Você está na página 1de 22

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.

0000

A C Ó R D Ã O
SBDI­2
GMEMP/rnb

RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. 
I   –   VIOLAÇÃO   LITERAL   DE   LEI.
DESFUNDAMENTADO.   SÚMULA   Nº   422   DO
TST.   INCIDÊNCIA.   NÃO   CONHECIMENTO.
Não   se   conhece   de   recurso   ordinário
que   não   ataca   os   fundamentos   da
decisão   recorrida,   limitando­se   a
reproduzir   os   mesmos   argumentos
contidos   na   petição   inicial,   porque
não   atendido   o   requisito   de
recorribilidade   previsto   no   artigo
514, inciso II, do CPC. Incidência da
Súmula nº 422 do TST. 
Recurso   ordinário   não   conhecido   no
particular.

II   ­ NULIDADE DO ACÓRDÃO RECORRIDO


POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. Em face da
devolutividade ampla ínsita ao
recurso ordinário em ação rescisória,
a teor do art. 515, caput e § 1º, do
CPC, incumbe ao TST apreciar todas as
questões nele suscitadas, mesmo que
não decididas pelo Tribunal de
origem. Dessarte, ainda que algum
vício por eventual negativa de
prestação jurisdicional maculasse o
acórdão recorrido, não se haveria
falar em nulidade, pois em nada
aproveitaria ao recorrente, porquanto
a matéria é passível de devolução
ampla ao TST, cujo acórdão
substituirá a decisão impugnada.
Precedentes da SBDI-2 do TST.
Recurso ordinário não conhecido no
particular.

III – AUSÊNCIA   DE   DOCUMENTO


INDISPENSÁVEL PARA O PROCESSAMENTO DA
AÇÃO MATRIZ. VIOLAÇÃO LITERAL DE LEI.
Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.2

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

SÚMULA Nº 410 DO TST. INCIDÊNCIA. A


jurisprudência desta Corte inclinou-
se no sentido de não ser admitido o
reexame do conjunto probatório dos
autos do processo originário, em se
tratando de ação rescisória calcada
no inciso V do artigo 485 do Código
de Processo Civil – Súmula nº 410 do
TST. Na hipótese dos autos, o acórdão
rescindendo não emitiu pronunciamento
sobre a juntada ou não da convenção
coletiva embasadora do pedido,
firmada com a FENABAN, e do acordo
coletivo firmado pela CONTEC nos
autos da ação de cumprimento
originária. Ressai à evidência o
óbice retromencionado, pois, para
chegar-se a conclusão sustentada pelo
Recorrente, no sentido de que tais
documentos não foram juntados aos
autos do processo matriz e,
consequentemente, à configuração da
pretensa violação de preceito de lei,
seria imprescindível reexaminar o
conjunto probatório dos autos da ação
de cumprimento originária.
Recurso ordinário não provido.

IV – VIOLAÇÃO DO ARTIGO 5º, XXXVI, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. DESRESPEITO AO
ATO   JURÍDICO   PERFEITO. ADOÇÃO DE
PRONUNCIAMENTO EXPLÍCITO SOBRE O
CONTEÚDO DA NORMA. NECESSIDADE. Para
a aferição da ocorrência de violação
literal de lei em ação rescisória
fundamentada no inciso V do artigo
485 do CPC, é necessário que a
decisão rescindenda tenha emitido
pronunciamento explícito sobre o
conteúdo da norma tida como violada,
a fim de viabilizar o cotejo entre a
decisão e o teor do dispositivo de
lei. Na hipótese dos autos, o acórdão
rescindendo não analisou a
controvérsia sob o enfoque do ato
jurídico perfeito, limitando-se a
Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.3

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

abordar a questão da
representatividade da CONTEC e da
Federação dos Bancários do Rio de
Janeiro e Espírito Santo, para
decidir qual a norma coletiva
aplicável à espécie. Incidência da
Súmula nº 298 do Tribunal Superior do
Trabalho.
Recurso ordinário não provido.

V - AÇÃO RESCISÓRIA. VIOLAÇÃO DO


ARTIGO 5º, INCISO II, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. ARGÜIÇÃO GENÉRICA. O
princípio insculpido no inciso II do
artigo 5º da Constituição da
República não serve de fundamento
para a desconstituição de decisão
judicial transitada em julgado,
quando se apresenta sob a forma de
pedido genérico e desfundamentado,
acompanhando dispositivos legais que
tratam especificamente da matéria
debatida, estes sim, passíveis de
fundamentar a análise do pleito
rescisório (Orientação
Jurisprudencial nº 97 da SBDI-2 do
Tribunal Superior do Trabalho). A
violação de preceito constitucional a
ensejar o corte rescisório deve ser a
direta, e não a meramente reflexa.
Recurso ordinário não provido.

VI -  AÇÃO   RESCISÓRIA.  HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS DEFERIDOS NA DECISÃO
RESCINDENDA. SINDICATO PROFISSIONAL.
SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. VIOLAÇÃO DE
DISPOSITIVO DE LEI. MATÉRIA
CONTROVERTIDA. NÃO CABIMENTO. Segundo
a Súmula nº 83 desta Corte e a nº 343
do Supremo Tribunal Federal, não cabe
ação rescisória, por violação de
preceito legal, se a decisão apontada
como rescindenda estiver baseada em
dispositivo de lei
infraconstitucional de interpretação
controvertida nos Tribunais. É o que
Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.4

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

ocorre na hipótese dos autos, pois o


deferimento ou não de honorários
advocatícios em favor de sindicato
profissional atuando na qualidade de
substituto processual, como o foi no
acórdão rescindendo, gerava
controvérsia em nossos Tribunais
quando da prolação da decisão
rescindenda. Precedentes.
Recurso ordinário não provido.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso   Ordinário   n°  TST­RO­3100­23.2007.5.17.0000,   em   que   é
Recorrente BANCO DO BRASIL S.A. e Recorrido SINDICATO DOS EMPREGADOS
EM ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.

O Eg. TRT da 17ª Região, pelo acórdão de fls.


1677/16/85 e 1703/1707 do sequencial nº 1, admitiu em parte a ação e
julgou a pretensão desconstitutiva improcedente.
O Autor interpõe recurso ordinário (fls. 1711/1751
do sequencial nº 1).
Admitido o apelo pelo despacho de fl. 1757 do
sequencial nº 1.
Contrarrazões às fls. 1763/1777 do sequencial nº
1.

Sem remessa dos autos à Procuradoria Geral do


Trabalho.
Os autos foram a mim redistribuídos em 11/04/2012
(fl. 1797 do sequencial nº 1).
É o relatório.

V O T O

I - CONHECIMENTO.

Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.5

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

No tocante à alegada transação pela desistência


das ações de cumprimento das convenções coletivas dos bancários
firmadas com a FENABAN – Federação Nacional dos Bancos, calcada no
inciso V do artigo 485 do CPC (violação dos artigos 5º, incisos II e
XXXVI, e 7º, incisos VI e XXVI, da Constituição Federal e 267,
inciso VIII, e 269, inciso III, do CPC), o recurso não atende ao
requisito de admissibilidade contido no artigo 514, inciso II, do
CPC, na medida em que não ataca os fundamentos embasadores da
decisão recorrida.
O Tribunal de origem julgou improcedente o pedido
de corte rescisório em relação à transação pela extinção das ações
coletivas, ao fundamento de não ser possível ocorrer violação dos
preceitos de lei indicados pelo Autor porque não houve
pronunciamento na decisão rescindenda sobre tal matéria, nem o
questionamento a respeito. Aplicou, portanto, o teor da Súmula nº
298 do TST. Consignou o seguinte:

"2.3.3. DA TRANSAÇÃO PELA DESISTÊNCIA DAS AÇÕES


COLETIVAS
Data vênia de entendimento contrário, esta matéria não pode ser
examinada neste momento. Ou seja, como se trata de mérito, não se pode
ter o v. acórdão como violador dos dispositivos acercada autonomia
coletiva, pois a matéria não foi tratada no acórdão e nem foi objeto de
questionamento naquele momento.
Pelo exposto, julgo improcedente a presente ação." (fl. 1685
do sequencial nº 1).

No entanto, em suas razões recursais, a parte não


rebate tais fundamentos. Limita-se a reproduzir os mesmos argumentos
contidos na sua petição inicial, no sentido de que a pactuação pela
extinção das referidas ações de cumprimento não deve ser ignorada
pelo Judiciário.
Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.6

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

Em outras palavras, limitou-se a atacar a própria


decisão rescindenda, olvidando-se de impugnar o embasamento do
acórdão ora recorrido. Não teceu um só argumento para rebater o
fundamento deste, acerca da ausência de pronunciamento pela decisão
rescindenda sobre a matéria, fato a inviabilizar o caracterização de
afronta aos preceitos da Constituição Federal e de lei indicados na
inicial a embasar o respectivo pedido de corte rescisório.

Também não houve ataque ao fundamento embasador do


acórdão recorrido quanto ao pedido de corte rescisório amparado em
ofensa à coisa julgada e violação dos artigos 5º, inciso XXXVI, da
Constituição Federal e 6º, § 3º, da LICC pelo enfoque da violação à
coisa julgada relativamente ao tema "DA APLILCAÇÃO DA CONVENÇÃO
COLETIVA DA FENABAN AOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL" (item 4 do
mérito do recurso). Sobre o tema, o TRT da 17ª Região julgou
improcedente o pedido, com base na seguinte fundamentação:

"2.3.2. DA COISA JULGADA


Também não se vislumbra ofensa aos dispositivos apontados pois o v.
acórdão encampou os fundamentos adotados na r. sentença de 1º grau que
por sua vez não reconheceu a representatividade da CONTEC
(Confederação Nacional dos Empregados em Empresas de Crédito) e,
implicitamente, não admitiu a repercussão jurídica do acordo e cláusulas
sociais firmados pelo autor e a CONTEC, bem assim, o v. acórdão
proferido nos autos do DC 215.754.950, em que foi suscitante o autor e
suscitado a CONTEC, a respeito de cláusulas econômicas;
Ademais, ainda que o autor tivesse razão em sua interpretação legal,
não se pode considerar a interpretação dada pelo v. acórdão rescindendo em
manifesta violação à literal disposição de lei. Nem mesmo afronta à coisa
julgada, pois não havia identidade de parte, e o que se defendeu nas
decisões hostilizadas foi a falta de representatividade da CONTEC ou a
prevalência da representatividade da Federação dos Bancários do Rio de
Janeiro e Espírito Santo. O confronto entre norma autônoma de
representantes sindicais divergentes e sentença normativa não induz afronta
à coisa julgada. Se uma dispõe genericamente, a outra estabelece relação
Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.7

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

jurídica em âmbito territorial mais específico. Demais de tudo, não se


vislumbra atentado ou irracionalidade no v. acórdão rescindendo.
Improcedente, portanto." (fls. 1683/1685 do
sequencial nº 1).

Mais uma vez, o Autor, em suas razões de recurso,


não rebate tais fundamentos, limitando-se a transcrever, fielmente,
o teor de sua petição inicial sobre o tema, acerca da existência de
Dissídio Coletivo julgado pelo TST ajuizado pelo Banco do Brasil em
face da CONTEC, disciplinando o mesmo período da convenção firmada
com a FENABAN.
Não rebateu os fundamentos do acórdão recorrido,
no sentido de que não houve ofensa à coisa julgada ante a falta de
identidade de partes.
Portanto, o recurso ordinário não atende ao
requisito de admissibilidade da motivação quanto a tais temas,
conforme entendimento já pacificado no âmbito desta Corte, segundo o
qual os fundamentos de fato e de direito da irresignação devem
guardar afinidade com os da decisão atacada. Nesse sentido é o teor
Súmula nº 422 do Tribunal Superior do Trabalho, verbis:

"RECURSO. APELO QUE NÃO ATACA OS FUNDAMENTOS DA


DECISÃO RECORRIDA. NÃO CONHECIMENTO. ART. 514, II, do
CPC.
Não se conhece de recurso para o TST, pela ausência do requisito de
admissibilidade inscrito no art. 514, II, do CPC, quando as razões do
recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos
em que fora proposta."

Diante do exposto, não conheço do recurso


ordinário apenas quanto à alegada transação pela desistência das
ações de cumprimento das convenções coletivas dos bancários firmadas

Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.8

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

com a FENABAN, bem como no tocante "à aplicação da convenção


coletiva da FENABAN" pelo enfoque da ofensa à coisa julgada, porque
desfundamentado.
O Recorrente assinala, ainda, com a ocorrência de
negativa de prestação jurisdicional pelo Tribunal a quo. Sustenta
que não houve pronunciamento sobre os questionamentos levantados nos
seus embargos de declaração. Aponta violação dos artigos 5º, incisos
XXXV, LIV e LV, e 93, inciso IX, da Constituição Federal, 832 da CLT
e 458 do CPC.
Todavia, em face da devolutividade ampla ínsita ao
recurso ordinário, a teor do art. 515, caput e § 1º, do CPC, incumbe
ao TST apreciar todas as questões nele suscitadas, ainda que não
tenham sido decididas pelo Tribunal de origem.
Dessarte, ainda que algum vício por eventual
negativa de prestação jurisdicional maculasse o acórdão recorrido,
não se haveria falar em nulidade, pois em nada aproveitaria ao
Recorrente, porquanto a matéria é passível de devolução ampla ao
TST, cujo acórdão substituirá a decisão impugnada.
Nesse sentido, cito precedentes desta Eg. SBDI-
2/TST: ROAR-28000-90.2002.5.01.0000, Rel. Ministro Emmanoel Pereira,
DEJT 16/03/12; ROAR-179100-63.2006.5.15.0000, Rel. Ministro Emmanoel
Pereira, DEJT 23/09/11; ROAR-44000-68.2008.5.15.0000, Rel. Min.
Pedro Paulo Manus, DEJT 30/04/10; ROAR-29500-64.2007.5.03.0000, Rel.
Min. Renato de Lacerda Paiva, DEJT 23/04/10 e ROMS-18800-
16.2008.5.13.0000, Rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, DEJT 27/11/09.
Conforme sugestão do Ministro Presidente, acolhida
na sessão de julgamento de 17.04.2012, nos autos dos processos nº
ROAR-1373000-54.2006.5.02.0000 e ROAG-6300-44.2007.5.06.0000, o
apelo não alcança conhecimento quanto ao tema.
Não conheço do recurso ordinário também quanto à
preliminar de nulidade por negativa de prestação jurisdicional.
Também não conheço da matéria posta nas razões de
recurso pertinente à "ilegitimidade ativa do sindicato – violação da
coisa julgada", sob a alegação de que "no Dissídio Coletivo 215.754.950, existe
Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.9

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

decisão inadmitindo o ingresso de 123 Entidades Sindicais, entre elas o Sindicato dos Bancários no
Estado do Espírito Santo, afirmando que a legitimidade é da CONTEC para representar os
funcionários do Banco do Brasil" (fl. 1727 do sequencial nº 1), por se tratar
de inovação recursal. Tal alegação não constou da petição de início.
Presentes os requisitos extrínsecos de
admissibilidade recursal: tempestivo o apelo (fls. 1709 e 1711 do
sequencial nº 1), regular a representação processual (fls. 39/41 do
sequencial nº 1) e recolhidas as custas processuais (fls. 1755 do
sequencial nº 1).
Conheço do recurso ordinário quanto aos demais
temas.

II – MÉRITO.
2.1. AUSÊNCIA DE DOCUMENTO INDISPENSÁVEL PARA O
PROCESSAMENTO DA AÇÃO ORIGINÁRIA.
Trata-se de ação rescisória calcada nos artigos
836 da CLT e 485, inciso V, do CPC, objetivando desconstituir o
acórdão proferido pelo TRT da 17ª Região nos autos da reclamação
trabalhista nº 1368-1997-001-17-00-0 (fls. 957/967, 1009/1015 e
1043/1047 do sequencial nº 1), originária da 1ª Vara do Trabalho de
Vitória, o qual manteve a procedência do pedido formulado na ação de
cumprimento originária e reformou a sentença para julgar procedente
o pedido de honorários advocatícios em favor do então Reclamante.
O Autor alega que o processo matriz deveria ter
sido extinto, sem a resolução do mérito, com base no artigo 267,
inciso IV, do CPC, por lhe faltar pressuposto de constituição e
desenvolvimento válido e regular do processo, em razão da ausência
da convenção coletiva firmada com a FENABAN embasadora do pedido,
nem do acordo coletivo firmado com a CONTEC, tida por prejudicial
aos trabalhadores substituídos judicialmente. Diz o seguinte:

Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.10

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

"13. No entanto, não se encontra entre os diversos documentos


acostados à inicial a referida Convenção em que firmou o pedido, nem o
acordo com a CONTEC, que alega ser prejudicial.
14. Logo, o acórdão Regional quê condena o Banco em aplicar
convenção coletiva da FENABAN em detrimento do acordo com a
CONTEC e o dissídio julgado pelo TST, viola o Art. 787 da CLT, bem
como o Art. 872, parágrafo único do texto celetário, já que não se
encontram nos autos a convenção coletiva que se pretendeu aplicar, para a
qual foi ajuizada ‘ação de cumprimento’. Viola, ainda, os artigos 818 da
CLT, Art. 131 e 333,1, do CPC." (fl. 11 do sequencial nº
1).

Aponta, pois, violação dos artigos 787, 818 e 872,


parágrafo único, da CLT e 131, 333, inciso I, e 267, inciso IV, do
CPC.
O Tribunal de origem julgou improcedente a
pretensão de corte rescisório, por não vislumbrar a alegada violação
de preceito de lei, verbis:

"2.3.1. DA AUSÊNCIA DE CCT NOS AUTOS DA AÇÃO


ORIGINAL
Não se vislumbra aos dispositivos invocados para o amparo da
pretensão autoral neste título. Com efeito, se não foi juntada a CCT objeto
da ação de cumprimento, nem por isso se torna ilegal o processo, a sentença
e o acórdão que a consolidou, pois, ao que tudo indica, não houve
controvérsia sobre os fatos alegados como previstos naquele instrumento,
ou seja, o índice de reajustes pretendido.
Improcede o pleito." (fl. 1683 do sequencial nº 1).

Em suas razões de recurso ordinário o Autor


insiste na ocorrência de afronta aos preceitos de lei indicados na
inicial. Acrescenta, ainda, "o fundamento do acórdão Regional de que a ausência da
Convenção Coletiva nos autos não causou prejuízo, porque não houve controvérsia quanto as matérias
pleiteadas, também não merece prosperar, sendo que na contestação nos autos da RT 1368.1997.001,
Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.11

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

houve impugnação expressa quanto a aplicação da norma, bem como insurgência pelo fato de não ter
sido anexada aos autos, invocando a violação dos Artigos 818, da CLT e 333,1, do CPC" (fl.
1723 do sequencial nº 1).
À análise.
Eis o teor da decisão:

"2.2. DO RECURSO DO RECLAMADO


a) Rejeito a argüição de nulidade do julgado por negativa de prestação
jurisdicional. Bem aponta o douto Ministério Público:
‘Sem razão, cabe às partes expor os fatos de modo a que
se possa saber o que pretendem. Ao juiz compete fazer o devido
enquadramento, trazendo à coleção os dispositivos legais
aplicáveis à espécie. E foi exatamente isso que fez a r. sentença
na hipótese sub judice. Atentou para todos os aspectos do
processo, mas com sua livre convicção dos elementos trazidos
aos autos, fundamentado na aplicação do direito que entendeu
mais adequado no caso. O chamado prequestionamento não
constrange o julgador a rebater todos os questionamentos
trazidos pela parte, sob pena de o processo se transformar em
diálogo entre ela e o juiz. Basta que decida fundamentadamente,
ainda que por um único argumento jurídico.’
b) Rejeito a argüição de litispendência. É do parquet.
‘Insiste o recorrente na existência de litispendência em
virtude de várias ações idênticas, variando apenas os
substituídos.
Quando fundada em reclamação anteriormente ajuizada
pelo sindicato da categoria profissional, como substituto
processual sua caracterização exige comprovação de que os
mesmos substituídos constam das relações individualizadas de
que cuida o inciso V do Enunciado 310/TST.
In casu, o próprio réu reconhece que há outras ações
idênticas com variação somente dos substituídos.’
c) Rejeito a argüição de ilegitimidade ativa ad causam do autor em
face do que dispõe o art. 8º, III, da Lei Maior, sendo certo que os
substituídos foram corretamente listados.
d) Rejeito a argüição de incompetência deste judiciário (art. 114 da
Constituição Federal).
e) Correto o julgado no que tange ao cumprimento da Convenção o
Coletiva de Trabalho 95/96. O julgado, ao enfrentar a controvérsia, fê-lo de

Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.12

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

forma definitiva, nada havendo a acrescer a seus judiciosos fundamentos,


verbis.
‘O deslinde da controvérsia traduz-se na identificação da
norma coletiva aplicável aos empregados da reclamada. O autor
vindica os benefícios conferidos pela Convenção Coletiva
95/96, firmada por um conjunto de confederações, federações e
sindicatos, representativo de ambas categorias.
A reclamada, por sua vez, insiste na validade do Acordo
Coletivo que travou com a Confederação Nacional dos
Trabalhadores nas Empresas de Crédito – CONTEC, que traz
cláusula desobrigando do cumprimento de qualquer outra
norma coletiva.
Consagrado o princípio da liberdade sindical – art. 8º da
CF/88, faz-se fundamental a análise da representatividade da
CONTEC. Vejamos!
Os documentos das fls. 40/43 constituem prova de que o
autor convocou assembleia geral extraordinária para
‘desautorizar expressamente a Contec a representar o Sindicato
nas negociações coletivas ou eventuais dissídios coletivos’,
tema que, no dia 23 de agosto de 1995, foi votado e aprovado.
Na defesa, a reclamada informa que a CONTEC congrega
onze federações de trabalhadores, ‘não estando a ela vinculadas
as federações dos Estados do Rio Grande do Sul, Bahia e Rio de
Janeiro, que representam apenas de 30 a 35% do total’. Será que
vislumbra inexpressividade neste percentual?
Mas, de qualquer forma, a assertiva é válida, pois
confirma a tese autoral: o Sindicato dos empregados em
Estabelecimentos Bancários do Estado do Espírito Santo não
está filiado à CONTEC, pois mantém-se vinculado à Federação
dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados
do Rio de Janeiro e Espírito Santo – vide elementos dos autos.
Além disto, conforme documentos anexados, a reclamada
pertence à base territorial do Sindicato dos Bancos do Estado do
Rio de Janeiro, que abrange o Estado do Espírito Santo, e é um
dos firmatários da Convenção Coletiva evocada.
Assim, forçoso concluir que o Acordo Coletivo sob
exame não pode ser imposto aos substituídos, pois foi assinado
por ente sindical que não os representa.
Confesso o descumprimento da norma coletiva,
durante a vigência da CCT 95/96, devido o pagamento dos
créditos elencados nos itens A, B, C e D do pedido, exceto
para os substituídos cujos contratos de trabalho foram
extintos antes de 1º-09-95, identificação a ser procedida em
liquidação.’

Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.13

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

Tampouco assiste razão à recorrente quando vindica a fls. 430 do


mérito. O acerto coletivo de fls. 431/461 diz respeito ao período 01/09/97 a
31/08/98, posterior, portanto, à norma que se pretende cumprir.
2.3. DO APELO AUTORAL
(...)" (fls. 959/965 do sequencial nº 1).

"2.3 Embargos declaratórios do reclamado


(...)
Eventual error in judicando não autoriza a interposição de embargos
declaratórios face aos estreitos limites do art. 535 do CPC, não estando o
órgão julgador obrigado a enfrentar, um por um, todos os argumentos das
partes. Ao decidir tem que fundamentar e isto foi feito." (fls.
1011/1013 do sequencial nº 1).

"2.1. Os embargos declaratórios são tempestivos.


2.2. Sustenta o embargante, em síntese, persistirem omissões no v.
acórdão regional, cuja decisão anterior, não foi capaz de esclarecê-las.
De início vale lembrar que o chamado ‘prequestioamento’ ensejador
do Recurso de Revista e de Embargos Declaratórios não constrange o
julgador a rebater todos os questionamentos jurídicos trazidos pelas partes,
desde que não deixe de fundamentar o essencial. Assim, mencionar
matérias em que não encontrou satisfação favorável não significa
prequestionar.
A alegação de que relatório da decisão proferida no recurso ordinário
foi elaborado de forma precária (...).
2.3. No que tange ao pleito de deduções em favor da CASSI e
PREVI, (...).
2.4. Contudo, a insurgência manifestada em relação à convenção
coletiva e honorários advocatícios cinge-se apenas à justiça do julgado. As
matérias foram abordadas e o fato da parte não concordar com a tese
adotada não significa que o acórdão tenha sido omisso.
Falece a tentativa do embargante em esmiuçar a decisão alegando
omissões, quando em verdade, introduz fatos novos diversos dos alegados
nos embargos anteriormente interpostos, como se renovada fosse a

Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.14

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

oportunidade de interposição. Qualquer insurgência quanto ao rol


substituídos deveria ter sido manifestada em momento próprio.
No que tange aos honorários advocatícios (...)." (fls.
1143/1147 do sequencial nº 1).

Nota-se que a decisão rescindenda não emitiu


pronunciamento sobre a juntada ou não da convenção coletiva
embasadora do pedido (firmada com a FENABAN) e do acordo firmado com
a CONTEC, uma vez que não abordou tal questão.
Portanto, para se chegar à conclusão sustentada
pelo Recorrente – no sentido de que não foram juntadas tais peças
essenciais nos autos da ação de cumprimento matriz – e,
consequentemente, à caracterização de afronta aos dispositivos de
lei indicados na inicial, seria imprescindível reexaminar o conjunto
probatório daqueles autos.
O procedimento, porém, não é adequado em ação
rescisória calcada no inciso V do artigo 485 do CPC, conforme o
entendimento consubstanciado na Súmula nº 410 do Tribunal Superior
do Trabalho, cujo teor é o seguinte:

"AÇÃO RESCISÓRIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS.


INVIABILIDADE.
A ação rescisória calcada em violação de lei não admite reexame de
fatos e provas do processo que originou a decisão rescindenda."

Diante do exposto, nego provimento ao recurso


ordinário, no aspecto.

2.2. VIOLAÇÃO AO ATO JURÍDICO PERFEITO. INCISO


XXXVI DO ARTIGO 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
O Autor embasa a pretensão de corte rescisório
também em alegada violação do artigo 5º, inciso XXXVI, da
Constituição Federal, ao fundamento de que o acórdão rescindendo
desrespeitou o ato jurídico perfeito ao desconsiderar a aplicação do
acordo coletivo de 1995/1996 celebrado com a CONTEC a fim de
Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.15

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

determinar a incidência da convenção coletiva firmada pela FENABAN,


da qual ele não foi signatário.
O Tribunal de origem julgou improcedente o pedido,
por não vislumbrar a alegada afronta ao preceito constitucional.
Em suas razões de recurso ordinário, o Autor
insiste no desrespeito ao ato jurídico perfeito, renovando os
argumentos expendidos na inicial.
À análise.
O acórdão rescindendo assim se pronunciou quanto à
aplicação da convenção coletiva da FENABAN e não do acordo coletivo
firmado pela CONTEC, verbis:

"e) Correto o julgado no que tange ao cumprimento da Convenção o


Coletiva de Trabalho 95/96. O julgado, ao enfrentar a controvérsia, fê-lo de
forma definitiva, nada havendo a acrescer a seus judiciosos fundamentos,
verbis.
‘O deslinde da controvérsia traduz-se na identificação da
norma coletiva aplicável aos empregados da reclamada. O autor
vindica os benefícios conferidos pela Convenção Coletiva
95/96, firmada por um conjunto de confederações, federações e
sindicatos, representativo de ambas categorias.
A reclamada, por sua vez, insiste na validade do Acordo
Coletivo que travou com a Confederação Nacional dos
Trabalhadores nas Empresas de Crédito – CONTEC, que traz
cláusula desobrigando do cumprimento de qualquer outra
norma coletiva.
Consagrado o princípio da liberdade sindical – art. 8º da
CF/88, faz-se fundamental a análise da representatividade da
CONTEC. Vejamos!
Os documentos das fls. 40/43 constituem prova de que o
autor convocou assembleia geral extraordinária para
‘desautorizar expressamente a Contec a representar o Sindicato
nas negociações coletivas ou eventuais dissídios coletivos’,
tema que, no dia 23 de agosto de 1995, foi votado e aprovado.
Na defesa, a reclamada informa que a CONTEC congrega
onze federações de trabalhadores, ‘não estando a ela vinculadas
as federações dos Estados do Rio Grande do Sul, Bahia e Rio de
Janeiro, que representam apenas de 30 a 35% do total’. Será que
vislumbra inexpressividade neste percentual?
Mas, de qualquer forma, a assertiva é válida, pois
confirma a tese autoral: o Sindicato dos empregados em
Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.16

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

Estabelecimentos Bancários do Estado do Espírito Santo não


está filiado à CONTEC, pois mantém-se vinculado à Federação
dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados
do Rio de Janeiro e Espírito Santo – vide elementos dos autos.
Além disto, conforme documentos anexados, a reclamada
pertence à base territorial do Sindicato dos Bancos do Estado do
Rio de Janeiro, que abrange o Estado do Espírito Santo, e é um
dos firmatários da Convenção Coletiva evocada.
Assim, forçoso concluir que o Acordo Coletivo sob
exame não pode ser imposto aos substituídos, pois foi assinado
por ente sindical que não os representa.
Confesso o descumprimento da norma coletiva,
durante a vigência da CCT 95/96, devido o pagamento dos
créditos elencados nos itens A, B, C e D do pedido, exceto
para os substituídos cujos contratos de trabalho foram
extintos antes de 1º-09-95, identificação a ser procedida em
liquidação.’
Tampouco assiste razão à recorrente quando vindica a fls. 430 do
mérito. O acerto coletivo de fls. 431/461 diz respeito ao período 01/09/97 a
31/08/98, posterior, portanto, à norma que se pretende cumprir." (fls.
961/965 do sequencial nº 1).

A jurisprudência desta Corte é pacífica em


considerar indispensável, para a caracterização de afronta a
preceito de lei como fundamento para o corte rescisório, que a
sentença rescindenda adote, explicitamente, tese sobre o conteúdo da
norma tida por violada e da matéria veiculada na ação rescisória.
Este é o entendimento consubstanciado na Súmula nº 298 do Tribunal
Superior do Trabalho, cujo teor é o seguinte:

"AÇÃO RESCISÓRIA. VIOLAÇÃO DE LEI.


PRONUNCIAMENTO EXPLÍCITO.
I - A conclusão acerca da ocorrência de violação literal a disposição
de lei pressupõe pronunciamento explícito, na sentença rescindenda, sobre a
matéria veiculada.
II - O pronunciamento explícito exigido em ação rescisória diz
respeito à matéria e ao enfoque específico da tese debatida na ação, e não,
necessariamente, ao dispositivo legal tido por violado. Basta que o

Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.17

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

conteúdo da norma reputada violada haja sido abordado na decisão


rescindenda para que se considere preenchido o pressuposto. (...)".

É que o inciso V do artigo 485 do CPC exige a


demonstração de afronta direta a dispositivo legal, cuja
configuração só é possível quando o julgado, tido como violador do
comando normativo, enfrentar diretamente a matéria regulada no
preceito. Assim, não é possível enquadrar, na hipótese da norma de
regência eventual, violação indireta ou implícita de texto de lei.
No caso em exame, o acórdão apontado como
rescindendo não abordou a controvérsia sob o enfoque do ato jurídico
perfeito, mas sim sob a abordagem a representatividade da CONTEC e
da Federação dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo,
afastando-se a daquela e reconhecendo-se a representatividade desta.
Como consequência, não emitiu pronunciamento explícito sobre o ato
jurídico perfeito (artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição
Federal).
Do exposto, nego provimento ao recurso ordinário,
no particular.

2.3. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS


O acórdão rescindendo assim se posicionou sobre o
pedido de honorários advocatícios formulado na ação de cumprimento
matriz, em que o sindicato profissional atuou na qualidade de
substituto processual, verbis:

"2.3. DO APELO AUTORAL


a) Dou provimento ao recurso no tocante aos honorários advocatícios
(15%). A atuação do sindicato profissional também importa em assistência
judiciária nos moldes da Lei 5.584/70, que faz presumir a miserabilidade
jurídica dos beneficiados." (fl. 965 do sequencial nº 1).

O Autor alega violação dos artigos 5º, inciso II,


da Constituição Federal, 14, § 1º, da Lei nº 5.584/1970 e 2º da Lei

Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.18

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

nº 1.060/1950, além de contrariedade ao item VIII da Súmula nº 310


do TST. Aduz o seguinte:

"39. Verifica-se que o reclamante é o próprio Sindicato, entidade que,


embora sem fins lucrativos, aufere receita oriunda da Contribuição de toda
uma categoria. De tal modo, não foram atendidos os requisitos do artigo 14
da Lei nº 5.584 e da Lei n0 1.060/50,
40. Os substituídos como funcionários do Banco do Brasil recebem
salário em muito superior ao dobro do mínimo legal, enquanto que os
associados do SEEB-ES contribuem com uma mensalidade equivamente
(sic) a 1% dos salários recebidos, pelo que não tem nenhuma razão a
condenação em honorários advocatícios.
41. O pedido é contrário, ainda, ao Enunciado 310, item VIII, do Ç.
TST, que foi cancelado, mas que adota fielmente o posicionamento que
continua sendo adotado pelo TST:
(...)
42. Na justiça do trabalho a condenação em honorários advocatícios
não decorre da sucumbência, sendo as condições reguladas pelas Leis
1.060/50 e 5.584/70." (fls. 15/21 do sequencial nº 1).

O Tribunal a quo não admitiu a ação rescisória no


tocante aos honorários advocatícios, por aplicação do óbice das
Súmulas 83 do TST e 343 do STF.
O Recorrente insiste na procedência do pedido,
renovando os argumentos expendidos na inicial. Acrescenta ser
cabível a ação rescisória, por não se tratar de matéria
controvertida.
À análise.
Inicialmente, a hipótese prevista no inciso V do
artigo 485 do CPC não contempla o cabimento de ação rescisória por
violação ou contrariedade a Súmula, uma vez que ela não se enquadra
no vocábulo "lei" inserido na norma de regência, o qual se volta aos
comandos normativos originados por meio do procedimento legislativo
previsto constitucionalmente. Nesse sentido o teor da Orientação
Jurisprudencial nº 25 da SBDI-2, verbis:
Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.19

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

"AÇÃO RESCISÓRIA. EXPRESSÃO ‘LEI’ DO ART. 485, V, DO


CPC. NÃO INCLUSÃO DO ACT, CCT, PORTARIA, REGULAMENTO,
SÚMULA E ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DE TRIBUNAL.
Não procede pedido de rescisão fundado no art. 485, V, do CPC
quando se aponta contrariedade à norma de convenção coletiva de trabalho,
acordo coletivo de trabalho, portaria do Poder Executivo, regulamento de
empresa e súmula ou orientação jurisprudencial de tribunal."

Já quanto ao princípio da legalidade contido no


inciso II do artigo 5º da Constituição Federal, o simples fato de a
parte ser vencida no processo a que se refere a presente ação
rescisória não implica afronta direta ao preceito constitucional
suscitado, porque a caracterização da violação decorreria da
interpretação de normas infraconstitucionais que regem a matéria –
como inclusive coloca o Autor ao fundamentar a pretensão rescisória
nos demais preceitos de lei indicados na inicial.
No entanto, apenas a violação direta de preceito
legal ou constitucional dá ensejo ao corte rescisório fundamentado
no inciso V do artigo 485 do CPC, na forma já exposta.
Nesse sentido a jurisprudência pacífica desta
Corte, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 97 da SBDI-2,
cujo teor é o seguinte:

"AÇÃO RESCISÓRIA. VIOLAÇÃO DO ART. 5º, II, LIV E LV, DA


CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE, DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL, DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA
DEFESA .
Os princípios da legalidade, do devido processo legal, do
contraditório e da ampla defesa não servem de fundamento para a
desconstituição de decisão judicial transitada em julgado, quando se
apresentam sob a forma de pedido genérico e desfundamentado,
acompanhando dispositivos legais que tratam especificamente da matéria
debatida, estes sim, passíveis de fundamentarem a análise do pleito
rescisório."
Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.20

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

Sobeja, pois, o exame da alegada violação dos


preceitos de lei ordinária suscitados pela parte.
A matéria relativa ao deferimento de honorários
advocatícios ao sindicato profissional que atua na qualidade de
substituto processual da categoria gerava controvérsias em nossos
Tribunais na data de prolação da decisão rescindenda (18/03/1999 -
fl. 967 do sequencial nº 1) e também do acórdão ora recorrido
(03/09/2008 – fl. 1685 do sequencial nº 1).
Veja-se que a Súmula nº 220 do TST, favorável à
tese pelo deferimento da parcela, foi cancelada pela Resolução nº
55/1996, enquanto a Súmula nº 310, item VIII, em sentido contrário,
foi cancelada pela Resolução nº 119/2003 e, apenas maio de 2011 foi
acrescentado o item III à Súmula 219 desta Corte pacificando o tema,
inclusive em sentido contrário à pretensão do Recorrente (item II da
Súmula nº 83).
O fato atrai a incidência do óbice previsto no
item I da Súmula nº 83 do TST e na Súmula nº 343 do STF, consoante
os quais, não cabe ação rescisória fundamentada em violação de lei
quando a decisão rescindenda estiver baseada em dispositivo de lei
infraconstitucional de interpretação controvertida nos Tribunais.
Logo, não prospera o corte rescisório fundado em violação de
preceito de lei ordinária.
Saliente-se que a ação rescisória não serve para
corrigir provável injustiça existente na decisão impugnada, nem como
sucedâneo de recurso, limitando-se o seu sucesso ao adequado
enquadramento nas restritas hipóteses constantes no artigo 485 do
CPC.
No mesmo sentido os seguintes precedentes desta
SBDI-2:

"[...]
5. AÇÃO RESCISÓRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
DEFERIDOS NA DECISÃO RESCINDENDA. SINDICATO.

Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.21

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. VIOLAÇÃO DE DISPOSITIVO


DE LEI. MATÉRIA CONTROVERTIDA. NÃO CABIMENTO.
Segundo a Súmula nº 83 desta Corte e a nº 343 do Supremo Tribunal
Federal, não cabe ação rescisória, por violação de preceito legal, se a
decisão apontada como rescindenda estiver baseada em dispositivo de lei
infraconstitucional de interpretação controvertida nos Tribunais. É o que
ocorre na hipótese dos autos, pois o deferimento ou não de honorários
advocatícios em favor de sindicato profissional atuando na qualidade de
substituto processual, como o foi no acórdão rescindendo, ainda gera
controvérsia em nossos Tribunais. Precedentes.
Recurso ordinário não provido." (TST-RXOF e ROAR-
34800-85.2005.5.17.0000, Rel. Ministro Emmanoel
Pereira, DEJT 19/04/2011).

"HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (DECISÃO RESCINDENDA).


SINDICATO ATUANDO COMO SUBSTITUTO PROCESSUAL.
OFENSA AO ART. 14 DA LEI Nº 5.584/70. SÚMULA Nº 83/TST. I –
Inviável a rescisão do julgado pela alegada violação ao art. 14 da Lei nº
5.584/70, ante o óbice do item I da Súmula nº 83 do TST. II - Isso porque,
mesmo após o cancelamento da Súmula nº 310 do TST, a matéria referente
ao deferimento de honorários advocatícios quando o autor da ação é o
sindicato na condição de substituto processual, não está pacificada, pois
ainda comporta decisões conflitantes no âmbito nesta Corte" (TST-
ROAR-5556/2005-000-07-00.7, Rel. Ministro Barros
Levenhagen, DJU 03/08/2007).

"HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – SINDICATO -


SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL - VIOLAÇÃO DE LEI – DUPLO
FUNDAMENTO E MATÉRIA CONTROVERTIDA. No processo
rescindendo, a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios
decorreu da sucumbência da Reclamada, do princípio da ampla defesa e
pelo fato de o autor da Reclamação Trabalhista estar assistido por
advogado. O não-enfrentamento pela Autora de todos os fundamentos
adotados no acórdão rescindendo, de pronto, já impossibilita o acolhimento
do pleito rescisório, conforme entendimento jurisprudencial sedimentado na
Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.22

PROCESSO Nº TST-RO-3100-23.2007.5.17.0000

OJ 112 da SBDI-2. Além disso, o pedido de corte rescisório fundado no


inciso V do art. 485 do Código de Processo Civil, sob a alegação de ofensa
a preceitos infraconstitucionais, esbarra no óbice da Súmula 83 do TST, eis
que a questão atinente à concessão de honorários advocatícios quando o
autor da ação é o sindicato na condição de substituto processual ainda gera
muita controvérsia nos Tribunais (item I da Súmula 83 do TST)" (TST-
ROAR-160005/2005-900-01-00.2, Rel. Ministro José
Simpliciano Fontes de F. Fernandes, DJU
24/03/2006).

Ante o exposto, nego provimento ao recurso


ordinário, quanto ao tema.

ISTO POSTO

ACORDAM  os Ministros da Subseção II Especializada
em   Dissídios   Individuais   do   Tribunal   Superior   do   Trabalho,  por
unanimidade, conhecer parcialmente do recurso ordinário e, no
mérito, negar-lhe provimento.
Brasília, 04 de dezembro de 2012.

Firmado por assinatura digital (Lei nº 11.419/2006)


EMMANOEL PEREIRA
Ministro Relator

Firmado por assinatura digital em 04/12/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Você também pode gostar