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UMBANDA
BRANCA
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
UMBANDA BRANCA
Bem-vindo à Umbanda
Objetivos
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
HISTÓRIA DA UMBANDA
O que é Umbanda?
É muito comum os filhos de fé não conhecerem a resposta para esta pergunta tão
simples.
Segundo o Caboclo das Sete Encruzilhadas, entidade que instituiu a religião,
A Umbanda é cristã?
Sim, pois recebe como herança influência da Igreja Católica através de preces e do
sincretismo religioso.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
médium era expulso sob acusação de baixo espiritismo. E infelizmente isso continuou
por décadas.
Essa incompreensão dos dirigentes espíritas da época, com relação a estes nossos
amigos espirituais, cria um vácuo que precisava ser preenchido pela espiritualidade.
Era necessário um espaço onde todos os espíritos tivessem direito à manifestação.
RELATOS VERÍDICOS:
Em nossa família onde faço parte da 4ª geração de umbandistas (Umbanda Branca)
minha mãe de santo Dona Flora (minha avó com 87 anos) já dizia que suas tias
vinham para o Brasil fugidas, pois eram consideradas bruxas; e na Espanha os bruxos
eram queimados vivos na fogueira em praça pública.
Meu avô Antônio Augusto de origem portuguesa com 90 anos em 2018 ainda vivo
conta que seu pai já faziam trabalhos em casa porem muito descriminado por todos
onde tinham que ser de total descrição.
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exorcismo uma segunda vez, mas não atingiu êxito. Uma terceira tentativa foi feita,
agora com vários sacerdotes, porém as manifestações continuavam, apesar de tudo.
Depois de algum tempo, Zélio começou a sofrer de certa paralisia, o que o deixou
acamado por certo período. Em um determinado dia, sentou-se na cama e disse:
“Amanhã estarei curado”. E, no dia seguinte, levantou-se e caminhou normalmente,
são e salvo, como se nada tivesse acontecido.
Depois disso, sua mãe o levou a uma curandeira muito conhecida na região, Dona
Cândida, que incorporava o espírito de um preto-velho chamado Tio Antônio. Esta
entidade conversou com Zélio e, após suas rezas, revelou que ele possuía o dom da
mediunidade e que deveria trabalhar para a caridade.
O pai de Zélio, apesar de não ser espírita, alimentava grande simpatia pela doutrina
de Alan Kardec. Assim, no dia 15 de novembro, decide levá-lo ao município vizinho,
na Federação Espírita de Niterói. Lá chegando foram recebidos pelo presidente
daquela entidade, Sr. José de Souza, que imediatamente conduziu Zélio até a mesa
de trabalho.
Instantes depois, Zélio levantou-se e, tomado por força alheia à sua vontade, disse:
“Aqui está faltando uma flor”; e dirigiu-se imediatamente ao jardim, de onde voltou
com uma flor, que ajeitou criteriosamente no centro da mesa. Isso causou um grande
tumulto entre os presentes, principalmente porque, enquanto isso acontecia,
surpreendentes manifestações de caboclos e pretos-velhos aconteciam no recinto. O
Sr. José de Souza, médium vidente, interpelou o espírito manifestado no jovem Zélio
e, aproximadamente, foi este o diálogo ocorrido:
José de Souza: Quem é você que ocupa o corpo deste jovem?
O espírito: Sou apenas um caboclo brasileiro.
José de Souza: Você se identifica como caboclo, mas vejo em você restos de vestes
clericais.
O Espírito: O que você vê em mim são vestes de uma existência anterior. Fui padre,
meu nome era Gabriel Malagrida, e, acusado de bruxaria, fui sacrificado na fogueira
da Inquisição, por ter previsto o terremoto que destruiu Lisboa em 1775. Mas em
minha última existência física, Deus me concedeu o privilégio de ser um caboclo
brasileiro.
José de Souza: E qual é o seu nome?
O Espírito: Se é preciso que eu tenha um nome, digam que sou o Caboclo das Sete
Encruzilhadas, pois para mim não haverão caminhos fechados. Venho trazer a
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Umbanda, uma religião que harmonizará as famílias e perdurará até o fim dos
tempos.
No desenrolar dessa “entrevista” José de Souza, entre outras perguntas, interrogou
se já não bastavam as religiões existentes, fazendo menção ao Espiritismo, então
praticado, e foram estas as palavras do Caboclo das Sete Encruzilhadas:
Deus, em sua infinita bondade, estabeleceu na morte o grande nivelador universal.
Rico ou pobre, poderoso ou humilde, todos se tornaram iguais na morte. Mas vocês,
homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos,
procuram levar essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Por
que não podem nos visitar esses humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não
haverem sido pessoas importantes na Terra, também trazem importantes mensagens
do além? Por que o não aos Caboclos e Pretos-Velhos? Acaso não foram eles filhos
do mesmo Deus?
A seguir fez uma série de revelações sobre o que estava à espera da humanidade.
Este mundo de iniquidades mais uma vez será varrido pela dor, pela ambição do
homem e pelo desrespeito às leis divinas. As mulheres perderão a honra e a
vergonha, e o vil metal comprará caráteres e o próprio homem se tornará efeminado.
Uma onda de sangue varrerá a Europa e quando todos pensarem que o pior já foi
atingido, uma outra onda, muito pior do que a primeira, voltará a envolver a
humanidade e um único engenho militar será capaz de destruir, em segundos,
milhares de pessoas. O homem será uma vítima de sua própria máquina de
destruição.
Amanhã, na casa onde o meu aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda e
qualquer entidade que queira se manifestar, independente daquilo que haja sido em
vida, todos serão ouvidos e nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem
mais, ensinaremos àqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas
nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai.
José de Souza: E que nome darão à essa nova igreja?
O Caboclo: Tenda Nossa Senhora da Piedade, pois da mesma forma que Maria
amparou nos braços o filho querido, também serão amparados aqueles que se
socorrerem da Umbanda.
A denominação “Tenda” foi assim justificada pelo Caboclo: Igreja, Templo, Loja dão
um aspecto de superioridade, enquanto tenda lembra uma casa humilde. Ao final dos
trabalhos, o Caboclo das Sete Encruzilhadas pronunciou a seguinte frase:
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Levo daqui uma semente e vou plantá-la nas Neves, onde ela se transformará em
árvore frondosa.
O Sr. José de Souza fez ainda uma última pergunta: “Pensa o irmão que alguém irá
assistir ao seu culto?”
Ao que o Caboclo respondeu: “Cada colina de Niterói atuará como porta-voz,
anunciando o culto que amanhã iniciarei”.
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Era a primeira manifestação deste espírito iluminado, mas a morte que não muda
ninguém, nem para o bem e nem para o mal, não havia afastado desse injustiçado, o
medo que ele tantas vezes sentiu ante a prepotência do branco escravagista, e, ante
a insistência dos presentes, disse:
Num carece preocupa não, nego fica no toco que é lugá di nego.
Procurava assim demonstrar que se contentava em ocupar um lugar mais singelo
para não melindrar nenhum dos presentes.
Indagado sobre seu nome, disse que era “Tonho”, um preto escravo que na senzala
era chamado de Pai Antônio. Surgiu, assim, a forma de chamar os pretos-velhos de
“Pai”.
Perguntado sobre como havia sido a sua morte, disse que havia ido à mata apanhar
lenha, sentiu alguma coisa estranha, sentou-se e nada mais lembrava.
Sensibilizado com tanta humildade, alguém lhe perguntou respeitosamente: “Vovô, o
senhor tem saudade de alguma coisa que deixou ficar na Terra”?
E este respondeu:
Minha cachimba, nego qué o pito qui deixô no toco... Manda mureque buscá.
Grande espanto tomou conta dos presentes. Era a primeira vez que um espírito pedia
alguma coisa de material, e a surpresa logo foi substituída pelo desejo de atender ao
pedido do velhinho. Mas ninguém tinha um cachimbo para lhe ceder.
Na reunião seguinte, muitos pensaram no pedido e uma porção de cachimbos, dos
mais variados tipos, apareceu nas mãos dos frequentadores da casa, incluindo alguns
médiuns que haviam sido afastados das mesas kardecistas, justamente porque
haviam permitido a incorporação de índios, pobres ou pretos como aquele, e que,
solidários, buscavam na nova casa, a Tenda Nossa Senhora da Piedade, a
oportunidade que lhes fora negada em seus centros de origem. A alegria do velhinho
em poder pitar novamente seu cachimbo logo seria repetida, quando os outros
médiuns já mencionados também passariam livremente a permitir a presença de
seus caboclos, de seus pretos-velhos e demais entidades consideradas não doutas
pelos kardecistas de então, pobres tolos preconceituosos que confundiam cultura
com bondade.
No final desta reunião, o Caboclo ditou algumas regras para a sequência dos
trabalhos, inclusive atendimento absolutamente gratuito, uso de roupas brancas e
simples, sem o som de atabaques e nem palmas ritmadas, sendo os cânticos baixos e
harmoniosos. A este novo culto que se estruturava nesta noite, ele denominou de
Umbanda, que seria a manifestação do espírito para a caridade.
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Se alguma vez tenho estado em contato consciente com algum espírito de luz, esse
espírito é, sem dúvida, aquele que se apresenta sob o aspecto agreste e o nome
bárbaro de Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Sentindo-o ao nosso lado, pelo bem estar espiritual que nos envolve, pressentimos a
grandeza infinita de Deus e, guiados pela sua proteção, recebemos e suportamos os
sofrimentos com uma serenidade quase ingênua, comparável ao enlevo das crianças,
nas estampas sacras, contemplando, da beira do abismo, sob as asas de um anjo, as
estrelas no céu.
O Caboclo das Sete Encruzilhadas pertence à falange de Ogum, e, sob a irradiação da
Virgem Maria, desempenha uma missão ordenada por Jesus. O seu ponto
emblemático representa uma flecha atravessando um coração, de baixo para cima. A
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com o missionário de Jesus, pedindo-lhe uma sugestão, uma ideia, pois não sabia
como discorrer sobre o mandamento primeiro. Ao chegar à tenda, encontrei o seu
médium, que viera apressadamente das Neves, do município de São Gonçalo, por
uma ordem recebida à última hora, e o Caboclo das Sete Encruzilhadas, baixando em
nossa reunião, discorreu espontaneamente sobre aquele mandamento. Concluindo
disse-me: Agora, nas outras reuniões, podeis explicar aos outros como é o vosso
desejo.
E esse caso se repetiu: - Havia a necessidade de falar sobre as Sete Linhas de
Umbanda e, incerto sobre a de Xangô, implorei mentalmente, o auxílio desse espírito,
e, de novo, o seu médium, por ordem de última hora, compareceu à nossa reunião, na
qual o grande guia esclareceu, numa locução transparente, as nossas dúvidas sobre
essa linha.
A primeira vez em que os videntes o vislumbraram, no início de sua missão, ele se
apresentou como um homem de meia idade, a pele bronzeada, vestindo uma túnica
branca, atravessada por uma faixa que brilhava, em letras de luz, a palavra
“CARITAS”. Depois, e por muito tempo, só se mostrava como caboclo, utilizando
tanga de plumas e demais atributos dos pajés silvícolas. Passou, mais tarde, a ser
visível na alvura de sua túnica primitiva, mas há anos acreditamos que só em
algumas circunstâncias se reveste de forma corpórea, pois os videntes não o vêem, e
quando a nossa sensibilidade e outros guias assinalam a sua presença, fulge no ar
uma vibração azul e uma claridade dessa cor paira no ambiente.
Para dar desempenho à sua missão na Terra, o Caboclo das Sete Encruzilhadas
fundou quatro tendas em Niterói e nesta cidade, e, outras fora das duas capitais,
todas da Linha Branca da Umbanda e Demanda.
“Zélio de Moraes foi um médium exemplar e com o Caboclo das Sete Encruzilhadas se
conjugaram em uma brilhante missão. Foram vanguardeiros ostensivos que
plantaram as primeiras sementes de reação e do protesto doutrinário, contra as
práticas fetichistas das matanças e dos sacrifícios às divindades...”
O Caboclo das Sete Encruzilhadas, muitas vezes chamado “O Chefe” por seus
adeptos, nunca permitiu que seu médium recebesse qualquer remuneração pelos
trabalhos espirituais realizados. Zélio nunca exerceu a mediunidade como profissão,
trabalhando para sustentar a família e, diversas vezes, contribuía para a manutenção
das tendas fundadas pelo Caboclo.
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Em 1967, após 59 anos de atividade junto à Tenda nossa Senhora da Piedade, Zélio
decidiu passar a direção dos trabalhos para suas filhas Zélia e Zilméia, e passou a
viver em Boca do Mato, no município de Cachoeiras de Macacu, a 160 quilômetros
do Rio de Janeiro, com sua esposa Dona Isabel.
Nesse recanto privilegiado da Natureza continuou a atender os necessitados do
corpo e da alma, na Cabana de Pai Antônio.
O radialista, escritor e presidente da Federação Umbandista do Grande ABC, Ronaldo
Linares, foi seu amigo por muitos anos e registrou a última mensagem do Caboclo
das Sete Encruzilhadas através de seu médium:
“Meus irmãos: sejam humildes. Tragam o amor no coração para que sua
mediunidade possa receber espíritos superiores, sempre afinados com as virtudes que
Jesus pregou na Terra, para que os necessitados possam encontrar socorro nas
nossas casas de caridade. Aceitem meu voto de paz, saúde e felicidade, com
humildade, amor e carinho”.
Depois de 66 anos de mediunidade, Zélio desencarnou em um sábado, dia 3 de
setembro de 1975. Deixando como legado uma religião que socorre a todos, sem
distinção, mesmo desencarnados. E é nossa responsabilidade levar adiante a
bandeira de Oxalá que ele nos entregou, de forma que possamos ser o exemplo e a
prova da glória e da grandeza da Umbanda.
Todo terreiro tem uma estrutura. Uns são simples, outros mais complexos. Mas o
que todo umbandista deve ter em mente é que todos os espaços físicos de um
terreiro são sagrados, e, por isso, devem ser tratados com muito respeito por parte
do filho de fé.
É certo que alguns espaços demandam cuidados especiais e devem ser tratados
como um organismo vivo, pois são responsáveis pela firmeza, equilíbrio e
estabilidade energética da casa. O responsável pela manutenção e pelos cuidados
especiais destes espaços é o dirigente espiritual do terreiro. Por zelar dos tributos
dos Orixás, o dirigente as vezes é chamado de ‘zelador de santo’.
Antes de discorrermos sobre os espaços que podem ser encontrados em um terreiro
de Umbanda, é necessário discorrer brevemente sobre ‘assentamento vibratório’.
Podem ser conhecidos também por ‘assentamento energético’ ou ‘assentamento
cabalístico’.
Assentamento vibratório é a manifestação energética emanada pelos tributos de
cada Orixá. Esses tributos foram sistematicamente introduzidos no espaço físico.
Podem ser enterrados ou não, porém na Umbanda, o mais usual é serem enterrados
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em local desconhecido dos filhos da casa, ou mesmo serem feitos em locais onde só
é permitida a entrada de pessoas previamente autorizadas.
Existem assentamentos de direita e de esquerda, e ambos são responsáveis pela
emanação de bons fluidos para a atividade religiosa, dando forças para os espíritos
que trabalham para a lei e para a luz, e minando as forças dos espíritos negativos. Os
assentamentos também são responsáveis pelas forças de defesa da casa, criando
uma cúpula de proteção ao redor do espaço físico ocupado pelo terreiro, impedindo
que demandas ou espíritos indesejados adentrem ao terreiro.
Um exemplo que podemos associar para tentarmos compreender os assentamentos,
é o do gerador de energia elétrica à combustível. Em um local onde a energia elétrica
não seja disponível da forma tradicional, utilizamos esses geradores. Coloca-se
combustível no tanque do motor, liga-se o motor e pronto. As lâmpadas se acendem,
os aparelhos funcionam, o sistema de defesa ou proteção funciona; isso para
melhorar, facilitar e favorecer a vida daqueles que irão habitar e desempenhar
funções naquele local.
O assentamento vibratório é como um gerador no terreiro, só que de energias
espirituais. Quando ligado propriamente, favorece o bom trabalho espiritual. Mas, da
mesma forma que um gerador, que precisa ser alimentado com combustível, o
assentamento também deverá receber ‘combustível’ periodicamente.
O zelador deverá firmar velas, fazer orações e oferecer bebidas, água, frutas,
produtos de fumo, flores, incensos ou qualquer outra oferta condizente com cada
Orixá ou com cada doutrina. Essas ofertas, ao liberarem suas energias essenciais,
reabastecerão os assentamentos de forma que continuem pulsando energias divinas.
Quanto à periodicidade dessa manutenção, ela poderá ser semanal, quinzenal ou
anterior a cada sessão do terreiro.
Vejamos agora a descrição de alguns espaços que são encontrados em terreiros e
espaços umbandistas.
Congá
Também conhecido por Pegi. É o altar sagrado dos Orixás. Na maioria das casas, é
neste local que os Orixás recebem suas ofertas e velas. E tem costumeiramente a
forma de pirâmide (triângulo), onde Oxalá sempre ocupará o ponto mais alto, logo
abaixo virão mais duas imagens, a que ficar à direita de Oxalá, normalmente
caracteriza o Orixá de frente (pai de cabeça) do dirigente. E a imagem que fica à
esquerda de Oxalá representa o Juntó (mãe de cabeça) do sacerdote. Nas linhas
inferiores do Congá são dispostos os outros Orixás, sendo que a ordem pode variar
de terreiro para terreiro, pois isso é critério do dirigente espiritual da casa.
Normalmente o Congá fica à frente do espaço onde são feitas as giras, e, por este
motivo, o local da gira também é conhecido popularmente como Congá.
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Tronqueira
Local onde se encontram os assentamentos de Exu e também onde este Orixá recebe
suas oferendas. Normalmente é fechado à chave, sendo que somente o dirigente e
um ou outro escolhido, tem permissão para entrar neste espaço. É construído
usualmente na parte da frente dos terreiros, para que Exu barre a entrada de
espíritos indesejados.
Em alguns terreiros, pode ser apenas a casa do Sr. Exu Tronqueira, o qual se
encarrega de fazer a primeira proteção da casa e também de amarrar em seu tronco
de trabalho, todos os espíritos e energias malfazejas. Neste caso, a tronqueira será
uma casinha similar àquelas que abrigam imagens de santos na residência de
inúmeras pessoas. A diferença principal é que quando a Tronqueira se apresenta
desta forma, somente o Sr. Tronqueira recebe suas ofertas, sendo que os Exus
receberão seus tributos em outro local.
Mesmo neste segundo caso, a tronqueira também recebe assentamento vibratório.
Em nosso chão “terreiro” nosso a direita e a esquerda ficam juntas.
HIERARQUIA DE TERREIRO
Assistência
Também chamada consulência, são as pessoas que vão ao terreiro para se tratar e se
consultar com as entidades nos trabalhos espirituais. Não possuem função nos
templos de Umbanda.
De branco
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assistência, levando aos médiuns água, direcionando as pessoas para seus devidos
lugares. É quem cuida da organização física do local, anotações entre outras funções.
Cambone (Cambono)
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Curimbeiro
No candomblé se chama ogã pode ter diversas funções, porem na umbanda é uma
das principais funções em um trabalho. Os curimbeiros e levam o ritmo dos trabalhos
sendo intuídos pela espiritualidade. A vibração dos tambores com suas mãos é o que
ajudam na incorporação dos médiuns principalmente os iniciantes.
Os curimbeiros tem que saber alem dos toques para as entidades e orixás, pontos
diversos.
Ponto de chegada;
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Ponto de subida;
Ponto de descarrego;
Pontos de firmeza;
Pontos de cura.
Os preceitos dos curimbeiros tem que ser categóricos, pois na hora das giras, seus
toques e pontos podem tanto ajudar como atrapalhar o andamento.
Veremos mais sobre o assunto em ‘Ritos e Fundamentos’.
É o homem que foi escolhido pela espiritualidade. Geralmente essa missão já vem de
pequeno, a informação por um guia chefe do terreiro, situações que ocorrerão ao
longo da vida que irão levando ao caminho de dirigir uma tenda e prestar a caridade.
É imprescindível que tenha vivência de terreiro, pois ao longo dessa missão
acontecerão diversas situações onde já presenciadas ficarão mais fáceis de serem
resolvidas. Um pai de santo só tem que estar pronto para tal função, pois a
espiritualidade se encarregará de mostrar o caminho.
É o responsável principal pela condução religiosa do terreiro. Pode acumular, como
acontece na maioria das casas, a função de administração material do terreiro. É a
autoridade máxima.
Preparação e Recomendações
Mais conhecidos como ‘preceitos’, na Umbanda. Preceito é tudo aquilo que deve ser
preparado antes do início de um trabalho espiritual.
São necessários para o bom desempenho da atividade religiosa e obrigatórios para
todos aqueles trabalhadores que adentrarão ao Congá. Também é desejado para a
assistência.
Existem três regras básicas fundamentais para a preparação de médiuns e cambones
para os trabalhos espirituais. Devem ser obedecidos desde a meia-noite do dia de
trabalho ou 24 horas antes do início dos trabalhos:
- não manter relações sexuais;
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Banho de ervas
Firmeza de velas
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“Salve [nome da entidade] ! Salve toda a sua força e toda a sua banda!
A ti firmo esta vela com todo amor do meu coração, para agradecer-lhe tudo que
faz por mim e pedir a sua proteção, sua ajuda material e espiritual para fazer o
pedido que deseja]. Sou confiante! Salve!”
Note que utilizamos o termo firmar e não acender. Acendemos velas quando
estamos no escuro ou quando acaba a energia elétrica. O umbandista firma velas.
Orações
Roupa
As roupas para o trabalho devem ser condizentes com uma prática religiosa. Não
devem ser justas, curtas, decotadas, transparentes ou ostensivas. Dar preferência aos
tecidos naturais como o algodão. A cor, devera ser brancas nos trabalhos, porém é
necessário manter sempre a discrição.
Pé no chão
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natural terra (afinal a Umbanda trabalha com as forças da natureza), também tem a
função de facilitar o descarrego.
Entretanto, por vários motivos culturais ou regionais, a maioria das casas não faz
disso obrigatório. Lembremos ainda que na Tenda Nossa Senhora da Piedade (tenda
mãe da Umbanda), os médiuns trabalhavam calçados.
Postura de Terreiro
É desejado que o filho de fé se mantenha calmo durante o dia em que irá trabalhar
no terreiro e avesso à conflitos de qualquer tipo. Isso porque, quando perdemos a
calma, entramos em sintonia com espíritos e energias hostis que irão contaminar e
envenenar o seu espírito. Se caso for médium, isto dificultará a incorporação e
tornará a atividade do guia incorporado mais difícil.
Sem dizer que é comum a espiritualidade inferior ‘atacar’ o filho de fé em dias de
trabalho, tonando a tarefa ainda mais difícil. Os convites para festas e reuniões com
amigos também costumam acontecer só em dias de trabalho, tentando tirar o filho
de fé do caminho de sua missão. Dores repentinas, apatias e desejos de não ir aos
trabalhos são também extremamente comuns.
A solução para isso? Mantenha-se calmo e paciente, firme-se no seu propósito, ore e
vigie.
Por fim, lembre-se de chegar com antecedência ao terreiro para ajudar na
preparação do trabalho, seja médium, cambone ou trabalhador. Lembre-se que todo
o trabalho desenvolvido dentro de um terreiro não é para o dirigente, nem para a
assistência. É sempre para Deus, todos os Orixás, guias e protetores, os quais saberão
te recompensar de acordo com o sentimento com o qual você realizou o seu
trabalho, e o seu merecimento.
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Defumação
Bater cabeça
É o momento em que o filho de fé, com humildade, pede a proteção do Orixá Maior,
Oxalá, para o desenvolvimento dos trabalhos. O procedimento correto é:
O filho caminha até a esteira (sem pisar na esteira) e de frente para ela, ajoelha-se.
Com as costas da mão direita ele consagra a esteira, fazendo movimentos em sinal-
da-cruz, dizendo: “Por Olorun, por Oxalá e por Ifá”, repetindo isto por 3 vezes. Em
seguida deita de bruços (barriga para baixo), firma a testa contra a esteira e com as
mãos postadas com as palmas para cima (como quem recebe uma benção), faz sua
curta prece para Oxalá, por exemplo:
“Salve meu Pai Oxalá, peço a sua benção para a minha vida e para os trabalhos de
hoje”.
Em seguida recolhe-se, ficando ajoelhado novamente, e consagra a esteira da mesma
forma que no início. Em seguida dirige-se ao sacerdote para pedir a benção se for da
doutrina de sua casa. Todo esse processo deverá ser feito de forma rápida para que
este fundamento não atrase a continuação dos trabalhos.
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Pedir a benção
Durante os trabalhos
Para os médiuns que não estejam incorporados, seja qual for o motivo, é indicado
que fiquem em pé, com as mãos dadas para frente. Para nenhum dos médiuns e
mesmo cambones, é autorizado prestar atenção no atendimento dos guias
incorporados. Sobriedade e discrição são as palavras de ordem.
É necessário salientar que um médium não pode deixar a corrente sem a prévia
autorização do sacerdote ou de seu guia incorporado. Esta autorização também pode
ser concedida pelo pai pequeno ou mãe pequena.
Encerramento
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Liturgia de Umbanda
Abrir a Jurema
“Jurema”, neste caso, não se trata da entidade, nem da árvore sagrada e muito
menos deve ser confundido com o outro ritual afro-brasileiro de mesmo nome. Abrir
a Jurema significa simplesmente abrir os trabalhos do dia. É executado entoando-se
um ponto cantado extremamente conhecido, o qual exalta os Orixás de Cabeça e
Juntó do dirigente. O ponto tem os seguintes dizeres:
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Prece de abertura
Saudação a Exu
Como nossas doutrinas são da umbanda Branca, os Senhores Exus serão saudados
pelo dirigente antes mesmo das chegados dos filhos na casa.
Os trabalhos já se iniciam quando o dirigente faz suas firmezas e obrigações em seu
assentamento vibratório para dar início aos trabalhos.
Para conhecimento:
Devemos saber que ao saudarmos Exu, ele deixa o Congá e assume sua posição de
vigilância. A saída de Exu é importante também para que as energias dele (que são
extremamente densas) não interfiram nas energias sutis dos Orixás e seus
representantes, que irão se manifestar no terreiro. A saudação também serve para
demonstrar nosso respeito e a importância que damos a Exu.
A saudação pode ser como ponto cantado ou saudação verbal. Em alguns terreiros
podemos encontrar até as duas formas juntas.
Em algumas casas a saudação não acontece, mas o sacerdote faz oferta ou firmeza
para Exu antes do início dos trabalhos. Isso para Exu acaba tendo o mesmo valor.
Render graças à Exu antes dos trabalhos, seja com saudação ou seja apenas com
ofertas, certamente é fundamento de Umbanda.
Pouco comum, pois utilizamos em nossa abertura dos trabalhos. Essa doutrina está
contida no livro dos médiuns de Alan Kardec, onde se pede a vinda dos bons espíritos
para os trabalhos e a proteção contra os espíritos malfazejos.
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Defumação
Pouco difundida nos terreiros. Porem em nossa tenda, eu a utiliza quando faço
minhas firmezas 2 horas antes do início da gira. Peço para que todos os guias de luz
que irão trabalhar naquele dia, ajudem seus cavalos para que tenham firmeza nos
trabalhos.
Porem tem algumas doutrinas que faz minutos antes de começar a incorporação de
cada linha.
Bater cabeça
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Em nossa tenda, após a defumação, abertura da gira, vem as orações que saudamos
todos os orixás cultuados em nossa doutrina ( Oxalá, Ogum, Xangô, Obaluaê, Oxóssi,
Iemanjá, Iansã, Oxum e Nana Boruque), em seguida cantamos o hino da Umbanda.
É o início dos trabalhos de incorporação. A saudação a Ogum regente de nossa tenda
e nosso protetor parte importantíssima de uma gira de Umbanda cada casa saúda
seu Orixá regente. Consiste no cântico de pontos para os Orixás; a cada ponto a
energia de um Orixá envolve todo o Congá.
A saudação pode ser completa ou reduzida de acordo com o sacerdote e a tradição
da casa. O mais comum é saudar Oxalá, depois Ogum e iniciar a linha de trabalho do
dia. Entretanto, uma vez que a Umbanda tem como doutrina a força dos Orixás, é
recomendado que a saudação seja completa.
Os cânticos são breves, o suficiente para que os médiuns possam sentir as energias e
se conectarem com seus guias.
A importância de Ogum
Neste ato, é invocado a 1ª linha de trabalho que irá atender a assistência da casa com
o descarrego. Em nossa tenda sempre trabalhamos com caboclos para descarrego,
mesmo porque o nosso dirigente espiritual é o Cacique Pena Vermelha sendo assim a
linha dos caboclos sempre será a primeira a ser puxada, salvo dias de festas que as
saudações são diferentes.
Os pontos cantados são diversos e deverão continuar até que o sacerdote, ou sua
entidade em terra, ateste que a energia necessária para os trabalhos já está
instaurada e a corrente já está completa, firme e estável.
Neste ponto, normalmente se aguarda que os cambones sirvam todas as entidades
com seus tributos (charuto, instrumentos da entidade), para só depois “abrir a
porteira”, que nada mais vem a ser do que permitir a entrada da assistência.
A linha de trabalho ficará em terra até que todos da assistência tenham recebido
atendimento. Isso não significa que o trabalho deverá durar tempo indeterminado;
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caso haja muitas pessoas para serem atendidas, os cambones, com todo respeito e
gentileza que as entidades merecem, deverão solicitar às mesmas que acelerem seus
atendimentos. Nunca devemos esquecer que a Umbanda é caridade, mas caridade
sem ordem e disciplina torna-se vã, uma vez que alimentará o ego e a vaidade, tanto
da assistência quanto de médiuns mal preparados. É dever de todos, dentro uma
casa de caridade, importar-se uns com os outros, sendo que o interesse de um jamais
poderá sobrepor o interesse dos outros.
Entra a 2ª linha de trabalho em nossa tenda sempre revezamos a linha d’água,
senzala ou a linha simironga (Santo Antônio, Santo Onofre), uma linha sem consulta,
para ajudar no descarrego e atender as pessoas que não estão presentes fisicamente
e sim mentalmente e ou espiritualmente.
Para finalizar vem a 3ª e ultima linha com atendimento. Nesse momento é onde a
assistência consegue conversar melhor com as entidades, pois na linha de caboclos é
difícil o entendimento da língua e nesta terceira linha sempre deixamos as linhas de
baiano, boiadeiro, preto velho, criança, marinheiro.
As giras de cigano sempre são trabalhadas individualmente, até porque a vestimenta
é diferente. Saudamos todos os orixás e damos início a gira de ciganos.
Uma vez atendidas todas as necessidades dos presentes, as entidades poderão partir.
Sem nunca antes promover o descarrego necessário no “cavalo” que ocupou. O
descarrego se faz necessário para a eliminação de energias negativas residuais que
tendem a se aderir no médium.
Hino da Umbanda
Prece de encerramento
Esta prece tem vários pontos a serem destacados. É uma ação de graças pelas graças
certamente alcançadas naquele trabalho. É também de suma importância para o
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Descarrego final
Muito pouco encontrado, este descarrego existe basicamente para recolher energias
perniciosas ainda ativas e equilibrar os médiuns, a assistência e o ambiente.
O descarrego final é executado pela ultima linha de trabalho do dia.
Fechar a Jurema
A “Jurema”, que nada mais é que o trabalho, é encerrada com o mesmo ponto
cantado, substituindo-se apenas o verbo “abrir” por “fechar”.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Funções da Umbanda
Segundo o Caboclo das Sete Encruzilhadas, Umbanda é uma linha de demanda para a
caridade, ou seja, um caminho aberto pela espiritualidade superior, para que os bons
espíritos possam deixar mensagem e levar o consolo e alívio espiritual para todos que
assim o desejam. Não obstante, ainda é função da Umbanda permitir a manifestação
de todo e qualquer espírito, sendo que os mais adiantados ensinarão, os mais
atrasados aprenderão, e, entre estes últimos, se desejarem mudar o curso de suas
existências para trabalhar para a Lei e para a Luz, haverão de receber o
encaminhamento da espiritualidade para que sejam doutrinados para este fim.
Como podemos ver, a função da Umbanda se aplica no ensino, resgate e tratamento
de todos os espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados.
Por último, porém não menos importante, com relação aos espíritos desencarnados
que persistirem no caminho das trevas, também é de obrigação da Umbanda
aprisionar e encaminhar para locais onde não mais possam continuar com suas
intenções malignas.
Podemos entender a Umbanda como um exército da salvação, que prioritariamente
leva o auxílio através da caridade, mas também dispõe da força necessária para um
embate militar, caso seja preciso.
Humildade e caridade
Alan Kardec, disse através de sua obra que “fora da caridade não há salvação”,
expressão que é utilizada largamente como lema do espiritismo.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Mas para entendermos esta sentença, devemos ter claro em nossa mente a definição
dessas duas palavras: salvação e caridade.
Salvação é a libertação do espírito de suas imperfeições que o encaminham ao erro, e
da necessidade de viver em mundos materiais. É o reconhecimento dos valores e
prazeres espirituais, em detrimento aos valores e prazeres materiais.
Para propiciar e favorecer essa salvação, Deus, em sua infinita misericórdia, concede-
nos o direito da reencarnação em busca da evolução espiritual.
E caridade? Este conceito já é mais delicado.
De uma forma mais abrangente, caridade é a virtude que conduz ao amor à Deus e
ao nosso semelhante, de forma que possamos viver o “amai ao próximo com a ti
mesmo”. Para que possamos prestar ajuda aos menos favorecidos.
Mas não é só isso, a maioria das pessoas confunde caridade com doação. É comum
campanhas de solidariedade movimentarem enormes quantidades de mantimentos
e dinheiro, mas isso não é caridade, é doação.
Nos enganamos ao acreditar que toda doação de um bem material possa “limpar”
nossa consciência, por acreditarmos que estamos dessa forma praticando caridade.
Caridade implica muito mais que doação, necessita envolvimento daquele que doa. E
os “bens” distribuídos através da caridade não precisam ser obrigatoriamente
materiais. Aliás, a verdadeira caridade é a doação de tempo, dedicação, atenção,
amor, carinho e senso de bem servir.
Quanto à humildade, é indispensável para aplicação dos fundamentos da caridade. É
também a humildade que gera o envolvimento para transformar a doação em
caridade.
Somos privilegiados por fazer parte de uma religião que ensina estes fundamentos a
seus adeptos, pois é a verdadeira riqueza da espiritualidade.
“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os
ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a
ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver
o vosso tesouro, ali também estará o vosso coração”. Mateus 6:19,21
Com estas palavras, o Mestre Jesus deixa bem claro sobre qual escolha devemos
fazer; a do mundo material, transitória e insuficiente para o alcance de bem-estar,
ou, espiritual, eterna e geradora de satisfação duradoura.
Jesus também é o grande modelo de humildade e caridade que conhecemos. Seu
comportamento e seus ensinamentos primavam pela simplicidade. Seu discurso
pacífico e espiritualizado tornou-se o foco de admiração de muitos, porém,
infelizmente, poucos seguiram seus passos.
Na Umbanda temos esta oportunidade de seguir os passos do Mestre. A humildade e
a caridade são os maiores fundamentos de nossa religião.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Tudo o que for visto sem amor, sem caridade e sem humildade não é Umbanda
Branca.
Em tudo o que for fazer em sua vida veja se tem ao menos umas dessas filosofias,
casa não tenha nenhum delas repense seus atos, pois o verdadeiro umbandista não é
apenas no dia de gira e sim quando faz de sua religião uma filosofia de vida.
Deus único
Este tema é de extrema importância pela confusão que a maioria das pessoas, e
mesmo os filhos de fé, fazem com este assunto.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Este é o foco principal de qualquer religião ou doutrina espiritualista. Por mais óbvia
que possa ser, ainda existe uma grande quantidade de umbandistas que ainda não
compreendem o maravilhoso mecanismo da reencarnação.
O corpo carnal é limitado, envelhece e morre. É como uma “roupa” utilizada pelo
espírito enquanto estamos no mundo material. O espírito, por sua vez, é eterno, e
como tal continua sua jornada após a morte do corpo físico. Quando estamos no
corpo físico, vivendo uma vida, dizemos que estamos encarnados. Quando
despojamos o corpo físico, dizemos que estamos no mundo espiritual ou “entre
vidas”.
Como uma criança que aprende a andar, falar, pensar, ler e escrever, o espírito é um
eterno aprendiz, independente em que condição esteja, encarnado ou
desencarnado. Mas é no mundo material onde aprendemos as mais importantes
lições.
A missão de todo espírito é evoluir até atingir a perfeição. Mas, durante nosso
aprendizado, cometemos muitos erros que deverão ser resgatados para que a lição
se fixe com firmeza em nosso ser. Para que isso possa acontecer, existe a
reencarnação.
A reencarnação é a ferramenta que a providência divina desenvolveu para que
possamos repetir uma lição tantas vezes quanto necessário. Durante este
aprendizado é desejado que quitemos dívidas contraídas em encarnações passadas,
pretendendo não adquirir novas dívidas. Quando o conseguimos, isto determina a
evolução que adquirimos em uma determinada encarnação.
O mais difícil deste processo é que, quando encarnamos, nossa memória é apagada
para que os erros das vidas passadas não representem um fardo na presente.
Dispomos apenas de nossa consciência e nossa intuição para sobrepujar os
obstáculos para nós atribuídos. E é pela consciência e intuição que muitas vezes
sentimos como se conhecêssemos pessoas e lugares, e desenvolvemos facilmente
habilidades que para outros é extremamente difícil. Isto significa que já encontramos
aquelas pessoas, conhecemos aqueles seres e já dispomos, em nosso inconsciente, o
caminho para desenvolver aquela habilidade.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Livre arbítrio
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
permissão. Elas nada podem fazer sem o seu consentimento. Por isso é pedido à
assistência que relate seu problema e faça seu pedido para o guia espiritual. Dessa
forma, fica implicitamente clara sua autorização para a interferência, que só se
consumará caso seja realmente necessário.
Não somos peças em um jogo de xadrez, temos pleno controle de nossas ações e do
nosso futuro. Mas isto dependerá exclusivamente de como você usará o seu livre
arbítrio.
Outra grande lei espiritual universal. Também conhecida como lei da causa e efeito. É
a grande niveladora universal, que faz com que cada um receba de acordo com seus
atos.
No ditado popular ‘quem planta vento, colhe tempestade’, percebemos claramente
uma alusão à lei da ação e reação.
Não são apenas os atos, mas cada pensamento que construímos e palavras que
proferimos estão sujeitos a esta lei. Se, através de nossa mente desejarmos o mal
para alguém, independente de você julgar justo, certamente este mal retornará até
nós. Se abençoarmos um irmão com as palavras, esta benção também retornará.
As palavras do Mestre Jesus eram diferentes, mas dizem a mesma coisa: “Não
julgueis para não serdes julgados”.
Por este motivo pessoas que carregam sentimentos de vingança nunca encontram
paz em suas vidas. Como poderiam? Se tudo o que fazem é pensar em formas de
alcançar este tenebroso objetivo. Por pensarem insistentemente no mal, acabam por
receber o mal cada vez mais. Sendo assim, a conta é simples. Basta pensarmos coisas
boas, falarmos boas palavras e praticar bons atos e só receberemos o bem. Mas, para
que isso aconteça, é necessário domar a si mesmo em primeiro lugar. E isto é muito
difícil.
Quem dentre nós vai conseguir ficar calado quando for injustiçado, sorrir quando
receber uma ofensa, ficar em paz quando for humilhado ou mesmo dar a outra face
quando levarmos um tapa na cara? São apenas pequenos exemplos da dificuldade de
se manter equilibrado, pois somente assim nossa ‘boa ação’ receberá uma ‘boa
reação’ a nosso favor.
Diante disto, podemos afirmar com segurança, que a lei da ação e reação é como um
professor muito rígido que nos devolve uma situação da mesma forma que a
acarretamos. Isto não é um castigo, mas sim mais uma manifestação da providência
divina para podermos enxergar nossos erros e trabalhá-los com o objetivo de
aperfeiçoamento.
Enfim, o livre arbítrio lhe permite tomar a decisão que melhor lhe aprouver ou
interessar; entretanto, a lei da ação e reação determina o que lhe será devolvido.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Esta lei determina que tudo que está a seu redor, seja perfeitamente conforme a
energia que você emana.
Podem ser situações que te acontecem, circunstâncias na qual vive e até mesmo
espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados.
Todo ser vivente, encarnado, emana uma determinada energia. Se esta energia for
boa atrairá para si situações, circunstâncias e pessoas boas. Do contrário, receberá
situações, circunstâncias, situações e pessoas ruins.
Para melhor entendermos como isso funciona, é necessário compreender como a
energia de um ser pode ser diferente, uma das outras, e o que causa esta diferença.
Somos a somatória de tudo o que pensamos, falamos e agimos. Se no resultado
encontramos mais positividade que negatividade, emanaremos uma energia positiva,
e o oposto também é verdadeiro.
Fora isso, as experiências acumuladas nesta encarnação e nas anteriores,
determinam situações como se gostamos de esportes ou de estudos, se nos sentimos
bem no meio de pessoas mais abastadas ou mais simples, ou ainda se toleramos
pequenos delitos como jogar lixo na rua ou não.
Somando a polaridade das energias de nossos pensamentos, de nossas palavras, de
nossas ações, de nossa consciência e nossas experiências e habilidades,
determinaremos o meio em que vivemos, nossas profissões, nossos amigos e até
mesmo quais espíritos estão ao nosso redor.
Sempre atrairemos seres que possuam afinidade com nossa energia, independente
de gostarmos ou não dessa companhia. Escolheremos companheiros e
companheiras, profissões e até mesmo bens materiais em conformidade com esta
afinidade energética, ou, como é normalmente conhecida, afinidade espiritual.
Se você deseja ao seu lado espíritos evoluído, que irão te acrescentar sabedoria e lhe
ajudar para que esta encarnação seja tanto menos ‘pesada’, é necessário que
aprendamos a controlar nossos pensamentos atos e palavras. Lembre-se que toda
ação negativa atrairá ainda mais negatividade e vice-versa.
Mas a mudança para melhor sempre é possível. E a transformação contínua é o que é
esperado de um espírito encarnado.
Merecimento
Já falamos sobre livre arbítrio, lei da ação e reação, e das afinidades espirituais, mas
só agora falaremos sobre merecimento. Por quê?
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Anjo da guarda
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
orações. Caso a vela borre ou a chama fica vacilante ou mínima, devemos sempre
imantar a vela com nossa energia e nossas orações. Nesses casos é importantíssimo
manter uma vela sempre firme até que a energia se estabilize.
Caso o irmão de fé, em momento de angústia, não souber a quem pedir, peça ao seu
anjo da guarda, ele é o mais importante guia e também saberá convocar as entidades
necessárias para o teu auxílio. Para isso bastar fazer com humildade a oração do anjo
da guarda.
A oração tradicional do Anjo de Guarda:
Guias e protetores
Guiar e proteger são funções de todo espírito benfeitor que nos acompanha
perenemente. Uns podem ser guias e protetores, outros podem ser apenas
protetores.
As entidades que nos acompanham, estão conosco normalmente desde o dia do
nosso nascimento, podendo que alguns tenham acompanhado até mesmo a nossa
gestação, para certificar-se de que viríamos ao mundo sem maiores problemas.
Diferente do anjo da guarda, somos nós que escolhemos nossos protetores. Quando
recebemos a autorização para reencarne, definimos nossa missão a ser cumprida.
Dessa forma procuramos sempre convidar espíritos amigos ou que respeitamos, ou
ainda que temos certeza que serão imprescindíveis para o bom andamento de nossas
tarefas. Eles podem aceitar ou negar, não tem obrigação para conosco. Dessa forma
montamos nossa guarnição espiritual.
Muitos de nossos guias e protetores podem ter compromisso com partes de nossa
missão, outros ainda deverão certificar-se de que encontremos as pessoas certas
para nos ajudar ou para que possamos efetuar nosso resgate, outros ainda são
responsáveis por garantir que certos desafios se coloquem para nós encarnados.
Com tanta proximidade, não é difícil que possamos absorver certas características de
personalidade de nossos guias, quando enfrentamos as mais diversas situações da
vida. Podemos nos sentir, eventualmente, fortes, rápidos, corajosos, sábios, velhos,
novos, entre tantas outras sensações. O importante é saber que a cada desafio,
teremos sempre um especialista à nossa disposição para nos auxiliar a superar
aquele obstáculo.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Nossas entidades podem se afastar ou podem ser afastados de nós quando estamos
desleixados quanto à nossa espiritualidade, sendo assim alvos fáceis para as hostes
negativas. Nenhuma entidade fará mal ao seu cavalo, pois ela precisa de sua
permissão para que atue em sua vida. Um trabalho de magia negra pode afetar a nós
e até mesmo nossos guias. Por isso é tão importante uma visita ao terreiro para um
passe ou exercitar a mediunidade nos trabalhos. Assim ficamos menos vulneráveis e
caso algo do gênero aconteça, poderemos rapidamente tomar providências. Nunca
se esqueça: orar e vigiar sempre!
Podem afastar-se voluntariamente de nós quando nos desviamos radicalmente do
caminho de nossa missão, ou quando abrimos portas para a negatividade. Afastam-
se muitas vezes pela dificuldade que encontram em manter-se próximos, pela
polaridade de nossa energia, por nossa energia estar muito diferente da vibração
deles. Então, é como se nós os mandássemos embora; mas, mesmo distantes, estão
nos vigiando e tentando prestar a ajuda que for possível.
Quando estamos com Deus nenhum mal nos atinge. Ninguém pode mais do que
nosso Pai Oxalá.
No caso de médiuns de corrente, esta situação é ainda mais complicada, pois além de
estarmos deixando que o plano inferior nos guie, nos dias de trabalho são estes
espíritos malfazejos que virão em terra, fazendo-se passar pelos verdadeiros guias de
luz. Neste caso cabe ao sacerdote oficiante da gira detectar a situação e encaminhar
o intruso. Também o assentamento vibratório dos terreiros é indispensável para
estes momentos, pois mina a força dos espíritos negativos.
Muitos têm dúvidas sobre se todos os encarnados possuem guias e protetores; e a
resposta é sim, independente de serem médiuns, todos possuímos nossos guias e
protetores que nos acompanham, orientam e protegem.
Não podemos esquecer de que nem todos os espíritos que nos acompanham foram
escolhidos por nós antes do reencarne, alguns se aproximam por afinidade espiritual,
e no caso dos médiuns de trabalho, podem se aproximar pela oportunidade de
prestar a caridade.
Os guias podem ser de diversas origens e falanges. Somente na Umbanda são
conhecidas as linhas de caboclos, pretos-velhos, crianças, baianos, boiadeiros,
marinheiros, ciganos, linha da simironga, linha d’agua, pescadores, linha do orientee
a senzala. As diversas correntes se aproximam da Umbanda pela oportunidade de
manifestar a caridade que a religião lhes proporciona.
Intuição
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Se está independente de raciocínio ou análise, isso quer dizer que ela não é
manifestada pelo mental. E isto está correto.
Para nós umbandistas, intuição é a forma que nossos protetores usam para nos
transferir informação. É o canal de comunicação da espiritualidade conosco. É feito
desta forma para nos advertir sobre perigos ou situações incômodas. Podem dizer
também sobre pessoas que fazem parte de nossa missão, seja como auxílio ou
resgate.
Nossos guias lançam mão desse recurso para não infringir nosso livre arbítrio, sendo
assim, eles nos transferem o recado, porém a decisão continua sendo nossa.
Para cada um a intuição pode ser sentida de forma diferente; para alguns é como um
lampejo, uma idéia, para outros são como sensações, e ainda há aqueles que a
sentem como um choque elétrico.
De qualquer forma, devemos ter em mente que a espiritualidade sempre atua a
nosso favor.
Quando recebemos uma intuição é importante falar ou agir imediatamente,
aproveitando a pureza dessa intuição. Se não for o caso de falar nem de agir, ao
menos tente registrá-la exatamente como você a recebeu.
Por fim, muitos perguntam se existe intuição negativa, ou seja, causada por espíritos
malfazejos. E a resposta é sim, isso certamente pode acontecer. Para evitarmos essa
situação indesejada é importante estarmos sempre nos descarregando nos terreiros,
sempre mantendo nossa energia positiva e sempre fazendo uma reflexão sobre nós
mesmos. Como diz o Mestre, orar e vigiar. O preço da liberdade é a eterna vigilância.
Mantenha-se sempre conectado com seus guias e seus mentores. Mas como ? Nas
orações onde damos permissão para que possam atuar em nossas vidas e desta
forma, todo o mal que nos cerca será encaminhado ao seu devido lugar e nossas
intuições serão as melhores.
Neste capítulo, entenderemos o mundo invisível que nos cerca e como o afetamos
através de nossas próprias energias, tanto positivamente quanto negativamente.
Energia
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Do ponto de vista espiritual, energia é muito mais. É a matéria prima que constitui
tudo o que temos no universo, tanto no plano material quanto no plano espiritual.
Um princípio universal da energia é que ela não pode ser criada, apenas
transformada. Esse princípio rege muitas disciplinas como a química e a astronomia.
No universo uma estrela que ‘morre’ e explode lança milhões de partículas que, ao se
aglutinarem, darão origem à novas estrelas.
O famoso físico alemão Albert Einstein, em sua teoria da relatividade, demonstra que
energia é igual à massa multiplicada por aceleração. Difícil de entender? Explicamos
então.
Quando aceleramos as partículas de uma determinada partícula, ou grupo de
partículas, mais energia obtemos. Este princípio foi utilizado para o desenvolvimento
da bomba atômica.
Mas o que tudo isso tem a ver com o ponto de vista espiritual?
Einstein provou que tudo é composto de energia, e toda e qualquer energia pode ser
transformada.
Corpos densos como uma parede, ou nosso corpo físico, é energia em repouso ou
com baixa aceleração. Corpos menos densos ou sutis, como os gases, são compostos
de energia com maior aceleração. Neste último exemplo também se inclui o espírito.
Resumindo, do ponto de vista espiritual tudo é energia e a energia pode ser
transformada. Assim sendo, todos os espíritos podem ser afetados por outras
energias.
As energias, para o nosso estudo, dividem-se em duas categorias: energia imanente e
energia consciente.
Energia Imanente
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Energia Consciente
Energia consciente ou consciencial é a imanente modificada por nós por meio dos
nossos processos energéticos, pensamentos e sentimentos. As energias que
produzimos nos afetam, bem como a todos os nossos semelhantes e os ambientes
que frequentamos.
A energia consciente indica imediatamente a condição na qual o indivíduo se
encontra. Com um simples pensamento que emitimos, atraímos consciências que
estão no mesmo padrão energético. Por isso, precisamos ficar atentos aos ambientes
que frequentamos, às pessoas com as quais nos relacionamos e, principalmente, aos
pensamentos e sentimentos que cultivamos.
Então podemos dizer que a energia imanente é uma poderosa energia pura, porém
neutra, não possui polaridade, existe apenas pelo objetivo de cumprir sua função no
planeta, atuando sobre os seres vivos de acordo com a orientação original de seu
Orixá.
Já a energia consciente é a energia imanente por nós absorvida, entretanto, alterada
pelo que pensamos e por nossas emoções, conferindo à esta energia uma polaridade
positiva ou negativa. Energia consciente é regida pelas leis da ação e reação, bem
como a das afinidades espirituais, sendo que a energia imanente não.
A energia não pode ser criada nem destruída, mas avaliada, concentrada, bloqueada,
dispersa, transferida, captada, transformada, modulada, emitida e projetada. Para
isso basta estudo, exercício e disciplina.
Por fim, devemos ter consciência da energia irradiada por nós e pelo mundo que nos
cerca.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Exercícios
Exercício respiratório
Sente-se no chão com as pernas cruzadas (posição clássica de meditação), com a
coluna ereta. Com sua mão direita, pressione levemente abaixo do seu umbigo e
comece a respirar, inspirando pelo nariz e expirando pela boca. A inspiração deve ser
lenta e a mais profunda possível, de forma a preencher totalmente seus pulmões; a
expiração deve ser feita em sopro, como se estivesse soprando um apito (fazendo um
‘bico’ com os lábios), de forma a expulsar todo o ar de seus pulmões.
A cada respiração, é natural que as inspirações comecem a ficar mais e mais
profundas, até que alcancem a plena capacidade de seus pulmões. Assim sendo,
repita a respiração até sentir que sinta sua mão direita é empurrada para frente. Este
é o sinal que você está aproveitando ao máximo sua capacidade pulmonar.
Este é um exercício para disciplinar sua respiração e pode ser feito diariamente por
alguns minutos apenas. Você pode manter seus olhos fechados durante o exercício,
tente manter sua mente concentrada na respiração, caso não consiga, pense em algo
que te faça sentir bem.
Chakras
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Os sete chacras principais do corpo são, de baixo para cima: Básico, Sexual, Plexo
Solar, Cardíaco, Laríngeo, Frontal e Coronário. Todos eles estão associados ao
sistema endócrino do corpo humano, e cada um deles está associado a uma glândula
específica.
Vamos nos basear aqui no estudo dos hindus, que se debruçam sobre a anatomia
sutil há pelo menos 10 mil anos, por meio da medicina ‘ayurvédica’ e das escrituras
sagradas do Hinduísmo. Eles são os pioneiros no estudo dos chakras, e representam
cada um deles com flores-de-lótus, com quantidades de pétalas diferentes. Quanto
mais sutis são os chacras, mais pétalas eles têm (com exceção do chacra frontal).
Do ponto de vista espiritual, cada chakra traz consigo uma missão a ser cumprida
pelo homem. A vibração de cada um dos chakras também indica se a pessoa está
bem ou não em cada parte do corpo e em cada setor da sua vida. Um chakra que
vibra em excesso está hiperativo, ou que vibra menos do que o normal, hipoativo,
está em desequilíbrio.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Ele é chamado pelos hindus de Muladhara, que em sânscrito significa suporte. Está
na base da coluna (no último osso, cóccix), mais exatamente na região do períneo.
Sua abertura está voltada para baixo, para a terra. É o responsável pela absorção da
energia telúrica e pelo estímulo direto da energia no corpo e na circulação do sangue.
Ele está ligado às glândulas suprarrenais, responsáveis pela liberação no sangue do
hormônio adrenalina, que nos impele a preservar a nossa vida diante de situações de
perigo ou de decisão.
O chacra básico apresenta a cor vermelha, é ligado ao elemento terra e rege também
os órgãos que dão estrutura ao corpo (ossos, músculos, coluna vertebral, quadris), às
pernas, e aos pés. Dessa forma, esse chakra nos oferece um suporte, uma estrutura
para vivermos no plano terrestre, pois é ele que nos conecta à terra, à existência.
É comum que pessoas com depressão ou que já atentaram contra a própria vida
estejam com esse chakra fragilizado. Pessoas muito apegadas a coisas materiais, que
acumulam coisas antigas, costumam ter problemas de intestino preso e isso reflete
um mau funcionamento do chakra básico.
Pessoas prósperas e com boa saúde costumam ter um chakra básico igualmente
saudável. A missão deste chakra é fazer com que caminhemos com equilíbrio no
planeta Terra e ele expressa a saúde do corpo físico como um todo.
Também conhecido como chakra da sobrevivência. É bloqueado principalmente pelo
medo. Se deseja que este chakra se abra, deve encarar seus medos e dissolvê-los,
deixe o medo ir embora.
Chakra Sexual
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
influencia a qualidade de nossa relação com a Terra, com a família, com as pessoas
em geral, e com nós mesmos. Ele representa nosso corpo emocional, armazena
emoções vividas em relacionamentos, e nos dá a missão de interagir com o mundo,
com aquilo que está ao nosso redor de forma harmoniosa.
Também pode ser chamado de chakra sacro, e apresenta a cor laranja, roxa ou
vermelha (dependendo das circunstâncias). É o chakra da troca sexual e da alegria.
Muitas escolas espirituais evitam falar sobre este chakra e colocam em seu lugar o
chakra esplênico (ou chakra do baço).
Quando está bloqueado, causa impotência sexual ou desânimo, problemas de
relacionamento, baixa autoestima. Quando hiperativo, causa intenso desejo sexual e
outras compulsões. Se o chakra sexual estiver saudável, ele estimula o melhor
funcionamento dos outros chakras e ajuda no despertar da kundalini; a pessoa tem
uma autoestima equilibrada, consegue aproveitar e apreciar os prazeres da vida.
É o chacra do prazer e é bloqueado pela culpa. Perdoe-se de seus erros, liberte-se da
culpa para ativar este chacra.
Chamado de Manipura pelos hindus (em sânscrito, cidade das joias), fica um ou dois
dedos acima do umbigo, e está ligado ao pâncreas. Esse chakra apresenta cor
amarela, verde-forte e vermelha.
Ele influencia nossa relação com a matéria e com o poder pessoal. Neste chacra
ficam retidas emoções densas como raiva, mágoa, medo, tristeza, angústia, rancor,
ansiedade. É um dos chakras que mais precisam ser tratados e harmonizados
sempre. Representa o corpo mental.
O plexo solar controla a região das vísceras, e não é à toa que todas as emoções
densas e viscerais (como paixão e desejo) se acumulam nessa região. Ele é
responsável por absorver a energia dos alimentos e distribuí-la para todo o corpo. É
um dos chakras mais suscetíveis à nossa rotina. A maioria das pessoas sofrem com
algum problema físico nesta região, como gastrite, problemas estomacais, diabetes,
ou outros problemas digestivos.
Quando está bloqueado, o chakra umbilical causa enjoo, medo ou irritação. Quando
em harmonia, nos dá um poder de realização muito grande, é o chakra que nos
impele a agir. Esse chakra tem grande vitalidade quando saudável, e funciona como
um radar psíquico, percebendo energias ou presenças espirituais no ambiente.
Seu elemento é o fogo e representa a força de vontade. É bloqueado pela vergonha.
Para ativá-lo reflita sobre suas vergonhas e aceite que esses fatos aconteceram.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Chakra Cardíaco
Chakra Laríngeo
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Chakra Frontal
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
O Sahashara (Lótus das mil pétalas, em sânscrito) possui exatamente 972 pétalas.
Está no topo da cabeça, ligado à pineal ou epífise, que é a glândula que fica no centro
da cabeça e é responsável pela mediunidade, funcionando como uma ‘antena’ para a
força cósmica e o mundo espiritual. O chakra forma uma coroa de luz, por isso
também é conhecido como chakra da coroa, pois está voltado para cima. Apresenta
cor violeta, branco-fluorescente ou dourado.
Através desse chakra, podemos alcançar a compreensão de tudo e é por ele que nos
conectamos com o plano espiritual, com o Eu Superior, com Deus e o divino em todas
as coisas; está ligado à nossa forma de professar nossa fé e evoluir espiritualmente.
Quando ele é trabalhado e desenvolvido, facilita a lembrança e a conscientização das
projeções da consciência. Tem muita importância na telepatia, no desenvolvimento
da mediunidade, nas expansões da consciência e na recepção de temas elevados. É o
chakra por onde penetra a energia cósmica e a energia do Sol também.
O coronário é o chakra mais importante, pois é o responsável por energizar o
cérebro, tem influência nas funções mentais e na produção de serotonina, o
hormônio do bem-estar, pois regula o sono, o apetite, o humor, entre outras
funções.
Esse chakra representa o corpo causal. A vibração dele também indica que estamos
vivos. Por esse motivo é que pessoas que dizem não acreditar em Deus, ou não
professar nenhuma fé, ou não ter alguma prática religiosa, também apresentam
atividade no chakra da coroa.
Quando está em desequilíbrio, a pessoa pode desenvolver fobias, problemas
neurológicos, falta de fé, depressão, tendências suicidas. Quando está saudável,
ativamos toda nossa sensibilidade e vivemos alinhados ao nosso propósito, com
saúde, felicidade e muita disposição.
O chakra da coroa é o mais importante de todos os chakras, e a sua missão é
compreender toda a existência e se iluminar, integrar-se com o todo. É nosso último
dever no planeta Terra.
Toda a informação de nossos guias e da espiritualidade passa por este chacra e ele
está ligado aos quatro elementos mais o éter. Pode ser conhecido também como
chakra da luz e, por estar ligando ao mundo cósmico e espiritual, é bloqueado pelas
ligações com o mundo físico. O apego em excesso a coisas ou pessoas pode causar
grandes danos a ele. Para fortalece-lo precisamos trabalhar o desapego e
compreender que esta vida é transitória, e deixar que as ligações terrenas se
dissolvam.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Kundalini
É um poder espiritual adormecido no chacra básico. Depois do despertar, a Kundalini
atravessa os seis chakras que estão acima. São eles: o sacro, plexo solar, cardíaco,
laríngeo, frontal, até chegar ao da coroa.
Ao subir pela coluna vertebral, chega-se ao sétimo chakra dando a iluminação, ou
Nirvana, para o discípulo (o Nirvana só é atingido por almas virtuosas). Esse processo
ocorre somente para pessoas de altíssimo nível espiritual, que estejam preparadas,
ou para aqueles que recebem essa bênção. É o poder espiritual primordial, ou
energia cósmica, que jaz adormecida acima do primeiro chakra, o Muladhara, o
centro de força situado na base da coluna. É a energia que transita entre os chakras
que são centros de energia no corpo físico.
Deriva de uma palavra em sânscrito que significa, literalmente, "enrolada como uma
cobra" ou "aquela que tem a forma de uma serpente". É a energia do Universo em
seu aspecto total.
Muitos a retratam como uma energia que sobe do chakra básico para o alto,
serpenteando e envolvendo cada um dos outros chakras até chegar ao coronário.
Uma lenda diz que Kundalini é a deusa geradora da terra que sobe ao céu em direção
ao seu parceiro Shiva, o princípio criador masculino. O chakra que regula o encontro
dessas forças é o cardíaco.
Ao traspassar cada chakra, limpa, desperta e desenvolve os mesmos, trazendo bem
estar e equilíbrio.
Exercício
Para despertar a kundalini e ativar os chakras
Deite-se de costas no chão, com as pernas flexionadas para assentar sua coluna,
deixe os braços ao longo do corpo com as palmas das mãos viradas para o chão.
Em seguida respire profundamente três vezes, para alcançar um certo relaxamento.
O exercício consiste em inspirar profundamente e prender a respiração, neste
momento você fecha o esfíncter anal, conta até 4, e em seguida relaxe o esfíncter ao
mesmo tempo que solta lentamente sua respiração (em sopro). Relaxe três segundos
e repita a operação 50 vezes.
Depois da primeira sequência, relaxe por pelo menos cinco minutos, sem se levantar.
O exercício termina com 4 sequências de 50.
Dor de cabeça, tontura, suor na cabeça ou nas mãos, luzes piscando são totalmente
normais.
O objetivo deste exercício é despertar a kundalini pelo movimento físico e promover
sua ascensão por todos os chakras até o coronário. Limpa, desperta e fortalece todos
os chakras.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Espírito e Perispírito
Egrégora
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Em nossa tenda “Tenda de Umbanda Cacique Pena Vermelha”, não damos passagem
para a esquerda, porém, os senhores Exu e Pombo Giras fazem parte de nosso
assentamento vibratório onde sempre é firmado pelo Pai de Santo o proteção dos
portões para fora e dentro quem comanda é Ogum o nosso protetor.
Assim ao longo de mais de meio século se criou uma egrégora e muitos se sentiram
bem dentro dessas doutrinas, porem o contrário também é verdadeiro.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Bom irmão, você aprendeu muito sobre energia e suas formas, chacras, as leis que
governam o universo e tudo o que você precisa fazer para alcançar uma vida
saudável, próspera e feliz.
Para esse objetivo, é necessária a prática contínua da positividade. Esta positividade
pode ser resumida em uma palavra pequena: fé. A fé verdadeira que não se importa
com o tamanho do problema ou a dificuldade da situação; o sorriso sempre estará
em seus lábios e nada, mas absolutamente nada, abalará a sua certeza de que tudo
está preparado para a sua vitória, não importa como ela venha.
Sei que é mais fácil resmungar, reclamar e se lamuriar, pois esta é a tendência
principal do ser humano. Mas acredito que se você está tendo acesso a estas
informações é porque é um dos escolhidos entre milhões de chamados.
Agora, ponha em prática o que aprendeu até aqui, pois será imprescindível para sua
vida.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Obsessão e desobsessão
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Caso 1
Você é uma pessoa extremamente limpa e preconceituosa. Subitamente você avista
uma pessoa bêbada e maltrapilha; neste instante, apesar de suas convicções, sente
um desejo incontrolável de ajudar aquela pessoa, mesmo sabendo que isto não é do
seu feitio. Como o resultado é a caridade, você certamente está sendo intuído por
espíritos superiores.
Caso 2
Você trabalha com uma pessoa há 10 anos. Ambos são casados e felizes, e nunca
faltaram com o respeito um para com o outro, ou se deixaram levar por
‘brincadeiras’ levianas. Num determinado dia, você olha para aquela pessoa e sente
interesse físico por ela, acompanhado de forte impulso sexual. Neste caso irmão,
tenha certeza de que está cedendo aos pensamentos plantados por espíritos
obsessores.
Os antigos diziam “a maldade não pega em quem tem Deus no coração”. E eles
estavam certos. Devemos nos policiar, orar e vigiar sempre.
E você pode estar se perguntando: e meus protetores não vão me ajudar caso eu
venha a ser obsedado? E a resposta é que eles nada podem fazer sem a sua
autorização. Eles tentam barrar o mal o tempo todo, mas a partir do momento que
você mesmo criar sintonia com aquele espírito, foi uma escolha sua (mesmo que
inconsciente). Seus protetores não podem interferir em seu livre arbítrio. Mas caso
você detecte a obsessão, você pode invocar para que seus guias o auxiliem na sua
libertação e somente neste momento eles poderão intervir.
Pessoas que possuam uma mediunidade aflorada podem sentir muito mais os
sintomas de uma obsessão espiritual. Esses sintomas variam de caso para caso e de
pessoa para pessoa. Os mais comuns são alteração de humor repentina, tristeza,
medo, depressão, dores nas costas, dores no pescoço, dores de cabeça, enxaqueca,
insônia, perda de apetite, desejo pela morte, dores sem motivo aparente, doenças
que os médicos não conseguem diagnosticar, ira, ansiedade, compulsão por comida,
compulsão por sexo e outros vícios, fadiga crônica, incapacidade de sentir felicidade
ou alegria, sensação de mundo em preto e branco, sensação ou mania de
perseguição.
Como podemos perceber tudo o que sai do equilíbrio pode ser causado por
obsessão. Isto não significa que toda anormalidade ou todo desequilíbrio seja culpa
de uma obsessão. Lembre-se que o maior obsessor que você pode carregar é você
mesmo.
Tipos de Obsessão
Os tipos de obsessão são três e iremos discorrer sobre todos eles para seu melhor
entendimento.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Caso 1 - Pensamento
Uma mulher com dois filhos perde seu marido em acidente de trânsito. O fato de não
ter mais o companheiro, além de ter que arcar com as despesas da casa e com a
criação das crianças, gera dentro dela um sentimento de insatisfação profundo e o
pensamento recorrente é ‘eu queria morrer’. Quando a vibração deste pensamento
recorrente ficar forte o suficiente para ser percebido pelos espíritos inferiores, eles,
movidos apenas pelo desejo de fazer o mal, passam a acompanhar aquela pessoa.
Daí em diante o desejo de morte aumenta, a ajuda diminui (pois ninguém suporta
ficar ao seu lado), as doenças começam a aparecer, isto pode provocar muitas faltas
no trabalho, acarretando consequentemente uma demissão, até que um dia, ao
atravessar a rua perdida em pensamentos, ela é atropelada e desencarna em
decorrência dos ferimentos.
Caso 2 – Palavra
Um empresário com fixação em dinheiro passa a acreditar que todas as pessoas que
estão ao seu redor, só o fazem por interesse a seus bens materiais. Esta fixação
recorrente faz com que ele diga constantemente ‘eu não preciso de ninguém’.
Quando a energia destas palavras cresce é captada pelo plano inferior e um obsessor
passa a acompanha-lo voluntariamente, só para o que diz se cumpra. Aos poucos as
pessoas vão se afastando, até que não sobre mais ninguém, nem família, nem amigos
e nem mesmo empregados ou conhecidos. Esta pessoa certamente irá desencarnar
de um ataque cardíaco fulminante e seu corpo será encontrado apenas 4 dias depois
da morte.
Caso 3 – Ações
Um funcionário de uma empresa começa a se ressentir por acreditar que seu chefe
não reconhece seu trabalho. Dessa forma começa a acreditar que teria direito a
objetos e produtos da empresa. Fica inclinado a começar a roubar e começa a
praticar pequenos furtos. Quando isto fica recorrente e a sensação de impunidade
fica latente, um ser negativo se apossará dele, e por sua intervenção, os furtos
começam a ficar maiores até que se torna um grande roubo. No fim ele é descoberto
e preso por vários anos.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Poderia falar por horas sobre esse tópico e sei que muitas pessoas gostam deste
assunto. Mas em minhas doutrinas eu acredito em um Deus único. Ninguém pode
mais do que Deus, ninguém pode mais do que nosso Pai Oxalá. Tenha isso em mente
quando se diz magia negra, lembre que a força de nosso pensamento faz com que o
universo conspire em tal pensamento.
Sendo assim se você gosta e admira esse tipo de estudo, reflita sua vida. Por que
tanto interesse a magias ?
Siga o bem , siga a Olorum, siga a Oxala e seus orixás, nenhum mal lhe pegará sem a
sua permissão.
Tipos de Obsessores
Quando dizemos “tipo”, estamos nos referindo ao grau de malignidade do espírito.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Sofredores
Zombeteiros
São aqueles que praticam o mal apenas para seu prazer. Aproveitam-se dos
momentos de fraqueza das pessoas para delas se aproximarem e agirem. Estão numa
escala acima dos sofredores, normalmente têm consciência da sua condição e já
começam a desenvolver certas capacidades de manipular energia, inclusive se
apresentando através da materialização para causar susto. Agem individualmente,
não estando coligados a grupos ou falanges. Eles agem espontaneamente sobre suas
vítimas, não sendo enviados através de trabalhos. Podem ser facilmente removidos
através de oração, em casas espiritualistas e no terreiro de Umbanda.
Obsessores
Trevosos
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Magos Negros
O amor incondicional
A palavra amor é extremamente fácil de falar e seu uso está por todos os lados.
Porém, o que é realmente o amor?
Até mesmo os dicionários tem dificuldade para conceituar o amor. O conceito mais
adequado para o amor seria:
“energia positiva desprendida voluntariamente para os seres vivos da criação de
Deus com o objetivo de levar a esses seres todas as bênçãos do mundo”;
Pois,
Quando você ama uma pessoa é isso o que você deseja;
Quando você ama um animal é isso o que você deseja;
Quando você ama uma planta é isso o que você deseja.
Quando nos sentimos amados somos mais seguros, mais abertos e mais felizes. De
uma forma geral, creio que todas as pessoas já sentiram esta energia ou pelo menos
deveriam.
E amor incondicional: O que vem a ser isto?
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
É a proposta de levar esta energia a tudo e a todos sem distinção de cor, credo,
condição sexual, independente de ser conhecido ou não, de ser bom ou não. Isto
porque a energia do amor é a única energia que transforma verdadeira e mais
rapidamente os corações, e espíritos doentes e embotados.
Se conseguíssemos vibrar amor o tempo todo, nenhum obsessor conseguiria ficar
perto de nós, pelo simples fato desta energia ser oposta à dele. Uma pessoa que te
odeia ficará inclinada a relevar seus sentimentos nada bons, pelo simples fato de
suas atitudes amorosas.
Para praticar o amor incondicional é fácil. Pense na pessoa que mais você ama, que
desperta em você os melhores sentimentos, que faz você sorrir sem pensar, sem
motivo aparente. Pensou? Agora imagine que todas as pessoas que você encontrar
no seu dia seja esta pessoa amada. Então você vai cumprimenta-la como
cumprimentaria aquela pessoa, vai trata-la como trataria aquela pessoa e assim por
diante. Pode ser que as primeiras experiências não sejam tão positivas assim, pois
todos ficarão admirados e curiosos com sua repentina mudança de comportamento.
Mas garanto que funciona. Garanto que o mundo passará a ser mais generoso com
você, somente pelo motivo de que você ama este mundo de todo o seu coração.
Devemos lembrar sempre que somos os pioneiros deste novo mundo de regeneração
no qual nosso planeta está se transformando e, por isso, temos por obrigação sermos
nós os primeiros a quebrar com os ciclos negativos que o mundo tem vivido até hoje.
Vivemos tão carrancudos e perdidos dentro de nós mesmos, que nos esquecemos da
boa e velha cortesia, que é uma varinha mágica para transformar sua vida.
Experimente perder alguns minutos para ouvir as pessoas.
Experimente dar bom dia com muita alegria!
Experimente ser gentil com aquele que for rude com você.
E você perceberá que o mundo e as pessoas ao seu redor se tornarão melhores e
mais iluminados. E assim seus problemas parecerão infinitamente menores.
Mas o milagre não para aí. Mesmo sem perceber você vai transformar lentamente a
vida de todos que conviverem com você.
E que acima de tudo você se ame profundamente. Ame sua vida, seu corpo, suas
qualidades e defeitos. Se assim fizer, perceberá que sua conexão com o plano
espiritual ficará melhor e mais limpa.
Agora vá. Pense firmemente num pensamento feliz e mude o mundo
A Religião Umbanda
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
65
A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Símbolos da Umbanda
Em seus mais de cem anos de história, a Umbanda adquiriu uma iconografia própria
e oficial. Uma vez que toda nação ou mesmo uma agremiação esportiva possui
símbolo, bandeira e hino próprio, é mais do lógico que a nossa sagrada religião
dispusesse dos mesmos tributos.
Símbolo
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Este símbolo é largamente usado por muitas casas umbandistas para cerimônias
oficiais como o batismo e o casamento.
Bandeira
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Hino da umbanda
Além da magistral letra, é a história do Hino da Umbanda que o faz mais belo.
José Manuel Alves (mais conhecido como J.M. Alves), português radicado no Brasil,
compositor reconhecido, cujas canções de sua autoria foram gravadas por cantores
conhecidos na época como as Irmãs Galvão, Grupo Piratininga, Osni Silva, Ênio
Santos, entre outros. Em 1955, a marchinha Pombinha Branca, composta em parceria
com Reinaldo Santos, foi gravada por Juanita Cavalcanti. Ainda compôs xotes,
valsinhas, baiões, maxixes e outros gêneros musicais de sua época, e realizou um
sonho ao gravar o seu único LP, disco de vinil, em 1957.
No entanto, era cego. Em busca de sua cura foi à procura da ajuda do Caboclo das
Sete Encruzilhadas. Embora não tenha conseguido seu intento, ficou apaixonado pela
religião e compôs uma canção para homenageá-la. Apresentou a letra ao Caboclo das
Sete Encruzilhadas, o qual tanto a apreciou, que resolveu nomeá-la como Hino da
Umbanda. Em 1961, durante o Segundo Congresso Brasileiro de Umbanda, presidido
por Henrique Landi Júnior, foi finalmente oficializada em todo o Brasil.
Originalmente foi composta para ser interpretada como a marcha de um hino, mas
depois de cair nas graças do povo, passou a ser cantada ao som de atabaques nos
terreiros de todo o país.
Eis aqui sua letra original:
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Influências da Umbanda
Sincretismo religioso
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Sincretismo religioso
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
As 7 linhas de Umbanda
Este assunto já rendeu polêmica suficiente para editar uma enciclopédia. Muitos
fecharam opinião sobre este assunto, alguns com mínimas diferenças, outros muito
distantes da maioria.
É necessário saber mais sobre a história da religião para compreendermos a
trajetória do pensamento umbandista.
Em nossas doutrinas e para nós da Tenda de Umbanda Cacique Pena Vermelha não
temos com apenas 7 linhas cultuadas e não somos nós quem vai classifica-las do
primeiro ao sétimo. Porém cultuamos as os seguintes.
Escrito por Leal de Souza, médium preparado por Zélio de Moraes, nos apresenta as
Sete Linhas de Umbanda desta forma:
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Oxalá – Branco
Ogum – Vermelho
Oxossi – Verde
Xangô – Marrom ou Roxo
Yemanjá – Azul Claro
Iansã – Amarelo
Exu – Preto
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Diz quem conheceu o fundador, que a ideia das sete linhas foi mal interpretada por
muitas pessoas e a ideia das cores seria que ao entrar a luz em um prisma se cria 7
cores e assim foi falado das sete linhas porem não significa que existem somente
essas 7 linhas ou 7 Orixás.
Em nossa tenda somos presenteados pela Mãe de Santo com um guia de 21 falanges,
ou 21 linhas, ou 21 divindades . Creio que vai depender muito de cada doutrina da
casa.
Tipos de Umbanda
Após pouco mais de 100 anos de fundação da Umbanda pelo Caboclo das Sete
Encruzilhadas, essa religião cresceu e se diversificou, dando origem a diferentes
vertentes que têm a mesma essência por base: a manifestação dos espíritos para a
caridade.
O surgimento dessas diferentes vertentes é consequência do grau com que as
características de outras práticas religiosas e/ou místicas foram absorvidas pela
Umbanda em sua expansão pelo Brasil, reforçando o sincretismo que a originou e
que ainda hoje é sua principal marca.
Este material revela-se uma forma útil de condensar as diferentes práticas existentes,
possibilitando um melhor estudo das mesmas.
UMBANDA BRANCA
Outros nomes
É também conhecida como: Linha Branca de Umbanda; Umbanda Tradicional;
Umbanda Raiz.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Origem
Orixás cultuados
Linhas de trabalho
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Não estou aqui para a discussão de cada umbanda, mas vou deixar alguns nomes de
umbandas praticadas no Brasil.
Egum
Egum é todo e qualquer espírito que já vivenciou uma encarnação na Terra. Desta
forma, podemos dizer que qualquer ente querido que tenha desencarnado é um
egum, assim como os obsessores são eguns, Chico Xavier é um egum, e até mesmo
Jesus Cristo é um egum.
Para caracterizarmos como egum, é necessário que o espírito esteja desencarnado.
Desta forma, todos os espíritos que se manifestam em um terreiro de Umbanda são
eguns, portanto, pode-se dizer que o egum é uma das bases da religião umbandista.
Nos candomblés mais tradicionais, o culto de algumas nações representa egum como
espírito impuro, pois, para estas nações, todo espírito que viveu nesta terra estaria
contaminado por ela, e somente os Orixás teriam a mais pura energia, desejada pelo
filho de fé.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Para outras nações, cultuam o egum como o espírito sagrado de seus ancestrais,
conhecido como culto de Egungun. Promovem festas e dão obrigações a eles.
Naqueles candomblés que tratam o egum como impuro, normalmente recomendam
ao filho que utilize o contra-egum, um adorno preparado com 7 fios de palha da
costa, devidamente curtido em amaci de ervas, que é colocado no braço direito do
filho de fé, proferindo-se rezas em língua africana, para que ele surta seu efeito.
Estas várias abordagens sobre este tema gera muita confusão entre os filhos de
Umbanda e mesmo na cabeça de muitos sacerdotes, que, por desconhecerem o real
fundamento da Umbanda, acabam por utilizar o contra-egum.
Reafirmo que egum não é espírito sofredor e nem obsessor. Usar um contra-egum na
Umbanda seria o mesmo que desejar afastar nossos guardiões, pretos-velhos e
caboclos.
Quando perguntam sobre esse assunto, normalmente eu brinco que o irmão não
deseja um contra-egum e sim um contra-kiumba, contra-obsessor.
E se você me perguntar se existe um contra-kiumba, a resposta seria sim, é claro!
Basta firmar sua cabeça com pensamentos bons, falar coisas boas e praticar boas
ações que você terá o melhor contra-kiumba que alguém poderia desejar.
Mas, se mesmo assim você deseja algo em que se pegar, você pode pedir para o seu
terreiro, ou alguma entidade de sua confiança, cruzar alguns objetos que você possa
portar tais como anéis, pulseiras, pingentes, fitas, perfumes, broches, guias (fios-de-
conta), entre tantas outras coisas.
O princípio do cruzamento ou benção é bem simples. Cruzar ou abençoar um objeto
é como fixar uma energia de alta vibração (energia positiva), desse modo não se
sintoniza com as energias de baixa vibração (energia negativa) emanada pelos
kiumbas, provocando o afastamento dos mesmos. E isso também é regido pela Lei
das Afinidades Espirituais.
Só por curiosidade, conta-se que no início da Umbanda, muitas roças de Candomblé
diziam que a Umbanda não prosperaria, pois era absurdo firmar uma religião no
trabalho de eguns.
Devemos conhecer bem as diferenças entre as palavras egum, sofredor, zombeteiro,
obsessor e até mesmo kiumba (ou seria quiumba?) para melhor emprega-los. Até
mesmo o uso indevido de palavras dentro da Umbanda pode acarretar confusão,
polêmica e consequentemente, preconceito.
Orixás
A palavra “orixá” significa “dono da cabeça” (Orixá = Ori + xá – Dono da cabeça, Força
da cabeça – Luz da cabeça), mostra a relação existente entre o mundo e o indivíduo,
entre o ambiente e os seres que nele habitam.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Domínios
Mar
Regida por Iemanjá, também conhecida como calunga grande, onde se guardam
muitos espíritos e onde a energia é reciclada constantemente. É no mar também
onde se encontram os tesouros da humanidade. Regido por Iemanjá, é o grande foco
gerador da vida no planeta.
No mar recebemos energia de renovação da vida, que nos fornece as forças para
vencer. Todos os domínios ligados à água estão ligados ao dualismo da vida, como
corpo e espírito, vida e morte.
Pedreira
Regida por Xangô, simboliza a constância, aquilo que é imutável, a solidez.
Exatamente como as Leis Espirituais que regem o Universo.
A energia é densa, pois está associada ao peso de nossas responsabilidades. Mas
depois de algum tempo este “peso” é substituído por um senso de vitória, de força e
de poder.
Pessoas sem ânimo, que se sentem derrotadas e desamparadas, muito podem se
beneficiar deste domínio.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Mata
O domínio do caçador, de Oxóssi. Representa o ciclo da vida, da cadeia alimentar, da
sobrevivência. Na mata, tudo o que morre serve de alimento para um outro ser ou
elemento, em um ciclo infinito e equilibrado, sem que haja a extinção de nenhuma
das partes. Até mesmo um folha que cai de uma árvore serve para adubá-la. Os
índios, por exemplo, só caçavam aquilo que fosse suficiente para alimentar a tribo,
respeitavam o ciclo, usufruindo da mata por tempos insondáveis.
Mergulhar na mata é como adentrar ao desconhecido. Você “sente” sempre como se
estivesse sendo vigiado. Excepcional para o domínio do medo e para despertar o
poder oculto. Importante para aprender a viver de forma simples e necessária. A
mata te oferecerá tudo o que você precisa para sobreviver e evoluir.
Em tempo, o domínio mata diz respeito à mata fechada; lugares abertos ou caminhos
são regidos por outros Orixás.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Cemitério
O mais pesado de todos os domínios. Sendo domínio de Obaluaê, e, este, tendo sido
criado por Iemanjá, recebeu poderes para guardar os eguns.
Desta forma, o cemitério também não é um domínio natural, mas sim criado como
uma extensão do próprio mar pela necessidade latente da humanidade de guardar os
espíritos dos mortos e reciclar energias. Por isso também é conhecido como calunga
pequena.
A principal função do cemitério é absorver energias negativas de toda sorte e
transformá-las, com o auxílio da Mãe Terra, em energias positivas ou energias que
80
A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
possam dar continuidade à vida. São extensões deste domínio os velórios, hospitais e
locais que trabalham com cura.
Pelo potencial transformador, é um domínio muito solicitado para o “despacho” de
restos de magia negra, de objetos utilizados para descarrego profundo, e até mesmo
sobras de trabalho efetuadas por entidades que promoveram trabalhos de
desobsessão. Lembrando que no meu ponto de vista existem lugares apropriados
para tal trabalho.
Muito conhecido também pelas almas. Em quase todos se não em todos os
cemitérios existe o cruzeiro, onde são o núcleo do domínio das almas benditas.
Sendo as almas uma importante linha da Umbanda, regida por Obaluaê.
Morro ou Montanha
Estes domínios são locais para reencontro com Deus, com o Divino e com o Sagrado.
Se observarmos a história, veremos que aqueles que alcançaram grande evolução
espiritual, recorriam constantemente a este domínio. Magos, mestres, monges,
eremitas e santos fazem parte deste rol. Como exemplo temos São Bento, São
Francisco, Buda e até o Mestre Jesus.
É o domínio do pai de todos, Oxalá, aquele que concentra a vibração de todos os
Orixás. Neste local você estará mais perto de Deus e certamente entrará mais
facilmente em contato com seus guias e protetores. Pessoas apegadas demais ao
plano físico, com problemas de mediunidade, dores de cabeça ou desequilíbrio
psíquico, podem se beneficiar das energias deste domínio.
Para encerrar este tópico, é necessário lembrar que para absorver a energia destes
domínios só é necessário estar presente no local. Estar de corpo e alma, se entregar
ao sagrado e sempre de coração aberto.
A religião da natureza
Depois de toda essa explicação sobre domínios, é importante uma pausa para
reflexão. Onde você está agora, qual a facilidade para chegar aos domínios dos Orixás
você tem?
O homem e o constante desenvolvimento da raça humana estão engolindo os
ambientes naturais. E quando não o fazem por expansão das cidades, acabam
provocando a contaminação e a degradação destes ambientes naturais.
Como pudemos observar, os domínios da natureza são extremamente importantes
para nós umbandistas, e, por este motivo devemos ser nós, aqueles que mais
utilizam e se beneficiam desses domínios, os primeiros a levantar a bandeira da
conservação e preservação do meio ambiente.
Nossa Religião possuía costumes incondizentes com a preservação natural. Era muito
comum chegar ao pé de uma cachoeira e encontrar restos de velas, garrafas, latas e
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
objetos plásticos. Ora, hoje em dia todos sabemos do mal que isto provoca ao meio
ambiente, além do tempo que irá demorar para isto se degradar. São centenas de
anos!
No começo da Umbanda éramos poucos e os domínios muitos. Esta relação
encontra-se agora invertida, tendo a Umbanda milhares (ou milhões) de praticantes,
contra uma redução considerável dos domínios.
Por tudo isso, pela Umbanda ser a religião da natureza, é que convido o leitor a
mudar certas práticas antes consideradas normais, para práticas mais conscientes.
1- Não firmar velas nos domínios. Velas são feitas de parafina, que é derivada do
petróleo, e isto causa grave poluição nos ambientes.
2- Pelo mesmo motivo não jogar restos de velas nos rios, jogue no lixo comum, caso
sua cidade não disponha de centros para recolhimento de lixo específico.
3- Também não jogar outros objetos nos rios, com exceção daqueles integralmente
orgânicos. Por exemplo vidro, metal, plástico ou qualquer coisa sintética ou
industrializadas não podem ser jogados no rio. Restos de comida de santo, produtos
da terra ou naturais, já podem ser jogados.
4- Não se desespere, tudo tem solução. Aqueles objetos que antigamente eram
jogados no rio, devem ser descarregados com água do mar, solução salina, marafo ou
amaci de descarrego. Depois podem ser jogadas no lixo ou queimados, se você
dispuser de lugar adequado ou se houver realmente necessidade.
5- Não leve alguidares de barro para os domínios. Apesar de serem feitos de material
integralmente inócuo ao meio ambiente, o barro cozido demora a se desmanchar. No
lugar de alguidar, utilize folhas de bananeira, folhas de costela de adão ou uma folha
que seja grande o suficiente para receber sua oferta. Hoje existem pratos feito de
plástico de origem natural, que se degradam em 30 dias. Existe na internet vídeos de
como fazer recipientes de fibras naturais, vale a pena conferir.
6- Não utilize copos descartáveis de plástico convencional. Utilize copos de plástico
de material orgânico, como citado no item 5. Outra opção é confeccionar copos de
bambu ou até mesmo coités (feitos da metade de um coco).
7- Nunca deixe garrafas, latas, sacolas plásticas, tampas, arames, isqueiros, rolhas,
plásticos de nenhum tipo e até mesmo papéis, sem necessidade, nos domínios
naturais.
Mas ainda podemos e devemos levar flores, frutas, bebidas (sem deixar a
embalagem).
Quanto às velas, firme suas velas na sua casa ou no seu terreiro antes de se dirigir
para o domínio. O Orixá vai receber a energia da vela e do pedido, e ainda lhe será
grato por preservar a morada dele. E mesmo assim se haver a necessidade de
acender uma vela no local do trabalho, ao término do trabalho a apague e leve-a
contigo e novamente firme em sua casa ou em seu terreiro se assim achar
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
necessário. Podem até mesmo deixa-las apagadas até quando houver a necessidade
de novamente acende-las para tal fim.
Além de conservar aquilo que nos é extremamente importante, também é uma
forma de divulgar a sabedoria de nossa religião.
Estas práticas simples ajudarão com o tempo, a diminuir o preconceito para com
nossa religião, além de cumprirmos a lei dos homens, pois danos ao meio ambiente é
considerado crime.
O bom umbandista respeita a lei espiritual e também a lei dos homens.
Mediunidade
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Tipos de mediunidade
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Psicofonia
Transmitem a mensagem espírita através da fala. Os Espíritos atuam sobre o órgão
da fala, como atuam sobre a mão dos médiuns escreventes.
Mediunidade sonambúlica
É aquele que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites
dos sentidos. Muitos sonâmbulos veem perfeitamente os Espíritos e os descrevem
com precisão, como os médiuns videntes. Podem conversar com eles e transmitir-nos
seus pensamentos.
Pneumatografia
São os que produzem a escrita direta, sem tocarem no lápis ou no papel. Já os
médiuns escreventes ou psicógrafos transmitem a mensagem espiritual utilizando
lápis e papel.
Incorporação
A mediunidade de incorporação pode ser tanto parcial quanto integral.
Na incorporação parcial, o médium fica consciente, isto é, ele sabe que está ali,
sente, observa, mas não domina o corpo nem controla o raciocínio. Perde, também, a
noção de tempo e, embora tenha sido espectador de si mesmo, perde a noção de
muita coisa que se passou, ao desincorporar.
Na incorporação parcial pode haver uma quebra de sintonia ocasional, o que
permitirá ao médium interferir na comunicação.
Na incorporação integral, o médium fica totalmente inconsciente, pois há uma
perfeita sintonia com a vibração da entidade. Nesse caso, não há possibilidade de
interferência e, ao desincorporar, o médium não vai se lembrar de nada do que se
passou.
Os estudiosos da doutrina espírita ressaltam que a incorporação parcial é tão
autêntica quanto a integral. O único problema é o médium não interferir, procurando
se isolar e deixar que a entidade atue livremente. A esmagadora maioria dos médiuns
trabalha em incorporação parcial e uma pequeníssima minoria, em incorporação
integral.
Vidência
É o tipo de mediunidade que permite, àquele que a possui desenvolvida, ver as
entidades, as irradiações. Pode ser de três tipos: direta, intuitiva e focalizada.
Na Vidência Direta, o médium pode ver as entidades de quatro maneiras diferentes:
o Na projeção, o médium vê apenas um facho de luz, uma coloração que depende da
vibração atuante. Não vê forma humana, nem identifica a entidade.
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Clarividência
É o tipo de mediunidade que permite ver fatos que ocorreram no passado e que
ocorrerão no futuro. Os clarividentes podem ver os corpos astral e mental de outras
pessoas, e tomar conhecimento da vida em outros planos espirituais. É um tipo de
mediunidade difícil de ser encontrado.
Audiência
Capacidade de ouvir a voz dos Espíritos, algumas vezes uma voz interior, que se faz
ouvir no foro íntimo, outras vezes uma voz exterior, clara e distinta, qual a de uma
pessoa viva, podendo até realizar conversação com os Espíritos, que podem ser
agradáveis ou desagradáveis, dependendo do nível do Espírito comunicante.
Mediunidade de projeção
É a capacidade de visitar espiritualmente outros lugares, enquanto o corpo físico
permanece em repouso; o espírito se desconecta do corpo podendo ir a outros
lugares físicos, mas podendo também visitar as dimensões espirituais.
A projeção pode ser voluntária ou involuntária.
Na projeção voluntária, o médium se predispõe a realizá-la. Determinando o destino.
O espírito se transporta para outros lugares, tomando conhecimento do que vê e do
que ouve.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Psicografia
Tipo de mediunidade muito comum, podendo ser intuitiva, semi-mecânica ou
mecânica. É a capacidade de receber comunicações pela escrita.
Na Psicografia Intuitiva, o médium recebe as mensagens na mente e as passa para o
papel. É pura intuição.
Na Psicografia Semi-mecânica, o médium, à medida em que escreve, vai também
tomando conhecimento do conteúdo. O espírito atua, simultaneamente, na mente e
na mão do médium.
Na Psicografia Mecânica, o espírito atua somente na mão do médium, que escreve
sem tomar conhecimento da mensagem recebida. Quando, ao invés de escrever, o
espírito utiliza a mão do médium para pintar, esse tipo de mediunidade é chamado
de psicopictografia.
Sobre a psicografia, Kardec diz que, de todos os meios de comunicação, a escrita
manual é o mais simples, o mais cômodo e o mais completo. Para esse meio devem
tender todos os esforços, porquanto ele permite se estabeleçam com os Espíritos
relações continuadas e regulares, como as que existem entre nós, e é por ele que os
Espíritos revelam melhor sua natureza e o grau do seu aperfeiçoamento ou de sua
inferioridade.
Cura
São aqueles que têm o dom de curar pelo simples toque, olhar ou imposição das
mãos, sem o uso de medicação. É a ação do magnetismo animal que produz a cura,
mas essa faculdade deve ser classificada como mediunidade porque as pessoas que
possuem esse dom não agem sozinhas, mas são auxiliados por Espíritos que se
dedicam a essa tarefa.
Descarrego
Esta capacidade é inerente a todos os médiuns, cada um com seu grau. Mas, dentro
da Umbanda, é sabido que existem médiuns cujos protetores detém esta
especialidade. Esses mesmos médiuns podem efetuar um descarrego energético sem
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Transporte espiritual
Outra categoria que aparece com maior frequência em nossa religião, mediunidade
de transporte espiritual consiste em “puxar” a entidade obsessora de um consulente,
no próprio corpo físico. Mais uma vez salientamos que a atuação é feita pelos guias e
protetores, mas é também necessário um aparelho que suporte tal ação.
Na Umbanda, sem dúvida nenhuma, os tipos de mediunidade mais utilizados são a
incorporação, a cura, o descarrego e o transporte. Isso dito durante os trabalhos
espirituais, pois é extremamente comum encontrarmos médiuns dos mais variados
tipos, porém são facetas mediúnicas que não aparecem no terreiro, mas certamente
acompanha a vida cotidiana desses irmãos.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Transtornos do sono;
Transtornos de ansiedade;
Pensamentos autodestrutivos;
Bloqueio mental e criativo;
Desmaios sem causa aparente;
Doenças sem diagnóstico e dores sem causa aparente;
Inquietação e falta de saciedade emocional;
Perturbações espirituais, sensações de vultos e vozes que causam desconforto;
Agudos sentimentos de menos valia e baixa estima;
Relatos constantes de pessoas que se sentem bem depois de conversar com
você.
Se você se encontrou em muitos dos tópicos acima, significa que você pode ter
mediunidade. Para confirmação final, é necessário consultar duas ou mais entidades
que deverão concordar unanimemente com este diagnóstico. Caso positivo, é
necessário definir se você deve tratar ou desenvolver.
Não, o médium não tem “poderes” que os outros não têm. Mas certamente tem
compromissos e responsabilidades que os outros não possuem.
Se portamos mediunidade, é evidente que nossa missão espiritual passa pelo
exercício dela. Através do trabalho mediúnico caritativo é que conseguiremos
diminuir nossa dívida cármica.
Além disso, o médium constantemente está em preceito, em decorrência dos
trabalhos espirituais, o que constantemente o afasta dos círculos sociais.
E, por último, mas o mais importante de todos, é que o médium sofre perseguição
ininterrupta do plano astral inferior, levando-o constantemente a ter preocupações
com firmezas, orações e recolhimentos que os demais não precisam.
Depois de tudo isso, se você deseja ingressar na vida mediúnica por status ou para
fazer bonito para as outras pessoas, creio que seja melhor repensar sua decisão. Pois
se você não cumprir com a obrigação do seu fardo será penalizado por isso, além do
que a vaidade é o pior sentimento que um médium pode cultivar. Lei da ação e
reação.
Ninguém é obrigado a nada. Seu livre arbítrio sempre deverá ser respeitado.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Entretanto, caso você faça a opção pelo não desenvolvimento de suas faculdades, é
necessário advertir que deverá efetuar tratamento espiritual contínuo com a
finalidade de se desfazer das cargas que naturalmente irá absorver.
Além disso, lembre-se que a mediunidade é uma oportunidade conferida pela
Misericórdia Divina, e você poderá ser cobrado por não utilizá-la.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
somos seres-humanos mas isso não nos dá o direito de errar; Então faça com amor,
com caridade e com humildade.
Pois bem, imagine como se sente uma entidade que tenta assumir o controle do
aparelho de um médium que não se dedica. Fica limitada, pois toda vez que tentar
elaborar uma orientação mais complicada, ou mesmo falar de práticas, ervas ou
situações desconhecidas pelo médium, não encontrará nem eco e nem sintonia nesta
mente, dificultando em muito o seu trabalho. Sem dizer na interferência que o
próprio médium causará no trabalho da entidade, por sentir-se inseguro em permitir
que ela diga ou faça o que desejar.
A entidade de um médium sem preparo assemelha-se ao cozinheiro que precisa fazer
um grande jantar de última hora e quando chega na dispensa, a encontra vazia.
Estar atento e entender o que se passa em uma gira aguça a mediunidade, faz com
que o médium permita a atuação da entidade com maior segurança, além de lhe
permitir apreciar a beleza do atendimento que é prestado.
Os cambonos estão com os melhores professores, preste atenção em tudo que se
passa em sua volta. Caso tenha dúvidas, fale com seu dirigente, tenho certeza que
ele terá sua resposta e se assim não for de imediata, com certeza ela chegará quando
menos esperar.
Lembre-se ainda que suas entidades direcionam seus estudos para que você absorva
também o que eles precisam, para quando os guias tomarem uma providência, que
não lhe cause estranheza e para que isto não lhe cause dúvida ou confusão.
Eis um caso que mostra a firmeza de um médium, só alcançada pelo estudo.
Em um terreiro na cidade de São Paulo, uma mãe procurou um caboclo para pedir
ajuda para sua filha de 13 anos, que estava doente, não falava e nem comia. O
caboclo pediu para a mãe pensar na filha e, depois de alguns instantes, recomendou
que a mãe desse à filha três vezes ao dia, pelo período de três dias, um chá feito com
canela, arruda e alecrim.
No trabalho seguinte, era novamente gira de caboclos, a mesma mãe retorna, entra
no Congá sem avisar, e investe contra o caboclo, dizendo:
- Você acha que minha filha está grávida? Você acha que eu não sei que o chá que
você passou para a minha filha é abortivo?
O caboclo, impávido, mantendo os olhos fechados, pergunta se ela deu o chá para a
menina. No que a mulher responde:
- É claro que não dei!
Então o caboclo abriu os olhos e gritou fortemente com uma voz rouca, que pareceu
estremecer o ambiente:
- Então dê o chá para ela e depois você vem contar o que aconteceu.
A mulher, assustada e receosa, foi embora.
No trabalho seguinte, ela retorna e, com muita humildade, espera sua vez para falar
com o caboclo. Ele, de olhos fechados, diz:
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
- E a menina, tá melhor?
A mulher começa a chorar e pedir perdão ao caboclo, dizendo que tinha dado o chá e
a menina estava ótima. Que agora ela entendia que o chá servia para ajudar a descer
a primeira menstruação da filha, e que no segundo dia do chá a menina menstruou e
imediatamente começou a falar.
Agora pergunto: será que se o médium não fosse estudado e preparado, ele teria
permitido que o caboclo contestasse a mulher com toda a segurança e firmeza como
ele fez?
Deixo que tire suas próprias conclusões, pois não sou o dono da verdade e estou
longe de querer criar uma regra para todos.
Não existe idade para a manifestação mediúnica. Existem casos de pessoas que
começaram a sentir a necessidade de desenvolvimento depois dos 50 anos, como
existem casos de crianças que ao começarem a falar, começam as manifestações.
Entretanto, na esmagadora maioria das vezes, é na adolescência que se fazem claros
os primeiros sintomas de mediunidade. Isto certamente está associado à explosão de
hormônios no corpo dos garotos e garotas, o que, entre outras tantas coisas,
aumenta a sensibilidade espiritual.
Entretanto não devemos esquecer o caso de crianças prodígio que, na mais tenra
idade, começam com casos de vidência e clarividência. Um caso que vou relatar é
minha filha de 10 anos que tem vidência e por mais que falamos sobre o assunto,
nascida e criada dentro da umbanda já tem esse dom mediúnico que no futuro será
de grande valia a ela se assim quiser seguir os passos do pai. Posso também falar de
meu filho que com 9 meses de idade adora as giras, quer ficar perto dos atabaques e
quer toca-los como um curimbeiro. Com apenas 9 meses de idade foi consagrado e
não tenho dúvidas nenhuma que será um grande líder espiritual em nossa tenda.
Este assunto traz em pauta mais um motivo para estar atenta a espiritualidade, pois
pessoas que se encontram em sofrimento espiritual por falta de desenvolvimento
mediúnico por muitas vezes passam despercebidos.
Este “momento” varia de pessoa para pessoa. Cada caso deve ser tratado
individualmente.
De uma forma geral, recomenda-se que o desenvolvimento mediúnico seja iniciado
em um momento de vida no qual a pessoa possa se dedicar com afinco ao estudo e à
prática. Também é necessário avaliar se a pessoa carrega a responsabilidade e o
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Mediunidade aflorada
Mediunidade aflorada é aquela que de um momento para outro, seja pela idade, seja
por um grande acontecimento na vida da pessoa, explode com todo o furor.
Quando dizemos todo o furor é dizer que a pessoa está vendo vultos ou espíritos,
apresenta dor ou doença aparentemente grave sem diagnóstico, não consegue
dormir por causa das “vozes”, por convulsões aparentemente sem motivo ou, ainda,
por já estar incorporando descontroladamente.
Em todos estes casos é necessário um tratamento espiritual intensivo que deverá ser
feito pelo dirigente do terreiro e pelas entidades espirituais, em concomitância ao
desenvolvimento mediúnico, para que se consiga trazer novamente a pessoa ao
equilíbrio.
Nestes casos, o apoio da família, conversas com um orientador espiritual
(desincorporado), e mesmo um psicólogo, podem favorecer a restauração do
equilíbrio, pois normalmente esse “florescimento” é detonado por um sentimento
dentro da pessoa, que provavelmente gera dor emocional.
Através da compreensão dos fatos e da abertura da consciência, podemos evitar as
aberturas para o plano inferior, trazendo assim uma proteção mais firme para este
irmão.
Mediunidade atrasada
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
sobre pessoas que ainda não iniciaram sua missão ou que, mesmo após o início, não
deram continuidade à essa missão. O grande regulador nestes casos é o tempo de
vida das pessoas.
Não sabemos quando vamos desencarnar, por isso é necessário iniciar a missão com
urgência. Normalmente pessoas que detém grandes manifestações mediúnicas é
porque possuem resgates com muitas pessoas, e quando o tempo passa, muitas
dessas pessoas que deveriam ser ajudadas por você mediunicamente, poderão não
mais estar presentes e nem ao seu alcance.
O mais intrigante é que em todos os casos de mediunidade atrasada, a pessoa está
em franco sofrimento em algum aspecto da vida já há um bom tempo, mas não
procura a ajuda derradeira por displicência ou (principalmente) por medo.
De uma forma geral, independente da sua idade, o necessário é começar, pois se
você recebeu a informação de que está “atrasado” no cumprimento de sua missão
espiritual, é por que ainda existe tempo para concretizar ela toda ou, ao menos,
grande parte dela.
Primeiras manifestações
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Girando o médium
Esta é a forma mais antiga de induzir uma incorporação. Uma entidade incorporada
ou um grupo delas, começa a girar o médium até que ele perca o controle sobre o
corpo físico e, dessa forma sua entidade possa assumir o controle.
Particularmente não sou muito adepto deste costume, pois não funciona para todos
e muitos ainda caem, e acabam se machucando de alguma forma. Entretanto, este
modo pode ser o mais adequado para algumas pessoas, sem a menor sombra de
dúvida. Mesmo assim, como não conseguimos distinguir qual pessoa é mais afinada
com este método, recomendo que não o utilizem, salvo raras exceções.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
primeiro ela ordena para a mente do médium. Nisso o médium não executa por
receio de ser coisa da cabeça dele.
Isto ocorre porque o médium não está acostumado a compartilhar sua mente, que é
o que efetivamente acontece em uma incorporação consciente.
2- Chegue cedo no terreiro e tente entrar no Congá 20 minutos antes do início dos
trabalhos. Ali faça suas orações e deixe todos os acontecimentos do dia saírem de
sua mente. Esvazie a mente para o trabalho espiritual.
4- Preste atenção aos desejos de sua mente. Execute-os sem pestanejar. Se sentir
vontade de erguer o braço, faça. O mesmo vale para sentar no chão, gritar, bater no
peito, bater palmas, pular, chorar, curvar-se, ajoelhar-se ou qualquer outra vontade.
Tente fazer com espontaneidade.
5- Não ligue para o que os outros estão pensando de você. Incorporar é igual a
dançar, as pessoas não dançam por vergonha de achar que as pessoas estão vendo
que ele não sabe dançar. Mas ninguém liga! E com a incorporação acontece o
mesmo, ninguém liga.
6- Seja fiel à estas vontades, pois são a manifestação de suas entidades, por mais
estranhas que possam parecer.
8- Não se apegue à modelos, como “caboclo tem que gritar e bater no peito”, “todo
preto velho se agacha”, e outros tantos modelos que existem por aí.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
10- Não se preocupe se a incorporação não acontecer, ou, caso aconteça, dure
somente alguns segundos ou minutos. Aos poucos, através do contínuo exercício da
incorporação, elas ficaram mais estáveis.
12- Não deixe que a fascinação suba à sua cabeça. Uma vez na corrente, concentre-
se.
13- Não se preocupe em estar fazendo certo ou errado, o sacerdote irá dirimir
eventuais excessos ou faltas, e o resto, o tempo se encarregará de ajustar.
14- Não queira saber o nome de suas entidades. Deixe que elas mesmas façam isso
no momento oportuno. Algumas entidades levam anos para dar seu nome, sem dizer
que isto não é impeditivo para que ela trabalhe.
15- Trate suas entidades com carinho. Nunca esqueça de levar os tributos como
bebida e fumo, que eles irão utilizar na gira. Leve mesmo sem saber se eles irão
utilizar ou não. Outro detalhe, caso você não saiba o que levar, leve o óbvio. Para
preto-velho o cachimbo. Para o caboclo, charuto, para a criança refresco e doce. E
assim por diante, mas lembre-se, sem exageros.
17- Não falte aos trabalhos de desenvolvimento. A falta do exercício contínuo pode
fazer falta, podendo até causar retrocesso no seu desenvolvimento.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
seu carro, você começa a relaxar cada vez mais, até que um dia você até dorme no
banco do carona, tamanha é a confiança que você nele adquiriu.
As associações são óbvias. Você é o médium, o motorista é sua entidade e o carro
seu corpo físico. Este exemplo deixa bem claro como funciona o estabelecimento da
confiança entre você e seu guia, e, um dia, você irá até “dormir no banco do carona”,
que é uma alusão forte à mediunidade inconsciente.
Independente de que forma seja a sua mediunidade, nunca se esqueça de que todas
elas são salutares e que a assistência deve confiar nos médiuns de uma corrente,
independente desta condição.
Por último, quem te garante que aquele médium, cuja entidade você confia
cegamente, não era consciente? Pense nisso
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Por fim, lembro que a melhor pessoa para avaliar seu desenvolvimento mediúnico é
seu pai de santo ou quem assim faça suas giras de desenvolvimento. Ele poderá (e
deverá) lhe indicar seus atrasos e progressos de forma construtiva. É dele a obrigação
de orientar o irmão iniciante.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
- Firmeza da entidade
Capacidade de sustentar a incorporação, mesmo que a entidade não preste
atendimento. No caso, sustentar equivale à entidade permanecer com todas as suas
características em tempo integral.
- Equilíbrio emocional
Lembrando sempre que o sentimento do médium afeta a incorporação, direta e
indiretamente, e a capacidade do médium de manter o equilíbrio, não importa o que
aconteça. Não deixar que coisas boas atrapalhem a vibração e muito menos permitir
que coisas ruins derrubem sua vibração.
- Capacidade de descarrego
É a capacidade de encerrar um trabalho espiritual de forma a permitir que a própria
entidade remova toda a negatividade presente no médium. Desta forma ele pode
sair do trabalho sempre melhor do que entrou.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Mistificação
A palavra mistificação tem por significado o ato de enganar ou induzir alguém a crer
em uma mentira, farsa.
Só pelo significado da palavra já podemos perceber o seu significado na Umbanda.
Mistificar na Umbanda é o ato de fingir estar incorporado ou de falar em nome de
uma entidade espiritual de forma negativa e proposital.
É por mim considerado o maior erro que um umbandista pode cometer contra si
mesmo e contra a espiritualidade.
Fingir estar incorporado é usar indevidamente e sem autorização o nome de uma
entidade. Isto acarreta prejuízos para a entidade, para o médium e para a Umbanda.
Para a entidade e para a Umbanda, porque a pessoa, fingindo ser quem não é, acaba
falando coisas e sugerindo receitas para a consulência, que, além de não alcançar seu
objetivo, pode prejudicar gravemente a pessoa consultada, denegrindo assim a
imagem da entidade, induzindo o irmão a acreditar que todos os espíritos atuantes
na Umbanda são uma farsa.
Agora para si mesmo, pois, ao usurpar o nome de uma entidade, o falsário autoriza a
cobrança carmática espiritual. Dá um passe livre para que a entidade ofendida cobre
uma reparação. E então a coisa se complica.
Gostaria de salientar que mistificação não é apenas fingir uma incorporação, mas
colocar palavras na boca da entidade, ou seja, mentiras, o que também induz as
pessoas ao erro, portanto, também é mistificação.
Rogo aos irmãos que nunca pratiquem tal ato e mesmo mantenham-se longe de
pessoas que praticam este mal.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Seja verdadeiro para com a espiritualidade para que a espiritualidade seja verdadeira
com você.
Animismo
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Não existe para o umbandista, um mal maior e mais destrutivo do que a vaidade.
Este tema é amplamente abordado na Umbanda desde o início, até mesmo pelo
próprio Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Tem como palavras semelhantes ou correlatas a soberba, a arrogância e o orgulho
excessivo. Lembremos que orgulho é um dos sete pecados capitais.
A vaidade se interpõe diretamente contra a humildade, e como já sabemos, a
humildade é uma das bases de nossa religião.
Infelizmente a vaidade ainda é encontrada com muita frequência nos terreiros de
Umbanda, tanto por praticantes, médiuns e até mesmo sacerdotes. Existe um ditado
que diz: “Subir é difícil, mas cair é extremamente fácil”.
Em minha caminhada de umbandista, já vi casos de pessoas que se perderam tanto
dentro da vaidade, do ego que não lhe restou nada, somente o orgulho e uma grande
depressão.
A vaidade começa com um sentimento bom, de alegria, de orgulho saudável e de
confiança. Até aí isto é muito bom, mas, como isto se torna vaidade? Simples,
quando deixamos a felicidade se tornar rotina, quando o orgulho se torna excessivo e
quando a confiança se torna indisciplina.
Então o praticante que é mais velho da casa começa a ignorar os mais novos; o
médium cuja entidade alcança muitos resultados para a assistência passa a se sentir
uma celebridade dentro do terreiro; quando o novato, por ter lido alguns livros,
sente-se no direito de afrontar os mais experientes, ou quando o irmão de fé
despreza os fundamentos da religião, tais como o respeito ao sagrado, preceitos e
até mesmo quando perdem a educação com os outros.
Não importa qual seja o exemplo, tenho certeza que até mesmo o leitor poderia dar
muitos exemplos de vaidade, entretanto o que mais preocupa são as manifestações
de vaidade daqueles que trabalham mediunicamente.
O médium que se enche de orgulho e vaidade pelo trabalho desempenhado pelas
entidades que se manifestam através dele, assemelha-se ao ladrão, ao usurpador
que rouba ou lança mão daquilo que não lhe pertence. Sentem-se supermédiuns e
acabam por deixar a principal condição para trabalhar na Umbanda.
Tenho consciência de que nenhum de nós foi ensinado a receber elogios,
aprendemos a nos preparar para os percalços da vida, mas nunca para receber coisas
boas. Então, quando o guia do médium começa a alcançar diversas graças para os
consulentes, é muito comum que todos venham até você dizer como o “seu”
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
trabalho foi importante para elas, de como a “sua” entidade prestou auxílio e de
como “você” é importante para a vida delas.
Nas sentenças acima temos duas situações a destacar. A primeira com relação ao que
dissemos, não sabemos o que fazer quando recebemos um elogio e ficamos, dessa
forma, anestesiados e sem saber o que dizer. Digo a você irmão, caso o elogio lhe
caiba, sorria, agradeça e abençoe a pessoa que te elogia.
Mas o contrário nos leva à nossa segunda situação. O ELOGIO NÃO CABE À VOCÊ.
QUEM TRABALHOU FOI A ENTIDADE QUE SE MANIFESTA ATRAVÉS DE VOCÊ, OU
SEJA, O ELOGIO É PARA OUTRA PESSOA! NÓS MÉDIUNS SOMOS UM INSTRUMENTO
DE TRABALHO DA ESPIRITUALIDADE!
Quando então você receber um elogio que você sabe que não é seu, agradeça a
atenção e comunique a pessoa que quem merece o elogio não é você, e sim seu guia.
E que ela pode cair de joelhos ao lado da cama e agradecer, pois a gratidão terá
chegado ao guia da mesma forma.
A pior parte da vaidade é o de como ela rebaixa a vibração do Umbandista (nós já
havíamos debatido isso no item “Os Sete Pecados Capitais”). Sem esquecer que
baixas vibrações são um convite e uma porta escancarada à espiritualidade inferior. E
a todos os irmãos que se perpetrarem nessas práticas, uma cobrança cármica
gigantesca se estabelece, e, se não houver reparação durante a vida, um destino
terrível se apresentará após o desencarne.
A falta de compreensão de coisas simples leva a todas as distorções que vemos nos
terreiros de Umbanda. O próprio Chico Xavier, quando recebia elogios deste tipo,
dizia: “Não me agradeça, pois eu sou somente o carteiro. Eu não escrevo as
mensagens, apenas as entrego”.
Devemos ainda ressaltar que os grandes nomes da espiritualidade através da história
deixaram exemplos riquíssimos de simplicidade e humildade. Podemos citar Sidarta
Gautama (Buda), Confúcio, Jesus, São Francisco de Assis, no passado, e mais
contemporâneo, Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Dalai Lama e Chico
Xavier. Todos eles carregaram missões espirituais extremamente difíceis de serem
cumpridas. E também provaram que seria impossível alcançar os objetivos que eles
alcançaram se não fosse pela humildade e pela caridade.
Agora pergunto a você filho da fé umbandista, você ainda duvida da necessidade da
humildade na nossa caminhada? Você ainda ignora o poder da humildade e da
caridade? Sinceramente espero que não. Pelo seu bem e pelo bem da nossa
Umbanda.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Faço um apelo a todos os médiuns, que compreendam que, da mesma forma que a
caridade deve ser praticada em todos os dias de sua vida, também a preparação, o
preceito, deverão ocorrer com a mesma frequência.
É impossível conceber que uma pessoa desonesta, invejosa, maledicente e que não
tenha nenhuma preocupação com o próximo, possa em apenas 24 horas se purificar
e se considerar preparada para os trabalhos espirituais.
Lembro ainda aos médiuns que fora toda a preparação, é necessária a rigorosa
frequência aos trabalhos, senso de fraternidade, tolerância e, claro, a humildade.
Para que se tenha uma plena visão da imagem formada por um quebra-cabeça, é
imprescindível que todas as peças estejam presentes e no seu local adequado. Da
mesma forma, não é admissível a um médium faltar com qualquer um dos atributos
acima descritos. Faltar com eles, seria faltar com a caridade.
Para quem entende um pouco de música, sabe a necessidade e a dificuldade de se
ter um instrumento afinado, bem ajustado às necessidades do músico. Todo médium
deve compreender que é um instrumento da espiritualidade e, sendo assim, tem a
obrigação, a responsabilidade e a caridade de manter esse instrumento muito bem
afinado.
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você tem. Você pode ter 50 anos e ainda não ter atingido a maturidade, assim como
pode ter 22 sendo plenamente maduro e responsável.
Idade não é sinônimo de sabedoria. Não basta trabalhar mediunicamente por muitos
anos de forma inadequada e sem coerência. Também de nada vale o passar dos anos
sem que haja aprimoramento, pois, como já falamos antes, o desenvolvimento
mediúnico é para sempre. Então a prática das virtudes espirituais e o estudo
contínuo, além da pratica mediúnica, deverão acompanhar o médium por toda a sua
vida.
Já, quanto maior o tempo do correto exercício da mediunidade, novos aspectos da
espiritualidade se abrirão. A percepção espiritual, a sensibilidade energética e a
comunhão com os guias e protetores se tornam mais intensas, de forma que a
pessoa passa a viver e a exercitar a mediunidade mesmo fora do ambiente do
terreiro.
Mesmo quando o corpo físico já tiver suas limitações e a prática da incorporação for
impossível, a mediunidade poderá gerar seus frutos no médium.
Voltando ao exemplo do instrumento musical, a prática mediúnica requer constante
manutenção e exercício, para que este instrumento não emita apenas notas ou
acordes simples, mas que seja capaz de reproduzir obras muito mais complexas.
Firmeza de cabeça
Quando iniciei meus trabalhos na Umbanda, sempre ouvia: “Firma a cabeça, meu
filho!”. Mas essa expressão era tão largamente utilizada que tive muita dificuldade
em captar a ideia do que seria “firmar a cabeça”.
Essa diversidade que a sentença abrange gera muita confusão na cabeça dos filhos de
fé, de forma que, quando se pergunta o que é firmar a cabeça, ninguém consegue
colocar em palavras que se entendam.
Vamos dar uma olhada em algumas situações nas quais se pedem para firmar
cabeça:
- Quando o filho está desatento ao trabalho espiritual;
- Quando alguém da assistência está “espiritando” (quase incorporando);
- Quando estamos desenvolvendo a mediunidade;
- Quando o filho esquece de cumprir alguma tarefa solicitada pelas entidades;
- Quando o cambone esquece ou erra o atendimento à uma entidade;
- Quando um filho de fé se desvia do caminho da humildade e da caridade;
- Entre tantas outras.
De uma forma geral, qualquer erro cometido pela pessoa, seja no terreiro, em sua
vida particular ou em qualquer outro âmbito, é passível de se pedir para firmar a
cabeça.
Mas então, o que é firmar a cabeça?
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Sempre digo isso para meus filhos de fé, mas muitas vezes sou mal interpretado.
Quando dizemos que a Umbanda é para os “fortes”, não significa que não seja para
os fracos.
A Umbanda sempre foi, é e será uma religião que está acessível a todos que desejem
praticar seus fundamentos, ou simplesmente desejem alcançar a cura e a libertação
dos problemas espirituais. Entretanto, uma vez que assumimos uma postura perante
à Umbanda, perante ao Exército da Lei, da Luz e da Justiça, também assumimos a
espiritualidade inferior e negativa como inimigos.
Desse momento em diante, passamos a receber demandas constantemente em
nossas vidas, visando a perda da nossa fé e, consequentemente, o abandono da
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
religião. Pois não interessa para eles que os soldados da Umbanda estejam firmes, o
desejo deles é dizimar este exército, soldado por soldado.
Isto posto, fica clara a necessidade da vigilância contínua, da coragem sem limites, da
devoção à espiritualidade superior e de uma fé inabalável. E é sobre esta força que
me refiro.
Não há o que se temer ao abraçar a Umbanda, mas há que se ter a confiança e
firmeza para não se distrair e se perder do caminho. Uma vez a sós, somos presa fácil
para obsessores.
Entretanto, mesmo diante de tantas dificuldades, a sensação de plenitude gerada
pela alegria de um irmão que recebeu uma graça, faz valer a pena toda e qualquer
dificuldade. Saber que pudemos fazer a diferença na vida de alguém, mesmo como
personagens secundários, é algo que eleva, traz gratidão, alegria, e dá à nossa vida o
sentido que procuramos por muito tempo.
Toda esta satisfação advém do cumprimento de nossa missão, sempre nos
sentiremos felizes ao cumprir aquilo que assumimos antes mesmo de reencarnar.
Então, nossa vitória é dupla, cumprimos a nossa missão espiritual com a alegria do
bem servir.
Irmãos, sejamos fortes, oremos e vigiemos sempre. Que em nossa mente, espírito e
coração possamos fazer brotar o poder de Deus e de todos os Orixás, bem como a
força de nossos guias e protetores.
Avante filhos de Umbanda! Axé!!!
Linhas de Trabalho
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
índios. Da mesma forma, a linha dos pretos-velhos também era formada unicamente
por espíritos de negros escravizados. Hoje em dia, as linhas ainda carregam espíritos
dessas mesmas humildes origens, como também de outros que se identificaram com
a maneira que a Umbanda praticava a caridade.
Desta forma, outras linhas espirituais, simpatizando-se com a Umbanda, passaram a
utilizar “vestimentas fluídicas” para se manifestarem como caboclos, pretos-velhos e
outras linhas mais. Por este motivo é comum vermos pretos-velhos ou caboclos um
tanto “diferentes” do usual. Essa tese é corroborada por inúmeros relatos de
entidades que se manifestam de forma diferente, procurando melhor se colocar no
ambiente de trabalho. Quantas entidades se dizem caboclos na Umbanda e se
revelam mentores em centros espíritas? Quantos pretos-velhos da Umbanda se
dizem médicos em outros espaços espirituais?
A boa nova da Umbanda foi muito bem recebida pelo plano espiritual, o qual se
encarregou de “engrossar” as fileiras de trabalhadores da religião.
Com o passar do tempo, outras tantas linhas se coligaram aos trabalhos e assim
começaram as manifestações de boiadeiros, baianos, ciganos e tantas outras.
Creio fielmente, dentro do meu humilde ponto-de-vista, que a Umbanda ainda
receberá algumas outras linhas de trabalho neste século. Mas há que se ter muito
cuidado com a abertura dada a alguns espíritos, pois a falta de rigor de alguns
sacerdotes e a mente doentia de alguns médiuns, tem causado muitas situações
desastrosas e distorcidas, tais como a manifestação de linha dos loucos, linha dos
palhaços e até mesmo, pasmem, linha dos nazistas. Não creio que isso seja da
espiritualidade.
Acima de tudo, uma linha espiritual respeita a ancestralidade e sempre agrega
conhecimentos particulares daquela cultura, sempre de forma humilde, sem causar
espanto ou desconfiança na consulência.
Caboclos
Não existe em toda a Umbanda, uma entidade que melhor a represente do que os
caboclos.
Primeiro, por serem eles os primeiros habitantes desta terra que hoje chamamos de
Brasil, por serem eles que melhor absorveram os mistérios da natureza, e, por fim,
são também os caboclos a melhor manifestação da força da nossa religião.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Tudo isso associado à informação de que a Umbanda foi iniciada pelo Caboclo das
Sete Encruzilhadas. E, da mesma forma que a Umbanda é uma autêntica religião
brasileira, assim são os caboclos, autênticos.
Representam o homem na idade adulta, em pleno vigor físico, com plenas condições
de alcançar todos os seus objetivos, sendo que nenhum obstáculo será grande ou
forte o suficiente para detê-lo.
O termo caboclo é originário da designação do mestiço do branco com índio. Na
Umbanda, caboclo está associado a todos os índios, à força, à direção, ao destemor,
ao conhecimento das ciências da natureza e à capacidade de subjugar o mal.
Se nos lembrarmos de que o Caboclo das Sete Encruzilhadas disse que em uma
encarnação anterior havia sido o padre jesuíta Gabriel Malagrida, mas que Deus lhe
havia concedido a bênção de ser um caboclo brasileiro, podemos dizer que os
espíritos indígenas aqui reencarnados, em outra época foram ilustres professores,
médicos, padres, cientistas, ou, ainda, espíritos que alcançaram a elevação para que,
como o Sete Encruzilhadas, recebessem a mesma dádiva.
Muitas correntes de pensamento consideram as sociedades indígenas extremamente
avançadas e desenvolvidas, pois sabiam viver em coletividade, detinham os mistérios
da natureza e viviam em comunhão com ela. Os índios jamais retiravam da natureza
aquilo que não fossem utilizar, não havia desperdício. Toda a tribo trabalhava para o
bem comum, viviam plenos e felizes, e sempre estavam prontos para lutar pelo que
acreditavam com todas as suas forças, de modo que mesmo o homem branco
admitiu ser impossível escraviza-los, fazendo assim opção pelo escravagismo negro.
Os caboclos podem ser guerreiros, caçadores, feiticeiros, curandeiros e justiceiros.
Chegam no terreiro bradando e lançando suas flechas espirituais em uma clara
demonstração de força e determinação. Não são tão falantes, mas são exímios
ouvintes e conselheiros responsáveis. Quebram demandas, fazem desobsessões,
receitam ervas para banhos e para uso medicinal, cantam, ensinam simpatias, e
neste ritual particular levam à consulência toda a energia necessária para efetuar o
descarrego, curas, libertações e harmonizações.
São excepcionais em trabalhos de prosperidade, abrindo caminhos e, em seus passes
magnéticos, envolvem o consulente em energias de altíssima vibração positiva,
despertando na pessoa o conhecimento e a disposição necessária para alcançar a sua
sobrevivência.
Os caboclos são espíritos simples e corajosos, e essas qualidades despertam nas
pessoas a fé necessária para que por eles possam ser auxiliadas.
São regidos pelo Orixá Oxóssi, mas podem trabalhar nas forças de qualquer Orixá. Em
nossa tendo temos Ogum como linhagem de trabalho e Orixá regente de nossa casa.
Em seus trabalhos usam folhas, ervas, essências e flores, e fazem uso de charutos.
Sua cor vai depender de seu orixá de frente, como já citado nas cores de seus orixás.
Seu domínio as matas ou o domínio de seu Orixá.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Sua forma de falar é rústica e primitiva, existem mais de 274 dialetos indígenas
catalogados no Brasil, alguns podem falar com mais entendimento do que outros
devido o grau da mediunidade de incorporação ou até mesmo o tempo em que essa
entidade estiver trabalhando em terra.
Crianças
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Pretos-velhos
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
E foi por essa coragem que os negros mantiveram vivas as tradições de suas culturas.
E aqueles que conseguiam chegar a uma idade mais avançada, eram os responsáveis
de ensinar os mais novos. Os mais maduros eram chamados por tios e tias e os mais
idosos eram chamados de avô ou avó.
Dito tudo isto, já temos um desenho do que significa a linha dos pretos-velhos.
Perceba que a nossa narrativa deixa claro que um negro escravo chegar a ser velho
era quase como um título. E esses mesmos velhos eram os que consolavam os
desiludidos, desesperados e doentes.
Ser atendido por um preto-velho é a certeza de receber a palavra certa e sábia, de
quem já sofreu mazelas muito maiores do que a sua, sempre com muito carinho e
humildade. E é por esse motivo que não são raras as pessoas que se emocionam,
muitas vezes chegando às lágrimas, diante desta entidade.
A corrente dos pretos-velhos encontrou também na Umbanda uma forma de
continuar sua evolução através da prática da caridade. Simbolizam o homem no
crepúsculo da sua vida.
Uma curiosidade sobre os pretos-velhos é quanto aos seus nomes. O escravo recém-
nascido era obrigado a ser batizado dentro dos ritos católicos. No ato do batismo, ele
recebia o primeiro nome que era dado por seu senhor. Quanto ao sobrenome, era o
nome da fazenda à qual pertencia. Por exemplo:
Francisco de Martins Vaz - pertencia à fazenda Martins Vaz
Benedito de Fontana Mourão - pertencia à fazenda Fontana Mourão
João de Camargo e Barros - pertencia à fazenda Camargo e Barros
Aqueles que conseguiam alforria, e, mesmo após a Lei Áurea, continuaram usando
esses nomes para identificação. Representam a humildade, força de vontade, a
resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um porto seguro para aqueles que
necessitam. Curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz. Não têm raiva ou
ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado.
Pitando seus cachimbos, com a fala pausada, tranquilidade nos gestos, eles escutam
e ajudam a todos aqueles que necessitam. Não olham sua cor, idade, sexo e religião.
São extremamente pacientes com os seus filhos e, como poucos, sabem incutir-lhes
os conceitos virtuosos da esperança e da paciência.
Não podemos dizer que todos os pretos-velhos foram escravos. Primeiro, porque
esses mesmos espíritos viveram diversas encarnações acumulando experiência e
conhecimento. Em segundo lugar, muitos espíritos usam desta “veste fluídica” para
praticar a caridade. Muitos nem negros foram.
Para muitos os pretos-velhos são os psicólogos do astral, os conselheiros fiéis que
indicam os verdadeiros caminhos para a evolução espiritual, que ensinam a verdade
do espírito para uma vida encarnada melhor. Já outros consideram-nos excelentes
em descarrego e na quebra de demandas, com suas rezas, feitiços e mirongas.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Senzala
Muitos não conhecem como uma linha individualizada ou até mesmo a gira da
senzala. Uma linha dentro da linha de pretos velhos que com o passar dos tempos
acabou tomando conta e assumindo sua identidade dentro do nosso terreiro.
Sempre deixamos a linha da senzala como uma linha intermediária, pois é ótima para
o descarrego dos filhos.
Nem sempre um escravo era negro e nem sempre era velho.
Escravos que mesmo sendo açoitados eram obrigados a trabalhar debaixo de chuva e
sol, serviços árduos, sem poder se quer expor uma opinião, são mais calados pois
nunca tiveram a chance da palavra. Guardaram dentro de suas vidas uma força sobre
a liberdade. Liberdade essa que por muitas vezes também não temos e não
percebemos em nosso dia a dia.
A linha da senzala dentro de nossos conhecimentos e doutrinas é composta pelos
escravos linha de frente em sua época, seus líderes, geralmente novos, pensantes,
são mais novos que os pretos velhos que conhecemos.
Os próprios guias em terra que tocam os tambores, eles que fazem suas catingas em
sua língua, seus dialetos, exatamente como cultuavam suas crenças em quanto
estavam em terra.
Ótima linha para prosperidade, pois toda a senzala sempre lutou pela sua liberdade.
Quem nunca viu uma gira da senzala, recomendamos conhecer um dia, pois, é uma
energia totalmente diferente das demais linhas de trabalho.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Boiadeiros
A linha dos boiadeiros reúne os espíritos que, no passado, trabalharam com o gado e
com a agricultura. Pessoas que viveram em fazendas ou mesmo afastados das
grandes cidades, a personalidade do matuto em si.
Foram pessoas acostumadas a trabalhar todos os dias da semana, de sol a sol, de
forma simples e muitas vezes até rudimentar, e simbolizam a força de vontade. De
uma fé gigantesca e inabalável, esses espíritos nos ensinam que não existe obstáculo
instransponível diante da fé e do trabalho, e que é possível alcançar a felicidade
vivendo de forma simples.
Tal qual a linha dos caboclos, esses tarefeiros do espaço conhecem muito bem a
importância da natureza, trabalham com ervas, simpatias e as antigas rezas fortes.
Costumes muitas vezes esquecidos pela sociedade atual.
Usam de seus laços para amarrar toda a maldade em terra e ecaminha-las para seus
devilos lugares com a permissão de nosso Pai Oxalá.
O perfil do boiadeiro é aquele do homem que costumava tocar o gado por grandes
distâncias, debaixo de sol, chuva, frio, doenças, animais selvagens, vales e rios
enormes. Dormia ao relento, comia o que conseguia carregar, pois tinha pouco
tempo para a caça e a pesca. Mesmo diante das adversidades, sempre entregava sua
“boiada” ao destino sem perder nenhum animal.
A pele queimada de sol e o rosto vincado pelo sertão são imagens que o representam
muito bem. É a linha de Umbanda que melhor representa o povo brasileiro e sua
miscigenação que deu origem à culinária, cultura, superstições, folclore e fé, típicas
do povo brasileiro.
Quando falamos em boiadeiros é natural que o leigo pense em gaúchos e nos
pampas, mas é certo de que os boiadeiros podem ser de qualquer parte do Brasil.
Quando baixam no terreiro, chegam dançando de forma característica como os
catiras e fazendo gestos como se estivessem laçando algo. Alguns cantam ou fazem
sinais com a boca como se estivessem “chamando” animais ou tocando a boiada.
Gostam de fumo, de bebidas fortes como a cachaça, mas podem beber vinho
também. Podem usar fumo de corda, cigarro de palha ou charuto.
Podem utilizar laços, berrantes, chicotes, tiras de couro, jalecos de couro, chapéu e
bombacha como instrumentos de ritual e identificação da linha.
Como qualquer outra linha, podem trabalhar para todos os Orixás, mas têm em
Oxóssi, o Orixá das matas, seu grande regente. Algumas correntes de pensamento
umbandista dizem que Iansã também os rege e que teria dado a eles o poder sobre
os espíritos negativos. Da mesma forma que conduziam bois em vida, conduzem os
espíritos dos eguns no plano espiritual.
Costumo firmar velas laranjas quando ofereço a eles, meu dia de firmeza aos
boiadeiros é toda terça feira.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Sua saudação popular é Geutá ou Geto, Xetruá ou Xetro, Marrumba Xetro. São
palavras que foram modificadas conforme o contexto regional, cuja tradução se
perdeu com o tempo. Muitos alegam ser apenas o som que o boiadeiro usa para
tocar os bois. Outros dizem que a expressão significa “salve aquele que tem braço
forte”.
Uma curiosidade sobre a linha dos boiadeiros é que eles começaram a se manifestar
antes mesmo da chegada da Umbanda. No final do século XIX, já era comum
encontrar boiadeiros manifestados misturados aos caboclos nos Candomblés de
Caboclos. Por este motivo também são conhecidos como caboclos boiadeiros.
Receber consulta de boiadeiro é como ser recebido pelas pessoas simples do serão,
que fazem questão de dividir tudo com o visitante. Da mesma forma o boiadeiro
sempre tem uma palavra afável para os consulentes que vai indicar a direção correta,
mesmo que a paisagem seja desconhecida. O carisma e a simplicidade dos boiadeiros
ativam nossa força de vontade, esperança e perseverança para que possamos atingir
nossos objetivos, além de proporcionar um excelente descarrego.
Vale lembrar que Nossa Senhora da Aparecida é padroeira dos boiadeiros, dentro de
nossas giras sempre cantamos um ponto em homenagem a Nossa Senhora como
padroeira dos boiadeiros.
Baianos
Esta linha traz como referência todos os pais e mães de santo de outrora, de
feiticeiros, benzedores e rezadores, além de toda a sorte de espíritos excluídos que
souberam vencer em terra e, agora, despertados para a consciência da lei e da luz,
trazem a vitória para todos aqueles que a eles recorrem.
Esta linha também simboliza o nordestino que migrou de sua terra principalmente
para as capitais do Rio de Janeiro e São Paulo, em busca de emprego. Trabalharam
nos serviços mais duros e inferiores, e ajudaram a construir estas cidades, sempre
sofrendo discriminação sem nunca perder a esperança e o bom humor.
São extremamente poderosos no desmanche da magia negativa e guerreiros
incansáveis contra as kiumbas, sendo conhecida a forma aguerrida, muitas vezes
considerada agressiva, com que lutam contra esses invasores do plano inferior.
São alegres e sorridentes gostam de dançar e, quando baixam no terreiro, mudam
até a atmosfera da casa para melhor. Entretanto, quando percebem fraqueza ou
displicência do consulente, podem ser firmes e dar broncas inesquecíveis. Mas tudo
para despertar a força e a coragem do assistido.
Simbolizam a força positiva, a coragem e a perseverança de quem não se importa
com o peso da batalha, e nem quanto tempo irá demorar a conquistar a vitória.
Baiano representa principalmente a determinação.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Ciganos
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Marinheiros
Tal qual a linha dos boiadeiros, a linha dos marinheiros teve suas primeiras
manifestações antes da fundação da Umbanda.
Me recordo mais ou menos 30 anos atrás fazíamos sempre nossa gira de fim de ano a
beira mar, trabalhando com os marinheiros e os pescadores.
Temos histórias incríveis dessa linha.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Pescadores
Muitas vezes as linhas dos pescadores são juntas com as linhas dos marinheiros.
Porém, por bons anos sempre fazíamos nossa virada de ano a beira mar na Praia
Grande em frente ao Forte e nossa gira era a dos pescadores.
Com o Guia Chega dos pescadores o Tiago Pescador incorporado em nosso Pai de
Santo, trouxe sua falange de pescadores para trabalhar em terra.
Literalmente pescadores e lutavam com uma das maiores forças da natureza em
busca de alimentos para sua família. Por muitas vezes solitários em pequenos grupos
que tinham o mar como seu lar.
Uma vida sofrida em baixo de sol e chuva em pequenos ou grandes barcos, passando
por maus bocados para fazer o que aprendeu a amar, pescar.
Tenho uma história que não posso deixar de relatar.
Em 31 de dezembro de 1988, eu tinha 9 anos de idade e estávamos lá a beira mar
como de costume para mais um trabalho dos pescadores na virada do ano. Quando
de repente o “Tiago Pescador” nos disse já recebemos 3 chamados de ajuda e temos
que subir. Sem saber de nada o que estava acontecendo eles foram embora. No dia
seguinte O Bateau Mouche naufragou na costa brasileira, mais precisamente na Baía
de Guanabara, no Rio de Janeiro, quando estava a caminho de Copacabana. Das 142
pessoas a bordo, 55 morreram porém em nossa fé ele ajudaram 87 pessoas a
sobreviver dessa tragédia.
Gosto de contar essa historio pois pra mim foi uma das maiores provas da existência
deles.
Suas giras são em menor quantidade porem de grande valia para nossa umbanda.
Hoje com as leis terrenas ficam um pouco mais difíceis de fazer os trabalhos no mar.
Porem com jeitinho a espiritualidade se encarrega de nos dar a honra em receber
esses grandes heróis em terra.
Gostam de cerveja e champanhe, fumam cigarros, palhas ou charutos. A cor de velas
podem ser brancas ou azul claro. Seu orixá regente é Iemanjá, seus domínios é o mar.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Linha d’água
Utilizamos da linha d’água como uma linha intermediária. Dentro dessa linha vem
diversas entidades, falangeiro de Iemanjá, Oxum e Iansã. Em determinadas épocas
sereias.
Ao sentir as energias dessa linha, as emoções vão a flor da pela quase sempre
causando lagrimas nos olhos, uma ótima linha para a limpeza espiritual.
Problemas antigos, problemas de saúde, problemas emocionais, problemas com
nossos desencarnados, a linha d’água é ótima para levar tudo o que for de mal para o
fundo do mar.
Uma linha serena, mas de grande emoção e vibração.
O Orixá regente Iemanjá, mas também temos a presença das energias de Oxum e
Iansã. Não costumam beber, não costumam fumar e não dão consultas, uma linha
para cada filho mentalizar o que precisa. Suas velas de firmeza podem ser diversas,
porém a branca sempre cabe a todas as linhas.
Linha simironga
Oriente
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Como disse, não temos uma frequência dessa gira, podem ficar anos a ser solicitado
tal atendimento.
A particularidade desta linha é que os espíritos nela contidos carregam já um alto
nível de adiantamento evolutivo. Quem sabe por este motivo sejam discretos, não
gostem de falar muito e dediquem-se muito mais aos trabalhos de cura.
Muitos de seus componentes foram versados em artes e ciências como esoterismo,
cartomancia, quiromancia, necromancia, astronomia, astrologia, medicina,
matemática, e todas as ciências espirituais. Usam deste conhecimento, agora
potencializado no plano espiritual, para levar a caridade a todos que precisam.
Nos trabalhos de cura, não somente energizam e equilibram, como são capazes de
grandes cirurgias e indicar tratamentos que sempre levam ao resultado desejado.
Entretanto, fazem questão de explicar ao enfermo a raiz (motivo) de sua
enfermidade, mostrando que ele próprio iniciou aquela doença, e indicam o que
deve mudar naquela pessoa para que a doença não torne a se instalar.
As linhas de Caboclos, Baianos, Pretos velhos e Eres formam o que muitos chamam
de alicerce da Umbanda, sendo elas as linhas fundamentais para o trabalho da
religião. Qualquer terreiro que não contemple minimamente essas linhas não pode
se chamar de Umbanda.
É importante compreender que na Tenda Nossa Senhora da Piedade, muito do que
hoje se vê na Umbanda não acontecia e não acontece até hoje. Não havia atabaques,
nem trabalho de Exu e nem um culto ostensivo da herança africana que a Umbanda
hoje demonstra.
Zélio dizia que muitas coisas não foram possíveis no início, justamente porquê a
Umbanda era ainda uma semente que deveria se desenvolver e qualquer coisa que
chamasse a atenção, ou gerasse polêmica, ou preconceito, poderia sufocar esta
semente.
Nossas doutrinas se assemelham muito com a de Zélio de Moreia (Fundador da
Umbanda). No começo não tínhamos atabaques e nunca fizemos uma gira de Exu.
Com o passar do tempo foi incorporado os atabaques e de extrema importância para
os trabalhos, principalmente para novos médiuns a vibração do couro com as
energias dos curimbeiros são fundamentais para o desenvolvimento mediúnico.
As giras de esquerda não fazem parte de nossas doutrinas, que particularmente
(esquerda e direita) foi o ser humano quem nomeou, e para mim seria níveis mais
altos e mais terrenos. Porém fazem parte de nossas giras porem não como uma gira
específica. Sabemos também que em diversos lugares somente os Senhores Exus e
Pombo Giras conseguem entrar serem percebidos. O vale dos suicidas é um deles.
126
A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Como temos em mente que quem rege Exu é Ogum e nossas casas são regidas por
Ogum todo e qualquer posicionamento perante aos Exus é Ogum quem comanda.
Mesmo assim temos em nossas tendas os assentamentos vibratórios, nosso ponto de
força porem sem divisão. Direita esquerda em uma única corrente. Todos espíritos de
luz são muito bem vindos para ajudar em nossos trabalhos e sabem sim que os Exus e
Pombo Giras são espíritos de luz e de grade valia para nossa doutrina.
Ancestralidade
Dos novos costumes que seriam adotados e até as outras linhas de trabalho que
surgiriam.
Afirmo isto pelo fato de que o 1º Congresso de Umbanda ocorrido no Rio de Janeiro
em 1941, onde tantas ideias diferentes foram apresentadas, ocorreu por incentivo de
Zélio de Moraes.
Na década de 50, quando muitas doutrinas diferentes surgiram, Zélio e o Chefe
estavam em plena atividade e nada fizeram para coibir ou desmentir essas doutrinas.
A Umbanda sempre foi e sempre será a religião da liberdade e da transformação, da
mesma forma que o nosso espírito e nosso planeta. A Umbanda sempre agregará
novos conceitos e linhas que desejem praticar os três únicos fundamentos imutáveis
da religião: amor, humildade e caridade.
Você já parou para pensar o por quê da manifestação de caboclos e pretos-velhos na
Umbanda?
Eles simbolizam a ancestralidade de nosso país. Os caboclos representam os índios,
os primeiros habitantes e protetores originais desta terra. Os negros representam o
povo que mais contribui para o desenvolvimento de nosso país, deixando gravado
nesta terra seu suor e seu sangue.
Assim sendo os fundamentos de caboclos/índios e negros escravizados vale para
todos os territórios com histórias similares.
Mas, como seriam as linhas de trabalho no Japão ou na Europa?
Certamente o conceito de ancestralidade seria mantido.
Os caboclos certamente se apresentarão com o arquétipo dos primeiros habitantes
daquela terra, ou como antigos e bravos guerreiros de tempos antigos. Os pretos-
velhos se apresentarão como velhos sábios, sempre manifestando o amor, a
humildade, a paciência e a sabedoria.
As outras linhas seguirão os costumes, a magia e a regionalidade típica de cada
nação. Já é sabido que no Japão, samurais se manifestam bem como anciãos.
Romanos, gauleses e bárbaros tanto quanto artistas, conselheiros e velhos sábios na
Europa.
É necessário abrir a mente para tentar compreender o máximo que conseguirmos
deste tão complexo mundo espiritual.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Orixás
Oxalá
Apenas para rememorar, Orixás são seres de altíssima elevação espiritual que
carregam em si partes do poder supremo de Deus, que se manifestam através dos
domínios naturais e que atuam sobre toda a vida sobre o planeta.
Agora falaremos individualmente sobre eles.
A palavra Oxalá significa “O Grande Orixá” ou ainda “Senhor da Luz Divina”.
Alguns escritores dizem que os negros escravos se referiam a Oxalá pelo nome
Orixalá, que significa Orixá dos Orixás, e por contração o termo Orixalá, passou a ser
simplesmente Oxalá. Em locais da África era conhecido como Obatalá, que vem a ser
o Oxalá original.
Segundo a definição de Zélio de Moraes, trazida até nós por Ronaldo Antonio Linares,
Oxalá seria aquele que traz o poder total de Deus dentro de si, que foi dividido aos
seus filhos Orixás. Por este motivo cada Orixá tem a sua cor, e a de Oxalá é o branco,
que é a soma de todas as cores.
Contudo, é assim que devemos vê-lo; aquele que atua sobre nós o tempo todo, a
mais elevada energia divina.
Oxalá atua em todos os campos, porém é na fé e na religiosidade das pessoas que se
encontra seu ponto mais proeminente. É ele que conecta nossos espíritos com o
Orun, o céu ou plano espiritual o tempo todo. Por este motivo o chacra que o rege é
coronário (alto da cabeça) e é por ele que Oxalá aplica a sua mais pura vibração em
todos os seres. Resumindo, Oxalá é elo que nos conecta a Olorun (Deus).
Afastar-se de Oxalá é afastar-se de Deus, das virtudes, e, dessa forma, tornar-se
presa fácil para a espiritualidade inferior.
Por ser ele o regente do chacra coronário é que dizemos que banho de ervas de
Oxalá pode ser jogado no alto da cabeça, pois sendo ele pai de todos, acaba por ser
nosso pai também.
Lembramos que sobre a cabeça somente se coloca o banho de seu Orixá de frente ou
o de Oxalá. Outros banhos podem atrapalhar a sintonia com a espiritualidade.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Nota musical: Mi
Número: 10
Dia da semana: Sexta-feira
Cor da guia: Branca leitosa
Cor da vela: Branca
Pedra: Diamante ou cristal
Bebida: Suco de uva, água e vinho doce
Amalá: Milho branco, arroz com mel, canjica doce
Frutas: Uva verde, pera, damasco, figo, polpa de coco, pêssego branco
Flores: Girassol, lírio branco e todas as flores brancas (rosas sem espinhos)
Algumas ervas: Manjericão, alfazema, arruda, erva cidreira, hortelã, alevante e salva,
folhas de laranjeira, folhas de algodoeiro
Domínios: Alto de morro, campo gramado (calmo e limpo), locais sagrados
Animais: Caramujo, pomba branca e coruja branca
Instrumentos: Opaxorô (Cajado)
Ogum
A tradução do nome Ogum já nos diz muito a respeito deste Orixá. O significado pode
ser “Senhor da Guerra” ou “Guerreiro”.
Para nós, Ogum imediatamente remete à ideia de proteção. Cavaleiro de armadura,
espada e escuto. Aquele que venceu todas suas batalhas. Protetor dos protetores.
Lider dos Exus, por esse motivo que sempre que precisamos de algo pedíamos a ele,
e Ogum se encarregará de passar ou não tal tarefa.
Forjado do aço, sempre nos protegendo a noite a luz do luar.
É muito comum ver imagem de São Jorge dentro de uma lua, pois Ogum (São Jorge)
sempre esta a nos vigiar para que nenhum mal nos alcance.
Tudo o que o ser humano faz para melhorar as atividades costumeiras é conhecido
como tecnologia. Tecnologia é inovação. E é por isso que Ogum é considerado o
Orixá patrono da tecnologia.
É o poder do sangue que corre nas veias. Como Exu, está presente no calor e na ira.
Ogum é uma força da natureza, incontrolável, que se faz presente nos momentos de
força e impacto.
Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante venerado no Brasil por estar associado à
luta e à conquista. Tem como sincretismo São Jorge, figura extremamente populares
dos católicos, o que ajudou a disseminar seu culto.
Ogum rege o sangue que corre em nossas veias e talvez isso explique o
comportamento tão ativo deste Orixá, que pode ser cruel e impiedoso com os
inimigos, mas também dócil e amável para aqueles que ama. É a vida em seus
extremos.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Ogum é aquele que adora iniciar uma conquista, mas não usufrui dela. Tão logo
alcance a vitória, busca uma nova demanda. Gosta do calor da batalha e não dos
louros da vitória.
É também o responsável por todo o conhecimento prático existente, aquele que tira
as ideias do papel e as torna reais. Da agricultura, passando pelas armas, pela
eletricidade e pelos atuais computadores, Ogum, o patrono da tecnologia, é o grande
desbravador do mundo em que vivemos. Assim sendo ele abre caminhos para a
instalação de uma rodovia ou estrada de ferro, leva energia e saneamento a lugares
carentes, favorece a instalação de indústria em locais inóspitos. É o responsável pelo
desenvolvimento. O desconhecido é seu inimigo.
Na Umbanda, é o protetor maior, sem o qual não há segurança nas giras. É também
considerado protetor contra toda e qualquer entidade masculina, encarnada ou
desencarnada.
Recorremos a Pai Ogum para a proteção de qualquer tipo de mal, nas brigas,
conflitos e desavenças é ajuda poderosa, para o desenvolvimento de empresas
ligadas à indústria, à química e à tecnologia, e, por fim, para que a lei se cumpra.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Oxóssi
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Xangô
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
fazer o bem e ora corta para ceifar o mal. Outra visão sobre o machado é que cortará
a quem quer que seja para se fazer a justiça. O juiz da espiritualidade sempre tem
que olhar para os dois lados.
Xangô é a autoridade presente, e, como suas pedras, é pesado, sólido e indivisível.
Seus filhos constantemente pedem em orações que ele os ajude a não infringir a lei,
seja dos homens ou da espiritualidade, por medo da cólera de seu pai.
É certamente, ao lado de Iemanjá, um dos orixás mais conhecidos e cultuados no
Brasil, sendo que no Nordeste existe até um culto com seu nome. Não era incomum
antigamente, o nome de Xangô ser associado ao do próprio Candomblé.
Tudo o que se refere a estudos, ao conhecimento especializado, ao direito, contratos,
demandas judiciais, elaboração de normas e leis, documentos trancados e
confidenciais, pertencem a Xangô.
Está envolvido na melhora e no progresso social e cultural. No dia a dia, encontramos
Xangô nos movimentos sociais, campanhas, partidos políticos, sindicatos, repartições
públicas, fóruns judiciais, cartórios, delegacias, nas diretorias de grandes empresas.
Enfim, tudo o que se refere às relações e ciências humanas, administração e governo.
Não é a toa que estamos em 2018 ano de Xangô e estamos vivendo um ano de muita
justiça, impeachment da Ex-Presidente Dilma, Condenação e prisão do Ex-Presidente
Lula, tantas cabeças rolando. Manifestações dos caminhoneiros onde pode virar um
holocausto. Estou escrevendo esse livro e estamos no 7º dia de paralisação dos
caminhoneiros e ainda muita água vai rolar. Mas não estou aqui para falar do Brasil e
sim de uma religião brasileira, apenas citei os acontecimentos para ver de como o
ano de Xangô a justiça prevalece.
Invocamos Xangô nos casos de demandas judiciais, justiça em geral, para a
prosperidade e o dinheiro, para adquirir conhecimento (principalmente o
especializado), para o auxílio na administração, e até mesmo em desastres naturais
como terremotos, vulcões e avalanches. Muitos recorrem a ele também para
conseguir o equilíbrio, seja material, emocional ou espiritual.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Iemanjá
Deusa de Egbé, nação Iorubá, onde corre o rio Yemoja, de onde vem seu nome.
Muitos ainda o traduzem por “mãe cujos filhos são peixes”.
Também é conhecida ainda pelos nomes de Rainha do Mar, Inaê, Mucunâ,
Dandalunda e Janaína.
No Brasil, é o orixá do panteão africano mais conhecida, tanto pelas festas feitas em
seu nome, que arrastam milhares de pessoas, quanto pelo costume de pular 7 ondas
na entrada do ano novo, ritual repetido em todo o litoral brasileiro e consagrado a
ela.
De seu ventre saíram os orixás. De seus enormes seios saem as água que alimentam
os rios do mundo e que por sua vez fertilizam a terra. Iemanjá é a fecundidade, a
vida. Da mesma forma que Oxalá é o princípio gerador masculino, Iemanjá é o
princípio gerador feminino.
Deusa do mar e protetora do mar e da vida marinha, das mães, das esposas e da
família, representando a procriação, encerra em si mesma o conceito primário da
mãe benevolente.
Divide com Oxum o atributo da vida, Iemanjá gera, Oxum mantém.
É Iemanjá quem ampara a cabeça dos bebês ao nascerem, e só depois entrega aos
orixás que irão regê-lo. É também conhecida como senhora de todas as cabeças e,
por isso, no Candomblé e em algumas doutrinas umbandistas, certamente seja tão
reverenciada, pois é na cabeça onde se encontram assentados os orixás da pessoa
que comandarão seu destino.
É ela quem rege as relações entre os seres. No terreiro, é responsável pelo espírito
fraterno que deve existir entre os irmãos de fé e o pai ou mãe-de-santo. Nas
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
A Calunga Grande
A palavra calunga vem do dialeto Bantu e significa “morada dos mortos”. Na
Umbanda costumamos atribuir ao cemitério o nome de Calunga Pequena, e ao mar,
Calunga Grande.
Mas como o domínio da senhora geradora da vida poderia estar relacionada com os
mortos?
Devemos lembrar que a morte não é o fim de nada e sim uma transformação da vida.
Assim como Pai Obaluaê (ou Omulu) é considerado o senhor da morte, mas, acima de
tudo, é também o grande agente transformador, que guia os espíritos da vida
material para a vida espiritual.
Da mesma forma o mar também é um agente de transformação, trazendo e
fecundando a vida em nosso planeta. Outra explicação para denominarmos o mar
como Calunga Grande seria dada pelos próprios negros que vieram escravizados nos
navios negreiros. A viagem para a América em navio negreiro, era extremamente
danosa e mortal, sendo que muitos autores dizem que apenas 1/3 dos escravos
sobreviviam diante das condições desumanas do transporte.
Dessa forma, o negro viu muitos de sua raça adoecerem e morrerem, sendo que os
corpos eram lançados ao mar. Fora isso, a viagem na condição de escravo
simbolizava a morte de sua liberdade, de sua família, de sua cidade, de sua cultura e
religião.
Para muitos o fundo do mar seria a prisão de muitos eguns, pois antigamente era
comum lançar o corpo dos mortos ao mar.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Oxum
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
crianças até o momento de falar e andar, a partir desse ponto as crianças são regidas
por Cosme e Damião.
Apesar disto, é a Oxum que as mulheres recorrem quando não conseguem
engravidar. Oxum rege ainda a menstruação e também divide a maternidade com a
rainha do mar.
Pela fecundidade e fertilidade, gera a abundância e a fartura. Senhora da riqueza,
dona do ouro. É alegre, risonha e inteligente, dá-se aos desfrutes de menina mas
sabe também ser uma mulher nobre e generosa.
A palavra que melhor descreve este orixá é amor. É a menina-mulher que com seus
encantos a todos seduz, todos querem estar perto dela e desejam obter seus favores.
A deusa do amor e da beleza usa de todos os seus atributos para alcançar seus
objetivos, podendo chegar a medidas extremas quando se sentir ameaçada. Amante
do luxo, da fortuna, do esplendor e das altas posições, poderá usar de seu poder de
sedução para satisfazer sua ambição. Usará toda sua astúcia, malícia e determinação
contra seus inimigos e adversários.
A sedução é seu ponto forte, entretanto, apaixona-se facilmente, e nesse estado, se
entrega sem limites chegando ao ponto de submissão.
Quem precisa de dinheiro é só pedir a Oxum que ela concede.
Considerada a dona do ovo, que também é um de seus símbolos por ser a
representação máxima da fecundidade.
Em algumas nações, é considerada como aquela que cura com a água fria. Cura as
crianças e as fazem beber mel, sendo a abelha seu animal símbolo.
Sempre representada como uma moça de feições magníficas, olhando-se para um
espelho que carrega na mão direita e abanando-se com um leque que carrega na
mão esquerda.
Considerada a rainha de toda a água doce do planeta, sabemos que sem esta água, a
vida seria impossível.
Inteligente e esperta, alheia a qualquer tipo de conflito, é excepcional diplomata.
A fecundidade de Oxum é tema tão forte e recorrente que esse fundamento não
estaria ligado somente à vida dos seres, pois sem Oxum é impossível fecundar ideias
e projetos. Sem seu axé a vida não inicia e nem prospera.
Invocamos Oxum para alcançar a fertilidade de mulheres estéreis, para alcançar sorte
no amor com a conquista do par ideal, na gestação das mulheres, em problemas com
a menstruação ou aparelho reprodutor, para fecundar qualquer nova decisão ou
projeto, na agricultura, para obter riqueza ou dinheiro, para evitar conflitos e para a
diplomacia.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Iansã
Na África é conhecida apenas como Oyá, que vem a ser o mesmo nome do rio mais
importante da Nigéria, o Níger. Apesar de seu nome original ter vindo do rio, isto não
deve confundir seu elemento que é o vento.
É a orixá dos ventos, da tempestade e do raio, o qual usa com a permissão de Xangô.
Guerreira e destemida, Iansã está muito distante dos outros orixás femininos. Está
mais no campo destinado às figuras masculinas, como as frentes de batalhas e das
constantes aventuras. Está sempre longe de casa, Iansã odeia o trabalho doméstico.
Para Iansã não existe o comum, o medíocre, o regular e nem o discreto. Tudo é um
acontecimento, seu ódio é avassalador, seu arrependimento (comum para ela) é
dramático. Sempre alcança a vitória nas batalhas que trava, por isso é decisiva em
questões de proteção e de demandas.
Representa a liberdade e a liderança.
É muito parecida com Xangô. Muitos dizem que Iansã seria uma cópia feminina do
orixá da justiça.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Frutas: Maçã vermelha, uva rosa, tangerina, cereja, pitanga, laranja-bahia, morango,
manga rosa
Flores: Palmas e rosas amarelas
Algumas ervas: Espada de Santa Bárbara, folhas de pitangueira, cordão de frade,
gerânio, capim santo, espinheira santa, rubi, carobinha, cipó cruz, louro
Domínios: Bambuzal e lugares onde se venta (exemplo, alto de morros)
Animais: Búfalo (força) e Borboleta (liberdade)
Instrumentos: Leque, espada e eruexim (esoanta-moscas feito de rabo de cavalo ou
boi) que ela utiliza para movimentar os espíritos
Nanã Boruque
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Sincretismo: Sant’Anna
Data de culto: 26 de julho
Saudação: Saluba Nanã! (Nos refugiamos com Nanã)
Área de atuação: A vida e a morte, maternidade, amadurecimento, sabedoria.
Senhora dos espíritos.
Elemento: Água em contato com terra
Chacra: Frontal
Metal: Níquel ou latão
Astro regente: Lua (no quarto minguante)
Nota musical: Si
Número: 13
Dia da semana: Domingo
Cor da guia: Lilás ou violeta
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Obaluaê
Também conhecido por Omulu, Xapanã. A forma gráfica Abaluaê também é bastante
comum. Entretanto, Omulu e Obaluaê são os mais utilizados.
O nome Obaluaê significa “Senhor Dono da Terra” e Omulu quer dizer “Filho do
Senhor”. Só pelos nomes já imaginamos o respeito que os africanos têm por este
orixá.
No passado foi temido por ser considerado o orixá da varíola e das doenças
epidêmicas. Em tempos de epidemias, todas as cidades faziam grandes oferendas a
este orixá, na intenção de afastar a doença.
Mas Obaluaê hoje é visto pelo que é. Um orixá bondoso que ajuda a todos com
doenças espirituais e carnais. Por um lado, recebeu o controle dos espíritos dos
mortos (eguns), e por outro, recebeu a guarda desses espíritos através da calunga.
Obaluaê rege as casas e postos de saúde, as clínicas, hospitais, necrotérios e
cemitérios, em suma, todos os lugares onde a dor, a doença, o sofrimento e a morte
se encontram. A este orixá é atribuído o dom da vida e da morte, da cura e do
alcance de toda sorte de bênçãos. Seu poder maior é a transformação, a
transmutação das coisas e dos seres, cujo símbolo máximo é a morte física, que é a
transformação da vida, passando a ser uma vida espiritual.
Atua na morte dos seres cortando o fio de prata que liga o perispírito ao corpo físico,
e também é ele quem o liga no ato da reencarnação. Ele é morte, mas também é
vida.
Obaluaê é a terra dura e quente, como a febre das doenças infecciosas, mas mesmo
nesse terreno inóspito Obaluaê faz a vida surgir, conduzindo e transformado nossos
defeitos em virtudes.
Obaluaê é a morte para uma nova vida, é a saúde, a prosperidade.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Usa um capacete e roupa feita de palha da costa que não deixa visível nem seu corpo
e nem seu semblante. Não é a toa que seja sincretizado com São Lázaro. Algumas
lendas dizem que Iemanjá preparou essa roupa para o filho, para que ele pudesse
esconder seu defeitos e, principalmente, a lepra que carrega. Outras lendas dizem
que a roupa existe para guardar os olhos de quem o vê, pois se olhássemos
diretamente para ele seríamos cegados pela energia irradiada de seu corpo,
semelhante a um sol.
Obaluaê sempre teve poder sobre os mortos, mas algumas correntes defendem que
ele conheceu todos os oruns (céus) e dominou todos os seus mistérios, de forma a
não haver entidade positiva ou negativa que o incomode em suas andanças pelo
além.
É temido por todos os espíritos por possui o dom de converter um espírito em um
ovóide, o qual cola no teto de sua caverna enquanto considerar necessário.
Este orixá cujo nome primeiro é Xapanã, divide-se em Obaluaê, o jovem e curador de
doenças, e Omulu, o velho que dominou todos os segredos dos mortos.
É também conhecido como padroeiro dos pobres, humildes e doentes. Quem pede
com respeito e humildade a Obaluaê, é prontamente atendido.
A febre, a doença (em especial as de pele e as contagiosas), cegueira e surdez,
catapora, varíola e sarampo, são consideradas manifestações deste orixá que
somente age quando existe necessidade de purificar a humanidade.
Ainda todas as dores que sentimos, sem importar a origem, o calor abafado, a
agonia, a ansiedade, a coceira e o mal funcionamento dos órgãos também
evidenciam a sua presença.
Obaluaê é a força da natureza que rege o incômodo de um modo geral.
É protetor dos aleijados, mutilados, doentes mentais e de todos os enfermos.
Enfim é o orixá da misericórdia. Está ligado ao oculto com muita força e muito temos
para desvendar dessa força da natureza.
Invocamos Obaluaê em todos os momentos, principalmente em casos de doenças.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Atabaques
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
O Curimbeiro é um posto sagrado e deve ser muito respeitado pelos filhos de uma
casa, pois é através da concentração e das mãos dele que se propicia um trabalho
com energia mais intensa, favorecendo o trabalho das entidades de luz, dando força
ao descarrego e encaminhamento de entidades obsessoras. Para se considerar um
Curimbeiro não basta saber tocar, tem que se conhecer os fundamentos da casa e da
religião. O Curimbeiro coloca sua energia (força) nos couros e das vibrações dos
couros surgem um som.
Os tambores são milenares, se tratando de Brasil os índios já utilizavam para seus
Deuses, como dança da chuva entre outras tradições indígenas. Se for falar da África
o cultuo aos orixás não seria feito sem as batidas dos tambores.
A responsabilidade de um curimbeiro é tão importante de qualquer pessoa dentro de
um terreiro. Mas um detalhe que vale resoltar é que se uma pessoa que cuida dos
nomes na lista não estiver em um dia bom na gira não irá atrapalhar tanto quanto se
um curimbeiro não tenha tido suas firmezas. Isso não os faz melhore e nem pior do
que ninguém. Cada trabalhador dentro de um tenda tem a sua importância e não
somos nós a julgar qual seria a melhor. Cabe a nós nos dedicarmos ao que nos foi
impostos ou até mesmo ao que escolhemos a fazer.
Os tambores dão por muitas vezes o ritmo dos trabalhos.
Os tambores dão a densidade dos trabalhos.
Para ser um curimbeiro é muito mais do que saber tocar um atabaque ou mesmo ser
um percussionista. Para ser um curimbeiro tem que tocar a curimba com a alma, com
o coração e se entregar ao sagrado.
Ponto cantado
Outra coisa importante são os tipos de toques que se tocam em um atabaque. Cada
tipo de toque libera uma energia diferente, favorecendo um ou outro tipo de
trabalho em um terreiro.
Os tipos de toque são muitos, entre eles os mais conhecidos são o Marcação, Nagô
ou Alujá, Ijexá, Samba de Congo ou Cabula, Barravento, Angola, Congo de Ouro e
Congo Caboclo, entre muitos outros.
Os toques podem ainda estar mais ligados a uma linha de trabalho ou Orixá. Porém
em nossas doutrinas vale mais tocar com a alga e o coração do que ter técnicas de
festivais. Eu mesmo dentro de um único ponto vario entre3 ou 4 toques. O que para
alguns está errado para nossa tenda é fantástico. O mais importante é se entregar de
corpo e alma que a espiritualidade se encarregará de lhe mostrar o caminho.
Não vale de nada saber todos os toques perfeito se o Ogã como gostam de ser
chamados adoram uma conversa paralela, descansam seus braços em cima dos
atabaques e muitos nem a benção dos atabaques pedem.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Os pontos cantados são evocações, uma forma cantada de oração que aproxima o
poder dos Orixás e a força dos guias ou da linha de trabalho.
O canto sempre esteve muito associado com religião, e não é à toa que quase todas
possuem sua manifestação. O mantra hinduísta ou budista, o louvor do muçulmano,
o canto gregoriano dos católicos ou os hinos dos evangélicos. Enfim, as
manifestações musicais sempre se fizeram presentes nas atividades religiosas.
O ser humano canta para atrair a atenção de Deus ou de divindades. São Francisco de
Assis dizia que “quem canta reza duas vezes”.
Na Umbanda temos o ponto cantado como manifestação lírica. Os pontos contam
histórias das entidades ou Orixás, realçam suas qualidades ou simplesmente evocam
o auxílio deles. Não devemos entoar pontos que relatem coisas negativas ou que
destaquem palavras como castigo, morte e medo. Os pontos não devem causar
receio ou estranheza para quem os ouve. Músicas religiosas sempre devem despertar
o melhor das pessoas para que possam se conectar com a espiritualidade.
Para que o ponto cantado cumpra sua função é necessário que a letra seja
condizente com o verdadeiro valor dos Orixás e entidades de luz da nossa sagrada
religião.
Temos no Hino da Umbanda o maior exemplo de evocação de boas energias e
altruísmo. Deixo esse exemplo como referência de qualidade.
Podemos cantar pontos em todos trabalhos espirituais. Mesmo quando queremos
requisitar a presença daquela entidade ou Orixá para o nosso auxílio.
Não existe nenhum problema em se cantar pontos em casa ou no dia a dia, desde
que isto não agrida ninguém. Lembre-se, quando agredimos alguém atraímos
energias indesejadas para perto de nós.
Entretanto, da mesma forma que não recomendo firmar velas para Exu dentro de
casa, também não recomendo que se cante pontos para Exu dentro de casa pelo
mesmo motivo: a energia de Exu é densa e pode abalar pessoas sensíveis
energeticamente.
Cantar os pontos durante os trabalhos demonstra sabedoria, alegria e fé. É a
verdadeira conexão com as forças da Umbanda
Ritos e Fundamentos
Bebida
Certamente esses dois fundamentos estão entre os que mais causam polêmica
quanto à aceitação da Umbanda como religião de luz.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Fumo
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Velas
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
elementos básicos presentes, acrescidos de nossos pedidos e energia, tudo pode ser
criado, transformado e alcançado.
IMPORTANTE
De nada adianta a firmeza de velas se você não estiver em equilíbrio. Firmar velas
também é um momento de reconexão com o Sagrado. Se você estiver bem e
equilibrado, sua energia será mais pura e favorável ao pedido que plasmou na vela.
Se estiver mal ou desequilibrado, plasmará uma energia negativa e viciada, e acabará
por trazer mais problemas a você, ou tornará mais lento o processo de alcançar a sua
meta.
Por fim, lembre-se, só acendemos velas quando a energia elétrica para. Por isso na
Umbanda firmamos velas, este conceito é totalmente diferente.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Procure locais sagrados para firmar suas velas, como o próprio terreiro, quando
permitido, ou igrejas e capelas. Cemitério só para quem tem cabeça muito firme.
Se mesmo assim não for possível, fique somente com as orações de todo o seu
coração. Uma oração bem feita e de coração pode ter o mesmo valor de uma vela.
De uma forma geral, a cor da vela não influi tanto. Podemos firmar velas brancas
para todos os Orixás, guias e protetores.
O que jamais pode acontecer é firmar velas pretas para Oxalá, por exemplo. A cor
branca é bem vinda e as cores claras também.
Entretanto, quando firmamos muitas velas, para vários Orixás e guias, firmar cada um
na sua cor ajudará você a identificar qual vela está te mandando uma mensagem.
Caso a vela “chore”, isto tem um significado e precisamos identificar de quem vem a
mensagem. Se firmarmos apenas velas brancas, poderemos nos confundir e
interpretar de maneira errada a mensagem.
Quando firmamos uma vela, a forma como ela queima pode nos dizer muitas coisas.
Quando a vela queima limpinha, sem chorar, ou deixando uma mínima sobra de
parafina, significa que tudo está bem.
Quando ela chora, significa que algo não está bem. Podem existir energias contrárias
ao seu pedido ou que existem dificuldades para que o seu pedido seja atendido.
Quanto mais sobra de parafina, mais dificuldades. Por isso é importante sabermos
para quem firmamos a vela.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
A sobra da parafina pode criar imagens que podem lhe indicar a fonte ou o que está
acontecendo. É necessário aprender a identificar cada caso. Não existe um livro de
instruções para isso, pois a gama de imagens possíveis é infinita. É preciso estar
atento. Como sempre sou intuído pelo meu querido e amado Pai Joaquim da Guiné
“Preste atenção nos pequenos detalhes, pois neles que estão as grandes lições”.
A chama da vela muito alta pode significar que aquele Orixá ou entidade está ativo
naquele momento sobre sua vida. A chama vacilante, subindo e descendo, ou
querendo apagar e retornando, pode indicar que você não foi claro ao fazer seu
pedido. Chama bipartida pode indicar que seu desejo será atendido em duas etapas.
Vela que apaga constantemente pode significar falta de equilíbrio de quem firmou a
vela, dúvida, falta de fé, ou que a entidade não quer receber o seu pedido. Neste
caso, respire e procure relaxar, alcance um melhor equilíbrio e tente firmar uma nova
vela.
Vela que queima muito rápido indica que a entidade está ativa e consumindo muita
energia.
Sempre que uma vela chorar ou queimar muito rápido, é necessário que se firme
uma nova vela, para continuar alimentando as entidades com a nossa energia, pois
ela é a matéria prima utilizada pelo plano espiritual. Chorou novamente? Firme outra
após o término desta. Se depois de três velas o choro persistir, uma oferta deverá ser
feita para aquela entidade ou Orixá.
Sempre lembramos que as velas tem qualidades e são passivas de falhas na
produção. Não podemos deixar de levar em conta também que o local da firmeza das
velas tem sua importância por se firmar uma vela em um local de muito vento a
probabilidade desta vela chorar é grande. Agora um filho firma 3 velas compradas no
mesmo local sendo que duas terminam perfeitamente e apenas uma saiu fora no
normal, preste a atenção nos detalhes.
Vela de 7 dias
vela não escorra, sendo assim terá a durabilidade de 7 dias caso tudo esteja bem em
sua espiritualidade.
Caso a vela de 7 dias durar 7 ou mesmo 6 dias, tudo bem, está tudo normal. Se durar
menos de 6 dias é sinal de que algo não está bem e você poderá, inclusive, firmar
uma vela palito para aquela entidade para confirmar este pressuposto.
Caso a vela se incendeie ou quebre o pires ou copo de vela, isto significa que uma
demanda foi quebrada. Firme uma nova vela de 7 dias e observe.
Casos repetidos de velas de 7 dias que duram pouco ou que se incendeiam, tem
muita sobra de parafina ou que quebram seus invólucros protetores, pode significar
demanda pesada. Nestes casos recomendo que uma firmeza com velas palito seja
feita para todos os Orixás, no sentido de determinar qual área está sendo mais
atacada, e assim prover oferta para aquele Orixá.
Uma consulta com entidades no terreiro pode ser necessária e de grande ajuda. Se
você for médium, lembre-se de que nem sempre estamos com nossa energia em
plena força, e que um dentista não extrai o próprio dente, nem um cirurgião opera a
si mesmo. Muitas vezes precisamos de humildade para falar com o pai-de-santo ou
um outro médium de nossa confiança.
A vela de anjo da guarda é a mais importante defesa do filho de fé.
A função de nosso anjo da guarda é proteger, garantir que possamos cumprir nossa
missão e organizar o trabalho dos outros guias e protetores.
Sal Grosso
Pode ser utilizado sem contra indicações, próximo a passagens, atrás de portas de
entrada principal ou dos quartos, e até mesmo embaixo de nossas camas.
Atrai e dissipa energias negativas impedindo que elas se fixem em nós ou nos
ambientes.
- pegue um copo de vidro comum
- complete com 1/3 de sal grosso
- adicione água até atingir 2/3 do espaço do copo (1/3 até a borda ficará vazio)
- coloque no local desejado
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Na entrada de casa
Como decoração
Uma forma mais elegante de se fazer uma mironga parecida é utilizando um vaso
transparente, coloca-se sal grosso até onde desejar e decora-se com três ou sete
pimentas vermelhas. Neste caso não utilizamos água e colocamos o vaso à vista das
pessoas.
Utilizado popularmente até por quem não é umbandista, o banho de sal grosso é
muito popular para remover as cargas negativas.
Como fazer um banho com sal grosso
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
O banho de açúcar
Uso de ervas
Defumação
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Observação:
Antes de qualquer defumação que se faça. Firme uma vela ao seu anjo da guarda ou
entidade de sua preferência e peça para que lhe acompanhe na limpeza de onde será
defumado.
Banho de ervas
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
As ervas frescas sempre serão mais desejadas que as secas. Ervas frescas possuem
mais seiva e por isso mais propriedades da natureza.
• Separe a erva ou as ervas que irá usar no banho;
• Em uma caneca aqueça água até a temperatura que seja suportada pela pele (de
morna para quente);
• Lave bem suas mãos e braços até os cotovelos;
• Coloque as ervas na água e macere com as próprias mãos;
• Durante o processo mentalize a energia ou Orixá que deseja se conectar; Pode
também mentalizar o objetivo que deseja alcançar. Eu costumo cantar um ponto que
fui intuído sempre que faço meus banhos. Colocarei a disposição no final desse
tópico;
• Depois de alguns minutos neste processo, cubra o preparado e deixe descansar por
mais alguns minutos;
• Coe o preparado e depois do banho de higiene, jogue a solução do pescoço para
baixo, dando preferência par as áreas centrais do corpo, tanto na frente quanto na
parte de trás.
IMPORTANTE
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
As ervas secas são mais práticas e sabemos que no mundo de hoje é muito difícil
termos acesso a canteiros de ervas. Por isso, são as mais utilizadas pelos
umbandistas.
• Separe a erva ou as ervas que irá usar no banho;
• Em uma caneca aqueça água, mas não deixe ferver. Apague o fogo antes;
• Coloque as ervas na água e misture com uma colher;
Durante o processo mentalize a energia ou Orixá que deseja se conectar; pode
também mentalizar o objetivo que deseja alcançar. Pode ser aplicado o mesmo
processo do ponto cantado;
• Cubra a caneca com uma tampa ou guardanapo para abafar o preparado;
• Coe o preparado e depois do banho de higiene, jogue a solução do pescoço para
baixo, dando preferência para as áreas centrais do corpo, tanto na frente quanto na
parte de trás.
IMPORTANTE
Levante – Readquirir energia, levanta e abre caminho. Junto com o alecrim traz
clientes e dinheiro.
Macassá – Tem um perfume forte e bom. Dá uma boa levantada. A pessoa raciocina
melhor, encontra o caminho, relaxa, descarrega e fortalece a ligação com o Anjo de
Guarda e abre os caminhos amorosos. Boa também para doentes.
Manjericão – Tira mau olhado e descarrega. Excelente para crianças e adultos. Para
crianças usar somente o manjericão e a rosa branca.
Oriri – Acalma, tira perturbações e traz energia no banho de ervas. Com problemas
de nervos colocar a folha úmida na cabeça. Serve para dormir com ela.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Abre Caminho – Para questão financeira. Prosperidade. Usar do pescoço para baixo.
Da cabeça aos pés só uma vez ou outra.
Rosa Branca – Descarrega, tira energia de mau olhado e quebranto. Boa para
crianças e adultos.
Espada de Ogum e Yansã – Quando a pessoa estiver com tudo fechado, desorientada
e negativa. Para pessoa muito negativa. Cortar em sete pedaços uma folha e
ferver. Juntar um pouco de sal grosso. Usar do pescoço para baixo.
Cura: alecrim, arruda, canela, cardo bento, cravo, eucalipto, freixo, hortelã, lavanda,
maçã, mirra, naciso, rosa, sálvia, violeta.
Amor: alecrim, canela, cominho, coentro, jasmim, laranja, lavanda, limão, lírio,
macassá, manjericão, verbena, violeta.
Proteção: alecrim, angélica, arruda, boca de leão, artemísia, erva doce, freixo, louro,
peônia, verbena, visgo.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Purificação: açafrão, alfazema, alecrim, aniz, arruda, hortelã, lavanda, limão, louro,
mirra, olíbano, sabugueiro, sândalo, sangue de dragão.
Amaci
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Não existe uma receita pronta para se fazer um Amaci, cada casa poderá usar
ingredientes específicos, como o curiador de cada Orixá, por exemplo. Mas em
qualquer casa é o ritual mais sagrado que existe.
O uso mais conhecido do Amaci é como banho lustral (de purificação), lavando-se a
cabeça dos médiuns e filhos de fé. A lavagem somente poderá ser feita por sacerdote
e o Amaci jamais deverá ser diluído. Após receber a lavagem, o filho deverá
permanecer 24 horas sem lavar a cabeça, em silêncio e em relaxamento, para melhor
absorver as energias do banho.
É utilizado para:
• Batismos (iniciação do filho de fé);
• Remoção de energias negativas e assentamento do poder dos Orixás;
• Para firmar entidades (melhorar a mediunidade) de médiuns em desenvolvimento;
• Para fortalecimento do chacra coronário (por onde a espiritualidade se comunica);
• Fortalecimento do filho de fé com seu Orixá de frente e Juntó.
O estalar de dedos
Tal qual o bater de palmas, o estalar de dedos surgiu, em primeiro lugar, como
acompanhamento e marcação rítmica, mas é extremamente comum observarmos as
entidades estalarem os dedos durante um atendimento.
Não importa o momento do atendimento, pode acontecer durante o descarrego ou
mesmo na energização do consulente.
A explicação é muito simples, o estalar de dedos é uma forma de concentração de
energia pelas entidades, concentrando a energia na mão ou nos dedos do aparelho
para depois estalar esses dedos. Isso provoca algo como uma pequena explosão.
Essa pequena explosão de energia pode ser usada como fator desagregador de
negatividade e até para energização positiva.
Alguns defendem que a ponta dos nossos dedos possui pequenos chacras por onde a
energia pode ser canalizada pela entidade, e isso é verdade. As entidades possuem
conhecimentos que não temos e utilizam desses artifícios, assim como toda a rede
energética do corpo do médium, para potencializar os atendimentos.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
O estalar de dedos pode ainda ser utilizado pelo filho de fé desincorporado, sendo
necessário antes estar com as energias equilibradas, para somente depois utilizar o
estalar de dedos. Poderá fazê-lo para aplicar um passe desincorporado, ou até
mesmo como auto aplicação, com o intuito de remover energias da mente ou de
partes do seu corpo.
Podemos sim utilizar esse fundamento desincorporados e inclusive já o fazemos.
Quem nunca, ao tentar se lembrar de alguma coisa, estalou os dedos para forçar a
lembrança? E por que isso normalmente dá certo?
Pelo simples motivo de que ao estalar os dedos, movimenta-se energia e isso altera
as ondas psíquicas colaborando com a recordação daquilo que se deseja.
Número 0 (Zero)
O vazio de onde tudo se originou. O circulo que contém toda a criação. Simboliza
tanto a nulidade da ignorância quanto o vazio de uma consciência plena, o nirvana
dos iluminados. O zero é onde o humano encontra o divino depois de sucessivas e
cíclicas passagens (reencarnações). Seu símbolo é um círculo vazio.
Número 1
O um pode criar tudo, pois todos os outros números derivam dele. Conhecido como
o número de Deus e de tudo o que é único, como a personalidade e o espírito. Traz
coragem, confiança e independência. Movimenta as energias, tirando-as do plano
mental e realizando no mundo físico. Tanto o ponto quanto um ponto dentro de um
círculo representam o número 1.
Número 2
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
intuição. São símbolos deste número o círculo cortado ao meio com uma metade
branca e a outra preta, a linha (que possui duas pontas) ou ainda o Yin-Yang.
Número 3
Número 4
Número 5
Número 6
O hexágono (selo de Salomão). O número da perfeição manifesta, sua sexta parte (1),
mais sua terça parte (2), mais sua metade (3), somados, resultam nele mesmo, e é o
único número simples em que isso acontece. Simboliza a união do homem com Deus
e com a comunidade terrena, outros homens e natureza. Representa a harmonia, o
equilíbrio e a conciliação. Está ligado à verdade e à justiça. A estrela de seis pontas é
considerada por muitos como o símbolo da Umbanda.
Número 7
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Número 8
Número 9
Número 10
A criação (o homem, o zero) se encontra com Deus (um). O homem volta ao seu
estado de pureza divina. Unido novamente com o sagrado ele vê a vida em totalidade
e não mais separada por partes. Percebe-se como co-criador da realidade, onde um
novo ciclo pode e deve se iniciar. O dez é o um que passou por todos os outros
números (consciências) e elevou-se. Número ligado à evolução proporcionada pela
reencarnação. Também ligado a Oxalá
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Oferendas
Tal e qual a bebida e o fumo, as oferendas constituem arma nas mãos dos opositores
da Umbanda.
Muitos acreditam mesmo que os Orixás e guias bebam e comam as ofertas que lhe
são prestadas. Isso é um erro comum e, infelizmente, muitos umbandistas acreditam,
nisso.
Em primeiro lugar as ofertas são apenas meios de concentração de energia que o
filho de fé utiliza para se comunicar com os Orixás e guias. Esta energização poderá
ser para agradecimento ou para um pedido, ou simplesmente para se sintonizar
melhor com aquela fração do poder de Deus. Essa energia é absorvida pela
espiritualidade para culminar na benção daquele filho.
Independente do que vá se oferecer, é importante ter em mente que estas
recomendações não são obrigatórias. Você poderá oferecer um inhame a Oxalá ou
mesmo uma cerveja para Oxum. Se o fizer com o sentimento correto será aceito. O
melhor Pai-de-Santo não é aquele que faz um ebó (oferta) gigantesco, mas aquele
que alcança o mesmo resultado com uma vela branca e um copo d’água.
É claro que temos tradições e costumes na Umbanda, e segui-los mostra grande
respeito e amor pela espiritualidade e pela religião. Entretanto, não devemos ficar
com a visão estreita sobre esse assunto. Deixe que sua intuição o oriente sempre.
Retomando o assunto do tópico, as oferendas podem ser voluntárias ou a pedido das
entidades e mesmo do Pai ou Mãe-de-Santo.
Uma oferta poderá ser feita no terreiro, no domínio do Orixá, ou mesmo na casa do
filho de fé. Poderá ser grandiosa ou simples como a nossa religião, entretanto, assim
como as velas, é necessário estar em equilíbrio para se prestar uma oferenda.
Existe um conceito que diz que o Orixá ou guia recolherá a energia contida na
oferenda e a multiplicará milhares de vezes, caso merecido, para conceder o pedido
do filho de fé. Então, é extremamente recomendado que você esteja com os
preceitos em dia e com a vibração energética alta e positiva. Além dos objetos e
comidas que serão ofertados, a sua energia é a arte mais importante da oferta.
Nesse estado de espírito, é importante lembrar que a oferta se inicia desde a compra
dos elementos até na sua preparação. Arriar a oferenda é somente o ponto mais alto
e de finalização de uma oferta. Sempre que possível, escolher os elementos de
melhor qualidade para a oferta e não necessariamente os mais caros. Em seguida não
se deve esquecer de lavar e descarregar objetos como copos, vasos, alguidares, para
que possam receber as ofertas sem nenhuma energia indesejada. Em seguida, lavar,
cortar e preparar os alimentos com muito carinho, sempre mentalizando o Orixá ou
guia, ou mesmo cantando um ponto em seu louvor.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Sou um pouco chato em relação as oferendas despachadas onde achamos que tem
que ser. Creio que os Orixás não vão querer seus domínios sujos após os trabalhos.
Por esse motivo sempre recomendo a quem utiliza de oferendas que faça nos
devidos locais apropriados para tal. Por exemplo em São Paulo, mais precisamente
temos o Vale dos Orixás (Santuário da Umbanda) que fica localizado em São
Bernardo do Campo. Um local com quase todos os domínios naturais e os que não
são naturais o ser humano assim o fez e assentou suas vibrações. Um lindo lugar e de
muita energia boa. Um local apropriado onde semanalmente é feito uma limpeza
para recolher as ofertas.
Firmezas
Sempre que fazemos uma oferta, criamos um ponto de energia temporário naquele
local. A energia se concentra e depois vai se dissipando lentamente até ser
completamente esgotada em 7 dias.
Se fizermos nossa oferta em casa, e repetirmos sem interrupção, esta oferta,
periodicamente (de preferência semanalmente), criamos um ponto de energia
permanente que poderá ser acessado sempre que necessário.
É óbvio que a firmeza não tem a mesma força de uma oferenda em um domínio
natural, mas, com a repetição, a força da firmeza se acumulará a cada sete dias,
podendo mesmo chegar muito próxima à de um domínio natural.
Na realidade, a firmeza cria artificialmente um ponto de irradiação de energia do
domínio do Orixá.
Quanto à periodicidade, semanalmente é o mais indicado, mas também podemos
fazer a cada quinze dias ou mesmo a cada mês. Porém, o acúmulo de energia será
tanto quanto mais demorado.
Para que possamos repetir sempre a firmeza, é necessário que ela seja simples e com
elementos fáceis de encontrar. O principal é ter uma base simples, de preferência
com 3 elementos.
A firmeza clássica consiste em vela, bebida e artigo de fumo, ou vela, bebida e
incenso. Mas que você tenha condições, tanto de tempo quanto financeira, para
repeti-la sempre. Mas você poderá fazer a base da firmeza como desejar, por
exemplo, água, azeite e mel.
Eventualmente você poderá incrementar a sua oferta, porém a base sempre deverá
ser a mesma.
Esse ponto de força deverá sempre receber orações para vitalizar ainda mais a sua
energia. Você poderá colocar em sua firmeza pedidos e agradecimentos, para você
ou para pessoas próximas. Evite colocar na firmeza de sua casa, pedidos por pessoas
estranhas, ou mesmo que tenham problemas que poderão se voltar contra você.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Para fazer isso você deverá isolar um espaço para o resto da vida, e este local deverá
ser do lado de fora da sua casa.
Entregas
Caso deseje fazer um pedido para alguém que esteja com muitos problemas, procure
um campo santo ou o domínio de um Orixá.
Lembre-se sempre de pedir que a vontade de Deus se manifeste e não a sua. A
espiritualidade sempre saberá o que é melhor para nós.
Fazendo tudo certo, a firmeza é um dos fundamentos mais bonitos que o filho de fé
pode cultuar.
Ao contrário de uma oferenda, que serve para o filho de fé estar em sintonia com os
Orixás e seus guias, a entrega é um pagamento para se libertar de algo indesejado.
Ou seja, a entrega é feita para espíritos obsessores, com o intuito de livrar-se deles.
Tudo começa no atendimento de uma entidade que durante o descarrego puxa um
transporte, que vem a ser trazer o espírito obsessor para o corpo de seu cavalo, para
que ele se manifeste.
Nessa ocasião os cambones, ou mesmo o Pai-de-Santo, inicia uma conversa com o
obsessor, perguntando quem é ele e o que ele deseja obsedando aquele irmão.
O quiumba dirá então qual seu objetivo e pedirá um pagamento para ir embora em
definitivo da vida daquele irmão. A lista de pagamento também poderá ser dita pela
entidade que fez o transporte, após retornar ao aparelho. A entidade que está
prestando atendimento poderá fazer o descarrego sem puxar o transporte, somente
ditando a lista no final do atendimento.
Sempre digo. Ninguém pode mais do que Deus. Não somos adeptos em negociar com
quiumbas, porem como rege uma das leis da umbanda, ensinaremos os espíritos
menos evoluídos e aprenderemos com os espíritos mais evoluídos.
Conversaremos sim e tentaremos ajudar caso assim o queira. Todos merecem o
perdão de Deus. Caso assim não queira, pode ter certeza que toda a falange
encaminhará essa quiumba para as trevas e por lá ficará por 7 anos até aprender a
lição.
Existe outro lado da moeda. Essa quiumba ou obsessor pode estar vindo apenas
aplicar a lei do retorno, ai sim teremos uma conversa melhor, porem nunca
abandonaremos um filho de fé que busca seu perdão.
Sem dúvida alguma, este é o fundamento que mais desperta a curiosidade dos filhos
de fé. Todos desejam saber quem são seus Orixás de frete, mais conhecido como Pai
de cabeça, e Adjunto ou Juntó, popularmente Mãe de cabeça.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Mas, infelizmente, são poucos o que sabem o que isso realmente significa, e o que
fazer com essa informação.
Orixá de Frente e Orixá Adjunto são os Orixás que estavam presentes no ato, no
exato instante de seu nascimento. Formam um par por trabalharem em conjunto.
O Orixá de Frente é aquele se coloca à frente do filho, transferindo para ele suas
virtudes que acabarão por ajudar a formar a personalidade do filho de fé. Todo filho
de Ogum é corajoso, arrebatado e gosta de estar sempre em movimento. Os filhos de
Iemanjá são mais ligados à família, e os de Obaluaê são mais dados à introspecção.
Essas características são extremamente necessárias para que o filho possa cumprir
sua missão terrena.
Nunca devemos dizer “Pai de Cabeça” para o Orixá de Frente, pois ele pode muito
bem ser um Orixá feminino. E é óbvio que se um homem tiver um Orixá feminino de
frente, isso não orientará sua condição sexual. O mesmo vale para uma mulher que
possua um Orixá masculino à sua frente. Lembre-se de que os Orixás são frações da
energia divina, da essência da natureza, e nada tem a ver com os gêneros masculino
e feminino.
Já o Orixá Adjunto (ou Juntó), é aquele que balanceia a atuação do Orixá de Frente,
atenuando excessos ou despertando forças quando necessário. Também transmite
algumas características para o filho, mas não tanto quanto o Orixá de Frente.
Algumas correntes de pensamento atribuem ao Adjunto, como aquele que traz o
perfil da missão terrena do filho. Por exemplo, quem tem Iemanjá como Adjunto,
tem missão com as relações sociais e com a família, quem tem Obaluaê como
Adjunto deverá buscar sempre a reflexão e a espiritualidade. Ter como adjunto
Oxóssi pode significar que o conhecimento, a paciência e a responsabilidade de
conseguir o dia a dia, sejam desafios rotineiros.
Tal qual o Orixá de frente, não devemos dizer “Mãe de Cabeça” para o Orixá Adjunto,
pois ele pode ser tanto masculino quanto feminino. Caso já saiba quem seria seu
Orixá de frente e seu junto, ai sim pode dizer Pai e Mãe de cabeça.
Em geral, é natural que os filhos carreguem um Orixá masculino e outro feminino,
mas apesar de extremamente raro, não é impossível uma pessoa carregar dois Orixás
femininos ou dois masculinos.
Outro erro comum dos umbandistas é atribuir suas falhas e erros aos seus Orixás.
Sou intolerante porque sou filho de Ogum, sou infiel, pois Xangô me faz assim, ou
gosto de dormir muito por ser filho de Oxóssi. Isto é um erro crasso.
Os Orixás são frações do poder de Deus e só transmitem virtudes. Os males
atribuídos à personalidade dos Orixás nada mais é que um filho de fé em
desequilíbrio, distante da energia original de seu Orixá de Frente e Adjunto.
Outro assunto polêmico é o método utilizado para se descobrir os Orixás de uma
pessoa. Muitos defendem que só o jogo de búzios feito por sacerdote consagrado a
Ifá é que tem o dom da adivinhação (Lembrando que a umbanda branca não tem
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Pemba
A pemba é uma espécie de giz, feito com calcário, em formato cônico arredondado,
utilizado na Umbanda para se riscar o ponto (ponto riscado) e até mesmo para
consagrar pessoas e objetos.
É encontrada em diversas cores e, quando utilizada pela entidade, pode identificar a
linha em que trabalha ou a energia que está invocando naquele momento.
É considerada de extrema pureza e, por este motivo, é um dos poucos elementos em
um terreiro que pode tocar a coroa do filho de fé.
Originalmente a pemba era produzida com caulim, uma espécie de argila branca
encontrada na África. No Brasil o caulim foi substituído pelo calcário, parte pela
dificuldade de se encontrar caulim, parte pela larga oferta de calcário e pela
facilidade na sua obtenção.
Ao calcário moído é misturado um pó resultante da torra e da moagem de nozes e
sementes como o Dandá da Costa, Noz Moscada, Aridan, Ataré (Pimenta da Costa),
Alibê, Obi e Orobô. São esses elementos que tornam o simples calcário em uma
substância sagrada, pois todas essas nozes e sementes já eram consideradas
sagradas e largamente utilizadas em rituais para os Orixás na África.
A pemba é pedra, e como Xangô, o Orixá das pedreiras, está intimamente ligada à lei
e à justiça. Assim sendo, uma entidade pode usar da pemba para fazer justiça a um
irmão necessitado, riscando um ponto ou mesmo ungindo este filho com ela.
Os sacerdotes e filhos de fé também podem usar a pemba com a mesma finalidade,
mas devem ter consciência da responsabilidade que é se trabalhar com a ela. A
pemba usada de forma errada ou displicente pode causar efeitos indesejados.
A pemba é sagrada e, como tal, é utilizada em todos os trabalhos espirituais quando
necessário, também em sacramentos como o batismo ou lavagem de cabeça. Muitas
entidades utilizam a pemba até para a cura, usando-a como se fosse um bisturi. Seu
caráter sagrado é tão grande que muitas casas diluem pembas em seus amacis,
quando da preparação deste banho. Quando o sacerdote cruza os pés, mãos, nuca e
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Pemba pilada
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Após o preparo, o sacerdote passa a mão direita dentro do pilão para recolher a
pemba retida nele, passando-a em sua própria cabeça, provando aos filhos a
qualidade do fundamento que acaba de produzir.
O fundamento da pemba pilada é importante e deve ser usado no terreiro sempre
que necessário, vindo a ser de grande valia para descarrego e purificação.
São poucos, mas ainda existem terreiros onde o sacerdote periodicamente sopra a
pemba pilada nos quatro cantos do terreiro e em seus filhos, para que encontrem
descarrego e purificação com a benção de Oxalá.
Ponto riscado
Ponto riscado é a escrita mágica da Umbanda. São símbolos e elementos gráficos que
ativam o poder dos Orixás, assim como a força das linhas de trabalho e das
entidades.
Pode ser feito pelos filhos de fé, mas neste caso será utilizado apenas para riscar
símbolos dos Orixás ou de seus guias, caso conheça o ponto riscado. O umbandista
pode riscar pontos em casos de angústia ou de necessidade, ou ainda, simplesmente,
para atrair com mais intensidade o poder de um determinado Orixá, para que possa
ativar em si mesmo uma virtude que ainda não possui.
Porém é com as entidades que o ponto riscado assume sua força plena. Para as
entidades o símbolo riscado é como se fosse sua própria assinatura mágica. Esta
assinatura é composta por símbolos como estrelas, rios, cruzes, ondas, tridente,
flecha, raio, coração, peixe, entre tantos outros.
O ponto riscado já é um fundamento poderoso e ainda possui o axé da pemba.
Através de um ponto riscado as entidades podem irradiar ou concentrar energias,
abrir ou fechar caminhos, abrir ou fechar portais, fixar ou dissipar forças como bem
seja necessário para o auxílio aos irmãos necessitados.
Através do ponto riscado as entidades podem mostrar seu grau hierárquico espiritual
e, assim, comandar espíritos e mesmo falanges que possam estar sob suas forças.
De uma forma geral, toda entidade tem um ponto de identificação que é a assinatura
da entidade. Este ponto poderá sofrer variações ou mesmo ser totalmente
substituído de acordo com o trabalho que a entidade irá desempenhar. Mas jamais
uma entidade mudará seu ponto de identificação.
Outra dúvida frequente é se o ponto deve estar ou não dentro de um círculo
(mandala). O ponto riscado dentro de um círculo é para concentrar a energia dentro
do espaço do círculo. Um ponto sem círculo irradia a energia em todas as direções.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
As entidades podem ainda utilizar símbolos diversos para identificar sua linha de
trabalho e para a própria identificação tais como cruzes, sol, lua, chuva, árvore, raiz,
setas indicativas, correntes, estrela, círculo, olho, números, flores, letras, alfa, ômega,
lemniscata, riscos em ziguezague, espirais, entre tantos outros.
Os pontos riscados podem ser riscados no chão ou em tábuas de madeira, conforme
a orientação do terreiro. Toda entidade tem a obrigação de explicar seu ponto
riscado quando solicitado pelo sacerdote.
De uma forma geral, os pontos riscados são simples como tudo na Umbanda. Não é a
quantidade de símbolos em um ponto que faz a entidade mais forte ou fraca.
Uma entidade trabalha nas forças de um Orixá principal, mas pode trabalhar para
dois ou mais. Mas, todas elas poderão trabalhar eventualmente para qualquer Orixá,
bastando para isso grafar o símbolo do Orixá em seu ponto.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Sacrifícios na Umbanda
Como sempre, vamos primeiro compreender a origem da palavra sacrifício. Ela vem
da fusão de outras duas palavras “sacro” e “oficio”, ou seja, sacro ofício, ofício
sagrado.
A palavra sacrifício pode adotar várias conotações e, de vários pontos de vista, é
notório que existem muitos sacrifícios em todas as doutrinas da Umbanda. Inclusive
não existe Umbanda sem sacrifício e quando digo sacrifício é se abdicar de tempo,
festas, por vezes até mesmo amizades para um bem maior. A umbanda é para os
forte. Mas quando vem a palavra sacrifício já pensamos em sacrifício animal . Esse
sim não faz parte da umbanda. Lembre-se a Umbanda é amor. A Umbanda é
caridade. A Umbanda é humildade. .
Na caminhada umbandista, o filho de fé certamente terá que abrir mão de muitos
hábitos para se dedicar periodicamente aos interesses da Umbanda, do terreiro e do
seu próprio compromisso com a evolução espiritual.
Todos os preceitos, as constantes batalhas em dominar a si próprio, os trabalhos
espirituais, deverão sempre ser prioridade na vida do umbandista e isso acarretará
grande mudança em sua vida espiritual, mas também trará mudanças na sua vida
cotidiana e social.
Apesar de todos os pequenos e grandes sacrifícios que a vida na Umbanda trará,
jamais o filho de fé deverá entender sacrifício como algo pesado ou mesmo penoso
de se cumprir. Para que suas atividades na religião sempre alcancem os efeitos
desejados é necessário fazer tudo com amor e sempre voluntariamente.
Mas sei que não é esta a abordagem que você esperava. O sacrifício que você espera
que eu descreva é a imolação, que vem a ser matar com sentido religioso.
Hoje em dia este é o assunto que mais conflito causa entre os umbandistas,
dividindo-os entre aqueles que concordam com a imolação e outros que a rejeitam
veementemente.
Sempre que me deparo com uma situação desse tipo, volto os olhos para o início da
Umbanda, com Pai Zélio e o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
A repórter Lília Ribeiro, ao entrevistar Zélio de Moraes, no início da década de 70,
perguntou-lhe:
Perguntei então a Zélio, a sua opinião sobre o sacrifício de animais que alguns
médiuns fazem na intenção dos Orixás. Zélio absteve-se de opinar, limitou-se a dizer:
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
"- Os meus guias nunca mandaram sacrificar animais, nem permitiriam que se
cobrasse um centavo pelos trabalhos efetuados. No Espiritismo não pode pensar em
ganhar dinheiro; deve-se pensar em Deus e no preparo da vida futura."
Para muitos a resposta de Zélio foi evasiva, mas eu, na minha modesta opinião,
prefiro acreditar que se os guias do Pai da Umbanda nunca pediram sacrifício de
animais, é por que ele realmente não era necessário. E observemos a grande
quantidade de milagres operados pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, entre eles
milhares de curas de enfermos físicos e mentais, e até uma suposta ressurreição.
Existe ainda a famosa história de que o Orixá Mallet, guia de Pai Zélio na linha de
Ogum, solicitou que se conseguissem um porco para que um sarapatel pudesse ser
feito como oferenda. Muitos alegam que essa passagem confirma que os guias
fundadores da Umbanda sacrificavam animais.
Meu Deus, quanta falta de informação!
Estamos falando de costumes da década de 10 e 20 do século passado, onde era
comum comprar animais vivos para a elaboração de comidas. Isso por que não
existiam ainda geladeiras e nem açougues refrigerados, manter o animal vivo era a
forma de fazer a carne durar mais.
Mas voltando a nossa história, o porco recebido jamais foi sacrificado de forma
religiosa, inclusive o animal era morto por pessoa habilitada, fora da tenda, e que
nem umbandista era. Os miúdos eram recolhidos para o sarapatel e o restante da
carne era consumida livremente no dia a dia das pessoas, para o preparo de qualquer
outro prato.
Dona Lygia Cunha, neta de Zélio, quando ainda era a responsável pela TENSP, em
entrevista concedida no começo dos anos 2000, nos conta que o sarapatel ainda era
ofertado, mas que seus ingredientes eram comprados em qualquer açougue ou
mercado, como se faz nos dias de hoje, quando precisamos preparar um prato.
Mas ainda é preciso dizer que Orixá Mallet tinha realmente o costume de solicitar
animais para trabalhos, mas em nenhum destes trabalhos ocorreu a morte dos
bichos, eles eram usados vivos e assim eram mantidos.
Diante disto, fica muito claro que nem Zélio de Moraes e nem seus guias praticavam
a imolação de animais.
Mas com a pergunta da repórter Lilia Ribeiro, fica claro que nos anos 70 essa prática
já era comum, do contrário não teria sentido a pergunta. Então, por quê essa
constante associação da Umbanda com o sacrifício de animais?
Já dissemos, capítulos atrás, que a Umbanda foi formada por três outras religiões: o
catolicismo, o espiritismo e o candomblé. Ocorre que em muitas casas a influência
africana ficou mais acentuada por basicamente dois motivos: por candomblés que se
umbandizaram com o tempo, e nessa migração trouxeram consigo muitos
fundamentos africanos, ou por médiuns de Umbanda que, querendo se preparar
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Trabalhos de cura
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
De minha parte, por trabalhar com sessões de cura, posso dizer que quando a Linha
do Oriente está presente, fico com a impressão que todas as linhas de trabalho da
Umbanda estão ali auxiliando e dando todo o suporte para os trabalhos. Como se
todos os espíritos, de origens e vibração variadas, trabalhassem em perfeita sincronia
como as engrenagens de um relógio.
Costumo dizer que os trabalhos de cura manipulam energias mais pesadas que um
trabalho de Exu. Isto por que em cada pessoa, o mal que a acomete está ali há muito
tempo, sendo gerado por influências obsessoras externas ou mesmo por profundo
desequilíbrio emocional. Em qualquer dos casos é necessário que os guias de cura
promovam um descarrego completo dessa condição indesejável, para somente
depois tratar o mal propriamente dito. Remove-se a causa para depois tratar a
consequência. E é exatamente por isso que todas as linhas da Umbanda trabalham
nesses momentos, cada uma na sua especialidade.
Os espíritos que trabalham nessa senda são de extrema sabedoria e muitas vezes irão
apenas orientar os consulentes sobre como devem se preparar para um tratamento
mais profundo. Podem nesse momento solicitar banhos específicos, meditação
(reflexão) e orações que auxiliem o necessitado a compreender o que ocasionou
aquele mal físico. Isto auxilia bastante para que não ocorram recaídas após o
tratamento definitivo.
Quando fazem cirurgias, podem também solicitar restrições como o consumo de
carne e bebidas alcoólicas por períodos determinados, que podem variar de 7 a 30
dias, conforme o caso. Podem ainda solicitar que o atendido não vá a funerais, nem a
hospitais e cemitérios. Restrição de frutas ácidas e produtos industrializados também
são muito comuns.
Quando digo aqui cirurgia, deixo claro que esta cirurgia ocorre apenas a nível
perispiritual, não acontecendo cortes ou incisões de forma alguma no corpo físico.
Existem terreiros onde as entidades nada falam, somente atuam sobre o mal. Nesses
casos o consulente poderá informar previamente a um cambone sobre a doença que
lhe incomoda, sendo que este deverá escrevê-la em pedaço de papel que fica com o
consulente para ser entregue ao guia que o atenderá. Em outras casas o consulente
somente se deitará em uma maca ou esteira, onde as próprias entidades, em total
silêncio, se incumbirão de encontrar o foco do desequilíbrio.
O sucesso de um atendimento de cura depende de muitos fatores, como o
merecimento do consulente, o tempo que o consulente carrega a doença, o
cumprimento integral das recomendações dos guias e, claro, da fé que a pessoa
carrega.
Da mesma forma, o preceito dos médiuns deve ser extremamente rigoroso para que
possam ser instrumentos perfeitos das linhas que irão prestar os trabalhos. A
qualidade do ectoplasma de um médium de cura pode ser decisiva no sucesso de um
atendimento.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
O sacerdote, como em qualquer trabalho na Umbanda, deverá ficar livre para usar
elementos típicos da religião como pemba, pemba pilada, amaci ou outros dos quais
possa ser intuído.
Diante de tantas energias, linhas e entidades que são envolvidas em um trabalho
desse tipo, é importante que a pessoa responsável pela condução desses trabalhos
firme, com velas, pedidos para que todas as linhas se manifestem para levar cura e
libertação para todos os espíritos, sendo encarnados ou desencarnados, que se
apresentarem nos trabalhos daquela noite (ou dia). É importante, também, que o
responsável sempre coloque as decisões nas mãos de Deus e da espiritualidade, para
evitar assumir karmas indesejados.
Da mesma forma, é importante encaminhar através de oração todos os espíritos que
foram recolhidos nos trabalhos de cura. Aos que manifestarem desejo de
regeneração, o estudo e a doutrinação. Para aqueles espíritos que se mantiverem
inflexíveis, o aprisionamento e a impossibilidade de retornar para este plano.
Deixando, dessa forma, uma alternativa para todos os espíritos obsessores.
Graças a Olorum, são inúmeros os casos de pessoas que encontraram a cura física,
mental ou espiritual em trabalhos de cura nos terreiros de Umbanda.
Deixo aqui meu Salve Salve a todos os terreiros, sacerdotes e médiuns que se dispõe
a trabalhar com uma das maiores manifestações da caridade espiritual.
Os trabalhos fora do terreiro consistem em levar auxílio e axé nas casas dos filhos de
fé. Se feito de forma adequada, consiste numa das mais belas formas de se prestar a
caridade espiritual.
Esses trabalhos podem ser diversos, como uma simples evangelização no lar, uma
defumação na casa e em seus moradores, até mesmo trabalhos de desobsessão.
São Praticas feitas dentro de nossa umbanda. E são de extrema importância para
quem precisa.
Outros tipos de trabalhos fora do terreiro são as giras. Giras feitas na Praia, nas
Matas em cachoeiras e até mesmo em cemitérios.
Também são trabalhos importantes tanto para os assistidos quanto para corrente.
Onde as energias desses trabalhos são mais densas, haja visto que estarão nos
domínios dos Orixás.
Toda cautela é de extrema importância antes de se fazer um trabalho fora do
terreiro.
Toda a preparação para esse trabalho também tem que ser redobrada. Todas as
energias de sua tenda, todo ponto de força tem que se dobrar para seu ponto inicial
(sua tenda) e para o local de onde será feito o trabalho.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Consagração
Sacramentos
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Além das diversas doutrinas, o terreiro ainda trabalha dentro das características
ditadas pelo sacerdote, de acordo com sua crença e vivência pessoal. Isso faz com
que sejam inúmeras as formas de sacramento na religião.
Coloco aqui uma visão global sobre este tema, além das minhas impressões
particulares com relação a esta questão.
Apresentação de crianças
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Batismo
Casamento
Da mesa forma que o batismo, toda religião tem a obrigação de abençoar a união de
dois seres perante Deus, e na Umbanda não é diferente.
Este sacramento é o que mais manifesta variações, pois em muitas doutrinas é o
casal que escolhe a linha de trabalho que abençoará a união. Neste quesito a linha
dos ciganos é, disparado, a favorita.
Existem casais que solicitam a benção de várias linhas ou entidades, transformando a
cerimônia de casamento quase em uma gira completa.
Poucas doutrinas da Umbanda possuem ritual definido para casamento.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Formação sacerdotal
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Em minha humilde opinião, você não escolhe ser um Pai de Santo. Você é escolhido
para tal função.
Como já disse anteriormente, meus avós nem estudos tinham, e são e foram
excepcionais conselheiros espirituais em terra. E se for lembrar que nesta época
nossa religião era totalmente discriminada e rigorosamente escrachada.
Minha formação veio de terreiro e não tinha nenhuma pretensão em dirigir uma
tenda, mas assim fui escolhido pela espiritualidade e aceitei esse compromisso de
coração aberto.
Poderia falar de varias maneiras da consagração sacerdotal. Mas não escrevo esse
documentário para ensinar tais fatos e sim para compartilhar nossas doutrinas.
Ritos fúnebres
Recomendações Finais
Orações e Preces
Pai Nosso
Ave Maria
Oração de São Jorge
Oração de São Pedro das 7 chaves
Oração a nosso anjo da guarda
Pontos e orações cantadas aos nossos guias e protetores.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Não utilizar e nem permitir que sejam utilizados os conhecimentos adquiridos num
terreiro, para prejudicar a quem quer que seja”.
Artigo 1º
Umbanda é uma religião espiritualista de doutrina afro-indígena-euro-brasileira.
Artigo 2º
É uma religião monoteísta, que crê na existência de um Deus único, inteligência
suprema, causa primária de todas as coisas, eterno onipotente, onipresente,
soberanamente bom e justo.
Artigo 3º
A Umbanda crê e cultua de forma própria os Orixás Africanos sincretizados com os
Santos Católicos, Guias e Mentores Espirituais que, como ministros de Deus, zelam e
O auxiliam na realização de Sua obra.
Artigo 4º
A Umbanda crê na reencarnação e na incorporação das entidades espirituais, em
vidas sucessivas, no aprimoramento espiritual e aperfeiçoamento do ser humano
para conduzi-lo a Deus.
Artigo 5º
O espírito denominado Caboclo das Sete Encruzilhadas, incorporado no médium Zélio
Fernandino de Moraes no dia 15 de novembro de 1908, em São Gonçalo das Neves /
RJ – data que reconhecemos como sendo o nascimento da Umbanda - anunciou:
“Com os espíritos evoluídos e adiantados aprenderemos; aos atrasados ensinaremos
e a nenhum negaremos uma oportunidade de comunicação”.
Artigo 6º
A Umbanda considera a natureza com tudo que ela encerra como a obra máxima do
Criador, sendo o altar de Deus – o lugar onde se pode com Ele conversar, porquanto,
preservar a natureza é obrigação de fé de cada umbandista.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
Artigo 8º
A Umbanda tem liturgia e ritos próprios derivados da diversidade de raças e culturas
que a fundamentam. São práticas litúrgicas umbandistas:
8.1 - A preparação e formação mediúnica e sacerdotal;
8.2 – O Batismo;
8.3 – O Casamento;
8.4 – Os Ritos Fúnebres.
Artigo 9º
Constituem símbolos da Umbanda:
9.1 O Hino a Umbanda;
9.2 A Bandeira da Umbanda;
9.3 O Juramento Umbandista.
Artigo 10º
Sendo a Umbanda a manifestação do espírito para a prática da caridade deverá
sempre ser exercida sem remuneração, salvaguardada a sustentação financeira da
organização religiosa.
Artigo 11º
O adepto da religião de Umbanda deve sempre seguir a ética religiosa e a lei dos
homens.
Artigo 12º
Todo irmão umbandista que desejar fazer parte do corpo mediúnico de um Templo
deverá prestar o “Juramento Umbandista”.
Artigo 13º
A Umbanda defende uma sociedade em que todas as religiões sejam igualmente
respeitadas, a promoção da tolerância como princípio republicano e a preservação da
educação pública laica.
Artigo 14º
A Umbanda será sempre uma casa de portas abertas para todos
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
AGRADECIMENTOS
Primeiramente gostaria de agradecer a todos que dedicaram seu tempo em ler até
aqui.
Gostaria de agradecer a nosso Pai Oxalá pelas suas bênçãos.
Gostaria de agradecer a meu Pai Ogum por sempre me proteger.
Gostaria de agradecer minha mãe Iemanjá por me presentear com mais um dia de
vida. Todo Santo Dia.
Gostaria de agradecer meu guia chefe. Cacique Pena Vermelha que não tenho
dúvidas que me acompanha desde meu nascimento.
Meu anjo da guar. Meu protetor.
Agradecer também aos meus avos. Antonio Augusto Alves e Flora Vasques Alves,
quem sempre me ensinou e continua me ensinando até este momento.
Agradeço a minha mãe por tudo que faz em minha vida e por sempre estar me
apoiando.
Agradeço a minha família, pois sem ela não tenho dúvidas que não estaria onde
estou .
Obrigado Amanda, minha mulher, minha amiga e companheira para toda vida.
Agradeço a Marcio Kaim onde fiz meu curso de Teologia da Umbanda, pois lá aprendi
muito com todos.
Agradeço a todos que me apoiam e continuam me apoiando.
Gratidão a todos de um irmão que só quer passar um pouquinho de conhecimento
para que no futuro não se perca a essência.
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A UMBANDA BRANCA Por Rodrigo Alves
CONCLUSÃO
Axé meus irmãos, fiquem todos com Deus e lembre-se . Deus esta dentro de nós. É só
querer enxergar. Dê a permissão para que ele atue em sua vida.
Que assim seja e assim será. A todos nós. Axé
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