após a desericarnação
o momento em que surgiu a luz. omente lhes é dado a consciência da liberdade, após
<?'ormose tratava de espíritos puramente inferiores terem atingido no grau humano, a verdadeira compreen-
e afeitos ao mal, foí-Ihes dada a ordem de perambulare~ são; daí a concepção que se faz de um espírito que pos-
ora em 'estado embrionário de formação, ora pertencen- sui personalidade, ao manifestar-se na condição de
~es c?mo entes encarnados, a um tipo de raça puramente l'Egun" (espíritü de morto).
ínteríor, com. todas as características animais. Acredi- Todos os seres sepirituais habitam os Espaços Infi-
ta-se 9-~eo Pitecamtropo-erecto, de Java, tenha sido uma nitos e, somente quando lh!e's é permitido, descem ao
transição dessa espêcíe de seres. mundo material; e, de acordo com ,a Lei K.ármlÍca, muitos'
~~r outro lado, antes de existirem as raças Adâmi- são obrigados a passar por inúmeras. provas e experiên-
cas, ~a outr~ raças se lhes anteciparam. Eram homens cias terrenas, para fins unicamente purJficadores.
obscuros e bárbaros, grosseiros e egoístas, que não fa- Segundo a escala hierárquica dos espíritos, exístem.
lav~m como homens comuns, e sim, expressavam-se por três clases desse habitantes dos planos espirituais:
meio de, s~ns ~turais acompanhados de gestos horren- Espíritos Inferiores ou atrasados, compreendendo
dos e.'ll11mlc.asl~concebíveis. Alímentavam-se como ver- toda a casta de elementos maus, ignorantes, sofredores,
dadeíros animais, e seus olhos não conheciam lágrimas obcessores, etc., que não possuindo luz espil'lltual, são
e nunca riam. Seus prazeres eram gritos de besta-fera' obrigados por uma lei de justiça, a fhabitar o reino das
e suas d?res roucos gemidos. Fugiam da luz preferind~ trevas, sob o domínio do roio de Exu. Esses seres estão
a obscuridade e as trevas. ' localizados ora no espaço trevoso, no humbral, ou na
. Vol~ando agora ao ponto de partida, quando formu- crosta terrestre, na qualidade de espíritos encarnados ou
181 a minha co~cepção sobre a origem da mulher que d,e3cncarnados. Esse plano inclui todas as falanges do
pertenceu a caím, ~c~edit(). que tenha sido um desses mal. sob o domínio e direção de Exu-Reí Luoífer, da-
seres, na forma femmma, a companheira daquele ue tados entretanto de grande força maléfica.
for~ exortado por ~eus, ao cometer o primeiro horclcí- Os Bons Espíritos, integrando as falanges dos coope-
dío; e por essa razao, coube-lhe por castigo essa união radares do Bem, são encarregados dos trabalhos de au-
uma vez que, aos maus cabe o lmal.' ,
46 ALUIZID FONTENELLE

xílío, proteção e encaminhamento nos diversos planos


espirituais organizados em famílias com a denomina-
ção de Entidades, compreendendo todas as Linhas que
compõem 'o ciclo evolucíonal dos espíritos que atíngíram
determinada ascenção espiritual, posuíndo força fluídi-
ca suficiente para combater o mal. Alguns são conside-
rados guias individuais, tal, como acontece entre os pra-
ticantes da Umbanda. Aos de maior grau hierárquico, CAPÍTULO V
alguns os consideram com a denominacão de An-
[os-de-Ouarda, ~ ALGUMAS RELIGIÕES E A SUA ORIGEM
_ Os Espíritos Superiores, são aqueles que integram
a administração do Kosmos, cooperando com as divin- -""'-p;:ra que se pudeses dar uma classificação verda-
dades máximas no que diz respeito às reencarnações e deira e perfeita sobre as religiões, seria necessánlo es-
estudo do Karrma. São os que regulam e estabelecem as tudá-las sob o ponto de vista filosófico; e pelo fato de
condições de provas e castigos. Ajudam na construção nos interessar apenas o que diz; respeito à origem e
ou destruição' das regiões que precisam de remodelação. existência através dos séculos, dessas concepções, será
Esses espíritos são dotados de grande poder, e' pela sua preferível que estudemos apenas os países e povos que
elevada condição hierárquica, agem com autoridade as cultuavam, nas suas diversas modalidades.
própria. São os componentes das íalanges mais próxi- Comecemos então pelos povos selvagens.
mas de Deus, ou melhor: são 00 denominados Ministros
ou Arcanjos. AS RELIGIõES NA AFlRICA
Existe ainda uma classificação em separado para os
espíritos denominados criadores, que ao lado de Deus, Pelo fato' da enorme divergência entre os povos afri-
são incumbidos de dar forma e criar novos tipos em to- canos, no que diz respeito à sua raça, em vi!tude da~
das as manifestações espírituaés. A esses espíritos são invasões e conquistas dos povos que a dommaram,. e
chamados "Salvadores", "Redentores", "Messias" entre bem difícil descrever-se ao certo, qual a religião predo-
os quais figura o próprio Jesus Cristo, quando na sua minante no continente negro.
última manírestação, na personificação de espírito en- Sabe-se que pelo menos seis raças tiveram influên-
carnado. cia na formação desse povo. Os líbicos da costa seten-
Por útímo, segundo as crenças espirituads, está lo- tríonàl, os egípoios e etíopes, formavam no número das
calizada a esfera celestíal, onde se considera como Di- raças situadas nas costas do mediterrâneo, formando a
víadade Absoluta, o próprio DEUS. chamada família Chamitica, as quaís possuíam relações
de parentesco com as raças Semitas. Da mesma forma
'sur~'iram traços de parentesco pré-hístóríco entre os
Bas~os e os tserberes localizados na Africa Betentrional.
Para os lados do Sul conheciam~se os Núbios das mar-
gens do NUo superior, e os Fu,las~ na orl:;l.me.ndiQnai
48 ALUIZIO FONTENELLE A uMBANDA ATRAWS DOS "ssotn.os 49
do grande ~e~erto; formando [untos uma raça verdadei- zer: "assim como eu morro .e regresso à vida, assim tu
ra~ente dístínta , Os verdadeiros negros ocupavam o morrerás e voltarás à vida".
meio do continente, ao passo que na parte meridional
outras três raças ali viviam: os cofres, lwtentotes e bos- A religíão dos hotentotes bem como a dos cafres dis-
comanos, tinguiam-se da dos negros, pelo fato de não adotarem o
feitícismo (arte da íeítiçaría). Comportava apenas ore
. Oonsíderavam-se os hotentotes como: degenerados, rendas às almas e aos espíritos, e nunca, feitiços pro-
Juntamente com os anões habitantes do centro do hin- priamente ditos.
te~la,,:~ africano, e pertencentes aos restos de uma raça Quanto aos negros feiticeiros, consideravam-se mé-
prImJt~va.especial. Acredita-se mesmo que algumas ra- dicas e adlvlnhos utilizando-se de arnuletos e artes m~~
ças egIpc~as, tenham se misturado aos povos africanos . gicas. Entre suas práticas relígtosas o seu ritual é m~l~
.•.
C~nsIderam alguns historiadores, a Africa dividida: to complicado, contendo um_amfIlll.dade de ~ab~2 e sao
em tres partes: O sul, o centro e o norte. dados ao uso de tatuagens produzidas por mcisoes na
.A parte que compreendia a Africa menldíonaj era .pele e pintadas de diversas formas. Acr:dltam num
habitada pelos caíres, a leste, pelos hotentotes, e a oeste Deus superior, criador do mundo, embora nao 'o'adore~,
pelos boscomanos, ' preferindo na maioria das vezes cultuar a crença n~s di-
. .Toda a ~egião da Africa era composta de inúmeras vindades maléficas, daí a origem do Ambequerê-Kíban-
tribos, e ~sIm, conheciam-se como pertencentes aos ca- da, ritual utilizado pelos negros Gêges, Nagôs e Bantus, .
fres as tribos: amaxosas, amazulus, betctiuanas, ouahe- cujas onlgens são mais recentes.
reros, etc. Pertencendo aos hotentotes, conheciam-se as Outra crença comum aos negros é o ritual por eles
seguintes. namaques e coranas, existindo ainda os gri- praticado no que diz respeito aos sac~ifíc~~ expíatóríos
q'lf'!s e os bastardos, resultantes da mestLçagem euro- aos espíritos (para a afastamento das íntelícídades), com
pela. oí'erendas de animais mortos e alimentos prediletos dos
.. ~evid() a sere~ por de~ais confusas as tradições seus deuses com a finalidade de profetizar' aconteci-
religiosas dessas tribos, acredita-se que muitas delas não mentos, curar males causados por bruxarias, fazer cho-
possuíam religião, entre elas a dos cafres. ver, etc. .
Os negros cuIt.uavam o feiticismo, e alguns dos seus Acreditando eles em que a doença e a morte não
deu~es sao conhecírírs, com os seguintes nomes Utixo são acontecimentos naturais e sim por influência de ma-
Tsuzgoab e HeitS'i-eibib, da parte dos hotentotes. Morim~ lefícíos e encantamentos, entregam-se a toda sorte de
e Unculuncuhi da parte dos cafres. Entretanto não se práticas mág.cas, as quais, executadas ao som de ins-
sa?e ao certo, se esses nomes designavam deuses natu- trumentos de toda a espécie e gritos bárbaros, dizem-se
rais, espír~tos, feiticeiros, defuntos ou antepassados. possuídos de entidades ou "Orixás" que os acobertam
Acreditavam os negros africanos que os seus mor- de qualquer malefícío,
to~ apareccam aos parentes, geralmente na forma de São dados quase que exclusivamente à prática da
animais, ~ por isso procuravam esculpir totens de diver- magia negra, e seus trabalhos se resumem em grande
sas maneiras, Outros adoravam a lua, e acreditavam parte na aplicação e uso de beberagens, com as quaís
que ela enviava uma lebre junto ao homem para lhes di. pra tíeam o curandeírísmo.
50 ALUízfo ~ÓN~ENEL~E A UMB'ANDA ATRAVÉS DÓS S~CULOS 5í
Algumas dessas tribos v.eram para o Brasil, e nós rij6§ aimorés, etc. muitos dos quaís pertencentês ! no-
nosos dias atuais, é bem grande o número de descen- va g~ração. Nos Pampas existiam os abip~es, os arauca-
dentes deses povos africanos; pois, deve-se 'a eles a ori- nos, os patações (Teuelches) e 'os fuegu1.c:nos, nas r~.
gem do negro em nossa terra. gtões da Patagônía. Ao longo da costa OCIdental, habí-
tavam povos de civilízação bastante adiantada. Ao nor-
AS RELIGIõES NA AMÉRICA te (Região da Nbva-Granada) estabeleciam-se os chib-
chas ou muiscas, enquanto que ao sul habitavam os pe-
Apresenta-se a raça americana com um misto de ruvianos, localizados nas margens do lago Titicaca. Na
mongóis e de rnalaíos. Entretanto, não se pode ter ver- região de Ouzco predominavam os Incas, pertencentes
dadeiramente certeza do parentesco dessa, com outras ao povo dos quíchuas (kechua), de origem aimara.
raças. Das suas religiões prãmitívas, tem-se conhecimento
Sabe~se ao certo flue houve relações entre o antigo de que praticavam a magi:a, acreditando nos espíritos
e o novo mundo antes da descobertada América, pelo dos elementos. .
fato de que os povos islandeses conheceram a Groenlân-
Cultuavam os peles vermelhas, o TtC,~einsmo,o qu~l
dia no período da Idade Média, quando desceram ao
longo da corta para os lados do sul. Anda existe a in- possuía um alto significad~ religioso, pois o totem nao
representava apenas um objeto de culto, nem tampou:o
terpretação dada por alguns etnógrafos, de que os habí-
tantes da costa ocidental da América do Norte, tinham significava um objeto tsoiado como se encara a q'll:estao
do feitiço, de vez que representava uma deter:nmada
comunicações com os povos asiáticos. Quanto. aos abo- categoría de objetos quase sempre representativos de
rígenes americanos impossível se tornou até hoje proce-
der-se a urna clasífícacão cíentíüca. animais oU:vegetais. .' .
O Totem não era encarado como SImples objeto de
Con~~ecem-se ent;etant!) diversas tribos de 'índíos culto pois tanto' o "c1an" como apopulação ou mesmo
amen'canos, distinguindo-se entre si, apenas por carac- um ~divíduo isolado, pertenciam integralmente ao seu
terísticas especiais. Exíztem os peles vermelhas, que ha- totem ídentirícando-se material e espiritualmente com
bita.m a oeste das montanhas Rochosas desde a costa do ele: daí suraírem alguns rituais utdlízados nos "Can-
mar, até o Oregon; essas tribos são chamada atapascas dOblés",' nos'"quais seus oríxás .são representados por
(Chippeway) , iroqueses, alqonquinos, aacotas (índios verdadeiros ídolos totêmícos.
Síoux) . apalaches (Creeks) , natchez, habitantes do baí- Posto à margem o totemismo, cultuavam os peles
X) Mis3jSS,'pi, com ligações de parentesco de um lado
vermelhas uma religião perfeitamente· individuali~~da
com os apalaches, e do outro com os índios mexicanos. com o atual espiritismo, recebendo eles um culto prIVIle-
No México conhecem-se os eWc7.dmecos, os toltecos gíado, dando a esses espíri~j()S:O nome :de .-rn:amt1!s,os
e os astecos. Na América Central, os maias, e na costa quaés, em virtude de pc;ssmr.€'ffipOUDS:- indivídualídade,
setentrional da América do Sul, os araoacos e índios relacionavam-se aos fenômenos naturais.
caraibas.
Ao mais alto grau dos manítus, se designava de
Quanb aos habitantes índios da América do Sul, "Grande Espírito", atribuíndo-se a esse fato a concep-
dístnguem-se as tribos brasileiras, nas quais encontra ção de que os índios americanos eultuavam uma relí-
mos os tupis, çuarams, botocudos, urubus; xaoantes, ca-· gíão monoteísta,
52 ALUIZIO FONT_ENELLE- -.
A UMBAL'Ú>J\.'ATRAWS DOSSlilCULOS 53
. A representação dessa entidade máxima -era feita
sob a forma de um animal, estando em relação quer palmente o Sol, na evocação dos seus filhos, com os no-
com 00 fenômenos naturads, quer como símbolí- mes de Manco Copa c e Mama Gelo, tendo como origem
zandoa alma dos seus ancestrais. Cultuavam gran- os seus antepassados tncas. Além do Sol, adoravam
demente a magia, dando a alguns fenômenos a ainda outros deuses, na interpretação de deus da água e
encarnação dos seus deuses na forma humana, atríbuin-. deus do fogo, ou sejam: viracocna e Pachacamec. E,
do-lhes variados mitos. Em out110Scasos, essas entída- ainda numerosa falange de espíritos, denominados
des estavam representadas pelos próprios fenômenos na- Buacas.
turais, como o caso do Manoboso, a qual atribuíam ser" MUJÍtasdestas entidades deram origem à formação
o vento forte do oeste, como divindade épica e herói de de lima das linhas nas quais se divide a Umbanda que
grandes empreendímentos. se pratica atualmente no Brasil, ou seja a 3?-linha -
Praticavam a antropofagãa, sacrificavam elementos LINHA DO ORIENTE,. onde aparece a 5<;1- falange, diri-
humanos e possuíam como culto religioso, o uso do fu- gida pela entidade de nome Inhoarairi, que segundo a
mo, no qual o "cachimbo da paz" representava um ato história das civilizações, foi o primeiro Imperador Inca,
puramente religioso, de perfeita comunhão entre si. , antes da era Cristã.
Quanto à parte civilizada dos povos da América, re-
velavam eles tantos nos costumes como na parte reli- -AS RELIGlôES DOS POVOS DO PACíFICO
gíosa, as suas idéias quase análogas com os povos sel-
vagens dos mesmos continentes. Pelo estudo geográfico feito, no que diz respeito ao
As divindades mexicanas dividiam-se em duas par- Pacífico, sabe-se que essa região está dividida ou com-
tes: uma" considerada como deuses Inferlores ou domés- posta de cinco grupos de ilhas, ou sejam: o arquipélago
ticos (Tepitoton); e a outra, chamados deuses da natu- indico ou Malaio; na região nordeste, a Micronésia, com-
reza, onde se encontram as seguintes divindades: Tlaloc, posta, das ilhas: Maríanas e Carolinas, bem como os ar-
deus da chuva; Centeotl, deusa da terra. Entretanto, quipélagos de Marshall e Gilbert; na região central, a
os seus príncípaís deuses eram denominados: Quetzal- Melanésía, compreendendo a Nova Guiné, os Novas Hé-
toatl, Tetzcatõcpoca e Huitzilopoctüli. O primeiro brídas, a Nova Caledônía e outras ilhas de somenos im-
era "representado como símbolo, tendo uma serpente ala- portância; ao sul, a Austrália (Nova Holanda) e a Tas-
da; o segundo trazendo como símbolo um espelho, e mãnía; na parte leste, os numerosos arquípélagos da
o terceiro, simbolizando um colibri. Outras entidades Poünésia,
eram representadas pelos povos ida América Central, , Três raças distintas se conhecem no Pacífico: a Aus-
com as seguintes característícas: uns simbolizando a ser- traliana, compreendendo os povos da Nova Holanda e
pente, e outros simbolizando a cruz, cujos deuses princi- daTasmãnía: a Papua, na Nova Guiné, e a raça Poliné-
pais eram chamados GUCUl17liatze Votarn,com idênticas síca, na Polinésia.
características do deus mexicano Quetzaleoatl. Assemelham-se entre si essas raças sob a questão re-
No Peru, as civilizações, estando no mesmo nível ligiosa, pois acreditam nos espíritos e nas almas do ou-
das civilizações mexicanas, suas formas religiosas no en- tro mundo, embora não conhecendo propniamente a ma-
tanto eram inteiramente diferentes. cu~tuavamprinci- gia. Acredita ainda no sobrenatural, e na ressurreição
dos-homens brancos.
A~UIZJO FONTE~~L~~ A :t1MBAND,A .A'J'R:AVÊS .. DOS SÉCPLOS '.55
Na Polinésia, o seu povo adota em:quase todo o seu e da população cristã indígena; subsistindo diversas tri-
ritual, os mesmos sistemas das religiões conhecidas co- bos pagãs. Na Samatra, por exemplo, existem os bata-
mo selvagens e bárbaras; praticam 6 anímismo e ren- que; em Bornéu, os tiaiaques; em outras ilhas e ínclusí-
d~m culto à .natureza, praticando toda a espécie de ma- ve as Celebes predominam as tríbco a!fures.
g.a, predommando a evocação de entidades afetas a Acreditam esses povos em que cada homem possui
superstições. uma alma, e que" durante o sono essa alma abandona o
Eu tre as suas divindades conhecem-se inúmeras as corpo, tomando outras formas, transformando-se em
quaís denominam de Atua, denominando tanto aos' es- aves, etc. Possuíam poderes sobrenaturais praticando
píritos, como as entidades, com o nome de Tiqui. O prin- a feitiçaria. Ofereciam presentes às almas dos mortos,
cipal deus polinésío é TANGALOA (tangaroa ou Taa- por acreditarem que esas almas voltariam novamente à
roa), na concepção;de deus do céu e do mar. terra. Adoravam plantas e animaís, dentre as quaís, o
Na Nova Zelândia, o sistema religioso é representa- arroz figurava 'em pr.meíro plano. utilizavam-se de
do por um mito, no qual existe a separação de Papa e amuletos, atríbuíndo-Ihes- virtudes mágicas, bem como
de Rangi (o céu e a terra). O Deus principal da sua mi- eram dados ao ccstume de dar caça às cabeças, associan-
tologia, é o Mauí, representado como 'Um deus solar. Re- do-se ao culto dos crânios.
presentam as regiões celestes, na slgnírícaçâo de.Po, rei- Posteriormente a eSS8Gcultos, vieram 'os cultos da
no dos deuses, e o reino dos mortos com a significação natureza, com todos os seus mitos, inclusive o da crença
de Pulotu. em que haviam núpcias entre o céu e a terra por oca-
. Entre suas práticas religíosas, citam-se o uso da ta- síão do íníc' o das estacões chuvosas. .
tuagem, que vem justamente corrooorer com um dos Entre os seus deuses, destacam-se Ratu-Quidul (na
preceitos religiosos nrtllízados na prátíca do "canâobté", ilha de Java) , deusa do O-ceanodo Sul que habita o fun-
muito cultuado no Estado da Bahía, nos noiSSOS dias dJ do mar num: palácio maravilhoso, e que comanda
.atuaís. urna legião ou exército de espíritos que vivem nos ro-
Cultuavam grandemente a lei de TaTrJ, caracterís- chedos. Ao lado dessa deusa está um monstro (Ni-belo-:
tica essencial aos cultos da alta ínicíação, I~nde as pes- ronç), com todas as características do deus do mal.
soas, cousas, fenômenos, etc, estavama repreesntadoe ne-
res. Esses tabus eram divinos ou interditos, e em noas, AS RELIG:IôES EGíPCIAS
isto é: acessíveis ou não, aos profanos. Cultuavam, ao
deus Oro, a quem atribuíam caráter divino. Tudo o que existe de mais interessante sobre as-re-
l!'giões dos pOV'2SEgípcios, é o que encerra o "LIVRO
No arquipélago Malaío, o estado religioso é uma .DOS MORTOS", em cujos textos, par serem muito hete-
mistura de emigrantes malaíose autóctones, com sinais rogêneos 'os seus elementos, dão-nos apenas alguma cou-
da influência civilizada. Houve emigração da Civilização sa dos rituais fúnebres, dos amuletos a serem deposita-
Híndu, prlncípalmente entre Java, Madoura e Bali, onde, dos sobre as múmias ou nos sarcóíagos, etc.
devido a essa mistura originaram-se numerosos cultos, . Os textos "einscrições contidas nas pirâmides egíp-
dando origem à adoração de ídolos pertencentes a ~SS;l .cías, "encerravam todo o mundo divino dos seus cultos .:
raça. Ainda se encontram vestígios do domínio e~ro~1;1 Os Egípcios viam em tudo, seres dív.nos. Para eles, a
. 11

AturzIO FONTENELLE A UMBANDA ATRAV~S DOS StCULOS 57


natureza era divina e em todos os seus mistérios existia Destacam-se como os mais conhecidos, os seguintes:
a divindade. T!a!illbémnos corpos celestes, na terra e o boi APIS de Mênfis, Mnevís, <O boi sagrado de Rã, em
no Nilo caudaloso e misterioso existiam deuses podero-
sos dos qúaís se vaüam os antigos Egipcios. Acredita-
o
Heliópo!is, e carneiro de osais em Mendes.
Além do culto dos aníma.is, existiam os cultos lo-
vam na exístêncía de animais fabulosos e terríveis, tais cais. Os deuses locais eram considerados aos olhos dos
como: as esfinges, 03 grifos, certos de que no sussurro seus adoradores como as divindades mais poderosas e
das "folb.l.1-gens,
as vozes divinas se faziam ouvir. Atri- criadoras de todas as causas, e se apresentavam de ma-
buíam dons sobrenaturais aos animais, onde eram con- neira bastante variável. Corrhecím-se os deuses Anhur,
s'derados como deuses, e outros como demônios. Acre- Tum e Horus, e Edfu, como deuses solares; Set, Amon
tlitavam que 'O mundo dos mortos era povoado tarrto e Min, como deuses da terra; Kmacmu, Harchejitú e Osi-
por deuses como por demônios, tendo essas entidades, ris, deuses do NUo; Hator, deus do céu. Algumas pro-
formas humanas O'U de animais. víncías do antigo Egitc> (nomas) tinham como patronos
Para os povos egípcios, tudo o que encarna a natu- deuses como Ne.t, Sokit e Hator. -
reza era tido como deus, assim, as árvores, O'S animais, Inúmeras foram as divindades cultuadas pelos po-
03 homens :e mesmo os edifícios, eram considerados co- vos egípcios, e ainda, além dos cultos locais, havia um
mo tal. Conhece-se em Tebas, o templo de Amon-Rá, certo número de divindades que eram adoradas em todo
o qual era invocado e figurado como uma verdadeira o vale do rio Nilo, as quaís não possuíam de um certo
deusa. modo o seu culto particular. Eram esse deuses os se-
Acreditavam: na reencarnação, e tanto os deuses -guintes: Rá, deus solar; Ah, lua; Nuit, céu; Seb, deus
como os demônios podiam estabelecer a sua morada 'da terra, e Hapi, deus do Nilo. -
em toda a parte, excercendo boa ou má influência, con-
forme suas próprias designações. Rá, f,olio deus mais universalmente adorado no Egi-
Entre os animais que faziam parte dos seus cultos, to. E.Ie não habitava sobre a terra, tal como os deuses
encontravam-se os gaviões e os gatos, como divindades locais; segundo as suas crenças, navegava ele na sua
benéficas; o crocodilo e o hipopótamo, como amaldiçoa- barca através do c-éu e do infinito; era 'O benfeitor da
dos. humanidade e da natureza, fonte da vida, senhor do
Grande parte deses animais tiveram a sua santi- templo, e defensor do Egito. Rá, era a luz que destruía
-dade glorificada, devendo aos deuses e deusas o seu as trevas, combatendo a serpente das nuvens. Muitas
culto pelo fato de lhes atribuírem essas formas. Ado- lendas se formaram! em torno do Deus Rá, considerado
ravam serpentes, gansos ou gatos, tal qual como um o primeiro Rei do Egito.
adepto do feiticismo adora o seu feitiço ou patuá. Ge· Uma das lendas sobre esse Deus, é a seguinte: isis
ralmsnte, haviam cultos nos quaís um animal era com seus encantos mágicos, forçou o rei Rá, que já se
escolhido e considerado como sendo a encarnação encontrava velho, a dizer-lhe certos segredos esotérícos,
de um desses deuses, e assim sendo, erígiam-lhe convidando-o a partilhar com ela o seu grande poder
templos, cercavam-no de sacerdotes, realézavam-lhes divino. Fazendo-o picar por uma servente venenosa,
festas, etc. Eram - .considerados como animais sa- preparada por tsts, não quis a deusa entretanto destruir
grados.- - o -veneno do -eorpo doDeus, enquanto ele não-lhe d-is-
p8 '.: 4 'I;i.,U :I:l I O F O 'N T E ,NE.l;,.·~E A U~A;ND~' A'!'Rt\ vas 1)9,S, s~cULOS~9

sesse O seu. nome oculto; e uma vez que lhe fora revela- Pelo exposto, podemos tirar conclusões perteítasso-
do, deu a Horus 03 seus dois ~ollhos"
o Sol; e a Lua. ore as crenças antigas, comparando-as com as crenças
Horus é considerado o Deus ma's importante do do mundo moderno.
antigo Egito. Ele .~ representado como um deus solar, As divindades tomaram nomes diferentes, porém,
'figurando no céu com um grande rosto, em cujos olhos, os cultos se compreendem numa mesma condição, na
direito e esquerdo são vistos o sol e a lua; o rosto dessa qual, O' sobrenatural faz parte integrante de todasas
divindade está emoldurado por quatro madeixas de ca- Ideologias relígíosas,
belo, ou pelos quatro filhos de Amset, Hapi, Duamutefe Comnaremos !015 deuseaegípcios com os deuses dos
Quebehsonuf. nossos aborígenes, e com as entidades máximas que se
Entre as divindades que se conhecem através da his- cultuam nas Umbandas, e veremos nitidamente a seme-
tória religiosa do Egito, conhecem-se ainda: .Seb, a terra; lhanca Que existe nos cultos da natureza, nos fenôme-
Nuit, o céu, divííndades cosmogônícas de culto local. nos solares, e principalmente na evocação dos mortos,
Tum, senhor de On (Heliópolis) no Baixo-Egito, consi- onde se concebe de um modoclarol e ãnaotísmável, a
derado como deus solar. lusas (deusa) esposa de Tum. crença na reencarnação.
fFtah, ,.grande deus de Mênfis; Totunen-
' , Sokaris, deus
runerano, etc., etc. ,AS RELIGIõES BABILôNICAS E ASS1RIAS
Todos os deuses egípcios formam legiões, entre as
quaís também .se destacavam os agentes do mal ou de- Sabe~se que os povos semitlcos da região norte.vou
mônios.Entretanto, quando o Egito saiu do seu isola- sejam: Babilônios, Arameus, Assíríos e Fenícios, estão
mento, entrando em contato com a Asia, Africa, etc., jnteiramente lígados.no que diz respeito à sua linguagem
outras dívíndades ficaram conhecidas, e Inúmeras cren- e pensamentos, Quanto às religiões, têm todas elas um
ças se formaram em torno das divindades estrangeiras. núcleo comum.
Um fator preponderante que influiu em todos os No ramo arameu, em virtude da sua dispersão, so-
conceitos relígíosos dos povos egípcios, f,oi o culto lar- mente em alguns lugares O'seu culto se centralizou. NO
gamente dlfundido na crença de além-túmulo, onde a Jenício, Entretanto, a sua reügíão foi muito mais, desen-
, morte, a sepultura, e a v,ida espiritual, constituía a base volvida.
principal dos seus mitos e superstições. O embalsama- As religiões deses três estados tinham em comum
mente, por se tratar de 'uma operação complicadíssima, o .culto de uma divindade feminina, com o nome de Istar-
era ~xe'c~tado.pocr nomens encarregados das necrópoles, Astartéa.
e. obedecia a nt~al todo próprio. As múmias eram depo- , A' religião babílôníca é reconhecidamente um na-
sítadas em sercoragos de pedra, de madeira ou mesmo turalismo políteísta ou a.nda, representada como a- re~
de papelão, e sobre elas colocavam-se os amuletos, os ligíâo de um povo puramente agricultor, vivendo num
quais asseguravam ao morto o direito, de empreender a país sumamente fértil. Na concepção que faziam sobre
'SU!;1. última viagem.
os fAnômenos que representavam o curso diário dos as-
',' .Osseus túmulos eram chamados de "casas eternas", .trose o retorno 'anual das estações, são paraeles mctívos
'~ entre muitos, conhecem-se as célebres pirâmides, nas ,~e tO'das as alegrias e esperanças. Tinham n.a,l'epl'e$~Jk"
.q~~i~,~eJl~positaY~mos. corpos dps :r?i,s ,~' !rnperadores. tação quotídíana '90"$91 ,~ à,a lu.ª" a,,~@~~~I'!,~;, §º.$
A UMB'ANDA ATRAVÉS DOS - stcULOS .t~l'

RELIGIÕES ASSíRIAS E FENíCIAS


'deuses do céu e da terra, reinando sobre a face terres-
tre, derramando os luminares da vida. Para esses po-
vos, eram nas forças da natureza que as divindades o domínio semíta ocidental estendeu-se para os Ia-.
se revelávamo COIDO deuses representativos de suas dos do Mar Mediterrâneo e do Eufrates. Na zona norte
crenças, conheciam-se: na Babílônía do norte, o deus dessas regiões, como vizinhos desses povos" conta:,,~m-
solar de Siparra, o Belde Nipur, o deus do sol primaveril, se os hititas e os povos da Asía Menor, e daí, ?s ~Sl~lOS,
Marduc, na Babilônáa; o Nebo de Borsípa, atribuindo-se Fenioios Filisteus '€' Cananeus terem quase que ídêntícas
ao mesmo o crescimento das searas, Nergal, deus de conçepç6es religiosas, e práticas análogas nos ~~us ri:
Cuta, considerado como deus celeste' e que mais tarde tuaís. O fator primordial desses cuãtos semítícos ~
tornou-se um deus do mundo subterrâneo, em vir.tude justamente a feição de um naturalismo de forma poli-
de ser considerado como a entidade que demandava' o teísta. Seus deuses eram considerados os senhores do
calor do sol, que destruía e secava. céu e da terra; reinam no céu e na terra, tidos como
donos ou senhores do país ou da cidade onde, eram es-.,
Na região babilônica do sul, Ur é o deus lunar e peeíaímente cultuados e adorados. Seus de~es exer-
senhor dos céus, modificando-se mais tarde, e apare- ciam a sua ação nos pontos onde era manifestada a
cendo com a denominação de "grande Anu", o que si- energia criadora das forças naturais; assim; as ,nas-
cendo com a denominação de "grande Anu", o que sig- centes dos rios, os lagos, as árvores sagradas, etc., eram
nifica ainda "senhor dos céus". tidos como lugares de oulto, As árvores sagradas, ~e-
Entre as entidades ou deuses já citados, encontram- sempanhavam um papel preponderante nos seus rítuaís.
se ainda: Ninib (Ningirsu) da Birpula, e o deus solar de a "aschera" era um culto sagrado, no qual, "uma estaca
Larsa; Agané, na região norte e Uruc na região sul, as- espetada no chão indicava I(} lugar onde a divindade se
sociados ao culto da rainha dos céus Isiar, a estrela da manifestava e exercia o seu grande poder. Por outro
manhã e da tarde, que segundo as crenças, conduz as lado os seus deuses eram representados sob horrendas
forças benéficas 'e' criadoras da noite. Ea, deus do formas, caracterizadas por toscas figuras de animais.
culto de Eridu; Sarnas, deus da "casa do sol", adorado
pelos soberanos da Babilônía sententrional, em Siper, Entre as divindades sírías, encontra-se . Haâãaâ,
juntament com sua esposa Aa, deusa que espalha a como entidade máxima. No culto de HierápoIis,. aI?r~-
vida, deusa da humanidade. Anutt, a estrela da manhã, sentavam-se Atargatis e Astartéa, que segundo a história
sob a dupla figura de deusa d aíertilídade e de deusa religiosa da Assíria, ~e:presenta~~a união dos cultos de
da guerra, adorada na ciade de Sipar de Anunít; Bel, Asiartéia e do Adônzs. Asiartéia era' representada por
deus das forças atmosféricas, tendo como mensageiros uma deusa que tinha a seu serviço grande número de
os "demônios das tempestades", ao lado de sua esposa eunv.cos vestidos de mulheres, os quaís, com ono.me~e
Beliis, adorada como a soberana, a mãe, a deusa da Galos, eram chefiados por um deles) com a denomínaçàn
terra, na cidade de Nipur; Sin, deus da lua, com o nome de Arquigalo. Como animais sagrados, encontravam-se
de Nanar, o tacho.. considerado como o filho prímogê- ospeíxes e as pombas, onde aparece a ~eusa perketa"
nito de Bel; é quem ilumina a noite obscura; é o "pode- a qual era representada com corpo de peixe. .'
roto·touro-de-Anu"(o céu), o deus criador.
A UMBANDA ATRAV:êS' nos s];5eúLós 63 .
Entre os' deuses fenícíos encontra-ss Baal, consíde- Foram: precisas OITO PRAGAS, para que Fátaô .
rado como o deus do.céu, o qual eracultuado principal- abandonasse o seu intento, e deixasse seguir a Moysés e
m~nte nas mon:tanhas. o. seu poder é ao mesmo tempo seu povo, através das escaldantes areias do deserto.
críadore funesto, caracterizado por símbolos tirados do Por sua vez, o homem, sentíndo todos os reveses e
rei~o. animal, a exemplo. do touro. e do leão, onde lhe todas as condições impostas pela própria natureza, sen-
atribuem o poder gerador e destrutivo do calor solar. tia a necessidade de dar expansão aos seus instintos, e
Ti?ha como símbolos os vegetaís e as energias que no assim, as idéias se mult'plícaram, e cada um julgou e
seio da natureza orígrnam a vida. . criou um Deus à sua maneira, proliferando de modo
assustador, a questão da crença '8' da religião.
COMO S~ ORIGINARAM ALGUMAS Espalharam-se as raças humanas pela face da ter-
RELIGIõES ra, e com elas suas religiões.

Com. imultíplâcação do elemento humano sobre a


ã
O BRAHMA}"TISm
face da terra, quatro condições essenciais concorreram
para que o homem procurasse dentro da sua imagina- BRAHMA, Deus mitológico da época brahmãníca,
ção, a criação de alguma cousa que o identificasse pe- foi o prímelro Deus da índia sob o império dos VedaS,'
rante o criador de todas as cousas. considerado o craídor dos mundos, dos deuses e de'
A PES'rE, a FOME, o MEDO e· a MORTE, toram todas as criaturas. Teve dois períodos) sendo o primeiro,
oselerrtentos primordiais, para induzirem o elemento reservado ao período Iilosófíco da religião hindu no seu
humano a procurar dentro de uma concepção, o leni- estado prímíblvo, ou Vedismo; e o segundo, a sua for-
tIVOe o bálsamo. para as suas aflições. ma panteístíca da índia de nossos dias atuais, ou IN-
, Seria necessário que o homem temesse a alguma DUÍSMO.
causa, por isso criaram-se as religiões, baseadas uníca. Para 0.3 hindus, o Deus Brahma representa O papel
mente no dogma de' que uma força superior regia os de primeira pessoa da trindade, denominada Trimurti,
destinos de toda a humanidade. tendo ainda a denominação de Vichnú para os sacerdo-
JEOVAH, o Deus de Israel foi o primeíro a impor a tes v.chnuítas, ou de Civa, para os sacerdotes cívaítas.
sua condição, ao incutir no seu povo o poder da sua for- Sua representação é feita par uma estátuaconten-
ça e o medo ao seu castigo. Ao ditar a Moysés os seus do quatro cabeças e q:uatro braços) segurando um rosá-
mandamentos, impôs-lhe também o. dever de adorá-to e rio ou ainda: mon.tado num cisne 'ou num pato.
obedecê-Ia. r Antes do Brahmanimo, já existia :O Védismo, sendo
.J~OVA!I era ~ .Deus vingativo, e procurava pela este substituído por aquele, entre os séculos XII e VII
força, incutir no espírito dos seus fillhos, a víolêncía das antes da era Cristã.
suas pragas. Segundo a crença brahmane, o universo cria~o por
Muito sofreu o povo do Egito, quando, sob a tutela Brahma, é dividido em três regiões: uma super.or, a
do segundo Faraó, quis impor o domínio sobre o povo de qual é composta da sobreposíção de seis céus,conside-
Israel. rados como,residências dos diversos deuses; os dois mais.
64 A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 65
elevados denominam-se: Svarga ou paraíso de Indra, e
BrahJma-Laka ou Brtüvma-oruuia, o paraíso de Brahma.
o BUDDH1SMO
Quanto ao planeta terra, consideram-na dívãdída
, Sendo a sua origem primitiva na índia Central, na
em sete continentes concêntricos, separados por sete ma-
região conhecida com nome de Nepaul, é hoj~ o BU.dJd~is.~
res, estando agrupados em torno da montanha santa,
mo conhecido como uma doutrma de carater filosófí-
denominada Méru, que sustenta o céu.
A parte inferior da terra, denomina-se Pâtala, con- co-~eligiOSo,na qual o Deus Buddha é ao mesmo tempo
síderam-na dividida em cinco andares, determinada ponto nevrálgico e fundador.
como a habitação dos demônios, onde o último andar a Buddhisnio, que no princípio era co~ider3f1()i
é o inferno ou Naraka. como uma simples seita filosófica, nasceu sob a mfl?~n~
Ainda, segundo a teoria brahmãníca, a duração do ciá pessimista que reinava naquela ;er~, e 'O ~€'u:propósito
Universo é representada por 2.160 milhões de anos cor- era libertar-se dos males da transmígraçao ou renas-
respondentes a um dia ou uma noite de Brahma~ caindo cença perpétua da alma, uma ve~ que não ,havia conse-
a seguir no caos, para se a obra novamente reínícíada guido ver-se livre dos laços da VIda material.
pelo Deus Brahma, ao despertar. . Foi o fundador do Buddhismo, Siddhârta Gautama,
Quanto ao que diz respeito à ímortalídade. da alma, sendo no entanto mais conhecido com 'Onome de Buâ-
acreditam os brahmanes, que o homem sofre a influên- âha, CtJkya-Munii.
cia da transmígração ou metempsícose, desde o ele•.. Cakya-Muní, considerado como um persünage~' se-
mente planta, até o homem propriamente dito. mí-hístóríco e semí-mítíco, era um príncipe Cakya. Aos
Dizem os adoradores de Brahma, que a sua origem vinte e nove anos de idade, esse príncpie, aband<?nando
provém da boca do próprio Brahma, e que, por direito sua tribo e sua família, rejeitou 'Oreino, pa:a dedicar:-~e,
de nascimento, consideram-se superiores às três outras em lugar ermo e solit rio, ao culto da oraç~'O,com o fun
castas existentes, e que são: os. guerreiros DUaS cha- de conseguir um meio de salvar a humanídade, que s~
mados kchatriyas; os busgueses ou vaciyas, e os operá- afundava no desespero. . _
rios ou lavradores, denominados çuâras. Após seis anos de solidão e prof~nda medItaç~o,
Possuem a sua hierarquia sacerdotal, de vez que os voltou à eívílízação, declarando-se ungído de sabedoria,
membros das três primeiras castas: brahmanes, kcha- e denominando-se BuJddha (sábio iluminado?, OU me
triyas e vaciyas, só têm o direito de receber instrução Ihor: possuidor da essência divina e verdadeíra ..
r.eligiosa, chamando-se a essa investi dura, o nome de Começou a pregar a teoria de que ~odos os ho-
dv:dja, o que quer dizer: "duas vezes tuuioe"; isto, em mens sob o ponto de vista religioso são ig~als,e ,que_tod?
virtude do segundo nascimento, que lhes conferem a aquele que. se entreg~sse ~ es~UJd.0e a ~editaçao, .a:.
alta iniciação e o uso do cordão sagrado. renúncia e à abnegação de SI proprao, obteria comoAfe~-
Por sua vez, aos çuâras não é. dado o direito de cidade um descanso eterno no NIRV ANA, .corno premio
receber a instrução relígíosa ou melhor: a alta iniciação; da própria ciência, .,..
constituindo como único ato de merecimento o cumpri- Pelo fato de que Cakya-Mum nada deixara escrito
a
mento .e obrigação de darem aos brahmanes os dona- com relação às suas teorias, seus .discípulos sentiram a
tívos por eles exigidos. necessidade de unificar suas doutrínas, e, de acordo com
66 ALUIZIO FONTENELLE A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 67
as Escrituras cíngalesas, datadas do ano 478 foi adotada ~ánkhya de Kapila, que afirmava a existência da eter-
pelos sábios europeus a obra dos concílios de Râdjâgri- nidade bem como a indestrutíbílidade da matéria ele-
lha e de Vaiçâli. Cakya-MunJi morreu no ano de 543 mentar, a qual, sob a influência de uma lei mecânica
Antes de Cristo. Iatal, e ainda, sem a influência ou intervenção da von-
Após a morte do sábio, o Buddhismo entrou numa tade e do poder divinos, agregava e combinava os ele-
nova fase, completamente diferente de até então. Os mentos de molde a produzir tudo o que existe no Kos-
díscípulos de Cakya-Muni, embora sabendo que o seu mos Universal.
mestre não aspirava para si uma origem divina ou mes- Acreditavam os Buddhistas que a alma dos seres
mo sobrenatural, pois, desejava apenas que os mesmos vivos sofre as mesmas leis que o universo, ou melhor:
lhe votassem um culto de reconhecimento e respeito, fo- que se transformam ou evoluem durante todo o YUCA
ram aos poucos modificando essa veneração, e em pouco (o que representa na lei espírita o KARMA), passando
tempo passaram a adorá-Ia. Dessa maneira C'akya-Muni pelos períodos da vida animal ao homem, e do homem
reconhecidamente inimigo dos deuses" inimigo do sacri- aos deuses, sofrendo entretanto: alternativas de elevação
fício e da oração, teve o seu culto modificado, e em seu e queda, de conformidade com as virtudes ou vícios, pro-
10UVOl' fizeram-se sacrifícios, criaram-se orações, escul-
curando no aperfeiçoamento destruir os vícios, para atin-
píram-se imagens e erigíram-se templos. Tornara-se, o gir o estado de NIRVANA.
Buddhísmo uma verdadeira religíão. Tinham eles pavor ao que denominavam de eterni-
Dessa religião, formaram-se dois partidos: o Hina- dade de renascímentos, que constitui o tão temível cas-
yâna, baseado nas escrituras, e o Mahâyâna, que criou tigo da transmigração.
um sentido esotéríco, nos ensinamentos do mestre. Esses Para remediar entretanto esse mede, procurou
dois partidos tomaram no entanto rumos díferentes, Cakya-Muni dar-Ines remédio, proclamando como dog-
sendo que o Hínayâna conservou o seu ímpérío na índia ma o que ele denominou de: "QUATRO VERDADES
do Sul, ao passo que o Mahâyâna passou: a exercer o seu EXCELENTES",ou sejam: a Dor, a Produção, a Cessação
reinado nas bandas do Norte. e o Caminho. Assim sendo, procurou ínterpretá-Ias da
Como não podia deixar de acontecer, o gênio do mal seguinte maneira: A dor como elemento dnseparável da
teria forçosamente que exercer o seu forte domínio. As- existência; a existência como produto da ignorância; a
sim sendo, a escola Mahâyâna mergulhando no declínio, extinção da ignorância destruindo o poder dos senti-
procurou abraçar o veneno da filosofia especulatíva, dos; o caminho como sendo a revelação da vida para a.
caindo na torpeza das maiores, extravagâncias. Seus obtenção dessa extínção,
erros produziram, o que se havia de esperar e o Buddhís-
mo Mahâyâna caiu estrepitosamente. Considerou a vida como tendo oito bons caminhos,
compreendendo: a ciência; a observação das cinco ín-
DOGMAS DO BUDDRI8MO terdições (matar, roubar, cometer adultérao, mentír e
embriagar-se); a abstenção dos "dez pecados" (assasí-
Tirados quase que exclusivamente da fil.osofiaBrah- nío, roubo, torníeação, mentira, maledicência, injúria,
mâníca, foram os dogmas do Buddhísmo, pois baseavam- murmuração, inveja, ódio, e erro dogmátíeoj ; a prática
se unicamente na tííosotía da escola materialista do dos "seis virtudes" (esmola, mor:alidade perfeíta, pa-
A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 69
68 ALUIZIO FONTENELLE
que o Buddhismo sofreu uma decadência acentuada,
ciência, energta, bondade, caridade ou amor ao pró- vindo a extinguir-se completamente, pelos fins do século
ximo). XVI.
Considerava o homem como possuidor do livre ar- O Buddhismo chinês, a princípio pertenceu à escola
bítrio, tornando-se responsável pelos seus atos, sofren- H1ln,ayâna, porém, a seguir foi dominado pelo sistema
do fatalmente as conseqüências de todo o mal praticado, Mahâyana, que prevaleceu definitivamente. No ano de
não havendo poder algum sobrenatural que os pudesse Mahâyana, que 'prevaleceu: definitivamente. No ano de
atenuar ou destruir. 520, o míssíonárto índio Bodhi-dharma, fundou a escola
Pregava o dogma de que os sábios teriam como re- de Dhyâna (ou da Meditação), absorvendo completa-
compensa das suas virtudes, renascer de conformidade mente as outras seitas que antigamente predominavam.
com os méritos; que o indiferente ou pecador renasceria Finalmente, em virtude da ignorância do clero Bud-
forçosamente em condições essencialmente inferiores-, dhísta Chinês, que se deixou dominar pelos ataques da
O inferno não seria 'eterno, e os deuses gozariam nova teoria Confucionista que acabava de surgir, o Bud-
apenas de iUID poder e felicidade relativas, estando sujei- dhismo perdeu quase toda a sua prepotência e consíde-
tos à obrigação de renascer; entretanto só os buddhas racão no Estado Chinês. Ainda assim, a maior parte
não renasceriam e possuiriam a beatitude perfeita, ao dos chineses, ainda concorrem para a manutenção dos
atingirem o estado do Nirvana. templos Buddhistas. ..
Pelo exposto, podemos. perfeitamente comparar o A partir daquele momento, novas teorias surgiam
Estado do Niroana ao "Reino de Aruanda" na Lei de na lengendária China; e, Confúc:iJo,o flilósofo,historiador
Umbanda, onde iOS Orixás Maiores jamais desceriam à e homem de Estado chinês implantava uma nova seita
condição humilde de encarnar ou voltar à terra após o re1igiosa: o CON\FiUCIONISMO.
aperfeiçoamento espiritual.
A ORIGEM DO BUDD{H!SMONO INDO-CHINA,NO
o APERFEIÇOAMENTODO BUDDHISMONA CHINA JAPAO E NO THIBET
Pelos dados históricos existentes tem-se como cer- Estabeleceu-se na Indo-China, nas regioes denomi-
to, de que a China foi o primeiro pais invadido pelo Bud- nadas: C'ambodge, Sião e Birmânia, a doutrina bud-
dhismo. Segundo alguns autores, em 2:25antes da era dhista Hinayâna, ao mesmo tempo que a China aceitava
Cristã, foi feita uma primeira tentativa, a qual não lo- essa doutrina. Os seus preceitos religiosos no entanto
grou, contudo 'um resultado satisfatório. Entretanto, no não foram modificados conservando-se íntegraís na sua
ano 65 da era atual, conseguiram os míssíonáríos bud- pureza primitiva, tal qual haviam sido concebidos na
dhistas ensinar e ministrar essa religião. Pouco progre- simplícídade do seu aparecimento.
diu o Buddhismo na China principalmente até quase o Para o Japão, o BlUddhismofoi levado em 552 por
fim do século IV, quando por essa ocasião, em virtude intermédio de uma embaixada de missionários buddhís-
de um movimento de grande 'envergadura, que se pro- tas eoreanos, pertencentes à escola Mahâyâna, a qual só
longou até o século X, conseguiram os chineses novas adquiriu o direito de estabelecer-se e existir, no fim do
glórias para o Buddhísmo, conquistando outros povos. século VIII. Assumiu o Buddhismo Japonês no decorrer
Foram eles 'Os japoneses e coreanos. Acontece porém,
70 ALUIZIO FONTENELLE A UMBANDA' ATRAVÉS DOS SÉCULOS 71'
do século XI o privilégio de verdadeira crença. e grande povo da Mongólía, conseguiu destronra o rei do Thibet,
voto de fervor, desempenhando um papel de magna im- apoderando-se do poder temporal, se?-do a s~a posse
portância nas perturbações sofridas que originaram :;J, confirmada pelo imperador Khang-hi; e, mais tarde,
existência do feudalismo. Ainda hoje no território ja.~ após a sua morte, foi pelos seus sucessores conservada
ponês, conta o Buddhdsmo entre os seus crentes e adep- até a geração atual.
tos, com mais de dois terços da população.
Já no Thibet somente muito tempo depois desses
acontecimentos foi que se estabeleceu o domínio reli- o CONFUCIONISMO
gioso buddhista. Embora contando com a proteção do
H~eiStrong-Tsan Gam-po tiveram os buddhistas que lu-
tal' tenazmente contra a relig.lãn indígena existente, de- Com o nome <deKhong-tseu ou Khong-fu-!eu, ou
nominada Bom-pa. ainda: sábio mestre ou doutor Khong e mais tarde
No período de 740-786, estabeleceu-se finalmente o "CONFÚCIO": foi esse grande filósofo historiador e ho-
Buddhísmo no 'I1hibet, contando com o apoio do Rei mem de Estado chinês, o criador e impulsionador da,
Khri-Strong de Tsan, quando fíez ir a essa região os doutrina Contuctonista. ..
monges Santa Rakchita e Padma Lambhava, que con- Nascido no ano de 551 Antes de Orísto, no remado
seguiram introduzir as doutrinas místicas da Escola de Lu onde seu pai era o governador (Tatu), descen-
Yogatcharya, com o culto dos denominados Dhyâni- dente' de uma antiga família denominadB: Kh'l!ng por J

Buddhas. sua vez oríunda de nobres fundadores da dinastía !che~


Embora tenazmente perseguido por muitos anos, .(1134 .A.C.), era Cbnfúc~o, dotad~ de ~;ande íntelí-
conseguíu o buddhismo reconquistar uma situação gêncía, de grande sabedoria €i perfeito c~ater. Pel~ r?-
privrlegíada, predominando durante um certo tempo, tídão de seus atos viu-se cercado de honra!Ias, e o pr<?pno.
para mais tarde cair no domínio da superstição e na de- Rei não !hesitou em confiar às suas maos, as maiores
llnonolatria. funções de' Estado. . .
Mais uma vez o gênio do mal, lançava suas garras . Preferindo demitir-se, com a Iínalídade de se votar
para derrubar todas as teorias e conceitos do bem. inteiramente à causa religiosa do seu povo e d~ gover-
Algum tempo durou ainda essa situação, até que nantes, iniciou e preparou com a leitura dos livros ca-
o monge Tsong-Khapa, do mosteiro de Gah-Idan, dntro- nônicos (Kings), os quais eram conhecid?s como ~te~
duaí li uma reforma' eficaz, restabelecendo toda a pureza liberais ou sejam, a música, o cerimonuü, aarzt~-
que existia nos antigos dogrnas búddhícos. tica, a ~sgr'rima e a arte de conduzir um carro; a ~r~en-
tação e a educação daqueles que procuraram seguir a
Tsong-Khapa morreu em 1471, e seu sucessor, Ge- sua dooutrina.
doun-Groub introduziu novas bases na constituição hie- Sendo a China divadída em pequenos Es.tados, e~
rárquica sacerdotal, adotando para essa modificação o breve os seus soberanos procuraram na doutnna d? .sa-
nome de Iamísmo, tomando desta forma um título: bío, disputar para si os ensinamentos que ,lhes faciltta-
Dalai-Lama. Já pelo ano de 1624 o quinto Delai-Larni: vam a arte de governar, procurando deste modo o amor
por nome Ngavang Blobzang, valendo-se da ajuda do aos seus povos.
72 ALUIZIO FON~ENELLE A UMBANDA ATRAVÊe DOS SÉCULOS 73

. Estando afastado de sua pátria por longo período tros deuses, são considerados como sendo os espíritos
de tempo, e desesperado pelo fato de ter perdido sua punifícados dos primeiros antepassados da nação. Para
muíner, seu filho, e seu melhor discípulo, de nome Yen Contúeto, a moral verdadeira, era a própria perfeição.
hoei, resolveu o mestre voltar ao seu torrão natal, con- Considerava a moralidade como sendo superior à
sagrando-se durante o resto de sua vida ao ensino de própria natureza, e como pertencendo ao primeiro prin-
sua doutrina. cípio da formação do universo.
Conseguiu reunir perto de 3.000 discípulos. Morreu Acreditava ainda que: "O céu e a terra são qram-
com a idade de setenta e três anos, em 479' antes da era des sem dúvida:; no entanto, também neles o homem
Cristã, tendo antes revisto os Kings, e dado um último encontra imperfeições"; e, por isso, considerando a re-
impulso às suas obras de literatura e filosofia. gra moral como <O> maior dos fundamentos; dizia: "o
mundo não pode contê-ia",
Não morrera entretanto a grandiosa obra de' Con- Pregava e recomendava como principais virtudes, a
lúcio, pois, seus discípulos ao continuá-Ia, propagaram- moderação, a justiça, e, sobretudo a humanidade.
na através de todo o imenso território chinês, tornando- Foi Confúcio quem afirmou muito antes da exis-
a base da civilização chinesa e princípío fundamental tência do próprio crdstíanísmo, um dos seus princípios
'das soeãedades, que até os nossos dias são seguidos por essenciais, ou seja, a doutrina: "Procede para com os
todas as classes sociais do Império Chinês. outros como quererias que eles procedessem para
Os Reis '€' Imperadores, ao votarem-lhe honras contigo".
divinas, mandaram erígír-Ihe templos e estátuas, te-
cendo-se em torno de sua memória um culto de vene-
ração como o verdadeiro benfeitor da grande nação
chinesa.
Um grande amor pela humanidade, revelam as obras
filosóficas de Confúcio, nas quais, o Ta-hio (grande es-
tudo), o Tchrung-ywng (fixidez do meio) e o Lunq-
yu, bem demonstram o princípio básico no qual se fun-
damenta a doutrina divina: "amar d próximo como a
noo mesmos".
Baseado no sistema sobre o qual o homem tem de-
\Veresrecíprocos com relação entre: príncipes e vassalos,
pais e fílhos, povo e governo, criou o princípio no qual
se fundamenta a família, na qual devem ser encarados:
O' respeito aos pais, o culto aos antepassados, o zelo ao
nome, numa fórmula de perfeita conciliação entre os
/seres.
Corno verdadeira religião nacional, instituiu e ínsís-
(tiu no culto dos antepassados, onde o Chang-Ti e os ou-
A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 75

dogmas e moral do Cristianismo. Acredita-se que todas


as almas retomarão seus corpos, a fim de comparecer
ao tribunal de Deus, no dia do Juizo Universal, onde
receberão o castigo ou prêmio pelas boas ou más ações
CAPÍTULO VI ímpetradas durante a passagem pela terra. S'egu~do os
católicos, cismátieos ou protestantes, essa alma vai para
o céu ou para o inferno; e ainda, segundo a crença ca-
o CRISTIANISMO- AS RELIGIÕES DESMEM- tólica, irá para o purgatório, segundo a desobediência
BRADAS DO CRISTIANISMO - OS REFORMA- das leis da igreja.
Como dogma fundamental da lei cristã, está a fé
DORES _. A ERA KARDECISTA E SEU na qual Jesus Cristo é o filho de Deus feito homem, as-
FUNDADOR ALLAN KARDEC sumindo na terra a natureza humana, unindo a Divin-
dade e a humanidade em uma só pessoa, vindo a este
mundo para a salvação da humanidade sofredora, e que,
o CRISTIANISMO morrendo na cruz, ressuscitou, subiu aos céus, e está
sentado à direita do Deus Todo Poderoso, e há-de vir
Deu-se o nome de Cristianismo, à religião surgida novamente à terra, a fim de julgar os vivos e os mortos
no dia do juízo final, para estabelecer definitivamente
em Roma, nos tempos de Nero, professada pelos chama-
o Reino de Deus.
dos Cristãos, os quais professavam a lei de Cristo ou Admitem ainda todas as crenças cristãs 1,0 dogma
Chrestos, com a significação hebraica de bom, doce, agra-
da Santíssima Trindade, na qual consideram o Pai, o
aâoet; saudável) nutritivo) etc. Cristo, não representava Filho e o Espiriio Santo.
nome próprio, e sim, o equivalente a Messias, ou enviado Jesus C'risto é o filho de Deus, que foi enviado pelo
de Deus.
Pai, e por sua vez, este lhe enviou o Espírito Santo) que
A crença cristã afirma a existência de um só Ente, através do batismo, era ministrado ao homem o sacra-
o qual consideram corno: imutável, absoluto, infinito, mento da iniciação cristã ou filiação do homem a Deus.
onipotente, onipresente e criador único de todas as subs- De documentos da Escritura Sagrada, admitidos
tâncias. Dessas substâncias compreende-se a criação dos pela igreja católica, consta o seu cânone ou catálogo,
entes espirituais puros (anjos), das matérias (astros), com 73 números, que, começando do Livro do Gênese, .
e dos homens, considerados de origem mista, por conter Êxodo, Levitíco, etc ., vai até o Apocalipse de S. João. O
em seu Eu espírito e matéria ou corpo e alma. Deus é conjunto desses escritos forma a chamada Bíblia católi-
esse ser imortal .esse espírito supremo, consciente e onís- ca. Entretanto alguns desses livros não são admitidos
ci~nte. Acreditam os cristãos que os anjos, por serem na Bíblia Protestante; tais como: o de Tobias, Judíte,
?rIaturas de Deus, permanecem no céu os bons, e no Sapiêneia, Eclesiástico, Baruque, I e II dos Macabeus,
mferno aqueles que se rebelaram contra as suas leis. etc .
Tem como ponto fundamental a filosofia cristã, a Também com o advento da reforma, Luthero ex-
crença na imortalidade da alma, condição essencial aos cluiu da Escritura a Epístola de São Paulo aos Hebreus ,
76 ALUJZIO FONTENELLE
A UMBAND/i ATRA VES DOS SÉCULOS 77
a Epístola de Santiago, a de São Judas e o Apocalipse.
Da dissidência havida entre os praticantes do cristianis- 'tos e ínsertos em outros, a fim de que permanecessem
mo, surgiu a separação dos descontentes, e na época com número exato. Passaram-se a adorar imagens.tem
atual encontram-se várias religiões desmembradas do 'completa desobediência às Leis Divinas. Houve ° pro-
cristianismo. testo em virtude de que com o- estabelecimento do pa-
Da própria Bíblia, surgiram duas religiões distintas: písmo, a fé em Cristo deixava de ser o. verdadeiro funda-
a Batista, que seguia o evangelho; e a Católica Apostó- mento da igreja, taribuindo-se ao papa o poder de auto-
lica Romana. ridade em confiar e perdoar os erros dos homens. Foi
Os seguidores de Cristo, apesar da perseguição so- imposta ao povo, a condição de que o papa representava
frida, foram tomando alento, e o cristianismo triunfava o mediador de Cristo sobre a terra, e que ninguém podia
sobre o paganismo. Os pagãos idólatras, aos poucos iam chegar-se ao Pai, senão por seu intermédio, e que por
sendo induzidos a aceitar a fé em Jesus Cristo, reconhe- esse motivo devia ser incondicionalmente obedecido e res-
cendo-o como o filho de Deus, aceitando e crendo na peitado. O papada encheu-se de força e de dinheiro, à
sua ressurreição. Aospoucos, foram os pagãos se con- custa das chamadas "indulgências", e no século XIII
vertendo ao cristianismo, e dessa mistura surgiram tam- instituiu-se o mais hediondo e horripilante instrumento
bém as desinteligências. A Bíblia como padrão de fé da catequese romana - a Santa Inquisição.
fôra posta à margem, e a liberdade religiosa foi consi- Tornara-se o papa o maior déspota do mundo, e a
derada como heresia, formando-se vários partidos. Sur- igreja católica atingiu clímax do seu poderio universal.
giram os conflitos religiosos, e numerosos fiéis desliga-
ram-se da igreja apostatada.
Constituindo doutrina fundamental da igreja roma- AS RELIGIõES DESMEMBRADAS DO
na, o Papa representava o ponto vital da igreja univer- CRISTIANISMO
s~l de Cristo, investindo-se de autoridade suprema sobre
bISpOSe pastores do mundo inteiro. Desta maneira ori- Pelas iniqüidades sofridas pelo. povo, em virtude da
ginou-se a usurpação, e o papado, para evitar que o povo supremacía papal" não poderia a terra permanecer du-
tomasse conhecimento das Escrituras Sagradas, pro- rante longo período nesse estado de coisas. A luz da
curou ocultar a Bíblia, pelo .fato de que ela",exaltava a verdade não haveria de ficar totalmente extinta, pois,
Deus, e mostrava ao homem a sua verdadeira posição alguns homens ainda guardavam a fé irrestrita no su-
perante ao criador de todas as coisas. Ao povo não lhe premo criador de todas as coisas; e assim, outras idéias
foi mais dado o direito de ler esse livro ou mesmo possuí- surgiram, e novas religiões fundamentadas no verdadei-
10, ficando deste modo entregue aos sacerdotes e prela- ro cristianismo, apartaram-se do poderio de Roma.
dos, incum?id_os de m~nistrar aos cristãos as. suas pró- Em primeiro plano, vieram os Ytüâenses; que resis-
pnas convicçoes. AsSIm sendo, o papa investiu-se de tiram às imposições e à autoridade papal. Aferrados à
plenos poderes, e veio a ser quase que universalmente -doutrina cristã, em verdadeiro contraste· com as falsas
recon~ecido como o enviado de Deus na terra, possuindo 'doutrinas apregoadas por Roma, lutaram denodadamen-
autoridade sobre a Igreja e sobre o Estado. Os manda- te durante alguns séculos. Foram os Valdenses os pri-
mentos da Lei de Deus foram suprimidos em alguns pon- meiros entre os povos da velha Europa, que conseguiram
uma versão exata das Sagradas Escrituras, pois, séculos
78 ALUIZIO FONTENELLE A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 79

antes da reforma religiosa já possuíam eles.a Bíblia ma- pouco, a ponto dos reis e nobres negarem a autoridade
nuscrita, traduzida em sua própria língua. papal, recusando-se a pagar os seus tributos à igreja.
Como verdadeiros seguidores de Cristo, sofreram O reformador foi chamado a defender os interesses
também a perseguição e o vilipêndio. Suportando toda da coroa britânica contra as pretenções de Roma, e du-
a série de iniqüidades, continuaram a testemunhar a rante dois anos foi o embaixador real, junto aos Países
verdade de Deus, e embora perseguidos de morte, lança- Baixos. Voltando à Inglaterra, foi nomeado pelo reí,
ram a semente da reforma, que continuou com as obras reitor da Universidade de Lutherworth.
de Wycliff'e, Huss, Jerônimo, Luthero e muitos outros. O papada romano decretara a morte de Wycliffe
porém, o papa que assinara a bula, morrera antes de ver
JOHN WYCLTffFE executado o seu plano de destruição do reformador .
Citado mais de uma vez perante os tribunais ecle-
Muito tempo antes da reforma, com exceção dos cíátícos, Wycliffe vencera, e com ele, o "Protestantismo"
Yalâenses, os povos não puderam ler a Bíblia, em vírtu- dera os seus primeiros passos.
de da existência de apenas alguns exemplares, bem como
pela imposição da igreja católica; que o proibia termi- JOÃO HUSS E JERÓNIMO
nantemente. Entretanto, no século XlVI,surgiu na In-
glaterra um homem que foi o arauto da reforma não Joll,oHuss, nascido na Boêmia, ,filho de pais humil-
só para o seu país de origem, como também para o be- des, iniciara seus estudos numa escola provincial, con-
nefício de toda a cristandade. tinuando na Universidade de PTaga, como estudante de
Esse homem foi John Wyeliffe, que lançou o seu caridade, os seus conhecimentos .de humanidades. Fa-
veemente protesto contra Roma e suas arbitrariedades . zendo rápidos progressos e distinguíndo-se pela sua in-
. John Wyclíffe, recebera uma educação liberal príví- fatigável aplicação .aos estudos, em pouco grangeava a
legiada, e, concebia o temor de Deus como princípio de simpatia e estima geral. Uma vez completado rapída-
toda a sabedoria. Como conhecedor profundo da flloso- mente os mais altos degraus, foi admitido na corte.,sen-
fia escolástíea, e perfeito manejadordas leis civis e dos do a seguir nomeado professor, e maís tarde reitor da
cânones ?a igreja, não hesitou em mostrar os erros que Universidade onde havia começado seus estudos.
se cometiam contra a verdadeira finalidade do crístia- Anos após o recebimento das ordens sacras, foi João
nísmo , Ainda como estudante, aprof'undou-se no estudo Huss nomeado pregador da ca.pela de Belém.
das Sagradas Escrituras, as quais ro existiam escritas Por essa ocasião, um cidadão por nome Jerônimo,
em línguas mortas, e assim, encaminhou a sua obra re- filho de Praga, tendo trazido da Inglaterra os escritos
formadora. de Wycliffe, associou-se a Huss; e este, lendo minuciosa-
Wycliffe,denunciando os abusos e erros sancionados mente esses escritos, coníderou-o perfeitos e resolveu en-
pela autoridade romana, veio trazer as luzes da razão veredar pelo mesmo caminho que o seu autor, afastan-
e s~us.ensinamentos ,c?meçaram a exercer poderosa in~ do-se completamente de Roma.
flu:,ncla sobre os espíritos diretores da nação. Por esta Durante algum tempo sofreu da mesma forma que
razao, os chefes católicos não viam com bons olhos a 'o primeiro reforrnador, todo o ódio do império papal, e,
força dominante que o reformador alcançava pouco a mais tarde, aliando-se definitivamente a Jerônímo, em-
80 ALUIZIO FONTENELLE A U~ANDA ATRAVÉS nos :SÉCULOS 81

preenderam ambos a obra meritória da reforma que Firmando-se nos seus princípios, embora certo das
avançou rapidamente. ' conseqüências que lhe acarretariam suas idéias, passou
Inúmeros incidentes acompanharam a vida desses a negar sucessivamente a autoridade do papa, o celibato
dois denodados retormadores. Primeiro foi Huss, conde- d?s padr.es, a jerarquia, os votos monásticos, o purgató-
nado à morte pela fogueira, e a seguir, Jerônimo, após no, a missa e o culto aos santos. Por esse motivo exco-
várias citações perante os tribunais inquisitoriais roma- mungado, e ainda, por ter queimado na praça pública
nos, foi também levado à fogueira, por não ábjurar da de Wittemberg a bulla do papa, fato esse passado em 16
sua oposição contra os mandatários da igreja. de dezembro de 1520. Tendo sido citado perante a Dieta
d~.Wor!lls em 1521, Luthero ao apresentar-se ante o con-
CIlIofOIdest~rrado do império, em virtude da recusa de
MARTINHO LUTHERO submeter-se as ordens papais. .
Contando com o apoio do seu protetor Frederíco de
Dentre os reformadores que se incumbiam de guiar Saxe, ficou Luthero oculto durante dez meses no cas-
a igreja, e tirá-Ia das trevas do papismo, destaca-se Mar- telo de Watburgo, onde principiou a escrever numerosos
tinho Luthero. panfletos. A seguir, de 1522 a 1526 percorreu toda a Ale-
. Tendo nascido em Eisleben (Thuríngía) , em 1483, manha, pregando a Reforma. Casou-se com Catarina de
.Martinho Luthero, reformador religioso da Alemanha, Bore, em 1525, e no período compreendido entre 1526 a
passou a sua juventude na cidade de Mansfeld. Era Lu- 1529, trabalhou no sentido de organizar a sua igreja,
th~ro descendente de camponeses, e muito jovem, com contando com a colaboração de Melanchton, que segun-
a Idade de i14 anos, foi mandado para a escola latina de do a história, foi o principal autor da confissão de fé es-
Magde·~)Urgo, de onde se passou para a de Eisenach, logo palhada em Augsburgo, em 1530.
a seguir. Em 1505, recebeu na Universidade de Erfurt, Perigava entretanto a sua obra, em virtude da guer-
o grau de mestre em filosofia; Tendo entretanto inter- ra dos camponeses; porém, a formação da liga de Sma-
rompido os seus estudos de direito, entrou para o con- kald, em dezembro de 1530 assegurou-o sobre o futuro
vento dos Agostinhos de Erfurt, recebendo em 1507 o da sua grandiosa obra de reforma. Em 1534, estalou a
sacerdócio. Publicou entre os anos de 1516 e 1518 as revolta dos anabatistas, sendo a seguir imediatamente
obras de Tauler e o pequeno livro de Teologia Germânica. abafada. Luthero empregou os últimos anos de sua exis-
Concebera ness.a ocasião a idéia central da sua teologia, tência desenvolvendo a sua doutrina, defendendo-a con-
na qual concebia que: "o homem caído, privado de Deus, tra as objeções dos seus antagonistas, e mesmo do exa-
para sempre incapaz de sair do seu nada, é salvo pela gero de alguns de seus seguidores ou discípulos, que pre-
pura graça de Deus". Com o advento das "indulgências" tendiam modificar-lhe alguns conceitos. Luthero muito
postas a venda por imposição do papa do romano, ofere- sofreu com o Estado da Alemanha, e segundo alguns,
ce~~se.a Luthero a ocasião própria para a ruptura com acredita-se que se tenha suicidado, sendo entretanto in-
a Igreja de Roma. Luthero atacou o ínquísídor Tetzel verídica essa Suposição.
(1517)., sendo obrigado, por esta rebelião, a refugiar-se Como escritos que o identificaram, fícou-noã; além
em Wíttemberg, sob a proteção de Frederico, eleitor de da sua tradução clássica da Bíblia, inclusive os seus co-
Saxe. mestários (1522), a célebre carta à nobreza alemã, es-
A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS

éiitaelU'15~0~;,oCativelw deBàbilônia, e}:Í:l'1520;


Contra Ao criar-se na França o Espiritismo de Allan Kar-
a bula do Anti-Cristo, também em 1520; Exortação a dec, nada mais foi feito do que dar-se nova modalidade
paz, em 1525; do servo árbitro, ainda em 1525, etc. Fi- ao culto da Umbanda, por outra: continuar-se a ordem
nalmente, conhecem-se através da obra "Ditos de Mesa", cüvína, que assim expre{;sou,TURIM EVEI, TUMIM
dê autoria de amigos 'Íntimos de Luthero, escrita em UMBANDA,DARMOS. "Baixou sobre a face da terra a
1,566, as palavras e gracejos que Q reformador exprimia LUZ DA UMBANDA".
livremente noconvívío da intimidade com os seus adep- Por esta razão , meus caríssimos leitores; porque con-,
tos. ' tinuarmos a lutar indevidamente por uma causa que e
nossa humanamente nossa, espiritualmente nossa, e na
, A ERA KARDECISTA E SEU FUNDADOR qual ~e irmanam todos os nossos sentimentos? ..
Por que razão se degladiam mutuamente KARDE-
ALLAN KARDEC CIS'TAS, UMBANDISTAS e QUINBANDIS'TAS, quando
na realidade se deveriam dar a mão, e caminhar como
Eí-nos chegados a um dos pontos básicos, no qual verdadeiros irmãos, procurando a LUZ que está diante
se fundamentam todas as teorias espirituais: O KAR- dos nossos olhos, bastando para vê-Ia, apenas encarar
DElCISMO. " '. com sentimento e amor todas as manifestações espiri-
tuais que nos vêm de cima, isto é: do próprio DEUS? ..
Antes porém..dé explanar-vos a minha opinião sobre Deixemos de parte esses preconceitos tolos da socie-
tão delícada têoriª,.,vou em duaapalavras.rmostrar-vos dade corrompida, e unamo-nos numa CODIFICAÇAO
um ponto de vístaque ainda hoje suscita uma tremenda perfeita, para que a religião do futuro seja o ESPIRI-
dúvida entre os praticantes do.próprio kardecísmo:
" .,... ,
TUALISMO, ponto básico de toda a condição humana,
que deseja a perfeição espiritual.
'l.a - Allan Kardec jamais criou a terceira revela- A época das demandas religiosas já passou, meus
., ção; de vez que, elajá existia através dos sé- bons amigos ...
culos, nos próprios fenômenos espirituais que O mundo atual precisa de homens que em vez de
acompanharam a evolução do mundo, desde Bombas Atômicas, empunhem cânticos e pr~ces ao Deus
os prímórdíos da sua existência; Todo Poderoso, para que a humanidade nao se afunde
no caos da ignomínia e do desespero. Façamos do P?SSO
:2.a - Deve-se a Allan Kardec um preito de eterna livre arbítrio uma força poderosa de amor ao próximo,
I

gratidão pelo muito que fez em prol das. cau- é nunca uma 'arma de ataque e de devastação. Procure-
sas espirituais, pois que, embora, nunca te- mos evoluir material e espiritualmente, e estou certo de
nhàsido "MÉnrUM", procurou iluminar o es- que a nossa condição humana se tornará cem por ce~to
pírito da humanidade inteira, instituindo e ~ proveitosa. Avancemos pelo mundo, procurando cnar
formando uma concepção perfeita, no que diz em vez de destruir. Aproveitemos 03 ensínamentos que
respeito a evocação dos trabalhadores do nos são ministrados pelos "Guias Espirituais, e, pode-
bem, que militam nos diversos 'planos espiri- mos estar certos que; tanto os Espíritos de Luz do Kar-
tuais. . , decismo, como os"Pretos Velhos" e "Caboclos" de' Um-
.,
84. A L U I Z,IO F ONT E NELLE
A mvmANDA ATRAVl1lS DOS Sli:CULOS 8'5
"banda, e os ((OrixáS da Quimbanda", nada mais são do
que os verdadeiros missionários da fé. comerciais e, no silêncio dá noite, dedicava-se em escre-
Todos os fenômenos que surgem atualmente na ter- ver gramáticas, aritméticas e outras obras didáticas,
ra, tem a sua razão de ser; e por isso, estudemos com bem como fazia traduções de livros alemães e ingleses.
/ o devido carinho todas as manife~tações espirituais e, Foi professor das cadeiras de filosofia, astronomia, quí-
chegaremos a um ponto no qual nao haverá mais dúvi- mica e física, no Liceu Polirnático. Dedicando-se ao estu-
das quanto. ao aperfeiçoamento do homem, que foi ídea- do do magnetismo, veio por esse motivo, travar relações
ltzado e criado a imagem de Deus. de amizade com o magnetizado r de nome Fortíer, que
lhe falou sobre o caso das mesas girantes, fenômeno esse
ALLAN KARDEC que atribuía ao magnetismo. Fortier dizia-lhe que não
só era capaz de fazer uma mesa girar, como também fa-
Nunca é de mais enaltecer ou mesmo rememorar a lar e responder às perguntas, fato este que suscitou a in-
existência na terra, de homens que pugnaram pelo en- credulidade do jovem professor.
grandecimento de uma causa nobre; e, neste caso.ien- Assim se expressou Léon Riv.ail: "Isso acreditarei se
contra-se a situação privilegiada de Allan Kardec. me provarem que uma mesa tem um cérebro para pen-
. Eis portanto, em síntese, a sua verdadeira bíogra- sar, nervos para sentir e que se pode tornar sonâmbula" .
fia: Não mudou entretanto de idéia, pois, ao assistir ao
, L~ON HIPPOLYTE D~NIZART RLVAIu, foi o no- fenômeno das mesas girantes, criou suas próprias con-
me que na terra recebeu o fundador do Espiritismo na vicções, considerando o caso como um simples estudo
França, e que adotou o pseudônimo de ALLANKARDEC. magnético. Entretanto, como costumava freqüentar a
Nascido em Lyon, na França, em 1804, ali começou os casa de uma determinada família por nome Baudin, que
seus primeiros estudos, para completá-Ias mais tarde na se achava instalada à rua Rochechouart, onde se realí-
cidade de Yverdum, na Suíça. Teve como mestre o céle- zavam sessões hebdomadárías, ali iniciou seus estudos
bre professor Pestalozzí, de quem foi um dos mais desta- espíritlstas , Não fossem as insistentes solicitações de
cados e eminentes discípulos. Completou o curso de ba- alguns membros da família, e de pessoas que freqüenta-
charel e:~ ciências e letr~sl, formando-se logo a seguir vam a casa, entre as quais se conheciam: Carlotti, René
er,nmedícína , ~o ~ransfef1r-se para a capital da França, Taillandier, Thíedeman-Manthêse, a família Sardou e
ai ~u~dou um Instituto de ensino nos mesmos moldes do Didier, teria Léon Rivail, abandonado completamente o
colégio de Yverdum, admitindo como sócio, um seu tio espiritismo, em virtude das suas inúmeras ocupações.
materno. Por infelicidade sua, seu sócio, deixando-se do- Aconteceu entretanto, que essas mesmas pessoas, lhe
minar pelo jogo, em pouco tempo arruinou-o, deixando- confiaram 50 cadernos contendo manuscritos de comu-
lhe de saldo após a liquidação do instituto, apenas a ím- nicações espirituais, para, que ele os coordenasse e estu-
portâncía de 45.400 francos, que Léon Rivail resolveu dasse. Bor sua vez, por intermédio de um dos médiuns
d~positar ~m casa de um negociante, que por sua vez da casa, foi-lhe dada uma comunicação na qual lhe dizia
VIera.a falir, dando-lhe desta maneira um prejuízo total. que no tempo dos DRUIDAS, chamava-se ele ALLAN
Contínuando na luta, apesar do duplo revés sofrido, re- .KARDEC, e esse espírito que se manifestara, ordenara-
solveu o moço encarregar-se da contabilidade de casas .lhe que se dedicasse ao estudo das manifestações espiri-
tuais, e que ele próprio se. encarregaria de o auxiliar
:86 , A'LUIZIO 'FONTENELLE A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 87

nessa penosa tarefa. Foi pois, por intermédio desse bon- Não descansemos; pois a tarefa a ser cumprida é
doso Guia Espiritual, que Léon Rivail, iniciou grandiosa bem árdua, e o mundo, ainda precisa passar pela sua
obra. C?m os esclarecimentos prestados por esse Guia, verdadeira fase de recuperação. O EspirituaUsmo virá
e te~ndoJuntado todos os cadernos, e da 'composição e da forçosamente com o tempo, e com ele, outros brahmas,
fu~ao de todas as perguntas e respostas, formou o seu coníúcíos, kardecs, etc., surgirão.
primeiro livro, que se íntítulou O LIVRO DOS ES'PíRI- Aproveitemos todo o tempo de que dispomos, para
TO~, cuja primeira edição foi dada à luz do público, em um exame perfeito de consciência, e, logo vamos ter a
Abnl de 1857, adotando o seu autor, o pseudônimo de certeza de que o trabalho a ser feito para a reconstru ...
ALLANKARDEC, com o qual se tornou universalmente ção, será muito maior do que para a destruição. As fa-
C'onhecid? A s~guir.,.fun:I0u a Revista Espírita, que sob langes espirituais não. dormem, e seus conselhos nos che-
a sua oríentação e' direção, foi publicada pela primeira gam rápidos e firmes, dando-nos perfeita consciência da
vez em Janeiro de 1858. penosa tarefa a ser cumprida.
Já em 1.0 de Abril desse mesmo ano, fundava.a So- Continua de pé o fenômeno que impulsiona todas
ciedade Espírita de Paris, que em 1860 conseguira ins- as condícões humanas. Continuará o homem a pesquí-
talar-se em sua sede própria. sar através do sobrenatural; aquilo que ele julga perfei-
Encetando diversas viagens de propaganda em prol to. e que o levará ao "Nirtana", das teorias de Buddha;
da sua doutrna, Kardec visitou Sem, Lyon, Mâcolfl., Saint- ao "Céu', dos Católicos e Protestantes; ao "Reino de Aru-
Etienne e Borâeaua; vindo a falecer em Paris, no ano anda" da Umbanda, e ao "Reino de Oluru.m" da Quim-
de 1869. ,banda. ,.' ,'" .
Vivera portanto 65 anos, o fundador e principal orí- E continuará através dos séculos, a ordem divina:
entador de uma doutrina que ma-is tarde iria revolucio-
nar a ciência,- e que se alastraria através dos mundos ,
numa evolução constante, em prol de descobrir a que TURIM EVEI, .TUMIM,UMBANDA, DÂRMÔS,
exístealém da vida material. "Baíxou sobre a face da terra Luz da Umbanda",
Façamos um minuto de silêncio em homenagem
àquele que prestou o seu tributo de honra em benefício
da nobre causa espiritual; e, não esqueçamos também,
aquele ESPíRITO DE LUZ, que ajudou Kardee na com-
pilação de sua obra redentora e amiga, de vez que a ele
tudo se deve, por ordem do Pai Onipotente.
Aproveitamos ainda esse mínimo espaço de tempo,
e com os olhos semícerrados, volvamos às páginas do
passado, e evoquemos as figuras ímpares de Moysés,
Bra,~n:a, suaano; Coniúcio. Wyclijje, Luthero, Huss;
Jerônimo, etc., que foram outros tantos espíritos ílumi-
nados por Deus para dar orientação aos que se encontra-
vam num mundo de obscuridade.
A UMBANDA ATRA ~S DOS sJ!:CULOS 89

marcará passo embora a índole do seu povo seja de mol-


de a conceber rapidamente essa questão religiosa.
Não estamos mais na época de acreditar em lendas,
e nem tão-pouco concebermos fantasias que não condi-
zem absolutamente com a realidade dos fatos. A reli-
gião católica já atingiu ao seu clímax, e o nosso povo já
está farto de mentiras, Em todos os países civilizados,
procura-se descobrir a verdade que existe através dos
CAPÍTULO VII
faustosos salões onde se enclausuram os magnatas do
ouro, na ofuscante faustosidade do Vaticano. Jesus, o
UMBANDA, FUTURA RELIGIÃO DO Pai misericordioso e 'Onipotente, não pregava ao povo,
sentado em tronos de ouro, e nem tão-pouco envergava
UNIVERSO _ríquíssímas indumentárias. Seu aspecto era simples e
nobre; e o seu verbo era apenas de bondade, de igualda-
Este é um magno problema a ser encarado pelos de e de amor ao próximo.
povos do futuro. O homem idealizador e prescrutador Hoje, tudo se deturpa ... o clero está de m.á?s da~as
ele todos os fenômenos que encerram os mistérios da com a política, e a figura de Cristo é m.ercantlhzada Ig-
SUa origem, e de tudo quanto possa existir na vida de nobilmente. O crucifixo é uma verdadeira obra de ~rte;
além-túmulo, com certeza há de chegar a ume conclu- e os templos são verdadeiras maravilhas, que condIzem
são satísfatóría , >

mós novamente ao paganismo, com a capa de míssíoná-


v:
perfeitamente com os raustosos palácios de Nero .. olta-
A história das religiões têm-nos dado elementos su-
ficientes para verificarmos com exatidão, o progresso náríos do Divino Mestre. Mas... o Criador de todas as
-cada .vez mais crescente, no tocante ao que se concebe coisas, não permitiu; que todos os seus legítimos porta-
como religião, de vez que o homem culto e inteligente ,
_.)
vozes nós os ESPíRITAS verdadeiros, nos encarregare--
nao se deixará arrastar por falsas demagogias, nem por mos de ~strar onde está a verdade de Jesus Cristo, a
falsos credos. Ele precisará pesquisar profundamente a verdadeira fé cristã, que conduzirá os povos à suprema
questão religiosa, firmando-se nos conceitos puramente glória de servir a Deus.
reais que a própria razão lhe ditará. O homem do futu- Foram-se os tempos da ignominiosa INQUISIÇAO...
ro tirará suas próprias conclusões, à medida que os fenô- _surgiram as REFORMAS RELIGIOSAS ... e agora, a~ro-
menos espirituais forem surgindo à sua frente. Ainda é veitando-se o que há de puro numa concepçao perfeita-
cedo para conceber-se uma teoria formal e profunda so- mente espiritual, surgiu para o mundo civilizado uma
bre os mistérios que envolvem o mundo e os seres huma- nova aurora e com ela a LUZ DA UMBANDA.
nos; entretanto, é preciso que comecemos desde já abrir Poderão as cívilízacões do futuro, encarar as ques-
os olho~ àqueles que desejam enveredar por uma senda tões religiosas por um prisma mais acertado, de vez que,
sem espinhos, e sem os achaques da ignorância. O Brasil íá não é mais concebível, misticismos incoersíveis, em
infelizmente ainda conta com um número elevadíssim~ torno de um problema que é essencialmente básico para
de analfabetos; e, por esta razão, a sua evolução ainda a educação de um povo. --
A :UMBANDA ATRAVÉS DOS .. SÉCULOS ,91
· "., A situação do momento; . exige' provas mais írrefu-
taveis. de todos o~ fenômenos que surgem a cada passo; Os homens procuram por todos 03 meios, um ponto
e, a.ssIm, necessarío se torna que os doutos procurem no horizonte, que matematicamente lhes prove que de
esmiuçar a verdade que ainda se encontra na obscurida- fato existe um Deus; no entanto, a matemática divina
de modificar-lhe a própria estrutura. 1hes mostra a todo o momento, que ele está mais próxi-
mo do que imaginam. Inconscientemente o homem se
O mundo está passando por uma verdadeira meta- afasta dele, crente de que, procurando-o no infinito o
morfose, e as desinteligências se acentuam de um modo alcançará com as suas próprias mãos. Mero engano ...
co~p~etamen te incompreensí vel , O egoísmo humano Deus está no teu próprio coração, e não o sentes porque
atII;gI~ o seu ponto máximo, e, dia virá, em que, íncon- és mau.
cebIvels. ~ataclismas assolarão a face da terra, a ponto
de modIfIcar-lhe a p;róprlaestrutura. Joga fora essa tua tola concepção de grandeza; põe
de lado os teus sentimentos impuros .,eabraça conscien-
O ho~em está: esquecido de Deus, e seu único pen- temente os ditames nobres do teu coração, e terás en-
sa:n~nto e dar vasao aos seus sentimentos torpes de dó- contrado a relígíão pura, sublime, de que tanto preeísas
minto e de destruição. Ninguém "está satisfeito como para o teu bem estar material e espiritual. .
que possuí, e a ânsia de prover para si todos os bens
matef1~is, leva-o ao abismo do desespero e da incem-
.preensão , Várias gerações já passaram sobre a face da terra;
várias religiões aparecem e desaparecem com O' co~rer .dos
A maldade impera nos corações humanos, e o egoís- séculos; entretanto, uma delas, ou melhor: a primeira,
mo domina todos os sentimentos. ainda perdura, e perdurará, enquanto o mundo for mun-
<? homem julga-se forte, potente e imperioso, quan- do. Refiro-me a Umtõaruia; pois, encarada sob os mais va-
do nao passa de um polichlnelo nas mãos do destino. riados pontos de vista, modificando o seu ver~adei~o n~-
Ele não desconfia que outra força superior o domina, 'e me desde os primórdios da existência terrena, jamais dei-
o traz algemado aos grilhões da 'fa.t,alidade. Nem todos xará entretanto de ser Um banda, o verdadeiro sellti~o
são. predestínados; pois, por mais int€1igente e curto, por que se dá no ESPIRITUALISMO, em qualquer condição
mais sábio, e por mais alto que se considere estar mais que o queirar encarar.
depressa ruirá por terra. '
Já é tempo de refletirmos um pouquinho mais .... A Umbanda será a futura religião que domdnará no
mundo, de vez que, é ela oriunda da vontade divina. O
, Deixemos de lado certas considerações que a socie- Espiritismo na Lei de Umbanda será encarad? como ver-
'dade nos impôs, e olhemos para o horizonte, onde o pla- dadeira religião, pelo fato de que os seus~egUldo!es est~-
no horizoutal encontra-se com o plano vertical, forman- Tão em contato mais direto com as manítestações espi-
do o infinito. É para lá que nos dirigimos. O caminho rituais, que outra coisa não representa, a não ser o cum-
é longo, porém, se' o alcançarmos, estaremos. certos de prímento das leis divinas. . _,
haver descoberto m.;.!s um fenômeno científico: o FIM A Umbanda a que me refiro, nao e essa Um~an?a
DO MUNDO. mistificada e misturada com o diversos credos fetíchís-
Assim é a religião .. tas de hoje conhecidos no Brasil inteiro. Será uma Um-
banda codificada, uma Umbanda pura, na, qual se apro-
92 ALUIZIO FONTENELL~ A UMBANDA ATRAVÉS DOS S~CULOS 93

veit.ará de todas as religiões existentes na terra, somente DOMíNIO DOS ESPíRITOS


aquilo que for sublime e perfeito.
Qualquer leigo compreenderá perfeitamente a ques,
po ,9atoli?ismo por exemplo, só se aproveitará a or- tão espiritual, quando eu lhe mostrar o que representa
verdadeiramente a condição que liga o espírito à ma-
ganizaçao, pOIS, tudo o mais é falho inclusive os dez
m atndamentos da Lei de Deus que fora~ miseravelmente téria.
ed urpados. O fato das religiões espíritas lidarem com espíritos
propriamente ditos, não vem absolutamente corroborar
bl' Das religiões protestantes, restará unicamente a Bí- com 01 que se costuma interpretar como a crença no so-
s Ia, nos~seus pontos onde existir a verdade, de vez que os brenatural. É bem verdade que, em, todas as religiões,
e~~ pa~to::es, por serem por demais apegados ao fa- por existirem os dogmas, esses dogmas são interpreta-
na ismo, nao quererão dar o braço a torcer uando co- dos como uma simples questão de fé. Entretanto, no es-
nhecerem de fato onde está a LUZ DIVINA'. q piritismo, essa fé acentua-se grandemente, por razões
perfeitamente concebíveis. Digo isso, simplesmente pelo
bons n,~e~~:a~~ religiões espíritas, aproveitar-se-ão os seguinte: todo aquele que admitir a existência de uma
fe t - . ~ . que, c_Onhecedores perfeitos das maní- alma dentro do seu corpo, há de forçosamente admitir
t}. aç<:~sespmtu,aIS,. nao se deixarão arrastar pela mis- a existência do espírito; e assim, a questão de fé deixa
~IIc~çao. Os kardecístas, por exemplo che arão à
clusao de ,a.ceitar irrestritamente as ~ond~ões qU~o~= de existir, para dar lugar a uma concepção. Eu, por
ga~ o eSPIrl~.à matéria, nas quaís se concebe m exemplo, não tenho fé na minha alma, porém concebo-a
entIdades espmtuais se distinguem de do' d que as perfeitamente dentro do meu corpo, pois se tal não tos-
os "Guias E ··t . IS mo os' 10 se, não seria quem sou.
força !lu'd' sptr: uai«: .possuem Luz Espiritual e gr~nde Diz Allan Kardec: "Os espíritos não são, como mü-
t tca, consegumdo por essa razão dom' a
ma:rs ~lementos, forçando-os a praticar o bem pm r os garmente se acredita, uma criação distinta das outras.
razão e que nas práticas da U b d . or essa São almas das pessoas que viveram na Terra ou em ou-
maiores resultados; 2.0 _ Os ~ ~~ ~,se cons~~uem os tros mundos, despojados de seu envoltório corporal".
mortos, evocados nas práticas d% k:rd~~ espírítos dos
quando muito apenas a Lu .. CISmo, possuem Agora digo eu: como se interpretaria a existência
tê~ força suficiente para c~~~~~~~~al~:l.por isso não de fenômenos totalmente incompreensíveis, que surgem
a cada momento na vida de todos nós, lndependente-
Quat;tto aos praticantes dos "CANDOBLJi:S" e aos mente da questão religiosa? ., Porque corremos ao ce-
..que praücam a M~GIA NEGRA", estes serão devida- mitério, a fim de depositar flores nas sepulturas dos
mente_ orientados, e, mstruídos em novas práticas aban- nossos entes queridos, que nos abandonaram aqui na
d.onarao por completo os rituais bárbaros que os' ídentí- terra, muitas vezes em situações precárias, e em ocasiões
fíeam , O Espírítísmo na LEI DE UMBANDA em sua nova quando mais precisávamos deles? ..
fase, surgl::a com o progresso do mundo; novos horízon- É muito simples, meus bons amigos. .. Quando nos
:tes nos serao apr~sen~ados, e '0 mundo marchará de fron- lembramos dos nossos mortos, sentimos uma vibração
teerguída, .em direção ao aperfeiçoamento universal. interna toda especial, que nos afirma categoricamente,
94 ALUIZIO FONTENELLE
A UMBANDA ATRAVES DOS SÉCULOS 95
que eles estão bem próximos a nós, rios escutam, e sen- O PERISPfRITO - camada fluídica ou envoltório
tem .cono::co todas as emoções que vibram nos nossos leve, incolor, intermediário entre o Espírito e a matéria.
sentimentos Derran:amos as nossas lágrimas, e todo o Pelo fato de existir a questão da hierarquia, que se
c?rpo fr~me na emoçao de um instante de sentímenta. conhece através das manifestações espirituais, alguns es-
~;smo. EIS aí a "ALMA", meus amigos. " Eis portanto o píritos permanecem presos ao orbe terráqueo, ao paso
ES~fRITO", que os doutos consideram como sobrena; que outros evoluem.
turcas.
A esses espíritos evoluídos, denominam-se "ENTI-
Não formu~amo~ hipótese, quando na solução de DADES ESPIRITUAIS" ou "GUIAS", e a um sem nú-
um problema nao existem incógnitas. O Espírito existe mero deles está afeto o encargo de dirigir os diversos
sobre a face da terra e em todos os planos do mundo planos, quer espirituais, quer materiais. Por essa razão
astrah, da mesma forma que tu tens certeza que dentro o mundo sofre o domínio dos espíritos, e o homem deixa
do teu peito, bate um coração. . de possuir o que ele denomina de "LIVRE' ARBíTRIO" .
_Serías cap~z de arrancar do teu, próprio peito o c'o- Por outro lado, sofrendo ele a perseguição que lhes mo-
raçao, colocanao-o na palma da mão, para te certifica- vem os "EsrpíTitos das trenas", surge o que o vulgo co-
res que ele de fato existe e te pertence? .. Não acredi- nhece com o denominatívo de "FATALIDADE".
to. .: s~bes que O' ten~, porqoe ele pulsa dentro de ti, A verdade está, em que todos nós somos dominados
porem, jamais o poderas ver. Podes ver o meu ou o do pelos espíritos, seja desta ou daquela natureza; e, se
teu s~~elhante, .n~t;Ia condição toda especial: Assim é soubermos controlar as suas manifestações, deixará de
o espírito. .. assrm e a tua alma. existir <o caos, e guiados por aqueles. a quem denomina-
Quando abandonares o envólucro carnaj, aí então mos "ESPÍRITOS DE LUZ", o mundo sobreviverá às he-
com:p:r:eenderá.s,O' grand~ mist~rio que liga o espírito à catombes, e o curso das "LEIS DIVINAS", tomará o seu
matéria, e quiça, voltaras aqui, para orientar-me ainda devido rumo .
mais, nessa sublime condição, que é a existência dos . Esta será uma das razões porque a UMBANDÃ será
espíritos através de todos os infinitos. a futura religião do Universo: A humanidade, conhece-
P~ra que ,s~ tenha uma verdadeira oríentação do dora perfeita das forças espirituais, procurará dentro do
q~~ seja o espírito que integra o corpo humano, neces- verdadeiro espiritismo, o lenitívo para as suas aflições,
S~rIO se ~orna u~a explicação detalhada dessa concep- a 'razão do ser das suas privações, €' os caminhos que a
çao , AsSIm, consídera.ss, como parte integrante de todo conduzirão à morada do Pai Celeste estarão abertos pela
o ser rumano, três elementos essenciais; são eles: força poderosa dos mentores, guiados e orientados pelo
Verbo Criador.
A. ALMA OU ESPfRITO - cérebro ou inteligência
o~de Imperam, a vontade, o pensamento, o livre arbí- Nas irradiações das poderosas Ialanges do bem, os
trio, e o senso moral. sublimes "PRETOS' VELHOS", os audazes "CA,BOCLOS"
e todos os maiores da Umbanda, derramarão sobre a hu-
O CORPO, ?U MATÉRIA - envólucro físico que manidade sofredora, o bálsamo consolador .
suste~ta o espírito, pondo-o em contacto com o mundo TURIM EVEI, TUMIM UMBANDA, DARMóS
exteríor, formando o EU.
Baixará sobre a terra, a luz da Umbanda .. ~~"
Condificar-se uma lei é enquadrá-Ia em todos os
seus príncípíos, solidificando-a por meio, de regulamen-
tos severos, aos quaís todos terã-o que submeter-se.
Já é tempo de se pensar em fazer da verdadeira
UMBANDAurna religiã-o perfeita, dentro da lei, dentro
dos princípios da moral e da razão, banindo-se das so-
ciedades toda a corrupção e a falta de bomsenso.
CAPÍTULO VIII Estamos numa época em que, tudo aquilo que não
é verdadeiro, se destrói por si mesmo. As antigas reli-
gíõesestão em decadência moral e espiritual. O cato-
A CODIFICAÇÃO DA UMBANDA TRABA- licismo já não merece o nosso respeito, por que está to-
LHOS FILOSÓFICOS E DOUTRINÁRIOS ~ talmente .deturpado nos seus princípios cristãos, e a
mentira Impera em todas as suas práticas .. Os demais
cultos bíblicos, por estarem demasiadamente aferrados
_ Há muito se fala de uma codífícaçãc na LEI DE ao fanatismo de uma bíblia mal traduzida e proíun-
UMBANDA; entretanto, quem lançará a pedra funda- damente enxertada com teorias e conceitos puramente
mental? '. Quem se atreverá a arcar com a enorme materiais, contam com um reduzido número de adeptos,
responsabilidade que atrairá para si a ira dos potenta- sendo portanto postos à margem. No entanto, o ESPI-
dos das inúmeras relígàões que dominam na mundo in- RlTUALISMO, por se tratar de uma crença cem por
teiro? Sim, aquele que se atrever a isso, lutará com cento cristã, pois, outra não é a sua finalidade, terá
todas as dificuldades possíveis e ímagtnáveís, contra to- que gozar, num futuro próximo, os louros' de uma vi-
dos e contra tudo, de vez que não se pode, criar uma tória divina, ocupando no cenário mundial o seu de-
potência ou edificar-se um majestoso edíríoio, sem um vido lugar.
alícerce sólído que possa suportar a fúria de todas as O Espiritismo' não é uma religião de loucos, nem
tempestades. tão-pouco de fanáticos; ,é uma religião que cultua em
Quando falo em codificação da UMBANDA,não me sua crença um veddadeíro sentido de humanidade e Ira-
refiro ao aglomerado que se possa fazer entre algumas ternidade entre os seus irmãos. rÉ um culto depro-
tendas espíritas, sujeitas a um determinado "centro" fundo sentimento de fé, Naquele que procurou redímír
que as possa dirigir. Não é nada cLisso.A CODIFiICA- toda a humanidade.
ÇAO a que me refiro, é uma luta tremenda que se terá Nunca as le.s de Deus foram rejeitadas no verda-
que realizar em torno de milhares de "centros", "ten- deiro espiritismo, e tão-pouco ise fizeram pactos com
das", "terreíros", "templos", etc., com a finalidade de o Demônio. O perfeito espírita é como todo homem
separar o "joio do trigo", unificando-se todas as ínter- de ciência: procura conhecer profundamente todas as
pretações espíritas em torno de um só poder, de uma só reações positivas e negativas, para delas tirar proveito;
ORDEM, sendo essa ordem incontestavelmente UNI- O espírita que forconfiecédor profundo dos poderes ma-
VERSAL. térícos de Batanaz, forçosamente saberá utilizaressa for-
ça, tirando dela, bons proveitos, transformando-a em CpMO COMEÇ~IA EU A çODIFIeA~~()
verdadeiros benefícios. DA LEI DE UMBANDA
O tempo das lendas já se passou, e Q Interno de Em primeiro lugar, reunindo em local amplo e .es-
Dente existe na ieoncepção infantil das crenças mal
paçoso, adrede preparado, uma legião de médicos, eíen-
erientadas. O homem de amanhã será mau, se- a sua tistas, literatos, etc., inclusive chefes de centros karde-
índole, e a educação que receber desde o berço, forem cístas, de Umbanda e·mesmo da Quimbanda, bem assim,
perniciosas e enraízadas pelas mentiras de religiões pou- como todo aquele que de fato se julgar um verdadeiro
co escrupulosas. "MEillUM", e, fazendo-se uma sessão espírita sob a di-
Diz Um velho adágio popular que: todos os eam:« reção de um único bjomem capaz de dirigi-Ia, obter-se-ia
nhos nos conâueem. a Roma; por essa razão também ·(lJg~ das entidades máximas que baixassem, uma orientação
eu: todo aquele que, dentro de um princípio pUifo ,e precisa para a regulamentação dos primeiros pontos bá-
sincero se dírígír a Deus, estará indo para, ele. sicos a serem estudados.
Voltemos ainda ao ponto de vista da Godificação Poderiam surgir nesse caso, desavenças e contradi-
gª U,mbanda. ções, mas, em compensação, se teria a certeza absoluta
Pelo fato; de alguns autores terem tocado nesse pon- de onde está a verdade, de vez que, fácil seria desmacarar
to essencialmente básico, que seria' a Codificação de o embuste e a mistificação', quando os médiuns incor-
todas as correntes espírltualístas, vou agora expor porados fossem argüidos por elementos capazes e de
também o meu ponto de vista, e o modo como encaro grande envergadura moral e intelectual,
essa questão tão delicada. . . 2.0_ A distinta classe médica daria o apoío ne-
Antes, porém, quero salientar que não descansarei cessário às práticas do EspiritualismÜl,quandoeste lhe
enquanto não tiver dado o primeiro passo. para a rea- desse provas ,lrrefutáveis da existência de uma força
lização dessa obra, e, embora não possuindo meios ma- superior que não está na alçada da própria rnedleína.
teriais para o irA~cio,estou certo que alguém virá a, Por SUa vez, 0.3 grandes cientistas teriam a oportuní-
eompreender a, magnitude desse vempreendímento, e da de de estudar os fenômenos que .lhes fossem apre-
íorçosamente, aliada a elementos criadores e abnegados sentados nas manifestações espirituais, e outras con-
derensores da, seita, poderão realizar o que por enquanto ' cepções nos seriam então atribuídas.
só se concebe na, ímaginação. 3.0 ,- As autoridades federais e municipais esta-
Se dentre aqueles que ,se viram beneficiados pela, riam em contacto direto com a direção, a fim de im-
Umbanda e mesmo entre os inumeráveis defensores da pedir a fraude e as prátícasdo exercícío da falsa me-
seita, existir uma corrente. poderosa de boa vontade, aqui dicina. O curandeírísmo seria posto à margem, para dar
estou para dar ínícío à luta, irmanado pelos mesmos lugar a que a classe médica fosse chamada a dntervír,
sentimentos que nos unirem, dentro de uma perfeita: quando os casos a sere:m resolvidos assim o exigissem.
compreensão, E? cheios de ânimo e fé, poderemos lançar 4,0 - Formar-se-ia umconclave mundial de ver
~1pedra fundamental do grande e. monumental edifício. dadeiros espíritas, e ministrar-se-iam ensínamentos
, Agora" vej amos sa as' minhas çonvícções se çpª4lJ~ perfeitos àqueles que desejassem trabalhar íívremente,
nam corn p~ vossos pensamentos, ' 8~jeJt9s entretanto a aprovação da ?].J;t,!dÇl.de,:mâ~~m,ª.
/
10.0 ALUI ZI O F ONT E N ELLE
A V}.!IBAND.A 4 TRAVÉS DOS S:mCULOS ·1.01
Todos os centros reger-se-iam por intermédio (t
t:ma sede central, a: <;lualse encarregaria de julgar, ruI 1Il comum ver-se, na maioria dos terreiros que pra-
tír ordens, e permitir ou não o seu funcionament I
m o espiritismo nas suas diversas modalidades;
ainda, reconhecer ou não a idoneidade dos trabaU"c. oaa que, pouco conhecendo da questão espiritual;
da seita. gam-se cegas e despreocupadas, na certeza de que
5:0 - Acabaria a exploração, e a organização t 1'111, auferindo grandes luzes, quando na realidade, es-
o apoio governamental. s ndo apenas joguetes das falanges do mal, que
O Espiritismo puro surgiria forçosamente não d li lt s vezes as levam à loucura e à degradação.
do lugar a dissídios, tornando-se desta maneira útil n Os indivíduos ínconscíentes, que procuram dentro
homem e às sociedades. píritísmo obter uma mediunidade forçada, nada
~erminariam a~ práticas e nltuaís absurdos que n (I stão tazendo, do que criar uma mentalidade fie-
eondízem com >O adiantado grau de civilização que 01'11 c sem força, sujeitos portanto à fraude espiritual,
atravessamos) e estou certo que a UMBANDA verdad i- llo!"nn,n.do-sepresa fácil dos maus elementos, ãncorrendo
ra, a UMBANDA que Jesus Orísto pregou sobre a fa lt 'r ve erro de copiar na íntegra as incorporações e
da terra, surgiria Iímpída e pura, em toda a sua fina 1s manítestações espirituais que observam nos seus
dade redentora. . panheíros de trabalho. É bem verdade que o homem
., ?o _ As.ins~ituições espíritas ter~am tínalídade p • · a influência do meio; entretanto,um verdadeiro
tríótíca e ca~ltatIva, O povo seria orientado nãó pel uta Espintwal" não se deixa arrastar por tais ínfluên-
ho~~ns, ,e SIm pela palavra fortalecida das entidad , e possuí uma característica toda sua, possuindo
espírítuaís que as transmitiriam diretamente de De' m a sua verdadeira modalidade de' trabalho.
Seriam banidos os místífícadores e os vendilhõ ' I por essa razão que na maioria <dostrabalhos que
dos templos. A caridade seria dada a mãos cheias r tícam nos terreiros de Umbanda, sofrem alguns
uma nova era de progresso surgínía para a humanid - íuns o vexame de se verem desmascarados, pelo fato
de, de vez. que não have~ia sofismas nem falsas p'l' uc não possuem eles verdadeiramente 'Uma ENTI-
~~ss.as, pOI~,o erro e o crime não teriam a bênção ecl • consigo, e por outro lado, julgam estar recebendo
SIastl~a,. e SIm, 'Ü cas~igo divino) na própria conscíêncír unícações do Astral, quando na realidade o que eles
do cnmmoso: que sena atormentado pelo REMORSO .. é puramente objeto da sua imaginação,
Essa seria a verdadeira codificação -da LEI DE UM· Alguns querem passar por reveladores do futuro ou
BANDA. como grandes euradores, e não raro, têm-se dado
TRABALHOS FILOSÓFICOS E DOUTRINARIOS nos quaís, os tolos e por demais crédulos, deixam
r vidas preciosas que poderiam ser salvas pela me"
Outro ponto de vista, que deveria entrar forços • a da terra, deixando-se arrastar por uma falta de
~ente n~ concepção das práticas do espiritismo, é o que nso e compreensão.
dIZ respeito aos seus trabalhos filosóficos e doutrinário, N....
o ,fui testemunha ocular deste caso; no entanto
Todos os médiuns deveriam ser instruídos e or1 I • onhecimento, por intermédio de pessoas que me
tado~ nas práticas espirituais, a fim de evitar que o m 10 mllreclem crédito, de que, certa vez, um indivíduo levan-
ambiente as deturpasse para dar lugar à místírícaçã , d t rminado centro espírita uma criança atacada
a ínfecção sem grandes conseqüências, sobreveio-·
lhe o tétano, dando-lhernórte imediata, em virtude do Outro ponto de vista de suma importância, e que
descaso é da inconsciência do médium (médium total- muitas vezes passa despercebido de muitos, é o fato das
mente consciente), e da ímbeoilidade do genítor, que não entidades empregarem um idioma todo especial, quan-
procurou um clínico, para uma orientação mais segura. do as palavras são dírígídas de espírito para espírítc,
Infelizmente pululam por aí aos montes" determí- Alguns que se julgam entendidos, pensam ser essas
na?os <;entros, onde, de espiritismo só têm mesmo nome, frases soltas, dialetos "Gêges", "Bantus", etc., quando
P?lS, ha pouca ver~onha, o desmazelo pela saúde do pró- estão redondamente enganados. Aquilo que as entidades
ximo: e a ve~dadelra caridade é posta à margem, para falam entre dentes, é nada mais nada menos da que o
pensar-se unícamente .na exploracão e na indecência tdíoma "IJUDICE" ou língua dós éspíritós, o qual so-
corruptíva e degradante. • mente é compreendido entre as próprias entidades.
Onde se cultua a verdadeira Umbanda, deve exístír O que acontece geralmente nas práticas das Umban-
o estímulo ou pelo menos a boa vontade que tem todo das que se cultuam no Brasil, é o fato de que, por serem
aquele que deseja aprender o que de fato existe de real dás que sé cultuam no Brasil, é 6 fato de Serem
é verdadeiro nas manifestações do espírito, quando em julgarem que todos os rituais empregados são de origem
contacto com a terra. africana; tal como acontece com o "CANDOBl.4É",onde
Numa Umbanda codificada, deveriam realízar-se os seus ínícíados são obrigados a aprender grande par-
trabalhos filosóficos e doutrinários, que mostrassem aos te dos dialetos africanos, com a :f:i,nalidade de ajudar
crentes, todos os porquês das condições do homem sobre .a manifestação dos seus "orixás", o que quer dizer
a terra, bem como as funções meritórias que devem de- perfeitamente, não serem os seus médiuns totalmente
sempenhar em benefício da coletividade. inconscientes, pois, se o fossem; não haveria necessidade
Os verdadeiros médiuns, quando analfabetos deve- 'desse aprendizado.
riam receber instruções seguras e firmes, no mod~ como Daí conclui-se o seguínté: á maior parte dos mé-
conceber a questão da mediunidade, exortando-os ao diuns são totalmente conscientes, e por essa razão não
cumprimento de suas obrãgações como elementos verda- sabem interpretar e transmitir' devidamente as comuni-
deiramen te abnegados. cações que recebem das suas entidades;
Aquele que conhece de fato a Umbanda, já está , PÔr outro ladó, 'O médium, presunçosa e tolo. dese-
farto de saber que', quando um médium inconsciente, jando atrair para si a atenção da maioria, dos assisten-
récébe como entidade espiritual um "preto velho" ou um tes, inicia uma série de interferências próprias da sua
'<caboclo", estes, ao apresentarem-se nessa modalidade, pouca inteligência, julgando que assim procedendo, é
f~zeni:-Í1oapenas por .uma questão de ética, urna vez que, tido como possuidor de uma grande "erüuiaâe", quando
aos espíritos de luz, Ines é dado o direito de se apresen- .na realidade não passá de um simples místíãlcador e o
tarem sob qualquer forma ou aspecto, por motivos e seu trabalho mediúnico não é nada mais nada menbs do
questões puramente espirituais. Acontece entretanto, que um ANIMISMO grandemente pronunciado.
que a linguagem "tatibitate" por eles empregada, é con- q espalhafato é muitos grítos vhístérlcos que se
séqüêncía de uma filosofia toda especial nas suas expres-: observam em inúmeras reuniões' espíritas, principalmen-
sões, assemelhando-se perféítamênte às parábolas de: -te na Umbanda, nada mais representam do que uma
(:}JJ.isto,quando, pregava no inundo material. " "éhcEmaçãõ',dé, próprióinédiuITl,qüerenàe. mostrar com
I

ALVIZIO FONTENELLE A UMBANDA ATRAVl11S nos sactnos 105


/
isso, estar possuído de uma. força medíúníca fora do testações espírítuaís ao seu -bel prazer. Por outr<? lado,
comum, o que justíüca absolutamente o meu ponto de quando o médium verdadeiro começa a produzir, ISto é,:
/ vista. quando a sua entidade irradia verdadeiramente beneü-
.cíos, e acerta, como dizem os pobres de espíráto, ele se
Outro fator ímportante que deve ser observado nas
questões de doutrinação, dos médiuns, é ocaso da íncor- sente orgulhoso de si mesmo e desanda a cometer arbi-
poração e desíncorparação. trariedades ocasionando o que se verifica em inúmeros
, Quando as entidades espirituais têm perfeito domí- casos muito conhecidos, nos quaís esses pobres médiuns
níosobre os seus "cavalos" ou "aparelhos", e com eles vão aos poucos perdendo a sua ótima mediunidade, da~~
trabalJ:1am há muito tempo, deve haver forçosamente do lugar à mistificação e o que é pior: à degradaçao
uma fínalídade perfeita, e por essa razão, não vejo mo- moral.
tivos para encenações dos médiuns, que se atiram no TodolS os trabalhos de Umbanda deveriam ser ím-
chão espalhafatosamente, dando lugar muitas vezes a pares, isto é: deveriam seguir uma orientação única.
críticas e comentários entre os próprios trabalhadores Deveriam formar-se e instituir-se organizações filiadas
.da seita. a. um órgão único, e tanto kardecistascomo umbandís-
.No meu modo de entender, o médium somente so- tas e demais entidades espíritas, reger-se-iam por uma
fre certas manifestações desagradáveis, quando está sede principal bem organizada. ,
possuído de espíritos obsessores, ou então o seu trabalho Alguém quereria contestar o m~u ponto de, ~ista,
depende da incorporação de "EXUS", que geralmente argumentando que não se pode obrigar um espírito a
os deixam seriamente transfigurados. entrar na fila, isto é: obedecer aos homens, e submeter-
, Ainda concebo outraman.irestação de espíritos cas- se às suas imposições; no entanto quem já dirigiu "cen-
tigando o seu aparelho, quando esse médium, por ter tros espíritas", sabe perfeitamente que as próprias entd-
transgredido os seus preceitos, sofre das próprias entí- dades primam pela ordem e pelo perfeito andamento
,dades o castigo merecido. Aí, ele é obrigado por uma dos trabalhos espirituaiS. Para isso" é muito comum
força superior a entregar-se" muitas das vezes, até ao J'o,rmarem-se correntes doutrinadoras entre elementos
desespero, com graves conseqüências para o seu próprio capazes. Outrossim, a organização seria somente entre
corpo. Quanto ao mais, considero animismo, e não me- os homens, pois, os "pretos »euias", "caboclos" e demais
diunidade. 'éntidades, trabalhariam livremente, como têm trabalha-
Não será tão fácil submeterem-se os trabalhadores do até hoje, independentemente da vontade humana.
,da Umbanda a um regime de-verdadeira inícíaçâo: pois, , Temos absoluta certeza de que, quando o médium
-a .maíor parte dos homens que nela trabalham, e de con- consciente, souber organizar-se, a entidade que o acom-
~9rmidade com o tempo no qual praticam essa crença, panha forçosamente organízar-se-á; pois, quem estudar
Julgam-se quase todos semideuses ou melhor: babalaôs perfeitamente o que seja renômeno espiritual, há de
de or~xá, e não quererão dar a' mão à-palmatóría, por compreender que:
acreditarem-se grandes iluminados. a primeira manifestação que atua num indivíduo,
O: erro clamoroso dos que trabalham como médJ:'uns, éa obsessão; a seguir, uma vez retirado esse obsessor,
n~ hostes da Umbanda, é julgarem-se grandes enten- .cs entidades "Guias Espirituais", se apresentam, e aí,
_:~~,dos,,,e qll~rerell). cada um de per si, entender as .maní- _eonceoe-se O que se conhece com o nome de l(riediunid(L-
•• ~', - N " • •• • • ,.' ,,' - ", ." •
'iOõ
de. Com a continuação dos trabalhos, esses "Guias" sé velhos e caboclos com os .mesmos nomes, t~ii§ cômp:
firmam no subconsciente do inãJtvíduo e dá-se então o ~'ai Joaquim, Pai Guiné, Pai Francisco, Ca~od6 Art~;
fenômeno da "aiinââasie espiritual". Quanto mais tem-
Caboclo Aimoré, Romrpe-Mato, etc., etc., nao quer dizer
po Se passar, mais desenvolvimento vai tendo o perispi- que sejam a mesma pessoa. 00 que acontece é o séguín-
rito do médium, e ao cabo de algum tempo, é ele quem te: cada médium tem o seu verdadeíro ANJO-D:A-GU~
recebe sozinho as irradiações> dos seus protetores. Fi- DIA, e é este que recebe as manifestações ou irradia-
nalmente, o nosso próprio ANJO-DA-GUARDA é quem ções dos espíritos de luz, Por essa razão, cada um
trabalha, recebendo todas as comunicações. Esse é que trabalha a seu bel prazer, incorpora da máneíra que
é Q verdadeiro fenômeno que se conhece com o nome' de quer, pois o subconsciente ou períspíríto do médium é
"MEDI UNIDADE".
quem manda.
Para provar-lhes a veracidade do que acabo de afdr- Mesmo nos trabalhos de Magia Negra, essa mani-
mar, começarei explícando-Ihes .o seguinte:
festação se enquadra perfeitamente. , ,',
"O médium trabalha durante muitos anos com um '. Aqueles que se dizem incorpora~os CO~ exus, r~~~~~~
determinado "Guia", e de uma hora para outra, esse dessas entidades do mal toda a orientação, e o perispi-
·"Guia" avisa que abandonará aquele aparelho, póís fito do médium, mais uma vez se manifesta. > _ "

atingiu um determinado grau de elevação espiritual é Essa finalidade na manítestação dó espírito en~re-
não voltará mais à terra. Entretanto, o que aconteceu tanto, foge à regra geral, quando o rnédsum rece~.~
fol 6 seguinte: Esse Guia recebeu a incumbência de incorporação de um "~~UN" (esp~ito de mort<», pelo
doutrinar um novo médium, neste ou em outro planeta, lato de que esses espírütos, por :r:a:opossuírem rorça
isto é: teve necessidade de prestar em outro lugar a sua fluídíca, embora possuam Luz Espzrztual (quaJ?-do.<:>,~:.
cooperação ou "caridade", a fim de elevar-se espiritual- píríto é bom, e O' que deseja fazer tem uma fI?ahdã<I~
mente. Com o afastamento dessa entidade, oucro espírí- boa), tem necessidade de tomar posse verdadel~lt~?~~,
-to passará a influenciar aquele aparelho, embora já não do' aparelho (médium mconsciente), pa!a a tra~sm~s_~~
Júija necessidade de doutriná-lo, "domesticá-Io", porque das ordens que recebe e que foi íncumbído de tránsmítir
'ó' terreno já estava preparado. Esse é um dos Inúmeros aos entes encarnados.
easos que acontecem na vida de milhares de médiuns . Para finalizar, aquele que conseguir ~e provar, co~
'qÚe trabalham no espírítésmo,
fatos verdadeiramente palpáveis, que e~ta e?1desac2r??
Como até aqui ainda não provei o que desejava, com o meu ponto de vista, a esse d~rel a mmhl:l.ma~o.}l;
vejamos agora o seguinte caso: palmatória. Caso contrár~o, mantenI:0 e rnant~~L~~S.~'
, . Ao afirmar que os bons médiuns trabalham únícà- concepção, até que as mmha~ ,«e1}:~:dc:-des,~spz~~t1!:~z.~.
inexte recebendo das entidades astrais a força espiritual eóritradígam o que por intuiçao me fízeram conceber.
'ÓUé ós caracteriza, provo da seguinte maneira:
- Algum médium, que tenha saído do lugar onde
trabalha, já conseguiu encontrar o seu "GUIA PROTE-
TOR" , b~ixado -- em outro .. médium, sendo ímedíatamente
.. ..
~,-•. --."
".
'iêcô:hlheéido pór ele? . '. Não acredito que tal fato ténha
"ãfõ'líté-cidó;:' poís, "O fato' ele- 'fulconti'âr' ihúriiérós piét6s
108 AL U r ZI o ' F oNT ENEL L E

, .Quanto às perturbações e obsessões que atacam as


pessoas, es.sas, sao manifestações de espíritos maléficos
ClU sem .luz, e muitas vezes são o produto de trabalhos
de maçui negra, que exercem um poder fantástico sobre
as criaturas humanas.
, Como reina no mundo a maldade, e as hostes de
Satanaz se comprazem em destruir toda a obra de Deus CAPÍTULO IX
não é de admitir que os trabalhos de "tetiçarta: encon~
trem g.uarida acentuada nos corações denegridos pela PROVA CÁRMICA - LIVRE ARBíTRIO-
perversidade. REENCARNAÇÃO
. ~or outro lado, como o homem veio à terra com a
fmalIdade de resgatar uma dívida, é por isso que muitas PROVA CÁRMICA
v:ezes achamos impossível que uma pessoa de bons sen-
tímentos, sofra, a perseguição, dos espíritos das trevas; Deve-se a nossa condição Cármica ao fato da deso-
no entanto, no íntimo dessa cniatura, .existe um mistério bediência das leis de Deus, pelos nossos primeiros pais
ou um mal feito que somente ela é sabedora. Por isso é (segundo a Gênesís bíblica), quando o Senhor" ao ex-
que os trabalhos de Magia Negra têm grandes resul- pulsá-los do paraíso, assim se pronunciou:
tados. ' "GÊNESIS, 4 - Tentação de Eva e queda do ho-
Outros acreditam que só pelo fato de assistirem à mem.
h1i~sa, ou por outra, rezarem indefinidamente pela Bíblia 13 - E disse o Senhor Deus à mulher: Porque fi-
estao com Deus, e por isso, livres das perseguições dos zeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e
agentes do mal. Enganam-se redondamente. Esses com eu comi.
mais, fa?i1ida?: est~.o su~eitos aos piores desígnios, pois, 14 - Então o Senhor Deus disse à serpente: Por-
o propno Cristo nao deixou de ser uma vítima de Sa- quanto fizeste isto, maldita serás mais que toda besta,
tanaz .. e mais que todos os animais do camp: sobre o teu ven-
O que os homens precisam, é combater o mal co- tre andarás, e o pó comerás todos os dias da tua vida.
nhecendo perfeitamente as ciladas e as tramas' dos 15 .---.E porei inimizade entre ti .8 a mulher, e entre
"Açentes Mágicvs Uniuerstüs", lutando com as suas pró- a tua semente e a sua semente, esta te ferirá a cabeça,
pnas armas. Aí sim, a humanidade não se deixará e tu lhe ferirás o calcanhar.
arrastar pelos "cantos da sereia", e, irmanada com os E à mulher disse: Multíplicarei grandemente
16 ,.......,
pod~e~ das verdadeiras entidades, obterá a perfeita a tua dor, e a tua conceição; com dor parirás filhos; e o
condição de bem-estar material e espiritual. teu desejo será para o teu marldc, e ele te dominará.
, Que se pratique a Umbanda verdadeira, essa Um- 17 - E a, Adão disse: Porquanto deste ouvido à voz
banda poderosa e benfeitora, e o mundo entrará na sua de tua mulher, e comeste da, árvore de que te ordenei,
fase essencial de pt..0gresso e de elevação aos páramos dizendo: Não comerás dela: maldita é' a terra por causa
de ~ma compreensao perfeitamente caridosa, e mais de ti. Com dor comerás dela todos os dias da 'tuavída.'
próxima de Deus.
110 ALUIZIO FONTENELLE

18 - Espinhos, e cardos também, te produzirá; e , Primeiro=« 03:E'spíritos puros, conforme ~rde.g~§


comerás a erva do campo. classifica, que sãoa0ueles que já atingiram o_grfl,u.~a~
19 - No SUOT do teu rosto comerás o teu pão, até XiIDOIda perfeição, e encontram-se em situação prívde-
que tornes à terra; porque dela toste tomado: porquanto
és pó, e em pó te tornarás." gíada junto a, Deus.
Entretanto a verdadeira Gênesis no seu original em , Sequtuio -,: Os Espíritos semipuros, ou ~queles q~~
"Pali" afirma que, tendo "ACLima"OIU Adão, desrespei- se encontram no meio-termo da escala espiritual, ~os
tado as ordens divinas, passou-se juntamente com Eva quaís predomina unicamente o desejo. do bem. Para
para o lado oposto ao ffiden, onde habitavam "seres 80- esses o carrna deixa de ser pesado, em VIrtude dos bene-
brenaturaís" ou "Ea{US", reino de Satanaz na terra, os fício; que terão que prestar, servúndo como mediadores
quaís possuíam forças maléficas conhecedoras realmen- entre as falanges dos numerosos guias espirituais.
te do bem e do mal. Foi por essa razão que o castigo Terceiro - Os Espíritos imperfeitos, ou aqueles que
divino não se fez esperar, e a ordem suprema se fez se encontram no meio-termo da escala espiritual, nos
ouvir imediatamente: "Turim evei, Tumim Umbaruia, quaís predominam a completa ignorân:ia das boas
Darmõs", ações, o apego ao mal e todas as perversoes que re~r~
dam o progresso espírítual. Para' esses o carma c,?nsLSte
ordem de Deus é dado o teu destiiu» ... "
t! Por em voltar inúmeras vezes à terra, em encarnaçoes ~u."
"lvIultipI~cai-vos, pois" e uma vez que transgredístes cessivas para que se cumpram as leis divinas, e·possam
os seus mandamentos, tereís agora em encarnaçoes su- eles,através de novas evoluções, sofrer todas as conse-
cessivas; 'o aperfeíçoamentoría alma, até ganhardesde qüêncías dos seus maus atos e ações; até que, puritíca-
nove I) Reino da Glória". dos no sofrimento e na dor, possam por sua vez atingir
, ,Baixara nessa ocasião sobre a face da terra a Luz QS graus do aperfeiçoamento, Para eles, o carmar é
da Umbanda, e a PROVA CARMICA, s~Yia,'p?is, a reden- acelerado ou retardado de acordo com o seu grau de
ção de todos os transgressores das LeIS DIVInas. aperfeiçoamento, de' vez que são os próprios responsá-
Portanto, lógico se torna conceber-se o Carma ou veis pelo que fizerem pró ou contra a sua própnla exís-
Vida Cármica, como a provação que cada um tem que têncía espiritual.
passar, quer na vida rr:aterial c0r.?-0espiritual, .q~an~o Já para os espíritos encarnados, materializados, ()~
nos propusermos a analisar 9S fenomenos da espirituali- melhor: para os SERES HUMAN/OS.,esse carma repre-
dade. , senta o destino bom ou mau, feliz ou infeliz, que acom-
, A prova cármica tanto pertence ao espírito, como à panha os seus passos durante o curto trajeto da vida
matéria; e ela pode ser boa ou má, de conformidade com material.
as 'boas '0'11 más ações impetradas pelo elemento humano. Para que se possa observar melhor os fenômenos da
, Ppr essas razõesé que existem, tanto no espaço como vida cármica, bastará que examinemos, uma por uma,
no orbe te rráqueo , 03 diferentes graus de hierarquia. a vida dos entes humanos, e aí então teremos uma visão
Qu~ndo nQS referimos a espíritos desencarnados. perfeita do destino de cada uma das criaturas. Uns pos-
yªmo_~~l'l(l~ntrªrtrês earaeteres essençíaís, que os <tis- suem 'mais e outros menos. Uns sofrem mais a outros
t4.ªg·q.~mfl.ª ?§çl;l:la, };1i~.rárquica:',' m~~los~' U~§~~~() pons,.ep seu carma ~ menos '~es~cJ0i
1'12 AL U I Z I O F O N T EM E L L E
AUMBANDA ATRAWS DOS SÉCULOS 113
outros são maus, e o destino da mesma maneira os
acompanhará mais cedo ou mais tarde, punindo-os com díção. Essa, segunda condição, é interpretada pelos
terríveis sofrimentos. próprios fenômenos da Natureza, que contrariam sobre-
Ninguém pode escapar do fenômeno cármíco, uma maneira o meu ponto de vista. As fraquezas orgânicas,
vez que ele nasce com o elemento humano e o acompa- os fenômenos cósmicos ou natura.s, as condições. que
nha através dos planos espirituais, através da morte, até regem as manifestações espirituais, podem perfeitamen-
a consumação dos séculos. te contrariar o meu livre-arbitrismo.
Livre arbítrio não significa somente movimento ou
LIVRE ARBíTRIO força; é também 'Um fenômeno psíquico criado pelo cére-
EstandO' profundamente ligado ao Carma, é o LI- bro, que nos faz executar aquilo que temos em mente.
VRE ARBíTRIO uma condicão essencial na vida huma- Podemos criar uma vontade dentro do cérebro, co-
na. Muito se tem discutido nas Faculdades de Filosofia, rpo também poderemos deixar de executá-Ia, por não
sobre questão do Lune-arbitriemo, onde uns o conside- encontrarmos meios para isso. Aí, entra a questão do
ram como o poder da vontade que tem o homem de fatalismo. Alguns acreditam que a fatalidade existe, e
reger-se a si próprio, ao que outros o consideram como que é acessível a cada um; no entanto, a fatalidade que
uma condição imposta não por vontade própria, e sim' alguns conhecem como tal, nada mais representa espí-
encarado sob o ponto de vista do Fatalismo. livre rítualmente do que o CARMAque acompanha a exis-
arbítrio e fatalismo, são dois pontos filosóficos díame- tência dos seres encarnados .na terra. O fatalismo é
traI mente opostos. encarado como uma condíção de força superior, quando
Explanando o meu ponto de vista sobre a questão na realidade é uma condição imposta a todos os que
do Livre Arbítrio, encarado e estudado com respeito ao aqui se encontram em cumprimento de uma pena.
espiritismo" dígo apenas o seguinte: Tal como a um encarcerado lhe é dado o conheci-
O homem possui na verdade o livre arbítrio: po- mento d~ tempo que permanecerá cumprindo a sua
rém, a esse livre arbítrio, é imposta uma condição pena, assim também ao espírito lhe é transmitida a sua
essencial. Ele pode dizer o que deseja, pode usar a sua condi9~o cármíca. O que acontece entretanto, é que
força de vontade, porém, dentro de uma determinada o espírito ao encarnar, esquece-se completamente dos
condição. Essa condição resume-se apenas num tenô- compromíssosassumldos, obtendo então para orãentar o
meno apartado da inteligência, que o faz submeter-se a seu raciocínio, o livre arbítrio que o onduzirá através
uma vontade superior à sua própria, e que o faz mudar danava condição que lhe foi imposta. Quando esse
completamente o ritmo das suas intenções. Eu possuo livre arbítrio. assume proporções deturpadas, aí então
o meu livre arbítrio em querer executar um determinado surge o fatalismo ou a fatalidade, para moderar-lhe os
trabalho, movido pela minha força de vontade, porém, sentimentos.
posso estar sujeito a ser contrariado nas minhas ínten- Segundo as teorias espírítas, o homem não depende
ções, por uma força superior ao meu .íâvre arbítrio, OU da fatalidade, pois, se assim fosse ele não teria respon-
à mínha própria vontade. Daí, redunda o fracasso do sabilidade pelo mal que praticasse, bem como, pelo mé-
11V1'O arbítrio, que fica submetido a uma segunda con- rito das boas ações. Desta maneira todo castigo seria
injusto e toda a recompensa, por sua .vez se revelaria um
114: A L.U. I Z I O F. Q NT EN E L L)!i . A UMBANDA.~ATRAVÉS DOS. ~:SÉCULOS ue:
verdadeiro contra-senso. Por essa razão, 'o livre. arbitdó quaís admitia-se que em São João se achava reenearna-
que todo homem possui, é conseqüência de uma justiça do o espírito do profeta Elias, bem como pelas palavras
divina; ou por outra: é o atributo que o coloca num proferidas pelo mestre, que assim dizia: "ninguém po-
nível bastante elevado sobre as demais criaturas, con- deráver o reino de Deus se não nascer de novo".
ferindo-lhe sua verdadeira dignidade. Outro fato que vem corroborar perfeitamente com
Sem o lívre-arbítrio, o homem se veria reduzido a odogma espírita da reencarnação, é o da conseqüência
um autômato, e todas as suas faouldades morais e inte- surgi da entre os povos antigos, principalmente os'
lectuais se tornariam conseqüência do seu próprio erga- Egípcios, Hindus,etc. que embalsamavam ou cre-
nísmo, redundando nesse caso em verdadeiro fracasso mavam .os corpos dos seus mortos, na certeza de que
o senso da responsabilidade, e nenhum mérito poderiam uns aproveítaríam o mesmo corpo, quando chegasse o
ter as suas práticas. dia do juizo universal, e outros, para que fossem purifi-'
Sem a condição de livre-arbítrio, passaríao.homem cados.pelo fogo, e voltassem em condições mais evoluídas.
a uma situação de inferioridade, e seus atos bom ali . Entretanto, na era kardecísta, e mesmo na época
maus seriam considerados como atributos de umtata- atual; concebe-se o fenômeno da reencarnação como
lismo fora de lógica, .e conseqüentemente irreal. . uma imposição aos espíritos, para que se purifiquem,
O homem possui portanto oIívre-arbítrkxnascír- em resgate às suas dívidas.
cunstâncías onde impera a sua vontade e o seu Tacmcí-
nío; e, no entanto, perde-o, quando está suje:itoaiot,.Ças, Todo espírito que não conseguiu, por esta ou aquela
superiores que' o tornam incapaz de reger-se a si próprío, forma, atingir um certo grau de elevação espiritual, será
obrigado, de acordo com a Lei Cármica, a reencarnar
RE;ÉNCARNAÇAO inúmeras vezes, até a depuração total de suas culpas.
O próprio espírito, segundo as crenças, escolhe ele
A reencarnação é um dogma instituído pelo espi- mesmo a sua nova condição ao reencarnar, com a fina-
ritismo, tal como antigamente, fazia parte dos dOgI11as. lidade de aperfeiçoar-se, e com isso purificar-se perante
das leis judaicas, sob o nome de ressurreição. Acontece Deus e a sua obra. Os espíritos que conseguiram uma
entretanto, que os judeus interpretavam esse ponto de certa condição de aperfeiçoamento espiritual e que por
vasta sob o aspecto de que a ressurreição, era a volta à essa razão conseguiram a sua depuração, poderão re-
vida de um corpo já morto, fato este completamente de-· encarnar em qualquer outro plano de ordem superior,
batido e não aceito pela ciência, por julgar improceden- variando também a missão que terão a cumprir nesse
te tal acontecimento. Já no espiritismo, a reencarnação novo período de evolução espiritual.
é a volta ou retorno da alma ou espírito a um no- Ainda segundo as crenças espíritas, o espírito ao
vo corpo, em condições completamente diferentes, de' reencarnar conserva todo o adiantado grau de aprimo-
vez que o espírito, ao reencarnar, passa novamente pelas ramento que possuía, isto é, a inteligência, a cultura,
fases do nascimento, crescimento, etc., sem relação al- etc, sem importar no entanto em aperfeiçoamento es-
guma com o antigo corpo. piritual, pois é preciso não confundir aprimoramento
Concebeu-se no espiritismo o fenômeno da reenear'..· intelectual, com evolução espiritual. O primeiro repre-
nação pelos .ratos .cítados nas passagens bíblicas,nQs sentá dons materiais que se adquirem cultivando a ín-
116 AL U I ZI O :ir O N T E N E L L E
telígêneía, ao passo que o segundo se adquire aperfei-
çoando o espírãto,
Por essa razão, surgem muitas vezes, em determí-
nadas épocas" crianças prodígios, que assimilam com a
maior facilidade determinadas condições psicológicas;
ao passo que outras criaturas, por mais idade que pos-
suam, não conseguem elevar o seu nível cultural, a um CAPÍTULO X
determinado grau de aperfeiçoamento.
Pelo exposto, conclui-se que: a reencarnação é uma .A FALSA UMBANDA QUE SE PRATICA NO
condição do espírito, para o seu aperfeiçoamento e ele-
vação aos páramos celestíaís, BRASIL - TABUS - IMAGENS,
AMULETOS, ETC.
Amigos leitores ...
Eis um ponto. de vista, para o qual vou dedicar um
particular carinho, de vez que, essa questão merece de
fato um tratamento todo especial, por se tratar de uma
concepção totalmente errônea, no que diz respeito às
práticas de Umbanda em todo o Brasil.
Portanto, ao escrever este capítulo, no qual trata-
rei do falso emprego da crença umbandista na quase to-
talidade do território brasileiro, quero deixar bem pa-
tente o meu ponto de vista, embora venha ferir suscepti-
bilidades e suscitar polêmicas clamorosas.
Tudo o que se tem feito em prol da Umbanda, quer
no Rio de Janeiro, quer nos demais Estados onde se
cultuam práticas espirituais, não condiz absolutamente
com a SUa verdadeira finalidade.
Interpretada erroneamente pela maioria, a trmban-
f da que atualmente se pratica no Brasil está ainda bem
longe da realidade. Essa mistura de credos, essa falta
de bom senso, essa ígnorâncãrr de preceitos religiosos,
nada mais têm feito do que ocasionar uma verdadeira
balbúrdia, numa concepção que é, acima de tudo, divina.
A Umbanda nunca foi o que se tem visto e comentado
118 ALUIZIO FONTENELLE A m.ffiANDA ATRA vas DOS SÉCULOS 119
através de livros e reportagens [ornalístícas, que a êon- No J3;tasil, por exemplo, o aparecimento do "AM-
fundem de uma maneira, pode-se dizer, calamitosa. BEQUERÊ-K:lBANDA", mais tarde concebido pelos
Dlgo e afirmo, que é totalmente falsa a Umbanda nossos negros como Candomblé, serviu de ponto de parti":
que se está praticando no Brasil inteiro. iÉ falsa, porque da para o estudo do sobrenatural, da mesma forma que
.está longe de conter a verdade na qual ela inteiramente os antigos se aprofundavam na arte da MAGIA. Por sua
se baseia. É falsa, porque querem atribuir-lhe qualída- vez, o catolicismo, impondo a sua condição, veio detur-
des que não condizem absolutamente com os seus pon- par ainda mais a crença dos pobres negros afrácanos,
tos de vista, a começar pelo seu próprio ritual. IÉ falsa, Com o aparecimento no Brasil, do Kardecismo, aí então
porque misturaram em sua teogonía, em sua 1iturgia, é que a confusão se tornou cada vez mais acentuada.
etc., quase tudo o que contêm as demais religiões. O Catolicismo íntlltrou-se no Candomblé, e este, por
Essa mistura de aíricanísmo, de catolícísmo, etc., a sua vez, procurou imitar nas práticas do kardecismo as
que se quer atribuir o nome de Umbanda, não passa suas manifestações espírituaís. Com o correr dos tem-
de uma falta de compreensão e de bom senso, de vez pos, os exploradores das situações descobriram nas prá-
que, a verdadeira Umbanda, está longe de ser o que se ticas do 'Candomblé uma riquissíma fonte de renda, e daí
está praticando atualmente. então foi concebida e criada uma nova modalidade na
Alguém poderá dizer que eu estou querendo criar prática espiritual, que passou a denominar-se "Quim-
uma nova religião; no entanto, vou provar-Ines como banda", na qual se aproveitaram todos esses fenômenos,
estou certo nas minhas considerações, e acredito que para uma prática mista, de feitiçaria e religião.
grande número de verdadeiros umbandistas hão de me Passam-se os tempos ...
dar razão, pelos motivos que vou citar. Aqueles que não estavam satisfeitos com o catoli-
cismo, e, mal orientados no kardecismo, p~r circunstân-
Em primeiro lugar: - A religião espírita nunca fez cias talvez oriundas da falta de compreensao, ou por ou-
distinção entre Kartiecismo, Umbanda ou Quimrbanda, tra, sentindo nas suas vidas uma outra força para a qual
bem como o Candomblé nunca deixou de ser uma verda- não encontravam uma explicação, resolveram utilizar-
deira religião de origem africana. Quando digo espiri- se das práticas da Quimbanda, com uma finalidade mais
tismo, refiro-me a toda e qualquer manifestação do es- meritória, isto é: procurando evocar entidades tão for-
pírito, em contacto com os seres encarnados; por esta tes como as entidades do mal, porém, visando 'Unica-
razão, nem Kardec descobriu o espiritismo, nem tão- mente o bem. Sem o querer, depararam com uma nova
pouco os povos africanos tiveram esse privilégio. O ver- relígàão, para a qual deram o nome de Umbanda, nome
dadeiro espiritismo é o que se concebe como "LEI DE esse talvez transmitido pelas próprias entidades, que
UMBANDA", que foi emanado por Deus, e que acom- desejavam ver esclarecidos verdadeiramente esses fenô-
panha o homem através dos séculos, desde a sua origem. .• menos, para os quais o homem não havia até então con-
, O que tem acontecido, é que o .homem, procurando seguido interpretação. Haveria de surgir para o mundo,
descobrir' nas rnanírestações espirituais um ponto bá- fosse em qualquer época, a LUZ :DAUMBANDA; e as-
sico para um estudo mais aprof'undado, tem ínterpre- sim, criou-se essa concepção rcligüosa, a qual basean-
tado posváríasmaneíras e das maãs variadas formas, de-se verdadeiramente nas Leis Divinas, evoluirá natu-
ôS:fenômenos:que' se: lhe apresentamacada passo. ralmente.
120 ALUIZIO FONTEN.ELLE A UMB'ANDA ATRA ~S .DOS.· S~CULOS ~ .121

o erro dos que praticam atualmente' a Umbanda, Ofato da Umbanda lidar com espíritos dessa natu-
está não só nas suas concepções, como tambémno modo reza; nãoquer dizer que se mantenham certas tradições
como a cultuam, pelo simples fato de quererem íntro-. africanas, e nem tão-pouco sejamos induzidos a seguir
duzír no seu ritual elementos de outras religiões, indo certos preceitos que bradam contra a opinião pública,
de encontro ao pr.ncípío fundamental dessa Lei. em completo desacordo com as normas que se deveriam
seguir, cultuando uma Umbanda melhor conceituada e
Numa verdadeira Umbanda, não devem existir abso- perfeita, tal como o desejam e exigem certas entidades
lutamente altares, onde se preste culto aos santos que de grande lu~ espiritual.
a igreja católica canonizou, pois isso acarreta um mís- Para que não surjam dúvidas quanto à minha aflr-
tícísmo incompreensível de adoração a fetiches criados
pela igreja católica, em completo desacordo com as Le's
°
matíva e meu ponto de vista sobre como' deve ser en-
carado o verdadeiro culto da Umbanda, no capítulo XII
de Cristo, que foi bem explícito em determinar: "Nada voltarei ao assunto, para mostrar-Ines como deve ser
se faça à minha imagem ou semelhança". Portanto, es- cultuada a verdadeira Umbanda, e qual a sua verdadeira
ses bonecos que enfeitam os altares das igrejas e de inú- divisão.
meros centros espíritas, nada mais representam do que
uma desobediência às Leis de Deus. TABUS, IMAGENS, AMULETOS, ETC.
Por outro lado, certos rltuaís utilizados nessa falsa É muito comum utilizar-se nas diversas práticas da
Umbanda de hoje, estão em completo contraste com a Umbanda, o uso de "tabus", "imagens", "amuletos", e
nossa evolução moral, material e espiritual. O que se o.utr.os apetrechos próprios das religiões puramente re-
faz, é misturar rituais bárbaros provindos do aírícanís- tíchístas. Entretanto, a religião católica, embora não
mo, com práticas católicas e concepções kardecistas o estando enquadrada no rol dessas religiões, costuma em-
que não condiz absolutamente com uma Umbanda cem pregar nos seus cultos muita coisa idêntica com a
por cento divina, e diferente daquilo que o vulgo aceita intenção de atrair 015 seus fiéis incutindo-Ihes' no espí-
e cul tua como emanada de Deus. . rito o uso desses apetrechos. ' .
Deve-se em grande parte essa tremenda contusão, Asslm vemos as medalhas com imagens de santos,
ao fato de que os médiuns que deram início a essas prá- os terços, rosários, etc. que nada mais são do que uma
ticas, nenhuma cultura possuíam, e nem tão pouco se representação simbólica de tudo isso. .
inclinaram a elucidar certos fenômenos espirituais: Que se utilizem todos esses objetos nos diversos cuL
Criando nos seus subconscientes a mentalidade de que tos religiosos, ainda estou de acordo; porém, o que não
as entidades, pretos velhos, caboclos, etc. tinham que se posso conceber, é que sejam eles encarados corno oriun-
sujeitar à linguagem e práticas observadas nos terreiros dos de coisas divinas, depositando-se-lhes uma fé exage-
de QC1imbanda, (poís outra não foi a escola na qual rada e sem fundamento, o que acarretaria voltarmos
tiveram o seu princípio), adotaram esse sistema, que até novamente ao Culto Pagão das Divindades.
hoje vigora, e v.gorará até que os próprios espíritos, por Até um certo ponto, sou de opinião que se deposite
ordem divina, modifiquem inteiramente esse modo de uma confiança írrestríta em "patuás", "amuletos", etc.,
manírestar-se, quando se tratar de magia, e quando a finalidade desse»
122 .123
objetos seja unicamente por uma questão material, isto bora mudamdo-lhes o aspecto; pois as cruzes; as meda-
é : para dar sorte em negócios, etc., por urna ~imples- -lhas onde estão gravadas as imagens de santos, etc.
questão de superstição, pois, acredito que ahumanidade nada mais representam do que simples amuletos. , '
inteira jamais deixará de acreditar nessas coisas. Digo, , 'lÊ preciso não confundir .0 a:nul~toco.m o s~u ~inô-
ísso pelo fato de que, conhecendo perfeitamente a Magia, nimo "talismii"; pois, o talísmã nao se traz, íntima-
posso muito bem assegurar a grande influência que esses mente ligado à própria pessoa, tal como se da com o
objetosexercem no subconsciente das pessoas, transfor- amuleto. Aquele, segundo certas crenças, possui uma
mando-Ines por completo o seu, modo de agir e pensar. virt,ude mais intensa. Segundo alguns, o amuleto pode
, Como a finalidade deste capítulo é tratar justamen- afastar os peúgas, as doenças e até mesmo evitar a mor-
te dessa questão, vou, em poucas palavras, descrever a te de quem o possui; ao passo que o talísmã, 3:1é!ll.des-
origem e o porquê do uso desse objetos, para que aque- ses mesmos dotes, possui o poder de atacar os immigos,
les: que nada conheçam, possam orientar-se a respeito. ou afastá-Ias definitivamente.
AMULETIOS TABUS
A palavra amuleto vem da língua latina amuleiumi; , A palavra tabu, de origem poli~ési31'.traz ~ signUi~
com a mesma significação. O amuleto é representado cação de: sagrado. tÉ uma crença mitológâca, orIUnda de
por uma medalha ou objeto Semelhante, que as pessoas instituições religiosas da oceania, e principalmente da
trazem consigo, por uma questão de superstição, e ao Pollnésía. O tabu representa 'um caráter sagrado em
qual 'atribuem a virtude do afastamento de imalefí- determinada pessoa ou coisa, a qual constitui uso proí-
cíos, doenças, olho çranâe, etc. bido.
Foram os povos Galdeus,' Egípcios e Persas, os prr- Segundo a enciclopédia, a palav.:'a tabu" com os ,~e-
melros e introduzir a crença dos amuletos, desde tempos rivatívos de tapu. e kapu, em certos dialetos, 'e um oposto
ímemoriaís. Também os Judeus os usavam, com as mais à palavra noa, a qual era aplicada a toda pessoa ou ~ou-
variadas interpretações. Os' amuletos consistiam na re- sa cujo contato ou uso podia ser indepe~d~nte ou livre,
presentação, em: forma de fíguras, de deuses, como anéis sem constituir perigo algum. Segundo. inúmeras cren-
mágicos e mesmo fragmentos de pergaminhos sobre os ças religiosas, podiam ser ~abus quaisquer seres ou
quais se encontravam gravados os seus caracteres sagra- objetos os quai.s eram respe1tados como cousas sagra-
dos, ou mesmo as inscrições de livros sagrados. Da mes-. das. Os' chefes, os sacerdotes, os feiticeiros, os cadáveres,
ma forma; os Gregos e Romanos conceberam o uso dos as mulheres em determinadas condições, etc. represen-
amuletos, .devído talvez às relações que trataram com tavam verdadeiros tabus. Quando os tabus se referiam
os povos asiáticos. a objetos, armas ou apetrechos de guerra, eram consi-
,Segundo a hístórãa das religiões, e enciclopédias, o derados invíoláveís, e sujeitos aos mais tremendo~ ~~ .•
uso dos amuletos teve larga repercussão durante, ao ida- tigos aqueles que os violassem. Em a~guma.s. r~11glOes
de média, na qual todas, as religiões cristãs deles se utí- fetlchístas, os tabus representam objetos dívínos, e
l~aya:m~ElnboJa ,cohdenados pela igreja católica, não acreditavam plenamente nos castigos por parte dos deu-o
de~ou:ela. de-introduzir .essa .erença nos amuietosr.em- séS;·11 quem sé atrevesse a violá':'los;, , ' ",' ," :.
·A UMBAND,A ATRAVÉS DOS SÉCULOS 125
Os tabus também representavam divindades, bem
como, faziam parte das indumentárias e rituais de ínú- sentam do que uma intensa propaganda católica, com a
meras crenças religiosas dos povos antigos. finalidade única e exclusiva de conseguir-se maior nu-
Na época atual, já o tabu praticamente não existe, mero de adeptos, e conseqüentemente, maior renda para
prãncípalmente no Brasil e outros países, onde a cívilí- a suntuosidade do Vaticano.
zação procura dar um cunho de maior progresso, não Ainda chegaremos à conclusão de que, quando o
admitindo certas teorias que não condizem com o adían- homem encarar devidamente as questões relígãosas, não
tado grau de cultura destes tempos modernos. Entre- se deixará imbuir por falsos princípios e falsos credos,
tanto, em alguns países como na Africa, Asía, etc. ainda guiando-se unicamente por uma força superior e divina,
perduram, em certas crenças, essas concepções mito- a qual não admitirá absolutamente o 'fenômeno da fé,
lógícas. baseando-se naquilo que se vê, e sim, naquilo que: se
sente. Essa, será a sublime condição da Umbanda. Mos-
IMAGENS trar a verdade, onde ela verdadeiramente se encontra.
Encaradas somente sob o ponto de vista religioso,
as imagens são as representações de figuras humanas,
simbolizando cultos religiosos, nos quais se apresentam,
principalmente na religião católica, os mártires da cris-
tandade.
Essas imagens não deixam de ter o seu simbolismo
tabulesco, uma vez que pela igreja católica é considera-
do ímpío, ou hereje, todo aquele que as menospreza.
Contrários a essas representações simbólicas, foram to-
d?S .os reformadores, e por essa razão, nas concepções
bíblícas e protestantes, esses símbolos não são absolu-
tamente concebidos.
. As imagens sacras foram instituídas pelo papado de
Roma, em completa ínobservãncía aos ensínamentos
cristãos, e surgiram com a finalidade de incutir, no es-
píri.to dos leigos e ignorantes, a idéia de fixação real das
e?tldades consi?eradas celestíais, para melhor proveito
tirarem do sentimento humano, na questão, de ver para
crer.
No Brasil, as imagens nos foram trazidas pelos sa-
cerdotes catequizadores, e a primeira missa aqui rea-
lizada, bem como as procissões que se realizam, trans-
portando-se imagens, nada mais representaram e repre-
(. "
CAPÍTULO XI

AMBEQUERÊ-KIBANDA E O RITUAL AFRO-


-BRASILEIRO NO CANDOBLÉ

Foi precisamente no século XVI, que O'S primeiros


.navios negreiros apartaram às plagas do norte do Bra-
sil, ou melhor: no Estado da Bahía, e trouxeram-nos os
primeiros negros, que na qualidade de escravos, vinham
destinados a trabalhar na lavoura.
Esses pobres negros, oriundos das diversas regiões
africanas, ao se sentirem ísolados, enxovalhados e ati-
rados à ignomínia de trabalhar unicamente para o Se••
nhor branco, sob o látego dos chicotes, lamentavam os
seus sofrimentos por meio de preces e pedidos aos seus
deuses, para que lhes minorassem as agonias e as dores,
entregando-se a rituais próprios, os quais, oriundos das
cívílízações passadas, dos povos que cultuavam o feti-
chísmo, utilizavam-se deles para festejarem os seus
"Orixás"; cantarem as suas vitórias, enfim: evocarem as
entidades superiores do Astral, num culto verdadeira-
mente bárbaro.
Foi assim, que na primitiva história da nossa civili-
zação, da colonização das nossas terras, na catequízação
dos nossos índios, que juntamente com os jesuítas, aqui
apareceram os negros: NAGÔS ou YORUBA. GÊGES,
BANTUS, BARBADIANOS, LOANDAS, GUINÉS, MA-
LÊS, ANGOLAS, etc., e com eles os seus cultos religio-
sos.
AUMBAND,A ATRAWS DOS S1i:CULOS 133
132 'A L U I Z I O "FO N T E N E L LE

Surgiu desta forma uma nova religíão no Bra... da verdadeiramente nos princípios e ensínamentos do'
síl, na qual os seus praticantes, na maioria elemen- Mestre, e mesmo dedicando-se ao culto das evocações
tos incultos e maus, procuraram criar em' torno des- com o mundo astral superior" terá a denominação de
sa nova seita um mito de que as suas práticas eram ESPIRITUALISMO. Essa será a verdadeira Umbanda, a,
dedícadas exclusivamente à evocação das falanges de Umbanda que J:sus Cristo praticou na Terra, e a única
Exus, entidades essas dirigidas pelo Agente Mágico Uni- que permanecera sobre a face da Terra, de vez que todas
versal (Demônio ou Satanaz).
as demais relígtões desaparecerão, ou se fundirão nela.
Em virtude do aparecimento, no Brasil, da religião COMO SE CULTUA VERDADEIRAMENTE
surgida na França, baseada na concepção filosófica de O "CANDOBLÉ"
Allan Kardee, denominada' ESPIRITISMO, no qual se
confirmava a presença dos espíritos dos mortos, nas reu, Conforme expliquei anteriormente o CANDOBLlÉ
níões realizadas com o fim de evocá-los, alastrou-se pelo surgiu primeiramente no Estado da B~hia oriundo da
Brasil inteiro a crença no sobrenatural, e por fim, in- mistura de rituais praticados pelos escr~vos que ali
conscientemente denominou-se de Espiritismo, a todos apertaram, vindos dos diversos países aos quais estavam
os rituais e crenças fetichistas trazídas pelos negros afri- s~bmetidos e que, ramificando-se através dos estados
canos. círcunvízínhos, foi pelo próprio povo erroneamente de-
nominado de Umbanda , E pelo fato da pluralidade
Passam-se os anos, .. desses cu!tos, o termo Umbanda também se pluralízou.
O homem branco, procurando imiscuir-se com os
Infelizmente, denominam-se UMBANDAS todos os
negros, e dotado de mais capacidade e cultura, aprovei- cultos fetichistas que se praticam no Brasil. '
ta grande parte dos rituais praticados nos Candoblés,
nos Canger.ês e mesmo na Quimbanda; e, com o advento ° CiANDOBLE não deixa de ser uma religião" ou
melhor: é uma verdadeira religião; pois, assemelha-se
da Lei Aurea busca melhores desígnios nessas crenças, e
concebe o que hoje, erroneamente, conhecemos com o às demais religiões que pratícamrítuaísevocatívos das
nome de UMBANDA, a. qual, alguns escritores querem en.tidades dos planos Astrais, superiores e inferiores,
fazer crer, também é oriunda dos povos africanos. tal~ como as c~nças: Ortod.oxa, Positivista, Ançlicana;
Ao ser dado' erroneamente o nome de UMBANDA a B~amane, , ~udzsta, Coniucionista, Protestante, ma-
essa reunião de credos, nos quais se encontram:' o ESPI- nuca, Catolzca, etc. nos quaís acredita-se na existência
RITISMO de Allan: Kardec, os cultos NAGú, BANTU, de seres sagrados, onde se encara o fundamento da fé.
GÉGE, MAL)!:,LOANDA, AMERíNDIO, ete., inclusive o ? candoblé simboliza perfeitamente os Cultos:
próprio CATOLICISMO, criou-se uma tal confusão, que Nago, Bantu, Gêge, Malê; GUiné, Amerríndio Cabinda
se tornará sumamente difícil retirar-se esse nome dessa Bençuela, Loanda, etc. tanto de origem afri~na co~
ameríndia. .
religião que se alastrou de tal modo pelo Brasil inteiro,
que ser~ prererível continu.ar ~omo está, a fim de que Não deve o Candoblé ser considerado ou encarado
nao surjam maiores complicações e maiores embaraços como ciência,. e sim como religião, pelo fato de que,
aos seus praticantes e adeptos. CIÊNCIA é a incerteza de fatos ou condições que se nos
~ preciso entretanto que se separe o joio do trigo, apresentam na vida :naterial, de um modo permanente,
poís, surgirá no futuro uma nova relígíão, a qual basea- estando por esse motívo aguçada a nossa curiosidade em
134. '~ALUIZTO :FON'T'ENELL:B A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 135,

descobrir a verdade palpável, ou melhor: quando que- 1.0) Os chamados ESPíRITOS DE LUZ,encarnan-
remos ter certeza absoluta daquilo que se ignora; e, por do as forças da Natureza, considerados como
conhecermos apenas uma parte, formulamos hipóteses, ELEMENTAIS. São os espíritos evoluídos que
até a conclusão de que aquilo realmente existe. se projetam através dos planos superiores do
mundo Astral, e que aceitam, como qualquer
Por outro lado, RELIGIÃO é a crença naquilo que elemento humano, os AMALAS (comidas de
não se vê onde se formulam dogmas, que devem ser santo), quando incorporados nos seus mé-
aceitos apenas por questão de fé. É acreditar sem obje- diuns. .
ção nas verdades reveladas, que vão passando de gera-
ção a geração, acreditadas apenas por aqueles que se- 2.0) 0'S EGUNS ou espíritos desencarnados, consi-
guem este ou aquele culto. . derados como ELEMENTARES. São as almas
ou espíritos dos mortos, ou ainda: os espíritos
Sabendo-se que religião é todo culto que contém humanos que ainda não atingiram as mais al-
O seu cortejo de divindades, ou TEOGONIA; a sua LI- tas camadas espirituais do mundo astral, su-
,!:URGIA ou Cerimonial; e os seus oficiantes ou pratí- jeitos, muitas das vezes, a novas reencarnações.
cantesque obedecem a uma classificação hierárquica,
po.sso af~~ar que o C!andoblé é na realidade uma per- 3.0) Os EXUS ou espíritos diabólicos, considerados
feita relígíão, verdadeíramente integral em todos os sen- como servos ou escravos dos Orixás, servindo
tidos. de intermediários entre os Orixás Menores e
o homem. São essas entidades que se incum-
'Tanto a teogonía, como a líturgía e a hierarquia bem de castigar os filhos de fé quando erram,
que se pratica no Candoblé, não passam de uma mistu- de vez que aos Oríxás não é dado o direito ao
ra de credos, os quais variam de conformidade com as castigo e tão-pouco se incumbem da prática
seitas afro-brasíleíras. No entanto, as suas práticas são
do mal.
perfeitas, e tudo o que se distingue como fazendo parte
do seu ritual define-se de um modo claro e ínsofísmável., Com relação à escala hierárquica dos praticantes,
A composição dessa seita, inclui na sua teogonía a iniciados ou sacerdotes do culto no CANDOBL,Éconhe-
crença nos seus deuses, considerados como ORIXAS ce-se como chefe principal o chamado PAI DE SANTO
MAIORES, constituindo o que se denomina de SUPRE~ com outras denominações tiradas dos dialetos negros,
MA CORTE DE ARUANDA,onde as mais altas divinda- tais como: BABALAô, BABALORIXA, BABALUAÊ, ou
des .irradiam para a Terra a sua força fluídica, sem no ainda: Chefe de Terreiro, Senhor de Olurum, Chefe de
entanto darem-se ao trabalho de baíxar neste planeta. Rebanho, Príncipe de Umbanda, etc. etc. no lado mas-
Possuem no entanto esses Orixás, os seus subalternos, culino; e MÃE -DESANTO ou BABA, no lado feminino.
os quais, com a denomínação de Orixás Menores, tra- A seguir vêm os OGANS; homens que dirigem os
zem até nós as ordens e as irradiações que desejam es- trabalhos de incorporação dos médiuns, ajudando o PAI
palhar sobre a Terra. DE SANTO, na entoação dos pontos. cantados e zelando
Como entidades superiores, consideram os pratícan- pela perfeita ordem dos terreiros, e que atuam. como di-
t~s do Galldoblé, os seguintes: . rigentes materiais dos trabalhos.
136. A L ur zto F..O.NT:E RE LJ;,;:m' A UlY1~ANDA' ATRAV'tS DOS' SJí:,CULOS 137.
, Seguem-se, as denominações Pequenas Mães ou "JI- guição, fingindo que admitiam perfeitamente os deuses
BONANS''',encarregadas de tudo quanto diz respeito ao cristãos, dizendo que na sua linguagem os seus deuses,
ritual, isto é: danças, despachos e preparo das ínician- eram os mesmos deuses católicos.
das, quando após passar pelos períodos de iniciação, es- Desta maneira, criou-se um novo mito, e até os nos-
tarão aptas a trabalhar em público. sos dias, os praticantes dessa seita evocam a XANGO
Como intérpretes e ajudantes do Pai de Santo, vêm (ou Bérí - Chefe do Oyó, capital de Yoruba, terra de
os Cambonos, que ainda com as denominações de Cam- negros Nagôs), como SÃO JERóNiMO; a TIMIM ou TI-
bones ou Cambondos, são os encarregados de preparar MIM-OXIOE ou simplesmente OX:OCE, como SÃO
e facilitar a chamada dos fílhos de fé, ao se dirigirem SEBASTIÃO; a OGUM-GBONKAou OGUM, como SÃO
ao Babalaô. JORGE; a XAPANÃ, ou OBALUAU:,como SÃO LAZA-
A seguir, encontram-se os irmãos de seita ou me- RO; a INHANÇÃ ou IANÇÃ, como SANTA BARBARA;
lhor: Filhos de Santo (homens) e Filhas de Santo (mu- a OXUM ou AXUM, como NOSSA SENHORA DA CON-
lheres), denominação dada a todos os médiuns julgados CEIÇÃO; a IEMANJA ou IAMANJA, como NOSSA SE-
em condições de incorporar ou receber os Orixás Meno- NHORA DA GLÓRIA, etc., ete.
res, Esses médiuns são também chamados de: cavalos, Depositam os praticantes do Candoblé a sua crença.
aparelhos, moleques" etc., quando manifestados, isto é: num Deus Supremo, considerado o PAI DOS ORlXAS,
quando incorporados com os seus Guias Espirituais. encarado como o criador dos mundos e rei supremo da
lf'inalrnente, vêm os músicos ou componentes da corte de "OBATALA", considerado esse reino também
CURIMBA; encarregados de executar os hinos e batu- com o denomínatívo de "SUPREMA CORTE DE
ques próprios para facilitar a aproximação dos Orixás. ARUANDA".
Como instrumentos' utilizados pelos praticantes do Para o 'povo de Nagô, esse Deus SUpremo denomí-
Caruioblé, conhecem-se os "aiaoaques", "macumbas", nava-se Olurum, o qual também é assim conhecido na
"tambores", "gingês", "alabés", etc. os quais num ritmo prática da Quimbanda.
ensurdecedor, acompanham os cânticos de guerra e as Acontece, porém, que esse Deus tomou várias deno-
evocações dos bravos "Orixás" . . minativos, de acordo com os demais cultos, e assim,
para O'S negros Bantus, Angoleses, Loandas, Costa-Afri-
COMO SURGIRAM AS DIVINDADES DO canos e muitos outros, é conhecido com os seguintes'
"CANDOBLÉ" nomes:
zomu, Zambi-Maior, Senhor do Bomfim ·(pelo povo
Das lendas africanas, surgiram as divindades prin- da Bahia) , Ganga, Ganqa-Maior, Malungo, Zambiapun-
cipais, que com a denominação de Orixás Maiores, são go, Arué-Zambi, etc. etc.
evocados nos terreiros onde impera o CANDOELÉ. Tendo o culto Nagô, por terem os seus descendentes
Acontece no entanto, que, com a ímposíção sofrida pe- em maior número, dominado totalmente os demais
los negros, quando os missionários católicos proibiram cultos negros, foi considerado o mais perfeito, e por
terminantemente que eles praticassem esses cultos retí- , essa razão, seus Orixâs prevaleceram em todos os ri-
chístas, admínistrando-lhes entretanto as crenças ca- tuais fetichistas.
tólícas, esses negros procuraram furtar-se à perse-
ALMIZIOFONTENELLE A UMBANDA. ÀTltAVJi:S DOS :Sl!:CULOS
Assim, são eles evocados: com os respectivos' retí- arco e flecha, frigideira de barro, pedra. Insígnia:
ches, amalás, curíadores, indumentárias, etc. arco e ·flecha. Indumentáría: verde. Amalá: carne
OXALA, OBATALA, ZAMBI, SENHOR DO BONFIM, de carneiro, galo e milho verde.
OLURUM (Chefe Supremo da Corte Celestíal) -
Jesus Cristo na Lei Católica. - Para evocá-lo, usam IBEGI ou NABEIJADA - São Cosme, São Damíão e
os praticantes da seita os seguintes fetiches: anel Daum na Lei Católica - (Gêmeos, protetores das
de ouro, chumbo ou prata. Como ínsígnías: um crianças) - Têm como fetiche suas próprias ima-
bastão de pastor com pequenos sinos e um alrorge gens, representadas por três garotos, trazendo nas
ou bolsa de pele de carneiro. Como amalá, oferecem- mãos um bastão recurvado e na outra uma palma.
lhe: carne de cabra e pombos. Vestem-se de branco, Amalá: bombons, balas e doces. Cor da índumen-
usam contas brancas e pulseiras de contas brancas, tária: rosa e branco. Cor das contas: várias cores.
e cor de cumbo. O dia preferido para a sua evoca-
ção é às sextas-feiras. OMULU, OMULUM ou XAPANÃ - São Lázaro na LeI
Católica (Deus da peste, principalmente da varíola.
OGUM, OGUM-MEG.Ê!, OGUM DAS 7 ENCRUZILHA- Considerado na Lei Quimbanda como dono e Se.
'. DAS, OGUM NARU.Ê!, OGUM ROMPE-MATO, nhor dos Cemitérios) - Fetiche: caveira, píaçava
OGUM-IARA, OGUM-MALEI, OGUM-NAGô - com búzios, velas de sebo. Insígnias: lança, caveira,
São Jorge na Lei Católica - (Chefe das demandas, tridente de Exu. Amalá: bode, galo preto, acaçá,
espirituais, deus da guerra). - Fetiche: pá, foice, farofa com azeite de dendê, pipoca, orobó. Cor da
lança, bigorna, malho, enxada, ferro. Insígnias: lan, indumentária: verde, amarela. Cor das contas:
. .ça e espada. Amalá: carne de bode, -cabeça de boi, preta e branca ou verde e preta. Pulseiras: bronze
galínhola (galinha da Angola), galo. Indumentá- ou latão. Dias sagrados: quintas-feiras. Curiador:
ria:' todas as cores, porém, de preferência: verme- rnarafo, azeite de dendê, sangue de galinha.
lho. Colares contendo enfeites de todas as cores.
Pulseiras de bronze e ferro. INHANÇA ou IANSÃ - Santa Bárbara na Lei Católica
""--(Deusa do vento e da tempestade. Deusa da vin-
XANGó-AGODô ou B~RI - São Jerônímo na Lei ca- gança) - Tem como fetiche: pedra 'meteorito.
, tólíca - (Rei da cachoeira, chefe das quedas dágua Insígnia: espada e o raio. Amará: bode, galínha;
e das pedras, deus do relâmpago) - Fetiche: me- acarajé. Cor da indumentária; vermelha e verde.
teorito. Insígnia ou ponto: lança e machadinha. Contas: de cor vermelha coral. Pulseira: cobre, la-
Amalá: galo" tartaruga, bode, caruru, rabada de boi tão. Curiador: cerveja branca, água de cachoeira.
com agrião. Indumentária: cor roxa ou vermelho-
cardeal. Contas: de cores vermelha e branca. Pul- IEMANJÁ ou IAMANiJÁ - N08sa Senhora da Glória na
seiras: de latão. Seu dia sagrado: quartas-feiras. Lei Católica - (Deusa da água salgada) - Fetí-
che: conchas e estrelas do mar. Insígnias ou pon-
OXOCE, O:XOCE DAS MATAS, etc. _ São Sebastião na tos: leque, espada. Amalá: pombo, milho verde,
Lei Católica - (Rei e Senhor das .florestas, .chefe bodeeastrado. Cor da índumentáría: vermelha,
das matas, deus da caça) - Tem como fetiche o azul-escuro, cor de rosa, branco. Contas:. ",pingo-
140'A LUI ZI O F o N T E N E L L li: A UMB'ANDA' ATRAWS nos ...sncur.os 141
d'água", "águasomarinhas". Pulseiras: aíumnío, XANGô-CAó - São João Batista na Lei Catôlíca t-«
prata. (protege os que sofrem por injustiça). -Fetiche:
carneiro. Insígnias: cruz de Cristo, bandeira e ca-
OXUM ou AXUM - Nossa senhora da Conceição na jado de pastor. Amalá: Cabra, galo, porco. Indu-
Lei Católica - (Deusa dos rios e da água fresca) -:... mentária: vermelha. Contas: vermelha, branca, cor
F€)tiche.: pedrinhas roladas. Insígnias: leques" sinos de rosa.
pequenínos, espelhos, Amalá: peixes do rio, taínha, EXU - (Satanaz - demônio - Deus do mal- rei das
cabra, galinha, feijão fradinho. Contas: amarelas trevas) - Fetiches: barro, ferro, madeira. Amalá:
azuis. Pulseiras: latão. ' bode, cabra, galo preto, farofa com azeite de dendê,
OXUM-MARÉ - Nossa Senhora Aparecida na Lei Ca- porco. Indumentária: vermelho e preto. Contas: ver-
tólica,- (Deusa 'do Arco-íris). - Fetiche: pedra. melha, preta. Pulseiras: bronze. Curiador: marafo,
Amala: galo, bode. Contas: Cor alaranjada. Curía- charuto, pemba preta.
dor: Cerveja preta, água com açúcar. Pelo exposto, podemos notar que cada Orixápossui
NANA ou NANA-BURUCU - Santa Maria Madalena na seu fetiche próprio, e tudo quanto diz respeito ao culto
Lei Cat~lica - (D~usa da chuva - que protege as das divíndades .:
p~antaçoes) - Fetiche: pedra. Insígnia: espada de Antigamente os praticantes do Candoblé não se uti-
Sao Jorge, vassourinha de palha com búzios. Ama- lizavam de fetiches esculpidos, porém, com o advento
lá: boi, bode, galinha. Indumentária: branca, e dessa mistura de credos, já é comum mesmo no estado
azul-escuro. Contas: branca, vermelha, azul. Pul- maior dessa crença, que é o Estado da Bahia, ver-se nos
seiras: alumínio. Curíador: água da chuva. seus pegis as imagens utilizadas nas igrejas católicas.
Esses fetiches são guardados nos "Estados" ou "Pe-
IROCó - (Deusa das matas e das cachoeiras) - Fe- gis", tratando deles o praticante a quem é dado o nome
tiche: gameleira. Amalá: galo, fumo. Indumentá- de ACHOGUM, o qual é encarregado do sacrifício dos
ria: verde, amarela. Curtadores: cerveja, vinho animais, quando se fazem os "EMBÉS" (orerendas), e os
branco. . "EBÓS" (despachos para Exus), constando de comidas
e bebidas (amalás e curiadores).
IFA - Nossa Senhora das Dores na Lei Católica - Em virtude da expansão dos cultosretíchístas espa ..
(Deusa mãe '- que protege as parturientes) - Fe- lhados em toda a América do Sul, originaram-se várias
tiche: dendêzeíro (fruto). Contas: verde amarela. crenças com relação aos Orixás, e assim, concebem-se em
Amalá: galinha, cabrito.' , alguns países essas entidades relacionadas com os san-
tos da Igreja Católica, da seguinte maneira:
XANGô-CAó -São João Batista na Lei Católica -
JESUS CRISTO - OXALA - OBATALA - Na Bahía,
protege as almas que entram no céu ou Aruanda)
representado como Cristo crucítícado, é chamado e
....,-Fetiche: chave. Insígnias: pedra, palmas. Ama.
considerado SENHOR DO BOMFIM. Em Havana
lá: bode, carneiro, galinha. Contas: azul, branca,
(Cuba), é chamado Nossa Senhora das Mercês (Vir-
roxa. gem) ou senuenma Sacramento,
142 A'L'U I .Z:'I O F O N TE NE'LL E A UMB'ANDA- ATRAVÉS 'DOS",S:il':CULOS

qGUM - NÇ> de de Janeiro é São Jorge; em Cuba é São díndo-se essas linhas em outros tantos ramos Ou suddí-
Pedro; nos C'andoblés baianos, é Santo Antônio. visões, denominadas tiüançes, cabe a cada uma o poderio
ou mando a determinado Orixá ou Chefe.
'OXOCE - No Rio de Janeiro é São Sebastião; na Tal como se conhece nas Leis de Umbanda e Quim-
Bahia é São Jorge; em Cuba é Santo Antônio. banda, a divisão dessas linhas nos cultos do CANDOBiLÉ
obedece à seguinte classificação:
XANGô '- Em Cuba é Santa Bárbara; na Bahia, com
. os nomes de: XANGó-AGODó, XANGó-AGAJó e PRIMEIRA LINHA: - LINHA DE SANTO OU DE
XANGô-CAó, são respectivamente: São Jerônimo, OXALA - Tem como chefe principal Jesus Cristo
São Pedro e São João Batista, sendo que em alguns (Senhor do Bonfim). Integra-a a "LEGIÃO
terreiros, alguns ainda consideram também a Santa DOS SANTOS", quais sejam: "São Casme e São
Bárbara como sendo XANGó. Damião (inclusive Daum); Santo Antônio, Santa
Rita de Cássia, São Francisco de Assis, Santo Expe-
,II~EJI - NEiBElJADA - DOIS-DOIS: - Na Bahia e dito, Santa Catarína, São Benedito, e os Arcanjos:
no Rio de Janeiro, são considerados como: Sãó São Miguel, São Gabriel e São Rafael.
Cosme e São Damíão ~ (Compreende a falange dos
gêmeos.i na qual se inclui ainda o aparecimento de 8EGUNDA LINHA: - LINHA DE IEMANJA oU IA-
DAUM e CR!SPIM - CRISPINIANO) . MANJA - Assistida e dírígída por Nossa Senhora
(Virgem Maria), também denominada "Linha do
IEMANJA ou IAMANJA: - No Rio de Janeiro é
Nossa Senhora da Glória; na Bahia, é Nossa senho- Mar"; composta de 7 legiões a saber:
, ra do Rosário e também N. S. da Piedade.
Legião das sereias: - sob a proteção e'<chería de
'úMULU ou OMULUM: - No Estado do Rio de Janeiro Mãe Oxum ou Axum (N. S. da Conceição) .
, é São Lázaro; na Bahia é São Bento. Legião das Caboclas do Mar: - Sob a oríentação e
:LúCIFER ou SATANAZ: - Conhecido como EXU em Nanã-Burucu (Santa Maria Madalena).
quas:, todos os cultos fetichistas das Umbandas. Legião das Caboclas do Mar: - 8'0 ba orientação e
direção de Indaíá ,
Em face desta exposição, é fácil conceber-se gran- Legião das Caboclas dos Rios: - Chefiadas por
de influência do Catolicismo junto aos cultos fetichistas Iara, a Deusa dos Rios (Mitologia Nagõ).
que praticam a crença no sobrenatural, que apesar de Legião dos Marinheiros: - Sob a chefia de Tarimá.
tudo, não deixa de se uma prática do Espiritismo, nas Legião dos Calungas: - Dirigida por Calunga ou
suas inúmeras modalidades. Calunguinha.
Leçuio da Estrela-Guia: - Sob a proteção e direção
Concebem os praticantes do CANDOBLl!::,na sua da Virgem Maria, na aparição como N .S. dos
religião, uma divisão em 7 linhas ou legiões, nas quais Navegantes.
se, enquadram as entidades maiores e menores, consti- (Alguns cultos atribuem a direção dessa Legião, a
tuindo um verdadeiro' SETENARIQ; e ainda: :.SU,bdivi- Santa Mq.tia Madalena,ou a San.t'Ana).
'144 - ·At.U·IZIO·FONTENEr;~E • A UMS·A.NDAATRAvts DOS 'Sl!:CULOS

TERCEIRA LINHA: .- LINHA DO ORIENTE OU DA Sétima Legião: --.: De MARCUS PRIMEIRO"":;' ce-
MAGIA, cujo chefe, São João Batista, dirige os mes- sar ou Imperador Romano, qUe comanda a
tres da ciência oculta, e toda a legião de sábios, que _Legião dos Gauleses, Fenícíos, Romanos e .g.,e.:
se dedicaram aos estudos da cartomancia, astrolo- • mais' raças européias, muitas das quaís' iã
gia, grafologia, ciência ocultas etc. Está também desaparecidas .c, .

sob a sua guarda e direção, a orientação dos grandes


médicos ecuradores do espaço, manobrando as le- QUARTA LINHA: - L!NHA DE OXOCE - Dirigida
giões dos híndus, de Zartu, dos discípulos de José de por São Sebastião, é constituída pelos espíritos pu-
Ar~m~téia, d03 Incas, Chineses, Mongóís, Rabis, rosque amparam os sofredores, os necessitados de
Egípcíos, Muçulmanos, Aztecas, Esquimós, Marro- caridade, utilizando o processo de passes e prati-
q~inos, fndio~ etc: ets. Das sete legiões que com- cando o curandeírísmo por meio de ervas e bebera-
poem a terceira líriha, conhecem-se os Candoblés gens. Integram essa linhas, 7 legiões, com a seguin-
bem como nas Umbandas, como seus principais che~ te constítuíçâor . ..
fes e Orixás, as seguintes entidades: .
Legião de Urubaiiio - Chefiada pelo caboclo Uru-
Primeira Legião: - De ZARTU, que chefia a Legião " batão.vque segundo a opinião de alguns, é. con-
dos povos hindus. . siderado como sendo o próprio. São Jorge, di-
Segunda Legião: - De JOSÉ.DE ARIMATÉIA, o vergíndo nO'" entanto grandemente essas. opi-
mestre da kaballah, mestre de Cristo na Alta niões, pois, outros o evocam como São Sebastião.
iniciação esotérica . Chefia a Legião dos Médi- No entanto, de acordo com a mitologia Bantu,
cos, Cientistas e propagadores dos "Ttiros Adivi- essa entidade é conhecida como sendo o chefe
nnatôrios", de uma poderosa tribo dê amerÍÍülibs, "que ado-
Terceira Legião: - De JIMBAR~, que comanda a ravam o Deus Tupã (Deus do fogo), e que mais
Legião de Arabes, Turcos e Marroquinos. tarde se tornou um.Orixá , .
Quarta Legião: - De ORI DO ORIENTE, que che- Legião de Àraribóia -' Chefiada pelo guia espiritual
fia a Legião de Mongóis, Chineses, JapOneses, ou Orixá que tem o mesmo nome. (Cacique
Esquimós e demais descendentes das raças Arariooia - na crença dos nossos aborígenes) .
orientais. Legião da Cabocla Jurema - Dirigida pela entidade
Quinta Legião: - De INHOARAIRI, que segundo a como' chefe o' Caboclo das Sete Encruzilhadas
história das antigas civilizações, antes da era (ou Caboclo das 7 matas), dirigindo as falanges
de Cristo, foi o primeiro Imperador Inca. Che- das matas, na evocação dos chefes índíos: Tu-
fia a Legião dos povos Egipcios, dos Aztecas, pis, Aímorés, etc,
dos povos Incas e das antigas cívílízações desa- Legião dos' Peles Vermelhas - Dirigida pelos cací-
parecidas dos povos Cal deus . ques das tribos de índios americanos.
Sexta Legião: -De ITARAIACI, chefe de antigas Leçuioâos Tamoios - Sob a direção de Grajaúna.
tribos dei índios Caraíbas, da região das Guia- . Legião da Cabocla Jurema - Dirigida pela entidade
nas. .. do mesmo nome.
1;46 ALUIZZO FONTENE~LE AUMBANDA ATRAVÉS DOS'SÉCULOS 147
Legião dos Guaranis ...,..Dirígida pelos caciques Gua- . Legião de Ogum.Naruê - Sob a díreção de Ogum,
ranis. aliada à ralange do povo Naruê (escravos de
QUINTA LINHA: - LINHA DE XANGó ~ Sob a díre- várias raças) .
ção cÍe São Jerônímo, composta sete Legiões,de Legião de Ogum de Malei - Dirigida por Ogum, alia-
da à falange do Povo de Malei ou linha de Ma-
assim compreendidas: .
lei (povo de Exu).
_ Legião de Inhançã ou Jansã - Chefiada por Santa Legião de Ogum de Nagô - Sob a direção de Ogum,
Bárbara. aliada à falange do povo de Ganga (linha de
Legião dos Caboclos do Sol e da Lua - Dirigida pe- Nagô) .
las entidades que têm o mesmo nome (crença
indígena: Deus do Sol e Deus da Lua).
Legião do Caboclo do Vento - Tendo como chefe' o SÉTIMA LINHA: - LINHA AFRICANA - Sob a dire-
Caboclo do Vento (crença indígena) . ção de São Cipriano, é composta de 7 Legiões, repre-
Legião do Caboclo das Cachoeiras - Dirigida pelo sentadas por pretos velhos oriundos de várias raças,
Caboclo das Cachoeiras ou das 7 Cachoeiras. conforme as suas origens: São elas:
Legião do Caboclo Treme-Terra - Chefiada pelo
Caboclo Treme-Terra. Legião do Povo da Costa - Sob a direção de Pai
Legião de Pretos Velhos - Sob a direção da falange Cabínda.
de pretos velhos QUENQUEL~ e QUENGUEL:m Legião do Povo de Congo - Sob a direção de Pai
DE XANGô (mitologia Nagô). Gongo ou Rei Congo. '
Legião do Povo da Angola --:- Sob a direção de Pai
SEXTA LINHA: - LINHA DE OGUM - Dirigida por
São J()rge (Rei das demandas) contendo também 7 José d' Angola.
Legião do Povo de Benguela - Sob a direção de Pai
Legiões, a saber:
Benguela. .
Legião de Ogum Beira-Mar - Sob a direção de
Legião de lV[pçambique - Sob a direção de Pai Je-
Ogum, aliada à falange do povo do mar. (Dírí- rônimo ,
gida por Indaiá) . . Legião do Povo de Loanda - Sob a direção de Pai
Francisco de Loanda. '
Legião de Ogum Rompe-Mato Sob a direção de
....:...
Legião do Povo da Guiné - Sob a direção de Pai
Ogum, aliada à; falange de Oxoce (p()VO da Guinê ou Zun-Guiné.
mata) .
Legião de Ogum ....lara ~ Sob a direção de Ogum,
aliada à falange das Caboclas dos Rios (dírlgí- Pelo tato de que :,na época que ora atravessamos,
da por IARA) . .
não existe quase nenhum dos antigos escravos oriundos
Legião de Ogum-Megê - Sob a direção de Ogum, dos povos Bantus, Nagôs, Gêges, Guinés, ete .. a mistu-
aliada à falange das Oaboclas dos Rios (dirigi- ra dos cultos fez-se de tal maneira, que não se pode iden-
tantes da Costa d'Africa)... ' . tificar verdadeiramente .a essência' do que roramreal-
A UMBANDA- 'ATRA~S ,DOS-::stCULQS 149
mente esses cultos, que divergiam entre si, tanto na ror- .: É ele o encarregado de ídentíücar no aparelho dos
ma.icomo na evocação das suas entidades espirituais; as- médiuns, o Orixâ que baixou nq terreiro, a fim de pres-
sim, era sabido que os Nagôs e O'S Gêges não' evocavam tar-lhe todas as homenagens. li: ele ainda o responsável
espíritos dos mortos ou "Eguns", trabalhando apenas direto Ipelas demandas espirituais ou materiais que' por-
com os seus Orixás e os "Exus", ao passo que os Bantus ventura possam surgir, quando existirem desavenças en.
trabalhavam com todas as evocações, isto é: tal corno se tre os médiuns.
pratica hoje em dia no Kardecísmo, evocando os espíri- É ele quem pratica a adivinhação, e procede ao jogo
tos de desencarnados, misturando o seu ritual, aos cul- dos Búzios, exercendo ainda o curandeírísmo, receitan-
tos: ameríndio, católico etc. ' do e dando passes. O período de iniciação de um Pai
de Santo é por demais demorado, e muitas vezes não
consegue atingir ao grau máximo do sacerdócio, devido
COMO SE FAZEM OS SACERDOTES OU às grandes responsabilidades que tem que assumir jun-
INICIADOS DO CANDOB~É to aos seus Orixâs,
Para dar ajuda aos Pais de Santo ou Mães de Santo
o Candoblé nada mais representa do que uma Có- . tr uem-se os Ogans e os Cambonos, quando fazem '
ins
pia fiel do que se praticava antigamente com respeito ao parte do setor masculino; e, Pequenas Mães, Jebonans e
Culto Pagão das Divindades, por eles cultuado no seu Sambas, no setor feminino.
ponto de origem, e que embora assemelhando-se em tudo . Fazendo parte do terreiro, vêm a seguir os Filhos ou
A uma -forma de Espiritismo, se personaliza de um modo FIlhas de Santo, que são os médiuns já desenvolvidos ou
todo especial, o qual, por meio. de gestos, cantos e danças, em desenvolvimento, que cedem seus corpos a manifes-
entremeados de rodopios com fundo cabalístíco, numa tações dos Orixás. . .
coreagrafia es-sencialmente polícrômíca e folclórica, são .. Só podem, no entanto, praticar verdadeiramente
dançados e riscados os seus rituais, ao som dos Ataba- todo ? .ritu~l, aqueles que têm cabeça feita, ou cruzada
ques, Macumbas, Agogôs, Tambores, Rumpis, Agês, Ada- em varias linhas.
lás, Xaque-xaques, etc. Como parte do ritual, existem os pontos cantados e
Essas apresentações representam o simbolismo de riscados, os quais são puxados ao som dos instrumentos
atos heróicos e bárbaros praticados desde um tempo re- que fazem parte da orquestra.
moto impossível de determinar-se, e que, segundo eles, . . .O~tros pr~ceit?s são necessários para uma perfeita
foram praticados por suas Divindades; e era desta for- imciaçao nos rítuaís do Candoblé: Dar comida à cabe-
ma pela qual melhor podiam afogar as mágoas e cruci- ~", "Dar o amalá" (comida de santo), "Fazer Filho ou
antes saudades de suas pátrias longínquas. Filna de Santo", "Iniciação dos Iaõs" (fazer Mães de
No Caruioblé o chefe de terreiro é o PAI DE S~'tO Santo ou Babás), etc.
e como tal possui todas as càracterísticas de mandante, Várias são as fases que precedem à iniciação das
com respeito à indumentária da qual se, utiliza para a taôs. Na primeira, é feita a oferta ou despacho a Exu
prática do seu ritual. O Pai de Santo ordena as "ma- (EM de Exu) , utilizando-se nessa prática o sacrifício
cumbas", "curimbas" ou "cançiras", durante as quaís de inúmeros animais, tais como: bodes, cabras, galos,
são atendidos t9dos 08 filhos-de fé. pombos, galinhas de angola, tudo de acordo com as pre-
150 , ' AL U I Z 1,.0 F O N T E N E L L li:

Ierêncías das entidades que deverão incorporar' nesse


médium. Esse ritual é feito dentro das "camarmhas"
lugar apropriado para esse fim, no qual as íníeiandas
permanecem pelo período de dezesseis dias .
. Na segunda fase, é a aparição em público pela prí-
m~Ira vez, onde se faz a cangira ou macumba indo de-
pOl~ para noyo' estágio nas camarínhas, para' aprender CAPÍTULO XII
o ritual, e a língua africana.
Finalmente, volta a Iaô à cangíra, perfeitamente COMO DEVE SER CULTUADA A VERDADEIRA'
ap!a , para exercer a sua função corno cavalo de u fi UMBANDA. SUA VERDADEIRA DIVISÃO
Orixá,
Como índumentáría que os distinguem perfeita- Conforme declarei no primeiro capítulo deste livro"
mente nos seus trabalhos de evocação aos seus deuses que iria discordar por completo de todas as teorias e con-
utilizam os praticantes do Candoblé, variadas vesti: ceitos que da Umbanda fazem aqueles que se dizem eu-
mentas, na sua maioria coloridas, tudo de acordo com tendidos, e mesmo, dos que a julgam de um modo desai-
a vontade do seu Orixá. Os homens apresentam-se em roso; quero agora, mostrar-lhes o meu ponto de vista e
. como concebo o culto de uma Umbanda cons-
a maneira '
geral vestindo urna calça comum, e blusas de cores ber-
rantes, usando em volta do pescoço colares e>enfeites cientemente sincera, honesta e verdadeira.
próprios, condizentes com a linha na qual trabalham. , Para ,co~1eçar,dividirei este terna em várias partes;
As mulheres, vestem-se de baiana, usando anáguas, e, a proporçao que as ,for descrevendo, irei ao mesmo
batas e panos da costa, calçando sandálias, usando na tempo fazendo comparações e dissertações, que julgo
cabeça turbantes e torsos de seda. imprescindíveis para uma perfeita compreensão por par-
Eis, em síntese, a representação verdadeira do que é te daqueles que porventura ainda nada conhecam de
Umbanda. ~
o Candoblé cultuado no Estado da Bahía, e em torno
do qual fazem-se os piores mistérios, confundindo-o
com a magia negra ou Quimbanda, indo de encontro a INTERPRETAÇAO: - Em primeiro lugar, a Um-
uma religião que é, na sua essência íntima, um verdadei- banda deve ser, por todo aquele que se dedica ao seu
ro culto pagão. culto, interpretada de um modo especial, perfeitamente
condizente com a sua verdadeira tmalídade, isto é: res-
peitada tal corno são, todas as demais religiões.
A religião, em hipótese alguma, serviu de base para
menosprezo ou falta de respeito. Os templos de qual-
quer natureza devem ser respeitados e tidos corno um
ambiente onde se procura, na oração ou na meditação,
urna aproximação de Deus. Quando se entra em urna
~greja católica, todos o fazem com a máxima decência
.~ com ~ compreensão de verdadeiros crentes. Entretan~
152 ALUIZIO FONTENELLE A -UMBANDA ATRAWS DOS· S~CULOS 153
to, tal não se dá com a maioria dos que freqüentam centros um certo número de elementos perfeitamente
"centros espíritas". O mau espírita julga que pelo fato .eonhecedores do assunto; bem como, estar entregue às
de se tratar de uma sessão espírita, não se deve dar a .autorídadeacompetentes a questão do seu corpo medi-
mínima importância, e o respeito' é coisa que não existe. ·único, o qual só poderá constar de indivíduos de moral
Acreditam muitos, ou melhor: crê a maioria dos que 'elevada, para evitar que pessoas de mau caráter ou con-
praticam ou freqüentam o espírítismo, que pelo fato de .dições físicas duvidosas, pudessem intervir e deturpar a
lidar-se com espíritos,' são estes obrigados a "acertar" ·perfeita finalidade dos trabalhos. Deveriam todos os mé-
ou desvendar o futuro de quantos recorrem às suas con- diuns ser examinados por uma junta médica, a fím de
sultas. Por outro lado, nenhuma consideração é dada .evítar-se a questão do animismo ou da fraqueza cerebral,
por parte dos consulentes ao ."Guia" que está manifes- .que acarreta muitas.das vezes o ingresso nos manicômios.
tado no terreiro, em virtude da falta de bom senso e, Alguém poderá contradizer-me nessa minha concep-
muitas vezes, da educação, da falta de ordem e da falta ção, baseando-se no fato da Umbanda ser considerada
de bons principias. . como religião, e corno tal, não se conceber a interferên-
Já se foi o tempo em que o espiritismo era tido como cia de autoridades policiais e nem tão-pouco de médicos.
"feitiçaria". Refiro-me à própria Umbanda. Agora a ·Entretanto, estou convicto de ser uma necessidade ado-
concepção que se está fazendo dessa crença é bem outra. tar-se essas medidas, não só em benefício da coletividade,
Entretanto quando um indivíduo passa por uma série como também para evitar certos abusos que bradam
de sofrimentos, quando tem a sua saúde abalada, e; ten- contra a opinião geral. A Umbanda, por se tratar de
do recorrido a uma infinidade de médicos, estes dão a ·uma religião que está sujeita a fortes vibrações espírí-
causa como perdida, aí então recorrem ao espiritismo .tuaís, tanto do lado bom como do lado mau, pelo fato,
na certeza de que ele será a sua tábua de salvação. Mui- de lidar-se com O' mundo espiritual, não isenta. de en-
'tas vezes a justiça divina faz com que se consigam gran- contrar espíritos fracos, que se deixam arrastar inconsci-
des resultados, mas ... o que acontece é sempre a "velha entemente no terreno do hísterísmo e das fraquezas ce-
ingratidão". O indivíduo, completamente restabelecido ..rebraís.: . _ . ,:.. , "
dá o seu clássico pontapé, e o pobre médium que muita~
das vezes sacrifica até a sua própria saúde, é tachado de MODALIDADES DE TRABALHO: - Deveriam ser
macumbeiro e é enxovalhado de todas as maneiras. interpretados os trabalhos que se executam na Umban-
No meu m?~o de entender, a ~mbanda deveria pas- 'da, por dois modos: um, interpretado pelo lado cientí-
sar .por uma serre de reformas, ate que se enquadrasse fico; e o outro, pelo lado religioso.
devidamente numa condição idêntica ao que se observa Os trabalhos a serem interpretados pelo lado cíen-
em todos os cultos religiosos. Deveriam erguer-se tem- -tíríco, deveriam constar de passes, curas pelos diversos
plos, dirigidos por homens de bem, que a cultuassem ·processos, ínelusíve operações espirituais; nos quais se
.c?~ todos os rigores de uma condição perféitamente 50- 'comprovaria a existência de forças superiores que muí-
cíável e dentro de uma moral profundamente sã. :tos- aindadesconhecem, por não terem tido a felicidade
-de trabalhar numa Umbanda integralmente perfeita.
" . ORGANIZAÇ~O: -,-, Um~ Umbanda para ser per- Quanto aos trabàlhos a serem interpretados 'pelo
.!_e~tª:~ent~.organízada, deveria conter [unto aos seus lado religioso, deveriam constar de doutrinas e expla-
:156 A UMBANDA ATRAVJtS DOS' SJ!:CULQS 1157
"terreiros", assim concebo o culto da Umbanda, o qual
-me propus-comentar nesta obra. Sob a questão do uso dos instrumentos de trabalho,
taís como: pemb as , ponteiros, curíadores, etc, restrin-
COMO PRESTAR A VERDADEIRA CARIDADE: gir-se-iam pelas próprias entidades, e em sessões sem
Desde quê o médium seja íntegro na sua condição, a público, por se tratar de "arte mágica", e por essa razão,
caridade pode e deve ser prestada de qualquer maneira, não facultado aos simples assistentes.
em qualquer parte, bastando apenas que as pessoas que
se reúnem para tal fim, encarem essa questão puramen-
·te pelo lado espiritual, e nunca pelo lado material. A ORGANIZAÇÃO DE TEMPLOS, CENTROS, TER~
-cura de obsessões, de moléstias, de perturbações de toda REIROS ETC.: - No meu ponto de vista deveria ser
espécie, terá resultados satisfatórios, se os crentes prí- abolido o uso de imagens católicas, e os altares conte-
·marem pela observância dos preceitos que acompanham riam apenas uma simples cruz de madeira, que simbo-
todas as manifestações espirituais. A caridade dentro liza a fé, e os pontos "esotéricos" e "caõausticos", re-
da Umbanda, não deve ser objeto de apadrínhamentos presentativos das forças próprias .de cada entidade. En-
·e nem tão-pouco privilégio somente entre amigos. Mui- toar-se-iam hinos e cântícos próprios, que condizem per-
tas pessoas recorrem à Umbanda, julgando ficarem aco- feitamente com a evocação das entidades. Estabelecer~.
bertadas de castigos e provações, simplesmente porque a -se-íam condições regulamentadas para as diversas mo-
ela recorrem, embora trazendo nos seus corações a mal- dalidades de trabalhos, e um corpo clínico deveria ser.
dade, a inveja e a corrupção. Estarão cometendo um mantido, para a perfeita observância do: disposto nos
erro .lamentável; pois, a verdadeira Umbanda, quando seguintes artigos do "CÓDIGO PENAL BRASILEIRO".
praticada por elementos verdadeiramente sinceros já- (Decreto-Lei n.o 2.848, de 7 de Dezembro de 1940 e 6. 026J
mais acober~ará essas pessoas e os seus erros, sem' que de 24 de Nooembro de 1943):
a regeneraçao ou o arrependimento seja na realidade
puro e sincero. "Dos crimes contra a saúde pública:
A verdadeira Umbanda ensina o caminho do sacri-
fício ;,e o modo como poderão ser resgatadas as dívidas, Exercício ilegal de medicina, arte dentária ou [armacén-
baseando-se unicamente nos princípios das Leis Divi~, tica.
-onde não paga o justo pelo pecador.
Art. 282 - Exercer ainda que a titulo gratuito, a
INDUMENTÁRIA: - Numa :perfeita organização profissão de médico, dentista ou far-
de Umbanda, a indumentária seria um fator primordial. macêutico, sem autorização legal ou
.Todos os seus médiuns deveriam obedecer a um único excedendo-lhe os limites.
padrão de vestímenta, a qual constaria apenas de Uni
uniforme branco (calça e blusão) para os homens, e
"balandrau" e calça para as mulheres; tal como se vê Charlatanismo - Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura
.em diversas organizações que primam pela decência dos por meio secreto ou infalível.
,-seqs.trabalhos.
ALUIZIO FONTENELLE· A UMBANDA ÁTRA VÉS nos.. SJl':CULOS 1-59
,Curandeirismo - Art. 2H4 - Exercer o curandeírísmo: Se quisermos encarar a Umbanda pelo lado religio-
so, devemos unir-nos mutuamente, e podemos ficar
I - prescrevendo, ministrando ou cert?s de que ela progredirá incontestavelmente, por ser
aplicando, habitualmente, qual- sublime em todos os pontos de vista.
quer substância; Por outro lado, se quisermos encará-Ia sob o ponto
de vista científico, muito teremos que lutar, para pro-
II - usando gestos, palavras ou qual- var à humanidade. inteira que a Umbanda não abriga
quer outro meio; em seu .seio a prática da feitiçaria, e o.atraso que acarre-
ta a mI~tura de cre~os supersticiosos provindos dos po-
III - fazendo diagnóstico." vos afrlCan?s. ,~rec~mos mostrar à ciência que a
UI?ba~da cíentíríca e uma realidade, e que não existe
Para que as práticas da Umbanda não entrassem -m~sténo algum .~as suas práticas, uma vez que a pró-
em choque com o que preceitua o Código Penal Brasí- pna medícína ja consegue curar enfermidades utili-
leíro; por não ser possível conceber-se um ritual perfei- zando os fenômenos da "auto-sugestão" da "telepatia"
to sem o uso de gestos, palavras cabalísticas e outros do "hipinotismo" etc etc. ' ,
meios empregados nas diversas' modalidades de traba- Se a Medicina é uma ciência, a Umbanda também
.lho, que de outra maneira não poderiam ser perfeita-o é, em dupla modalidade: CIÊNCIA E RELIGIÃO.
mente concebíveis, de vez que não é possível dar-se pas-
ses fluídícos sem a mímica adequada, necessário se tor- A UMBANDA DENTRO DA SUA
naria que as autoridades competentes examinassem VERDADEIRA DIVISÃO
esse ponto de vista sumamente religioso, encarando-o
não como crime, e sim como um benefício pará a' cole- Pelos inúmeros trabalhos apresentados sobre a Um-
tividade. banda, feitos por muitos escritores e entendidos no as-
sunto, quero neste capítulo mostrar a minha discordân-
Apesar de haver uma certa condescendência por cia, na parte que se refere à divisão dessa seita.
parte das autoridades, nesse ponto de vista; ainda assim, Sobre essa Umbanda comum que se pratica nos inú-
muitos centros têm-se encontrado em grandes dificul- meros terreiros existentes no Brasil essa Umbanda mis-
dades, e não foram poucos os casos de prisões preventí- tificada e misturada aos credos fe'tichistas conhecidos
vase mesmo de condenação de médiuns que nada mais com os nomes de Caruioblé, Cangerês, Quimbanda
faziam do que prestar grandes benefícios aos necessita- etc., estou de pleno acordo com a divisão da mesma em
dos. É bem verdade que a exploração e o abuso cam- sete (7) linhas; entretanto, segundo as comunicações
pejam em toda parte; e por isso, necessário se torna que me foram dadas por entidades do Astral trabalha-
uma medida extrema nesse sentido, e, estou certo de dores das falanges de pretos velhos- caboclos' hindus e
que os verdadeiros Umbandistas, os denodados servido- até mesmo pelos próprios EXUS, já. essa di~isão sofre
res da seita, primarão em cooperar para o engrandeci- uma severa modificação.
mento de. uma Umbandapura, banindo do seu meio os Não' é meu desejo criar uma nova religião, conforme
falsos e corruptores. expliquei anteriormente; no eritanto,dõ que' faço .ques-
A .UMBAND,A. 'AT:RAWS ,nOS,~IÍlCULOS
160.•
tão absoluta é de que, a partir deste momento, -todo compreensível dessa divisão, vejamos o quadro na pági-
aquele que procurar dentro da Umbanda uma finalida- na seguinte, que mostra o RE,INO DE' OBATALA, ou CÉU.
de digna para a sua própria evolução material e espirí- Pelo exposto, o REINO DEOBATALA comanda 7
tual, procure com o raciocínio próprio de cada um, ve- cortes, as quaís, por sua vez, comandam as 7 linhas de
rificar exatamente a distinção que existe entre uma e Umbanda, que integram a "CORTE DE ARUANDA" .
outra concepção, de vez que não é possível voltarmos ao
primitivismo das religiões fetichistas, quando podemos In tegrando a CORTE DE OXALA ou de JESUS
encarar essa questão por um lado mais humano, mais CRISTO, vem a l.a Linha, denominada Linha de 5&1'0,
sociável, mais condizente com a nOSSa cultura atual e também com o denomínatívo de Linha de Oxalá, cons-
com o progresso que se verifica em toda a condição hu-
mana. Os próprios espíritos evoluem, e por essa razão, OBATALA
!P t~
eles mesmos são os primeiros a mostrar os erros que se Reino di! D~u.J
.,

cometem, embora que involuntariamente, quando os Pai - Filho - Espírito Santo


ev'ocam?s, na ânsia de novos desígnios. Que se aprenda
a respeitar as LEIS DIVINAS, numa prática verdadeira-
". .,
I ,.

.s-: .~"-"""- -.
mente consciente, são os desejos das entidades do bem, CORTE DE OXALA
que nos trazem as luzes necessárias ao aperfeiçoamento Jesus Cristo I
do corpo e do espírito. I I
CORTE DE CORTE DE
I
>I: * * CORTE DE
OXUM SÃO GABRIEL SÃO JOÃO
BAPTISTA
Maria Santíssima Arcanjo' (Profetas)
Para maíorclareza no que concerne à divisão da .I
Umbanda, a qual chamarei de UMBANDA E$OTÉRICA I I
E INICIATIC:A, farei as devidas comparações entre uma CORTE DE CÕRTE DE
CORTE DOS ANJOS
e outra, à medida que for descrevendo suas linhas; en- SÃO RAFAEL
E SERAFINS
SÃO MIGUEL
tidades etc. Arcanjo Arcanjo
Dívíde-se .a Umbanda Esotérica e lniciática em 2 I I r
partes principais, chamadas REINOS. Esses reinos, obe-
decendo à fórmula esotérica UMBANDA, significam ,,-
CORTE DEARUANDA
duas forças: o bem e o mal, ou ainda: o CÉU, pólo po- ..•. _ ..- 7 Linhas de Umbanda
- ._- .. - -- '''-'~''-'---'-' -,- ..

sitivo, principio ativo masculino; e, a TERRA, pólone-


gativo, princípio passivo feminino. A essas duas forças
denominam-se: "REINO DE. OBATALA" e "REINO DE tituída por espíritos das inúmeras raças habitantes na
ODUM".. Esses reinos estão constituídos de 7 cortes Terra (desencarnados), inclusive pretos velhos, padres.
principais, as quais, por sua vez,' rormam as. subdivisões frades, freiras e espíritos evoluídos (eguns). Essa linha
que constituem as 49 (quarenta e nove) línhasíntegran- ·é .dírígída por Jesus Cristo, e é composta 7 íalanges de
tes de cada uma dessas forças.: Para um.exemplomaís formando. legiões . Está assim constítuídar..
162 A UMB'AND,A ATRAV,g;S DOS SltCULOS 163,

l.a LINHA' - DE SANTO OU DE OXALA: s.a LINHA - DO ORIENTE:

Legião de Santo Antônio


Legião de Zartu - Composta das falanges dos po-
Legião de São Cosme e São Damião
vos hindus, chefiadas pelo próprio artu (Che-
Legião de Santa Rita de Câssia- fe Indiano).
Legião de Santa Catarina Legião de José de Arimatéia - Integrada pelas ta-
Legião de Santo Expedicto langes de Médicos e Cientistas.
Legião de São Francisco de Assis (semíromba) Legião de Jimbaruê - Constituída por espíritos de
Legião de São Benedito ou Benezet.
Árabes, Marroquínos e outros povos asiáticos.
Legião de Ori do Oriente - Integrada pelos povos
do Oriente, pelos Japoneses, Chineses, Mongóis,
Integrando a CORTE DE OXUM (Maria, Santíssi- e 'povos que habitaram a Groenlândia ea
ma), vem a seguir a 2<,1. Linha, LINHA DE IEMANJÁ Atlântida (desaparecida).
ou IAMANJA, assistida e dírígída por N. Senhora, mãe Legião de Inhoarairi ---.:Composta de Egípcios, In-
ele Jesus Cristo, integrada por 7 legiões, assim constí- cas, Aztecas, Caldeus e muitas outras raças já
tuídas: desaparecidas.
Legião de Itaraiaci - Formada pelas falanges de
2\\ LINHA - DE IEMANJA ou IAMANJA: índios das antigas tribos Caraíbas, na região das
Guianas.
Legião. de Marcus I - Constituída pelas falanges de
Legião das Sereias - Sob a proteção de Mamãe Gauleses, Fenícios, Romanos e demais raças
Oxum ou Axum. européias.
Legião das Ondinas - Sob a direção de Nanã ou
Nanã Buruquê (Sant'Ana). Integrando a CORTE DE SÃO GABRIEL; vem a 4.a
Legião das Caboclas do Mar - Sob a orientação e LINHA -=- DE OXOCE, composta de 7 legiões, assim dis-
direção de Indaiá , criminadas:
Legião âas Caboclas dos Rios - Chefiada por
IARA (Deusa dos Rios). 4~ - LINHA DE OXOOE: Deus da Caça - Oríxá das
Legião dos Marinheiros - Sob a chefia de Tarímâ, Matas) .
Legião dos Calungas - Dírígída por Calunga ou
Calunguinha. Legião de Urubatão - Chefiada pelo Caboclo Uru-
Legião da Estrela Guia-Sob a direção e proteção' batão.
de Santa Maria Madalena . Legião de Amribóia - Chefiada pelo 'Cacique Ara-
ríbóía .
Legião âo Caboclo das 7 EnC1'uzilhadas - Chefia-
Integrando a CORTE DE SÃO JOÃO BATISTA, da pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas, também
surge a 3.a LINHA - DO ORIENTE, constituída tam- denominado Caboclo das 7 Matas, que tem a
bém de 7 leg-~~s com-as seguintes denominações: seu cargo a direção das talanges dos povos ha-
166 -AL UI ZIO F O N T E. N E L L E
ORGANOGRAl\1A DAS FALANGES DO
CORTE DE OXALA'- Planeta SATURNO - Línha de
. Santo ou de Oxalá. POVO DE EXU
QORTE I)ili;OXUM - Planeta V:tlliUS - Linha de te-
manja ou Iamanjá.
CORTE DE SãO JOÃO BATISTA - Planeta .TúPITER
- Linha do Oriente.
-- LÚCIFER - MAIO~AL ~

CORT:EDE SÃO GABRIEL - Planeta MERCÚRIO _


Linha de Oxoce,
OORTE DE SÃO RAFAEL - Planeta SOL - Linha de ,PUT SATA.'1AKIA Exu Marabô AGALIERAPS - Exu Mangueira.
Xangô ,
CORTE DE SÃO MIGUEL ARCANJO- Planeta MARTE I
, - Linha de Ogum. ASCHTAROTH - Exu-Rei das
CORTE DOS ANJOS E SERAFINS - Planeta LUA--- ll~Z~BUTH - Exu-Mor Encruzilhadas
Linha de S. Cípríano.
. I
* :I< *
TARCHIMACHE - Exu Tranca. SAOATHANA - Exu Veludo
Vedamos agora a divisão da 2~ parte, na qual se Ruas
concebe na Umbanda Esotérica e Iniciática, o "REINO FLERUTY -, Exu Tlrirl NESBmOS - Exu dos Rios
DE ODUM" ou da Terra.
'--o
O organograma a seguir, mostra-nos o "reinado do
POVO DE EXU", no qual LÚCIFBR, o Maioral, coman-
I .
SYltACH - EXU CALUNOA - ONOMO - CALUNOumHA
da as suas sete linhas de Agentes do Mal, integradas por
49 EXUS chefes. Estes, por sua vez, são os dirigentes I
das falanges de Exus, tal como na divisão do "REINO
BECHARD - Exu dos Ventos (Ventania)
DE OBATALA'\ os "ORlXAS" são também os principais F'RIMOST - Exu Quebra Oalho
chefes. KLEPOTH - Exu Pomba-Olra (Mulher de 7 eXW;)
KHIL - Exu' das 7 Cachoeiras
Fazendo parte das falanges do mal, existem integran- MERJFILD - Exu das 7 Cruzes
CLISTBERET - Exu Tronqueira (ou Tronquêra)
do o "REINO DE ODUM", .7.linhas de Exus, as quais, SILCHARDE - Exu das 7 Poeiras
dJr,igidas pelo Agente Mágico "OMULU" ou "OMULUM", SÉGAL - Exu Gira-Mundo
HICPACTH - Exu das Mat.as
Q incumbido pelo maioratparadirigir todo o povo HUMOTS - Exu das 7 Pedras
que trabalha nos cemitérios. Algumas Umbandas e mes- GULAND - Exu Morcêgo
FRUCISSIÊRE ~ Exu dos Cemitérios
mo a Quimbanda, costumam fazer crer que essa entidade SURGAT - Exu das 7 Portas
MORAIL - Exu Sombra. (ou das 7 Sombras)
do mal ré São Lázaro; no entanto, a verdadeira entida- FRUTIMI~RE - Exu Tranca-Tudo
de Omulum é o "DEUS DA PESTE", tal como sempre CLAUNECH - Exu da Pedra N.egra.
MUSIFIN - Exu da Capa Preta
foi conhecido através de inúmeras religiões, e principal- HUICTOOARAS - Exu Mara~á
mente, da verdadeira ' Umbanda. -- '
168 A LUI ZI O F ONTE NELL E

Sobre a constituição e descrição das falanges do


mal, não farei aqui nenhum comentário, pelo fato de
não interessar-nos absolutamente essa parte, de vez que,
foge inteiramente à finalidade desta obra. Entretanto,
se o caro leitordesejar conhecer profundamente a atua-
çãodessas falanges, poderá tomar conhecimento através CAPITULO XIII
do meu liVTO'já publicado e largamente difundido, o
qual, como título de "EXU", traz de uma maneira ver~' TRABALHADORES DA LINHA DO ORIENTE -
r dadeiramente perreíta, todos os comentários e caracte-.
rístícas dessas entidades. ENTIDADES HINDUS, SUAS INDUNMEN- '
A seguir, poderá o leitor apreciar, através do orga .• TÁRIAS E RITUAIS
nograma das falanges de Exus que trabalham sob as
ordens dê Omulu ou Omulum, a divisão das entidades Este é um dos capítulos de grande interesse no que
do mal, que dominam nos cemitérios. diz respeito às manifestações espírrtuads, pelo fato de
que os hindus foram quem mais de perto cultuou. e
ORGANOGRAMA DAS FALANGES DE EXUS QUE, ainda coltua a crença espiritual, sendo talvez a tndía
TRABALHAM SOB AS ORDENS.·DE 01\1:ULU'(ou' o berço da grande MAGIA. Por esta razão, os "Guias
. OMULUM) Espirituais" hindus, com a suprema sabedori~ de seus
espíritos grandemente iluminados epossUldores de
OMULÚ ou OMULUM
grande força fluídíca, têm conseguido verdadeiros mí-:
- ·r--l...-_D_O_n_o_e:...-s_en_h ••.
or..;.o;d
.••
os c_em_i_té_ri_os--!
l~gre.s, no tocante a curas e operações astrais.
Antes de entrarmos nas considerações verdadeira-
SERGULATH (Exú Caveira) '1 HAEI,. (Exú da' Meia Noite) mente espirituais das entidades do espaço que, integran-
I tes da 3? Linha - do Oriente, se apresentam nas ses-
SERGUTH (Exú-Mirim)
sões de Umbanda, como Híndus, Maometamos, Rabis
PROCULO (Exú Tatá Caveira) etc: quero primeiramente tratar dessa falange orien-
HARISTUM (Exú Braza) TRIMASAEL (E,,,í Pimenta).
SUSTUGRIEL (Exú Málê) tal, desde os prímórdíos das civilizações, onde vamos
BRULEFER (Exú Pemba)
PENTAGNONY '(Exú Maré) ELEOGAp (Exú das 7 Monta- encontrar as primeiras religiões hindus, suas crenças"
SIDRAGOSUM ~Exú Caran-
nhas) seus deuses, etc.
gola) DAMASTON (Exú Ganga)
MINOSUM (Exú Arranca-Tôcó) nIARITHIMAS
naloá)
(Exú .Kami- os POVOS E AS CIVILIZAçõES IDNDUS
BUCONS (Exú Pagão)
NEL BIROTH (Exú Quirombô)
Pelo que se conhece através da história religiosa da
I índia, sabe-se que o caráter do povo indiano é definido
de um modo incompleto. Os híndus possuem um des-
AGLASIS
Exú do .Cheiro (Cheiroso) II MARAMAEL.
Exú Curadô prendimento quase total pelas causas terrenas,' e epca-_
ram. a vida materáal com um certo! desprezo, tornando"
A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 173
~a:ALUIZIO FONTENELLE
ções requerem un: preparo todo e~pecial, sem o qual
" Os híndus das épocas prímítívas possuíam um vivo, não pode ser possível a sua evocaçao. .
sentimento -da Natureza, e embora concebendo um único Seu ritual é em tudo ddêntíco ao que praticaram na
Deus criador de todas as coisas, prestavam culto a uma terra, e exigem uma índumentáría es~e~ial paraass~3:s
infinidade de outros deuses, os quaís tinham por função práticas. Assim, quando um bom. mediun: tem a di~l:
dirigir os próprios fenômenos da Natureza. O Deus gír-lhe o subconsciente ?~a entidade hmdu! podela
Ituira, por exemplo, lançava o raio e 'Certos fenômenos realizar verdadeiros prodigáos na arte da medícína, da
atmosféricos, assim como Agní representava o fogo. física, da química etc., bastando apenas seguir religio-
Súrya, representava o Sol, e v anma era tido 'Comoum samente os seus preceitos e vontades.
dos mais altos atributos espirituais, nas castas védicas. Gostam as entidades hindus de vestir a índumen-
A magia é no entanto a expressão máxima da reli- tária própria do seu povo, isto ré: o uso, do turbante e
gião popular dos híndus. O seu valia! religioso, em vez demais peças do seu vestuário, bem como, utilizam em
de possuir efeitos particulares de cura ou de proteção, seus trabalhos todo o material pertencente ao ritual
tem por objeto a preservação da existência, fornecendo da magia, o qual só é conhecido através de uma perfeita
a força necessária: para a conservação da própria vida .. iniciacão esotéríca,
Pelo fato de cultuarem os povos híndus, grandemen, - Incluem-se entre os povos das falanges orientais, os
te, as artes mágicas, as entidades espirituais que traba- "Raois'' uMuçulm1anos"', "Arabes", UMarroquinos", "Ja-
lham nas suas falanges possuem um elevado grau de poneses"', "Chineses", "Mongóis", "Egipcianos", "Azte-
adiantamento, e por essa: razão, quando qualquer deles cas" etc. os quais se encarregam de desvendar para
que se manifesta nas sessões de Umbanda, pratica os drent~s os altos sezredos do Ocultismo, Esoteris-
seus rituais, pode-se estar certo de que grande resul- mo Cartomancia Quir~mancia, Astrologia, Numerolo-
tados se obtêm.
gia: Grafologia, Magia Mental, Alta Magia, Medicina
Segundo eles, um amuleto de ouro dá longa vida e Homeopática, Medicina Operativa etc, etc.
novas forças. A sua terapêutica espiritual por meio de São as poderosas entidades hind~s, as encar~ega~as
beberagens mágicas, cura radicalmente; e, se a morte do exercício da medicina astral, e muitos casos tem. s~~o
está próxima, a sua magia pode fazer voltar a vida. resolvidos pelo bisturi doo.espíritos, quando a medícína
terrena já não os pode resolver.
Nas Umbandas que se praticam ultimamente, nem Aproveitando a oportunidade 'Para o, e~cerramento
todos os médiuns são capazes de receber como entida- deste capítulo, quero demonstrar de público, o m.eu
des os elementos das Ialanges dos POVo,shindus. En~ agradecimento sincero à entidade do Astral Supenor
tretanto, quando acontece que um bom médium pode. que me acompanha, e que, atendendo pelo nome de
trabalhar com esses "Orixás", os seus trabalhos não po- "RABI KY AMANSU" como meu "Guia Espiritual"., me
dem absolutamente enquadrar-se com as manifestações tem dado a conhecer as maravilhas do mundo espiritu~l,
comuns das demais entidades do espaço. através da sua fílosofia sublime, dentro da concepçao
_Os hindus, por serem entidades de grande luz espi- perfeita, de uma Umbanda puramente divina.
ritual, _epossuidores de poderosa força fluídíca, sã? tam-
bém por demais exigentes, e seus trabalhos e maníresta-
A UMBAtroA 'ATRAVÉS D9S SÉCU.LOS 175

Concebe-se na Umbanda a existência de. um Deus


Supremo, que é considerado segundo a interpretação
dada pelas entidades "PRETOS VELHOS" como o
",GANGA MAII?R", ,chefe da Corte de Obatalá, e cujo
ftllho.,Jesus Cristo, e o seu ORIXA MAIOR ou Pai dos
Orixás. . '
Pela divisão da U'mbanda em sete (7) Cortes; cou-
be a cada entidade a incumbência de dirigir como ehe-
CAPITULO XIV fe, o seu setor, designando-se esse chefe. pelo nome de
"ORIXA", resultando daí a denominação desse termo
dada aos espíritos superiores que dirigem os diverso~
ORIXAS DA UlVIBANDA planos espirituais, sendo esses os chamados "ORIXAS
MAIORES", os quais por sua vez contam com o auxílio
Considera-se na Umbandacomo "ORIXA", toda e dos Oríxás Menores, que são justamente todos os inte-
qualquer entidade do Astral Superior, que, na qualidade grantes da "Corte de Aruanda",
de Guia Espiritual, é evocada nos diversos rituais ou
trabalhos nos quaís se depositam a fé -81 os altos destinos Pelo exposto, conclui-se que os Oríxás Maiores são
dessa seita. todas as entidades máximas que demandam dos Planos
Os Oríxás dividem-se em duas categorias ou clas- Superiores as suas ordens, e que 03 Oríxás Menores, são
ses, perfeitamente distintas, de acordo com :0 estabele- os seus subalternos.
cido pela thierarquia existente nos diversos planos espí- Para que um espírito atinja a condição de Orixá,'
rituais. necessário se torna que esse espírito ascenda aos degraus
A palavra Oríxá tem a sua origem nos dialetos afri- máximos na escala espiritual, qualidade essencial de
canos, e por essa razão criou-se uma concepção toda purificação perante o Supremo Criador de todas as
especial, para a designação das entidades, que dominam cousas.
nas manifestações espirituais .. ' ' Qualquer espírito pode chegar a esse grau máximo,
Pelos motiv:os que acarretam a ínríltraçãodo cato- desde que, redimido totalmente de suas culpas, e, tendo
licismo nas nestes da Umbrunda, não só devido às im- passado pelos vários subplanos e planos a escala hie-
posições do Tribunal da Inquisição, como também pelo rárquica da espírítualídade, chegue ao ponto primor-
domínio exercido sobre os negros, pelos missionários dial da perfeição. .
católicos, considerou-se como fazendo parte da Supre- Não precisa ser considerado como Santo, na inter-
ma Oorte de Aruanda todos os Santos que a Igreja Ca- pretação dada pela igreja católica, para um espírito se
tóliica canonizou; entretanto, na verdadeira Umbanda, tornar num Oríxá, pois, na Lei Espírita não é conhecida
qualquer espírito purificado pode se tornar um Oríxá, essa condição, uma vez que apenas se concebe como
independentemente de ser ou não canonizado pela espírito de ItUZ,todo aquele que grangeou de Deus a
igreja, bastando para isso que tenha alcançado a supre- suprema ventura de elevar-se perante °seu conceito
ma gtóría da elevação espiritual. nas:cop.çUç{)e~impostas pelas leis cármícas. . . I
176 ALUIZIOFONTENEh~E A U~l?A,NDA ATRAVES DOS ,SÉCULOS 177
, Na escola da espíritualídade existem duas concep- que esses são os espíritos "GUlAS" e "PROTETORES"
ções perfeitas no que diz respeito aos espíritos, compre- que baixam nos diversos terreiros e centros espíritas;
endendo-se do seguinte modo essa questão: Por essa razão foram considerados' pelos primeiros
Primeira: - Existem os espíritos puros propría- praticantes da Umbanda , e mesmo na ma~oria das re-
mente ditos, os quais integram a corte máxima do reino ligiões fetichistas hoje existentes no Brasil, como fa-
de Obatalá, sendo que esses espíritos nunca passaram zendo parte do seu cortejo de divindades, todos os san-
pela fase da reencarnação; e, como tal, são considerados tos mártires reconhecidos pela igreja católica. Entre-
Arcanjos, Anjos e Serafins. Estes, são' chefiados por tanto os ve~dadeiros "ORIXAS" da Umbanda não são
r São Miguel, que ocupou o lugar que era destinado a na re~lidade somente esses santos; e sim, todo e qual-
Lúcifer, antes da sua derrocada fatal. Neste caso não se quer espírito que possua "Luz Espiritual" e "Força Fluí-
encontra incluído o espínito de Jesus Cristo, Pelo fato dica" bastante, para continuarem, como enviados ~
de que, a sua missão como fiLho de Deus junto à terra ]:?eus, a prática da caridade e os ensinam:z:ttos necessa-
não desmereceu absolutamente a questão hierárquica da rios para a evolução do homem e do espírito, contra a
espíritualtdade, de vez que, segundo as leis divinas, ne- forca de "SAT:ANAZ",rei e senhor das trevas.
cessária ~e tornaria a, sua vinda a este planeta, na ~Para que houvesse esse perfeito equilíbrio, foi que
qualidade de um verdadeiro homem, porém, dmbuído de Deus lªI+çou sobre 'a face da te:ra ar "~UZ :Ç>f\ UMBAN-
qualidades puramente divinas, Como um verdadeiro DA", que forçosamente reunirá todos os elementos do
Deus. "Cosmos Universal", 'integrando-os numa única condi-
ção: "O .A:PERFE[ÇOAMENTOUNIVERSAL".
A essas entidades não se deveria chamar de "Ori- Dia virá em que as próprias talanges do mal se con-
xás", e sim, de príncipes de Deus, pelo fato de que, a cretizarão numa concepção única, unindo-se aos bons,
interpretação dada ao Orixá, é de serem esses elemen- para que se cumpram as Sagradas Escrituras, unifican-
tos considerados como espíritos que passaram pelas di- do-se desta maneira o único reino perfeito, que teve
versas fases da reencarnação, e) pelo fenômeno da LEI início na formação dos mundos, quando Deus prometeu
CARMICA, atingiram a plenitude de suas formas espi- ao homem O' verdadeiro paraíso, ou seja a "GLóRIA
rituais. ETERNA".
Segunda: - Existe nos diversos planos espirituais Desta exposição, concluímos que: na Umbanda,
a segunda concepção que se faz dos espíritos, sendo esta, . propriamente dita,seus Orixás Maiores são representa-
a . designação de "EGUN", que é dada a todo espírito dos pelos clhefes de Cortes, ao passo que seus Oríxás
que abandonou o invólucro material, (espírito de mor- Menores s13..0
todos os espíritos integrantes do "POVO DE
to) e que está sujeito a várias encarnações, dependendo ARUA.l\JDA" ou "Primeiro Céu", de conformidade com
exclusivamente do cumprimento das leis cármícas, as explicações dadas pelas própnías entidades que cola-
Aos Eguns que atingiram a perfeição espíritual Ihes boraram na, confecção desta obra.
é dada pelo Altíssimo a condição de tornarem-se "OR!- Assim, pois, considera a Urnbanda o seu reinado,
XAS", derivando dai o conhecimento que se tematra- tomando-se pOJ,' base a sua verdadeira divisão, integrada
vês das práticas e rituais cultuados nas trmbandas,; de pelas seguintes entidades:
178' ALUIZIO FONTENELLE
A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 179

OBATALA: ~Chefe_ Supremo da Umbanda, Deus, na Como a finalidade deste capítulo é descrever apenas
concepção de: Pai, Filho e Espírito Santo. os orixás da Umbanda, deixo de completar a escala es-
piritual desta seita, uma vez que, iria tratar dos Agen-
JESUS CRISTO - Filho iie Deus - Pai dos Orixâs. tes do Mal e dos espíritos atrasados ou obsessores, ponto
MARIA SANTíSSIMA- Mãe de Jesus Cristo: - Chefe este que não condiz absolutamente com esta parte que
da Corte de Oxum - (Oxum, representando o ES- acabei de citar.
PÍRITO SANTO - 3~ pessoa-de Deus).
ARCANJOS: - São Miguel, São Gabríel, São Rafael,
São Ismael.
ANJOS: - Legião de milhares de espíritos puros, inte-
grantes do Reino de Deus.
SERJAiFINS:- Legião de milhares de espíritos puros,
chefiados pelas legiões de Anjos, sob as ordens de
São Miguel.
ORIXAS .MAIORES: - Milhares de Espíritos purifica- ,
dos pela glória de Deus, inclusive todos os santos
mártires canonizados ou não. pela igreja católica,
que atingiram a plenitude de sua ascensão espiri-
tual. Nesta classe de entidades estão incluídos os
profetas, os apóstolos de Cristo e os reis sábios, que .
na terra tiveram incumbências divinas.
ORIXAS MENORES: - Todo o "Povo de Aruanda", no
qual se encontram os Pretos Velhos, Caboclos, Hín-
duas etc. etc., possuídores de "Luz Espiritual" e
"Força Fluídica", considerados com-o "ENTIDA-
DES" ou "GUIAS ESPIRITUAIS".
ESPíRITOS DE LUZ: - Eguns que atingiram elevado
grau espiritual, embora não possuam ainda "Força·
Pluídíca", e que também são considerados como
"Guias Espirituais". (Não são considerados como
entidades) .
A UMBAND,A 'ATRAVÉS DOS MCULOS 181

são os -veículos príhoípaís que regem esse fenômeno,


e o homem luta tenazmente, procurando na cíência mé-
dica, a eliminação parcial ou total do coeficiente deno-
minado "DOR". Entretanto, com o progresso que se
Vêm vérírícando através dos séculos, Deusvai aos poucos
CAPITULO XV permitindo ao elemento humano, a descoberta de drogas
e tratamentos médicos que nos permitem, pelo menos,
amenizar em grande parte os sofrimentos físicos.
A MEDICINA DO ESPAÇO E O PODER DA
O fenômeno da morte é o responsável pela condição
VONTADE - MAGIA - PASSES E humana, ria qual o homem busca os lenitivos para os
OPERAÇÕES ASTRAIS seus sofrimentos, e o bálsamo para as suas dores. Lu-
tândo tenazmente contra essa forca implacável e des-
Existe em todas as condições da vida humana um truidora que aniquila e destrói, e ~que,aliada ao fator
apego demasiadamente acentuado, no que diz respeito primordial que é a ação do tempo, procura a humani-
ao "instinto 'de conse-rvação". O homem, temeroso da dade sofredora, dentro da religião, uma explicação sa-
morte, procura por todos meios fugir a essa condição tísfatória e os meios de ajustar-se à lei inexorável.
imposta por Deus, e, busca de todas as maneiras esqui- Por outro lado, a ciência, Criadora e benfazeja, tam-
var-se a tudo quanto possa influir na derrocada da sua bém, empresta um pouco da sua sabédoria com a fina-
existência material. Entretanto; vários fatores que di- Íidade única de garantir, pelo menos algum tempo ,a
zem respeito à VIDA CÁ.RlVffCA, têm poder dominante mais, a existência da matéria, que representa a fonte
sobre a vida humana, aos quais o homem, absoluta- vital, da vida material do elemento humano.
mente, jamais poderá fugir. Por essas razões, dizem os espíritas que a "MOR-
Não é somente o fator tempo, que influi nas con- TE É A \t'1DA DA ALMA"; ao passo que outros, ín-
dições físicas e materiais do homem. Grande parte dos terpretam-na das mais variadas maneiras. Para os sá-
nossos males físicos provém das nossas mazelas mo- bios , a morte não existe
. , por ser um fantasma revelado
.
rais, de conformidade>com o dogma mágico, único e uni- horrivelmente pela ignorância e (f~aqueza dos Ieígos.
versal, que está na razão direta da chamada "Lei das A morte, entretanto, é uma mudança de estado, na qual
analogias" . o espírito abandona o corpo f'ísíco para integrar-se pe~~
As grandes paixões humanas, nas quais a humani- feitamente em outra condição mais vantajosa e mais
dade inteira se ímerge, são grandes causas para gran- perfeita.
des males; e, de conformidade com a Lei CÁRMICA, Para os crentes no espírítualísmo, a morte nunca é
os pecados mortais são assim denominados, pelo fato instantânea, devido ao fato de operar-se esse fenômeno
de fazerem morrer física e positivamente os seres hu- em gradações sucessivas, e lentamente, tal como no
manos.
sono, onde o espírito repousa ou se transporta a regiões
A dor física, nada mais ré do que uma condição im-
posta à carne, para a regeneração do espírito, em do astral, fator esse perfeitamente concebível nos traba-
observância às leis que regulam a matéria. Os nervos lhos de materíálízação. .
182
A UMBANDA, ATRAVÉS DOS SÉOULOS 183
De acor~o com as leis espirituais, acredita-se que
a alma esteja presa à matéria, pela sensibilidade· e mos verificar que, diminuindo a sensíbifidade, estamos
u.ma vez cessada essa sensibilidade, cessa a vida m~~ diminuindo a vida, pelo fato de que, tudo o que tiramos
ríal, ou melhor: a alma ou espírito afasta-se. das dores físicas, influenciará forçosamente em proveito
Pelos vários fenômenos psicológicos, e mesmo pelos da morte.
trab~lhos que se processam através do magnetismo, hí- Por outro lado" se em vez de aplicarmos esses entor-
pnotIs:mo, etc., concebemos que o sono magnético é uma pecentes nas operações cirúrgicas, os aplicássemos nos
letargía ou morte fictícia) sendo portanto passível da curativos post-operatóríos, iríamos esbarrar forçosa-
vontade hfuma?a. _No entanto, quando num corpo se mente num contra-senso calamitoso, pois, não seria con-
processa ~ etenzaça.o ou o torpor produzado por entorpe- cebível que em determinados ca.sos, o paciente supor-
cen~es, tais como .0 clorofórmio, éter, etc., essa letargia tasse devidamente a dor. Aí, entraria a questão da mor-
n:mtas ,:eze~termm~ ~uma morte definitiva quando" por te, que é o complemento essencial do fenômeno da dor,
círcunstãneísj, esp.eclals, a alma, sentindo-.se satisfeita quando essa dor atinge ao grau máximo que o ser hu-
pelo seu desprenctJmento passageiro, faz como que um mano pode suportar. Portanto, a morte entra a exercer·
esforç.o para arastar-se definitivamente do seu corpo o seu domínio sobre a matéria, quando a dor assume a
materíaí. sua proporção máxima. A dor representa a luta da
M~ito tem lutado a ciência médica em benefício da vida e, se a retirarmos totalmente da condição humana
humalll.dade, tentando extirpar a dor física· entretanto pelo adormecimento através de entorpecentes, uma ou
se analIsarmos esse fenômeno, iremos enc~ntrar fatal~ outra cousapoderia acontecer: ou a morte do paciente
mente um ponto de vista que contraria sobremaneira as sem a reação do organismo em virtude da ausência da
leis da própria Natureza. dor, ou então, entre o processamento dos curativos, a
_ Se procura~mos examina:- detidamente essa concep- dor voltaria e se tornaria contínua, seguindo-se o ritmo
çao, teremos dOISpontos de vista nos quaís nos devemos natural da própria Natureza.
basear: Em se tratando de espiritismo, mais uma vez as
Primeiro: Será possível abolir-se a dor com o em- forças poderosas do mundo invisível vieram atestar a
prerzo do~ entorpecentes ou: do maçnetismo, para as ope- supremacia dos espíritos, sobre os seres encarnados.
raçoes ctrurçicas ~em aietar os fenômenos físicos?" .. Existe uma força essencialmente desconhecida, e que
Segundo: Será possível abolir-se a dor com a prática pode operar os milagres tão comentados nas manifesta-
à?s entorpecentes, nos casos de curativos post-operaiá- ções espirituais. Esses milagres são os que se conhe-
1"1OS, senu que esses mesmos fenômenos físicos venham cem através da "MEDICINA DO ESP.A!ÇÜ",onde as ta-
,a sofrer qualquer reação? .. langes, tanto do bem como da mal, podem perfeitamen-
. . Tan~o no primeiro como ~o segundo caso, esses pon- te resolver a questão do fenômeno denominado "Dor»,
tos de VIst~_pod~mser perfeítamsnts resolvidos; entre- I/5€ID a necessidade do emprego de qualquer agente ex-
tanto surgrrao ainda algumas considerações que devem terior, que venha a intervir como paliativo no combate
ser levadas em conta, tendo-se por base o seguinte: a essa condição imposta pelas leis de Deus.
. , Empregando nas operações o Clorofórmio ou ou-
tro qualquer entorpecente, bem co~o o magnetismo, va- Os espíritos podem operar e curar qualquer ser hu-
mano, sem a intervenção dolorosa do corte, pelos Pr:?-
184 ÁLUIZIO FO~TE~EtL~ A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 185
cessos materiais. A medicina do espaço, embora muí- deve cultivar o poder da sua mente, na certeza de que
tos a desconheçam, está perfeitamente irmanada nes novos hordzontes lhe abrirão as portas ao bom senso e
fenôn1ieTIios que se dizem espirituais, e hoje em dia, jáé à razão.
comum ver-secam grande êxito, a realização de opera- . Á. medicina espiritual, quando acompanhada de
ções astrais e de curas totalmente radicais, de índiví- forte vibração, só pode trazer benefícios à humanidade,
duos que estavam integralmente desenganados pela me. e estou certo que dia virá no qual grandes descobertas
díeína terrestre. se farão no terreno da medicina material, onde a "DOR"
oassará a um plano de somenos importância.
Aliado à medicina do espaço, está o poder da von- • A evolucão dentro da ciência, há de forçosamente
tade, no qual, o homem sente, através de uma vibração sofrer o seu ~processo de continuidade, e as gerações do
toda especial, as características de uma força também futuro não terão que enfrentar as vicissitudes dos sérios
poderosa, que' o anima e o conduz pelas sendas da es- problemas da DOR FíSICA. ~í então, o ho~em ape-
piritualidade. Essa nova força dominante em todos os nas viverá na terra em cumprímento ao fenômeno da
seres, é a fé no poder curativo das Entidades, a qual. LEI GA.RMICA, onde as futuras reencarnações. passarão
grandemente acentuada, dará ao elemento humano a a exercer-se dentro de um princípio simplesmente as-
convicção e a certeza do êxito total nas curas provoca- eensíonal.
dás pelos espíritos.
':DaIcomo acontece comumente no terreno de todas
ElS praticas e circunstâncias mateniaís onde o homem Um outro fator preponderante na existência huma-
precisa de um ponto de apoio' par.a se firmar, necessário na, tê o que diz respeito à MAGIA, ou melhor: a MAGIA
.se to-:na <lu~ele procure manter a sua concepção, tendo ESPIRITUAL.
em vísta urucam~~te um. desejo forte e perfeito, o qual, Desde os prírnórdíos da exístêncía do mundo, que
baseado, ~uma fe Irre~tn~a) possa conduzí-lo ao perfei- a magia vem exercendo o seu domínio sobre os povos,
to domínio do seu proprio eu. A forca de vontade o baseando-se príncípaímente nos fenômenos que se dizem
d:sejo de obter aquílo que pretende, custe o quecust~r, sobrenaturaís. Entretanto, a verdadeira magia, essa
da aIO h?~e.m nov:as energias, e,uma vez convicto de que magia curadora e benfazeja, nada mais representa do
a sua~e .e maba~a.vel,,grandes progressos se conseguem que uma condição imposta pelas forças da Natureza, na
~~. práticas esp~Tlt)U~is. Não é s~~ente o fator supers- qual o homem, possuíndo dons verdadeiramente supe-
~lÇ~~" que deve, ínfluir nas condIçoes ~'Umanas. Todo níores, pode perfeitamente íntegralízar-se em melhores
~dIVldu,o ~evera cultivar essa força dominante que re- condições.
stde no l~tlmo de cada um, e assim, grandes progressos Numa Umbanda verdadeira e pura, a magia tem a
Ftlcançara n~ terreno das manifestações espirituais, sua grande e poderosa finalidade. Um dos gr~ndes
,aquel~ que f~zer do seu subconsciente uma fonte de princípios no qual se fundamenta a acertada teoria ~o
energIas dommadoras.
"SER OU NÃO SER", está justamente na Alta Magra.
Entretanto, para que se acentue cada vez mais o Todo aquele que conhecer perfeitamente o que sejam
valor das irradiações benéficas que acompanham o ser influências superiores, dominantes na plano material,
humano na sua trajetóriamatérial,ohomem pode e há de forçosamente conhecer as teorias e fundamentos
A UMBAND!l ATRAVÉS DOS SÉCULOS 187
186 ALtirzIo FONTENELL~

nos quaís s~ irmanam as condições do homem perante ó * * *


Criador de todas as causas) o qual numa concepção pu-
ramente perfeita, nada mais praticou do que .a grande Em todas as práticas espirituais, bem como em to-
arte mágica, quando deu início à formação dos mundos. das as condições que ligam os fatores humanos ao cos-
Por esta razão, a Umbanda, quando professada devida- mos universal, existe o dedo mágico de Deus, apontan-
mente, deverá ser bem compreendida, pelo fato de que, da-nos os mistérios que nos envolvem. Assim, os passes
tuda nela se resume unicamente num dogma, o qual se magnéticos dados pelas entidades ou guias espirituais, o
baseia nas revelações e nos cultos da ALTA MAGIA. hipnotismi, as influências causadas pela auto-sugestão,
nada mais representam do que um dogrna místico de
Quem desconhece o que sejam fenômenos espiri- alta magia, onde se apresenta a verdadeira iniciação
tuais, desconhecerá também o que a magia representa cabalístíca, criadora das forças da espirítualidade,
para a evolução da humanidade. Todo e qualquer tra- Quando num terreiro de Umbanda se recebem pas-
balha espiritual, somente é conhecido quando nele en- ses, ou efetuam-se operações e procede-se ao tratamento
trar o fenômeno mágico, pois, magia e ciência se coa- de moléstias por meio de rrtuaís próprios, o fenômeno
dunam perfeitamente. que se apresenta é justamente o fenômeno mágico, onde
a força fluídica se irmana aos poderes mágicos da es-
O que os espíritos praticam, nada mais é do que pirítualídade, sob as ordens das fontes criadoras desses.
pura magia; portanto, necessário se torna que nós.' os poderes, os quais são emanados pela ordem divina, numa
iniciados na Umbanda, procuremos mostrar aos leigos determinação imperiosa de poder e força,
todos os porquês dessa ciência, para que possam com- Na própria significação do termo UMBANDA,essa
preender perfeitamente os fenômen?s. que l~g~~ o es- força ou por outra, essa magia, se faz sentir através das
pírito à matéria, onde o homem se ve ímpossibilitado de sete letras que o compõem, representando um signo CR-
descobrir a razão de ser da sua própria existência, e o balístíco, que envolve todo um exército de forças sobre-
fator que o mantém preso à condição terrena. Aos naturais, dominantes nos diversos planos, que formam'
grandes magos Ines foi dado o domínio do mundo, e o aglomerado das fontes criadoras do homem e da Na-
assim aos espíritos conhecedores profundos dessa tureza.
magn~ ciência, lhes é dado também .o domínio sobre os Estudemos portanto a verdadeira magia que nos é
povos da terra. As ciências ocultas, a magia e todos os transmitida pelos nossos "GUIAS ESPIRITUAIS"; e, es-
fenômenos que cercam a humanidade, são todos oriun- taremos certos de que, o mundo de amanhã, estará a
dos da vontade divina, e por essa razão, no conceito que salvo dos poderes maléficos que acompanham os ho-
fazem todas as religiões, encara-se esse problema de mens através dos espinhosos caminhos que nos condu-
magna ímportncía como a fonte vital que domina as zem pelas sendas tortuosas desta vída material.
criaturas humanas. A Santíssima Trindade, as chaves
do 'I'aro Adívinhatórío, as Clavículas de Salomão, a Pedra Cultuemos uma Umbanda perfeita, onde as concep-
Filosofal, a Medicina Universal etc etc., são mistérios ções que se formulam sobre as entidades espirituais
que envolvem o mundo terreno, onde a MAGIA se faz são de molde a instruir-nos, e nunca a deixar-nos num
representar nitidamente. . mundo de escuridão e ignorância.
A UMBJ\.ND.j\ ATRAVÉS DOS StcULOS 189

na qlJaJ.i~ade,de sábios" repre~entad~s .cabqlistic!1~ente


comó possuidore.s do Manto de Apolõnio; o domínio e o
poder, çle',Cof!tÍ'olaras fo.:rçasocultas ~a Nature~a, ou o
Btl$t.qo mágico dos patriarcas, conhecido nas leí de ka-
ballah.
CAPÍTULO XVI il-a mesma forma que os cabalístas e. os magos, os
perfeitos .íntcíados na ~~i de. Umbanda lidam com a~
forças supremas de espmtuahdade! uma yez qu~ ~s e~
tddades que manobram nas maniíestoções espírítuaís
A UMBANDA INICIÁTICA - OS EXUS
utílízam-se de processos mágicos, ~m tudo semelhantes
E SUAS F ALANGES aos dogmas e rituais da Alta Magza.
Se fizermos uma comparação perfeíta, e levarmos
Compreende-se por iniciação, todos os tra?alhos o~ o
em conta tUdó que se pratica numa sessão de Umba?-
estudos que se fazem, em prol ~e uma determinada sei- da, vamos constatar perfeitamente a semelha~~a. ex;s-
ta ou religião, da qual se procura fazer do seu culto um tente entre uma ínícíação Umbandista e uma nuciaçao
verdadeiro sacerdócio. Por esta razão, toda e qualquer mágica. . .
religião possui ou deve possuir a sua corte de iniciados, Nos rituais de magia, a lâmpada de Trismeglsto alu-
Data que exista verdadeiramente um culto, em toda a mia o presente, o passado e o futuro, mostra~d~ 9: C'0:r:~-
~cepção da palavra. No catolicismo, a passagem, pelos ciência dos homens e preservando as suas condições 11-
semináríos, daqueles que têm a pretensão de ordenar-se sicas quanto aos fenômenos que os ligam materialmente
padres, nada mais exprime do que a INICIAÇÃO sa- à terra. Do mesmo modo ao lançarem as entidades es-
cerdotal. Assim sendo, todo iniciado é um sacerdote da pirituais os seus' "BúZi~s"l: ao riscare~ os s;..eus"P.~tos",
sua religião. Na Umbanda que se pratica ultimamente ao cantarem os seus hinos, nada mais estao pratIc~ndo
no Brasil, essa questão ainda não foi tomada na sua dp que a verdadeira arte mágica. Assim cOJ?oo nume-
devida consideração, pelo fato de que a maioria dos seus .I;Qnove (9) representa Para os mago~ cabalístas o dog-
praticantes, desconhecendo completamente o que seja ma dos reflexos divinos,as 7 (sete) Iínhas de Umbanda
uma verdadeira iniciação, julga não ter a mínima ím- do mesmo.modo exprimem a idéia divina em toda a sua
portância esse fator primordial, que é o verdadeiro co- força, mostrando-nos os sete reinos pu poderes a~trais;
A

nnecímento das leis que dominam és planos espirituais. Nos rituais de Umbanda, o manto de Apolônío esta
representado na índumentáría aprese12tada pelas. enti-
Aos que se dizem iniciados na Alta Magia, concebe-
dades espirituais, ao passo que o bastão dos patrtarcas
se essa iniciação, a todos quantos possuem três fontes
está bem representado e bastante definido nos ponteiros
principais de poder" e que .são: a força da inteligência
esclareeeâora da raéiio, conlíeéída pelos eabalístas como que são atirados sobre os pontos riscados nos trabalhos
a Lâmpada de Trismegisto; o domínio de seus nervos e a
de cruzamentos e demandas espirituais. A arte mágica ••
I
posse plena e intêgraí de si mesmos, que ós éol.oça em da Umbanda é uma ciência que precisa ser bem estuda-
condição de superíorídaãs frente aos seus semelhantes, da, pelo fato de que, ao homem é dada a liberdade de agir
e- de pensar, e, se desconhecer as forças que o cercam,
A UMBAND,A ATRAVÉS DOS SÉCULOS 191
190 ALUIZIO FONTENELLE
tuaís da magia negra, onde a sua mente privileg"ia?a o
h.i.corre:r-ánum lamentável erro, deixando-se arrastar fa- conduz ao perfeito contato com os entes que se dizem
talmente pela inconsciência da sua ignorância. obrenaturais , dominando desta forma as manifestacões.
Denominava-se antigamente de Arte Sacerdotal e dos AGENTES MÁGICOS UNIVERSAIS, mais conneci-
Arte Real à ciência mágica, pelo fato de que a INICIA- dos na gira Umbandísta com o denomínatívo de Exus.
çÃO dav~ ao sábio o domínio sobre as criaturas huma- É preciso que saibamos de onde provém o mal, para
nas e força para dominar a vontade, tornando-se por livrarmo-nos dele. Necessário se torna que! aprofunde-
essa TaJi':ê.D um predestinado eu tre os homens. mos os nossos conhecimentos sobre as condições que re-
Om dos fatores que deve influir forçosamente como gem às incorporações de entidades dos diversos planos
- privilégio de todo iniciado, é o dom da adivinhaçã~, o espirituais, para que não admitamos erros clamorosos,
qual se concebe como sendo.,o c.?m:eciI::en~odos efeitos que vêm de encontro aos preceitos que regem todos os
contidos nas causas e aplicação a ciencia, dos fatos, trabalhos que se praticam na Umbanda, quando essa
conhecidos como dogmas universais, dentro de uma per- Umbanda visa única e exclusivamente a prática do bem.
feita analogia. . , Concebe-se a INICIAÇÃO, como instrução educacio-
Aos iniciados é dado conhecer em resumo, a hístó- nal, na qual o iniciado se instrui mental e espiritual-
ria e a vida de cada homem, pela razão de que cada in- mente nos estudos das faculdades próprias da sua capa-
divíduo traz consigo estampadas na própria rísíonomía, cidade e do seu esforço, em prol de um desenvolvimento
as condições cármicas da sua existência material e es- maior, de percepção e força.
piritual. Por saber-se que o futuro é na ve~~ade .uma Em outras palavras: resume-se a iniciação, em cul-
conseqüência do .passado, con~ebe-se no e.spmt~a!lsl::lO tua r duas espécies ou modalidades de mistérios dogmá-
que, todo espírítísta deve aprimorar a Alta IlllClaQao, tícos, assim concebidos: Iniciação elementar ou a prática
para que o sacerdócio umbandista compreenda perfeita- de mistérios superiores.
mente os altos significados das LEIS ESPIRITUAIS. Na iniciação elementar, os trabalhos não compor-
Ao perfeito iniciado numa seita religiosa, o desco- tam grandes conhecimentos, ao passo que na Alta Ini-
nhecido torna-se urna condição simples de pesquisa,e, ciação, já os estudos dogmátícos são de molde a abran-
os poderes de que se torna imbuído como conhecedor ger altos conhecimentos sobre ciências, metarísíca etc.,
profundo dos dogmas e mistérios da seita, nada mais bem como o desenvolvimento acentuado das práticas
representam do que um ritual comum, que está acos- ocultístas, nas quais se cultuam todos os rituais místí-
tumado a ver, professar e estudar . ' cos que comportam a ciência sagrada, a qual era minis-
, O iniciado não alimenta esperanças absurdas, e tão- trada antigamente nos templos e santuários.
pouco concebe temores duvidosos sobre as manifestações O fato de conceber-se na Umbanda a Alta Inicia-
espirituais, pelo motivo de que, não possuindo crenças ção, não comporta dizer que todo Umbandista deve cul-
desarrazoadas, sabe perfeitamente o que pretende, em- tuar tudo quanto concerne às Ciências Ocultas; pois,
bora muito lhe custe atingir o objetivo desejado. impossível se tomaria essacondição, pela razão que nem
Tornar-se um iniciado é estar a par de todas as todos 00 .que se -aprofundam demasiadamente numa
condições que regem os cultos, e assenhorear-se dos mis- determinada religião, são de rato conhecedores perfeitos
térios que envolvem os fenômenos espirituais. É estar de tudo quanto lhe diz respeito. No entanto, seria pre-
senhor dos segredos que se apresentam nos dogmas e ri-
I ALUIZIO FONTENELLE A:V:rvmA~Dj\. .ATRA Vl!lS - DOS Sl!;CULOS
192
císo que todo Umbandista conhecesse pelo menos a sín- nhecendo profundamente as ENTIDADES, írmanando-
tese dos fenômenos espirituais, a fim de evitar o desmo- se perfeitamente com as condições que ligam o espírito
ronamento dessa concepção religiosa que é, acima de à matéria, tornando-se por assim dizer, um perfeito:"
tudo, perfeita em todos os seus pontos de vista. SACERDOTE' DA UMBANDA. .
Um problema que se mostra por demais complexo Perfeitamente integrados no que diz respeito à INI~
no que diz respeito ao culto umbandista, é justamente a CIAÇÃO, são os adeptos e professantes dos "CANDO--
questão do DESENVOLVIMENTO: _ BLÉS"; sendo porém, a interpretação dada a essa ini-
Geralmente costuma-se mandar para as sessoes de ciação, como uma forma bárbara de cultuar os preceí-
-desenv:olvimen.to, todo e qualquer indivíduo que se apre- tos impostos a essa seita, que nos dias atuais prócura
senta com pequenas qualidades ~e mé~ium, quand? muí- conservar <todasas antigas tradições dos povos que lhe
tas das vezes, essa qualidade nao existe, e o .fenomeno deram a origem. .
que se apresenta é, nada mais nada menos, do que. uma Querem alguns escritores tachar como UMBÀNDA,
questão de animismo, próprio de pessoas mal orienta- esses rituais ínícíátícos dos Candoblés, quando na rea-
das; e, por esta razão, sujeitas a uma série de perturba- lidade, essas práticas jamais se coadunam com a verda-
ções orgânicas que redundam, na maíoria dos casos, em deira finalidade. e práticas observadas numa Umbanda
formidável MISTIFICAÇÃO. cem por cento DIVINA.
. Nma perfeita iniciação umbandísta deveriam ser 'Querer misturar Umbanda, com Candoblé ou Quim~
estudados todos os casos, ,e,8, preparação dos seus sacer- banda, é ' o mesmo que misturar uma fina essência de
dotes poderia passar por três fases perfeitamente dís- perfume ao conteúdo de! um .frasco contendo simples
tintas, para que se conseguisse um êxito relativamente água de uma torneira .
grande no culto dessa doutrina. .. ..- O Candoblé, por- ser uma religião puramente íetí-
Em primeiro lugar proceder-se-ia ao preparo físico chísta, e, pelo fato de sua origem bárbara, pode conter
e mental do iniciado, onde se pudesse desenvolver-lhe no. seu ritual, todas as fantasias exóticas que se costu-
os dons espirituais, evitando dessa maneira O' problema mam apreciar nas camarínhas onde se processam os -ri~
sério da m1stificação, pelo fato de que, não é possível en- tuaís de iniciação das IAÔS. Entretanto, a verdadeira
caixar-se à força um GUIA ESPIRITUAL num médium, Umbanda fogecompletàmente a esses absurdos, e a di-
quando esse médium não possui absolutamente mediu- ferença entre ambas é de molde a não deixar dúvidas
nidade. quanto aos seus preceitos e finalidades. .
A seguir, viria forçosamente a concepção perfeita Já é-tempo de se fazer a separação entre o joio e o
da iluminação espiritual; e esse médium, consciente da trigo, e, todo aquele que porventura desejar conhecer
sua nobre função, passaria a uma outra escola, onde a melhor o que seja de fato Umbanda, procure entre os
doutrina abrangeria um estudo mais minucioso dos te- seus adeptos o que mais conhecimento tiver sobre essa
nômenos físicos e espirituais, que o enquadrariam per- perfeita religião; bem como, procure entre as obras um-
feitamente na sua condição de um perfeito iniciado. bandístas.aquela que maiores e melhores esclarecimen-
Finalmente, dar-se-ia a INICIA:ÇÃO propriamente tos trouxer sobre as suas verdadeiras práticas, desde que
dita; aí então, o médium estaria apto a comunicar-se estejam-escritas dentro de um preceito sincero, honesto,
com as altas camadas dos diversos planos espirituais, co- e.sooretudo perreíto. '
W4.- . " A-L tr I Z I~O· , F O N T E 1'1E L L-E ., A UMBANDA Al'RA VES . DOS SÉCULOS 195
. Que nos '.aqialltará: conhecer profundamente: uma quando 'disse no meu primeiro livro "O ESPIRITISMO
Inlcíação do C'andoblé, quando não pretendemos abso- NO CONCEITO DAS RELIGIõES E A LEI DE UMBAN.,.
lutamenteabraçar essa seita? DA", que outras pedras seriam lançadaa em prol de uma
Melhor será que se conheça o trato' com as coisas CODIFICAÇÃO DA LEI DE UMBANDA, dentro da sua
divinas; €i para isso, mister se ,faz que procuremos den- verdadeira concepção e finalidade.
tro da verdadeira Umbanda um estudo ínicíátíco per-
feito, para chegarmos à conclusão de que será ela a fu-
tura religião que abrangerá todos os povos do universo. OS EXUS E SUAS FALANGES
Nesta época de progresso que ora atravessamos, não
é mais admissível o processo de certos rituais bárbaros Confome disse anteriormente] que um perfeit~ ini-
que não condizem com o meio ambiente ,em que vivemos, ciado na Umbanda deveria conhecer de onde provem o
pois, os' sacrifícios e as perversidades que se' .pratícam mal para Iívrarmo-nos dele, era preciso que esta obra
trazem-nos repugnáncca e estão em completo desacordo conÚvesse, pelo menos, alguns dados sobre o que' se co-
com as Leis Divinas. A matança de animais e outras nhece como AGENTES MAGICOS UNIVERSAIS, e as-
práticas dessa natureza, tão comuns nos cultos do can- sim reportando-me a trabalhos feitos anteriormente, vou
doblé e da Quimbanda, já tiveram a sua razão de ser neste capítulo transcrever alguns dados so~re os ele.
em épocas remotíssimas; porém, com o adiantado grau mentos do mal ou espíritos das trevas, os quais na Um-
de civilização e mesmo com o elevado conceito das pró. banda são conhecidos com o nome de EXUS.
prías entidades espirituais, já não se pode absolutamen- Embora tenha comentado, se bem que sucíntamen-
te conceber . te, nos primeiros capítulos deste livr,o, sobr~ a entldad~
. " Pratiquemos a Alta Magia, a Ciência Astral, e o do mal, denominada EXU, nunca e demais esclarecer
culto da Umbanda, pondo de parte todas essas irregula- outros pormenores dessa entidade, uma v~z que nec~s-
ridades sem ser preciso adotarmos esses rituais bárba- sárío se torna que o perfeito umbandista seja de fato um
ros, uma vez que a verdadeira Umbanda disso não pre- digno sacerdote dessa seIta.' . " .
cisa, e suas entidades espirituais possuem força suficien- , Na terceira parte, capítulo X-O. E~~ através da
te para ~ prática de caridade, sem encenações e misti- sua origem primitiva - seus nomes esotérícos - seus
cismos' absurdos. caracteres eabalístícos ,..--.seus pontos cantados -: .seus
Para uma perfeita iniciação na Umbanda, não será pontos riscados etc, da minha segunda obra espírítua-
apenas com o desenvolvimento de médiuns que se obte- lista intitulada: "EXU", eu disse: ,
rão os resultados desejados. É preciso que esses elemen- , "Por desconhecer completamente qualquer livro ?u
tos sejam doutrinados, instruídos e iniciados verdadeí- tratado que esclar;C€Sse ao PÚ?l!co ~ que de ..fato eX1s~
ramente dentro de tudo quanto diz respeito a essa ídeo- te nas diversas praticas do Espírttualísmo sobre as Entl-,
logía religiosa, para que tenhamos, no futuro, atingido dades do Mal,' que com a denominação de "EXUS''' (Nas
o ponto máximo da nossa condição de perfeitos UMBAN. Leis de Umbanda e Quimbanda) representam o que os
DISTAS; C'atóUcos, Protestantes, etc ., denominam de De,J1ônios
, Esti:>U'ao inteiro dispor de 'quantos queiram comigo ou Anjos Maus, e que na Doutrina de, Karde~ sao cha-
colaborar neste sentido e, mais uma vez,. tomo a arírmar mados. de: EspÍl<itbs, do: Mal (também conhecidos como
A LU IZrO FO: N T E'N E VI,. E A 'UMBANDA ATRAWS. DOS_S~GULOS

espíritos obsessoresj , invocados nos trabalhos de MAGIA subordinados, julgou-se no direito de ser maior que o
NEGRA; resolvi tornar pública mais esta obra, verdadeí- próprio Deus. .. '
ràmente completa, sobre tudo quanto diz respeito. a essas Por castigo foi-lhe imposta a pecha de "EXUD" (que
entidades. , quer dizer: povo traidor), e, enxotado, foi condenado a
Será necessário, entretanto, que se faça um parale- habítar as profundezas da terra, tornando-se esse o seu
lo~ ante~ dei er:tr.armos no ass;mto e~ causa, para que reinado.
nao surjam dúvídas quanto a veracídads das minhas Aos demais anjos maus que acompanharam o seu
afirmativas, de vez que tudo o que aqui foi inserido não chefe na revolta contra Deus, Ioi-lhes dada por ímpo-
é objeto de minha imáginação, e sim, uma exposição real sição a situação de permanecerem sob as ordens do pró-
e verdadeira de como agem esses espíritos das trevas prio Lúcifer, sendo-lhes apontado como habitação. o lado
pelo fato de que, foram as próprias Entidades EspirituaiS oposto ao/EDEN (Paraíso Terrestre), situado no Orien-
que me trouxeram, através das suas explanações filosó- te '- Ilha de Ceílão - permanecendo como espíritos em
ficas ~ doutrínárías, os ensinamentos necessários para a estado embrionário de formação.
organização deste trabalho. Entretanto, a designação de EXUD fOÍ sofrendo mar
,.. Orientado em grande parte pelos meus GUIAS ES- dífícações, e já no original Palli, bem como no original
PffiITUAIS, pelos próprios EXUS, e ainda: aliado ao Hebraico, passou a denominar-se EXUS com a significa-
meu profundo conhecimento sobre a MAGIA, como sa- ção de "POVOS".
cerdote que sou dos diversos cultos de Umbanda; além Nota-se entretanto, que a significação de EXU nes-
de .eonhecedor real de todas as práticas que se exercem ses dois idiomas era empregada especialmente para síg-
nos diversos "terreiros" onde se praticam os "Batuques" nificar um povo menos protegido, isto é: um povo sobre
<CCa n dobl'"
e~! "Otmçeres",
A . "
etc., posso perfeitamente, co-
,

o qual caíra o castigo divino, e: que hoje, a concepção


mo catedrático no assunto, mostrar-ine, o que é verda- desse termo é empregada atualmente, nas Leis. de Umban-
deiramente um EXU. da e Quimbanda" para distinguir as entidades do mal,
<?omo comp~emento deste livro, baseei-me nos co- que dominam os seres quer encarnados quer desencar-
nhecímentos obtidos através de literaturas sobre ALTA nados, que trafegam pelas sendas tumultuosas da pro-
MA(~IAJ,para que ficasse completa a exposição que pre- vação.
t~~dI fazer, bem como procurei orientação em obras re- Com o aparecimento de Adão e Eva, querendo estes
Iígíosas que bem definem a verdade sobre as atividades conhecer justamente o outro lado do EDEN, cuja proi-
dos "G:€NIOS DO MAL":
bição lhes havia sido imposta pelo Criador, foi que se
.A palavra EXU nunca veio do latim e nem tão-pou- originou o "PECADO ORIGINAL", pois ao travarem eo-
co se ,of1~'mou de qualquer língua afrícana, bantu, gêge, nhecimento com o mundo dos Exus, foram por eles ini-
ame-?ndIO, etc. Essa palavra foi pronunciada por Deus ciados na maldade, e a seguir, sentindo-se envergonha-
na l~~gua IJUDICE (língua dos espirritosh quando por dos da sua nudez, procuraram cobrir seus corpos.
ocasIa.o da revolt~ havída nos páramos celestiais, entre Expulsos como foram do Paraíso, ficaram Adão e
o~ ~nJos que. faziam parte da suprema Oorte do Céu; Eva, bem como todos os seus descendentes, à mercê dos
~J~cIfer, o anjo belo, pretendendo a supremacia dos di- Exus, e daí" surgiram na face da Terra todos os males
reítos que lhe outorgara o, Criador,' como .c:hefe dos Seus que atualmente nos afligem.
198 •.. 'ALUIZ:IO ~FO.N.TENELL~E·.

', . Querendo Deus compensar aqueles que naTerra de- iremos forçosamente integrar a poderosa .falange dos
selassem alcançar a redenção de suas almas, impôs ao elementos das trevas.
ho~em. o voto de reger-as a si próprio, procurando no Eles atuam da maneira mais variada possível .. Mos-
,sa~rlfíclQ, no sofrimento e na dor, elevar-ss no Seucon., trám-se mansos como cordeiros, porém o seu íntimo é
ceíto, até que pudesse atingir novamente a plenitude uma gargalhada demoníaca de gozo.
de sua forma" como espírito perfeito. , Poderemos usá-tos também como arma contra os
'Os filhos de Adão e Eva, multiplicando-se por or- malefícios que nos fizeram, pois, interesseiros como são,
.dem do Divino Criador, espalharam-se pela terra, e hoje, tanto se lhes dá que seja nossa ou de outrem, a alma ou
desconhece dores de tudo quanto. encerra o mistério da espírito que pretendem arrastar.
.criação do m~ndo, entregam-se, completamente cegos, a Todo aquele que desconhece as Leis Espirituais, e,
tl!do quanto Julgam poder dominar, sem a mínima no- iludido pelas pregações católicas, protestantes etc. crê
çao de que o liure arbitric que pensam possuir, é apenas aue os praticantes do Espiritismo lidam com Demônios,
uma modalídads de se afundarem cada vez m~is na ín- .está cometendo um grande erro, pois, não possuindo o
'eonscíencía e no desespero. :h9mem força suficiente para controlar os seus maus
.. ~inguém faz ~udo aquilo que quer, pois, uma força instintos, aí sim, é dominado facilmente por esses ele-
supenor no~ ~omma; e, se conseguirmos muitas vezes mentos, e o resultado é sofrer ainda mais as persegui-
um cer~ objetivo, o resultadr, final está aquém da nossa ções das falanges de Exus, fato esse que raramente
v~rdadelra co~preensao, pelo fato de desconhecermos o acontece a quem, cultuando a verdadeira prática do Es-
dia de amanha. piritismo, e, tendo a seu favor a proteção dos Guias Es-
É preciso que se saiba que os Exus exercem desde
pirituais que os dominam e trazem sujeitos às suas von-
.os prímórdíos da criação do mundo, um domínid ínten- 'tades, pode perfeitamente dominar esses Exus, utili-
80 so?~e os homens" e, pela Lei da Compensação, Deus
zando-os como escravos e não como obsessores,
permItIU aios descendentes de Adão e EVa que outros _ - Nà Quimbanda, 0.$ Exus são invocados para os tra-
elementos mais. fortes os dominassem,' porém, esses ele- balhos- de Magia Negra, e os resultados são sempre fu-
mentos, cuja denominação é 'conhecida com diversos nestos, de vez que a inconsciência dos homens é de mol-
nomes, tais como: Entidade,s Guias EspiTituais, Orixâs de a procurar apenas o prejuízo para o seu semelhante.
et.c. l~tam tenazmente contra 03 elementos do mal, É muito comum hoje em dia, mesmo entre os ele:-
para Iívrar-nos das perseguições e de tudo quanto nos mentos da alta sociedade, verem-se casos de larga pro-
retarda o progresso espiritual. :cura aos Quimbandeiros, para que estes realizem traba-
'lhos de "macumbas", "feitiçarias", "despachos!' etc.,
-
Os Exus. possuem força poderosíssíma , e se não to-
marmos CUIdado e nao nos apegarmos aos nossos guias
com a finalidade de conseguirem desmanches de casa-
mentos, aproximações de amantes,enfim, uma série de
espirituais, fracassaremos redondamente na senda pe- "trabalhos" próprios dos Exus, num crescer constante
rigosa que é a existência humana.
de maldade, perversidade e falta de bom senso.
PodeD?-o~ Exus dar-nos forças suficientes para com Pelo exposto, chegamos a uma conclusão de que d_e-
'Q; mal prejUdICarmos [os nossos semelhantes, porém. pro-
vemos conhecer perfeitamente as falanges do, MAL, tao
,vindo essa força dos gênios do mal , se ..nos.-.. descuidarmos
" .. - ., bem como conhecemos as falanges do BEM. ,1
200 A L U IZ I'OFO N 'l' EN E L LE

. '~or não querer expandir-me em tudo quanto diz


respeito ao povo de EXU, prefiro que o caro leitor caso
esteja interessado, adquira a obra anteriormente citada
pois, nela encontrará todos os conhecimentos que dese~
jar obter sobre essa respeitada entidade.
. . Quanto às falanges ~o POVO DE EXU, pelos grá-
rícos :ep~ese?-~a~os no capítulo XII deste livro, onde faço
mençao a dívísão dá Umbanda, encontrará o leitor os CAPÍTULO XVII
principais chefes que dominam na MAGIA NEGRA nas
suas devidas classificações hierárquicas. '
Aconselho a todos quantos pretendem conhecer pro- ,RITUAIS DA UMBANDA - CURANDEIRISMO
fundamente a UMBANDA, que procurem estudar meti-
eülosamente todas as CAUSAS e EFEITOS das manifes- Concebe-se como '''RITUAL'' de uma religião todos
tações espirituais, para que não façam um, conceito errô- os trabalhos práticos que se realizam com relação ao
neo de uma religião que está longe daquilo que, o vulgo culto, os quaís incluem não só a iniciação propriamente
tem pretendido considerar eOOIlO "FEITIÇARIA" ou dita, como também, tudo quanto diz respeito aoproces-
."BAIXO ESPIRITISMO" . -samento da evocação das entidades máximas, onde se
O espiritismo de Allan Kardecl professa a crença e incluem as oferendas etc.
,a evocaçao dos '.'EGUNS" (Espíritos de mortos) , ao passo No nosso caso, por nos interessar apenas o ritual
que a UMBAl'{DA, lida com os verdadeiros espíritos ílu- :da Umbanda, deixaremos de parte as demais religiões,
~~mados, dos quaís muitos nem sequer passaram pelas para tratar única e exclusivamente do culto Umban-
crversas fases de reencarnação. como é o caso de São Mi- 'dista.
guel Arcanjo e sua poderosa falange de Anjos e Serafins Vários são os rituais que se praticam na trmbanda,
:' PCII'essa ~azão é gue se vêem nas práticas da UM.." 'nos quaís muita causa, ou melhor, grande parte é tira-
BA~A os ~mJagre,s tao anunciados, de curas e' graças da de antigas religiões dominantes no mundo inteiro,
obtidas por Intermédio das poderosas forcas do MUNDO 'sendo que, na maioria, essas práticas já eram conhecidas
-ASTRAL SUPERIOR " 'através dos dogmas e rituais da alta magia, e que nos
'. Por sua vez, os "EX"(JS", controlados pelas forças tempos atuais, alguns querem fazer crer terem sido
do B~M, e evocados por Umbandistas que os conhecem .oriundos dos povos africanos.
p~r!elt~mente, também têm feito os seus progressos es- A verdade entretanto, é que, tudo o que se faz COIIl
,pmtuals em busca" da perfeição e do EQUILíBRIO respeito a ritual de Umbanda nada mais representa do
'UNIVERSAL. . que seguír-se-na íntegra, os princípios básicos nos quaís
.a própria Umbanda se fundamenta, aliando-se, aos seus
trabalhos, as operações mágicas conhecidas desde tem-
pos ímemoríais.
., , Tornar-se-ia por demais extenso descrever, aqui,
j',
tudo quanto encerra um ritual de Umbanda; entretan-
-202 ALUIZIO FONTENEL~E 203
to, para que o prezado leitor tome pelo menos algum
conhecimento dessa matéria, vou em poucas palavras Nas leiscabalístic~,s, esse processo de defumàção
procurar elucidar certas práticas Umbandistas, ao mes- também é' usado em suas práticas. para a evocação dos
mo tempo que, comparando-as com alguns processos poderes astrais, do mesmo modo que na Umbanda, o seu
antigos, mostrar a razão de ser dessas práticas, de vez IMSO tem várias significações. Defuma-se um "terreiro"
que, tudo quanto Se concebe em matéria de evocar o e as pessoas presentes, para acobertá-los das más influên-
sobrena tural, tem a sua finalidade e o seu ponto de vis- cias, e para que se tenha bom ôxíto nas manifestações
ta esotérico. ' €liasentidades espirituais.
Para não falar em iniciação, tema este já abordado Nos rituais de alta magia, o emprego dos perfumes
no capítulo XVI, começarei explicando o que represen- e do fogareiro éem grande número, obedecendo en,.
ta um "DEFUMADOR" na Lei de Umban~a, e a finali- tretanto, a sua classificação e uso, conforme as corres-
dade prática que isso representa. pondências planetárias. O incenso pode e deve ser em-
pregado em toda e qualquer operação branca (Magia
DEFUMADOR 19raITca), pelo fato de que seus resultados são de mol-
O defumadol1, por se tratar de um ritual de alta de a-produzir perfeitas manifestações espirituais e boas
magia, tem como principal fundamento o afastaments influências astrais. Ao serem jogados os perfumes ou
dos maus espíritos, que, segundo todas as crenças, são ervas sobre as brasas do fogareiro mágico, deve-se ter
representados por uma tênue fumaça. As queimas de em conta que toda a fumaça produzida traz nas evoca-
.ervas são concebidas como operações mágicas que pos- ções um alto sentido vibratório, pois, através dessaru-
suem um poder natural, superior às forças ordinárias maça, manifestam-se os poderes mágicos eas altas
da Naturza. Por ser de origem antíquíssíma o pro- irradiações das correntes espirituais.
cesso dos def'umadores, trouxe-nos até a época atual Utilizavam-se os antigos dos DEFUMADORES, para
a erença nos poderes benéficos dos perfumes queimados es exorcismos mágicos, nos quais supunham captar
como incenso, e por essa razão, em todos os rituais reli- para si as irradiações dos espíritos de luz. Assim, para
giosos essa prática é concebida, .ínterpretando-sa entre- Saturno, queimavam enxofre; para Júpíter, açafrão;
.tanto por vários modos, essa questão. Na religião cató- para Marte, pimenta; para o Sol, sândalo vermelho;
lica conhece-se o "turiinüo", que simboliza a divindade paravênus, galo; para Mercúrio, mastique; e, finalmen-
-,do Messias por ocasião do seu nascimento, quando os três te para a Lua, aloês.
"REIS MAGOS", além de outros. presentes, lhes ofer- , Pelo fato >depossuir, a queima desses perfumes, um
taram OURO, INCENSO E MIRRA, representando as alto significado, costuma-se, mesmo independentemente
forças da Natureza. O ouro, simbolizando a riqueza da da questão religiosa, queimar "ALFAZEMA" quando
Terr~, e o i~censo e a mirra, como fatores mágicos, e' que nasce uma criança, pela crença de que essa irradiação
só sao queImados, quando em Oferecimento aos verda- :traz-nos alegrias e compensações. Portanto, todo aquele
deiros deUses. que desejar, dentro de sua casa, paz de espírito e boas.
Esses perfumes divinos representavam um alto sen- irradiações espirituais, deverá defumar constantemen-
tido eabalístíco, e o seu uso acobertava dos malefíclos tesua resídêneía, bastando unicamente que o faça cons-
aquele que os utilizava. <:: . -: ciente de queyao fazer esse trabalho, mantém sempre
204 A UMBANDA ATRAVÉS DOS Sl!:CULOS 205
firme o seu conceito, e, procurando equilibrar os seus incremento, .exercia-se o curandeírismo entre: as tribos,
bon~ pessamentos, busque a tranqüilidade de que tanto com a finalidade de curar aqueles que se julgavam en-
precisa. fermos, ou possuídos de seres infernais. Os curandei-
* * * ros eram tidos como sábios, pelo fato de conhecerem
Pelo fato de que as sessões que se costumam rea- profundamente o uso de fórmulas químicas, obtidas
lizar nos "C'ANDOBLES", na "Quimb'anda", e mesmo com a íníusão de ervas e raizes, com as quaís obtinham
em alguns centros Umbandístas, não quer dizer que cer- impressionantes resultados. Por outro lado, os curan-
·tos rituais efetuados nessas seitas, condigam perfeita- deiros das, tríboseram também chamados "feiticeiros",
-. fente com a UMBANDA ESOTÉRICA E INICIATIC:A pelo fato de que praticavam o que o vulgo chamava de
, ., feitiçaria, por traba~harem com as correntes espirituais,
·que procura na verdade eultuar uma Umbanda pura e
·divina. As preparações para a abertura dos terreiros n,a evocaçao de e1}t~dades.demoníacas. Durante o pe-
têm sofrido grandes modificações, e muitas práticas. já r~odo da Idade ~.edla, mais acentuada se tornou a prá-
não são mais admíssíveís; por exemplo: os rituais bár- tíca do curandeirísmo, estendendo-se até o período C'Om"
·baros foram totalmente eliminados. Os amalás foram preendído entre os séculos XV e XIX. .
r~speitados até certo ponto, retirando-se deles a ques- Na época atual, a questão do curandeírísmo deixou
·tão dos sacríf'ícios de animais, com excedo dos "Ebós" quase que praticamente de existir, a não ser nas práti-
de Exu, quando esses ebós visam a prática do bem, e cas exercidas por algunscultos Ieítíceíros, entre eles o
·quando. se trata;: apenas de pequenas aves. A questão "CAN'DOBLtIt".Na Umbanda atual, entretanto, asau-
dos trajes também por seu turno foi modificada conce- toridades policiais exercem uma séria fiscalização nesse
bendo-.se apenas a questão da aparência, evitando-se as sentido, e representa crime contra, a saúde pública à'
rantasías berrantes, que não condizem absolutamente exercício ilegal de medicina, arte dentáría ou farmacêu-
com a questão espiritual. tica, o que preceituam os artigos 283 (Charlatanismo e
234 (Curandeírísmo) , do CódigoPenal Brasileiro .. ,
. '~uanto aos. demai~ processos que fazem parte dos
rl~uaIs umbandístas, tais como: Jôgo de Búzios, 'Pontos Creio eu, que o curandeírísmo jamais deixará 'de"
RIScados, Pontos' Cortados, etc., continuam como parte existir, pois existindo na realidade 0$ Espíritos de Luz
integrante dos trabalhos, por se tratar de alta magia, e os Guias Espirituais, não deixarão eles de ministrar-
exercendo-se entretanto, essas atividades, de acordo com nos os seus passes e receitar-nos os seus remédios feitos
as entidades que porventura dominarem nos diversos com as "macaias" (ervas) por eles conhecidas, que bem
centros ou terreiros. traduzem o perfeito conhecimento que possuem da me-.
dicina do espaço.
CURANDEIRISMO Acompanhemos a evolução da Umbanda, e dia virá
· Concebe-se na Umbnada como "Curanâeirismo", o em que a própria medicina se curvará ante a magia do-
ato que os povos antigos praticavam, no exercício do minadora das poderosas entidades espirituais.
que hoje se concebe como "falsa medicina".
::-~N~s. anti.gas civilizações" onde o progresso era falho
ea prática da medicina ainda não havia tomado, i() seu
~JO!N'GA"da Umbanda, tal como os cabalistas antigos,
nas evocações da ALTA MAGIA, utilizavam-se da cíên-
eía dos signos e símbolos mágicos para a concretização
das suas finalidades.
Na mesma Umbanda de dioje, tal como na Umban-
CAPITULO XVIII da dos princípios do mundo, 0' princípio ativo e passivo
da Natureza' redentora está representado nos símbolos
A ALTA SIGNIFICAÇÃO DOS PONTOS do esoterísmo.
CANTADOS E RISCADOS Adão representou o tetragrama humano, o qual,
ligado ao ternário representado pelo nome de Eva, for-
mau o nome de JEOV A, representando o tetragrama di-
Um dos, pontos mais altos) e de melhor significação vino, que é a palavra mágica por excelência, na concep-
nas Leis de Umbanda, é o que se conhece pelo valor dos ção dos grandes cabalistas.
SeJUs"PONTOS CANTADOS" e "PONTOS RISCADOS". O triângulo de Salomão, significando o absoluto, e
. Em toda a concepção que se fizer de uma religião,
revelado pela palavra, representa o Sol, .que ~e mar:i-
vamos encontrar na "PRECE''', a condição máxima que festa pela sua luz radiante, provando a manírestação
se pode ter para atingirmos, por meio de orações, as eficaz do seu calor. Esse triângulo, ligado a outro"
bênçãos divinas. Sendo a prece uma cerimônia mágica formando uma só figura, representada por uma estrela
de primeira ordem, por se tratar de um ato voluntário de seis (6) raios, forma o que seconhece como o Usigno
que se concebe pelo pensamento, através de um desejo sagrado do selo de Solomão", ou .es~rela brilhaI?-te ~o
de atingirmos os elevados planos espirituais até chegar macrocosmo. O pentagrama, exprímíndo a domínação
ao Deus Supremo; consiste esse ato, apenas, no pronun- do espírito sobre os elementos materiais, dá ao homem
ciamento. de palavras djtadas pelo coração, e,~mbora os poderes de domínio sobre todas as manifestações es-.
contendo quase sempre as mesmas frases, dá ao homem pírítuaís. Assim, de posse dos segredos ocultos 'da Alta
o direito de elevar-se perante os seres dívínos. Magia; e, sabedores dos místéríos que envolvem are •.,
nO mesmo modo, os cãntícos que se entoam numa presentação dos signos cabalístícos representados nos
sessão de Umbanda, são hinos de evocação a um deter- "PONTOS RISOADOS" das entidades espirituais da
minado "Orixá" ou "Falange espiritual". Esses cântícos Umbanda, estarão aptos à compreensão e ao cumprimen-
eu "PONTOS", são as preces que se fazem, quando em to das LEIS D~VINAS.
determinadas condições, pedimos às entidades espírí-
tuais 'a proteção eo apoio de que tanto precisamos. Sob , Para uma perfeita orientação aos leitores, darei. a.
a vibração desses "pontos", baixam os espíritos de luz, seguir uma pequena explicação sobre alguns pont?s ris-
os "Oríxás da Umbanda" e todas as entidades do Astral cados, bem como, outros tantos pontos cantados, ~ pro-
Superior, que, completando com os "PONTOS RISCA- dados bem como outros tantos pontos cantados a pro-:
DOS", finalizam a magãa redentora e amiga, que nos porç~ .que' fo:re~ sendo apresentadas as respectivas
acoberta de todos maleaíeíos. Essa é a maior "MI- nguras,

\
20&: 209,

PONTO DE SANTA RITA -- A Cruz de Cristo tendo em


volta a coroa de espinhos de Jesus crucificado.
PONTO DE SÃO RAF AEL - A cruz de cristo simboli-
zando a fé; a estrela do Oriente; as flexas cruzadas,
indicando a sua afinidade com' as falanges de cabo-
clos; e, finalmente, as três estrelas representativas
da magia, simbolizando os três Reis Magos;
PONTO DE SÃO JOÃO BATISTA - A Cruz-de- Cristo;
a bandeira da fé, cruzada com a lança, slgnífícando
a união com o povo de Ogum e as .raíanges de cabo-
clos; e. finalmente, as duas estrelas que simbolizam a
magia, denominadas como: .GASTOR~E ,--POLLUX,
símbolo dos gêmeos. '
FONTO DE XANGô:-Acruz;aBíblia je o raio 'cruzado
com a flexa, simbolizando o cruzamento das forças
da Natureza em as talangeaespírítuaís do.povode
Aruanda.
Figura 1 PONTO CANTADO DE' OXALA
(Festa de caboclos - descarga)
Na figura 1, vemos representados nove (9) pontos
riscados" 08 quais, a contar da esquerda para a direita,' Jesus nosso redentor,'
partindo de cima, são: Desceu para nos salvar,
A CRUZ - que representa a fé. Chegaram os "Caboclos de Aruanda",
A ANCORA - que .significa a esperança. Que vieram descarregar.
O CORAÇÃO - que nos dá o exemplo do maior de todos Mais uma pemba, mais uma guia,
os sentimentos humanos, que é a caridade. Meu 'pâl, diga o que é,
Esses três pontos são de Oxalá. São todos "Caboclos de Aruanda"
A seguir, vemos o ponto de Maria Santíssima, re- Que vieram salvar fílhos.de fé.
presentado por um coração circundado por uma coroa . ~.

de espinhos, 'simbolizando a passagem de seu filho Jesus PONTO CANTADO DE MARIA SANTfSSIMA
Cristo, rumo ao calvárío, Maria nossa mãe extremosa!
PON'I10 DE N. S. DAS DORES - representado por um, Baixai, baixaí como a rosa.'
coração trespassado por um punhal, símbollzando Anda ver nosso povo de Aruanda,
a dor. . .
Trabalhando no gongál '..:
-'
210
ALurZIQ '~ONTE~ELL~
A UMBANDA ATRAWS DOS SltCULOS 211
,Pe~a ~oss~ L-ei de Umbandal
Bal~al, baíxaí como a rosa,
Ma.fla. nossa mãe extremosa,
BaIXal, baíxaí como a rosa.

PONTo CANTADO,DE SÃO RAFAEL


(Pretos velhos)
Ora viva Sã,o Rafaé
Na Linha de Umbanda
Q;ue_vem saravá. ~ .
-Ora viva; São-Rafaé
Na cangíra de preto
Ele vem trabaiá.
,', - P0N'I10· CAN'1''' n.A' DE '
,. '.' .n..uv ' SÃO JOÃO BATISTA
S~. João Batista' é vem,
MInha gente,
Vem cb.egando de Aruanda
Salve a fé e a caridade,
S~Ive o povo de Umbanda.
Sao, João Batista é vem minha gente Figura 2,
Vem chegando de Aruanda .' Na figura 2, vêem-se representados também nove
Salve o P9vo'cor de rasá ' , (9) pontos riscados, os quais trazem as seguintes sígní-
Salve os f,llhos de tfmba~da. tícações:
PONTO CANTADo- .DEXANGó (Exaltação)' .• ' PONO DE OXOCE - Oríxá da Umbanda, chefe da 4:]-
linha - Deus da Caça, Orâxá das Matas. Seu ponto
Qua~do a lua aparece, está representado por uma 'cruz de reflexos, tendo
O Ieão da mata roncou' duas flexas cruzadas simbolizando as falanges de
A passaI'ada estremece ' caboclos, estando a cruz circundada por quatro es-
Olha a cobra coral qu~ piou piou píou trelas, que cabalístícamente representam os plane-
Olha a coral piou. " L 1
tas: Maxte, Baturno, Vênus e Júpiter,
Salve o povo de Ganga ô, '
Chego,UI seu rei de Umbanda, PONTO DE COSME E DAMIÃO - A fé, representada
~rava, nosso pai, Xangô. pela cruz com degraus e o coraçãosígnítícando ,Q.
. . carídade; '
212: -4:L U_I Z I O FO N 'r E N E LL E-
A UMBANDA ATRAVÉS nos Sll':CULOS . 213
PONTO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS _ (S'emirom-
ba - frades) - representado simbolicamente pela Linhas'
Oxalá, OXUni, Ogum e, Ox6ce;
cruz, tendo nos braços os rosários da fé e da carí- mente de 4 tidade (Caboclo Aimore), pede
,
dade. São Francisco de Assis faz parte da Legião indicando que e~sa en 1 atro entidades máxí-
de Semiromba, como Oríxá pertencente à 7'J-legião -a proteção ou ajuda dessas q~ degraus, significa a
mas da Umbanda. A cruz C?
que compõe a LINHA DiE OXALA (l'J-linha da Um-
banda). elevação espiritw:l des.:a entIda~~ á:
linha de Oxa-
pedida. a Ma~
lá O coração, simboliza a cdan a 'a bandeira de
:.. O A flecha cruza a com '
mae
Ogum, xum.
repre~e nta a f~rça espiritual onde se írma-
PAI FRANCISCO.--. LINHA DE XANOO _ Ponto riscado
nam os Orixas Oxoce e Ogum. _ _
da entidade espiritual que atendo pelo nome de Pai
Francisco de Loanâa, o qual traz como significado
o trabálho :executado sob a proteção de Xangô. A Ponto usual riscado pela entidade
CABOCLO ZURI - t - , falange de Oxoce,
Cruz de Cristo, vendo-se nela enrolada uma cobra, (Caboclo Zuri),. pertencenr~U:a ou "fechamento do
significa que o trabalho foi feito no ritual da Alta
Magia, para fins de cura, contando ainda com a quase sempre feIt~~afea~:monstra a sua afinidade
terreiro onde esse f 1e s espirituais . Linha da
Proteção dos povos do Oriente, representados pelas com as seguintes a ange ." fIe
três estrelas; e, ainda, pelas falanges de caboclos e magia, representada pela cob~a e~o~~a::t:~~bO:
sob a proteção de Ogum, indicados pela seta e a . cha termin~da na parte ~~pevlor fle~has cruzadas.
bandeira (cruzadas).
lizando a h~ha d~r~~:i~b:U d~ra:balhosexecuÜl;doS
representan
por Oxoce; aso dauas e strelas simbolizando a interf.e-
CABOCLO DE INH.ANÇA- Ponto de uma entidade cabo- . . te de-
A • vos orientais' a escada com se
.

- ela, no qual a sua característica (duas flechas cru- rencia -dos po tando os sete (7) planos espi-rituais;
zadas) indica que o trabalho que executa ou exe- gra~s, re~~~~encircundando esses símbolos, um ~ir-
cutou, teve a proteção de Inhançã (raio), assistido ~~l~n!~ost~ de semicírculos representando as m ..._
pelo povo do Oriente (4 estrelas), representando 4 fluências do povo do mar. . .
planetas. _

ul ) Ponto riscado na Lei de


COSME E DAMIAO - INHANÇA - Ponto cruzado no qual SAlO LAZARO (Om u tidade Lázaro, representada
as falanges de Cosmo e Damião trabalb(aram com Quimbanda, ond~ a-be~a com Exu, Omulu, repre-
pela vela acesa, ra a d num desman-
a proteção de Inhançã, representado pela cruz de sentados pelos dois tridentes cruza ~'negra. (Quàn-
Cristo (pedido de proteção a Oxalá) e o símbolo das
forças da Natureza (dois raios cruzados). che de t.rabalho ex~;a:s°t'á n~i~~~ para o lado de
do o trídente de, a bem' ao passo que quando
CABOCLO AIMO~ ~ Ponto usual-da entidade perten-
cima, o trabalho e par ,0. !'r íustamente o
está em sentido con~rar:o, sigm ~c~d~nte podendo
cente à falangede Oxoee, representado pelo -cruza~ inverso No caso da direção desse ri .' - 'Ou
o trab~o estar sendo .dirigido com fms.bons
A ÜMBANDA 'ATRAVll:SDOS StÓULOS' 21$
214
maus, d~pende.lldo apenas da evocação que se faça, Como ele vemcon tente Semiromba,
onde ~X1sta.a ínteríerêncía de outras entidades). A Trazendo a nossa redenção
questão da mterpretação desses pontos é muito vaga, Semiromba.
e muitas vezes, será preferível que as próprias entí-
dades os traduzam para aqueles que os observam
em trabalhos. PlO~1TO CANTADO DO CABOCLO AIMO~

PONTO C.AJl..TlTADO DE, OXOCE A minha gonga tá roncando


Lá na mata.
Eu vi chover, Ta roneando p'ra salvar
Eu vi relampear, Filhos de fé.
Mas mesmo assim, Ronca, ronca, ronca,
O céu estava azul. Minha gonga
Samborê pemba p'ra chamar a minha tribo
Folha de Jurema, Aímoré.
Oxoce é dono do Maracajá (bis)
Oxoce é dono do Maracajá (bis)
PONTO 00 CABOCLO TUPAH1BA (Filho de Aimoré)
PONTO CAN,rADO DE GOSME E DAMIAO
Nós somos dois guerreiros,
(Na irradiação da faZange do mar) Dois irmãos untdos,
Meu nome é TUpahíba,
São cosme e São Damíão Sou filho de Aímoré.
,sua Santa já chegou; Lá na tribo Guarani
Viela do fundo do mar, Meu irmão chama Perí . (bis)
Que Santa Bárbara mandou
Dois, dois, Sereia do Mar!. ~. PONTO CANTADO DO CABOCLO ZURI
Do~s, dos, Mamãe Iemanjál. . ,
, DOIS, dois, Sereia do Marl ... Chegou, já cheg,oiUque eu vi,
Dois, dois, meu pai Oxalá. O caboclo Zuri
E Oxoce eu vi"
',PONTO CANTADO DE SAO FRANCISCO DE ASs1s Em nome de Jesus,
Vem ajudar seus filhos
(Semiromba) J A carregar a cruz (bis)
~~...Deus te guie Zuri,
Sen'liromba é vem, semíromba .... ..0:"Deus tedê multa luz (bis). 0.0.
.,-o'Com a cruz na mão semtrombe.
o ,
~l6 AL U I ,"l
..'."""" Z O , ..I<: Q. t{..:r E)'f:ª~!-~Ji:
A UMl3ANPA A.TRAV:éS DOS SeCULOS 217
PONTO C~.ADO DE SÃO LAZARO
flecha apontando para a Estrela Guia, represen-
(Na irradiação de :Omulu) tando as forças ocultas do reino de Obatalá. A cruz
~iI?bo1iza a fé, instituindo o dogma místico, "Quem
Dé, ré, é dá é dé .. e Igual a Deus?"".
Ora dança Omulu'
l!: dê dá. (bis)

~<?(f)
é-

PONTO DE SÃO GABRIEL ~ Traz no seu símbolo, o


bastão mágico do esoterísmo, cruzado por duas fle-
chas apontando para duas estrelas que representam
..
.'f. . ." ..,..
'"',,"1. ~~: ..
, ~
Ô·,...••.
~ os planetas Mercúrio e Marte, tendo o sol, repre-
*
"o.

. . *- sentando a torça criadora da aNtureza. A cruz re-


presenta a fé, dndicando os místéríos que acompa-
nhariam a passagem de orísto pela terra .

" .".."..
'~'.-* '~i·' '"
..... 4••••. PONTO DE SÃO JOãO BATISTA - Este outro ponto
de São. João· Batista, representa um símbolo esoté-
,).( . íF rico no qual essa entidade máxima chefia a falange
.... do povodo Oriente, representado pela estrela maior,

~.@.~l®'~*&o"v~
+ •
(~. . '. .."
.'
.'
.
"
:.~..tendo apontado para o vértice uma seta, que sígní-
.ríca a força víbratóría das falanges de oxoce, As
três. estrelas menores, representam o triângulo má-
~~~ ..gico evocativo dos mistérios da Santíssima Trindade

CD®'.:
. . . ""

,~.... ----..:-
Pai; Filho e Espírito Santo. As duas cruzes sim-
bolizam a fé na significação da ínícíação de Cristo

0'0 _\
'f\A
..
~."'
:\6/.f J :,:
como mestre, e São João Batista, como seu pre-
.:cursor.· ..

Figura 3 .
-P0N'I10 DE ZARTU - O INDIANO - Símbolo de uma
risca~~ figura ~, vemos repre.sentados doze (12) pontos entidade trabalhadora do povo do Oriente .-. ·3~ li-
. s, os quais, contando-se de cima p baí . nha da Umbanda, onde Zartu é o chefe da l .. a legíão
dIreção da esquerda para a direita ..' ara aixo, e na componente dessa linha. A Estrela Guia, representa
• J vamos encontrar:
a Alta Magia; as duas lanças cr:uzadas, símnouzam
FONTO DE SÃO MIGUEL ARCANJO' . ".. as falanges por ele dirigidas (Rabis, Maometa-
pela balan' . ~ Representado éPOS, etc.); o. meio ciclo lunar significa o esoterismo
. " ça cruzada por uma-espada !lame'ante
:;p~r:~
sIgnülCando a .J:orça dlV1~a dJl. j}.1;$.t~,Çal~e um~ :. ~:.~La.estrela com cauda, a íorça espiritual dos mon-
ges. (Lei de Kaballah). .
218 '.. A L U I Z 1:o"ít' 6 N T EN E L L E A UMB'AND,A ATRAVES DOS SÉCULOS 21~

PONTO DE 'SÃO JORGE DE RONDA - Duas espadas PONTO DE' QUlRIIvú3ó - Sírilbo16 de amarração de
de Ogum, cruzadas, tendo ao alto a Estrela Guia, . trabalhos, com a flecha apont~ndo para a Estrela
e embaixo a cruz de Cristo. Este ponto traz a sig- . D'Alva, designando a Alta Magla.
. .
nificação de trabalhos, nos quais está vigilante a
entidade ou "Orixá" Ogum. PONTO DO REI .cONGO - A Estrela da Manh~ (es~
trela branca), cruzada por duas, la~ças, e círcun-
dada por quatro (4) cruzes cabal1stlcas. Ponto má:
PON'TlO DOS íND[OS CARAíBAS - Ponto de um caci- ximo do Chefe da falange do povo do Congo (ReI
. que da falange dos caboclos que trabalham na Lei
Congo).
de Umbanda, representando um trabalho no qual
estão representadas as forças do Oriente representa-
das pela estrela do centro, com um arco e flecha
dirigindo o seu pedido ou ponto de firmeza para o
reino de Obatalá. Circundando a estrela maior, en-
contram-se quatro (4) pequenas estrelas, simboli-
zando os quatro signos de Zodíaco.

PONTOS DO POVO DA COSTA r- (Pai Cabinda) - Pon-


to riscado pela entidade Preto Velho Pai Cabinda,
significando a magia, representada pela Cl'UZ de
Cristo, a estrela do Oriente; três pontos mágicos; e,
circundando esses signos, rum triângulo que repre-
senta a força envolvente do dogma instituído como
~ .,. o segredo das pirâmides.
....,...~

BONTO DE JOÃO BATUJ!:- O círculo esotéríco, envol-


vendo a Estrela Guia.

PONTO :DE JOÃO BANGUU': - Símbolo da cruz, cru-


. _ -.zada com duas lanças. Entidade pertencente à Li-
:-. .ziha de Santo ou de Oxalá (1~linha da Umbanda),

PONTO DE VOVó LUIZA - Entidade Preta Velha, tra ... Figura 4


balhando na ltnna de Congo. Ponto cruzado de duas
: ~... lanças unidas nas extremidades com uma corrente,
'Significando a interferência dos povos africanos de .:~ : Na figura 4, estão repre~enta~os 12 pontoarãsce-
várias raças. . . dos, os quaís são aS&im",constltuidos: -" ....
A UMBANDA· AT·RAVÉS DOS· SÉCULos 221..
220

PONTO DE SANTO ANTONIO. (Amarração) - Traba~ PONTO DO CABOCLO VIRA MUNDO - Ponto máxímo
lho feito por uma entidade da Unha de Santo An- da entidade VIRA MUNDO (caboclo de Oxoce). A
tônio, mostrando o símbolo de amarração cruzado rosa dos ventos (Lei de Kaballah) dirigida pela fle-
por duas flechas, indicativas da falange de caboclos cha característica do povo das matas.
trabalhadores da Linha de Oxoce,
PONTO DO CABOCLO Da VENTO - Três flechas cru-
PONTO DE PAI JOSlÉ DE ARUANDA - Ponto de preto zadas (caboclos de Oxoce) , estando a do centro di-
velho, representando o símbolo esotéríco dá sua ra- rigida para a Estrela Guia. As linhas curvase em
Iange cruzado com a falange de caboclos; represen- sentido paralelo, Indícam os planos astrais domina-
tada pela rlecha apontando para cima, em pedido dores dos fenômenos atmosféricos (ventos).
de 'Proteção.

PONTO DE PAI VELHa r- Ponto de preto velho, repre- PONTO DO CABOCLO JAVARI - Signo de .Salomão,
sentado pelo pentágono cabalístíco significando a .dirigido pela ríecna característica dos caboclos da
magia, tendo no centro' a cruz de Cristo, símbolo linha de Oxoce, apontando para uma pequena estre-
da fé. Ia representando a irradiação do povo do Oriente.
PONTO DE PAI JOBA - O Z de Zoroastro (signo caba-
Iístíco) ladeado por duas cruzes representando o PONTO DO CABOCLO URUCUTANGO,-- Caboclo da
princípio e o fim (o alfa e o ômega). Ponto de preto falange de Oxoce das Matas. Ponto máximo dessa
velho, pertencente ao Povo do Congo. entidade vendo-se dois círculos concêntricos cruza-
dos por ~eis flechas dirigidas para os lados direito e
PlONTO DE PAI AGOLó - (Zudus) - Símbolo do Chefe esquerdo, significando a união ele todas as forças
dos pretos Zulus. Trabalho de Alta Magia represen- da Natureza.
tado pelo ponto de amarração.. irradiado para o
Povo do Oriente.
PONTO DE OXOCE CAÇADOR - O arco e a flecha sim-
PONTO DE TIA MARIA -.-- Ponto de preta velha (Povo bóücos do Deus da caça. A estrela indicada pela
de Minas). A Estrela Guia, dominando as três pedras flecha, significa que essa entidade "Oríxá", pede au-
mágicas, terminando cOpI a lança do povo do Congo xílio ao Plavo do Oriente, ao passo que a estrela
em ziguezague (Interferência de 'Inhançã) . situada na corda do arco, representa o domínio do
astro que determina o trabalho.' A segunda flecha
PONTO DO CABOCLO TARTARUGA DO PARA - En- (fora do arco) representa a proteção e indica que o
tidade cabocla representada pela. flecha caracterís- trabalho a ser executado requer persistência, para
tica do povo de Oxoce rdirigíndc o triângulo ésoté- que tenha: bom êxito. .
rico representadona.Alta Magia.
" A L'UI Z I O .F,O NT E N EL,trE'
A UMBANl'A ATR.4V$S DOS.S$:Om:..os
,'PONTO CANTADO DE SANTo ANI'óNI:O
Na figura 5, vemos os seguintes ~ontos riscados:

(AbertUra de Trabalhos)

Santo Antônio é de ouro tino (bis)


S'USpende a bandeira '
Que vamos trabalhar (ou encerrar)
Santo Antônio é de ouro f,ino (bis)
Arria a bandeira
Que vamos encerrar.

PONTO DE PAI JOBA (Preto. Velho)

Hoje é noite de alegria,


E o galínho já cantou.
Trazia a fita nos pés)
E a cruzlnha do Senhor.
!É de congo, é de congo, é de congo
É de congo,
No terreiro de Umbanda FUgura 5
Preto Joba já baixou.
(É de congo, é de congo, é de congo PONTO DO CABOCLO GUARA - (Caboclo da fala~ge
É de congo, de Oxoce) . Quatro flechas dispostas em sentido
No terreiro de Umbanda longitudinal e, paralelas, dírígídas por quatro estr~-
A proteção de Deus baixou. Ias menores, sIgnificando a orIge~ dos astros dO~lll-
nantes, guiados pela estrela maior (E?~rela. GUla),
símbolo que justifica as afL'1i~ades espírítuaís dessa
PONTO DE OXOCE DAS MATAS - Três flechas em entidade, com a linha do oríente.
círculo, indicando o símbolo da falange de Oxoce,
cortadas por um arco, e no centro deste, a estrela PONTO DO OXOCE ROMP~MA'I10 - O triângulo e~o-
do Oriente, significando a interferência- desse povo , téríco de Salomão tendo ao centro a Estrela GUla,
nos trabalhos realizados. ' dirigida pela flecha, em direção ao reino de Obatalã,
(CabQC1QÇta falange de Oxoee), , .
A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 225
o;: _- : :\
· ALUI Z 10 F Ó N TE N Ei;J.,'E' . r" .••. ~, . -. • : : ~. : _ :~

;PONTODÓ POVO DA BAHIA- SENHOR DO BONFIM PONTO DE SA .MiARIADE PAI BENEDITO :......,.:; .~(Preta
- Ponto esotéríco representado pelas falanges de velha que se apresenta trabalhando em duas linhas:
pretos velhos, onde a cruz representa o símbolo da Linha de Oongo, cruzada com o Povo' de.,Minas).
fé (Oxalá - Senhor do Bonfim), e o quadrado cor- Quatro lanças de Congo, dispostas 'eni sen1lidcrin-
tado em diagonal, simboliza esoterícamente as ia- verso uma da outra, e dil'ligidas pela Estrela'.Guia.
langes dos povos Bantus.
P0N'I10 DE SÃO BENfll}DlTO - (Entidades caboclas) -
PONTO DE PAI JOBIM - (Preto velho da falange de Três flechas dirigidas para Oxalá e cruzadas sobre
Oxalá). O quadrado esotéríco da falange, colocado o símbolo de amarração (ponto místico utilizado
em sentido vertical, tendo ao centro o símbo.lo de pelas entidades pretos velhos, em trabalhos de Ma~
a~arração, dirigido por uma plecha de Oxoce, síg- gia branca ou Magia Negra" conforme a direção
nírícando que o trabalho foi feito com a 'proteção dada à terminação da linlha onde termina o .cara-
de Exu, pejo fato de estarem, esses sinais, cortados col). Esse ponto significa que o trabalho fói reali-
por duas linhas que se cruzam, terminando essas zado com a proteção das entidades (Pretos Velhos)
linhas por uma pequena cruz. qrue trabalham na linha de Oxalá, onde SaoBene-
dito é o chefe espiritual da Legião que tem o seu
P0N'I10 DE MARIA REDONDA - (Preta velha da ia- nome.
lange do povo de oongo). Dois ponteiros colocados
em sentido oposto um ao outro, tendo ao centro o
símbolo de segurança' ou' ponto central, onde geral- PONTO DE TIO AN'J1ôNío - Preto velho da linha de
Congo. Ponto 'Usual dessa entidade, onde se desta-
mente é colocado um copo com água.
cam as duas lanças de congo cruzadas, dirigidas
pela estrela do Oriente (povos níndus). A cobra,
PONTO DE MARIA CONGA- A chave de Xangô Agojô
simboliza' os trabalhos de magia ou curandeirismo.
(São Pedro), cruzada por duas lanças representati-
vas do povo do Congo. (Ponto usual dessa entidade).
PONTO DE TIA MARIADE MINAS- A cruz de Cristo, PONTO CANTADODE SÃO BENEDITO
colocada no vértice do triângulo de Salomão, repre-
senta o trabalho de Alta Mag.ia, confirmado pela Oh! que santo é aquele
Estrela do Oriente (Proteção dos povos híndus). Que vem acolá? ..
É São Benedito,
PONTO DE PAI JOÃO DE MINAS - A cruz de Cristo , Que vem ajudá!
colocada no vértice de dois triângulos concêntricos, Oh! que santo é aquele
significa que essa entidade trabalha na falange de QUe vem acolá?!
Oxalá, pelo fato de ter a proteção da Estrela Guia. ~ São Benedito
Essa entidade pertenceao Povo de Minas, e pratica Que vem trabalhá.
a Alta Magia. .
A UMBANDA ATRAVÉS DOS S OUI,
226 ALUIZIO FONTENELLE
Na figura 6, vemos representados 12 pontos '1:1 Ur
dos, OS quais podem ser interpretados da seguinte ma-
neira:
Nossa mata tem folhas ...
Tem rosário 'de, Nossa S~nhora., PONTO DO PO~O DA BAHIA NA CANGIRA - Ponto
Arooira de. São :Benedito, de trabalho do Candoblé baiano, onde está re-
São Benedito que nos valha presentado o símbolo da Magia, vendo-se duas tle-
Nesta hora. eblas cruzadas em direção do reino de Exu, ladeadas
por duas estrelas representativas dos povos do ori-
PONTO DE1 PAI BiE,NEDITO. (P-retos VelhOs) ente e Ocidente.
Salve o. Rei, salve o Rei, P0N!10 CRUZADODE INHANÇÃ E XANGó - Símbolo
Bênedito rio terreiro, no qual a entidade cabocla da falange de Inhançã
Salve o. Rei. . pede a proteção de Xangô. A:E.stre1ada Manhã (es-
Saivê. Eei,
,.' '" _. 4
ai
.-... j,
sai'fe 0 ~~i,
).. '~' •• J - •
trela branca), tendo no centro o falia e três estrelas
Benedito no terreiro, menores, representa o domínio de Inhançã, pelas for-
'. %a\v~Zámb~ ~i. ' ças vivas da Natureza; ao passo que as duas flechas
cruzadas por trás da estrela, em direção aos lados
direito e esquerdo, simbolizam o povo de Oxoce. A
entidade Xangô está representada pelo raio de
Inhançã apontando para baixo, e pela estrela branca.

PO~O DlE B~I.ANA DE MISSANGAS ~ Entdade que


Negra, representado pelos tridentes deExu, em-
zados sobre o bastão mágico do esoterismo.

P0NIJ;'O D~ BAIANA DE HJISSANGAS- Entidade que


trabalíha na linha de povo doCongo, com a seguin-
te interpretação: A cruz do Senhor do Bonfim (p0-
vo da Bahía): a Estrela Gu.ia; e, o rosário tendo no
centro uma estrela simboliza a falange de SemironL
ba (frades). O mar" representa a irradiação da fa-
Iange do Povo do Mar, na evocação de N. S. dos
Navegantes. (Iemanjá) .

PONTO PE JIMBA.R.U~ - Ent,idade que trabalha na


linha do Oriente, cruzada com as Ialanges de Ogum.
Figura 6"
228, ALUIZIO FONTENELLE
A UMBANDA ÀTRAVÉS DOS SÉCULOS 220
Três flechas cruzadas (Oxoce) ; crescente lunar
, (Orien~e); quatro estrelas (planetas dominantes). do povo do Oriente, representado pelo trabalho má-
gico indicado pelas flechas cruzadas drrígãndo-se
PONTO DO POVO DE JANGUAR - Entidade cabocla de para dois astros (estrelas), e uma pequena flecha
da entidade Exu, dirigida para uma espiral, que simboliza a força
magnética. A Estrela Guia (embaixo), dirige o tra-
PONTO DO POVO DE JANGlUAR - Entidade caboclo de balho. IDntidade da falange de Oxoce.
Oxoce, cruzada com o povo do Oriente. Flechas em
direções e sentidos contrári~s, sigllJific~~ trabalhos PONTO CANTI'ADO DE E~U GIRA-MUNDO
de magia, assistidos pelos sunbolos magicos .repre-
sentados pelo crescente lunar :e: a; Estrela GUla. EU quero vê corrê,
Eu quero vê balanciá ...
PONTO DO CABOCLO DA PEDRA BRANCA - Entida- Chegô Exu Gira-Mundo
de cabocla que trabalha na linha do Oriente. A fle- Que vem na Umbanda trabaiá.
cha, representa o povo de Oxoce, drigindo o símbo-
lo hindu (estrela do Oriente). PONTO DO CABOOLO DA SERRA NEGRA

PON'l1OS DOS CABOClJOS 'i1APUIAS -. Falanges de


o meu grito de guerra
Reboou lá na mata, Iá na serra,
caboclos pertencentes à linha de Ogum, cruzados
O meu grito _de guerra
com a talange de. Oxoce, e que trabalham na linha
da magia (S. Cípríano). Ponto usual dessas enti- Lá na terra ecoou,
dades. Saravando todo o povo de Umbanda,
O Caboclo da Serra Negra,
PONT,O DOS OABOCLIOS TAMOIOS - Ponto usual des- Chegou! Chegou!
sas entidades, trabalhadoras da falange de Oxoce.
A flecha dírigída pará o reino 'de Exu, e dirigida P0N'J10S DOS TAMOIOS
pela Estrela Guia, significa que o trabalho executa- .Eu sou caboclo, eu sou Tamoio,
do foi de demanda espiritual, tendo a confirmação Eu venho lá de Aruanda.
dos dois planetas (estrelas).' - Eu sou caboclo, eu sou Tamoio,
PQN'J10 DO CABOCLO ÁGUIA BRANCA.:.- Caboclo de Eu venho lá de Aruanda.
Oxoce (ponto usual da entidade). Uma flecha gran- Eu sou caboclo, o meu nome é Grajaúna
de, díríglda para a Estrela Guia; três flechàs meno- Eu sou Tamoío, eu sou Guerreiro de Umbanda.
res, .apontando para um círculo e um semicírculo, PONTO DO CABOCLO ÁGUIA BRANCA
indicam o signo mágico das forças naturais.
Aguia Branca, que vem de Aruanda,
PONTO DO CABOCLO DA SERRA NEGRA - Ponto ôi. .. vem sozinho
usual dessa entidade, onde se percebe a influência Porém, apitando três vezes,
Sua falange vem ajudar!
A UMBANDA ATRAVÉS DOS S'ÉCULOS 231
430 ALUIZIO FONTENELL'E

representa o. ponto esotérico do Caboclo da Lua. O


sol, é a representação smbólíca do Caboclo do Sol.
A flecna, traçada sobre o símêôío -de ámarraçâo, e
apontando para a Estrela Guia, signifi'ca que o Povo
de dgum é o dirigenteesplntual 'dessas duas enti-
dades.

rosno DO CABOClJODA PEDRA PRETA - SímbolO


de chamada dessa entidade, sob a proteção de Oxo-
ce. TrêS flechas apontando para a Estrela Guia,
representam a força vibratória dos planetas que di-
rígem o trabalho, representados pelas três estrelas
colocadas na cauda das flechas.

PONTO DO cABOCLO CAJA - Bônfu de chamada da


entidade desse nome. ~u .~Imb91~~s~~.re~esen~~~~
pelas duas fleanas. côncavas e, ~~zadàs, córtaaaS
P9r um traço, sign!ficando a separação dos 'Planos:
Figura 7 Material e Espiritual.

Na figura 7, doze (12) pontos riscados, trazem as PONTO DO CABOClfOTUPINAMíBá - Ponto usual 'deá-
aeguíntes interpretações: sa entidade da falange de Oxoee, representado par
um arco e tíécna, urna outra Ilécha, dirdgindó a es-
PONTO DO CABOClJO ARIRAJARA - Ponto de cha- trela mágica do Oriente; e o ponto de firmeza, mos-
mada do caboclo Araríjara da talange de Oxoce, trando num pequeno círculo duas partes: uma bran-
representado por um arco e uma flecha dirigidos ca é uma preta.
para o Reino de Obatalá. Uma flecha curva, apon-
tando para uma estrela, significando que a ralange PONTo DO CAOOCLO UBIRAJARA - Ponto decba-
dessa entidade pede a proteção para a Estrela Guia, rnada da entidade uPirajara. Está representado por
Os pequenos traços verticais, representam os cami- três elerrientos ou símbolos: :A flecha, indicando que
nhos traçados. esse caboclo pertence à falange desse "Oríxá"; a es"
pada de Ogum designando a interferência desse
PONTO DOS CABOCLoS DO SOL E DÁ LUÁ - Duas povo nos seus trabalhós, éó arco caracteristic·o dós
entidades irmanadas num mesmo trabalho (Cabo-
póvbs que trabalham na lihha das tnatàs:
clo do Sol e Caboclo da Lua). o crescente' lunar • \... t .' •• , ., ~ t ~ 01 ~ j, '.'
A UMBANDA. ATRAVÉS DOS'· SÉCULOS 233
232 ALUIZIO FONTENELLE

cujo esotéríco ou cadeia mágica, e a flecha, repre-


PONTO DOS CABOCLOSTUPAHíBA KPERI -' Ponto
sentativa da falange de Oxoce. O traço cortando a
misto de duas entidades que trabalham na falange
flecha, significa a interferência do povo.da falange
de Oxoce representado por duas flechas dirigidas
para um círculo (circula mágico)" dirigindo duas de Ogum, a quem pertence essa entidade.
falanges (representadas pelas estrelas). PONTO CAN:TADODOS CABOClJOSDO
SOL E DA LUA
PONTO DO OABOCLOT.UPI- Ponto místico usual des-
sa entidade de: Oxoce; Está represetado pelo arco Sarave o Sol, sarave a Lua!
entesando uma flecha, sinal característico de Che- Sarave o Sol, sarave a Lua!
fe de terreiro. A outra flecha dirigida para uma Que eu vou girar .
estrela (Estrela Guia), significa que essa entidade Que eu vou girar .
trabalha em várias linhas, tendo o seu ponto fir- Lá na mesa de Umbanda
mado, o qual está representado por urna circunfe- Vou trabalhar.
rência pequenina, que tem um semicírculo branco
e outro preto, significando a magia. PONTO CANTADODO CABOCLOURUBATÃO

PONTO DO CABOCLOARARIBóIA- Oaboclo da fa- Chegou Urubatão de dia,


lange "deOxalá, cruzado com Oxoce, ,Apresenta-se Que veio para os seus filhos, salvar:
'formado por uma cruz, Simbolizando a l.illha deOxa- Rebentacorrenté de ferro e de aço;
lá, e duas flechas dirigidas para o Reino de Obatalá. Estoura cadeias de bronze,
A lua vem saindo
PONTO DO CABQCltOARARANGUÁ- Caboclo da Li- E o Sol já vai sumindo
nh.a de Oxoce. Duas flechas cruzadasventrelaçando E vem para saudar a Estrela Guia
dois arcos também cruzados. Ponto de chamada des- Eu trago em meu manto sagrada
sa entidade. O nome da Virgem Maria!

PONTO DA CABOCLAJUREMA - Entidade da falange PONTO DA CABOCLAJUREMA


de Iemanjá. A flecha simbólica de Oxoce, separando Com 7 meses de nascida
o plano material do plano espiritual. A Cruz de' Cris- A minha mãe me abandonou
to circundada por 7 estrelas, significando o Reino Salve o nome de Oxoce (bis)
de Aruanda. Esse ponto significa que essa entidade Foi Tupi que me criou. (bis)
(Cabocla Jurema) trabalha com as sete (7) linhas
de Umbanda. " Ai companheiros de Jurema,
, Ai de mim tem dó
PONTO DO CABOCLOURUBATÃO- Ponto de chama- Alde mim' meus "companheiros...
ii

~i;;.
d~ da entidade que trabalha com a falange do "Orí- tãao 50.
"
xa" Caboclo Urubatão. Está representado pelo cír- A·1 de mim
'.
234 ALUIZIO FONTENELhE
A UMBANDl\· l\TRAV:ÉS DOS SÉCULOS

PONTO DO CABOCLODAS ~ETE ENGRUZILHADAS-


A carídade interpretada pelo coração (Ponto esoté-
rico de Oxum) cortado pela flecha de Oxoce. Ponto
de reconhecimento dessa entidade, que trabalha nas
7 linhas da Umbanda.

PONTO DE SANTA BÁRBARA - Ponto de chamada


das entidades que trabalham na linha de Inhancã
(Santa Bárbara). Duas lanças cruzadas, tendo lia
abertura do ângulo, a espiral que simboliza as for-
.p '<' ' 'J'. '. "~""J 0,0 ®~"'c,o ,~'IL
~~ ®'. "'-
~ " ' ,
~ ças vivas da Natureza, dírígídas pela Estrela Guia,
~
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i'"='~@.' ~"'."-".'.--
<t •• JIt n -
PONfrO DOS GAULESES OU ROl\lANOS - Ponto
de chamada das entidades que trabalham na Li.n.ha

~
do Oriente - 7~ Legião, sob a direção de Marcus I.
,i" * :
*
""
l;:} "~" /;~~•..,
-
.
q - -
A espada flamejante de São Miguel, atravessando
duas lanças cruzadas (povo de Congo), e dirígídas
- - pela estrela do onente, sob aptoteção do Reino
de Obatalá.
Figura 8
FONTO DOS CABOCLOSDO SOL E DA LUA (na irra-
diação de Xangô) - Ponto cruzado, onde essas-âúas
1 Na rígura ~, vêer:t~se._iep!_~s~ritaaoS
12 pontos rtsca- entidades pedem proteção ao "Oríxá" xangô, para
aos, os quaLSsao assIm mterprêtados: . - trabalhar na Alta Magia. A Espada de Ogum cru-
zada com a flecha de Oxoce, significa: a união das
PONTO DO CABOCLO GlRA~SOL - -A cruz com de- duas ralanges, dírigídas pelas forças da Natureza,
graus, simbol~ando a fé; a flecha de Oxoee dirigindo representadas pela estrela do Oriente e o quarto
a ~trela GUla; e, o Sol característico do denomi- crescente lunar (Xangô), irradiando os fenômenos
natIvo da entidade. . atmosféricos (chuva),

PO~~ I?O CABOCLO;DAS7 FLEÇH;AS - Sete flechas PONTO DO CABOCLO DAS SETE ESTRELAS - As li-
dírígídas para o ~Im?~lo representativo da fa.1ange nnas de Umbanda representadas pelas 7 estrelas,
de Exu Cavelra,-slglllflcaz:tdoque.essa entidade tra- dirigidas pela estrela do Oríenté (pOVlOS
hinduis)
balhou ou tl'abalha na Alta M'agia., - com a proteção de Oxoce (flecha dírígtda para o
Reino de Obatalá). .
A UMBAND/I. ATRAVÉS DOS SÉCULOS 23·7
236 ~, AL U I Z I OF ON T EN E L i. E
PONTO CANTADODO CABOCLO ARRANCA-TOCO
roerro DO CABOCLOARRANCA-TOCO--....:. Ponto mís-
Na minha aldeia;
tico de chamada dessa entidade, onde se vê a sua Eu sou caboclo;
afinidade com a linha de Oxum, representada pelo Sou Rompe~Mato
coração. As três flechas cruzadas em direções opos- E Arranca-Toco.
tas, significam o trabalho em várias linhas da Um- Na minha aldeia;
banda sob a direção de Oxoce (deus da caça). Lá na Jurema,
Não se faz nada
PONm DAS CABOCLAS- Duas flechas cruzadas sobre Sem a I,.ei Suprema.
um arco, com a significação do domínio de Oxoce,
sobre a falange das caboclas que trabalham na linha PONIlO CANTADODAS CABOCLAS
de Iemanjá.
JesuS prometeu salvar ..
PONTO DO .CABOCLOJAGUAR,IÉ- Ponto místico de Quem a santa Cruz beijar . .
chamada dessa entidade (caboclo da linha do Orien- Quem beija a cruz são seus fillhos,
te) representado por duas estrelas (astros dominan- Quem salta cruz é judeu! _
tes), e a flecha dirigda pela espiral cabalística. PONTO CANrrADODO CABOCLOJAGUARJ!!
PONTO DO CABOCLOARAÚNA- O símbolo esotérico Nas horas de Deus baixou
representado por um S deitado, cortado pela flecha Na Aruanda, ar.uê... .
de Oxoce, significa que essa taíangé pertence à ta- Nas horas de Deus baIXOU
lange de Oxoce, e trabalha na Alta Magia. Na Aruanda, anuê ...
No terreiro de Umbanda chegou
PONTO DA FALANGE DOS GUARANIS -:Ponto de O Caboclo Jaguaré!
.. chamada da falange de caboclos que trabalham na No terreiro de Umbanda chegou
4'il linha da Umbanda (Oxoce); sendo o seu ponto A falange de J~guaré!
representado pelo arco e a flecha característicos
desse "Orixá". PONTO DA FALANGE DOS CABOcLOS GUARANYS
Eu sou oaboCloguerreíro.
Da tribo dos Guarams, .
Quando chego nesse te.rr~lro,
PONTO DO CABOOLODAS 7 ENCRUZILHADAS A paz deve sempre ex:stIr.
.A falange dos Guararus,
Chegou, chegou, É a falange da paz; _
.Chegou com Deus. Quando baixa nesta- Tenda,
Chegou, chegou, Amor e caridade traz.
O Caboclo das 7 Encruzilhadas.
ALUIZIO FONTENELLE A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS 239

. elos). Dois machados cruzados c0!U duas flechas


e
também 'cruzadas dirigidas por duas estrelas, sig-
nificam ás 'forças vivas da Natureza, representadas
também pelas quatro folhas dipostas em sentido
horizontal e vertical.
iPONTO DE OGUM-NARUÊ-, Entidades caboclas, que
trabalham .na falange de Ogum-Naruê. Duas espa-
das de Ogum, cruzadas, e dirigídas pela flecha de
Oxoce wxigiçl,!it
pela,Estrela Guia. O traço que separa
o centro da figura, indica a união entre as falanges:
qgurrl, e ~~,~. . .
PONTO DE SÃO JORGE - Ponto místico de Ogum (Ori .•
xá, da G:ll~r:rª,).Duas espadas cruzadas, tendo, a dí-
reç~9..çle;,WUt1 lança ctirgiçla.para a Estrela. Guia,
qu~ p"OJ; SUª,' ye9,é dominada pelo A.st~o-Re~(O Sol).
~' .

PON'l1O DE OGUM-MEGlÊ- Cabo,çlosque trabalham


na falange de Ogúm-Megê. Duas espadas de Ogum,
cruzadas, e dirigi das pela linha que separa o mundo
material do mundo espiritual. Tem a proteção da
EStrela Guia, e obedece ao comando do povo de
Na figura 9, os 12 pontos riscados têm as seguintes Oxalá . (cruz).
características:
,PONTO DE XANGô (Caboclo) - Ponto misto, onde a
. .' entidade Xangô dirige os trabalhos dos caboclos das
'pONTO DE OGUM BEIRA-MAR - Ponto de chamada matas. Está representado pôr 4: flechas - cruzadas,
dos caboclos que trabalham sob a proteção e dire- dirigiqa~_por dois astros (estrelas). O machado di-
ção de Ogum Beira-Mar. Está representado por uma rigido para Obatalá, significa o domínio de Xangô,
espada e uma lança, cruzadas; a bandeira de Ogum na realização dos trabalhos.
Guerreiro (símbolo das cruzadas), e o escudo. das
hostes de Diocleciano. PONTO DE POVO CONGO - Ponto usual de apresen-
tação desse povo. A estrela da manhã. (estrela bran-
PONTO DE OGUM ROMPE-MATO- Ponto místico de ca), representa o símbolo do povo Congo, e está di-
chamada dos caboclos que trabalham na falange de rigida por cinco (5) cruzes, que indicam cabalísti-
Ogum-Rompe~Mato, onde- se apresentam as forças camente cinco regiões pertencentes 7~ lin\~ da

conjugadas das entidades do povo da mata (cabo- Umbanda (Linha africana). .


240 ALUIZIO FONTENELLE

PONTO DE/ GERElRÊ, REI DE GANGA - Ponto místico PONTO D{E OGUM ROMP~MATO
cruzado, onde se destaca o símbolo de Exu (triden-
te). A espada curva, representa o símbolo do povo
Eu vi parar o dia;
de Gererê (Povo de Ganga). A Estrela Guia dirige os
Eu vi estrela brilhar,
trabalhos de Exu.
Eu vi seu Rompe-Mato! ...
PONTO DE CAMlBINDA DE GUINÉ - Ponto de Pretos Ogum das Matas,
Camblndas, cruzado com o povo de Exu. Quem morar à beira-mar,

PONTO DE EXU NA IRRADIAÇÃO DE XANOO ~ O PONIDQ DO POVO DO CONGO (Lmha do Mar)


tridente de Exu dirigido' para Obatalá significa que
o trabalho é dirigido por Xangô (flecha separando o Os quindim, os quindim, os quindim,
reino de Obatalá do Reino de Ogurn - ou seja: o Oh.! Monjongo,
plano espiritual separado do plano material). Olha lá no má.
A minha terra é muito longe,
PONTO DE JOÃO DA RONDiA ~ Ponto místico de cha-
Oh! Monjongo, ninguém pode ir lá..
mada dessa entidade. Urna espada de Ogum, signi-
A mínha terra é muito longe,
ficando que essa entidade pertence à falange desse
Oh! Monjongo.
"Orixá", e está dirigida pela Estrela da Manhã (ir-
Ninguém pode ir lá.
radiada), significando que esse preto velho perten-
Ai, ninguém pode il,"lá,
ce à falange do povo de Congo.
Ohl Monjongo .
PONTO DE CAMBINDA DE GUINÉ - Pretos Velhos Apanha Monjongo no má~.'
.
-: ....

Cambíndas trabalhando com a falange de Exu.


Apresenta-se com o seguinte significado: Duas curvas PONTO CANTADO DE CAMBINDA DE GUlNt
dírígídas para a Estrela Guia (trabalho para o bem),
e, tridente de ~ dirigido para.o Reino de Obatalá o Cambínda.de.Guíné,
(pedido de proteção). Teu pai é Ganga!
O Cambinda de Guíné, , ,
PONDO GANTADO DE OGUM BEIRA-MAR Teu paio é Ganga,
Beira-Mar ... auê beira mar,
Beíra-Mar , .. quem está de ronda PONTO DE EXU NA IRRADIAÇÃO DE OGUM
m:militá!
Ogum já jurou bandeira Olha -Ogum tá de ronda,
Na porta de Humaítá;
Migué tá chamando.
Ogum já venceu demanda Eu não sei onde é, é, é, (bis)
Vamos todos Saravá. Eu não sei onde é, é, é, (bis)
AtUIZIO tONTENELL~ A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉOULOS 243

seguintes símbolos: O escudo de Ogum írradíado


pelos astros (12 estrelas), cruzado por duas espadas
(Ogum e Xangô).

PONTO DE OXUM - O pentágono de Salomão cruzado


pelo símbolo de Ogum (coração) dirigido pela flecha
de Oxoce. Este ponto significa que as entidades es~
pirítuais que trabalham na linha de Mamãe Oxum
(N. S. da Conceição) Legião das sereías, perten-
cente à Linha de Iemanjá, trabalham ou pedem
a confirmação dos Oríxás: Oxoce, Oxalá, e, realizam
trabalhos de Alta Magia. t

PONTO DE EXU TRANCA-RUAS --'- Ponto traçado da


entidade Tranca-Ruas num trabalho executado para
o bem, vendo-se representado o trídente mágico,
dividido pelo bastão esotérico da Alta Magia.

Fig'Ul'a' 10 PONTO DE EXU REI DAS 7 ENCRUZILHADAS- Pon-


to místico de chamada dessa entidade. A cruz de
.c t,". ,-- -' Oxalá, dirigindo os sete caminhos (Sete cruzes) se~
Na figura 10, doze (12) pontos"ri~cados se nOI?apre- . parado pelo tridente mágico, que divide o Reino de
sentam, corri as seguintes caracterlstlcas: , Obataíá do Reino de Ogum. Este ponto signífíca que
o trabalho ou trabalhos executados, visaram a prá-
PONTO DE EXU NA IRRADIAÇÃO DE OGUM ----< iÉ um tica do bem.
ponto cruzado, onde as entidades da falange de
Ogum trabalham de acordo com o P<?vode Exu. O PONTO DE EXU~RE'I-; Ponto místico de chamada des-
tridente de Exu (magia negra), domina pela espa- sa entidade. Significa que Exu-Rei tem os poderes de
da'flamejante de OGruM. trabalhar para o bem ou para o. mal, e em todas as
direções. Os trídentes formando uma cruz, unidos
PONTO DE OGUM NA IRRADIAÇÃO DE XAN~Ô r: ~' num ponto central.
também outro ponto cruzado, onde os Oríxás
Ogum e Xangô se irmm::am ~um m:smo trabalho, PONTO DE ORY DO ORIENTE - Ponto místico da
dirigidos pela Estrela Gma. Veem-se neste ponto, os entidade O1'y do Oriente (Trabalhador da 7<!- linha
A UMBANDA ÀTRAV.ÉS DOS' SÉCULOS 245-
244
'~.'
A L U I Z I O F O N T E N E L L E
.. " ..
PONTO DO CALUNGA'DAS MATAS .. E}(jU: Calunga,
de. Umbanda, e cl'neJe espíritual Q.~ 4.a legíão (Ory trabalhando na Alta Magia, cruzado com Oxoce e
do orü;~nté). A Estrela da Manhã como símbolo má- Congo. A estrela simboliza o Oriente e está domina-
gico, circundada por dois crescentes lunares, repre- da pelo bastão mágico que representa a Magia,
sentando as forças da Natureza.

PONTO DE INHANlÇÃCOM XANGô - Ponto cruzado, PONTO CANTADODE MAMÃE,OXUM


onde os Orixás: Xangô e Inhançã se irmanam num
mesmo trabalho. A Estrela da Manhã, dirigida pelos Baixai , .. baixai... Virgem da Conceição.
fenômenos atmosféricos (raios cruzadosde Inhançã), MarJa Imaculada, para tirar a perturbação.,
encaminhados pelo símbolo dos caboclos de Oxoce Se tiveres praga de alguém,
(duas flechas cruzadas). A interferência de Xangô Desde já será retirada.
tê conhecida pelas forças cruzadas dentro da estre- Levando para o mar ardente ...
la, e dirigídas pelas flechas de Oxoce. Para as ondas do mar sagrado!

PONTO DE TIMBIRI - Ponto místico de chamada da PONTO DE ORY DO ORIENTE


.entidade caboclo Timbiri, trabalhador da falange de
Ogum. Dois semícírcuíos concêntricos, indicam o
'. símbolo mágico dessa' entidade, que trabalha irma- Ory já vai, já vai para o Oriente
nado com afalange dós povos híndus. Essa entida- A bênção meu pai,
de tanto pode se apresentar como caboolo, como Proteção p'ra nossa gente.
também, na roupagem de hindu; sendo entretanto Ory já vai, já vai para o Oriente
uma' só entidade.' ' A bênção meu pai,
_. Proteção p'ra sua gente.
?P~';l'OD~ JOÃO ~ATÃO ~ Preto velho trabalhador da
: . Iínha a:fricana:,A cruz do Senhor do Bonfímdírígí-
PONTO DE CALUNGA DAS MATAS
da pela Estrela Guia; e, com afinidades espirituais
com o Povo do Mar.
Eu tou te chamando, Ó Calunga,
PONTO DO CABOCLO ~OMPE-MATO - o triângulo P'ra você vir trabalhar.
. mágico de Salomão, dirigido pela flecha de OXOce, Quando eu te vejo, ó Calunga,
dírigida por sua vez pelo símbolo místico que une Vejo também a Sereia do Mar.
duas falanges (Oxalá e Oxum), duas cruzes. Ponto EU tou te chamando, ó Calunga,
de chamada da entidade caboclo. Rompe-Mato que P'ra você vir trabalhar.
trabalha na Linha de Oxoce. Existem ainda outras
Quando tu chegas, Ó Calunga,
entidades com o mesmo nome, porém, que trabalham
na linha de Ogum. Chega também a Sereia do Már.
246 ALUIZIO FONTENELLE
A UM13ANDA ATRAVÉS DOS ~ÉauL08 247
PONTO DO MAIORAL

~~
Figura 12
Figura 11
tes earacterístícas: O triângulo mágico de Salomão;
Para terminar este capítulo, passarei a descrever tendo na parte superior o Sol tem a significação de:
o ponto prmcipal do MAIORAL,conforme se vê na gra- Agente mágico dominador das forças naturais e dos
vura da figura 11, e a seguir, apresentarei apenas as .fenômenos da Natureza. A cobra mordendo a cauda,
gravuras de alguns pontos riscados de Eixus, furtando- significa o domínio sobre a vida e a morte" pelos
me entretanto à explicação dos mesmos, em virtude de dogmas mágicos da medicina astral. O pentágono
não interessar-nos, nesta obra, maiores detalhes sobre as de Salomão circunscrito à cobra, e tendo na sua
falanges do mal. parte superior o ponto de São Cipriano (!:entáculos
PON'I1O RISCADO DO MAIORAL - A figura 11 mos- de Ezequiel e de Pitágoras - duplo triângulo de
tra-nos o ponto riscado do maioral do Povo de EX'u. Salomão), representam as ciências oeultas . (Al~
É um ponto místico de chamada, onde Lúcif'er mos-
Magia e Magia Negra). Os dois ponteiros .perpendi-
tra toda a sua supremacia como ((AGENTE MAGl- culares ao crescente lunar que tem sobre Si sete cru...
CO UNIVERSAL". EStá representado com as seguín- zes, significam o poder sobre a t,err~ e sobre' os ho-
mens, dominados pelas forças cosnncas, e de natu-
248 I AÚMi3:A.NnA ATRAVES nos SÉCULOS
I
reza terrena. As duas espadas cruzadas por trás do f ~ ':"':"'Pontode EXu Veludo na Irradiação de Ogum,
triângulo de Salomão., significam O· poder absoluto, 4 - Ponto de Exu das 7 Cruzes. . .
tendo a dírígí-lo a irradiação de Marte e Mercúrio 5 - Ponto de Exu-Rei (Ponto místico de chamada).
(duas estrelas laterais). 6 - Outro ponto de Exu-Rei.

Para melhores esclarecimentos sobre o que seja o Na figura 13, estão representados os seguintes pon-
Reino do Poder do Mal, dírgdo pelo MAIORAL, será tos de Exus:
preferível que o leitor procure na obra: "EXU", já edi- 1- Ponto de Exu, na irradiação de Cabinda de Guiné.
tada, tudo quanto desejar conhecer sobre o Povo de Exu. 2 - Plonto de Exu das 7 Pedras. . .
•••c, 1- P~l>,o 3 r-r- Signo de Segal (E~ Gira-Mundo - Signo caba-
, ",)'9' . '1 lístíco),
+ @ ~
4 - Ponto de EXiU:
da Capa Preta.
lJ g~.J..~ 5 - Ponto de Exu das 7 Poeiras.
?:r"_ 6 - Ponto de Exu das 7 Cachoeiras.
~~

Figura 13

.. Na figurn 12, estão representados os seguintes pon-


tós de Exus: .

.1 - Ponto de Exu Tranca-Ruas cruzado com povo de


. Ganga, ' i
figura 14
. 2 '~ Pb~o,de ·Exu Gira-Mmid6.
A UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉOULOS 251
250 AL U I Z I O F O N T E N E LL E
. I
-Na figura 14, vêem-se os seguintes pontos riscadO', 4 - Ponto de Exu dos Rios ,---,Alta Magia.
5 -..:..Signo de Híepacth (Exu das Matas).
de Exus: ,
6 - Ponto de Tranca-Ruas, na irradiação de Tranca-
i Gira.
1- Ponto de Arranca-Toco.
2 - Ponto de Exu Mangueira.
3 - Ponto de Exu dos Ventos.
4 r-r--: Ponto de Omulu (Exu dos cemitérios).
5- Ponto de EiX'U Caveira.
6 - Ponto de Exu Maré.

tfj.
Ci)\
Figura 16

Na figura 16, vemos:

1- Ponto de Exu Quirombô.


2 - Exó de Exu (Salva da entidade ~u).
Na figura 15, vêem-se os seguintes pontos riscados: 3 - Ponto de Exu Tranca-Ruas (ponto místico decha-
mada).
1- Ponto de Exu Tranca-Ruas em trabalhos de Alta
Magia. 4 - Ponto de Exu Pemba.
2 - Ponto de Exu das 7 Encruzilhadas. 5- Ponto de E~ Marabô.
3 - Ponto de' E){u Pimenta. ô - Ponto de Exu das 7 somcras.
252 AL~I~IO ~ONTENELL~
A UMBANDA ATRAVÉS DOS ·SÉCULOS 253
, ,..•.

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~~~~í.R~.b".~ -1~.

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~ C;•
.. ,

. - j

Fi2Ura 17
..Figura 18

Na figura 17, vemos: Na figura 1~, seis pontos de Exus, estão assím re-
presentadios: .. .

1 - Ponto de Exu da Pedra Negra. 1 - Ponto místico de Exu Marabá.


2 ~ Ponto de Exu das 7 Portas. 2 -Ponto de Exu Pagão.
:3 - Ponto de Exu Malê. S - Ponto de Exu Carangola,
4 - Ponto de Exu Morcego. 4 - Ponto místico de Exu Tiriri.
5 - Ponto de Exu Kamínaloá. 5 - Ponto de Exu Tranca-Tiudo.
6 - Ponto de Exu na iirailiação de Xangô. 1>- Ponto de Exu
Magia).
dos Rios (Ponto místico de Alta
A· UMBAND,A ATRAVÉS DOS SÉCULOS 255
254 ALUIZIO FONtENELi~

Figura 20
Figura 19
Na figura 20, seis pontos de EXlUSestão assim repre-
tados:
Na figura 19, vêem-se os seguintes pontos: Ponto de Tranca-Ruas na irradiação da Linha do
Mar.
1- Ponto místico de Exu dos Cemitérios. Ponto de Exu Tranca-Ruas em trabalhos de Magia
2 - Ponto de Exu Tronqueira (Magia). Negra.
3 - Ponto místico de Exu Pomba-Gira (Mulher Ponto de Exu Veludo, na irradiação de Urubatão.
Exus). Pnnto de Tranca-Ruas, na irradiação de Ogurn.
4 - Planto de Exu Tranca-Tudo (Ponto de cham 11 I ..:">onto
de Exu das Matas (Linha do Oriente -
{) - Ponto místico de Exu-Ganga. Alta Magia).
.6 - PORto de E;xu Brasa. Ponto de EXl1 'I'atá-Caveira .
Z56 .' - A L U I Z 1,0' 'F:o N T E.N E L J.•!ll
'l ..

~t1). CAPITULO XIX

PEMBAS, PONTEIROS, CURIADORES, AMALAS,ETC.

Eis um ponto de máxima importância, na concepção


que se faz, ao analisarmos todos os rituais que se pratí-
';f: camna Umbanda. !É o caso do emprego da "PEMBA",
dos "PONTEIROS", dos "CURIADORES", dos "AMA-
.~tI).~
•.\'
..~ 1
M~,1'~-11-'Y"9
t;\
LAS",dos I;EBQSDE EXU" etc. .-
. .. Não se pode conceber uma Umbanda cem por cen· .
li.! , ,
to, sem o emprego da Alta Magia. .Sou de opinião que
. . em' quaisquer trabalhos que se realizam nos terreiros
onde se pratica o verdadeiro espiritismo, se faça lUSO de
Pembas, Ponteiros etc. por se tratar de Magia, na ver-
dadeira acepção da palavra. Todos os trabalhos devem
Figura 21 ser encarados por um ponto de vista onde não entra a
vontade humana, e sim, o poder criador d8.$ entidades
espirituais.
A sociedade, querendo combater certos processos utí-
.Finalmente, na figura 21, vemos representados 6 Iízados nos trabalhos de Umbanda, está indo de encon-
pontos de Exus, assim discriminados: tro a um princípio ativo, onde as forças sobrenaturais
se encontram, e de onde parte toda a razão de ser dM
1 - Ponto de Exu na irradiação de Ogum . irradiações espirituais.
.2 _ Ponto de Tranca-Ruas, na, irradiação de Omulu. Que condenemos a matança de animais, tão comum
3 - Ponto de Exu Mirim. nas práticas do C:andomblé, é muito justo; pois, ness
4 - Ponto de Exu na irradiação de Cabinda de Guiné. ponto; a nossa compreensão já está bastante adiantada,
5 - Ponto místico de chamada do E~ das 7 Montanhas. mesmo os próprios Guias Espirituais já não o permlt m,
,6 - Ponto místico de Exu Quebra-Galho. pelo [Potode ir de encontro a uma Lei da Umbanda q
258
A UMBANDA ATRAVli:S POS Sli:CULOS 259'

diz: Respeitando os seres da criação, estaremos respei-


li balhos que se praticam na Umbanda. O seu uso é impres-
tando as próprias Leris Divinas." . cindível, em virtude de que, não se pode conceber um
"PONTO RISCADO" sem a pemba; e, o ponto riscado, é
Há quem afirme entretanto, não haver nenhuma ne- a representação símbólíca das entidades espirituais que
cessidade, das Entidaçles,._~pir~.t~~~,i~._. ,uti1izare.m~se de se manifestam nos terreiros de Umbanda, onde bem de-
pembas, ponteiros etc.rnas suas práticas, considerando monstram a força espiritual que possuem, É através dos
que um espírito de luz, possui força suficiente para pontos riscados que as entidades se auxiliam mutua-
curar eu demandar espiritualmente. Acontece, no entan- mente, tal como nos valemos de um papel e pena, para
to, que não seria possível a um médico da terra curar representarmos nesse sobjetos os nossos sentimentos; as
um paciente sem ministrar-lhe os remédios tão necessá- nossas dores, os nossos pedidos, e finalmente tudo quan-
rios ao seu organismo. Por outro lado não" se concebe to gira em torno deste PLANO MATERIAL. Riscar um
que no caso de uma infecção grave dentro do organismo ponto com a pemba é o mesmo que condenar ou absol-
humano, se obtivessem ótimos resultados, sem a inter- ver um elemento humano, castigando-o ou premiando-o
venção do "bisturi". Creio eu, que nesses casos uma sim- de conformidade com o seu C'ARMA. É lavrar uma sen-
ples conversa, QU mesmo utilizando-se os processos de tença de morte, ou processar uma cura radical, onde
"auto-suçesitio" não seria possível obter-se uma cura todos os diagnósticos se confundem na ignorância de
radical: . um resultado satisfatário. .
Assim sendo, considero muito, justo o emprego des-
sas práticas nos rituais de Umbanda, por diversos moti- Várias são as cores de pembas utilizadas nos cultos
vos, entre os quaís o fato de considerar-se uma condi- eprátícas da Umbanda, sendo que, na maíona, a Pemba
ção essencialmente simbólica e de grande influência, no Branca é a mais utilizada.
que diz respeito às evocações e obtenção de bens mate- . Quanto às pembas: rosa, verde, azul, vermelha, ama-
riais e espirituais. rela etc. o seu uso varia com a finalidade do trabalho
Só quem não conhece uma Umbanda praticada na a ser executado, e de acordo com a falange da entidade
sua legítima finalidade, é que pode duvidar das minhas que o processa.
afirmativas. Por esta razão" vou tentar descrever os por- Não se deve em hipótese alguma fazer uso da pem-
quês do emprego de alguns objetos e outras utilidades ba preta em trabalhos para o bem, em virtude de que
que fazem parte dos rituais da Umbanda, na, certeza de essa pemba somente é utilizada nas diversas práticas da
que, tudo quanto se fizer em prol de servir à humanída- Magia Negra, cujo fim se destina unicamente para o
de, 3e estará cumprindo uma ordem divina; e, por essa mal.
razao, se estará servindo, a Deus. A arte mágica do emprego da "PEMBA" data -de
muitos séculos, e o seu uso na Umbanda atual represen ..
PEMBA ta o mesmo sentido e possui a mesma força mágica,
quando nos trabalhos cabalísticos, os MAGOS das j •
É uma spécíe de giz, fabricado de minerais, que te .. vam evocar as forças sobrenaturais, utílízando-s
ve a sua origem nos montes Calmons, na Africa, e que é mesmos processos, na criação dos seus signos II I •
empregada através. dos séculos em quase todos os tra-. teres cabalístícos,
:",ALUIZTO 'FONTENEL'LX: AUMBANDA "ATRAVÉS DOS.SJ!:CULOS 261
.PONTEIROS bém a sua significação esotéríca, Da mesma forma que
Cristo, ao reunir os discípulos por ocasião da ceia, írma-
-São punhais utilizados nos diversos rituais utiliza, . nou-se com eles, bebendo vinho, em confraternização de
dos nas diversas práticas Umbandístas, e que trazem amizade; da mesma maneira praticam as entidades s..
um alto significado. Pelo poder que tem o "aço" em cap- pírítuaís o uso desse costume que se tornou tradicional
tar as forças vivas da Natureza, inclusive os fenômenos . entre as civilizações. Assim, acreditam todos os que pra-
atmosféricos, onde entre a questão da eletricidade, o ticam a Umbanda, e mesmo aqueles que cultuam outras
ponteiro representa a atração das torças espirituais, tal religiões, que o ato de beber, quando é feito no sentido
como um "imã", que se utiliza como ~onte criadora de de reunir as pessoas amigas em um mesmo círculo com
energia elétrica. a fínelídade ~e festejar um acontecimento .qualquer;
.'O ponteiro atirado sobre um ponto riscado, simbo- traz-nos alegrias e momentos de felicidade. Do mesmo
liza a firmeza de uma irradiação espiritual, onde são mo-do, as entidades espirituais, atraídas pelo seu "curía-
encarados vártos pontos de vista: dor" predileto, (dado como oferenda), trazem-nos boas
'O apoio e a união das forças espirituais; irradiações espirituais, ao mesmo tempo procurando sa-
A vibração dos elementos que concorrem para o êxi- tisfazer os nossos desejos e vontades.
to dos trabalhos; O fato de um espírito não precisar absolutamente
A magia que se opera na evocação das entidades de b~bida ou ?omida, não implica no ponto de vista de
. espirituais; um ritual antígo, e que ainda hoje é largamente cultua-
A boaou má aceitação que possam ter as entidades do. Nesse caso, quando os católicos fazem suas premes,
máximas que recebem as vdbrações. do plano sas aos Santos, prometendo~lhes"braços de cera" "ve-
material, em perfeita harmonia com os planos _Ias",. etc., isto não quer dizer que os Santos estejam
espríítuaís; precisando desses objetos. A finalidade dessas orerendas
A repercussão futura que ocasionará na existência e unicamente uma crença no "LEI DA OFERTA E DA
dos seres humanos, após a terminação dos tra- PROCURA", lei essa da qual a humanidade jamais
balhos ete etc. po~e~á a;fastar. Dar para receber é uma das condíçõ
Tal como a baqueta dos antigos Magos da Ka- e~PIrItUaIS, e essenci~l ao elemento humano, cuja 01'1 ..
ballah, à semelhança também do cajado de Moisés, é o .gem é DIVINA, e reside no íntimo de cada um.
ponteiro um símbolo místico de grande influência, exer-
cendo nos trabalhos espirituais um princípio ativo e pas-
sivo" que liga, por meio de altas vibrações, o mundo es- AMALAS
piritual ao mundo material.
Da mesma fo-rma que o "Curiador"" o "AMA íI
CuRIADORES o que se denomina na Umbanda de "Comida de Sa1 to ,
e representa um ritual todo especial, para o qUl\l o
São as bebidas que se oferecem às entidades espiri- Umbandistas deveriam dispensar um especial 1'1 t (
tuais que baixam nos terreiros. Essas bebidas variam de Onde melhor se presta atenção a tudo quant
acordo com a exígêncía de cada entidade, e têm tam- peito ?-o Amalá, é no culto do Candoblé, ond
262 A L U IZ I O F"O N 'T E N E L 'L l!l A UMBANDA ATRAVÉS DOS' SÉCULOS 263
tão é encarada de uma maneira bastante perfeita, pe- tendo essa comida verdadeiro nome de Amalá de
lo fato de conhecerem os seus praticantes muito mais Xangô.
a respeito de arte CUlinária própria das entidades, Pre- Pluralizando-se entretanto o termo "AMALA", con-
tos Velhos Africanos, do que propriamente os seguido- síderou-se toda comida de santo com esse nome, quando
res da Umbanda. Entretanto, nem todos os que pratí- no entanto, os termos empregados para essas comidas,
cam verdadeiramente a Umbanda, prestam a devida variam de acordo com os alimentos a serem orertados
atenção à questão do Amalá. ;É preciso que conheçamos aos Orixás. Assim por exemplo: Para Exu, dá-se o "ElBlÓ
perfeitamente todas essas questões do ritual Umbandís- PE EXU" que é uma mistura de .azeíte de dendê, velas,
ta para termos a certeza de não, incorrermos no lamen- charutos, marafo, carnes, etc., de acordo com o pedido
tável erro de julgar ser uma cousa sem importância, es- desses elementos das trevas. Para Oxalá, dá-se o "mun-
.ses caprichos próprios das entidades espirituais. Princi- guzá", mais conhecido no Rio de Janeiro com o nome
palmente nos despachos que se fazem, onde está snqua- de"Canjica". Para Ogum, dá-se o "amolocô; para Inhan-
drado o "EBÓ DE EXU" (comida de EXli), necessário çã, o "acaraié"; para Omulu, a "pipoca", e assim por
se torna que se façam devidamente esses Ebós, a fim diante, considerando-se sempre a predileção do Oríxã
t1e podermos conseguir aquilo que desejamos, quando os pelo seu respectivo amalá.
evocamos numa prática qualquer. . Ao fazer-se 10 "Amalá", costuma-se freqüentemente
, Os amalás que se dão no culto do Candoblé, são .festejar esse acontecimento, e, escolhe-se na maioria das
preparados por uma cozinheira especializada, que com os vezes a data festiva do "Orixá" a ser dado esse ofereci ...
nomes de "Iabá" ou "Abacê", termo oriundo do Povo mento, na certeza de merecer-se grandes honrarias e
Gêge, se encarregam de prepará-Ias convenientemente. proteção, por parte dessas entidades. .
,A condição para o preparo do "Amalá", requer uma sé- A questão do local onde deve ser feito o "amalá",
riede preceitos, os quais, quando as Iabás não estive- também tem a sua preferência; e, necessário se torna
tem em condições, não os podem absolutamente pr.epa- conhecer-se perfeitamente a vontade doOrixá em rece •.
rar, ber essa oferenda, para que a finalidade' que desejamos
Os "Amalás" são em geral oferecidos aos "Orixás", alcançar venha corroborar justamente com a época e o
e em determinadas condições, estabelecendo-se' ainda local onde vamos prestar essa homenagem.
certos preceitos que devem.ser levados em consideração. Tal como se rende homenagem a uma grande p !l'••
Não se atira um "Amalá" em qualquer lugar, como tam- sonalídade de Estado, assim também se homenageia um
bém não se oferece a uma entidade um amalá que não "ORlXA DA UMBANDA", dando-lhe o seu banquete pre.•
condiga com o seu gosto ou especialidade. díleto. Essa é a finalidade do "AMALÁ",
Esses amalás, depois de preparados convenientemen-
te, são depositados num "alá" (local armado para tal
fim), e depois, servido ao Orixá, precedido de um ritual
todo especial. É imprescindível dar-se o amaíá seguido
do ponto riscado da entidade para a qual é feito esse
oferecimento. Assim, de' acordo com os preceitos conhe-
cidos, dá-se a Xangô, Rabada de Boi cozida com caruru,
\ A :UMSANDA cA'l'RAV1:S DOS' <l~CIlL08 'c265

tante e criador da perfeita condição que liga o homem


-espíritual ao. homem material, na certeza de estar pra-
.tícando a verdadeira caridade, sentindo dentro do peito
o próprio Deus. . , '
Todo homem deve buscar dentro: de uma religião
as energias que lhe trazem a fé em si mesmo, para que
Capítulo XX possa alcançar todos os bens materíaís e espirituais de
que tanto precisa em seus empreendimentos. De nada
SARAVA UMBANDA adiantará aquele que não possui uma energia própria,
e uma convicção firme naquilo que anseia conseguir,
quando não está acobertado por uma força superior e
índômíta, que ihe mostra o verdadeiro caminho a seguir.
Eis-nos chegados finalmente ao término deste tra- Este é o caso da Umbanda.
balho. Querer colaborar com todo aquele que de fato Ohamem considera-se forte, até o momento em que
se interessa por uma Umoanda sem preconceitos e julga que os seus atos e as suas vontades possam S,él'
sem a maldade que deturpa os sentimentos humanos, resolvidos sem interferências estranhas. No entanto,
foi o que me levou a trilhar por essa senda tumultuada, quando baqueia, 'essa razão de ser deixa dei existir, e sua
que é propagar uma doutrina; e, muito especial~e~te, vida torna-se um manancial de desgostos e desofrimen-
quando essa doutrina sofre todos os ataques possrveis e to. Não cabe somente aos fracos, erguerem-se e pugna-
ímagínáveís, de outras seitas, que a encaram como uma rem por uma condição melhor. Os fortes também de-
religião de falsos princípios, de falsos credos; e, sobre- vem encarar todas as circunstâncias da sua vida mate-
tudo, visando como dada à prática de "feitiçarias", e •ríal por um prisma, onde a sobrevivência do espírito
oriunda de negros arr.canos incultos, segundo querem .está acima do que eles julgam e entendem como possuí-
afirmar certos elementos que a desconhecem por :dores de um livre arbítrio, que os conduz fatalmente ao
completo . apogeu e à glóría. . .
. ', Não quero absolutamente repetir o que já foi am- A humanidade inteira tem que passar por grandes
plamente comentado no capítulo II deste livro, no que diflculdades, árduas lutas e dnúmeros sofrimentos. En-
diz respeito à verdadeira origem da Umbanda; o que tretanto, ·se encararmos a questão do sofrimento 'mate-
"desejo é que fique bem patente o meu modo de entender rial, tendo em vista que a razão desse sofrimento é uma
e cultuar essa Umbanda tão sublime em seus princípios, .condíção própria de cada indivíduo, não teremos abs~·
como o são todas as obras da Natureza, criadas pela lutamente nenhum receio de enfrentar a nossa condi-
bondade do Pai Onipotente. ção cármíca, quando temos a certeza de estarmos pró-
Desejo cada vez mais elevar o conceito desta reli- ·,tegido.s e salvaguardados.
gião, pugnando para que os homens cultos, e conhece- , 'Busquemos pois, uma melhor condição para a no •
dores perfeitos do que 'sejam Leis Divinas, possam, ali- savlda; procuremos dentro de nós mesmos' um s nU·
ando-se aos meus propósitos, fazer valer as forças que mente que dormita, e que precisa ser acordado em
encerram todas as Leis da Natureza, 10 bálsamo conter- :,mente oportuno. Esse .sentímento é .a .,forqa próp ~1r 1
-,-, A L U I Z :t O - F O N"T E N E L L'E
/
,I··
(. A UMBANDA ATRAWS DOS Sl!lOULOS ~7
homem, OUi melhor: é a fonte criadora da vontade, 'é mostre, através da senda luminosa do mundo espil'itu 1,
o poder da mente; em suma, é a vibração espiritual que o verdadeiro caminho da fé e da compreensão.
-dentro de nós mesmos, aguarda a ordem suprema da . Salvemos todos os "ORIXAS". e todas as falam
revolução universal. de trabalhadores do bem.
A ciência busca a verdade, procurando provar" por
meio de fórmulas matemáticas, aquilo que existe de real
e verdadeiro, dentro de uma concepção imaginada. SARAVA UMBANDA!...
A Umbanda mostra como dogma a força espírítual
do homem, que procura adivinhar por meio de sortilé-
gios, aquilo que ele sabe que existe; porém, que só po-
derá ter a certeza, quando ultrapassar os limites da sua
existência material.
Corpo e espírito, irmanados numa mesma condição
perante a obra criadora da Natureza, hão de forçosa-
mente chegar ao clímax das concepções filosóficas d.a
grande síntese, onde a imagem de Deus se mostrara,
através dos séculos, na plenitude de sua forma. Quan-
do lá chegarmos, não precisaremos mais do invólucro
carnal, para podermos completar a trajetória indefinida
que, pela LeJ da Reencarnação somos obrigados a voltar
ao orbe terráqueo, em cumprimento às Leis Cármicas.
Ai, o homem, perfeito conhecedor das Leis e condições
impostas pelo excelso Condotieri de Almas, se reintegra-
rá no seio da mansidão celeste, e jamais a corrupção e
a indignidade o farão retrogradar.
Cultru.emos uma Umbanda pura, uma Umbanda
sublime; e, teremos a visão perfeita do horizonte que
se estenderá à nossa frente, sem os pesadelos e as tor-
pezas que cumulam o homem terreno, agrílhoando-o ao
mais inconsciente de todos os males: a ignorância de'
Deus.
Peçamos, às entidades da Umbanda, as luzes para os
nossos espíritos, e a força redentora e amiga que nos
acoberta de todos os malefícios materiaís e espirituais.
Façamos uma prece em louvor do chefe supremo
.dO'Reino de Obatalá, para que nos encaminhe e nos
-. " -:-

."

íNDICE
1.0 Volume

PARTE TEóRICA
Capo Pág.

I - A razão de ser deste livre; o o o • o o • o o ••• o o o o ••• ; • o 17


II - O que significa a palavra UMBANDA . o o o o • o •• o o ~O

!II - A Umbanda através dos séculos o •• o •• o o ••••• 'o o. '29


IV - A verdadeira origem do primeiro homem: que
habitou a terra o ••••••••••••••••••••• •• •• o • •• •• 39
V - Algumas religiões e sua origem o. o; •• ' '47
VI - O Cristianismo - As religiões desmembradag do
Cristianismo ~ Os reformadores - A era' kal'de-
cista e seu fundador Allan Kardec o •• o • o •••• o •• o 74
VII - Umbanda, futura religião do Universo - DQmi-
1110 dos Espíritos o. o o ••••• o •••••••••• o o • o • • • • • • • a6
VIII - A codtãcação da Umbanda. _. TrabalMs filosó-
ficos e doutrinários o • • • • • • • • • • • • • • • • • I)

IX - Prova cármíca - Livre arbítrio - Reencarnação OU


X - A falsa Umbanda que se pratica no Brasil. _ ..
Tabus - Imagens, amuletos, etc. ..........•. 111
270 A UMBANDA A'l'RAVl!:S DOS BtOULOS

capo Pág.

2.0 Volume
PARTE PRATICA

XI - Ambequerê-Kibanda e o ritual Afro-Brasilei-

ro no Candomblé ;....... 129


XII - Como deve ser cultuada a verdadeira Umbanda
- Sua verdadeira divisão...................... 151
XIII - Trabalhadores da Linha do Oriente - Entidades
hindus, suas indumentáiras e rituais 16iJ
XIV - Orixás da Umbanda Jl.74

XV - A medicina do espaço e o poder da vontade. -


Magia - Passes e operações astrais .180
. XVI :- A Umbanda ínícíátíca - Os exus e suas falanges 188

XVII - Rituais da Umbanda - Curandelrismo 201

XVIII - A alta significação dos pontos cantados e riscados 206


XIX - Pembas, Ponteiros, Curiadores, Amalás, etc. .... 257
xx - saravã Umbanda 264

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GRAFICA EDITORA AURORA LTnA.
2021'1 Rua Frei Caneca, 19 - ZO "
Telefone: 222-0654 - Caixa Postal 7.041
- ZC 58 - RIo de Ja.nelro - ..
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