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CORPO DE CADETES DA AERONÁUTICA

SEÇÃO DE DOUTRINA

PROGRAMA DE FORTALECIMENTO E FORMAÇÃO DE VALORES

SENSO DE AUTORIDADE

O chefe é o sinal sensível da autoridade.


O chefe deve ter uma elevada consciência de sua missão. Qualquer que seja seu nível , representa a autoridade; tem o dever
de fazê-la respeitar nele mesmo.
Fazendo respeitar a autoridade, o chefe SERVE A COMUNIDADE HUMANA à frente da qual está colocado.
A importância da autoridade do chefe para a eficiência da tropa: “Uma tropa em boas mãos, menos instruída, vale mais que
uma bem instruída, mas com um comando menos hábil”, dizia Lyautey.
A autoridade é um tesouro que lhe é confiado; o chefe não tem o direito de dilapidá-lo. A autoridade é uma força; ele não
tem o direito de desperdiçá-la. A autoridade é uma parcela da majestade divina; ele não tem o direito de desprezá-la.
Um chefe bom-moço não tardará a se deixar ser desconsiderado. Mas, além da pessoa, é o princípio da autoridade que será
lesado, para prejuízo maior do grupo todo.
Um chefe que não inspira respeito não é digno do lugar que ocupa. Para se fazer respeitar, é preciso ser respeitável, não
somente no exercício da função mas EM TODA A SUA VIDA.
Grandeza e servidão do chefe: um chefe está comprometido com a causa que ele abraça e com o nível que ocupa, a serviço
dessa causa.
Depositário de uma parcela de autoridade, o chefe não tem o direito de abdicar disso; tem de fazer respeitar sua autoridade,
em BENEFÍCIO DO INTERESSE GERAL.
Os homens não procuram a complacência de uma autoridade fraca; ficam felizes em achar alguém que seja forte e sobre
quem possam apoiar-se; a firmeza viril garante-os, a fraqueza complacente traz desconfiança e, finalmente, o desgaste.
O BEM COMUM marca exatamente os limites da autoridade do chefe e também dá-lhe força e ascendência moral para
agir. Não fazer uso desse poder, ou usá-lo debilmente, seria trair o bem comum, deixando reduzir-se o vigor imprescindível de seu
direito.
Creio que nunca vi alguém queixar-se de ser designado para missões difíceis, desde que tivessem bem organizadas.
Ao contrário, as piores revoltas não deixam de acompanhar a ausência de comando.
Sob nenhum pretexto, um chefe deve diminuir, em si próprio, a noção de autoridade; esta não é seu privilégio pessoal, mas a
forma especial, eminente, que reveste seu “serviço”; deixar levar pela camaradagem desregrada seria trair sua missão. Como o pai de
família, em que O AFETO NÃO EXCLUI A ENERGIA, O CHEFE COMANDA.
Na medida do possível, o dever do chefe é prevenir descontentamentos e remediar injustiças, antes que aconteçam. Para
tanto, é preciso MANTER CONTATO COM SEUS COMANDADOS . Que o chefe faça seu SACRIFÍCIO PESSOAL. Vá a
linha de frente, se for general; chegue a fábrica com seus operários, se é empresário; comandar não é jamais um privilégio, mas um
encargo. É necessário que o chefe tenha alguma imaginação, para conceber a vida dos seus comandados, de forma a poder poupá-los
de sofrimentos e contrariedades evitáveis. O SEGREDO DE SER ESTIMADO É ESTIMAR – é conhecer o seu trabalho melhor
do que ninguém. Os homens aceitam ser comandados, e mesmo o desejam, desde que o sejam bem.
Um chefe é aquele que sabe ter autoridade e assumir responsabilidades. NÃO LHE É ABSOLUTAMENTE
NECESSÁRIO TER PLUMAS NA CABEÇA E DOURADOS NA ROUPA, nem possuir muitos diplomas ou títulos
universitários. MAS É INDISPENSÁVEL QUE TENHA CARÁTER E IMAGINAÇÃO. É necessário que seja bastante firme,
para tomar sozinho as decisões.
O chefe sabe muito bem que não tem ciência infusa; precisa informar-se, documentar-se junto a seus subordinados que,
frequentemente, estão mais em contato com as realidades e as dificuldades imediatas.
ESCUTANDO SUAS OPINIÕES, porém, ele não deve permanecer ligado a ninguém. TROCA IDÉIAS mas não divide
responsabilidades.
Em muitas passagens, em seu Memorial, Napoleão explica, a esse respeito, sua experiência. ESCUTAVA TODOS,
provocava opiniões, pedia pareceres e ouvia a quem lhe quisesse falar, DANDO TODA A LIBERDADE AOS
INTERLOCUTORES. Depois, decidia sozinho.
A maior infelicidade para um chefe é ter medo de falar e agir como chefe.
Quando um chefe esquece sua condição de chefe, os subordinados também o esquecem.
O chefe que bem cumpre seu mandato não tem que mendigar obediência. Que COMANDE SEM ARROGÂNCIA, mas
que comande. Que tenha sua POSIÇÃO SEM ORGULHO, mas que a mantenha. A falta de autoridade é ainda mais prejudicial a
uma coletividade que um excesso.
Há chefes que, por desejo de popularidade ou por pueril igualitarismo, acreditaram praticar, sem limites, o “já-que-está-
deixa-ficar”. Eles provocaram a incúria, a desordem, a ruína e a derrota.

(Extrato do Livro “A Arte de ser Chefe”, Gaston Courtois - grifo nosso)

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