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1414-4794
Atribuições clínicas
do farmacêutico
As atribuições clínicas
do farmacêutico estão
abrindo horizontes
para o fortalecimento
da farmácia clínica,
base para a prescrição
farmacêutica e pedra
angular do processo
de consolidação da
autoridade técnica
do profissional. Elas
têm conexão com
a responsabilidade
social do farmacêutico
e podem assumir
papel estratégico na
aguardada mudança
na saúde.
Visite a página do
Conselho Federal de Farmácia
www.cff.org.br
PALAVRA DO PRESIDENTE
Em artigo, o Presidente do CFF, Dr. Walter Jorge
DIRETORIA João, prevê que a prescrição farmacêutica e
Presidente:
Dr. Walter da Silva Jorge João atribuições clínicas vão para a história da profissão.
Vice-presidente:
Dr. Valmir de Santi 04
Diretor Secretário-Geral:
Dr. José Vilmore Silva Lopes Júnior
FARMÁCIA CLÍNICA
Diretor Tesoureiro:
Dr. João Samuel de Morais Meira Atribuições clínicas do farmacêutico, sim.
06
COMISSÃO DE TOMADA DE CONTAS
Dr. José Gildo da Silva (AL) Dr. Walter Jorge João,
Dr. Carlos Eduardo Queiroz de Lima (PE) Presidente do Conselho Federal
Dr. Erlandson Uchôa Lacerda (RR) de Farmácia (CFF).
PLENÁRIO
Conselheiros Federais:
Dra. Rossana Santos Freitas Spiguel - Crf-Ac ENTREVISTA COM DR. WALTER JORGE
Dr. José Gildo da Silva - Crf-Al
Dra. Karla Regina Lopes Elias - Crf-Am JOÃO, PRESIDENTE DO CFF
Dr. Carlos André Oeiras Sena - Crf-Ap
Dr. Altamiro José dos Santos - Crf-Ba As atribuições clínicas do farmacêutico são algumas
Dra. Lúcia de Fátima Sales Costa - Crf-Ce das forças mais poderosas que compõem o arsenal
Dr. Forland Oliveira Silva - Crf-Df
Dr. Gedayas Medeiros Pedro - Crf-Es de recursos de que o homem dispõe para promover
Dr. Jaldo de Souza Santos - Crf-Go
Dr. Fernando Luis Bacelar de Carvalho Lobato - Crf-Ma
a saúde física e mental da humanidade. O Presidente
Dr. Luciano Martins Rena Silva - Crf-Mg do CFF, Walter Jorge João, fala sobre o assunto em
Dra. Ângela Cristina Rodrigues Cunha Castro Lopes - Crf-Ms
11
Dr. Edson Chigueru Taki - Crf-Mt entrevista à revista PHARMACIA BRASILEIRA.
Dr. Walter da Silva Jorge João - Crf-Pa
Dr. João Samuel de Morais Meira - Crf-Pb
Dr. Carlos Eduardo de Queiroz Lima - Crf-Pe
Dr. José Vílmore Silva Lopes Júnior - Crf-Pi
Dr. Valmir de Santi - Crf-Pr Dr. Walter Jorge João, Presidente do CFF.
Dra. Ana Paula de Almeida Queiroz - Crf-Rj
Dra. Lenira da Silva Costa - Crf-Rn
Dra. Lérida Maria dos Santos Vieira - Crf-Ro
ENTREVISTA COM
Dr. Erlandson Uchôa Lacerda - Crf-Rr
Dr. Josué Schostack - Crf-Rs
DR. JOSÉ MIGUEL DO
Dr. Paulo Roberto Boff - Crf-Sc
Dra. Vanilda Oliveira Aguiar Santana - Crf-Se
NASCIMENTO JÚNIOR,
Dr. Marcelo Polacow Bisson - Crf-Sp
Dr. Amilson Álvares - Crf-To
DIRETOR DO DASF/MS
COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO E PUBLICIDADE:
Dr. Gustavo Baptista Éboli (RS)
Dr. Márcio Antônio da Fonseca e Silva (SP)
JORNALISTA RESPONSÁVEL:
(redação, reportagens e edição)
Aloísio Brandão
RP 1.390/07/65v/DF
ARTIGO
Mais um momento
crucial para a Farmácia 29
O Diretor Secretário-Geral do CFF, José Vílmore,
alerta os farmacêuticos para a necessidade de
assumirem os seus postos, nas farmácias, sob pena
de colocarem em risco a sociedade à qual juraram
servir com os seus conhecimentos. Não assumindo
as suas funções, os farmacêuticos estão “delegando”
Professora Zilamar Costa Fernandes:
“Eu acho que deveria haver uma o seu papel a outros profissionais não-capacitados.
revisão do item das Diretrizes que
trata da questão do estágio”.
Diretor Secretário-Geral do CFF, José Vílmore
ENSINO FARMACÊUTICO
DIRETRIZES CURRICULARES:
necessidade de ajustes ENTREVISTA COM DR. MÁRIO BORGES,
Especialista em ensino farmacêutico, AUTORIDADE EM SEGURANÇA DO PACIENTE
a professora Zilamar Fernandes
entende que as DNCs envelheceram PROGRAMA NACIONAL DE SEGURANÇA
em alguns aspectos.
25 DO PACIENTE: Um sopro de esperança
Em 2013, o Ministério da
Saúde instituiu o Programa
Nacional de Segurança do
Paciente (PNSP). É uma ação
mais enérgica para enfrentar
os eventos adversos que
ocorrem na assistência à
saúde. Saiba mais sobre o
PNSP, lendo a entrevista com
o farmacêutico mineiro Mário
Borges, uma das maiores
Código de Ética 30 autoridades brasileiras em
segurança do paciente. Dr. Mário Borges, uma das maiores
31
medicação: “A assistência tornou-se muito
mais complexa e efetiva. Logo, mais
sujeita a erros; logo, mais perigosa”.
ARTIGO
Qualidade de vida em doadores de sangue
Artigo assinado pelos professores de Hematologia e
Citologia Clínicas da UFPB, João Samuel de Morais Meira
(aposentado), Diretor Tesoureiro do CFF, e Daniele Idalino
Janebro, conclama: “A doação de sangue é essencial para
a saúde pública, e a OMS preconiza que 3% da população
Dr. João Samuel de Morais Meira, Dra. Daniele Idalino Janebro,
Diretor Tesoureiro do Conselho Federal Professora substituta de seria o suficiente para formar um exército de doadores
de Farmácia e professor aposentado Hematologia e Citologia Clínicas
de Hematologia e Citologia Clínicas do Departamento de Ciências adequados para atender às necessidades de sangue dos
40
do Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFPB. hospitais, no mundo”.
Farmacêuticas da Universidade Federal
da Paraíba (UFPB).
Um mercado forte 45
à espera do farmacêutico Farmacêutico Higor Guerim, especialista em saúde estética.
49
Dr. Josué Schostack: “Presença do farmacêutico,
no serviço de farmácia hospitalar, é sinônimo de
gestão, de controles e de qualificação técnica”.
Farmacêutico Marcus Vinícius
Um poder chamado farmácia hospitalar O Professor homenageado
Silva inaugurou sua farmácia, no
interior do Rio Grande do Norte,
onde prestará cuidados clínicos no
Instituições públicas e privadas de qualquer setor estão, cada vez Tarcísio Palhano posa à porta
do ambulatório farmacêutico ambulatório que leva o nome do
mais, submetidas a rigorosos padrões de qualidade, a protocolos e que leva o seu nome Professor Tarcísio Palhano
VÁRIAS
MAIS
Teste para Aids por fluido oral
será ofertado pelo SUS ENCARTE DE FARMÁCIA HOSPITALAR
O kit para realização do teste estará
disponível em todas as campanhas do Nesta edição, o encarte de Farmácia Hospitalar
“Fique Sabendo”, em serviços do SUS que traz como tema “Gestão de pessoas, na farmácia
atendem as populações vulneráveis e nas hospitalar, e serviços de saúde” (Parte II).
farmácias da rede pública. Esta e outras
58
matérias estão na seção “Várias”.
Prescrição farmacêutica
e atribuições clínicas:
para a história da profissão
Walter Jorge João,
Presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF).
Atribuições clínicas
do farmacêutico, sim Pelo jornalista Aloísio Brandão,
Editor desta revista.
As atribuições clínicas do farmacêutico são uma Saúde). Embora esteja longe da conclusão, é possível
das forças mais poderosas que compõem o arsenal estimar que o volume da economia passe de 20%.
de recursos de que o homem dispõe para promover
O SUS vive num permanente processo de atua-
a saúde física e mental da humanidade. Em gran-
lização e expansão. Não seria diferente, considera-
de parte dos países de Primeiro Mundo, essas atri-
dos o seu gigantismo e sua complexidade. O Sistema
buições já se consolidaram. No Brasil, os ecos (um
realiza, por ano, 11 milhões de internações hospita-
pouco tardios, ressalte-se) da revolução mundial
lares, 2,3 bilhões de procedimentos ambulatoriais,
que elas desencadearam ganham novos contornos
mais de 600 milhões de consultas médicas, cerca de
e vêm gerando uma onda de ações praticadas, ora
graças ao desprendimento individual de farmacêuti- 400 milhões de exames de laboratórios e 150 mi-
cos, em suas farmácias e drogarias, ora em cuidados lhões de vacinas.
prestados dentro das equipes multiprofissionais, em Matéria publicada no jornal Folha de São Paulo
estabelecimentos públicos, seguindo protocolos ela- (digital) (http://dinheiropublico.blogfolha.uol.com.
borados por organismos nacionais e internacionais br/2013/09/26/gasto-federal-em-saude-crescera-nos
da saúde. -proximos-quatro-anos-o-que-nao-cresceu-nos-ul-
É a farmácia clínica abrindo horizontes e con- timos-dez/), no dia 26.09.13, intitulada “Gasto fe-
solidando, no País, a filosofia que faz o farmacêutico deral em saúde crescerá nos próximos quatro anos
aproximar-se do paciente, por meio dos seus cuida- o que não cresceu nos últimos dez”, diz que, sob
dos. Esta especialidade solidifica-se como a pedra pressão dos parlamentares, o Planalto já concordou
angular do processo de fortalecimento da autoridade em aumentar gradualmente, até 2017, as despesas
técnica do profissional. E mais: ela poderá assumir da União em saúde para 15% de sua receita cor-
posição estratégica na guinada histórica tão aguarda- rente líquida (a receita anual, descontados repasses
da na saúde pública brasileira, além de gerar signifi- a Estados e Municípios e fontes de recursos como o
cativa economia para os cofres dos sistemas público PIS-Pasep).
e privado de saúde.
Em 2014, o orçamento da saúde pode crescer
O CFF está realizando uma pesquisa sobre a de R$ 92 bilhões para R$ 98 bilhões. Quando os
economia que as atribuições clínicas do farmacêu- 15% da receita líquida forem atingidos, a verba
tico poderão causar para o SUS (Sistema Único de será de R$ 109 bilhões, em valores de 2014. É
A população está vivendo mais, porém paga III. Participar do planejamento e da avalia-
um preço por sua longevidade, que inclui o uso de ção da farmacoterapia, para que o pa-
mais medicamentos. A preocupação do sanitarista é ciente utilize de forma segura os medi-
quanto ao manejo desses produtos e com o custeio. camentos de que necessita, nas doses,
Se o manejo continuar inadequado, os resultados se- frequência, horários, vias de administra-
rão cada vez mais danosos para a população e para ção e duração adequados, contribuindo
os cofres dos sistemas de saúde. para que o mesmo tenha condições de
realizar o tratamento e alcançar os obje-
Importa salientar que paralelamente aos efei- tivos terapêuticos;
tos benéficos, os problemas relacionados ao uso
de medicamentos são um risco à saúde com igual IV. Analisar a prescrição de medicamentos
quanto aos aspectos legais e técnicos;
gravidade que o cigarro, o álcool, o sedentarismo e
outros males. Os medicamentos são considerados a V. Realizar intervenções farmacêuticas e
quarta causa de morte prevenível, no mundo, devi- emitir parecer farmacêutico a outros
do à carência de acesso, à falta de efeito e aos efeitos membros da equipe de saúde, com o
maléficos desses produtos. Avaliações dão conta de propósito de auxiliar na seleção, adição,
que entre 40% e 54% dos pacientes acompanhados substituição, ajuste ou interrupção da
em farmácias comunitárias sofreram com problemas farmacoterapia do paciente;
REVISTA PHARMACIA BRA- profissionais nos sistemas de saú- pacientes de um plano de saúde,
SILEIRA - Dr. Walter, por que de, a mesma literatura apresenta nos Estados Unidos, resultou em
o CFF empenhou-se tanto em evidências de melhores resulta- melhoria significativa dos parâ-
aprovar a proposta de regula- dos clínicos no controle de pro- metros clínicos e em economia
mentação das atribuições clínicas blemas relacionados à segurança para o plano de saúde, na medida
do farmacêutico? do tratamento medicamentoso, a em que, para cada dólar investido
Walter Jorge João, Presi- exemplo do progresso no contro- no serviço clínico, o sistema rece-
dente do CFF - Porque temos le do diabetes, da dislipidemia e be entre 2,5 e 12 dólares de re-
plena convicção nos poderes da hipertensão, além da redução torno. Nós, também, iniciaremos
sanitário e social das atribuições da procura por serviços de emer- estudos que possam comprovar
clínicas. Vários serviços clínicos gência e do número de hospitali- cientificamente os benefícios das
prestados no âmbito da atenção zações, bem como a diminuição atribuições clínicas em pacientes
à saúde já foram descritos e ava- no tempo de internação hospita- portadores de doenças crônicas.
liados na literatura pertinente, a lar. Outro importante dado é a
qual mostra o quanto eles impac- diminuição dos eventos adversos PHARMACIA BRASILEIRA -
tam, de forma positiva, na me- relacionados a medicamentos, Como o senhor explica o novo
lhoria da qualidade do processo do índice de massa corporal e da contexto da saúde, no Brasil, e os
de uso de medicamentos e nos mortalidade. desafios que ele representa para
resultados terapêuticos. o farmacêutico?
Há um estudo que revela
Baseada em estudos que ava- que o acompanhamento farma- Walter Jorge João, Presi-
liam a contribuição dos cuidados coterapêutico oferecido a 15.000 dente do CFF - O contexto da
saúde, no mundo - e não é dife- nimo, um medicamento por dia, agregar algum ganho a mais ao
rente, no Brasil - está passando o que predispõe à ocorrência seu salário, vende medicamen-
por profundas mudanças. A pres- de interações medicamentosas e tos, sem critério técnico e científi-
tação de cuidados em saúde está à intoxicação, por causa da di- co, deixando o paciente comple-
sendo redefinida, na tentativa de minuição das funções hepática tamente desassistido de cuidados
se buscar uma nova organização e renal dos idosos, entre outros em saúde. Assim, esse paciente é
e divisão do trabalho. Por trás dis- fatores. Aproximadamente 19% exposto a vários riscos.
to, estão a crise de financiamento das admissões hospitalares entre O balconista e o estabele-
dos sistemas de saúde e o desafio pacientes idosos tem origem nos cimento (estou me referindo às
de se assegurar o acesso a esses problemas relacionados ao uso farmácias e drogarias que não
sistemas, respeitada a questão de medicamentos. prestam assistência farmacêutica)
do custo-efetividade. Os serviços
Imagine, portanto, o quanto são peças de uma engrenagem
farmacêuticos entram, neste con-
as atribuições clínicas e a prescri- perniciosa e movida pelo interes-
texto, como um aliado da popu-
ção farmacêutica poderão contri- se econômico, sob o olhar, se não
lação e dos sistemas de saúde.
buir com a saúde da população, de aprovação, de neutralidade de
As últimas décadas trouxe- levando em conta toda esta reali- todos os Poderes da República.
ram transformações profundas ao dade que expus. Mas é preciso ficar claro que tudo
setor, a começar pelo impressio- faremos para que essa realidade
nante aumento da demanda de PHARMACIA BRASILEIRA não detenha o avanço da profis-
assistência à saúde, pela incorpo- - O farmacêutico é obrigado a são farmacêutica. Os farmacêuti-
ração de tecnologias e a susten- prescrever? cos estão a caminho de servir a
tabilidade do seu financiamento. população, e têm, para tanto, as
Veja o caso do Brasil. No País, a Walter Jorge João, Presi- suas atribuições clínicas e o ato
população cresceu para mais de dente do CFF - Ele é autorizado, da prescrição. Queremos levar
200 milhões de habitantes, se- mas não obrigado a prescrever. É mais saúde às pessoas.
gundo o último censo do IBGE isto o que dispõe a Resolução do
CFF. A farmácia não é lugar ape-
(Instituto Brasileiro de Geografia
nas para se vender medicamento.
e Estatística), divulgado, em agos-
PHARMACIA BRASILEIRA - É, antes de tudo, um estabeleci-
to de 2013, e as dificuldades de
Fale sobre a relação das farmácias mento de saúde onde as pessoas
financiamento do setor são críti-
com os seus clientes. têm o direito assegurado por lei
cas. Por outro lado, a população
a receber cuidados clínicos far-
está envelhecendo e, desse pro- Walter Jorge João, Presi- macêuticos. Os benefícios destes
cesso, decorre o aumento das dente do CFF - A realidade, hoje, cuidados são muitos e estão cita-
doenças crônicas. é muito cruel. Sessenta e quatro dos na literatura internacional.
A transição demográfica por cento das pessoas que vão
constitui uma nova necessidade às farmácias não procuram o far- PHARMACIA BRASILEIRA -
em saúde. Cerca de 80% dos ido- macêutico. Infelizmente, é assim. Por que o CFF levou as propostas
sos tem pelo menos uma doen- O critério que elas adotam para de regulamentação das atribui-
ça crônica. Significa dizer que é decidir por um ou outro estabele- ções clínicas e da prescrição a
maior a necessidade de esses pa- cimento é o menor preço e não a tantos debates?
cientes usarem mais de um medi- busca pelo cuidado profissional.
Walter Jorge João, Presi-
camento, sem se perder de vista a O resultado dessa condu- dente do CFF - Porque o CFF,
promoção do uso racional destes
ta completamente equivocada desde que começamos a falar em
produtos.
é que esses pacientes acabam atribuições clínicas e em prescri-
Vale ressaltar que mais de sendo atendidos pelo balconista ção farmacêutica, entendeu que
80% dos idosos utilizam, no mí- que, movido pelo interesse em os assuntos deveriam ser profun-
Contudo, não se deve observar apenas o aumen- Esses programas revelam uma saúde que, aos
to dos recursos, mas, sim, as mudanças empreendidas poucos, vai abandonando o eixo paradigmático e
no SUS (Sistema Único de Saúde), nos últimos dez equivocado da medicalização, das práticas estrita-
anos, frutos de uma nova orientação sanitária e social. mente curativas e avança para o fortalecimento da
Grande parte dos programas vinculados a essa nova atenção básica que contempla a promoção e a pro-
abordagem com que o Governo trata a área abre es- teção da saúde, sem deixar de buscar a prevenção.
paços importantes para a atuação dos farmacêuticos. Lembro o médico sanitarista e um dos pais do
Eu diria mais: muitos desses programas só lograrão êxi- projeto do SUS (Sistema Único de Saúde), Sérgio Arou-
to, se incluírem os serviços clínicos dos farmacêuticos. ca, para quem o modelo que vigorava, no País, estava
O crescimento e o
convencimento da assistência
farmacêutica na saúde pública
Pelo jornalista Aloísio Brandão,
Editor desta revista.
cêutica é transversal às políticas públicas de saúde no SUS, não se fala mais em dispensário e, sim, em
e visa a proporcionar aos usuários um atendimento farmácias; não se fala ou se escreve profissional habi-
integral, seja por meio do acesso e qualidade dos litado e, sim, farmacêutico”.
produtos farmacêuticos, seja em termos do processo
O debate sobre assistência farmacêutica, segun-
de atenção à saúde, com garantia da continuidade
do o dirigente do DAF/MS, ganhou destaque entre
do cuidado”.
os gestores, quer seja pelo nível de investimento,
Ele acrescenta ser fundamental que a assistência quer pela necessidade de prover o acesso. “Há um
farmacêutica na atenção básica esteja estruturada interesse enorme em pactuar a assistência farmacêu-
para atingir esse propósito. “Neste contexto, é im- tica”, garante José Miguel.
prescindível que os serviços de gestão e cuidado far-
Graduado em Farmácia Bioquímica pela Uni-
macêutico estejam claramente incorporados como
versidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especia-
um componente essencial nas políticas farmacêuti-
lista e mestre em Saúde Pública pela mesma institui-
cas locais”, pede o Diretor do DAF/MS. Lembra que
ção, Dr. José Miguel é membro do Conselho Gestor
a estruturação da assistência farmacêutica no SUS
do Programa Farmácia Popular do Brasil, tem expe-
adquiriu a condição de estratégia para o aumento e
riência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em
a qualificação do acesso da população aos medica-
assistência farmacêutica. Foi Presidente do Conselho
mentos.
Regional de Farmácia de Santa Catarina, nos anos de
Nesta entrevista, Dr. José Miguel do Nascimen- 1989, 2003 a 2009 e Professor da Universidade do
to Júnior ressalta a importância que a assistência Vale do Itajaí (SC), de 1995 a 2012. VEJA A ENTRE-
farmacêutica adquiriu no contexto da saúde pública. VISTA COM O FARMACÊUTICO JOSÉ MIGUEL DO
Resultado disto, de acordo com ele, é que, “hoje, NASCIMENTO JÚNIOR, DIRETOR DO DAF/MS.
enorme em pactuar a assistência Eixo Estrutura, que visa a contri- recursos financeiros de forma
farmacêutica. buir para a estruturação dos ser- apropriada.
viços farmacêuticos no Sistema
A cada pactuação, elevamos As farmácias da Atenção
Único de Saúde (SUS), de modo
o patamar de compromissos dos Básica receberam mobiliários
que estes sejam compatíveis com
gestores. Seja ele no financia- e equipamentos. Ainda com os
as atividades desenvolvidas na as-
mento, seja nas responsabilida- recursos do Ministério da Saú-
sistência farmacêutica.
des. Um grande benefício foi a de, foram realizadas aquisição
criação do DAF, em 2003, pelo Por meio do Eixo Estrutura, de uniforme para a equipe, ade-
fato de dar ao MS e ao SUS uma são direcionados recursos finan- quação de estrutura física nas
área especifica de coordenação ceiros para a aquisição de mobi- farmácias e a garantia de educa-
da Política de Assistência Far- liários e equipamentos necessá- ção continuada para toda equi-
macêutica. Com ela, avançamos rios à estruturação das Centrais pe da assistência farmacêutica.
muito. Contribuímos para a Po- de Abastecimento Farmacêutico, Muitos outros exemplos podem
lítica de Recursos Humanos do à organização das farmácias no ser citados. O Qualifar-SUS tem
SUS, para a Política do Complexo âmbito da atenção básica e à revolucionado. Ele faz parte da
Industrial em Saúde, para a Polí- manutenção dos serviços farma- pauta estratégica da Diretoria
tica de Atenção Básica. Hoje, o cêuticos. Ou seja, esse eixo tem do Conasems. Isso é uma vitória
DAF está maduro e reconhecido propiciado aos Municípios habi- importante.
interna e externamente. litados ao Programa Qualifar-SUS
os recursos financeiros e o apoio PHARMACIA BRASILEIRA
PHARMACIA BRASILEIRA - técnico imprescindíveis ao de- - O CFF apoia integralmente os
O Qualifar-SUS é vinculado ao senvolvimento de uma política esforços do DAF/MS, com vistas
Brasil Sem Miséria por uma ques- de assistência farmacêutica de a expandir o Qualifar-SUS. Tan-
tão de orientação político-social qualidade. to que o CFF pediu apoio, nesse
do programa. Que resultados o sentido, ao Conselho Nacional de
O Município de Itapeva, lo-
Qualifar-SUS tem apresentado, Saúde. É possível ampliar o pro-
calizado no Estado de São Paulo,
nos Municípios mais carentes? grama a um universo maior de
com aproximadamente 87.000
Farmacêutico José Miguel habitantes, relatou a experiên- Municípios?
do Nascimento Júnior - O Pro- cia na 1ª Oficina Nacional do Farmacêutico José Miguel
grama Nacional de Qualifica- Programa, realizado, em agosto do Nascimento Júnior - O Quali-
ção da Assistência Farmacêutica de 2013, na cidade de Brasília. far-SUS - Eixo Estrutura habilitou,
- Qualifar-SUS -, instituído pela Antes do Programa, o Município no primeiro ano do Programa,
Portaria 1214, de 14 de junho de apresentava dificuldades na ges- 453 Municípios. Em 2013, novos
2012, tem por finalidade contri- tão e na estruturação da assistên- 453 Municípios foram contem-
buir para o processo de aprimo- cia farmacêutica. plados com recursos de investi-
ramento, implementação e inte- mento e custeio, totalizando 906
Após o recebimento dos
gração sistêmica das atividades Municípios habilitados. Na pro-
recursos do Qualifar-SUS, foi
da assistência farmacêutica nas gramação de 2014, teremos um
viabilizada a informatização da
ações e serviços de saúde, visan- incremento de 30% no número
assistência farmacêutica e a im-
do a uma atenção contínua, inte-
plantação do Hórus em toda Municípios habilitados, totalizan-
gral, segura responsável e huma-
rede de saúde, proporcionando do 70% de habilitação dos Mu-
nizada.
uma programação de medica- nicípios contemplados no Plano
O programa está estruturado mentos adequada às necessida- Brasil Sem Miséria - com até 100
em quatro eixos, dentre estes, o des do Município e o uso dos mil habilitantes.
DIRETRIZES CURRICULARES:
necessidade de ajustes
Especialista em ensino farmacêutico entende que as
DNCs apresentam envelhecimento em alguns dos seus
aspectos. Instituições de ensino, por outro lado, não
conseguiram compreender e cumprir as Diretrizes.
nas específicas para a formação. movam a integração entre áreas, inicie, já no terceiro semestre. É
Apenas indicam as competências para que se instale, no ensino, a inconcebível que o acadêmico de
e habilidades, deixando o curso prática da interdisciplinaridade, Farmácia tome contato com a ex-
livre para elaborar a sua matriz tão útil para o farmacêutico, ao periência prática, com três anos
curricular, o que, muitas vezes, longo de sua vida profissional”, e meio de curso”, recomenda a
implica na subutilização ou qua- apelou a especialista em ensino professora que pediu, ainda, que
se exclusão de alguns conteúdos. farmacêutico. o ensino contemple o Sistema
INTERDISCIPLINARIDADE Em muitos cursos, o ensino Único de Saúde (SUS), o trabalho
– Onze anos depois de publica- de Farmacologia, por exemplo, em equipe e a atenção à saúde.
das as DNCs, outras mudanças é estanque e, por conseguinte, Mas, ainda que reconheça
previstas não foram implantadas não dialoga com a Fisiologia, a problemas relacionados às Di-
por grande parte dos cursos de Patologia, a Farmacovigilância, retrizes, Zilamar Fernandes tem
Farmácia, a exemplo da interdis- a Epidemiologia e mesmo com um entendimento de que as
ciplinaridade, da integração entre as disciplinas da área das Análi- DNCs são “avançadas” em sua
áreas e da aproximação entre o ses Clínicas. “O que estamos ob- perspectiva de promover trans-
ensino e as realidades profissional servando, em muitos cursos, é a formações no ensino. A assessora
e social. Farmacologia sendo ministrada do CFF pontifica que parte dos
apenas como o ensino de grupos problemas está localizada nas
Zilamar Fernandes aponta a
de fármacos e suas funções”, la- instituições de ensino – “são di-
utilização, por muitos professo-
menta Zilamar Fernandes. ficuldades, em sua maioria, con-
res, da metodologia tradicional,
que não prevê a integração entre Ela volta a falar do estágio: centradas na gestão”, diagnostica
áreas, como responsável pela re- “Em muitos cursos, o estágio só - e que estas devem empregar
sistência às mudanças. “É muito é oferecido, no sétimo semes- todos os esforços, no sentido de
necessário que os professores pro- tre, quando o ideal é que ele se compreender e cumpri-las.
Como mudar?
A PHARMACIA BRASILEIRA fez duas
revista
perguntas à professora Zilamar Fernandes, com o
objetivo de saber dela as alternativas que ela propõe
para atualizar as Diretrizes. Veja as perguntas.
Mais um momento
crucial para a Farmácia José Vílmore Silva Lopes Júnior,
Diretor Secretário-Geral do Conselho Federal de Farmácia.
E-mail: vilmore@ig.com.br
A
o principal agente, por diversos motivos. Ele é o pro-
profissão farmacêutica tem evoluído, nes- fissional de saúde mais acessível e mais próximo da
tas duas últimas décadas, período em que população. É o último profissional do setor na linha
a sociedade brasileira passou, também, por muitas do cuidado, antes da intervenção medicamentosa,
transformações. A melhoria da renda e o estímulo com possibilidade de, se detectados problemas, rea-
do consumo têm demonstrado, na farmácia, um lado lizar alguma intervenção. Mas é um profissional que
perigoso para a população. Tratando o medicamen- tem de sair da passividade burocrática e assumir esta
to como um bem qualquer e não como um insumo função a qual, até o presente momento, é de sua ex-
à saúde, temos visto crescer, no Brasil, o número de clusividade.
internações por intoxicações medicamentosas em
Não podemos mais ser omissos e delegar, por
níveis que nunca havíamos detectado.
esta omissão, a outros profissionais sem nenhuma
O aumento da renda, invariavelmente, vem capacitação, como no caso de vendedores (bal-
acompanhado do aumento da oferta de alimentos e conistas), ou com meia formação, como no caso
da mudança para um estilo de vida mais sedentário de dos técnicos, o nosso relevante papel junto à
que consequentemente leva à obesidade e a todos sociedade, sob pena de colocarmos em risco esta
os problemas que esta acarreta: aumento dos casos sociedade à qual juramos servir com os nossos co-
de diabetes, hipertensão, dislipidemias, entre outros. nhecimentos.
PROGRAMA NACIONAL DE
SEGURANÇA DO PACIENTE:
Um sopro de esperança
Jornalista Aloísio Brandão,
Editor desta revista.
“O cuidado à saúde que, antes, era simples, me- to. Evitar erros de medicação também se inclui entre
nos efetivo e relativamente seguro, passou a ser mais as ações da OMS.
complexo, mais efetivo, porém potencialmente peri-
PNSP - Em 2013, o Ministério da Saúde brasilei-
goso”. As palavras, que aparentemente trazem uma
ro partiu para enfrentar mais incisivamente o proble-
flagrante contradição, são do médico e pesquisador
ma, ao instituir o Programa Nacional de Segurança
inglês Cyril Chantler e ajudam a definir a gravidade
do Paciente, por meio da Portaria GM/MS número
e complexidade da segurança do paciente, no mun-
529/13. O objetivo do Programa é qualificar o cui-
do, com o peso de um postulado. O Dr. Chantler é
dado, em todos os estabelecimentos de saúde brasi-
Diretor do Great Ormond Street Hospital, uma das
leiros públicos e privados. “O grau de complexidade
maiores instituições hospitalares pediátricas do mun-
que o cuidade de saúde atingiu não deixa mais espa-
do, e um dedicado estudioso dos resultados dos tra-
ço para uma gestão de saúde não profissionalizada”,
tamentos dos pacientes. A necessidade de se garantir
justifica o documento referência para o programa. O
segurança ao paciente já foi objeto de preocupação,
PNSP já definiu eixos e protocolos.
há 2.500 anos. Hopócrates (460 a 370 a.C) advertiu:
“Primum non nocere” (Primeiro, não cause o dano). FARMACÊUTICOS NO CIPNSP - O Conselho
O que levou o pai da Medicina a cunhar a frase? A Federal de Farmácia tem assento no Comitê de Im-
certeza de que o cuidado poderia, sim, causar algum plementação do Programa Nacional de Segurança
prejuízo a quem o recebe. Os alertas de Hipócra- do Paciente (CIPNSP). Representado pelos farma-
tes e de Cyril Chantler são separados apenas pelo cêuticos Tarcísio Palhano, Assessor da Presidência,
tempo, mas trazem a mesma verdade. O Ministério e Josélia Frade, integrante da Assessoria Técnica do
da Saúde, em 2013, adotou uma ação mais efetiva órgão, o CFF integra, no Comitê, os subgrupos de
no enfrentamento do problema, com a instituição do Qualificação e Capacitação cujas ações viabilizaram
Programa Nacional de Segurança do Paciente. a participação de farmacêuticos num programa de
treinamento, no Hospital Albert Einstein, em São
As duas frases não devem soar como efeito. A
Paulo.
insegurança do paciente é algo grave, preocupante
e entrou para as estatísticas como uma das maiores O programa, denominado “Capacitação em As-
causas de morte, no mundo. Também, chamado de sistência Farmacêutica com Profissionais do SUS”,
evento adverso, o problema matou cerca de 100 mil tem carga horária presencial de 16 horas e utiliza a
pessoas em hospitais, nos Estados Unidos, nos anos metodologia da simulação realística. Foram ofere-
1990 (é uma taxa de mortalidade superior às causa- cidas 80 vagas com duas turmas de 40 participan-
das pelo HIV, câncer de mama ou atropelamento) e tes. A primeira turma realizou o curso, nos dias 9 a
representou gastos anuais estimados entre US$ 17 e 10 de outubro de 2013, e a segunda, nos dias 12
29 bilhões. Dez por cento, em média, dos pacien- e 13 de dezembro do mesmo ano. O objetivo é
tes internados, em vários países - inclusive no Brasil fornecer subsídios para o gerenciamento do sistema
- sofrem algum tipo de evento adverso, sendo que e dos processos de administração de fármacos aos
destes 50% são evitáveis. pacientes, bem como para a análise dos processos
de qualidade e segurança na administração de fár-
É tão grave a questão dos danos gerados pelos
macos, em ambiente hospitalar.
cuidados que a OMS (Organização Mundial da Saú-
de) criou, em 2004, a Aliança Mundial para a Segu- O CFF está representado nos subgrupos de Edi-
rança do Paciente cujo objetivo é reduzir os riscos toração e Publicação, Evento Adverso Relacionado à
e abrandar os eventos adversos. Para tanto, adotou Assistência e Capacitação e Qualificação. Ressalte-se
ações globais das quais as prioritárias são reduzir a a participação do Conselho na revisão dos protocolos
infecção associada ao cuidado em saúde, por meio para a Prevenção de quedas, Identificação do pacien-
da campanha de higienização das mãos, e promover te, Segurança na prescrição, Uso e administração de
uma cirurgia mais segura, por meio de uma lista de medicamentos, Cirurgia segura, Prática de higiene
verificação antes, durante e depois do procedimen- das mãos em serviços de saúde e para a prevenção de
Farmacêutico Mário
Borges, uma das maiores
autoridades brasileiras em
erros de medicação: “A
assistência tornou-se muito
mais complexa e efetiva.
Logo, mais sujeita a erros;
logo, mais perigosa”.
PHARMACIA BRASILEIRA leira de Enfermagem e Segurança 2013, que institui ações para a
- Dr. Mário Borges, o senhor foi do Paciente) e outras instituições. segurança do paciente em servi-
convidado pelo Ministério da ços de saúde. Esta RDC tem de-
O lançamento do progra-
Saúde, por seu notório saber em finições de termos em segurança,
ma veio tornar oficial o engaja-
erros de medicação, para parti- determina a criação dos Núcleos
mento do Governo Federal, no
cipar do Comitê de Implemen- de Segurança do Paciente (NSP)
sentido de melhorar a segurança
tação do Programa Nacional de em todos os serviços de saúde,
da assistência à saúde. Já foram
Segurança do Paciente. O que se define as competências do NSP,
publicadas portarias ministeriais
pode esperar do Programa? bem como as responsabilidades
e resoluções da Anvisa, além de
da direção dos serviços de saúde
Mário Borges - O lança- fornecimento de material educa-
para a criação dos núcleos.
mento do Programa Nacional de tivo. Acredito que o programa irá
Segurança do Paciente, no dia 1º melhorar a qualidade e a seguran- É importante, ainda, acres-
de abril de 2013, pelo Ministro ça do serviço prestado nos esta- centar que os NSP terão que de-
da Saúde, foi muito importante belecimentos de saúde, reduzirá senvolver várias atividades. Pode-
e oportuno, pois é sabido que o sofrimento de pacientes e dos mos citar algumas delas, como:
os eventos adversos ocorridos próprios profissionais da saúde e elaborar, implantar, divulgar e
na assistência à saúde mostram economizará recursos financeiros. manter atualizado o plano de se-
frequência elevada, podem lesar gurança do paciente no serviço
e até matar pacientes, além de Sugiro o acesso ao hotsite da de saúde, além de outras tarefas a
levar ao desperdício de recursos Anvisa http://www.anvisa.gov.br/ serem executadas. Outro aspecto
financeiros destinados ao sistema hotsite/segurancadopaciente/in- importante a ser visto na RDC 36
de saúde. dex.html, pois, nele, há bastante é que os NSP deverão notificar
material de apoio e legislação mensalmente os eventos adver-
O assunto segurança do pa-
sobre o assunto, além dos sos que ocorrerem nos serviços
ciente já vinha sendo discutido,
protocolos completos a serem de saúde para a Anvisa.
há mais tempo, pelo Ministério
adotados. Tudo vai auxiliar bas-
da Saúde, Anvisa (Agência Nacio- Existem prazos a serem cum-
tante no entendimento do papel
nal de Vigilância Sanitária), Fio- pridos e sugiro leitura cuidadosa
do farmacêutico na melhoria da
cruz (Fundação Oswaldo Cruz), da RDC em questão. Como a
segurança do paciente.
ISMP Brasil (Instituto para Práti- RDC 36 foi publicada, em ju-
cas Seguras no Uso de Medica- É importante ler com atenção lho de 2013, a Anvisa irá cobrar
mentos), Rebraensp (Rede Brasi- a RDC 36, de 25 de julho de o que está determinado para a
Qualidade de vida
em doadores de sangue
Os Serviços de hemoterapia
precisam da participação de uma
população saudável para doar, al-
truística e voluntariamente, o san-
gue e seus componentes, cabendo
conhecer e estar integrada ao perfil
dos doadores que realizarão o ato
cidadão da doação. A Norma Téc-
nica Brasileira em Hemoterapia,
revisada, em 2013 (Portaria MS nº
2.712), possibilita que as pessoas
realizem doações de sangue com
qualidade, não correndo risco no
ato transfusional e não submeten-
do os receptores do seu sangue a Dr. João Samuel de Morais Meira, Diretor Dra. Daniele Idalino Janebro, Professora
riscos de contrair doenças. Desta Tesoureiro do Conselho Federal de Farmácia substituta de Hematologia e Citologia
forma, a avaliação na qualidade de e professor aposentado de Hematologia Clínicas do Departamento de Ciências
e Citologia Clínicas do Departamento de Farmacêuticas da UFPB.
vida desse doador merece especial Ciências Farmacêuticas da Universidade
atenção dos formuladores de polí- Federal da Paraíba (UFPB).
ticas públicas em saúde no escopo
da promoção à saúde.
aos componentes a serem transfun- cionamento social” têm sido utiliza-
A doação de sangue é essen- didos. dos e cabe aos profissionais de saúde
cial para a saúde pública, e a Orga- compreender esses sinônimos, uma
nização Mundial de Saúde (OMS) Reforça-se que todo processo
vez que qualidade de vida relaciona-
preconiza que 3% da população de doação de sangue é seguro para o
da à avaliação subjetiva do indivíduo
seria o suficiente para formar um doador, executado apenas com ma-
e ligada ao impacto do estado de
exército de doadores adequados terial descartável. O que leva um in-
saúde reflete a capacidade de o ser
para atender às necessidades de divíduo a praticar o ato de doar san-
humano viver, plenamente.
sangue dos hospitais, no mundo. gue expressa-se por um exercício de
cidadania em sua forma mais nobre Assim, a avaliação da qualida-
Na hemoterapia, as ativida- – a de salvar a vida de uma pessoa. de de vida dos doadores de san-
des são desenvolvidas por profis- gue pode nos mostrar quais são as
sionais de equipe multidisciplinar, Destarte, é essencial que haja a
dimensões de sua vida que estão
que é composta por farmacêuti- associação entre a doação de sangue
sendo negligenciadas e quais es-
cos, biomédicos, médicos, enfer- e a percepção que o indivíduo tem
tão mais enfocadas. Isto permitirá
meiros e técnicos de enfermagem de sua qualidade de vida, uma vez
refletir sobre novas ações que po-
e de laboratório que precisam de que, apesar de não haver benfeito-
derão ser incorporadas na triagem
comprometimento e entrosamen- ria física para o doador, a literatura
clínica do doador, com vistas a se
to para um trabalho em equipe, aponta que doar sangue eleva a au-
melhorar não só a assistência ao
eficaz e eficiente, com vistas a toestima e sentimentos de bem-estar
mesmo, mas se construir a promo-
minimizar ao máximo os riscos do entre os doadores.
ção da saúde do doador, contri-
paciente, além de garantir a segu- Sinônimos de qualidade de vida buindo para uma melhor seguran-
rança aos receptores em relação como “condições de saúde” e “fun- ça transfusional.
Uso racional de
medicamentos em foco
O Prêmio Jayme Torres de 2013, que
teve como tema o Uso Racional
de Medicamentos (URM), tem os seguin-
tes vencedores na Categoria Profissional:
Rodrigo Batista de Almeida (CRF/PR), em
primeiro lugar, com o artigo “Uso racional
de medicamentos numa proposta integra-
da de educação e saúde”, e Mariza Casa-
grande Cervi (CRF/RS), ocupando a segun-
da colocação, autora do artigo “Estratégias
educacionais indutoras do uso racional de
medicamentos”. Na Categoria Estudante, o
Prêmio foi conferido a Larissa Celestina La-
bas, acadêmica da Faculdade de Farmácia
da Universidade Estadual de Ponta Grossa
(PR). O artigo com que ela concorreu ao
certame leva o título de “Projeto Uso Ra-
cional de Medicamentos: estratégia de
conscientização”. Cinquenta trabalhos (38
na categoria profissional e 12 produzidos
por acadêmicos de Farmácia) concorreram
ao Jayme Torres de 2013. Os prêmios fo-
ram entregues, durante a solenidade come-
morativa ao Dia do Farmacêutico, realizada
pelo CFF, em Brasília, na noite do dia 24 de
janeiro.
Para o Dr. Rodrigo Batista, que atua no Cur- nhos, na qual os personagens foram desenhados
so d e Farmácia do Instituto Federal do Paraná por alunos de uma escola de Palmas.
(IFPR), o tema do Prêmio Jayme Torres de 2013
O estudo encontrou dificuldades em levantar
despertou nele a necessidade de estudar a rea-
algumas informações como, por exemplo, a utiliza-
lidade dos medicamentos armazenados, em do-
ção de medicamentos no contexto da automedica-
micílios, no Município de Palmas (PR). Este foi o
ção. “Tivemos algumas limitações no estudo. Não
ponto de partida para a produção do artigo que
foi possível saber as condições de armazenamento
conquistou o primeiro lugar no Prêmio.
e a forma de sua aquisição - se pelo SUS ou pela
rede privada de farmácias”, diz.
Um ponto de extrema relevância, ressalta
o autor do artigo vencedor do Jayme Torres, é
a “farmacologização da sociedade”, fenômeno
Dr. Rodrigo Batista de produzido pela crença de que quase todos os
Almeida, autor do artigo eventos do cotidiano têm um fundo patológico e
vencedor na Categoria
Profissional, fala em
devem, portanto, ter uma abordagem terapêutica
“farmacologização da com a utilização de medicamentos”, acrescenta.
sociedade”. Rodrigo Batista observa que uma das formas de
se reverter o aumento abusivo no consumo de
medicamentos é a conscientização da população
e dos profissionais de saúde sobre o grande risco
potencial que o uso desses produtos representa.
“O recolhimento de medicamentos já ocor- A opção por usar um medicamento deveria
ria, há três anos, desde que o IFPR (Instituto Fe- ser pautada pelo máximo rigor. Diz o farmacêuti-
deral do Paraná) iniciou as atividades, no Muni- co: “Isso exigiria uma mudança no paradigma da
cípio de Palmas. Mas a campanha ficava restrita atuação profissional de todos aqueles que podem
ao simples recolhimento e ao destino final”, prescrever medicamentos (médicos, dentistas, en-
afirma. Neste ano, porém, o Instituto decidiu fermeiros e farmacêuticos), bem como reorientar
dar um passo a mais e começou, então, a anali- as práticas de automedicação”. E completa: “Caso
sar todo o material recolhido. “Com esse traba- haja necessidade em se usar um medicamento,
lho, foi possível identificar que medicamentos este deve ser administrado nas menores doses pos-
estavam estocados, nas residências, e estimar o síveis e dispensado em quantidades adequadas
impacto para as saúdes humana, animal e am- para o tratamento, evitando-se sobras que podem
biental, caso esses produtos viessem a ser utili- prejudicar a saúde de pessoas e animais ou, ainda,
zados ou descartados, de forma incorreta”, ex- serem descartadas, inadequadamente”.
plica o farmacêutico Rodrigo Batista.
O artigo “Uso racional de medicamentos
Essas informações foram repassadas à po- numa proposta integrada de educação e saúde”
pulação por diferentes meios. “Como parte da contou com os seguintes autores colaboradores:
população não tem acesso aos jornais, levamos Amanda Sotoriva, Ângela Cristina Andrade Sal-
a mesma informação para programas de rádio”, vador, Caroline Menchor Folchini, Jardel Cris-
conta o farmacêutico. Essa propagação acabou tiano Bordignon e Rodrigo Hinojosa Valdez. O
atingindo o público infantil, proporcionando, autor principal levou o prêmio de R$ 6.000,00,
ainda, a elaboração de uma história em quadri- certificado e troféu.
tário, produção, manipulação e controle de qua- Inicialmente, o projeto era executado, por
lidade, transporte e armazenamento, seleção/pa- meio do trote solidário, em que os calouros do
dronização, aquisição, distribuição, dispensação e curso de Farmácia arrecadavam, junto à comu-
acompanhamento farmacoterapêutico. Fica claro, nidade, os medicamentos em condições de uso
portanto, que o farmacêutico é o profissional mais ou não, vencidos ou dentro do prazo de valida-
próximo do medicamento e que pode, em cada de e amostras grátis. Posteriormente, veio, tam-
uma das etapas descritas, trabalhar de acordo com bém, a necessidade de conscientização sobre o
o paradigma do URM”, concluem. uso racional.
Além das arrecadações e descarte de medi-
CATEGORIA ESTUDANTE - Vencedora na
camentos, o projeto contou com algumas estra-
Categoria Estudante, a acadêmica Larissa Celesti-
tégias desenvolvidas para fortalecer a conscien-
na Labas, de 22 anos, concorreu ao Prêmio Jayme
tização, a exemplo da Campanha 5 de Maio,
Torres com o artigo “Projeto Uso Racional de Medi-
na qual foram montados estandes, no terminal
camentos: estratégia de conscientização”. Larissa,
central de ônibus da cidade de Ponta Grossa,
que cursa o último ano do Curso de Farmácia da
onde os acadêmicos prestavam orientações às
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), no
pessoas, do ciclo de palestras aos acadêmicos
Paraná, integra o Projeto Uso Racional de Medica-
dos cursos de Farmácia e Medicina, e de pa-
mentos, desde o primeiro ano de faculdade.
lestras em comunidades onde o consumo de
“Eu me interessei pelo tema e desenvolvi pales- medicamentos é bastante evidente. O projeto,
tras visando à conscientização dos acadêmicos de no entanto, não consegue abranger a população
Farmácia sobre a importância do uso racional, sobre como um todo. “Isso demandaria um número
o projeto em si, sobre a farmácia caseira e sobre que maior de alunos e, principalmente, o interesse
medicamentos as pessoas devem ter, em suas casas, da população em conhecer o assunto”, afirma.
onde os mesmos devem ser armazenados e sobre o
INCENTIVO À PESQUISA - O Prêmio Jay-
seu descarte correto”, conta a estudante.
me Torres foi criado pelo Conselho Federal de
Farmácia, em 2002, através de Resolução, para
incentivar a pesquisa científica entre farmacêu-
ticos e acadêmicos de Farmácia e a produção
de artigos técnicos e científicos. Também, para
Vencedora na Categoria
Estudante, a acadêmica
homenagear um dos fundadores e primeiro Pre-
Larissa Celestina Labas sidente do CFF, o Dr. Jayme Torres.
produziu o artigo
“Projeto Uso Racional de Por Anderson Souza,
Medicamentos: estratégia Estagiário de Jornalismo junto à Assessoria de Imprensa do CFF, sob
de conscientização”. a coordenação do jornalista Aloísio Brandão, editor desta revista.
ESTÉTICA, um
mercado forte à
espera do farmacêutico Pelo jornalista Aloísio Brandão,
Editor desta revista.
O “Diário Oficial da União” de 24 de maio de De acordo com a norma editada pelo CFF, cons-
2013 traz publicada, em suas páginas, a Resolução de tituem técnicas de natureza estética e recursos tera-
número 573, do Conselho Federal de Farmácia, que pêuticos utilizados pelo farmacêutico em estabele-
regulamenta as atribuições do farmacêutico no exer- cimentos de saúde estética a I - avaliação, definição
cício da saúde estética e da responsabilidade técnica dos procedimentos e estratégias, acompanhamento
pelo estabelecimento que executam atividades afins. e evolução estética; II - cosmetoterapia; III - eletro-
A Resolução, ao reconhecer a estética como área de terapia; IV - iontoforese; V - laserterapia; VI - luz in-
atuação do farmacêutico, imprime um forte sentido tensa pulsada; VII - peelings químicos e mecânicos;
de qualificação técnica e cientificamente ao setor, VIII - radiofrequência estética; e IX - sonoforese (ul-
vez que os farmacêuticos são detentores de conhe-
trassom estético).
cimentos clínicos utilizados na terapêutica para fins
estéticos e de saúde. A Resolução traz, ainda, ganhos DEFINIÇÃO DAS TÉCNICAS - Cosmetoterapia
para a sociedade, que passa a contar com serviços de consiste na aplicação externa e superficial de pro-
qualidade, e para os farmacêuticos, que veem con- dutos denominados genericamente de cosméticos
solidado um importante nicho de mercado. com finalidade terapêutica e de embelezamento;
Eletroterapia é o uso de correntes elétricas den- um estado de completo bem-estar físico, mental e
tro da terapêutica. Os aparelhos de eletroterapia social e não somente a ausência de doença ou en-
utilizam uma intensidade de corrente muito baixa, fermidade”.
correspondente a miliamperes e microamperes. Os
VITÓRIA JURÍDICA - A Resolução, já no pará-
eletrodos são aplicados diretamente sobre a pele e
grafo único do seu artigo primeiro, deixa claro que
o organismo é o condutor. Na eletroterapia, são con-
o farmacêutico não está autorizado a praticar inter-
siderados parâmetros, como resistência, intensidade,
venções de cirurgia plástica com fins estéticos. Ainda
voltagem, potência e condutividade; Iontoforese é assim - e apesar de não ser uma atividade exclusi-
a introdução de radicais químicos nos tecidos, por va do farmacêutico -, mal o CFF editou a 573/13,
meio do um campo elétrico, produzido por uma cor- o Conselho Federal de Medicina tentou, na Justiça,
rente unidirecional. Durante essa introdução, ocorre suspendê-la, ajuizando um pedido de antecipação
a repulsão e a atração iônica, de acordo com a pola- de tutela contra o Conselho de Farmácia. Mas a Juíza
ridade de cada eletrodo e, assim, sua interação com Substituta da 17ª Vara da Seção Judiciária do Dis-
a membrana biológica. Laserterapia é uma técnica trito Federal, Maria Cândida Carvalho Monteiro de
não ablativa utilizada na depilação, discromias, en- Almeida, após analisar os argumentos apresentados
velhecimento cutâneo, flacidez tegumentar e lesões pela Consultoria Jurídica do CFF, indeferiu o pedido.
vasculares; Luz Intensa Pulsada é considerada uma
fonte de luz não-laser gerada por lâmpadas, resultan- “O farmacêutico é o profissional detentor do co-
do na emissão de calor e radiação luminosa, sendo, nhecimento sobre medicamentos e pode, sim, ser o
portanto, classificada como recurso fototermotera- responsável técnico por estabelecimentos nos quais
pêutico; Peeling químicos e mecânicos são proce- se utilizam técnicas de natureza estética e recursos
dimentos de estética capazes de promover a reno- terapêuticos para fins estéticos, desde que não haja
vação celular, de forma progressiva, estimulando a a prática de intervenções de cirurgia plástica. É mais
regeneração natural dos tecidos; Radiofrequência um campo de atuação para o farmacêutico. É mais
estética é um tipo de radiação eletromagnética que, uma conquista da categoria”, exclamou o Presidente
em frequências mais elevadas, gera calor nos teci- do CFF, Walter Jorge.
dos biológicos. A técnica é considerada não ablati- MERCADO - O mercado aberto para o farma-
va, induzindo a produção de colágeno sem ruptura cêutico, no setor estético, é muito promissor. Em
da pele. Sonoforese (ultrassom estético) significa o Curitiba (PR), o farmacêutico Higor Guerim, especia-
uso do ultrassom para aumentar a absorção cutânea lista no setor, abriu, em 2012, uma clínica de saúde
de fármacos aplicados, topicamente. A sonoforese estética. Tamanha foi a demanda enfrentada por seu
aumenta exponencialmente a absorção tópica de estabelecimento que, em 2013, Guerim expandiu a
substâncias, através da epiderme, derme e anexos empresa, com a abertura de mais duas clínicas.
cutâneos.
Higor Guerim foi convidado pelo CFF para
SAÚDE - O CFF, no texto da Resolução atuar como assessor ad hoc na elaboração da Re-
573/2013, define a saúde estética como “a área da solução 573/13. A revista PHARMACIA BRASILEIRA
saúde voltada à promoção, proteção, manutenção e o entrevistou para esta matéria sobre saúde estéti-
recuperação estética do indivíduo, de forma a sele- ca. “A saúde estética pode ser eficaz na redução da
cionar e aplicar procedimentos e recursos estéticos, circunferência abdominal, que sabidamente está as-
utilizando-se para isto produtos cosméticos, técnicas sociada ao aparecimento de problemas cardíacos, e
e equipamentos específicos, de acordo com as ca- pode minimizar os efeitos do tempo sobre a pele.
racterísticas e necessidades do cliente”. O bem-estar O farmacêutico pode, também, orientar e incentivar
promovido pela saúde estética vai ao encontro do hábitos saudáveis e tudo que pode estar relacionado
conceito de saúde estabelecido pela OMS (Organi- ao bem-estar do paciente”, explica Guerim. VEJA A
zação Mundial da Saúde) segundo a qual “saúde é ENTREVISTA.
PHARMACIA BRASILEIRA -
O que o farmacêutico faz na esté-
tica pura e na saúde estética? Que
itens ele produz e dispensa? E que
serviços presta?
Farmacêutico Higor Gue-
rim - Quando falamos em saúde
estética, entendemos que a saúde
está relacionada ao bem-estar e à
satisfação com a aparência física.
Podemos trabalhar essas questões,
através de diversos procedimen-
tos usados na estética, que podem
minimizar, ou resolver diversas
características antiestéticas, como
cicatrizes de acne, manchas, gor-
dura localizada, estrias, celulite e
até a obesidade.
Quando não usamos o ter-
mo saúde estética, podemos estar
nos referindo a procedimentos
Dr. Higor Guerim
de manutenção de um resultado
já obtido ou técnicas preventivas
para retardar o aparecimento de
características do envelhecimento
celular.
A Resolução 573, do CFF,
não muda nada em relação ao
que pode ser manipulado em Farmacêutico Higor Guerim PHARMACIA BRASILEIRA -
uma farmácia magistral. A clínica - A saúde é agregada à estética em Em que casos a saúde estética é
de estética não pode exercer ativi- diversas situações, como no caso eficaz?
dades de manipulação de formu- de uma pessoa que recupera a
Farmacêutico Higor Gue-
lações, mas o farmacêutico pode confiança para sair em público,
rim - A saúde estética pode
aplicar cosméticos produzidos em depois de resolver uma caracterís-
tica que a incomoda, ou no caso ser eficaz na redução da cir-
outro estabelecimento. Podemos,
de uma pessoa que trata a obe- cunferência abdominal, que
ainda, oferecer vários serviços que
sidade e melhora de problemas sabidamente está associada ao
envolvem diversas técnicas descri-
tas na Resolução. secundários, como a hipertensão, aparecimento de problemas
hiperglicemia, problemas cardía- cardíacos, e pode minimizar os
PHARMACIA BRASILEIRA - cos, problemas de articulação, en- efeitos do tempo sobre a pele.
Em que situações a saúde é agre- tre outras. O farmacêutico, além O farmacêutico pode, também,
gada à estética? Que benefícios a de executar as técnicas de estéti- orientar e incentivar hábitos
saúde estética traz aos clientes das ca, pode auxiliar na utilização de saudáveis e tudo que pode es-
clínicas pelas mãos do farmacêuti- medicamentos dispensados para tar relacionado ao bem-estar do
co especialista? outros problemas de saúde. paciente.
PHARMACIA BRASILEIRA -
O senhor é um empresário bem-
sucedido no setor da estética.
Abriu, em Curitiba, há um ano,
uma clínica e, em 2013, a enorme
“Para se capacitar na área, o
expansão da demanda o levou a farmacêutico deve procurar um
abrir duas filiais. O senhor acon- curso de especialização. Com a
selharia o farmacêutico especialis- publicação da Resolução, muitas
ta a abrir o seu próprio negócio? instituições já estão oferecendo cursos
Com que recomendações e res-
salvas?
direcionados para farmacêuticos”
(Farmacêutico Higor Guerim).
Farmacêutico Higor Guerim
- Recomendo o farmacêutico
a abrir o seu próprio negocio,
sim. Mas abrir uma clínica não
é sinônimo de sucesso. Existem
muitas questões que devem ser
levadas em consideração. Não PHARMACIA BRASILEIRA - ser profissionais liberais e ofere-
é diferente de outro negócio. Em que classe social localiza-se cer o serviço como autônomo. O
Temos que ter um bom ponto a maior parte da clientela das farmacêutico pode montar a sua
comercial, estrutura de acor- clínicas de estética? O aumento agenda de trabalho, de acordo
do com o publico alvo, preço do poder de compra das classes com a sua disponibilidade de tem-
competitivo, entre outros. Não C e D fez expandir o mercado po. Pode, também, desenvolver
podemos esquecer que temos estético? outras atividades em outras áreas
vários custos, como funcioná- da profissão.
Farmacêutico Higor Gue-
rios, aluguel, luz, água, telefo-
rim - As classes sociais que mais
ne, material de consumo etc. PHARMACIA BRASILEIRA -
consomem esses serviços são B O que o farmacêutico que se in-
Então, uma boa reserva inicial
é indispensável para não passar e C. O aumento do poder de teressa pela saúde estética deve
sufoco, nos primeiros meses. consumo dessas classes é um fazer para se capacitar na área?
dos responsáveis pela expansão Onde ele pode buscar a especia-
PHARMACIA BRASILEIRA deste setor. lização? Há quantidade de cursos
- Quanto custa, em média, abrir que atende à demanda dos farma-
uma clínica de estética? Que PHARMACIA BRASILEIRA cêuticos?
equipamentos e produtos são im- - O senhor participou do Grupo
Ad Hoc do Conselho Federal de Farmacêutico Higor Gue-
prescindíveis para se abrir uma clí-
Farmácia que elaborou a proposta rim - Para se capacitar na área, o
nica e quais os seus preços?
farmacêutico deve procurar um
de Resolução que regulamenta as
Farmacêutico Higor Guerim curso de especialização. Com a
atividades do farmacêutico na es-
- O custo para abertura de uma publicação da Resolução, muitas
tética. Que impactos esta norma
clínica e muito variável. Hoje em instituições já estão oferecendo
causará nas ações profissionais?
dia, dispomos de uma infinida- cursos direcionados para farma-
de de equipamentos, produtos e Farmacêutico Higor Guerim cêuticos. Ele vai ter que mostrar
técnicas para este setor. Tudo vai - A Resolução vai oferecer mais que é um bom profissional. Não
depender do que a clínica preten- uma opção ao farmacêutico e, tenho dúvidas de que isto vai
de oferecer. O valor inicial pode também, uma oportunidade para ocorrer. Em pouco tempo, sere-
variar de 60 mil Reais a 600 mil atuarmos em uma nova modalida- mos uma classe profissional reco-
Reais. de de trabalho. Agora, podemos nhecida nesta área.
PHARMACIA BRASILEIRA - trial são muito mais ágeis e têm por vários profissionais: médicos,
Ao contrário do que ocorreu, na Eu- a regulamentação praticamente químicos, farmacêuticos e biomé-
ropa, quando da criação da União completa. Por outro lado, a regu- dicos. Este é um grande desafio
Europeia, por que os profissionais lamentação das profissões da área que está sendo discutido pelos Es-
da saúde sul-americanos não se da saúde caminha a passos de tados partes.
envolvem diretamente no processo tartaruga. Isto pode ser explicado,
de formação do Mercosul? em parte, pelos interesses corpo- PHARMACIA BRASILEIRA
rativos, pois nenhuma profissão - Fale do ensino, nos Países do
Farmacêutico Carlos Cecy - quer perder áreas de atividade, Mercosul. É possível estabelecer
Sua pergunta sobre o desinteresse nem as conquistas consolidadas alguma comparação entre os cur-
do envolvimento nas questões do em leis trabalhistas. Também, as sos dos países, tomando por base
Mercosul merece um esclareci- divergências de denominações, a qualidade dos mesmos?
mento. Por parte dos brasileiros, de órgãos controladores, de âmbi-
este desinteresse justifica-se pelo Farmacêutico Carlos Cecy -
to profissional e de formação con-
fato de os mesmos não vislum- No que respeita a qualidade dos
tribuem para que as discussões se
brarem vantagem em migrar para profissionais formados, os Países
perenizem.
os países vizinhos, pois, além de membros aprovaram, em 2008,
territorialmente menores, não são um acordo visando à criação de
PHARMACIA BRASILEIRA
economicamente atraentes. O um sistema de acreditação de cur-
- Como harmonizar diferenças
mesmo não ocorre com os pro- sos denominado Sistema ARCU
gritantes na formação acadêmi-
fissionais dos demais Países Mem- (Acreditación Regional de Carreras
ca e no âmbito profissional far-
bros, que acompanham, de perto, Universitarias)-SUR. Trata-se de
macêutico, nos Países membros,
toda a legislação do Mercosul e um mecanismo de avaliação da
considerando, por exemplo, que,
vêem, no Brasil, infinitas possibi- qualidade do ensino, com vistas
na Argentina e no Paraguai, o bio-
lidades de trabalho e de progresso a agilizar a revalidação dos diplo-
químico não é farmacêutico, mas,
profissional. mas universitários.
sim, o profissional formado em
outro curso - o de Bioquímica? O processo foi implantado
PHARMACIA BRASILEIRA - em caráter experimental para os
Farmacêutico Carlos Cecy -
O processo de harmonização dos cursos de Agronomia, Engenharia
Essa pergunta remete ao que foi
serviços farmacêuticos - e de saú- e Medicina, sendo facultativa a
dito: que, somente no Brasil, o
de, em geral -, no Mercosul, é mui- adesão das instituições de ensino.
farmacêutico é habilitado para o
to lento em comparação ao que Os cursos de Medicina da Univer-
exercício das análises clínicas. Nos
ocorre com os produtos, inclusive sidade Estadual de Londrina, da
demais Países, inclusive na Ve-
medicamentos e cosméticos, se- Santa Casa de Misericórdia de São
nezuela, essa atividade é exercida
gundo especialistas. Por que? Paulo e da Universidade Federal
por um profissional específico: o
de São Paulo (Unifesp) estão parti-
Farmacêutico Carlos Cecy - bioquímico ou o bioanalista, que
cipando do sistema.
Concordo com a sua colocação. se constitui em uma profissão. No
O setor de comércio e o indus- Brasil, é uma atividade exercida Atualmente, o programa
Um novo teste rápido de Aids realizado por fluido confiabilidade, além de não necessitar de infraestrutura
oral está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), laboratorial”, explica Alexandre Padilha, à época, Minis-
desde março de 2014. O resultado sai, em até 30 mi- tro da Saúde.
nutos. A Portaria que normatiza a medida foi publica-
Na apresentação disponível, nas farmácias, os
da, no dia 18 de dezembro de 2013, pela Secretaria de
testes terão uma bula explicativa com informações de-
Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. O novo
talhada do passo a passo para a sua realização; orienta-
diagnóstico será ofertado para a população em todas
ção para procurar serviço de saúde, se der positivo; e o
as campanhas do Fique Sabendo, nos serviços do SUS
número de telefone disponível para responder dúvidas.
que atendem as populações vulneráveis e nas farmácias
“As pessoas que, eventualmente, não se sintam à von-
da rede pública, a partir do segundo semestre de 2014.
Testes com essa metodologia, que possuírem registro na tade para ir a um centro de saúde ou a um laboratório,
Anvisa, também, poderão ser vendidos em farmácias da poderão fazer o teste com privacidade, em sua própria
rede privada. casa, no horário e da forma que quiserem”, ressaltou o
Ministro.
Inicialmente, o teste com fluido oral será utilizado
por 40 ONG parceiras do Departamento de DST, Aids O kit para a realização do teste está sendo produ-
e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, que atuam, zido pelo laboratório Bio-Manguinhos/Fiocruz e contém
em 21 Estados e no Distrito Federal. Terão prioridade ao uma haste coletora descartável (swab) - de uso único
novo método, durante esta fase inicial - prevista para ini- - para obtenção de fluido oral; um frasco com solução,
ciar, em março de 2014 - as populações prioritárias que no qual é colocada a haste coletora após a obtenção da
apresentam maior vulnerabilidade à infecção pelo HIV amostra; um frasco com o tampão de corrida de reação;
(homens que fazem sexo com homens, um suporte plástico de teste, em que
gays, profissionais do sexo, travestis, ocorrerá a reação e a revelação do re-
transexuais, pessoas que usam drogas, sultado.
pessoas privadas de liberdade e em si- Como pré-requisto para fazer o
tuação de rua). diagnóstico oral, é necessário que, 30
AUTOEXAME - “Em um segundo minutos antes, a pessoa evite ingerir
momento, o diagnóstico estará disponí- alimento ou bebida, fume ou inale qual-
vel para todas as pessoas que quiserem quer substância, escove os dentes e use
realizá-lo, inclusive como autoexame. A antisséptico bucal. Também, se deve re-
sua grande vantagem é a segurança e a tirar o batom e evitar realizar atividade
oral que deixe resíduo. O fluido do teste oral é extraído à sua realidade local, de modo a viabilizar o acesso de
da gengiva e o começo da mucosa da bochecha com o todos os indivíduos que desejam conhecer seu estado
auxílio da haste coletora. O resultado sai em até 30 mi- sorológico”, observa Jarbas Barbosa.
nutos. Quando surge uma linha vermelha, significa que
Outra novidade do Manual é a possibilidade de
não é reagente. Caso apareçam duas linhas vermelhas,
confirmação do diagnóstico rápido de HIV, com um se-
indica que, naquela amostra, há anticorpos anti-HIV, ou
gundo teste, também, rápido, que permite a redução do
seja, o teste é positivo.
tempo de entrega do resultado ao paciente. Atualmente,
MANUAL - A Portaria, também, aprova o novo a confirmação do diagnóstico de HIV é feita, por meio de
Manual Técnico para Diagnóstico da Infecção pelo HIV testes Elisa e Western Blot.
em Adultos e Crianças. O documento complementa os
procedimentos para a realização de testes de HIV, no “Anteriormente, quando a pessoa realizava o exa-
País. “A Portaria atualiza a forma técnica de diagnóstico me em laboratório, e o Elisa dava positivo, era feito um
do HIV para adequarmos aos avanços alcançados nesse teste complementar do tipo Western Blot. Com o avanço
campo, nos últimos anos. O objetivo é tornar mais fácil a tecnológico, esse exame ficou ultrapassado. Por essa ra-
sua interpretação pelos profissionais de saúde”, explica zão, na nova Portaria - quando o teste inicial feito no la-
o Secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa. boratório der positivo - o teste complementar recomen-
dado, a partir de agora, é o teste molecular”, explica o
Segundo o Secretário, a principal meta é possibili-
Diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais,
tar a ampliação da testagem e do acesso mais rápido e
Fábio Mesquita.
eficiente a todos que buscam o diagnóstico. “Isso per-
mitirá aos profissionais e serviços escolhas adequadas Fonte: Agência Saúde - Atendimento à Imprensa (por Nivaldo Coelho).
grande porte, negligenciando o gerenciamento dos resí- consequências dos problemas observados no estudo,
duos nesses outros estabelecimentos. Domicele sugere o cumprimento das normas, como a
elaboração do plano de gerenciamento para as unida-
Seguido pelo estudo de campo, por meio de visi-
des, a efetivação de uma agenda de política ambiental
tas às unidades de saúde, foi levantado o histórico de
na área da saúde e, por fim, a conscientização de todos
elaboração do plano de gerenciamento, a quantificação
os envolvidos no processo de melhorias das políticas pú-
e caracterização dos resíduos nestas unidades, procedi-
blicas no âmbito da atenção primária em saúde.
mentos de manejo abrangendo forma de segregação,
acondicionamento, armazenamento interno e externo, A avaliação de todo o processo de geração até a
transporte, tratamento e destinação final dos resíduos. destinação final dos resíduos proporcionou uma cons-
ciência crítica em relação ao conhecimento dos profis-
Em relação aos resultados, a pesquisa acusou que
sionais envolvidos no processo. Além disso, destacou a
falta, nas unidades, gerenciamento e designação de
importância da elaboração do plano de gerenciamento
responsabilidades, uma lacuna observada, também, na
para todas as unidades. A tese de mestrado, intitula-
análise da legislação. “Nenhuma das unidades de saú-
da “Impasses e dificuldades na gestão de resíduos de
de dispõe de Plano de Gerenciamento dos Resíduos de
serviços de saúde: estudo de caso no município de Ara-
Serviços de Saúde (PGRSS), sendo este solicitado em di-
çatuba”, foi apresentada, em 29 de novembro de 2013,
ligência pela Vigilância Sanitária para emissão do alva-
na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), sob
rá sanitário”. Também, foi observada a falta de conhe-
a orientação da professora Elda Falqueto. Domicele Ra-
cimento dos profissionais em relação à importância de
mos, graduada em Enfermagem, tem especialização em
todo o processo de gerenciamento dos resíduos.
Saúde da Família pela Universidade Federal de Goiás
Entre as medidas importantes para a redução das (UFG).
Os produtos, que serão fabricados pelo Bionovis e O acordo com a Merck Serono garante a trans-
os institutos públicos Fiocruz e IVB (Instituto Vital Brasil), ferência tecnológica, em cinco anos, entre a multi-
são de última geração e de alto custo para o tratamento nacional e a empresa Bionovis, criada para a fabrica-
de doenças, como câncer e artrite reumatoide - Etaner- ção exclusiva de medicamentos biológicos e formada
cepte, Rituximabe, Bevacizumabe, Cetuximabe, Inflixi- por quatro grandes laboratórios (Aché, EMS, União
mabe e Trastuzumabe. Química e Hypermarcas). A Merck Serono é uma das
maiores empresas de medicamentos do mundo, dis-
O secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Es-
tribui produtos em mais de 150 países. A empresa
tratégicos (SCTIE), Carlos Gadelha, destacou que as PDPs
possui mais de 38 mil funcionários e, no ano pas-
relativas a esses seis medicamentos foram divulgadas,
sado, seu faturamento foi superior a 11 bilhões de
em junho de 2013. “Num período de cinco meses, já
Euros. “Considero um dos projetos mais relevantes,
se conseguiu um parceiro tecnológico que domina o
porque significa ampliar o acesso da população a
ciclo completo de produção e que contratualmente se
medicamentos importantes a tratamentos extrema-
compromete e nós vamos seguir, passo a passo, esse
mente sofisticados”, afirmou Vera Valente, represen-
processo para que a transferência de tecnologia seja in-
tante da Merck Serono, no Brasil.
tegral, desde o que eles chamam do lote semente, até a
embalagem do produto, no Brasil”, explicou. MEDICAMENTOS BIOLÓGICOS - Em junho de 2013,
o Ministério da Saúde anunciou novas 27 parcerias entre
“Nossa intenção é transferir a tecnologia para que
laboratórios públicos e privados que resultarão na pro-
os produtos sejam totalmente manufaturados, aqui no
dução nacional de 14 biológicos. A produção nacional
Brasil. Assim, vamos aliviar a balança comercial negativa,
deve gerar economia de R$ 225 milhões por ano. Atual-
ganhar com geração de empregos e formação de téc-
mente, os biológicos consomem 43% dos recursos do
nicos especializados, além de colocar o Brasil na inde-
Ministério da Saúde com medicamentos, cerca de R$ 4
pendência desses produtos”, enfatizou o Presidente da
bilhões por ano, apesar de representarem 5% da quan-
Bionovis, Odnir Finotti.
tidade adquirida. Com as medidas, o País aumenta para
REDUÇÃO DO DEFICIT - Considerando as PDPs exis- 25 o número de biológicos produzidos, nacionalmente.
tentes e previstas no Ministério da Saúde, com participa- Os produtos biológicos são feitos a partir de material
ção da Bionovis, haverá uma redução de cerca de 10% vivo e manufaturados, a partir de processos que envol-
do déficit na balança comercial de medicamentos que, vem medicina personalizada e biologia molecular.
em 2012, atingiu US$ 11 bilhões. A economia de divisas
esperadas é de aproximadamente US$ 1 bilhão. Fonte: Agência Saúde, do Ministério da Saúde.
áreas: Ciências Básicas e Medicina Experimental - 9 Multiprofissional. O artigo foi elaborado como trabalho
artigos; Medicina Clínica - 32 artigos; Medicina Cirúr- de conclusão da Residência, na área de atenção hospi-
gica - 18 artigos; Saúde Multiprofissional - 12 artigos; talar, da farmacêutica Wálleri Reis e outros, e trata dos
Gestão e Economia em Saúde - 18 artigos. problemas da farmacoterapia e das intervenções farma-
cêuticas realizadas na avaliação de mais de 6000 pres-
O objetivo deste prêmio é o fomento e divulga-
ção de estudos nacionais. Os ganhadores recebem crições, no Hospital de Clínicas da Universidade Federal
prêmios nos valores de R$7.000,00 para os primeiros do Paraná.
colocados, R$3.000,00 para os segundos colocados RESUMO - O artigo tem por autores os farma-
e R$ 2.000,00 para os terceiros colocados de cada cêuticos Wálleri Christini Torelli Reis, Carolinne Thays
categoria. Scopel, Cassyano Januário Correr e Vânia Mari Salvi
O Prof. Dr. Eric Roger Wroclawski foi o fundador e Andrzejevski. O objetivo do trabalho é analisar as in-
primeiro editor da Einstein. Falecido, em 2009, era mé- tervenções realizadas por farmacêuticos clínicos, du-
dico urologista, foi Presidente da Sociedade Brasileira rante a revisão de prescrições médicas das Unidades
de Urologia e da Confederação Americana de Urologia e de Terapia Intensiva Adulto, Terapia Intensiva Cardio-
Professor de Urologia da Faculdade de Medicina do ABC. lógica e de Cardiologia Clínica de um hospital univer-
sitário terciário do Brasil.
Em 2013, o artigo “Análise das intervenções de far-
macêuticos clínicos em um hospital de ensino terciário MÉTODOS - A análise de prescrições foi realiza-
do Brasil”, ficou em primeiro lugar na categoria Saúde da diariamente com avaliação dos seguintes parâme-
tros: dose, intervalo de administração, apresentação
e/ou forma farmacêutica, presença de medicamen-
tos inapropriados/desnecessários, necessidade de
medicamento adicional, alternativas terapêuticas
mais adequadas, presença de interações medica-
mentosas relevantes, inconsistências nas prescri-
ções, incompatibilidades físico-químicas/estabilidade
da solução.
A partir dessa avaliação, os problemas relacionados
aos medicamentos foram classificados, bem como as in-
tervenções farmacêuticas resultantes, conforme estabe-
lecido pelo manual de farmácia clínica do hospital.
RESULTADOS - Durante o estudo, 6.438 prescrições
foram avaliadas e foram realizadas 933 intervenções far-
macêuticas. Os medicamentos mais envolvidos nos pro-
blemas foram ranitidina (28,44%), enoxaparina (13,76%)
e meropenem (8,26%). A aceitação das intervenções foi
de 76,32%. O problema mais comumente encontrado foi
relacionado à dose, representando 46,73% do total.
CONCLUSÃO - Até 14,6% das prescrições avaliadas
apresentaram algum problema relacionado a medica-
mentos. As intervenções farmacêuticas promoveram
mudanças positivas em sete a cada dez dessas pres-
crições.
PERFIL INDUSTRIAL
ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
Segundo Alves, caso não tenha controle desse flu- post mortem, são avaliados o estado do corpo, o sangue,
xo, o juiz pode questionar o laudo, que pode ser invalida- assim como são utilizadas outras amostras, como do fí-
do. Depois do etanol, que lidera o número de amostras gado e do cabelo. Essa última é bem eficiente no caso de
toxicológicas, o segundo lugar é ocupado pelo “chumbi- levantamento histórico da utilização de substâncias e ex-
nho”, nome popular de um poderoso inseticida agrícola posição a metais pesados, porque, inclusive, pode ser la-
cujo princípio ativo é o aldicarb, do grupo químico dos vado para eliminação de substâncias exógenas. Também,
carbamatos. é muito usado em programas de reabilitação para moni-
toramento de abstinência de dependentes químicos.
Nos casos sem histórico, os técnicos lançam mão
de testes de screening, métodos de triagem e, depois, A partir da segunda metade da década de 1990,
testes mais confirmatórios, para aumentar o grau de aumentou o número de publicações na área de toxico-
certeza, a exemplo da análise de cromatografia. Quan- logia forense, das quais duas delas se destacam: “Foren-
do não há suspeição da substância química, a tecnologia sic Science Internacional” e “American Journal Forensic
mais utilizada é a análise toxicológica sistemática, que se Medical Pathology”. Nelas, os principais assuntos abor-
utiliza da padronização de métodos analíticos, inclusive dados giram em torno de desenvolvimento de métodos
é a mais aplicada na Europa, informou Alves. analítico ou amostragem; investigação e aplicação dos
métodos analíticos; estratégias analíticas; entre outros.
As amostras clínicas (pessoas vivas) são de sangue,
a mais usual, cabelo, saliva e urina. Já no caso de análise Fonte: Informe Ensp
DENGUE
Já a pesquisa de imunidade celular será realizada mundo. A técnica utiliza o chamado vírus atenuado.
em pessoas infectadas pelos sorotipos DENV 1, 2, 3 e 4. Isto é, o próprio vírus da dengue modificado, de ma-
O objetivo é avaliar a resposta imunológica desses pa- neira que produz anticorpos na população, mas não
cientes e o desenvolvimento dos casos graves da doen- desenvolve a doença. A pesquisa pelo Instituto Butan-
ça. Os trabalhos subsidiarão a elaboração de modelos tan iniciou-se, em 2006.
matemáticos que servirão como ferramenta para apoiar
No mundo, estão sendo testadas sete vacinas. No
o Ministério da Saúde na definição do público que rece-
Brasil, além do Butantan, o Instituto de Tecnologia em
berá a vacina contra a dengue. Todo o estudo deve estar
Imunobiológicos Bio-Manguinhos, da Fundação Oswal-
concluído, em dois anos.
do Cruz (Fiocruz), também, está pesquisando uma nova
TESTES - A vacina brasileira contra a dengue, que vacina contra a dengue, com apoio do Ministério da Saú-
já está em fase de testes em humanos, é desenvolvida de. Os estudos são realizados, desde 2009, em parceria
pelo Instituto Butantan, com o apoio do Ministério da com o laboratório privado GSK. A previsão é que a vacina
Saúde. A expectativa é que o imunobiológico seja ad- seja concluída, no prazo de cinco anos.
ministrado em uma única dose e combata os quatro
sorotipos da doença (1, 2, 3 e 4) já identificados, no Fonte: Agência Saúde, do Ministério da Saúde.
Farmácia
em português
Pelo jornalista Aloísio Brandão,
Editor desta revista.
Arouca,
um nome
para sempre
grande passo para o SUS – e as bases para a Diretor da ENSP, Hermano Castro, e o Presiden-
seção Da Saúde da Constituição de 1988 – que te do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz
classificou a saúde como um direito de todos e (Asfoc-SN), Paulo Garrido.
dever do Estado. Além disso, foi de suma im-
DESIGUALDADES - Cabe observar, no en-
portância para a propagação do movimento da
tanto, que restam algumas frustrações para os
Reforma Sanitária.
que efetivamente querem um SUS para todos.
Um ano antes da 8ª CNS, Arouca fora no- “Nossos indicadores relacionados à qualidade
meado Presidente da Fundação Oswaldo Cruz de vida e inclusão social no campo da saúde
(Fiocruz), uma das principais instituições em tiveram muitos avanços, mas ainda temos um
pesquisas na área da saúde pública, no País. SUS que apresenta desafios enormes”, expôs o
Quando Presidente, a Fiocruz avançou e se tor- Presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, durante
nou referência na formulação e discussão da as discussões no auditório da ENSP.
política de saúde.
Na prática, é possível notar que a falta de
Por conta de toda sua história, o maior líder leitos em hospitais, de consultas especializadas,
da reforma sanitária brasileira foi lembrado nas de servidores e de medicamentos, ainda, é um
solenidades dos 59 anos da Escola Nacional de axioma. Muitos acreditam que isso é um exem-
Saúde Pública (ENSP), em setembro de 2013. plo do descontentamento que resultou no grito
Durante os debates, realizados por sanitaristas das ruas pedindo por melhorias junto a diversos
e pesquisadores, no auditório da ENSP – ali, fo-
movimentos.
ram discutidos assuntos como o resgate da re-
forma sanitária e o rumo privatista do SUS –, os “Ninguém foi pedir plano de saúde bara-
presentes colocaram máscaras estampadas com to ou pago pelo Estado. Foram pedir respeito
uma caricatura de Arouca, que foi desenhada, aos direitos do cidadão”, lembrou a pesquisa-
há 20 anos, pelo cartunista Ziraldo. O vídeo “O dora da Fundação Getúlio Vargas, Sonia Fleury,
pensamento crítico de Sergio Arouca”, produ- ainda, no auditório. Em meio às questões re-
zido pelo “Canal Saúde”, da Fiocruz, que traz lacionadas ao rumo que o SUS poderá tomar,
momentos históricos da militância de Arouca, o médico pediatra e sanitarista Gilson Carva-
como sua luta pela Reforma Sanitária, também, lho alertou: “Para onde vai o SUS, depende de
foi exibido. como vamos enfrentar esses desafios. A persistir
o atual cenário em que até o Governo favorece
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva
a mitigação do direito à saúde, nos restará um
(Abrasco) e o Centro Brasileiro de Estudos em
Saúde (Cebes) foram igualmente homenagea- SUS básico para pobre”.
dos. Entre os participantes da cerimônia, esta- Por Anderson Souza, estagiário de Jornalismo nesta revista, com a
vam o Presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, o coordenação do jornalista Aloísio Brandão, editor.