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Superior Tribunal de Justiça

AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 610.316 - RJ (2014/0289912-5)

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES


AGRAVANTE : FLAVIA GOES MONTEIRO ROMERO DE BARROS
ADVOGADOS : BRUNO CALFAT
JOÃO ZACHARIAS DE SÁ E OUTRO(S)
AGRAVADO : ESTADO DO RIO DE JANEIRO
AGRAVADO : FUNDAÇÃO CENTRO ESTADUAL DE ESTATÍSTICAS
PESQUISAS E FORMAÇÃO DE SERVIDORES PÚBLICOS DO
RIO DE JANEIRO
PROCURADOR : ALICE VORONOFF E OUTRO(S)
EMENTA
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL
NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONCURSO PÚBLICO.
ELIMINAÇÃO. CANDIDATO. PROVAS DISSERTATIVAS. MEDIDA
LIMINAR. PROSSEGUIMENTO. CERTAME. ANULAÇÃO. ATO.
FALTA. MOTIVAÇÃO. APLICAÇÃO. TEORIA. FATO CONSUMADO.
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL INADEQUADA. VERIFICAÇÃO.
VIOLAÇÃO. ART. 535 DO CPC.
1. Verificado não haver a origem se debruçado sobre determinada tese
imprescindível ao correto deslinde da causa, embora tenha sido oportunamente
instada a fazê-lo, configurada está a inobservância ao dever de prestação
jurisdicional e a violação ao art. 535 do CPC.
2. No caso concreto, aplicada a teoria do fato consumado para justificar a aprovação
e a nomeação de concorrente reprovada em dois exames distintos, mas anulada essa
reprovação por suposta falta de motivação do ato administrativo, o que, segundo a
administração pública local, deveria induzir apenas a edição de outro ato com a
motivação pertinente e não simplesmente a aprovação automática da candidata.
3. Agravo regimental não provido.

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade
dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte resultado de julgamento:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do
voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."
A Sra. Ministra Assusete Magalhães, os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman
Benjamin e Og Fernandes votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques.
Brasília (DF), 04 de dezembro de 2014.

MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES , Relator

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AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 610.316 - RJ (2014/0289912-5)

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES


AGRAVANTE : FLAVIA GOES MONTEIRO ROMERO DE BARROS
ADVOGADOS : BRUNO CALFAT
JOÃO ZACHARIAS DE SÁ E OUTRO(S)
AGRAVADO : ESTADO DO RIO DE JANEIRO
AGRAVADO : FUNDAÇÃO CENTRO ESTADUAL DE ESTATÍSTICAS
PESQUISAS E FORMAÇÃO DE SERVIDORES PÚBLICOS DO
RIO DE JANEIRO
PROCURADOR : ALICE VORONOFF E OUTRO(S)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator):


Flávia Goes Monteiro Romero de Barros interpôs agravo regimental contra a decisão
monocrática assim ementada:
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. CONCURSO PÚBLICO. ELIMINAÇÃO. CANDIDATO. PROVAS
DISSERTATIVAS. MEDIDA LIMINAR. PROSSEGUIMENTO. CERTAME.
ANULAÇÃO. ATO. FALTA. MOTIVAÇÃO. APLICAÇÃO. TEORIA. FATO
CONSUMADO. PRESTAÇÃO JURISDICIONAL INADEQUADA.
VERIFICAÇÃO. VIOLAÇÃO. ART. 535 DO CPC. AGRAVO CONHECIDO
PARA DAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL.

Defende, em síntese, não ter ocorrido a violação ao art. 535 do CPC, mas o efetivo
enfrentamento das teses necessárias à resolução da controvérsia, sendo descabida a anulação do
acórdão apenas porque nem todos os argumentos manejados pelo Estado do Rio de Janeiro
foram interpretados ou acolhidos.

É o relatório.

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EMENTA
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL
NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONCURSO PÚBLICO.
ELIMINAÇÃO. CANDIDATO. PROVAS DISSERTATIVAS. MEDIDA
LIMINAR. PROSSEGUIMENTO. CERTAME. ANULAÇÃO. ATO.
FALTA. MOTIVAÇÃO. APLICAÇÃO. TEORIA. FATO CONSUMADO.
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL INADEQUADA. VERIFICAÇÃO.
VIOLAÇÃO. ART. 535 DO CPC.
1. Verificado não haver a origem se debruçado sobre determinada tese
imprescindível ao correto deslinde da causa, embora tenha sido oportunamente
instada a fazê-lo, configurada está a inobservância ao dever de prestação
jurisdicional e a violação ao art. 535 do CPC.
2. No caso concreto, aplicada a teoria do fato consumado para justificar a aprovação
e a nomeação de concorrente reprovada em dois exames distintos, mas anulada essa
reprovação por suposta falta de motivação do ato administrativo, o que, segundo a
administração pública local, deveria induzir apenas a edição de outro ato com a
motivação pertinente e não simplesmente a aprovação automática da candidata.
3. Agravo regimental não provido.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator): O


agravo regimental não socorre a pretensão de reconsideração ou de reforma do julgado
monocrático.

Originalmente, tem-se agravo manejado pelo Estado do Rio de Janeiro e pela CEPERJ -
Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio
de Janeiro contra a decisão denegatória de seguimento ao recuso especial interposto por ambos
com fundamento no art. 105, inciso III, alínea "a", da Constituição da República, contra o acórdão
prolatado pelo Eg. Tribunal de Justiça fluminense, assim ementado:
APELAÇÃO CÍVEL. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. XI
CONCURSO PÚBLICO PARA A CLASSE INICIAL DE DELEGADO DE
POLÍCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. REPROVAÇÃO DA AUTORA
NA PROVA DE DIREITO CONSTITUCIONAL. PEDIDO DE REVISÃO.
DECISÃO DA BANCA EXAMINADORA COM INSUFICIENTE MOTIVAÇÃO.
ATO VINCULADO. LIMINAR DEFERIDA NO PRIMEIRO GRAU DE
JURISDIÇÃO QUE GARANTIU À AUTORA O DIREITO DE CONTINUAR
PARTICIPANDO DAS DEMAIS FASES DO CONCURSO, E DETERMINOU À
RÉ QUE NO CASO DE APROVAÇÃO FINAL DA AUTORA FOSSE ESTA
NOMEADA E EMPOSSADA. DECISÃO EM SEDE DE AGRAVO DE
INSTRUMENTO, EM QUE ESTE RELATOR DETERMINOU A EXPEDIÇÃO
DE OFÍCIO À CHEFIA DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO RIO DE

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JANEIRO, A FIM DE QUE À AUTORA FOSSE CONFERIDO O EFETIVO
EXERCÍCIO DO CARGO DE DELEGADO DE POLÍCIA DE 3ª CLASSE,
RELATIVO AO CERTAME EM QUESTÃO. SENTENÇA QUE JULGOU
IMPROCEDENTE O PEDIDO FORMULADO PELA AUTORA NA INICIAL.
APELAÇÃO CÍVEL. DECISÃO MONOCRÁTICA PROVENDO O RECURSO,
REFORMANDO A SENTENÇA PARA CONFIRMAR O JULGAMENTO NO
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0066474-02.2010.8.19.0000, A FIM DE
CONFERIR À APELANTE A INVESTIDURA, O EXERCÍCIO E A POSSE NO
CARGO DE DELEGADO DE POLÍCIA DE 3ª CLASSE, RELATIVO AO
CERTAME EM QUESTÃO, RECONHECENDO A DEFICIÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO DA BANCA EXAMINADORA E APLICANDO A TEORIA
DO FATO CONSUMADO.
AGRAVO PREVISTO NO §1º DO ART.557 CPC ONDE SE ALEGA A
IMPOSSIBILIDADE DE PROVIMENTO MONOCRÁTICO DO RECURSO NA
ESPÉCIE E A SUFICIÊNCIA DA FUNDAMENTAÇÃO DA BANCA
EXAMINADORA ACERCA DO PEDIDO DE REVISÃO DE PROVA DA
CANDIDATA.
DECISÃO MONOCRÁTICA AMPARADA EM JURISPRUDÊNCIA
DOMINANTE DE TRIBUNAL SUPERIOR, INCIDÊNCIA DO ART.557, § 1º-A,
CPC. DECISÃO QUE SE MANTÉM. . DESPROVIMENTO DO AGRAVO DO
ART. 557, § 1º, DO CPC.

Alegavam os ora agravados a violação ao art. 535 do CPC, arguindo, quanto ao mérito,
a vulneração aos arts. 295, parágrafo único, inciso II, e 468, do CPC.

Ao examinar o petitório, pareceu-me impositivo o reconhecimento da preliminar.

Isso porque a controvérsia era relativa a concurso público para o cargo de delegado da
Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, a agravante tendo sido eliminada na prova discursiva
sobre direito constitucional e, ainda, alegadamente na prova de medicina legal.

A questão é que obteve medida liminar para prosseguir às demais fases do certame e, à
conta disso, parece ter sido aprovada, mas o magistrado de primeiro grau indeferiu alfim a sua
pretensão porque não cumpria ao Poder Judiciário imiscuir-se no mérito do ato administrativo.

O Tribunal a quo, no entanto, alterou esse resultado processual para anular o ato de
reprovação da agravante porque aventadamente desprovido de motivação, a partir disso
confirmando não apenas a sua aprovação, mas também a nomeação e a incorporação na
carreira em razão da teoria do fato consumado .

Ocorre que o Estado do Rio de Janeiro e a CEPERJ oportunamente alegaram, dentre


outros pontos, que apenas a anulação do ato administrativo de reprovação da agravada não

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garantiria automaticamente a sua aprovação no concurso ou a isentava da submissão a todas as
etapas do certame, mas tão-somente a necessidade de elaboração de outros atos, desta feita com
a motivação adequada, isso parecendo pertinente e merecedor de exame pela origem, visto que
pode alterar o resultado processual da demanda

A ausência de exame da tese e da interpretação desses fatos rendia ensejo à violação


ao art. 535 do CPC: REsp 1.280.943/SP (Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Terceira
Turma, julgado em 20/08/2013, DJe 29/08/2013), AgRg no AgRg no AREsp 247.364/PR (Rel.
Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, julgado em 07/05/2013, DJe 13/05/2013), REsp
726.934/RJ (Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 16/06/2009,
DJe 01/07/2009), REsp 955.558/SP (Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em
04/09/2007, DJ 18/09/2007, p. 295), AgRg no REsp 802.358/AM (Rel. Ministro Francisco
Falcão, Primeira Turma, julgado em 26/09/2006, DJ 26/10/2006, p. 238) e REsp 437.191/SP
(Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 04/04/2006, DJ 08/05/2006, p. 267).

Diante disso tudo, era de ordem reconhecer violado o art. 535 do CPC e anular ipso
facto o acórdão da origem.

Neste agravo regimental, a recorrente busca afastar essa premissa afirmando que
outros fundamentos foram levados em consideração para a lavratura do acórdão e que esses por
si só eram suficientes para a resolução da controvérsia, isso não me parecendo, contudo, capaz
de infirmar a imprescindibilidade aludida anteriormente porque, como dito, tem aptidão de alterar
o resultado da demanda.

Dessa feita, nego provimento ao agravo regimental. É o voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA

AgRg no
Número Registro: 2014/0289912-5 AREsp 610.316 / RJ

Números Origem: 00015097920108190001 15097920108190001 15097920108190011 201424559894

PAUTA: 04/12/2014 JULGADO: 04/12/2014

Relator
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSÉ ELAERES MARQUES TEIXEIRA
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : ESTADO DO RIO DE JANEIRO
AGRAVANTE : FUNDAÇÃO CENTRO ESTADUAL DE ESTATÍSTICAS PESQUISAS E
FORMAÇÃO DE SERVIDORES PÚBLICOS DO RIO DE JANEIRO
PROCURADOR : ALICE VORONOFF E OUTRO(S)
AGRAVADO : FLAVIA GOES MONTEIRO ROMERO DE BARROS
ADVOGADOS : BRUNO CALFAT
JOÃO ZACHARIAS DE SÁ E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Concurso


Público / Edital

AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : FLAVIA GOES MONTEIRO ROMERO DE BARROS
ADVOGADOS : BRUNO CALFAT
JOÃO ZACHARIAS DE SÁ E OUTRO(S)
AGRAVADO : ESTADO DO RIO DE JANEIRO
AGRAVADO : FUNDAÇÃO CENTRO ESTADUAL DE ESTATÍSTICAS PESQUISAS E
FORMAÇÃO DE SERVIDORES PÚBLICOS DO RIO DE JANEIRO
PROCURADOR : ALICE VORONOFF E OUTRO(S)

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do
voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."
A Sra. Ministra Assusete Magalhães, os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman
Benjamin e Og Fernandes votaram com o Sr. Ministro Relator.
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