O chefe deve ter uma elevada consciência de sua missão. Qualquer que seja seu nível , representa a autoridade; tem o dever de fazê-la respeitar nele mesmo. Fazendo respeitar a autoridade, o chefe SERVE A COMUNIDADE HUMANA à frente da qual está colocado. A importância da autoridade do chefe para a eficiência da tropa: “Uma tropa em boas mãos, menos instruída, vale mais que uma bem instruída, mas com um comando menos hábil”, dizia Lyautey. A autoridade é um tesouro que lhe é confiado; o chefe não tem o direito de dilapidá-lo. A autoridade é uma força; ele não tem o direito de desperdiçá-la. A autoridade é uma parcela da majestade divina; ele não tem o direito de desprezá-la. Um chefe bom-moço não tardará a se deixar ser desconsiderado. Mas, além da pessoa, é o princípio da autoridade que será lesado, para prejuízo maior do grupo todo. Um chefe que não inspira respeito não é digno do lugar que ocupa. Para se fazer respeitar, é preciso ser respeitável, não somente no exercício da função mas EM TODA A SUA VIDA. Grandeza e servidão do chefe: um chefe está comprometido com a causa que ele abraça e com o nível que ocupa, a serviço dessa causa. Depositário de uma parcela de autoridade, o chefe não tem o direito de abdicar disso; tem de fazer respeitar sua autoridade, em BENEFÍCIO DO INTERESSE GERAL. Os homens não procuram a complacência de uma autoridade fraca; ficam felizes em achar alguém que seja forte e sobre quem possam apoiar-se; a firmeza viril garante-os, a fraqueza complacente traz desconfiança e, finalmente, o desgaste. O BEM COMUM marca exatamente os limites da autoridade do chefe e também dá-lhe força e ascendência moral para agir. Não fazer uso desse poder, ou usá-lo debilmente, seria trair o bem comum, deixando reduzir-se o vigor imprescindível de seu direito. Creio que nunca vi alguém queixar-se de ser designado para missões difíceis, desde que tivessem bem organizadas. Ao contrário, as piores revoltas não deixam de acompanhar a ausência de comando. Sob nenhum pretexto, um chefe deve diminuir, em si próprio, a noção de autoridade; esta não é seu privilégio pessoal, mas a forma especial, eminente, que reveste seu “serviço”; deixar levar pela camaradagem desregrada seria trair sua missão. Como o pai de família, em que O AFETO NÃO EXCLUI A ENERGIA, O CHEFE COMANDA. Na medida do possível, o dever do chefe é prevenir descontentamentos e remediar injustiças, antes que aconteçam. Para tanto, é preciso MANTER CONTATO COM SEUS COMANDADOS . Que o chefe faça seu SACRIFÍCIO PESSOAL. Vá a linha de frente, se for general; chegue a fábrica com seus operários, se é empresário; comandar não é jamais um privilégio, mas um encargo. É necessário que o chefe tenha alguma imaginação, para conceber a vida dos seus comandados, de forma a poder poupá-los de sofrimentos e contrariedades evitáveis. O SEGREDO DE SER ESTIMADO É ESTIMAR – é conhecer o seu trabalho melhor do que ninguém. Os homens aceitam ser comandados, e mesmo o desejam, desde que o sejam bem. Um chefe é aquele que sabe ter autoridade e assumir responsabilidades. NÃO LHE É ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIO TER PLUMAS NA CABEÇA E DOURADOS NA ROUPA, nem possuir muitos diplomas ou títulos universitários. MAS É INDISPENSÁVEL QUE TENHA CARÁTER E IMAGINAÇÃO. É necessário que seja bastante firme, para tomar sozinho as decisões. O chefe sabe muito bem que não tem ciência infusa; precisa informar-se, documentar-se junto a seus subordinados que, frequentemente, estão mais em contato com as realidades e as dificuldades imediatas. ESCUTANDO SUAS OPINIÕES, porém, ele não deve permanecer ligado a ninguém. TROCA IDÉIAS mas não divide responsabilidades. Em muitas passagens, em seu Memorial, Napoleão explica, a esse respeito, sua experiência. ESCUTAVA TODOS, provocava opiniões, pedia pareceres e ouvia a quem lhe quisesse falar, DANDO TODA A LIBERDADE AOS INTERLOCUTORES. Depois, decidia sozinho. A maior infelicidade para um chefe é ter medo de falar e agir como chefe. Quando um chefe esquece sua condição de chefe, os subordinados também o esquecem. O chefe que bem cumpre seu mandato não tem que mendigar obediência. Que COMANDE SEM ARROGÂNCIA, mas que comande. Que tenha sua POSIÇÃO SEM ORGULHO, mas que a mantenha. A falta de autoridade é ainda mais prejudicial a uma coletividade que um excesso. Há chefes que, por desejo de popularidade ou por pueril igualitarismo, acreditaram praticar, sem limites, o “já-que-está- deixa-ficar”. Eles provocaram a incúria, a desordem, a ruína e a derrota.
(Extrato do Livro “A Arte de ser Chefe”, Gaston Courtois - grifo nosso)