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Capítulo 1 – INTRODUÇÃO
1.1 Definições
Projecto (tipo & fases)
Obras de arte
Bibliografia:
1. Definições:
Projecto (Geral) – documento que define as características impostas pela função específica da obra e
no qual se integram os projectos das especialidades que o condicionam ou por ele
são condicionados.
Tipos de Projectos
Projecto de Remodelação – projecto com base numa obra existente e tendo em vista introduzir
alterações de estruturas ou de utlilização;
Projecto de Variante – projecto elaborado a partir de outro já existente, sem modificação da sua
concepção geral e dos seus objectivos;
Projecto de Instalações – projecto que tem por objectivo o traçado e o dimensionamento das
redes de canalizações (água, esgotos, combate a incêndios) e de condutores de energia eléctrica,
incluindo acessórios e aparelhagem de manobra e protecção, indispensáveis ao funcionamento do
equipamento da obra;
Fases do Projecto
(algumas podem ser suprimidas por acordo entre as Partes)
Programa Preliminar:
Além das informações gerais (cada tipo de projecto), conterá as seguintes:
a) Objectivos da obra;
b) Características gerais a que deve satisfazer;
c) Dados sobre a localização do empreendimento;
d) Elementos topográficos e cartográficos, a escalas convenientes;
e) Dados básicos relativos às exigências de comportamento, funcionamento, exploração e
conservação da obra;
f) Limites de custo e, eventualmente, indicações relativas ao financiamento do empreendimento;
g) Indicação geral dos prazos para a elaboração do projecto e para a execução da obra.
Programa Base:
Será apresentado de forma a proporcionar ao dono da obra, a compreensão clara das soluções
propostas pelo autor do projecto, de acordo com as condições expressas no programa preliminar.
No caso de o contrato não especificar outras condições, entende-se que o programa base a
apresentar, à aprovação do dono da obra, deverá incluir os elementos referidos (para cada tipo de
projecto) e mais os seguintes:
a) Esquema da obra ou da sequência das diversas operações a realizar;
b) Definição dos critérios gerais de dimensionamento das diferentes partes constitutivas da obra;
c) Indicação dos condicionamentos principais relativos à ocupação do terreno (áreas de
ocupação, características topográficas, climáticas e outras) e às exigências urbanísticas (infra-
estruturas, servidões, aspectos, paisagísticos, etc.);
d) Peças escritas e desenhadas necessárias para o perfeito esclarecimento do programa base –
no seu todo ou em qualquer das suas partes, incluindo as que se justifiquem para definir – de
forma expressiva, as alternativas de solução propostas pelo autor do projecto, e comprovar a
sua viabilidade, em função das condições de espaço, de carácter tecnológico, de custos, de
financiamento e de prazos;
e) Estimativa geral do custo do empreendimento, tendo em conta os encargos mais
significativos, e despesas com estudos e projectos e administração;
f) Estimativa de custo de manutenção e conservação da obra, na solução ou soluções
propostas;
g) Descrição e justificação das exigências de comportamento, funcionamento, exploração e
conservação da obra;
h) Informação sobre a necessidade de obtenção de elementos (cartográficos, geológicos,
hidrológicos, etc) que interessem ao estudo do problema, bem como a realização de modelos,
ensaios, maquetas, trabalhos de investigação, e quaisquer outras actividades ou formalidades
que podem ser exigidas, quer para a elaboração do projecto, quer para a execução da obra.
Estudo Prévio:
Será constituído por peças escritas e desenhadas e por outros elementos informativos, de modo a
possibilitar ao dono da obra a fácil apreciação das soluções propostas pelo autor do projecto e o
seu confronto com as exigências do programa base.
Se o contrato não especificar outras condições, entende-se que o estudo prévio, a apresentar ao
dono da obra, conterá os seguintes:
a) Memória descritiva e justificativa, incluindo capítulos respeitantes a cada um dos pertinentes
objectivos do estudo prévio;
b) Elementos gráficos elucidativos de cada uma das soluções propostas, sob a forma de plantas,
alçados, cortes, perfis e outros desenhos, em escala apropriada
c) Dimensionamento aproximado e características principais dos elementos fundamentais da
obra;
d) Definição geral dos processos de construção e da natureza dos materiais mais significativos e
dos equipamentos;
e) Estimativa do custo da obra;
f) Justificação discriminada das eventuais diferenças entre esta estimativa e a constante no
programa base;
g) Proposta de revisão do programa base de acordo com as alterações eventualmente
acordadas entre o dono da obra e o autor do projecto.
Projecto:
Será apresentado por forma a constituir um conjunto coordenado das informações escritas e
desenhadas de fácil, e inequívoca, interpretação por parte das entidades intervenientes na
execução da obra.
Se outras condições não estiverem fixadas no contrato, o projecto de execução incluirá as
seguintes peças:
a) Memória descritiva e justificativa, evidenciando os seguintes aspectos: definição e descrição
geral da obra, no que se refere e ao fim a que se destina, à sua localização, interligações com
outras obras, etc.; análise da forma como se deu satisfação às exigências do programa base;
indicação da natureza e condições do terreno; justificação da implantação da obra e da sua
integração nos condicionamentos locais existentes ou planeados; descrição das soluções
adoptadas com vista à satisfação das disposições legais e regulamentares em vigor; indicação
das características dos materiais, dos elementos de construção, das instalações e do
equipamento; justificação técnico-económica, com referência especial aos planos gerais em
que a obra se insere;
b) Cálculos relativos às diferentes partes da obra, apresentados de modo a definirem, pelo
menos, os elementos referidos para cada tipo de obra e a eventualmente justificarem as
soluções adoptadas;
c) Medições, dando a indicação da quantidade e qualidade dos trabalhos necessários para a
execução da obra, devendo ser adoptadas as normas em vigor, e respectivas espeficicações
técnicas;
d) Orçamento, baseado nas quantidades, e qualidades de trabalho das medições;
e) Peças desenhadas, de acordo para cada tipo de obra, a escalas convenientes, e devendo
conter as indicações numéricas indispensáveis e a representação de todos os pormenores
necessários à perfeita compreensão, implantação e execução da obra;
f) Condições técnicas, gerais e especiais, do caderno de encargos.
2. ESTRADAS
Programa Preliminar:
Informações especiais:
Pontos obrigatórios de passagens e aglomerados a servir;
Características ou dados de tráfego suficientes paa a sua determinação.
Programa Base:
Informações especiais: indicação dos estudos económicos, de tráfego, geológicos, geotécnicos e
hidrológicos que porventura sejam necessários, incluindo inquéritos, sondagens e análises.
Estudo Prévio:
Informações especiais:
a) Resultados de estudos de tráfego e dos inquéritos de origem e destino;
b) Estudo económico;
c) Reconhecimento geológico;
d) Estudo hidrológico;
e) Estudo paisagístico;
f) Estudo corográfico;
g) Traçado em planta das soluções estudadas, nas escalas de 1:5000, 1:10 000 ou 1:25 000;
h) Perfil longitudinal correspondente a essas soluções, nas escalas de 1:2000, 1:5000 ou 1:10
000, para os comprimentos, e de 1:2000 ou 1:1000, para as alturas, no qual sejam indicaas as
obras de arte especiais;
i) Perfil transversal tipo, nas escalas de 1:5000 ou 1:100.
Projecto:
Informações especiais:
a) Planta parcelar, nas escalas de 1:1000 ou 1:2000, num sistema de coordenadas ligado ao
nivelamento geral do País;
b) Planta geral, na escala de 1:1000 ou 1:2000;
c) Perfil longitudinal, nas escalas de 1:1000 ou 1:2000, para os comprimentos, e de 1:100 ou
1:200, para as alturas, com as cotas referidas ao nivelamento geral do País;
d) Perfil ou perfis transversais tipo, considerando o pavimento, nas escalas de 1:50 ou 1:100;
e) Perfis transversais na escala de 1:200
f) Perfis geotécnicos;
g) Desenhos pormenorizados de cruzamentos, nós de ligação, praças e instalações de
portagem, áreas de serviço, obras de arte correntes e especiais e obras acessórias,
designadamente vedações, sinalização, balizagem, demarcação, protecção, arborização e
telecomunicações internas;
h) Gráfico de distribuição de terras.
3. Pontes e Viadutos
Programa Preliminar:
Informações especiais:
a) Condicionamentos do traçado da via onde a ponte ou viaduto se insere (planta e perfil
longitudinal);
b) Elementos relativos ao local de atravessamento;
c) Perfil transversal tipo a adoptar na obra de arte;
d) Tráfego médio diário, previsto para o ano horizonte, justificativo do referido perfil transversal;
e) Classe da sobrecarga fixada, em conformidade com o definido no RESAEP, nos casos de
ponte ou viaduto rodoviário;
f) No caso de a directriz e a rasante não estarem definidas, critérios gerais do projecto
(velocidade, rampa máxima, raio mínimo, concordâncias convexas e côncavas, distâncias de
visibilidadede passagem, etc.)
g) No caso da ponte, condicionamentos hidráulicos a observar e elementos necessários ao
cálculo da secção de vazão, incluindo perfil longitudinal do curso de água, perfil transversal no
local de atravessamento e perfis transversais em número suficiente e entre si
convenientemente distanciados;
h) No caso de ponte, imposições quanto a tirante de ar e à navegabilidade do curso de água;
i) No caso de viaduto, condicionamentos rodoviários ou ferroviários das vias a cruzar, mormente
no que se refere a gabarit, ou características do obstáculo a transpor;
j) Reconhecimento geológico e geotécnico, do local de atravessamento, o qual, em fase
posterior do projecto, poderá ser pormenorizado pela realização de estudos complementares
e sondagens concretamente localizadas, tendo em atenção a concepção ou concepções
estruturais de princípio;
k) Imposições relativas ao aspecto plástico e arquitectónico, definindo eventual obrigação de
colaborador especializado neste sector;
l) Imposições relativas ao aspecto paisagístico, definindo eventual obrigação de colaborador
especializado neste sector;
m) Imposições relativas a iluminação nocturna, definindo eventual obrigação de colaborador
especializado neste sector;
n) Imposições quanto à utilização da obra por instalações de abastecimento público (águas,
esgotos, telefones, electricidade, etc.);
o) Elementos sobre obras complementares, se for caso disso, como, por exemplo: zonas de
edificação, de paregem e de estacionamentos, serviços especiais, etc.
Programa Base:
Informações especiais:
a) Especificações a que devem ficar sujeitas a realização e a verificação da prospecção
geotécnica do terreno, no caso de ser conveniente do programa base, ou, em caso contrário,
a indicação da fase de projecto após a qual deve essa prospecção ser realizada, se assim se
mostrar conveniente ao estabelecimento de um plano de sondagens mais consentâneo coma
concepção geral da solução estrutural a adoptar;
b) Indicação sumária dos condicionamentos locais susceptíveis de influenciarem decisivamente
a escolha da solução a adoptar.
Estudo Prévio:
Informações especiais:
a) Elementos demonstrativos:
Da implantação da obra;
Da integração da obra;
Da integração paisagística da obra;
Dos acessos e ligações;
Da secção de vazão a adoptar;
Da disposição das redes públicas de águas, esgotos, electricidade, telefones ou outras
instalações;
Da observância dos condicionamentos impostos;
Dos trabalhos especiais (superstruturas e infra-estruturas), dos trabalhos complementares da
obra e dos critérios propostos para conservação ou para demolição de construções ou de
outros elementos existentes no terreno;
b) Elementos gráficos elucidativos de cada uma das soluções propostas, constando
especialmente de:
Implantação e integração paisagística;
Conjuntos e, em casos especiais, fotomontagens;
Caracterização morfológica e geométrica dominante da obra, em cada uma das soluções
estruturais e das suas partes componentes;
Caracterização das obras acessórias ou complementares;
Programa de trabalho, sob forma esquemática, demonstrativo dos prazos de execução de
cada uma das soluções estruturais concebidas;
c) Especificações a que devem ser sujeitas a realização e a verificação da prospecção
geotécnica do terreno, e estabelecimento do respectivo plano de sondagens, se houver
necessidades desses estudos.
Projecto:
Informações especiais:
a) Relatório de estudos realizados e indicativa da geologia e da geotecnia do local da obra;
b) Peças desenhadas:
Esboço corográfico de localização da obra e do conjunto em que se insere, incluindo as vias
públicas que o sirvam, normalmente na escala de 1:25 000;
Conjunto;
Planta de implantação, referenciada a um ponto notável ou a marcação pré-estabelecida no
terreno, normalmente nas escalas de 1:100, 1:200 ou 1:500, consoante a extensão da obra;
Dimensionamento geral, longitudinal e transversal, contendo também informações de carácter
geológico e geotécnico, normalmente nas escalas de 1:100, 1:200 ou 1:500, consoante a
extensão da obra;
Fundações e seus pormenores, em escalas convenientes;
Infra-estruturas e seus pormenores, em escalas convenientes
Superstruturas e seus pormenores, em escalas convenientes;
Aparelhos de apoio, em escalas convenientes;
Dispositos de dilatação, em escalas convenientes
Guardas e dispositivos de segurança, em escalas convenientes;
Indicações vinculativas de execução e demonstrativas de processos ou métodos especiais a
usar obrigatoriamente;
Planos de betonagem;
Pormenores de execução dos diferentes elementos da construção que permitam a
compreensão clara e a definição precisa do dimensionamento, da natureza das interligações
dos diversos materiais de ou partes constituintes, nas escalas de 1:1, 1:10 ou 1:20;
Pormenores das instalações ou canalizações para serviços públicos (águas, esgotos,
electricidade, telefones, etc.) ou dispositivos concebidos destinados a permitir a sua
montagem posterior, em escala adequada;
Pormenores de instalações e equipamentos fixo, em escala adequada;
Pormenores relativos ao tratamento arquitectónico, em escala conveniente;
Ligações aos acessos;
Obras acessórias, designadamente: iluminação, vedação, sinalização (vertical e horizontal),
balizagem, demarcação, demarcação, protecção (guardas de segurança), quando for caso
disso;
Arranjos exteriores e revestimento vegetal relativos ao tratamento paisagístico, quando for
caso disso.
Obras de Arte e Pontes
1. Definições:
Obras de Arte (engenharia)
{1}: São determinados tipos de construção, que sua execução (concepção e construção) requerem
uma maior especialização, tal como pontes e/ou viadutos, túneis, e barragens;
{2}: Construções de tipo "especial", únicas, por oposição às construções "normais" (edifício e
casa).
A expressão obra de arte é especialmente aplicada nas vias de comunicação, sempre que estas
adquirem uma dimensão e originalidade apreciável.
O termo remonta à época em que tais estruturas eram concebidas por artífices que, graças a uma
importante intuição e criatividade, conseguiam conceber e construir obras que eram apelidadas de
"obras de arte".
Para permitir que uma estrada, uma linha de caminho-de-ferro ou um canal transponham um
obstáculo, constroem-se obras de arte como pontes, viadutos ou túneis.
Para alterar o curso dos elementos, ou reforçar os seus efeitos constroem-se outras obras de arte:
barragens, diques, represas, muros de sustentação.
2. PONTES
A palavra Ponte provém do Latim Pons que por sua vez descende do Etrusco Pont, que significa
"estrada". Em grego πόντος (Póntos), derive talvez da raiz Pent que significa uma acção de caminhar
(Definição): Ponte é uma construção que permite interligar ao mesmo nível pontos não acessíveis
separados por rios, vales, ou outros obstáculos naturais ou artificiais.
As pontes são construídas para permitirem a passagem sobre o obstáculo a transpor, de pessoas,
automóveis, comboios, canalizações ou condutas de água (aquedutos).
Quando é construída sobre um curso de água, o seu tabuleiro é frequentemente situado a uma altura
calculada de forma a possibilitar a passagem de embarcações com segurança sob a sua estrutura.
Quando construída sobre um meio seco costuma-se chamar pontes de viaduto como uma forma de
apelidar pontes em meios urbanos. O contrário não pode ser usado já que um viaduto é uma ponte que
visa não interromper o fluxo rodoviário ou ferroviário, mantendo a continuidade da via de comunicação
quando esta se depara, e tem que transpor, um obstáculo natural constituído por depressão do terreno
(estradas, ruas, acidentes geográficos, etc.), cruzamentos e outros sem que este seja obstruído.
Viadutos são muito comuns em grandes cidades, onde o intenso tráfego de veículos normalmente de
grandes avenidas ou vias expressas não podem ser ligeiramente interrompidos. Além de cidades que
possuem muitos acidentes geográficos, onde o viaduto serve para ligar dois pontos mais altos de uma
determinada região e relevo.
Tipos de pontes
As pontes podem ser classificadas pelo uso para o qual foram desenhadas, pelo tipo de material
aplicado, pelo tipo de estrutura usado na sua concepção, bem como a mobilidade do seu tabuleiro.
Pelo uso
Segundo a sua utilização as pontes podem ser classificadas como:
Pontes ferroviárias, para o tráfego de comboios
Pontes rodoviárias, para o tráfego de automóveis e também chamada de viadutos nas áreas
urbanas
Pontes pedonais, utilizadas exclusivamente por peões e também chamadas de “passarelas”
Pontes oledutos/aquedutos, para o transporte de produtos químicos ou de água.
Alguns casos poderão existir restrições ao seu uso como por exemplo no caso de ponte de
autoestradas, nas quais é proibida a circulação de peões e bicicletas, por exemplo.
Pontes móveis
Dada a mobilidade, ou não, do seu tabuleiro, as pontes podem ser:
Pontes basculantes
Pontes giratórias
Pontes levadiças
Pontes elevação vertical
As pontes que permitem serem galgadas pelos cursos de água, em razão do traçado da rasante estar a
cota inferior do nível máximo das águas, são chamadas de Pontes Submersíveis.
Tipo de apoio/sustentação
Pelo tipo de estrutura usado na sua concepção, a ponte pode ser: apoiada, arco, treliça e suspensa
Ponte em arco
É um tipo de ponte de pedra, aço ou betão em forma de arco ou sustentada por muitos pilares
consecutivos também em arcos. Os viadutos podem ser feitos a partir da estrutura de uma ponte
em arco.
A estrutura da ponte gera apenas esforços de compressão no arco principal, sendo por isso pedras
e betão muito utilizados.
Provavelmente, a mais antiga ponte em arco é a Ponte de Arcádio, na Grécia, que remonta ao
período micênico. Embora a construção de arcos já fosse conhecida, os romanos foram os
primeiros a utilizá-los na construção de pontes (construíram mais de 330 pontes em arco e 54
aquedutos). As pontes romanas eram, em geral, semi-circulares o que permitiu o amplo
abastecimento de água nas grandes cidades e evitou que os aquedutos fossem destruídos durante
as fortes inundações. No século XIV as pontes em arco alcançaram novos padrões de engenharia
com vãos livres de 40 metros (um recorde para a época) e se popularizaram por toda a Europa,
principalmente na Itália.
Recentemente, pedra e tijolos continuaram a ser usados na construção de pontes em arco junto
com materiais mais modernos como ferro fundido, aço e betão.
Ponte treliça
Em engenharia de estruturas, uma treliça é uma estrutura composta por cinco ou mais unidades
triangulares construídas com elementos rectos cujas extremidades são ligadas em pontos
conhecidos como nós. Forças externas e reacções consideram-se, de forma simplificada,
aplicadas nesses mesmos nós.
As forças resultantes nos vários elementos das estruturas são de tracção ou compressão devido
ao facto de todas as articulações serem tratadas como rotuladas (livre rotação) e pelo facto de,
como fora referido, as forças externas e reacções serem aplicadas nos nós. Uma treliça
planar/bidimensional é uma estrutura onde todos os membros e os nós se encontram no mesmo
plano, enquanto uma treliça espacial/tridimensional tem membros e nós em três dimensões.
Ao conjunto de elementos horizontais superiores dá-se o nome de corda superior, sendo que estes
se encontram, normalmente em compressão. Ao conjunto de elementos horizontais inferiores dá-
se o nome de corda inferior, sendo que estes, por seu lado, se encontram em tracção.
Ponte suspensa
É um tipo de ponte sustentada por cabos ou tirantes de suspensão.
As primeiras pontes suspensas modernas, com plataformas niveladas, são datadas do século XIX,
porém existem relatos desse modelo de ponte desde o século III. As pontes de suspensão simples,
que são utilizadas por pedestres ou por rebanhos animais, são construídas de acordo com as
antigas pontes de corda Incas.
Ponte atirantada
É um tipo de ponte suspensa por cabos constituída de um ou mais mastros, de onde partem cabos
de sustentação para o tabuleiro da ponte.
A ponte atirantada costuma ser a solução intermediária ideal entre uma ponte fixa e uma ponte
suspensa em casos onde uma ponte fixa iria requerer uma estrutura de suporte muito maior,
enquanto uma suspensa necessitaria maior elaboração de cabos.
O sistema estrutural consiste de um vigamento de grande rigidez que se apoia nos encontros das
pontes.
As primeiras pontes
Desde tempos remotos que o Homem necessita de ultrapassar obstáculos em busca de alimento ou abrigo.
As primeiras pontes terão surgido de forma natural pela queda de troncos sobre os rios, processo
prontamente imitado pelo Homem, surgindo então pontes feitas de troncos de árvores ou pranchas e
eventualmente de pedras, usando suportes muito simples e traves mestras.
Com o surgimento da idade do bronze e a predominância da vida sedentária, tornou-se mais importante a
construção de estruturas duradouras, nomeadamente, pontes de lajes de pedra. Das pontes em arco há
vestígios desde cerca de 4000 a.C. na Mesopotânia e no Egipto, e, mais tarde, na Pérsia e na Grécia (cerca
de 500 a.C.).
A mais antiga estrutura chegada aos nossos dias é uma ponte de pedra, em arco, situada no Rio Meles, na
região de Esmira, na Turquia, e datada do século IX a.C.
As pontes romanas
A primeira ponte romana teria sido construída no rio Tibre no ano 621 a.C. e foi chamada de Pons Sublicius
("ponte das Estacas").
É no século III a.C. que os romanos começam a se dedicar à construção de pontes em arco, atingindo um
desenvolvimento nas técnicas de construção e projecto nunca antes visto e dificilmente superado nos mil
anos seguintes. Exemplos desta magnífica capacidade de construção são algumas pontes que perduraram
até aos nossos dias, como, por exemplo, a pons Aelius (hoje ponte Sant'Angelo) (134 a.C.), sobre o Tibre,
onde terá sido usada a pozzolana (uma espécie de cimento que mantém a resistência mesmo submerso), a
ponte de Alcántara, em Toledo ou o aqueduto de Segóvia (século I).
Os arcos foram usados pela primeira vez no Império Romano, para a construção de pontes e aquedutos,
alguns dos quais ainda hoje se mantêm de pé. Os romanos, foram também os primeiros a usar o cimento, o
que reduziu a variação da força que a pedra natural oferecia. Pontes de tijolo e argamassa, foram
construídas após a era Romana, à medida que se ia abandonando a tecnologia do cimento.
Idade Média
É também nesta época que começam a aparecer pontes com as mais diferentes finalidades: militares,
comerciais, residenciais ou mesmo espirituais. A grande contribuição da idade média para a técnica das
pontes é a diversificação dos arcos de suporte que passam a incluir os arcos ogivais, não só mais elegantes,
como mais seguros e fáceis de construir.
Surgem ordens religiosas especializadas na construção de pontes como os italianos Fratres Pontifices, que
se expandiram para a França, com o nome Frères Pontiffes e para Inglaterra com o nome Brothers of the
Bridge.
Renascença
Durante a renascença o aumento das necessidades de deslocação e transporte levou a uma evolução das
técnicas construtivas, nomeadamente de projecto das pontes de treliça, como consequência do seu estudo
mais aprofundado pelos artistas do renascimento.
A França tornar-se-ia um bastião da engenharia das pontes: o Corps des Ponts et Chaussées criado por
Luís XIV para manter as estradas e as pontes do reino, viria a dar origem no século XVIII à École des Ponts
et Chaussées, a primeira escola superior de engenharia civil do mundo.
Com a renascença a forma dos arcos e dos pilares alterou-se no sentido de aumentar os vãos bem como
transmitir uma sensação de leveza e estética.
A revolução industrial
As pontes suspensas modernas fazem a sua aparição nesta época, primeiro com corrente metálicas e
depois com fios de aço entrelaçados permitindo vãos cada vez mais extensos.
A introdução destes novos tipos de ponte e de materiais, não impede o ressurgimento de pontes de treliça
em madeira nos EUA e na Grã-Bretanha devido, nomeadamente, ao baixo custo e à grande disponibilidade
da matéria-prima.
Entre meados do século XIX e meados do século XX, com o grande desenvolvimento do caminho-de-ferro e
das comunicações em geral, foram desenvolvidos numerosos projectos de pontes. O uso do aço em vez do
ferro ou ferro-fundido, veio possibilitar atingir vãos cada vez maiores. Estas pontes foram construídas em
arco, vigas reticuladas (cantiléver) e suspensão.
Foram desenvolvidas novas técnicas para a construção de fundações recorrendo ao uso de cilindros
metálicos em ferro que eram pressurizados e afundados nos locais de construção dos pilares das pontes. No
seu interior os operários escavavam o solo macio até chegarem à pedra estável sob o leito do rio. Só mais
tarde se viria a descobrir a importância de uma lenta descompressão evitando assim a marte e a doença de
numerosos trabalhadores.
O maior domínio das técnicas de projecto e construção e a introdução de novos materiais não impediram
todavia a queda de algumas pontes e o surgimento de problemas que só depois viriam a ser debelados –
como a influência dos ventos nas pontes suspensas podendo provocar o seu colapso. Foi o caso da ponte
Tacoma Narrows, no estado de Washington, EUA que, com um vão de 853 metros e um tabuleiro com
apenas 2,4 metros de espessura, oscilava mesmo com ventos ligeiros. A colocação de tirantes adicionais
não foi suficiente para contrariar esta oscilação e, em 1940, com um vento de apenas 68 km/h começou a
oscilar significativamente sendo encerrada ao trânsito, vindo a colapsar pouco depois. Esta e outras falhas
chamaram a atenção dos engenheiros para a importância do factor vento na construção destas estruturas, e
provocando o desenvolvendo da análise do comportamento aerodinâmico nomeadamente submetendo
modelos à escala a túneis de vento.
Os nossos dias
Ponte Akashi-Kaikyo.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Inglaterra desenvolveu um modelo de ponte que ficou conhecido
como Bailey, foram modelos de pontes metálicas emergenciais fundamentais para a vitória dos Aliados
contra a Alemanha. Após a Segunda Guerra Mundial muitas das infraestruturas rodoviárias tiveram que ser
reconstruídas. Generalizou-se o uso do betão e do aço, nomeadamente com pontes em betão pré-
esforçado. As cofragens metálicas e as vigas passaram a ser soldadas em vez de fixas com rebites.
Constroem-se numerosas pontes suspensas, e, em particular, pontes atirantadas com as mais variadas
disposições dos cabos de suspensão. Torna-se claro que as pontes em betão, devido à importante carga
própria que possuem, são pouco sensíveis à carga variável e, como tal, pouco influenciadas por esta, o que
lhes dá uma importante estabilidade.
Estes factores associados permitiram ultrapassar obstáculos até então dificilmente superáveis. O vão de
1995 metros conseguido na ponte suspensa de Akashi-Kaikyo, no Japão, é disso bom exemplo.
O futuro
As novas pontes serão certamente construídas de forma mais económica, segura e com maiores níveis de
qualidade.
Um salto importante estará no advento das chamadas pontes inteligentes que, dotadas de sensores,
processadores de dados e sistemas de comunicação e sinalização, poderão alertar para um conjunto de
situações, desde sobrecargas, subidas dos níveis das águas, ventos, formação de gelo, sismicidade, pré-
rotura de certos pontos nevrálgicos da ponte, fadiga dos materiais, corrosão.
Estes sistemas "inteligentes" poderão chegar ao ponto de serem "reactivos", por exemplo, combatendo a
corrosão através de sistemas de raios catódicos instalados na própria ponte, usando sistemas de
descongelação do gelo presente no tabuleiro, ou mesmo accionando deflectores de ar de forma a assegurar
a melhor estabilidade da ponte face ao vento ou às cargas variáveis.
A implementação de todos estes sistemas, decorrente de uma estreita colaboração entre a engenharia de
materiais e a electrónica, está dependente, para além da própria evolução da ciência, dos estudos
económicos que demonstrem a sua exequibilidade.