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Superior Tribunal de Justiça

EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.366.716 - PE (2013/0030553-6)

RELATORA : MINISTRA DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA


CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO)
EMBARGANTE : UNIÃO
EMBARGADO : MARIA DE JESUS LUNA BOREL E OUTROS
ADVOGADA : JULIANA DUARTE FREITAS
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO


REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AGRAVO REGIMENTAL
NÃO CONHECIDO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.
FUNDAMENTO DE INADMISSIBILIDADE NÃO ATACADO.
EXPRESSA DESISTÊNCIA. ANÁLISE DO MÉRITO. POSSIBILIDADE.
INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 182 DO STJ. MAJORAÇÃO DE
HONORÁRIOS. SÚMULA 7/STJ. INCIDÊNCIA.
1. A inadmissibilidade do recurso especial com relação à violação do
art. 535 do CPC não obsta a análise do mérito recursal, conquanto
esteja prequestionada a matéria.
2. Havendo expressa desistência quanto à suposta violação do art.
535 do CPC e não sendo este ponto um óbice para análise do mérito
recursal, incabível a aplicação da Súmula 182 do STJ na espécie.
3. O arbitramento da verba honorária pelo critério da equidade, na
instância ordinária, é matéria de ordem fática insuscetível de reexame
na via especial, nos termos da Súmula 7/STJ.
4. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos infringentes, para
conhecer do agravo regimental, ao qual se nega provimento.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de
Justiça, por unanimidade, acolher os embargos de declaração, com efeitos
modificativos, para negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da
Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin,
Mauro Campbell Marques e Assusete Magalhães (Presidente) votaram com a Sra.
Ministra Relatora.
Brasília, 05 de maio de 2016(Data do Julgamento).

Ministra Assusete Magalhães


Presidente

Ministra Diva Malerbi


(Desembargadora Convocada TRF 3ª Região)
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Relatora

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EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.366.716 - PE (2013/0030553-6)

RELATORA : MINISTRA DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA


CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO)
EMBARGANTE : UNIÃO
EMBARGADO : MARIA DE JESUS LUNA BOREL E OUTROS
ADVOGADA : JULIANA DUARTE FREITAS
RELATÓRIO

A SRA. MINISTRA DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA


CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO): Trata-se de embargos de declaração opostos
pela União contra acórdão, proferido pela Segunda Turma, que não conheceu do
agravo regimental, nos termos da seguinte ementa (e-STJ, fl. 339):

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


ESPECIAL. DECISÃO DO RELATOR. FUNDAMENTOS NÃO
IMPUGNADOS. SÚMULA 182/STJ. INCIDÊNCIA.
1. É inviável o agravo que deixa de atacar, especificamente, todos os
fundamentos da decisão impugnada. Incidência da Súmula 182 do
Superior Tribunal de Justiça.
2. Agravo regimental não conhecido.

Em suas razões, a parte embargante alega omissão na decisão ora


embargada, uma vez que o acórdão não considerou que a União deixou expresso
que não insistiria na violação do art. 535 do CPC, sobre o qual recaiu a aplicação
da Súmula 284 do STF.
Nesse sentido, não incidiria o óbice da Súmula 182 do STJ por
ausência de impugnação à Sumula 284 do STF, uma vez que a parte embargante
impugnou o outro fundamento de inadmissibilidade, qual seja, a Súmula 7 do STJ,
que é autônomo em relação àquele.
No ponto, insiste na inaplicabilidade da Súmula 7 do STJ quando os
honorários forem fixados em valor irrisório.
Intimados a se manifestarem a respeito dos embargos de declaração
opostos, os embargados deixaram de apresentar contrarrazões.
É o relatório.

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EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.366.716 - PE (2013/0030553-6)

VOTO

A SRA. MINISTRA DIVA MALERBI – DESEMBARGADORA


CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO (Relatora): A irresignação merece acolhida quanto
à omissão apontada.
Os embargos de declaração, conforme dispõe o art. 535, I e II, do
CPC, destinam-se a suprir omissão, afastar obscuridade ou eliminar contradição
existente no julgado.
Verifico que a decisão embargada não levou em consideração o
consignado pela parte embargante, às e-STJ, fl. 334, no sentido de que deixaria de
insistir na violação do art. 535 do CPC "por se tratar de tópico isolado sem
interferência na análise do mérito recursal".
Com efeito, a inadmissibilidade do recurso especial com relação à
violação do art. 535 do CPC não obsta a análise do mérito recursal, conquanto
esteja prequestionada a matéria.
No ponto:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL.
FUNGIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. PIS E COFINS.
BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. CONTRADIÇÃO E
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA.
MATÉRIA EXCLUSIVAMENTE CONSTITUCIONAL. AFASTAMENTO.
1. O juízo negativo de admissibilidade do recurso especial no tocante
ao capítulo autônomo da violação do art. 535 do CPC não impede a
análise da matéria de mérito propriamente dita desde que
prequestionada, como no caso.
2. "Não procede ainda a afirmação de que a matéria de fundo é
exclusivamente constitucional, pois o STJ conhece reiteradamente da
questão e possui firme orientação de que a parcela relativa ao ICMS
compõe a base de cálculo do PIS e da Cofins (Súmulas 68 e 94/STJ).
Precedentes atuais: AgRg no REsp 1.106.638/RO, Rel. Ministra Eliana
Calmon, Segunda Turma, DJe 15/5/2013; REsp 1.336.985/MS, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 8/2/2013;
AgRg no REsp 1.122.519/SC, Rel. Ministro Ari Pargendler, Primeira
Turma, DJe 11/12/2012" (AgRg no Ag 1301160/SP, Rel. Ministro
Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 12/6/2013).
3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental a que
se nega provimento.
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(EDcl no REsp 1.413.129/MG, Rel. Ministro OG FERNANDES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 4/2/2014, DJe 14/2/2014)

Havendo expressa desistência quanto à suposta violação do art. 535


do CPC e não sendo este ponto um óbice para análise do mérito recursal, incabível
a aplicação da Súmula 182 do STJ na espécie.
Conheço, portanto, do agravo regimental e passo analisar o mérito da
insurgência.
A pretensão recursal não merece êxito, na medida em que a parte
interessada não trouxe argumentos aptos à alteração do posicionamento firmado
na decisão monocrática, às e-STJ, fls. 321/324. Assim, mantenho, por seus
próprios fundamentos, a decisão agravada, nos seguintes termos:

[...] No mérito, a par dos precedentes invocados pela recorrente,


tem-se que a modificação dos honorários advocatícios, quando
irrisórios ou exorbitantes, depende da análise das especificidades de
cada caso concreto. Nesse sentido, decidiu o Tribunal a quo manter a
verba honorária arbitrada pelo juízo primevo, pois considerou o valor
adequado diante das circunstâncias da hipótese em apreço.
No ponto:

Logo, para a justa fixação da verba honorária neste processo, há


que se considerar a questão jurídica posta em discussão, a
atuação do advogado, também, a dignidade da profissão, o valor
econômico da causa e o zelo no seu acompanhamento, bem
como a quantidade e qualidade das peças produzidas.
Com fulcro nessas balizas e dentro do principio da razoabilidade,
considerando que se trata a parte sucumbente de pensionista de
servidor público de parcos recursos e que sequer tem crédito a
receber com o manejo da ação, vejo que os honorários fixados na
sentença, em R$ 500,00, corresponde a um montante justo e
equitativo, pelo que os mantenho (e-STJ, fl. 285).

Na espécie, a Corte de origem considerou os critérios estabelecidos


pelo art. 20 do Código de Processo Civil para fins de fixação da verba
honorária. O arbitramento da verba honorária pelo critério da equidade,
na instância ordinária, é matéria de ordem fática insuscetível de
reexame na via especial, nos termos da Súmula 7/STJ, que assim
orienta: "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso
especial".
Confiram-se os precedentes desta Corte:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO


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ESPECIAL. HONORÁRIOS. DECISÃO EM CONFORMIDADE
COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. NATUREZA E
IMPORTÂNCIA DA CAUSA. QUALIDADE DO TRABALHO E
TEMPO EXIGIDO. QUESTÕES DEPENDENTES DO REEXAME
DE MATÉRIA FÁTICA DA LIDE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7 DO
STJ.
1. Conforme posicionamento consagrado na jurisprudência do
STJ, nas causas em que não houver condenação, os honorários
advocatícios devem ser fixados de forma eqüitativa pelo juiz, nos
termos do § 4º do art. 20, CPC, considerando, como no caso dos
autos, "a natureza e importância da causa" e "a qualidade do
trabalho profissional desenvolvido e o tempo exigido", não
estando o magistrado restrito aos limites percentuais
estabelecidos no § 3º do referido artigo. Precedentes.
2. Inviável a análise de questão relativa a matéria dependente do
reexame do conteúdo fático da lide, vedado nos termos da
Súmula 7 do STJ.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no REsp 700.946/MS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, DJe
4/5/2012)

ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.


INDENIZAÇÃO. TORTURA E MORTE DE MENOR.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS E
MATERIAIS CONFIGURADOS. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO
ACÓRDÃO. HONORÁRIOS. CRITÉRIO DA EQUIDADE.
PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVA. SÚMULA 7/STJ.
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO CONHECIDA. JUROS
DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. FALTA DE
PREQUESTIONAMENTO.
1. Não há omissão, contradição, obscuridade ou erro material a
ser sanado no acórdão embargado, o qual encontra-se
suficientemente fundamentado e em consonância com a
jurisprudência desta Corte.
2. A fixação da verba honorária, pelo critério da equidade,
envolve circunstâncias de natureza fática insuscetíveis, portanto,
de reexame na via do recurso especial, por força do
entendimento consolidado na Súmula 7/STJ.
3. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido
da impossibilidade de se analisar pretensão referente a danos
morais com base na divergência pretoriana, pois, ainda que haja
grande semelhança nas características externas e objetivas, no
aspecto subjetivo os acórdãos serão sempre distintos.
4. Impõe-se o não conhecimento do recurso especial por
ausência de prequestionamento, entendido como o necessário e
indispensável exame da questão pela decisão atacada, apto a
viabilizar a pretensão recursal. Incidência da Súmula 211/STJ.
Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 132.628/PA, Rel. Min. Humberto Martins, DJe
Documento: 1510192 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 16/05/2016 Página 6 de 8
Superior Tribunal de Justiça
2/5/2012) [...]

Ante o exposto, acolho os embargos de declaração, com efeitos


infringentes, para conhecer do agravo regimental e negar-lhe provimento.
É como voto.

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Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA

EDcl no AgRg no
Número Registro: 2013/0030553-6 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.366.716 / PE

Números Origem: 00105858620084058300 200883000105854 535223 9700037525


PAUTA: 05/05/2016 JULGADO: 05/05/2016

Relatora
Exma. Sra. Ministra DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA CONVOCADA TRF 3ª
REGIÃO)
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSÉ ELAERES MARQUES TEIXEIRA
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : UNIÃO
RECORRIDO : MARIA DE JESUS LUNA BOREL E OUTROS
ADVOGADA : JULIANA DUARTE FREITAS
ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Servidor
Público Civil - Reajustes de Remuneração, Proventos ou Pensão - Índice de 28,86% Lei
8.622/1993 e 8.627/1993

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : UNIÃO
EMBARGADO : MARIA DE JESUS LUNA BOREL E OUTROS
ADVOGADA : JULIANA DUARTE FREITAS

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, acolheu os embargos de declaração, com efeitos
modificativos, para negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a).
Ministro(a)-Relator(a)."
Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques e
Assusete Magalhães (Presidente) votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Documento: 1510192 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 16/05/2016 Página 8 de 8

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