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Inovações
cerve jeiras
Investimento em pesquisa e em
novas tecnologias melhora a
qualidade da cerveja brasileira
e os custos de produção
Yuri Vasconcelos
18 | janeiro DE 2017
As opções da bebida
mais apreciada pelos
brasileiros aumentaram
nos últimos anos no
país, muito pela
produção de mais de
400 microcervejarias
O
Brasil é o terceiro maior produtor doenças e de melhor qualidade industrial. Dificil-
e um dos grandes consumidores mente, sementes de cevada importadas vingam no
de cerveja do mundo. São fabrica- país. As variedades desenvolvidas aqui são muito
dos 13,8 bilhões de litros por ano, competitivas comercialmente.”
o que coloca o país no ranking glo- Quando foi criado, o programa pretendia subs-
bal atrás apenas da China e dos Estados Unidos. tituir a cevada usada pelas cervejarias que, na-
Na última década, o consumo aumentou a uma quela época, era toda importada. Esse objetivo
taxa média de 5% ao ano, com destaque para o ainda não foi atingido. A produção nacional de
segmento de cervejas artesanais, que teve uma 300 mil toneladas por ano (t/ano) do grão, de
evolução anual em torno de 20%. Com um mer- acordo com a Embrapa, atende a 43% da neces-
cado tão robusto, várias iniciativas inovadoras sidade da indústria brasileira para produção de
são fomentadas nas universidades, cervejarias, malte, nome dado ao cereal germinado seco usa-
institutos de pesquisa e por agricultores. Unidos do na fabricação da bebida (ver o infográfico com
em um esforço conjunto para melhorar a qualida- as principais etapas do processo de fabricação da
de do produto e reduzir os custos de fabricação, cerveja). Para suprir a demanda dos fabricantes,
eles são responsáveis por um leque de inovações o Brasil compra cerca de 400 mil t/ano de ceva-
relacionadas tanto ao processo produtivo quanto da de produtores argentinos, europeus, norte-
ao cultivo no país dos principais ingredientes da -americanos e canadenses.
bebida, além da água: cevada, lúpulo e levedu-
ra. “A indústria cervejeira brasileira é formada NOVAS FRONTEIRAS
por mais de 50 complexos fabris com tecnologia Gramínea parecida com o trigo, a cevada (Hor-
de padrão mundial”, diz Paulo Petroni, diretor- deum vulgare) é originária do Oriente Médio. Foi
-executivo da Associação Brasileira da Indústria domesticada inicialmente na antiga Mesopotâ-
da Cerveja (CervBrasil), entidade que reúne os mia, região onde hoje estão o Iraque e a Síria. É
maiores fabricantes do país. uma cultura anual, com a semeadura no Brasil de
Um exemplo do esforço inovativo do setor maio a julho e a colheita entre setembro e novem-
ocorre com a cevada, principal fonte de amido bro. Na última década, o plantio se concentrou
da bebida. Mais de 90% do grão plantado no país no Rio Grande do Sul e Paraná, estados que têm
é fruto de pesquisa nacional. Criado há 40 anos, características climáticas propícias ao pleno de-
o programa de melhoramento genético liderado senvolvimento da planta. Juntos, respondem por
pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária mais de 90% da produção nacional. Por meio das
(Embrapa) já lançou no mercado 30 novos cul- pesquisas da Embrapa, a lavoura tem ampliado
tivares de cevada cervejeira adaptados às condi- suas fronteiras e hoje já é possível produzir o grão
ções de clima e solo. “Com os nossos cultivares, em escala comercial em São Paulo, Goiás e Minas
conhecidos pela sigla BRS, a produtividade mais Gerais. “Lançamos até 2013, em parceria com a
do que triplicou. Nos anos 1970, colhíamos por Malteria do Vale, de Taubaté [SP], as variedades
volta de 1 tonelada de cevada por hectare e agora BRS, Sampa, Manduri e Itanema para cultivo nas
chegamos a 3,5 toneladas por hectare”, informa o lavouras irrigadas de São Paulo”, conta Euclydes
engenheiro-agrônomo Euclydes Minella, respon- Minella. “Em São Paulo, responsável por cerca
sável pelo programa na Embrapa Trigo, em Passo de 5% da produção do grão, 100% das plantações
léo ramos chaves
Fundo (RS). “As novas variedades do grão que são formadas por cultivares da Embrapa.”
desenvolvemos ajudaram a consolidar a lavoura A cooperação entre a Embrapa e produtores,
de cevada cervejeira. Hoje, temos cultivares mais maltarias (fábricas que transformam a cevada em
produtivos, com perfil superior de resistência a malte) e fabricantes de cerveja, segundo Minel-
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1 MALTEAÇÃO 2 CONVERSÃO DO AMIDO 3 PRODUÇÃO DO MOSTO
A cevada precisa ser Durante o processo de O malte é misturado à água e,
transformada em malte. malteação, são liberadas eventualmente, a adjuntos
Para isso, o grão é molhado enzimas que converterão o cervejeiros (cereais não
e começa a brotar. Nesse amido em açúcar. Dependendo maltados, como milho e arroz),
ponto é colocado em uma do processo de secagem, o formando o mosto. Esse caldo
estufa para secar e parar malte ganha aroma e coloração é aquecido para desencadear
de germinar para cada tipo de cerveja algumas reações enzimáticas
para consumo rápido, não é da filtragem, o líquido químicas irão moldar o aroma um granulado cilíndrico
necessária a pasteurização torna-se transparente e o sabor definitivo da cerveja e compactado da flor
ras de luz solar por dia a um máximo de Há dois anos, Francisco presta con- Foi por um lance do acaso que ele teve
14,5 horas. “Ao perceber que o período sultoria a agricultores do Rio Grande do sucesso. “Em 2005, iniciei uma lavoura
de insolação está aumentando, a planta Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, com sementes de um lúpulo canadense
naturalmente passa a produzir um hor- Rio de Janeiro, Mato Grosso e Bahia para fornecidas por um amigo. Algumas mu-
mônio, chamado giberelina ou GA, que viabilizar produções em pequena escala das cresceram em uma estufa, mas quan-
acelera seu crescimento. Já quando os de lúpulo. “Para nossa surpresa, colhe- do as transferi para o campo nenhuma
dias começam a encurtar – no hemisfé- mos lúpulo nas últimas duas safras. To- delas vingou”, recorda-se Veraldi.
rio Sul, a partir de 21 de dezembro –, a dos com boa qualidade, menos na Bahia O agrônomo jogou o material fora, na
produção de GA diminui e ela começa a e Mato Grosso, com qualidade média mas compostagem de seu sítio, e esqueceu do
florar. Em poucas semanas, em fevereiro aceitável. A produtividade média foi de 1 assunto. Tempos depois, percebeu que
ou março, é hora de colher as flores para tonelada por hectare, cerca de um terço uma trepadeira brotara no local. “Era
produzir o lúpulo”, afirma Francisco. A da europeia, o que não é ruim.” um pé de lúpulo sobrevivente. Ele deve
saída encontrada no Brasil foi “enga- Em São Bento do Sapucaí, município ter sofrido alguma mutação genética que
nar” a planta, simulando o fotoperíodo paulista na serra da Mantiqueira, vizi- o tornou adaptado ao intenso regime de
ideal ao seu desenvolvimento. Para isso, nho a Campos do Jordão, o engenheiro- chuvas da Mantiqueira e resistente ao
o produtor instala refletores na lavoura e, -agrônomo Rodrigo Veraldi também per- ataque de fungos. Foi um feliz acaso bo-
com a luz artificial, cria dias mais longos segue, há mais de uma década, o objetivo tânico”, conta. Veraldi multiplicou esse
e reduz a iluminação quando necessário. de criar um plantio nacional de lúpulo. indivíduo e deu início a um dos primeiros
– senão o primeiro – cultivo comercial de o tipo pilsen, no mercado brasileiro, são cantes de cervejas especiais, aquelas com
lúpulo do país em escala muito pequena. 8 quilos de malte e 300 gramas de lúpulo características exclusivas, tais como cor,
Em 2014, a cervejaria nipo-brasilei- para cada 100 litros de cerveja.” aromas e sabores atípicos, produzidas de
ra Brasil Kirin, fabricante das marcas A Brasil Kirin, segundo Mattos, plane- forma artesanal. Com a produção limita-
Schincariol, Devassa, Eisenbahn, entre ja registrar a variedade no Serviço Na- da, essas microcervejarias precisam de
outras, interessou-se pela experiência de cional de Proteção de Cultivares (SNPC), quantidades reduzidas de lúpulo. Atual-
Veraldi e estabeleceu uma parceria para do Ministério da Agricultura, Pesca e mente, elas acabam pagando mais pelo
fomentar a produção. “Nosso objetivo foi Abastecimento (Mapa). Para isso, faz lúpulo importado, que é cotado em dólar,
estimular o cultivo de um lúpulo brasi- análises a fim de definir se realmente se do que os grandes fabricantes, que com-
leiro, contribuindo para o fortalecimento trata de um novo cultivar. “Nossa aposta pram maiores quantidades do produto.
da cultura cervejeira nacional”, conta é que as plantas cruzaram novamente,
o engenheiro químico Rubens Mattos, de forma espontânea, e deram origem a BOOM DAS ARTESANAIS
gerente de Pesquisa e Desenvolvimen- uma nova variedade. Estudos genéticos O Brasil vive uma explosão de micro-
to da Brasil Kirin. Naquele mesmo ano, vão elucidar essa questão”, avalia Mattos. cervejarias. Esse movimento, iniciado
amostras da variedade experimental de O cultivo de lúpulo no país pode bene- no início deste século, ganhou impulso
Veraldi foram usadas em uma edição es- ficiar especialmente os pequenos fabri- nos últimos anos e, segundo a Associação
pecial de 15 anos na Baden Baden, cerve-
jaria da empresa em Campos do Jordão.
“Desde esse primeiro teste, estamos in- Teste de
vestindo continuamente na melhoria da estabilidade
de espuma
produção, fornecendo apoio tecnológico
na Ambev:
e envolvendo cientistas do Japão, sede camada é
da Kirin, e de universidades brasileiras, importante
como USP [Universidade de São Paulo] para preservar
aromas e
e UFPR”, diz Mattos. Em 2015, a cerve-
evitar a
jaria comprou a variedade de Veraldi e oxidação da
expandiu o plantio para outras regiões cerveja
do país. A expectativa é colher até 1.500
quilos de flor em 2017 e lançar uma cer-
veja feita com um lúpulo totalmente na-
cional. Segundo Mattos, a quantidade
de lúpulo e malte varia com o tipo de
cerveja. “Apenas como referência, para
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O laboratório com compostos aromáticos diferentes,
de Pesquisa e assim como outros aspectos organolép-
Desenvolvimento
ticos [percebidos pelo sentidos humanos
da Ambev, em
Guarulhos (SP), como olfato, paladar etc.] do produto”,
analisa o produto afirma o biólogo Cauré Barbosa Portu-
gal, especialista em bebidas fermentadas,
que fez um estágio de pós-doutorado em
processos fermentativos alternativos
da cerveja e da cachaça na Esalq-USP.
“Buscamos isolar e caracterizar outras
espécies de levedura para a elaboração
de cervejas especiais. Nosso grupo de
pesquisa revelou algumas possibilidades
de exploração desses
microrganismos para
produção de bebidas
com novas abordagens
Diferentes de bioaromatização –
incorporação de com-
leveduras postos aromáticos por
vias biológicas, além
para uso na de cervejas funcionais,
fabricação e aquelas com baixo teor
alcoólico e maior con-
a espuma da centração de fibras, vi-
taminas e minerais.”
bebida também Com o bom resul-
tado obtido nas pes-
são objeto quisas, Cauré decidiu
de estudo criar uma empresa pa-
ra oferecer leveduras
customizadas ao mer-
cado de bebidas. “Uma
Brasileira de Microcervejarias (Abracer- Autor de um doutorado na Escola Su- possibilidade inovadora é o emprego de
va), já existem no país por volta de 420 perior de Agricultura Luiz de Queiroz blends de leveduras, que é a utilização de
estabelecimentos do gênero. Juntas, elas (Esalq) da USP sobre envelhecimento mais de um microrganismo no processo
respondem por cerca de 1% do volume de cerveja em barril de madeira, Poleto fermentativo. Algumas proporcionam
consumido no país. “As microcervejarias lembra que outra linha de pesquisa que mais aromas, enquanto outras são mais
oxigenaram o setor cervejeiro nacional. empolga o setor está relacionada à busca neutras. Ao empregar mais de uma le-
Durante anos, as grandes cervejarias fa- por novas leveduras. Durante a fabrica- vedura de forma conjunta ou sequencial
bricaram basicamente um tipo de be- ção da bebida, esses microrganismos de- – primeiro um certo microrganismo e,
bida, a American Stardard Lager, uma sempenham um papel fundamental, o de em seguida, outro –, podemos modular
cerveja leve, de coloração clara e fácil digerir os açúcares presentes no mosto o processo fermentativo e criar uma cer-
de beber. Nos anos 1990, principalmente cervejeiro – como maltotriose, maltose veja diferente, com características pró-
em São Paulo, começou um movimento e glicose –, transformando-os em álcool. prias”, informa o pesquisador. Batizada
de importar cervejas de outros tipos, Mosto é o caldo formado pela cevada e de Smart Yeast (levedura inteligente), a
com sabores mais acentuados, ainda de água, que é aquecido e depois fervido no startup encontra-se em fase de projeto.
forma tímida e restrita a poucos bares e início do processo de fabricação da bebi-
supermercados. Com o surgimento dos da. Historicamente, emprega-se no pro- A estabilidade protetora
pequenos produtores, o portfólio se am- cesso a levedura Saccharomyces cerevisae, A busca por uma cerveja de excelência
pliou e foi lançada uma gama de bebidas mas a tentativa de criar cervejas com di- também tem levado pesquisadores a
que o brasileiro desconhecia: cervejas ferentes perfis tem estimulado especialis- estudar detalhes da estrutura do líqui-
com diferentes teores alcoólicos, novos tas a avaliarem o uso de microrganismos do, como sua espuma. Essa é a linha de
ingredientes, sabores e aromas variados não convencionais que permitam novas pesquisa do engenheiro de alimentos
fotos Léo ramos chaves
e diversos níveis de amargor”, destaca o abordagens de processamento. Flávio Luís Schmidt, professor da Fa-
biólogo Luís Henrique Poleto, consultor “Leveduras não Saccharomyces têm culdade de Engenharia de Alimentos
e mestre-cervejeiro da A Tutta Birra, suscitado especial interesse na indús- da Universidade Estadual de Campinas
microcervejaria de Piracicaba (SP) que tria por demonstrar bom desempenho (FEA-Unicamp). “O objetivo é melho-
fabrica cinco tipos diferentes de cerveja. fermentativo e capacidade de contribuir rar a estabilidade da espuma da cerveja
Paixão nacional
Bebida predileta do brasileiro, a cerveja foi trazida ao país pelos holandeses
Uma pesquisa feita pelo Ibope em apontam que esse povo da Não se sabe ao certo quando se
2014 revelou que a cerveja é a bebida Mesopotâmia venerava uma deusa, deu o início da produção da cerveja
mais apreciada pelo brasileiro. No chamada Ninkasi, dedicada à em solo brasileiro, mas um anúncio no
ano anterior, outro levantamento bebida. No Brasil, acredita-se Jornal do Commercio do Rio de Janeiro
mostrou que ela era a bebida que a cerveja chegou em meados de 27 de outubro de 1836 oferecia a
preferida para comemorações no do século XVII, com a colonização bebida por uma fabricante local, a
país. Dados da Associação Brasileira holandesa, pela Companhia das Cervejaria Brasileira. Segundo Santos,
da Indústria de Cerveja (CervBrasil) Índias Ocidentais. “Com a saída as primeiras cervejas industrializadas
indicam que quase 30 mil litros da dos holandeses em 1654, a cerveja surgiram na segunda metade do
bebida são fabricados a cada minuto deixou o país por 150 anos, só século XIX. Foi também nessa época
no país. O setor fatura R$ 70 bilhões reaparecendo entre o final do que foram criadas as duas empresas
por ano, o equivalente a 1,6% do século XVIII e início do XIX”, que dominariam por décadas o
Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. escreveu Sérgio de Paula Santos em mercado nacional, a Companhia
A história da cerveja no mundo Os primórdios da cerveja no Brasil Cervejaria Brahma, no Rio, e a
remonta ao tempo dos sumérios, que (Ateliê Editorial). Importada da Companhia Antarctica Paulista. Em
há cerca de 6 mil anos criaram a Inglaterra, a bebida retornou ao país 1999, elas se uniram criando a Ambev,
primeira bebida fermentada à base a partir de 1808, com a chegada da que se tornou, à época, a terceira
de cereais. Achados arqueológicos família real portuguesa ao Brasil. maior indústria cervejeira do mundo.
24 | janeiro DE 2017
Depois da experiência com o arroz Segundo Horn, a crítica às cervejas buscado experiências inovadoras e nós
fotos Léo ramos chaves
preto, o grupo de Lorena testou na mi- feitas com cereais não maltados baseia- estamos atentos a esses anseios”, con-
crocervejaria da escola outros ingredien- -se na chamada Lei da Pureza ou Rein ta Horn. Nos últimos anos, a empresa
tes, entre eles banana, pinhão, quinoa e heitsgebot, instituída na Alemanha em lançou, por exemplo, uma cerveja com
pupunha. Um trabalho recente, liderado 1516. Naquela época, a fim de preservar zero teor alcoólico, uma bebida à base
pela aluna Raquel Aizemberg, visou à pro- a qualidade do produto, cada vez mais de cerveja que pode ser consumida com
dução de dois tipos de cerveja, uma lager popular na Europa, o duque Guilherme gelo, e um líquido puro malte com menos
(clara e leve) e outra ale (escura e gosto IV da Baviera decretou que a bebida de- calorias e carboidratos.
mais forte), usando caldo concentrado veria conter apenas três ingredientes: A fim de ampliar e modernizar o tra-
de cana como adjunto. O estudo foi feito cevada, lúpulo e água – a levedura seria balho feito no CDT, a Ambev investe R$
durante o doutorado de Raquel e parte acrescentada tempos depois, pois não 180 milhões na construção de seu Centro
das análises foram realizadas na Univer- se conhecia esse microrganismo no sé- de Inovação e Tecnologia (CIT), previsto
sidade Católica de Leuven, na Bélgica. “A culo XVI. “Essa lei, na verdade, estabe- para ser inaugurado neste ano no Parque
bebida com 25% de xarope de cana foi a leceu uma reserva de mercado para os Tecnológico da Universidade Federal
que mais agradou. Essa foi a melhor cer- produtores de cevada daquela região da do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do
veja que já fizemos”, avalia João Batista, Alemanha. Foi uma grande jogada de Fundão. “Com o CIT, que será um dos
destacando que um pedido de patente marketing que perdura até hoje”, diz o principais polos de inovação cervejeira
associado à elaboração do xarope de cana mestre-cervejeiro, para quem o uso de do mundo, vamos acelerar o processo
já foi depositado no Instituto Nacional de adjuntos é uma prática comum em todo o de criação de novos líquidos e de novas
Propriedade Industrial (INPI). mundo. “Cada região usa o que tem para embalagens”, explica Horn. n
fazer cerveja. Não vejo problema nisso.”
LEI DA PUREZA Dona de 26 diferentes marcas de cer-
Luciano Horn, mestre-cervejeiro da veja, entre elas Brahma, Antarctica, Skol Projetos
Ambev, empresa resultado da fusão, em e Bohemia, a Ambev tem um Centro de 1. Obtenção de cerveja pelo processo de alta densidade,
2004, com a belga Interbrew e, em 2008, Desenvolvimento Tecnológico (CDT) utilizando como adjunto o arroz preto IAC 600 (Oryza
sativa) (n° 2007/01347-3). Modalidade Auxílio à Pesqui-
com a norte-americana Anheuser-Busch que funciona como um laboratório de sa – Regular; Pesquisador responsável João Batista de
InBev, dona da Budweiser, defende o uso ideias. No CDT, situado em Guarulhos, Almeida e Silva (EEL-USP); Investimento R$ 102.818,27
de cereais não maltados na fabricação da na Região Metropolitana de São Paulo, e US$ 26.708,00.
2. Uso de caldo de cana como adjunto na produção de
bebida no país. “A cerveja sempre teve trabalham mestres-cervejeiros, enge- cervejas Lager e Ale (n° 2013/08650-4); Modalida-
milho no país porque esse cereal existe nheiros, químicos, entre outros profis- de Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior – Doutorado;
ilustracão pedro hamdan
por aqui desde os tempos da colonização. sionais. A equipe da Ambev envolvida Pesquisador responsável João Batista de Almeida e Silva
(EEL-USP); Bolsista Raquel Aizemberg (EEL-USP); Inves-
O ingrediente faz parte da receita pelo diretamente com Pesquisa e Desenvol- timento R$ 28.747,02.
benefício do sabor e não interfere em vimento no Brasil é composta por 170 3. Avaliação de uso de hidrocoloides como aditivo es-
sua qualidade final. É um mito pensar pessoas. Eles são responsáveis por criar tabilizante de espuma em cerveja (n° 2013/12528-0);
Modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular; Pesquisador
que cerveja que não é puro malte não desde novos sabores a soluções inéditas responsável Flávio Luis Schmidt (FEA-Unicamp); Inves-
tem qualidade”, afirma. de marketing e vendas. “O brasileiro tem timento R$ 15.672,55.