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ORIXÁS – FORÇAS DA NATUREZA

Na umbanda, cultuamos o Divino Criador Olodumaré ou


Olorum, o nosso Divino Criador e Senhor dos nossos
Destinos. E, logo abaixo dele, cultuamos os Sagrados
Orixás como suas potências Divinas que governam a
Criação, sendo que os identificamos apenas por alguns dos
seus aspectos ou qualidades que os distinguem, que os
diferenciam, que os individualizam, separando-os como as
partes de um todo Divino.

Os Orixás são forças da natureza, são associados a


campos vibratórios da natureza que são seus
santuários naturais.

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AS SETE LINHAS DE UMBANDA

1ª Linha de umbanda : Fé

2ª Linha de umbanda : Amor

3ª Linha de umbanda : Conhecimento

4ª Linha de umbanda: Justiça

5ª Linha de umbanda: Lei

6ª Linha de umbanda: Evolução

7ª Linha de umbanda: Geração

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OS TRONOS DE DEUS

TRONOS =  Classe de divindades, existem várias ( anjos,


arcanjos, gênios...)

VAMOS  ESTUDAR OS TRONOS DE DEUS – SETENÁRIO


SAGRADO

Trabalharemos sempre com o poder de Deus e com seus


Mistérios que são chamados de Tronos, esses Tronos são
sempre pares e possuem atribuições e campos específicos.

São 14 os Tronos de Deus. Eles são Seres Divinos que


manifestam naturalmente o poder e as qualidades de
Deus, ao ativarmos um Mistério Maior ou um Trono de
Deus este se irradia para nos ajudar, essa irradiação se dá
por meio de ondas vibratórias que nos alcançam e trazem
a concretização de nossa ordem mágica. Muitos são os
tipos de ondas e todas estão ligados a um Trono.

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TRONO M |F ONDA CAMPO VELA

Fé M Congregadora Cristalino Branca

Fé F Congregadora Cristalino Azul Marinho

Amor M Agregadora Mineral Azul Claro

Amor F Agregadora Mineral Rosa

Conhecimento M Expansora Vegetal Verde

Conhecimento F Expansora Vegetal Magenta ou vermelho

Justiça  M Equilibradora Ígneo Marrom ou vermelho

Justiça  F Equilibradora Ígneo Laranja ou Vermelho

Lei M Ordenadora Eólico Azul escuro ou vermelho

Lei F Ordenadora Eólico Amarelo

Evolução  M Transmutadora Telúrico Violeta

Evolução  F Transmutadora Telúrico Lilás

Geração  M Criativa Aquático Roxa

Geração  F Criativa Aquático Branca ou Azul claro

Vitalidade M Preta

Desejo F Vermelha

Atenção:
Os Tronos escritos em negrito terão uso
específico em casos excepcionais que serão
ensinados mais à frente.

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Para sermos ajudados deveremos praticar o nosso
ato com fé, que se concretizará através da nossa ida
até a Divindade, nosso mental irradiará a suplica
através da qual estaremos projetando ondas, cada
onda projetada liga-nos a uma Divindade da

natureza, para essa ligação usaremos a vibração da chama


de uma vela, que projetará a irradiação do nosso mental,
até a Divindade que estaremos pedindo socorro. 

Cada onda mental possui uma função, assim como cada


verbo, determinamos através do verbo, ele é ação, e as
ondas fatorais realizam a nossa ordem, devemos ser
explícitos em nossas determinações, pois só através da
expressão concreta do que queremos é que teremos a
ação correta da Magia.

Quando firmarmos uma vela evocamos Deus, assim


criamos o campo de concentração que precisamos para
nossa ajuda ou para a ajuda de um próximo.

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FUNÇÕES DOS TRONOS

Congregar é função do Trono Masculino da Fé.

Conduzir é função do Trono Feminino da Fé.

Agregar é função do Trono Feminino do Amor

Renovar é função do Trono Masculino do Amor

Expandir é função do Trono Masculino do Conhecimento

Amadurecer é função do Trono Feminino do Conhecimento

Equilibrar é função do Trono Masculino da Justiça.

Purificar é função do Trono Feminino da Justiça.

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FUNÇÕES DOS TRONOS

Ordenar é Função do Trono Masculino da Lei.

Direcionar é função do Trono Feminino da Lei.

Transmutar é função do Trono Masculino da Evolução.

Decantar é função do Trono Feminino da Evolução.

Gerar é função do Trono Feminino da Geração.

Estabilizar é função do Trono Masculino da Geração.

Transformar e Vitalizar é função do Trono Mehór-Ye (Exu).

Estimular é função do Trono Mahór-Ye (Pomba-Gira).

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BI-POLARIDADE DOS TRONOS

Cósmico e Universal

TRONO MASCULINO DA FÉ (Oxalá)


• Aspecto Positivo: Magnetizador da Fé
• Aspecto Negativo / aspecto oposto: Ilusão e materialismo
desenfreado.

TRONO FEMININO DA FÉ (Oiá-Tempo)


• Aspecto Positivo: Cristalizadora e condutora da
Religiosidade
• Aspecto Negativo / aspecto oposto: fanatismo

TRONO FEMININO DO AMOR (Oxum)


• Aspecto Positivo: Concebedora do Amor / Agregadora
• Aspecto Negativo / aspecto oposto: ciúme

TRONO MASCULINO DO AMOR (Oxumaré)


• Aspecto Positivo: Renovador da Concepção
• Aspecto Negativo / aspecto oposto: permissividade

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TRONO MASCULINO DO CONHECIMENTO (Oxóssi)
• Aspecto Positivo: Expansor do Conhecimento
• Aspecto Negativo / aspecto oposto: dispersão

TRONO FEMININO DO CONHECIMENTO (Oba)


• Aspecto Positivo: Concentradora do Raciocínio /
Amadurecimento
• Aspecto Negativo / aspecto oposto: petrificação

TRONO MASCULINO DA JUSTIÇA (Xangô)


• Aspecto Positivo: Equilibrador da Justiça
• Aspecto Negativo / aspecto oposto: desequilíbrio

TRONO FEMININO DA JUSTIÇA (Egunitá)


• Aspecto Positivo: Energizadora da Razão / Purificadora
• Aspecto Negativo / aspecto oposto: fraqueza

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TRONO MASCULINO DA LEI (Ogum)
• Aspecto Positivo: Ordenador da Lei
• Aspecto Negativo / aspecto oposto: confusão

TRONO FEMININO DA LEI (Iansã)


• Aspecto Positivo: Direcionadora do Caráter
• Aspecto Negativo / aspecto oposto: imobilismo

TRONO MASCULINO DA EVOLUÇÃO (Obaluayê)


• Aspecto Positivo: Transmutador da Evolução
• Aspecto Negativo / aspecto oposto: apatia

TRONO FEMININO DA EVOLUÇÃO (Nana-Buruquê)


• Aspecto Positivo: Decantadora dos Sentidos
• Aspecto Negativo / aspecto oposto: senilidade

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TRONO FEMININO DA GERAÇÃO (Iemanjá)
• Aspecto Positivo: Geradora da Criatividade
• Aspecto Negativo / aspecto oposto: esterilidade

TRONO MASCULINO DA GERAÇÃO (Omulú)


• Aspecto Positivo: Estabilizador da Geração
• Aspecto Negativo / aspecto oposto: paralisia

ORIXÁS CÓSMICOS

Atuam como corretores, também chamados de negativo –


ativo. 
São responsáveis por corrigir desordens vinculados ao
trono no qual está ligado.

1ª Linha de umbanda – Trono da Fé – Oyá


2ª Linha de umbanda – Trono do Amor – Oxumaré
3ª Linha de umbanda – Trono do Conhecimento – Obá
4ª Linha de umbanda – Trono da Justiça – Egunitá
5ª Linha de umbanda – Trono da Lei – Iansã
6ª Linha de umbanda – Trono da Evolução – Nanã
7ª Linha de umbanda – Trono da Geração - Omulu 11
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ORIXÁS UNIVERSAIS

Atuam como estimuladores da essência do Trono ao qual


está vinculado. Chamados também de positivo – passivo. 

1ª Linha de umbanda – Trono da Fé – Oxalá


2ª Linha de umbanda – Trono do Amor – Oxum
3ª Linha de umbanda – Trono do Conhecimento – Oxossi
4ª Linha de umbanda – Trono da Justiça – Xangô
5ª Linha de umbanda – Trono da Lei – Ogum
6ª Linha de umbanda – Trono da Evolução – Obaluayê
7ª Linha de umbanda – Trono da Geração - Iemanjá

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ERVAS QUENTES E MORNAS
REFERENTES AOS ORIXÁS

Ervas quentes ou agressivas

São ervas que carregam em sua estrutura vibracional


energias vivas que atuam no sentido de eliminar, limpar
dissolver, anular cortar, quebrar, os acúmulos energéticos
negativos que, junto ou separado das atuações espirituais
negativas, envolvem suas vítimas em camadas energéticas
densas, que facilmente travam os canais luminosos, seja
das pessoas ou dos locais onde elas vivem.

Estas ervas são como ácidos do astral, que onde


encostam causam reações não só em relações aos
fatores negativos, mas também exaurindo energia vital
de quem as usa.

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Ervas Mornas ou Equilibradoras

São ervas que carregam e sua estrutura vibracional


energias vivas que atuam no sentido de corrigir os desvios
energéticos causados pelo uso das ervas quentes ou
agressivas, harmonizar seus chacras (centros de força),
equilibrar as energias vitais importantíssimas para o bom
funcionamento do organismo espiritual humano e
consequentemente do físico.

São poderosíssimos energéticos, levantadores de astral


e direcionadoras. Ervas que podemos usar no dia a dia,
sem restrição alguma.

Vamos neste curso abordar as ervas relacionadas aos orixás, essa


relação acontece pela sintonia de atuação da erva, pelo formato e
cores das ervas. 

Nos próximos módulos esta relação será disponibilizada.

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MONTAGEM DAS GUIAS E COMO
FIRMA-LAS

A guia , ou colar de contas, tem como função ancorar sua


energia com a entidade ou com orixá no qual foi firmado. A
guia é um colar protetor e ancorador. Para ter a função
de guia e não um simples colar de missangas é necessário
que seja firmada.

Existem várias formas de firmar uma guia, na Umbanda é


muito comum entregar a uma entidade, num dia de gira e
no ponto riscado a entidade “firmar” a guia, ou seja
abençoa-la transforma la em um cordão de contas
magiado.

Porém você pode firmar a guia de outras formas, como em


uma oferenda, por exemplo, você pode colocar a guia ao
lado ou em cima de uma oferenda entregue a linha na qual
você fez a guia. Deixar por 3 ou 7 dias e depois utiliza-la. 
Vamos falar da guia de cada orixá no decorrer do curso.

Vale lembrar que cada orixá tem sua cor e existem


variações de cores com relação a religião de Umbanda
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e de Candomblé . Inclusive na mesma religião, mas de casa
para casa, pode acontecer de ter suas diferenças. Neste
caso, se você frequenta algum terreiro de umbanda ou
candomblé, siga as instruções da casa. Ok?

É melhor que você faça sua própria guia, em oração,


silêncio, ou cantando pontos referentes ao orixá ou
entidade que será vinculado a guia. Esta conexão no feitio
da guia é importante. 

Muitas pessoas compram as guias prontas, mas perdem


este primeiro processo. Sugiro que façam suas guias.

Vamos agora no passo a passo da montagem da guia

Material:

- Missangas de porcelana, evitar a missanga de plástico.


- Fio de nylon (fio de pescaria), pode utilizar também fio
encerado. 

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Modo de fazer:

Separe um tempo somente para fazer a guia.

Passe as missangas no fio de nylon, vá medindo no seu


corpo. A guia deve ficar 2 dedos abaixo do umbigo.

Quando terminar, dê um nó ou 7 nós na linha, fechando


o colar, e queime a pontinha para fazer o arremate e ela
não desfazer o nó.

Lave a guia 7x em agua corrente.

Agora é fazer a firmeza especifica da guia que será


ensinada nos módulos a seguir.

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COMO ACENDER RELIGIOSAMENTE A
VELA PARA OS ORIXÁS

Deve-se segurar a vela com carinho, com amor e atenção


no que está fazendo. O toque ao segurar a vela, deve ser
como se segurasse o bem mais precioso. 

Dê a ordem mental para que as energias negativas irem


embora e que a vela tenha uma chama fluida.  

A vela limpa é leve. 

Acenda a vela sem derreter a base. Firmar com calma. Se a


vela cai muitas vezes e a pessoa se irrita (desequilibra)
quebre e pegue outra.

A vela de cera de abelha: semelhante a branca. Atinge mais


intensamente e mais rápido o plano espiritual, os objetivos.

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AS VELAS

As velas, em si, são um mistério religioso disseminado por


todas as religiões do mundo  e só algumas não as adotam.

São um substituto muito prático às piras ardentes da


antiguidade, nos remotíssimos cultos às Divindades do
fogo, saudadas com tochas ardentes ou fogueiras.

Quando as acendemos, elas tanto consomem energias


do “prana” quanto o energizam, e  seus halos
luminosos interpenetram as sete dimensões básicas da
vida, enviando a elas suas Irradiações ígneas.

As velas usadas podem variar de cor para melhor


interpenetrarem as dimensões básicas Paralelas à humana.

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L
E
I
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R
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COMPLEMENTAR

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O ENCANTO DOS ORIXÁS
O teólogo Leonardo Boff fala lindamente sobre a Umbanda, num texto
que desfaz dogmas e preconceitos. 

"Quando atinge grau elevado de complexidade, toda cultura


encontra sua expressão artística, literária e espiritual. Mas ao criar
uma religião a partir de uma experiência profunda do Mistério do
mundo, ela alcança sua maturidade e aponta para valores
universais. É o que representa a Umbanda, religião, nascida em
Niterói, no Rio de Janeiro, em 1908, bebendo das matrizes da mais
genuina brasilidade, feita de europeus, de africanos e de indígenas.
Num contexto de desamparo social, com milhares de pessoas
desenraizadas, vindas da selva e dos grotões do Brasil profundo,
desempregadas, doentes pela insalubridade notória do Rio nos
inícios do século XX, irrompeu uma fortíssima experiência
espiritual.

O interiorano Zélio Moraes atesta a comunicação da Divindade sob


a figura do Caboclo das Sete Encruzilhadas da tradição indígena e
do Preto Velho da dos escravos. Essa revelação tem como

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destinatários primordiais os humildes e destituídos de todo apoio
material e espiritual. Ela quer reforçar neles a percepção da
profunda igualdade entre todos, homens e mulheres, se propõe
potenciar a caridade e o amor fraterno, mitigar as injustiças,
consolar os aflitos e reintegrar o ser humano na natureza sob a
égide do Evangelho e da figura sagrada do Divino Mestre Jesus.

O nome Umbanda é carregado de significação. É composto de


OM (o som originário do universo nas tradições orientais) e de
BANDHA (movimento inecessante da força divina). Sincretiza de
forma criativa elementos das várias tradições religiosas de nosso
pais criando um sistema coerente. Privilegia as tradições do
Candomblé da Bahia por serem as mais populares e próximas aos
seres humanos em suas necessidades. Mas não as considera como
entidades, apenas como forças ou espíritos puros que através dos
Guias espirituais se acercam das pessoas para ajudá-las. Os Orixás,
a Mata Virgem, o Rompe Mato, o Sete Flechas, a Cachoeira, a
Jurema e os Caboclos representam facetas arquetípicas da
Divindade.
Elas não multiplicam Deus num falso panteismo mas
concretizam, sob os mais diversos nomes, o único e mesmo
Deus.

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Este se sacramentaliza nos elementos da natureza como nas
montanhas, nas cachoeiras, nas matas, no mar, no fogo e nas
tempestades. Ao confrontar-se com estas realidades, o fiel entra
em comunhão com Deus.

A Umbanda é uma religião profundamente ecológica. Devolve


ao ser humano o sentido da reverência face às energias
cósmicas. Renuncia aos sacrifícios de animais para restringir-se
somente às flores e à luz, realidades sutis e espirituais.

Há um diplomata brasileiro, Flávio Perri, que serviu em embaixadas


importantes como Paris, Roma, Genebra e Nova York que se deixou
encantar pela religião da Umbanda. Com recursos das ciências
comparadas das religiões e dos vários métodos hermenêuticos
elaborou perspicazes reflexões que levam exatamente este título O
Encanto dos Orixás, desvendando- nos a riqueza espiritual da
Umbanda. Permeia seu trabalho com poemas próprios de fina
percepção espiritual. Ele se inscreve no gênero dos poetas-
pensadores e místicos como Alvaro Campos (Fernando Pessoa),
Murilo Mendes, T. S. Elliot e o sufi Rumi. Mesmo sob o encanto, seu
estilo é contido, sem qualquer exaltação, pois é esse rigor que a
natureza do espiritual exige.

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Além disso, ajuda a desmontar preconceitos que cercam a
Umbanda, por causa de suas origens nos pobres da cultura
popular, espontaneamente sincréticos. Que eles tenham produzido
significativa espiritualidade e criado uma religião cujos meios de
expressão são puros e singelos revela quão profunda e rica é a
cultura desses humilhados e ofendidos, nossos irmãos e irmãs.

Como se dizia nos primórdios do Cristianismo que, em sua origem


também era uma religião de escravos e de marginalizados, "os
pobres são nossos mestres, os humildes, nossos doutores".

Talvez algum leitor/a estranhe que um teólogo como eu diga tudo


isso que escrevi. Apenas respondo: um teólogo que não consegue
ver Deus para além dos limites de sua religião ou igreja não é
um bom teólogo. É antes um erudito de doutrinas. Perde a
ocasião de se encontrar com Deus que se comunica por outros
caminhos e que fala por diferentes mensageiros, seus
verdadeiros anjos. Deus desborda de nossas cabeças e
dogmas."

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HISTÓRIA DA UMBANDA
No final de 1908, Zélio Fernandino de Moraes, um jovem rapaz com
17 anos de idade, que preparava-se para ingressar na carreira
militar na Marinha, começou a sofrer estranhos "ataques". Sua
família, conhecida e tradicional na cidade de Neves, estado do Rio
de Janeiro, foi pega de surpresa pelos acontecimentos.

Esses "ataques" do rapaz eram caracterizados por posturas de um


velho, falando coisas sem sentido e desconexas, como se fosse
outra pessoa que havia vivido em outra época. Muitas vezes
assumia uma forma que parecia a de um felino lépido e
desembaraçado que mostrava conhecer muitas coisas da natureza.
Após examiná-lo durante vários dias, o médico da família
recomendou que seria melhor encaminhá-lo a um padre, pois o
médico (que era tio do paciente), dizia que a loucura do rapaz não
se enquadrava em nada que ele havia conhecido. Acreditava mais,
era que o menino estava endemoniado.

Alguém da família sugeriu que "isso era coisa de espiritismo" e que


era melhor levá-lo à Federação Espírita de Niterói, presidida na

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época por José de Souza. No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi
convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa.

Tomado por uma força estranha e alheia a sua vontade, e


contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer
dos componentes da mesa, Zélio levantou-se e disse: "Aqui está
faltando uma flor". Saiu da sala indo ao jardim e voltando após com
uma flor, que colocou no centro da mesa. Essa atitude causou um
enorme tumulto entre os presentes. Restabelecidos os trabalhos,
manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam
pretos escravos e índios.

O diretor dos trabalhos achou tudo aquilo um absurdo e advertiu-


os com aspereza, citando o "seu atraso espiritual" e convidando-os
a se retirarem.

Após esse incidente, novamente uma força estranha tomou o


jovem Zélio e através dele falou: "Porque repelem a presença
desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas
mensagens. Será por causa de suas origens sociais e da cor?"

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Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão
procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que
desenvolvia uma argumentação segura.

Um médium vidente perguntou: "Por que o irmão fala nestes


termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de
espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando
encarnados, são claramente atrasados? Por que fala deste modo,
se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua
veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome irmão?

"Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete
Encruzilhadas, porque para mim, não haverá caminhos fechados."
"O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui
padre e o meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria
fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761.
Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o
privilégio de nascer como caboclo brasileiro."

Anunciou também o tipo de missão que trazia do Astral:

"Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que

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amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, às 20
horas, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar
suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual
lhes confiou.

Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a


igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e
desencarnados.”

O vidente retrucou: "Julga o irmão que alguém irá assistir a seu


culto”? Perguntou com ironia. E o espírito já identificado disse:

"Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto


que amanhã iniciarei".

Para finalizar o caboclo completou:

"Deus, em sua infinita Bondade, estabeleceu na morte, o grande


nivelador universal, rico ou pobre, poderoso ou humilde, todos se
tornariam iguais na morte, mas vocês, homens preconceituosos,
não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram
levar essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da

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morte. Porque não podem nos visitar esses humildes trabalhadores
do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas socialmente
importantes na terra, também trazem importantes mensagens do
além?"

No dia seguinte, na casa da família Moraes, ao se aproximar a hora


marcada, 20:00h, lá já estavam reunidos os membros da Federação
Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na
véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e,
do lado de fora, uma multidão de desconhecidos.

Às 20:00h, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, em que


os espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos
e que, desencarnados, não encontravam campo de atuação nos
remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua
totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de
nossa terra, poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos
encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição
social.

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A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a
característica principal deste culto, que teria por base o Evangelho
de Jesus.

O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto.


Sessões, assim seriam chamados os períodos de trabalho
espiritual, diárias, das 20:00 às 22:00 h; os participantes estariam
uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito. Deu,
também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava:

UMBANDA – Manifestação do Espírito para a Caridade.

A Casa de trabalhos espirituais que ora se fundava, recebeu o


nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria
acolheu o filho nos braços, também seriam acolhidos como filhos
todos os que necessitassem de ajuda ou de conforto.
Ditadas as bases do culto, após responder em latim e alemão às
perguntas dos sacerdotes ali presentes, o Caboclo das Sete
Encruzilhadas passou a parte prática dos trabalhos.
O caboclo foi atender um paralítico, fazendo este ficar curado.
Passou a atender outras pessoas que estavam no local, praticando
suas curas.

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Nesse mesmo dia incorporou um preto velho chamado Pai Antônio,
aquele que, com fala mansa, foi confundido como loucura de seu
aparelho e com palavras de muita sabedoria e humildade e com
timidez aparente, recusava-se a sentar-se junto com os presentes à
mesa dizendo as seguintes palavras:

"Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é
coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá."

Após insistência dos presentes fala:

"Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nego."

Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua


humildade. Uma pessoa na reunião pergunta se ele sentia falta de
alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde:

"Minha caximba. Nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda


mureque busca."

Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam


presenciando a solicitação do primeiro elemento de trabalho para

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esta religião. Foi Pai Antonio também a primeira entidade a solicitar
uma guia, até hoje usadas pelos membros da Tenda e
carinhosamente chamada de "Guia de Pai Antonio".

No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na Rua Floriano


Peixoto. Enfermos, cegos etc. vinham em busca de cura e ali a
encontravam, em nome de Jesus.

Médiuns, cuja manifestação mediúnica fora considerada loucura,


deixaram os sanatórios e deram provas de suas qualidades
excepcionais.

A partir daí, o Caboclo das Sete Encruzilhadas começou a trabalhar


incessantemente para o esclarecimento, difusão e sedimentação da
religião de Umbanda. Além de Pai Antônio, tinha como auxiliar o
Caboclo Orixá Malé, entidade com grande experiência no
desmanche de trabalhos de magia negra.

Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebeu ordens do


Astral Superior para fundar sete tendas para a propagação da
Umbanda. As agremiações ganharam os seguintes nomes:

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Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia
Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição
Tenda Espírita Santa Barbara
Tenda Espirita São Pedro
Tenda Espírita Oxalá
Tenda Espírita São Jorge
Tenda Espírita São Gerônimo

Enquanto Zélio estava encarnado, foram fundadas mais de 10.000


tendas a partir das mencionadas.

Embora não seguindo a carreira militar para a qual se preparava,


pois sua missão mediúnica não o permitiu, Zélio Fernandino de
Moraes nunca fez da religião sua profissão. Trabalhava para o
sustento de sua família e diversas vezes contribuiu financeiramente
para manter os templos que o Caboclo das Sete Encruzilhadas
fundou, além das despesas das pessoas que se hospedavam em
sua casa para os tratamentos espirituais, que segundo o que dizem
parecia um albergue.

Nunca aceitar ajuda monetária de ninguém era ordem do seu guia


chefe, apesar de inúmeras vezes isto ser oferecido a ele.

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Ministros, industriais, e militares que recorriam ao poder
mediúnico de Zélio para a cura de parentes enfermos e os vendo
recuperados, procuravam retribuir o benefício através de
presentes, ou preenchendo cheques vultosos. "Não os aceite.
Devolva-os!", ordenava sempre o Caboclo.

A respeito do uso do termo espírita e de nomes de santos católicos


nas tendas fundadas, o mesmo teve como causa o fato de naquela
época não se poder registrar o nome Umbanda, e quanto aos
nomes de santos, era uma maneira de estabelecer um ponto de
referência para fiéis da religião católica que procuravam os
préstimos da Umbanda. O ritual estabelecido pelo Caboclo das Sete
Encruzilhadas era bem simples, com cânticos baixos e
harmoniosos, vestimenta branca, proibição de sacrifícios de
animais. As guias usadas são apenas as que determinam a
entidade que se manifesta. Os banhos de ervas, os amacis, a
concentração nos ambientes vibratórios da natureza, a par do
ensinamento doutrinário, na base do Evangelho, constituiriam os
principais elementos de preparação do médium.

O ritual sempre foi simples. Os atabaques começaram a ser usados


com o passar do tempo por algumas das Tendas fundadas pelo

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Caboclo das Sete Encruzilhadas, mas a Tenda Nossa Senhora da
Piedade não utiliza em seu ritual até hoje.

Após 55 anos de atividades à frente da Tenda Nossa Senhora da


Piedade (1º templo de Umbanda), Zélio entregou a direção dos
trabalhos as suas filhas Zélia e Zilméa, continuando, ao lado de sua
esposa Isabel, médium do Caboclo Roxo, a trabalhar na Cabana de
Pai Antônio, em Boca do Mato, distrito de Cachoeiras de Macacu –
RJ, dedicando a maior parte das horas de seu dia ao atendimento
de portadores de enfermidades psíquicas e de todos os que o
procuravam.

Em 1971, a senhora Lilia Ribeiro, diretora da TULEF (Tenda de


Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade – RJ) gravou uma
mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, e que bem espelha
a humildade e o alto grau de evolução desta entidade de muita luz.
Ei-la:

A Umbanda tem progredido e vai progredir. É preciso haver


sinceridade, honestidade, e eu previno sempre aos companheiros
de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns
que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus

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expulsou os vendilhões do templo. O perigo do médium homem é
a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem. É
preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores
que procuram atacar as nossas casas fazem com que toque alguma
coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no
coração do homem que fala à mãe de terreiro. É preciso haver
muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa.

Umbanda é humildade, amor e caridade – esta é a nossa


bandeira.

Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que


trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos de Oxossi, de Ogum, de
Xangô. Eu, porém, sou da falange de Oxossi, meu pai, e não vim por
acaso, trouxe uma ordem, uma missão.
Meus irmãos: sejam humildes, tenham amor no coração, amor de
irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras,
servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é
preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos
afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na terra, para que
tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm
em busca de socorro nas casas de Umbanda.

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Meus irmãos: meu aparelho já está velho, com 80 anos a fazer, mas
começou antes dos 18. Posso dizer que o ajudei a casar, para que
não estivesse a dar cabeçadas, para que fosse um médium
aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu pudesse implantar a
nossa Umbanda. A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se
não passaram por esta Tenda, passaram pelas que saíram desta
Casa. Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra
na humildade de uma manjedoura, não foi por acaso. Assim o Pai
determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da
época, mas foi escolher aquela que havia de ser sua mãe, este
espírito que viria traçar à humanidade os passos para obter paz,
saúde e felicidade. Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele
baixou à Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos,
tirando os escuros de maldade por pensamento ou práticas; que
Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que
a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares.

Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não


murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não
serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar. É
dos Evangelhos.

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Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas
amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros
que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a
necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de
caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos
melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria.
Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e
caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete
Encruzilhadas.

Zélio Fernandino de Moraes dedicou 66 anos de sua vida à


Umbanda, tendo retornado ao plano espiritual em 03 de outubro
de 1975, com a certeza de missão cumprida. Seu trabalho e as
diretrizes traçadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas continuam
em ação através de suas filhas Zélia e Zilméa de Moraes, que têm
em seus corações um grande amor pela Umbanda, árvore frondosa
que está sempre a dar frutos a quem souber e merecer colhê-los.

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