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CAPOEIRA

A INTERSECÇÃO ENTRE OS PRINCÍPIOS


FILOSÓFICOS DINAMIZADORES DAS
RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS E
AFRO-BRASILEIRAS PRESENTES NA
CAPOEIRA
Revista de Humanidades e Letras _____________________________________
ISSN: 2359-2354 RESUMO
Vol. 4 | Nº. 2 | Ano 2018 A fé e o sagrado, presentes no corpo que antes era livre e foi pre-
so e acorrentado, permitiram o romper desses grilhões, transfor-
mando a senzala em um caldeirão cultural e religioso em grande
ebulição. Nesse cenário, apontamos como objetivo central desse
ensaio, identificar a intersecção entre os princípios dinamizadores
Linconly Jesus Alencar presentes nas religiões de matrizes africanas e na capoeira, uma
Pereira manifestação cultural eminentemente brasileira. Sistematizamos
o texto a partir das nossas pesquisas e vivências religiosas, em
primeiro momento, uma sistematização cronológica do movimen-
to da diáspora dos/das escravizados/as, sua luta e resistência nas
senzalas, o sincretismo como estratégia de sobrevivência, a estru-
turação do Candomblé e da Umbanda, no segundo momento,
apresenta os princípios filosóficos dinamizadores das manifesta-
ções, ancestralidade, circularidade, oralidade e alacridade.
PALAVRAS-CHAVES: Corpo; Princípios Filosóficos; Capoeira.

___________________________________
ABSTRACT
The faith and the sacred, present in the body that was previously
free and was arrested and chained, allowed the breaking of these
fetters, transforming the senzala into a boiling cultural and reli-
gious cauldron. In this scenario, we point out as the central objec-
tive of this essay, to identify the intersection between the dy-
namizing principles present in the religions of African matrices
and in capoeira, an eminently Brazilian cultural manifestation.We
systematize the text of our research and religious experiences, in
a first moment, a chronological systematization of the enslaved
Site/Contato diaspora movement, its struggle and resistance in slaves' districts,
www.capoeirahumanidadeseletras.com.br syncretism as strategy of survival. The structuring of candomblé
capoeira.revista@gmail.com and umbanda in the second moment, presents the philosophical
Editores
Marcos Carvalho Lopes principles dynamizing the manifestations, ancestrality, circularity,
marcosclopes@unilab.edu.br orality and vivacity.
Pedro Acosta-Leyva KEYWORDS: Body; Philosophical Principles; Capoeira.
leyva@unilab.edu.br
.
Linconly Jesus Alencar Pereira Silva

A INTERSECÇÃO ENTRE OS PRINCÍPIOS


FILOSÓFICOS DINAMIZADORES DAS RELIGIÕES DE
MATRIZES AFRICANAS E AFRO-BRASILEIRAS
PRESENTES NA CAPOEIRA

Linconly Jesus Alencar Pereira1

INTRODUÇÃO

O movimento de pesquisas, vivências2 e de reflexões que nos trouxe a escrita desse en-
saio, nos foi dado por Exu, aquele que antes de tudo e de todas as outras divindades, abre as nos-
sas estradas da vida, estamos falando do Orixá das encruzilhadas, senhor dono dos desejos, o
comunicador entre o Orun (plano espiritual) e Aiye (plano físico em que habitamos). Pedimos
licença ao sagrado, por adentrarmos nesses caminhos que nos fazem traçar como objetivo central
desse trabalho, identificar a intersecção entre os princípios dinamizadores presentes nas religiões
de matrizes africanas e na capoeira, uma manifestação cultural eminentemente brasileira, mas
que nos apresenta dispositivos estéticos em suas performances estruturados por aqueles que an-
tes de nós lutaram e resistiram.
A diáspora africana foi um fenômeno histórico e social caracterizado pela imigração for-
çada de homens e mulheres do continente africano para outras regiões do mundo. Esse processo
foi marcado pelo grande fluxo de populações africanas enviadas através do Oceano Atlântico e
embarcadas para as Américas e o Caribe, em que o rapto e morte de pessoas, o extermínio, a
destruição das culturas e tradições, tinham como principal propósito a tentativa de aniquilar a
identidade dos diversos grupos étnicos, promovendo um grande epistemicídio. Segundo Verger
(2002, p.27), o tráfico de escravizados em África e trazidos para o Brasil foi dividido em quatro
grandes ciclos: os primeiros a chegar foram os Guineenses, durante a segunda metade do século

1
Professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira. Possui graduação em
Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (2003), em Licenciatura em Física pela Universidade Federal
do Ceará (2006), mestrado em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará (2012) e doutorado em
Educação pela Universidade Federal da Paraíba (2018).Email: linconly@unilab.edu.br
2
O autor do texto é Babalorixá (pai-de-santo), iniciado no Candomblé Ketu e preside o Ile Axé Oba Oladeji - a Casa
do Rei que veio para multiplicar a riqueza.

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XVI, no segundo momento foram os Angolas e de Congo no século XVII, no terceiro ciclo, du-
rante os três primeiros quartos do século XVIII, foram os da Costa da Mina e finalizando com o
ciclo da Baía do Benin entre 1770 e 1850, estando incluído o período do tráfico clandestino.
O processo de devastação dos saberes, conhecimentos e tradições era desenvolvido com
o intuito de promover o extermínio das identidades culturais africanas. O documentário Atlânti-
co Negro na rota do Orixás3 (1998), nos possibilitou compreender de forma mais evidente esse
processo, quando exemplifica que durante o tráfico dos escravizados, na cidade de Uida, no Gol-
fo do Benin, depois de percorrerem cinco quilômetros, os homens eram obrigados a dar nove
voltas ao redor da árvore do esquecimento e as mulheres sete, antes de serem embarcados nos
navios negreiros. Depois disso supunha-se que os escravizados perdiam a memória, esqueciam
seu passado e suas origens, transformando-se em seres sem alma, sem nenhuma vontade de rea-
gir ou se rebelar. Diante desse cenário de barbárie, o corpo tornou-se o único receptáculo sagra-
do do conhecimento, dos saberes e tradições, em que homens e mulheres que sobreviveram à
travessia do Atlântico.
As populações africanas foram escravizadas e trazidas de acordo com esse plano nefasto,
sendo vendidos/as nos portos da costa brasileira e direcionados para as atividades em áreas espe-
cíficas para a produção das fazendas agrícolas e na maioria das vezes, sendo isoladas dos seus
grupos étnicos. Trouxeram técnicas e tecnologias do cultivo da agricultura tropical, mineração,
arquitetura, matemática, medicina popular, astronomia, metalurgia, artesanatos, dentre outros
que eram extremamente necessários para potencializar o desenvolvimento econômico da colô-
nia.
Nas propriedades dos senhores de escravos, durante o dia, a produção da monocultura de
bens agrícolas para a exportação era a principal atividade. Nessa realidade a que foram arrasta-
dos a viver, os/as escravizados/as também eram forçadas a desenvolver trabalhos que subsidia-
vam a casa grande, a lavoura e as atividades de manutenção nas fazendas e durante a noite cultu-
avam o seu sagrado, buscando força para resistir. Do som dos atabaques, emanava a energia que
os mantinham vivos, a musicalidade, possibilitava a manutenção do seu Axé (energia vital), a
organização dos seus rituais, a força e união de suas tradições através dos korins (cânticos afri-
canos), e dos itans (lendas mitológicas), possibilitavam a manutenção de seus saberes através da

3
Atlântico Negro na Rota dos Orixás foi um documentário dirigido por Renato Barbier, no ano de 1998. Patrocinado
pelos órgãos de fomentos (Ministério da cultura; GDF-SCE; Pólo de Cinema e Vídeo do DF; Fundação Cultural do
Distrito Federal), apresenta a grande influência africana na religiosidade brasileira, fazendo essa leitura através do
movimentos da diáspora africana, bem como as origens da cultura Jêje-Nagô, nos terreiros de Salvador e no
Maranhão no Tambor de Minas.

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oralidade, tornando a senzala um espaço de resistência, mas também o nascedouro das primeiras
manifestações religiosas e culturais afro-brasileiras.

ORGANIZAÇÃO, LUTA E RESISTÊNCIA DA SENZALA AOS TERREIROS

Nas senzalas, homens, mulheres e crianças dos diversos grupos étnicos africanos escravi-
zados lutavam pela sobrevivência. Os trabalhos diários nas grandes plantações, na casa grande, a
falta de alimentação ideal, os castigos e maus tratos diminuíam a expectativa de vida dessas po-
pulações levando muitos aos suicídios ou a uma morte prematura. A fé e o sagrado, presente no
corpo que antes era livre e agora estava preso e acorrentado, permitiram o romper desses gri-
lhões, transformando a senzala em um caldeirão cultural e religioso em grande ebulição.
As religiões de matrizes africanas estão ligadas à noção de família. Uma família numero-
sa e extensa, originária de um mesmo antepassado, que engloba os vivos e os mortos. As divin-
dades, geralmente, um ancestral divinizado, que, em vida, estabelecera vínculos que lhe garanti-
am um controle das forças da natureza ou dos elementos sagrados, como o fogo, a terra, o tro-
vão, os ventos, as tempestades, as águas doces ou salgadas, ou, então, assegurando-lhe a possibi-
lidade de exercer atividades como a caça, a pesca, ou técnicas e tecnologias ligadas ao trabalho
com metais. Também aqueles/as que adquiriram o conhecimento das propriedades das plantas,
da adivinhação, encantamentos, feitiços e de sua utilização como poder que o ancestral-Orixá
teria, após a sua morte, nesse caso, a faculdade de encarnar-se momentaneamente em um de seus
descendentes durante um fenômeno de possessão por ele provocada.
A religiosidade presente nas diversas matrizes africanas que ali estavam, utilizaram asso-
ciações e práticas sincréticas para que seus Inkices, Orixás e Voduns pudessem ser cultuados
minimamente no ambientes das senzalas. Dessa forma, Exu o primeiro de todos os orixás do
panteão Nagô-Yoruba, foi associado ao demônio cristão por ser o dono dos desejos, libertador
do corpo, aquele em que o símbolo mágico é o falo peniano, sendo assim comparado a figura do
pecado.
Ogum o senhor dos caminhos que devem ser desbravados, dono da metalurgia, ferreiro
nato e guerreiro de infantaria, foi associado a São Jorge da Capadocia no Rio de Janeiro por ma-
tar um dragão enfurecido, pois nos ajuda a passar pelas guerras mais difíceis da vida. Na Bahia,
Ogum é sincretizado com Santo Antônio, São Jorge é identificado com Oxossi, deus dos caçado-
res, relacionado a um valente cavaleiro, vestido em brilhante armadura, montado sobre um cava-
lo. Verger (2002), nos ajuda a aprofundar nossa análise, a partir dos demais Orixás do panteão
Nagô-Yoruba, quando nos apresenta que:

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[...]pode parecer estranho, à primeira vista, que Xangô, deus do trovão, violento e viril
tenha sido comparado a São Jerônimo, representado por um ancião calvo e inclinado so-
bre velhos livros, mas que é freqüentemente acompanhado, em suas imagens, por um
leão docilmente deitado a seus pés. E como o leão é um dos símbolos de realeza entre os
iorubás, são Jerônimo foi comparado a Xangô, o terceiro soberano dessa nação. A apro-
ximação entre Obaluaê e São Lázaro é mais evidente, pois o primeiro é o deus da varíola
e o corpo do segundo é representado coberto de feridas e abscessos. Iemanjá, mãe de
numerosos outros orixás, foi sincretizada com Nossa Senhora da Conceição, e Nanã Bu-
ruku, a mais idosa das divindades das águas, foi comparada a Sant´Ana, mãe da Virgem
Maria. Oiá-Iansã, primeira mulher de Xangô, ligada às tempestades e aos relâmpagos, foi
identificada com Santa Bárbara. Segundo a lenda, o pai dessa santa sacrificou-a devido à
sua conversão ao cristianismo, sendo ele próprio, logo em seguida, atingido por um raio
e reduzir a cinzas. A relação entre o Senhor do Bonfim e Oxalá, divindade da criação, é
mais dificilmente explicável, a não ser pelo imenso respeito e amor que ambos inspiram.
(VERGER, 2002,p.16-17)

Segundo Verger (2002,p.09), "a passagem da vida terrestre à condição de Orixá desses
seres excepcionais, possuidores de um Axé poderoso, produz-se em geral, em um momento de
paixão, cujas lendas conservaram a lembrança." Nesse contexto, o sincretismo e a relação que
foi desenvolvida entre os Orixás4 africanos e os Santos do Catolicismo Popular, possibilitou, lo-
go após a libertação dos/das escravizados em 13 de maio de 1888, a estruturação pela população
negra das primeiras casas de Candomblé que resistem até os dias atuais.
Nesse mesmo contexto, segundo Pereira (2012, p.19), também sedimenta-se na sociedade
brasileira a Umbanda em 1908, no dia 15 de Novembro, tendo como marco oficial os trabalhos
do médium Zélio de Moraes.
[...]até então com 17 anos, que havia sido levado a uma mesa espírita (sessão mediúnica)
devido a um problema de saúde que os médicos não conseguiam curar, manifesta-se com
o Caboclo Sete Encruzilhadas. Nessa reunião, começaram a se manifestar diversos espí-
ritos de negros/as escravizados/as e indígenas nos médiuns presentes, e esses espíritos
eram convidados a se retirar pelo dirigente da mesa, que os julgava atrasados espiritual,
cultural e moralmente. Foi então que o Caboclo Sete Encruzilhadas proferiu um discurso
de defesa das entidades que ali estavam presentes, sendo discriminadas pela diferença de
cor/ raça e classe social. Avisou então a todos os presentes que no dia seguinte, na resi-
dência do médium, haveria uma reunião e a criação de uma nova religião que permitisse
a manifestação de espíritos de negros/as e índios/as, onde essas entidades pudessem
exercer seus trabalhos espirituais e passar suas mensagens. Criava-se então o “Baixo Es-
piritismo” e logo a seguir os Centros Espíritas de Umbanda, que podiam se organizar li-
vremente, por adeptos que agora faziam parte da elite branca dominan-
te.(PEREIRA,2012,p.13)

A Umbanda, assim como as demais religiões de matrizes africanas, também teve que ser
adaptar ao contexto do branqueamento brasileiro para sobreviver, constituindo-se de elementos
do Candomblé, do Catolicismo Popular, da Pajelança Indígena, dos Cultos Regionais e do Espi-
ritismo de origem francesa. Em muitas localidades brasileiras, aderindo ao cientificismo do Es-

4
Esclarecemos com o suporte nos dado por Verger (2002,p.09) que o orixá é uma força pura, àse imaterial que só se
torna perceptível aos seres humanos incorporando-se em um deles. Esse ser escolhido pelo orixá, um de seus
descendentes, é chamado seu elégùn, aquele que tem o, privilégio de ser “montado” , gùn, por ele. Torna-se o veículo
que permite ao orixá voltar a terra para saudar e receber as provas de respeito de seus descendentes que o evocaram.

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piritismo, para ser aceita pela elite branca e burguesa, destituindo-se dos conceitos de terreiros e
adquirindo a roupagem dos Centros Espíritas de Umbanda. Segundo Cantuário (2009) e Pereira
(2012), a Umbanda se organiza através de sete linhas principais, Ogum (generais, guerreiros,
príncipes e princesas) , Oxossí (caboclos das matas), Mar e Maresia(marinheiros, guerreiros do
mar, marujos e encantados), Eres (crianças), Xango (caboclos ligados a justiça e ao fogo), Astro
(encantados e mestres superiores), Pretos/as velhos/as (ligados aos rituais de cura com as ervas,
orações, benzeduras, amas de leite e parteiras) e Exus (povo da rua). As sete linhas possuem de-
zenas de subdivisões que chamados de sublinhas que não subdividem os trabalhos das falanges
(grupos de entidades) que são organizados por afinidades energéticas na Aruanda sagrada (plano
espiritual das entidades da Umbanda).

A ENCRUZILHADA

Compreendermos que os princípios filosóficos dinamizadores das religiões de matrizes


africanas também estão presentes na capoeira, desta forma, apontamos aqui a ancestralidade, a
circularidade, a oralidade e a alacridade, como categoria chaves para essa discussão. Elenca-
mos através do referencial teórico-metodológico da Pretagogia que nos foi apontado por Petit
(2015), como um caminho que nos permite basilar inicialmente essa discussão e aprofundaremos
a partir do nosso percurso religioso, bem como o diálogo com os demais autores e autoras que
nos ajudam a construir esse texto.
Compreendemos a necessidade urgente de sairmos de uma base universal do conheci-
mento eurocêntrica e lançamos um olhar em uma perspectiva relativista, então para compreen-
dermos diversas perspectivas em que o pluriverso, nos possibilita superar as contradições. Desta
forma, Camargo e Shutte(2016), nos trazem o entendimento de que o perspectivismo afirma o
pluriverso, isto é, a pluralidade de alternativas, configurando as diversas matrizes um impulsio-
nam os saberes e conhecimentos filosófico presentes na capoeira e nas religiões de matrizes afri-
canas e afro-brasileiras. Nesse contexto, aliás, dentro da lógica perspectivista, a veracidade é
menos um critério de validação do conhecimento do que o resultado objetivo, tornando-se um
constructo social, histórico e cultural.
Apontarmos novas bases epistemológicas em afroperspectiva, tendo como referência os
continentes africano e brasileiro. Novos pontos de vista, até então silenciados, oprimidos, rene-
gados ao esquecimento devido a colonialidade ainda fincada atualmente na sociedade brasileira
e ao caráter de colonização do pensamento filosófico mundial. Uma vez que o pensamento mo-
derno, alicerçado pelos paradigmas newtoniano-cartesiano, estruturado pelo eurocentrismo,

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compartimentalizou os saberes, destitui a humanidade da relação direta com a sua espiritualida-


de que era ligada a natureza, aprisionou o corpo dos colonizados com base no medo e no pecado,
criou a lógica da exploração e do consumismo desenfreado atendendo aos interesses nefastos do
capitalismo.
Visibilizar esses questionamentos, implicam em compreender com a base nos dada por
Ramose (2011), que essa história nos foi contada até agora pelos vencedores, pelos colonizado-
res e este exercício implica em questionar o:
[...]contexto de relações de poder. Quem quer que seja que possua a autoridade de defi-
nir, tem o poder de conferir relevância,identidade, classificação e significado ao objeto
definido. Os conquistadores da África durante as injustas guerras de colonização se ar-
rogaram a autoridade de definir filosofia. Eles fizeram isto cometendo epistemicídio, ou
seja, o assassinato das maneiras de conhecer e agir dos povos africanos conquistados. O
epistemicídio não nivelou e nem eliminou totalmente as maneiras de conhecer e agir dos
povos africanos conquistados, mas introduziu, entretanto, - e numa dimensão muito sus-
tentada através de meios ilícitos e “justos” - a tensão subsequente na relação entre as fi-
losofias africana e ocidental na África. (RAMOSE,2011,p.09)

O autor nos apresenta as reflexões, a partir da universalidade da filosofia europeia, que


nada mais é, do que uma perspectiva particular, centrada à categoria de universal, que atuou du-
rante séculos na perspectiva de exclusão das demais bases epistemológicas, invalidando quais-
quer outras, por serem “particulares”, nos fazendo lançar um olhar mais agudo para esse epis-
temicídio. Apontarmos novas bases epistemológicas, partindo de África e percorremos esse ca-
minho para o Brasil, isso não significa problemas em dialogarmos com a filosofia clássica grega,
o problema central, seria o de continuarmos negando ou insibilizando as demais bases epistêmi-
cas. Exemplificamos com as epistemologias de terreiros, ou os princípios filosóficos presentes
na capoeira, nos impulsionando a pensar o corpo-dança-afroancestral como produtor de conhe-
cimento (PETIT,2015).
Nesse movimento, contrario, que rompe a base hegemônica de construção do conheci-
mento, pensamos a descolonização do corpo, e nesse contexto, a ancestralidade torna-se pilar
para refletirmos junto com Ramose (2011), Petit (2015), Camargo e Shutte (2016), a cerca dos
conhecimentos filosóficos presente nas religiões de matrizes africanas e na capoeira. Tendo em
vista que ela nos força a rompermos com as amarras da racionalidade quando nos aponta a exis-
tência não apenas da base material do mundo, e do que foi construído como conhecimento, mas
de uma conexão direta com a base espiritual, dos nossos ancestrais, a partir da cosmovisão afri-
cana. Dessa forma, compreender a preciosidade dos ensinamentos dos que já habitaram o plano
físico, que morreram e voltam para a terra, assim seja necessário, nos faz lançar um outro olhar
sobre a nossa condição de existência. A capoeira e as religiões de matrizes africanas, nos apre-
sentam esses dispositivos quando louvamos a terra, seja através do pisar descalço, do toque com

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as mãos ou com a cabeça, momentos em que o corpo se equilibra, desequilibrando, gingando e
ao mesmo tempo retroalimentando o corpo dança-afro-ancestral de todo o Axé invocado no mo-
mento da manifestação seja ela religiosa ou cultural.
A ancestralidade, nos permite romper com as amarras do paradigma newtoniano-
cartesiano, nos possibilitando evidenciar que o corpo negro em movimento, torna-se produtor de
conhecimentos, estruturando tanto nas religiões de matrizes africanas, como na capoeira, uma
relação de respeito com a grande mãe ancestral Terra. Transforma, o corpo, que antes era um
objeto da mente racional, em sujeito que fala sua própria linguagem, que escreve sua própria his-
tória, grava sua memória, mandinga através dos golpes e transborda malícia, desaprisionando-se,
conectando-se com todos que estão produzindo e trocando Axé na roda. Segundo Ligiero
(2011,p.131), no caso da Capoeira Angola, existe uma:
[...] reverência grande em relação ao mundo ancestral não somente em muitas da
músicas e letras, como na própria entrada do jogador na roda quando ele próprio
risca no chão a cruz, que para muitos é cristã, [...] ela representa a cruz Congo,
simbolizando o cruzamento das duas energias, a horizontal (animal) com a verti-
cal (sagrada), que desenhadas sobre a terra em forma de cruz delimitam o espa-
ço mínimo consagrado para realização do ritual. (LIGIERO,2011,p.131)

A entrada na roda da Capoeira, sempre é marcada pelo sinal de respeito ao território em


que o mandingueiro esta pisando, ao sagrado que ali esta presente, ao povo da rua, ao mestre e a
energia que está em sintonia com todos/as do grupo. A circularidade que é promovida pela mo-
vimentação multidirecionada é sinal de integração das partes, ninguém fica parado, estabelece-se
uma unidade corpórea. No momento do jogo, os dois mandingueiros que estão no centro, conec-
tam-se estabelecendo a malícia no movimento, através das esquivas e dos golpes, ou seja, os dois
viram um só em uma ordem ditada pelo movimento.
Analisando os recursos presente no jogo da capoeira, através da circularidade, elucidare-
mos, a volta ao mundo, que configura-se como um momento de interrupção do jogo, agora de
forma anti-horária, em que um dos mandingueiros, convida o outro a girar em sentido contrário.
A volta ao mundo é utilizada quando se quer reconstruir o jogo, seja por motivo de cansaço ou
de reconfiguração do Axé presente na conexão entre os mandingueiros. Esse recurso, nos remete
as religiões de matrizes africanas, no caso o Candomblé, quando a yao (noviça do Orixá), é gira-
da em sentido anti-horário nas primeiras manifestações de possessão durante a sua iniciação,
também nos possibilita associar a circularidade presente no Xiré5, quando mesmo dançando no

5
Xiré ou Siré é a roda dos Orixás no ritual do Candomblé. As primeira Yalorixas (mães-de-santo), junto com os
Babalaos (homens responsáveis pela leitura do sistema oracular, Ifá), sistematizaram todos os cultos religiosos
vindos de África através do Xiré, como ação resistência a partir do sagrado.

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sentido horário em círculo, as filhas-de-santo, rodam em torno do seu próprio eixo, convocando
os Orixás a se fazerem presente do Orum para o Aiye, fazendo o sentido inverso no caminho da
espiritualidade. Nessa circunstância, durante o ritual do Candomblé, saúda-se os ancestrais, que
pelos seus feitos e atos, em determinado tempo histórico nos possibilitaram chegar até esse mo-
mento, pois o corpo que luta e ginga também dança, pois a circularidade envolve a vivência de
um continuum, algo que transversaliza as diversas dimensões desse corpo-dança afroancestral.
Nesse contexto, a capoeira angola, sistematizada por mestre Pastinha é em todos os sen-
tidos, comparável aos mais sofisticados estilos de lutas de chão existentes, em que a mão tam-
bém pode se transformar em outra forma de pé (PETIT,2015), o corpo parece se desequilibrar,
transforma a ação da gravidade em momento favorável para a esquiva ou cair não significa per-
der, mas sim aprender a levantar. O trabalho do grupo que ali está jogando, tocando e entoando
as ladainhas, renovando seu Axé na roda, através do cantar-dançar-batucar (LIGIÉRO,2011).
No círculo, todos estão de frente uns para os/as outros/as, em sentido de igualdade e uni-
ão, todos/as participam, direcionando os olhares, a atenção e sua energia para a roda, o toque e
comando do berimbal orquestra todo o cenário, unindo os/as capoeristas, traduzindo através dos
elementos presentes a relação dos/das mandingueiros/as com o mundo. Dessa forma, compreen-
demos que dançar na perspectiva afroancestral é também ter uma visão circular do mundo, onde
o início e o fim se encontram em eterna renovação, aprendida pelo convívio comunitário em um
processo de retro-energização.
O corpo-dança-afroancestral, nos da sustentáculo para o entendimento que os princípios
filosóficos dinamizadores das religiões de matrizes africanas, afro-brasileiras e presentes tam-
bém na capoeira, abrem possibilidade para múltiplos caminhos que podem ser percorridos em
relação a produção de conhecimento, porque possui em seu território uma diversidade de lógicas
e lugares próprios. Diante dessa realidade, o perspectivismo atua como uma forma de re-
valoração das epistemologias excluídas e silenciadas, dos pontos de vista perseguidos e proibi-
dos, ou seja, a afirmação da ancestralidade africana para o/a brasileiro/a é, assim, um passo na
descolonização das mentes e que nos abre possibilidades para a descolonização curricular nas
escolas. Assim, a oralidade cria seu caminho e dialoga com outros, pois de uma ponta da estrada
a outra, os caminhos se cruzam e, no ponto comum entre os caminhos se chega à encruzilhada,
pois sem comunicação e sem Exu, não existe sistemas de mundo.
A realocação de uma afroperspectiva, no processo de descolonização do pensamento oci-
dental, nos permite destacar a oralidade, como principal responsável pela estrutura social, polí-
tica, ética, filosófica e religiosa de determinado local, isto é, toda a formação cultural dos povos
africanos e ressignificados no movimento da diáspora para o Brasil.

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Permite-nos a manutenção dos saberes populares trazidos com nossos ancestrais através
do corpo-dança-afroancestral. Um corpo que foi aprisionado e através do cantar-dançar-batucar,
lutou e resistiu, afirmando-se como um corpo-natureza em relação direta com a grande mãe Ter-
ra. Corpo compreendido entre os iniciados das religiões de matrizes africanas como um altar sa-
grado, um microcosmo do espaço energético chamado Axé. O corpo torna-se aldeia, casa, tem-
plo do seu Axé e em comunhão através dos seus Orixás, Nkisis e Voduns com o sagrado.
A oralidade aparece como repositório e o vetor do capital de criações socioculturais
acumuladas, nesse caso a fala dos/das mais velhos/as é detentora de mais Axé, pois esses tiveram
a vivência e o amadurecimento durante o tempo. Através da palavra, os/as mais velhos/as tor-
nam-se narradores/as da cultura oral, promovendo e transmitindo os fundamentos às gerações
mais novas, que determinam os princípios, as normas, os valores e a filosofia que nortearão o
seu trabalho e que influenciarão o comportamento e a formação dos/as seus discípulos/as.
Em específico, no caso das religiões de matrizes africanas, a fala é apontada como um
meio de propagação e permanência da sabedoria dos ancestrais nas culturas de matriz africana,
onde ficar mais velho é sinal de acúmulo de conhecimentos, não atendendo especificamente a
idade cronológica,mas sim o tempo de iniciação. Nesse caso, sempre é necessário, por conta das
tradições um retorno contínuo à fonte, nos fazendo compreender que a memória coletiva africa-
na e afro-brasileira terá que se familiarizar com esta cultura tão presente nos espaços sagrados
do Candomblé e da Umbanda.
Partindo dessa perspectiva, a oralidade é emblemática na Capoeira, uma vez que esta tra-
dição se transmite pelo contato direto do/a discípulo/a com o/a mestre/a. O papel da mestria na
capoeira é o de transmitir os ensinamentos, a ginga, os golpes, respeitando o corpo do mandin-
gueiro. Os limites corpo-dança-afroancestral, assim como a transmissão dos conhecimentos são
sempre integrados a circularidade e no momento do jogo os/as capoeiristas conectam-se como
em um transe ancestral em que nem um sabe ou projeta o que vai fazer, mas o movimento inte-
gra-se, naquela hora os dois estão conectados tornando-se um só.
Envoltos nessa atmosfera, com a energia dinâmica dos movimentos dos/das capoeiristas
na roda de capoeira e nas manifestações religiosas do Candomblé e da Umbanda, conseguimos
compreender o princípio da alacridade, pois como Sodré(1988) nos apresenta, essa palavra de-
riva de (alado) e sacer (sagrado) com uma movimento direto do céu ligado a terra, uma presença
de liberdade cósmica. O movimento em que o indivíduo, mergulha em um estado de alegria e
libertação, renovando o seu Axé, destituindo-se das amarras de colonização do corpo e da mente,
compreendendo que ele e o corpo e não que ele tem um corpo. Os ritmos, toque e cantos entoa-
dos, possibilitam que os seres quebrem o paradigma estabelecido pelo fluxo do tempo cronoló-

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A intersecção entre princípios filosóficos dinamizadores das religiões de matrizes africanas e afro-brasileiras presentes na capoeira

gico, deixando o seu corpo libertar-se de qualquer gravidade para experimentar as sensações do
presente.
Sodré(1988) e Petit (2015) vêem essa presença álacre em todas as formas de manifesta-
ções africanas e afro-brasileiras, sejam elas, religiosas ou culturais, ou seja, o corpo-dança-
afroancestral que possui gestualidade, ludicidade e força de engendramento, chega no auge do
empoderamento vital, proporcionando o rompimento com a temporariamente, destituindo o cor-
po, que antes era objeto passivo, estático, para anunciar-se como agente do movimento e da for-
ça. Sendo assim, a alacridade não pode ser abstrata, ela precisa ser vida, viva nos corpos dançan-
tes, isto é, proporcionado um envolvimento emocional dado por uma totalização sagrada de coi-
sas e seres.

CONCLUSÕES E INCONCLUSÕES

O que podemos deduzir nesse ensaio, em termos dos princípios filosóficos dinamizadores
da Capoeira e das religiões de matrizes africanas e afro-brasileiras é que a alegria é o grande
conteúdo litúrgico dos corpos negros. As posturas corporais, acima descritas, baseiam-se em
uma constante integração, tornando-se notório o caráter profundamente holístico dessa cosmovi-
são, habitada no corpo e inteiramente perpassada pelo elo inquebrantável com o sagrado, ou se-
ja, a espiritualidade presentes nos movimentos. A ancestralidade simboliza a quebra do para-
digma newtoniano-cartesiano, e nos apontam a necessidade de um aprofundamento epistêmico
para o desenvolvimento de um paradigma ancestral, em que a materialidade e a espiritualidade
interligam-se através das manifestações culturais e religiosas de matrizes africanas e afro-
brasileiras.
Em consequência todos esses conceitos podem ser resumidos pelo princípio da circulari-
dade, em que o corpo-dança-afroancestral, renova seu Axé, através da mandinga, da ginga e da
malícia, pois, essa capacidade de lidar com o transitório, com o imprevisível, com os benefícios
e as adversidades do momento, potencializando tudo no cantar-dançar-batucar, que envolve si-
mulação e dissimulação das intencionalidades, ludicidade, astúcia e agilidade. Esta é a tarefa
que está posta, recontar a história do Brasil a partir da afroperspectiva, redimindo seu passado,
recriando origens, salvando o presente, fortalecendo a vida em suas diversas manifestações.

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Linconly Jesus Alencar Pereira Silva
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Linconly Jesus Alencar Pereira


Professor da Universidade da Integração
Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira.
Possui graduação em Pedagogia pela
Universidade Estadual Vale do Acaraú (2003),
em Licenciatura em Física pela Universidade
Federal do Ceará (2006), mestrado em
Educação Brasileira pela Universidade
Federal do Ceará (2012) e doutorado em
Educação pela Universidade Federal da
Paraíba (2018).Email: linconly@unilab.edu.br
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