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Capítulo 5

Morfologia

Morfologia é a parte da gramática que estuda a forma dos vocábulos.


Mas como as palavras se formam? São constituídas de quê? Sofrem processos, mudanças?
Dividem-se em grupos, classes? Todas essas perguntas serão respondidas a contento! Antes
disso, porém, saiba que há uma diferença entre vocábulo e palavra.
Nem todo vocábulo é uma palavra, mas toda palavra é um vocábulo. Hã? Relaxa! Partindo
do princípio que, por definição, palavra é a “unidade da língua que, na fala ou na escrita, tem
significação própria e existência isolada”, só podemos dizer que palavra é uma palavra, se
ela puder ser usada neste contexto, por exemplo:
- \ócê vive em que país?
- Brasil.
Brasil é, portanto, uma palavra, pois “tem significação própria e existência isolada”.
Continuando o diálogo:
- \ócê gosta de lá?
- Muito.
Muito é, portanto, uma palavra, pois “tem significação própria e existência isolada”.
A maioria dos linguistas concorda que vocábulo e palavra são conceitos próximos, mas a
diferença é que a palavra “tem significação própria e existência isolada”. Isso significa que o
vocábulo não tem? Não é bem assim. Como eu disse antes, toda palavra é um vocábulo, logo
alguns vocábulos são chamados de palavras quando “têm significação própria e existência

isolada”. E quando o vocábulo não tem significação própria e existência isolada”? Aí
dizemos que não são palavras, mas sim apenas vocábulos. Semiparafraseando o eminente
linguista brasileiro Joaquim Mattoso Câmara Jr., há três formas de vocábulos: livres,
dependentes e presas (esta última também chamada de “não vocábulo”).
A primeira tem autonomia semântica, ou seja, pode ser empregada isoladamente, pois
estabelece comunicação (formas livres: substantivo, adjetivo, verbo, alguns advérbios e
r

numerais). As formas livres constituem palavras. E neste caso que vocábulo e palavra se
equivalem.
\ócábulos átonos normalmente dependem de formas livres, pois não estabelecem
comunicação sozinhos, são dependentes (formas dependentes: artigo, conjunção, preposição,
pronomes átonos). Exemplo: “O homem e a mulher do jornal vieram me entrevistar”.
Há, por último, as formas que aparecem fixas a um vocábulo, pois não existem
isoladamente em enunciados (formas presas: afixos, radical, desinências, vogal temática).
Exemplo: in/constitu/cion/al/issim/a/mente
Para entendermos bem o que é morfologia, portanto, precisamos entender...

Como as palavras se formam?


Normalmente, as palavras se formam a partir da combinação de formas presas, já vistas.

Elas são constituídas de quê?


Normalmente, elas são constituídas de mais de um morfema (partes que a compõem, como
prefixo, sufixo, radical, desinências, vogal temática, vogal ou consoante de ligação).

Obs.: Veremos tudo isso em detalhes no capítulo seguinte. Não se desespere caso não se
lembre deste ou daquele nome ou conceito, ok? Farei questão de reiterá-los, quando
necessário.

Elas sofrem processos, mudanças?


Sim, elas sofrem vários processos. Uma palavra pode se transformar em várias palavras,
desde que acumulemos formas presas a elas: governo, governante, governamental,
governabilidade, ingovernável, desgovernado, antigovernista, pseudogovernador etc. Além
disso, muitas palavras podem mudar de forma para indicar o sexo do ser ou a ideia de
quantidade; exemplo: garoto, garota, garotos, garotas. Safo?

Elas se dividem em grupos, classes?


Sim, as palavras se dividem em tradicionais dez grupos: substantivo, adjetivo, artigo,
numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. Ainda há as
palavras denotativas, que são postas à parte. Essas classes de palavras só existem porque
muitas palavras têm semelhanças morfológicas. Por exemplo, gato, cachorro e lobo mudam de
forma em gênero (gata, cachorra e loba) e número (gatos/gatas, cachorros/cachorras e
lobos/lobas). Percebe que, morfologicamente, ou seja, do ponto de vista da forma, tais
palavras variam? Então elas têm uma semelhança, certo? Por isso são enquadradas em um
grupo, em uma classe. Nesse caso, os substantivos!
Sendo assim, de maneira didática, podemos dizer que a morfologia trata da estrutura das
palavras, do processo de formação das palavras e das classes de palavras.
Muitos têm dificuldade em diferenciar análise morfológica de análise sintática. São dois
conceitos bem diferentes. Se você tem dificuldade, é a hora de fazer a diferença aí na sua
cabeça! Quando o enunciado é construído com as seguintes expressões: “analise
morfologicamente”, “quanto à morfologia”, “do ponto de vista morfológico”, o que ele deseja
é que você analise a palavra gramaticalmente, ou seja, aponte a classe gramatical (ou classes
de palavras). Exemplo:
1) Caramba! 2) Os 3) meus 4) cinco 5) sensacionais 6) professores 7) vieram 8) do RJ 9)
e palestraram 10) aqui.
1) Interjeição / 2) Artigo / 3) Pronome / 4) Numeral / 5) Adjetivo / 6) Substantivo / 7)
Verbo / 8) Preposição / 9) Conjunção / 10) Advérbio
Pronto. Essa é uma análise gramatical, e não sintática.
É bom dizer que algumas classes gramaticais (substantivo, adjetivo, artigo, pronome,
numeral e verbo) são precipuamente variáveis, porque mudam de forma (singular, plural,
masculino, feminino etc.). Já outras (advérbio, preposição, conjunção e interjeição) são
precipuamente invariáveis, porque não mudam de forma.
Quando a banca deseja que você saiba as partes que compõem a palavra ou como a palavra
se formou, ela trabalha diretamente no enunciado assim: “Qual é a análise mórfica...” ou
“Qual é o processo de formação das palavras?”, ou algo bem parecido. Ok?

Obs.: Há muito mais a dizer. Só quero lembrar-lhe algo crucial: A Gramática tem o
abusado objetivo de não deixar ninguém desamparado, por isso falo muito quando
acho que devo falar, mas o maior termômetro daquilo que você realmente deve estudar
são as questões da banca que irá elaborar seu concurso, por isso nada de ficar
arrancando os cabelos. Aliás, a cada fim de capítulo eu friso o que mais cai na prova”!
Por conseguinte, não fique decorando tudo que nem um maluco! Beleza?

No próximo capítulo, muito será falado, mas você só vai realmente se aprofundar se tiver
de fazer uma prova muito “cabeluda” ou quiser saber mais; caso contrário, siga somente
aqueles passos que eu dou sobre o que você deve estudar, em “O que cai mais na prova?”.
Chega de papo! Vamos nessa!

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