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Rachel D'Amico Nardelli
Orientação do Professor Doutor Edson Passetti
Março de 2010.
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Metodologia 06
Do direito a identidade 23
2
Clarice Lispector
3
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Ao longo deste trabalho percebi que uma iniciação cientifica não significa só um
pesquisador, à sua maneira de coletar dados e analisa-los. Conhecer seu próprio tempo, assim
Entender a iniciação desta forma seria difícil se não tivesse escolhido Edson Passetti
para me orientar; que trata este trabalho em uma constante delicadeza que outro
transforma meu tempo em seu tempo, me ensina o que é conhecer a si, algo como Michel
Foucault mostra sobre a função do filósofo na Grécia antiga sobre o cuidado de si, de
descobrir a si mesmo.
ser, cada vez mais detalhado, gerenciando corpos e sexos de novas formas. Percorrer as novas
formas em que este dispositivo de poder atua na sociedade de controle foi a maior dificuldade
enfrentada, pois busquei explicitar as inovações, ansiando dar conta do que reestrutura este
Analisei as referências bibliográficas não de maneira cronológica, mas sim a partir dos
conflitos em que esta pesquisa me colocou,como foi atentado no relatório parcial, buscando
toda a atenção e sensibilidade que um método deste requer, para que não sejam perdidos
de controle, mas ao longo da pesquisa percebi que não daria conta de toda reestruturação
deste dispositivo, que como mostra Foucault, se prolifera, e se inova. Há muitos discursos
4
sobre a formação de uma identidade gay, e para tecer minhas análises percorri sobre três
O tempo de um ano não parece ser suficiente para a análise de outros discursos,
mesmo sabendo que outros discursos implicariam em perpassar por estes, mas não só o tempo
de buscar informação, mas também o tempo para digerir os autores, seria preciso mais do que
uma iniciação, principalmente porque não há autores que falem exatamente sobre este novo
poder da sexualidade, no entanto passam por ele de certa forma, como é o caso do sociólogo
Richard Miskolci, e do filósofo Francisco Javier Ortega, entre outros, que atravessam
A maneira para resolver este problema foi separar em cinco eixos, que se interligam
em uma complexa rede de discursos, que perpassam a normalização do homossexual que era
tido como um desvio; os eventos de maio de 1968 que revolucionaram a vida e o sexo; o
controle que a democracia exerce via o ideal de direitos humanos; as imposições da escola e
da medicina nos corpos e completando a rede exponho uma prática chamada Barebacking
Ressalta-se que o uso da palavra gay neste trabalho é recorrente, mas não por
negligencia as definições oficiais, tampouco por menosprezo das mesmas, a opção pelo termo
é para deixar claro que este sujeito não é uma simples categoria construída no duplo
hétero/homo, mas um sujeito que criou para si uma identidade com múltiplas extensões.
totalidade mas me utilizo desta definição genérica para mostrar que qualquer identidade é uma
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mapeamento de artigos escritos após o surgimento da Aids, ou seja a produção científica dos
anos 1970 até os anos atuais, que perpassam a questão da identidade gay.
Além disto foram pesquisadas notícias oficiais sobre a diversidade sexual no Brasil,
nos programas federais, estaduais e municipais. As informações compiladas nos sites1 oficiais
discursos do Estado sobre esta identidade. As notícias que aparentemente são triviais foram
deste texto, atravessa de forma plena a discussão que foi travada no relatório parcial desta
1
http://www.rndh.gov.br ;
http://www2.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/participacao_parceria/coordenadorias/diversidade_sexual;
http://www.spturis.com/comtur/
http://www.aids.gov.br
2
http://www.unaids.org
http://www.dotgay.com/
http://www.hrc.org
http://www.abglt.org.br
http://paradasp.wordpress.com
http://www.interpride.org
http://www.ilga.org
3
http://mixbrasil.uol.com.br/ e http://www.acapa.com.br
6
Neste trabalho encontrei inúmeras dificuldades por ser difícil tratar daquilo que
acontece no momento em que se escreve, atravessando a todo instante aquilo que é proposto,
já que este trabalho trata dos discursos, enquanto práticas também, que constroem o que hoje
é tido como identidade gay. Busquei abarcar tudo o que era produzido neste sentido, porém
não é possível separar em partes singulares o trabalho, o que simplificaria qualquer trabalho,
tratar como se cada parte fosse uma um trabalho a parte, mas também seria de difícil
compreensão colocar tudo num texto corrido e longo, e um tanto confuso. Para superar estes
problemas dividi o trabalho em cinco pedaços, no qual tenho consciência de que um não
existe sem o outro, e que não poderiam ser separados em cinco trabalhos, pois uma discussão
verdade e pela normalização do homossexual que século XVIII é tido como invertido, desvio.
sem controle, mas de se assumir um ser humano digno de direitos, nestes termos não me
detenho no século XVIII, mas percorro de maneira breve, esta mudança de discurso em
sexo e a vida, sabendo que de maneira cronológica, a inclusão tratada no primeiro bloco
talvez não fosse possível, se não houvesse os eventos de maio de 1968, porém por se tratar
diferentemente do que é a inclusão e a normalidade, deixo este período uma análise separada,
7
posicionava neste período, suas praticas de liberdade, e em seguida percorro os novos
investimentos de uma reeducação de corpos gays pelo Estado com o surgimento da Aids, no
final da década de 70, e como isto atravessa justamente os discursos gays e as suas demandas
políticas.
Já na terceira parte passo pela idéia de direitos humanos enquanto demanda oficial do
de uma demanda democrática até a construção de uma cultura gay, com formação de centros
Na quarta parte faço uma ligação entre a escola que administra o corpo gay com a
medicina que o amputa, coloca dentro de um corpo que se identifique com a idéia de gênero.
Pensando em um discurso médico que naturaliza o gênero, mas questiona o desejo sexual.
Dos grupos de riscos à vulnerabilidade social; criação de centro de testes virtuais e centro de
Na quinta parte faço uma análise sobre uma prática chamada Barebacking enquanto
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prisões, porém, enquanto minoria tem sua potência no múltiplo e na diferença, que sofre de
violentas investidas contra seu prazer, como descreve o sociólogo Richard Miskolci:
Em 1859, uma década antes da lei escrita no artigo citado acima, por Richard
Miskolci, Charles Darwin publica ³A Origem das Espécies´ sobre sua revolucionária teoria
da evolução das espécies jamais cogitada antes, pela ciência. Neste mesmo período a
Inglaterra enfrenta o caos da Revolução Industrial e fatores até então desconhecidos, como a
idéia de população, multidão, saúde e políticas de higiene aparecem com o auge dos discursos
científicos da verdade.
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Neste contexto, legitimado pela teoria biológica de Charles Darwin, o inglês Francis
Galton se apropria das idéias evolucionistas e as transfere para as relações humanas, em busca
de aperfeiçoar a espécie humana com o cruzamento de espécimes "perfeitas"; com isso são
empreendidos estudos das condições físicas e genéticas de cada indivíduo. É por meio desta
sociedade específica que Foucault percebe e elucida sobre a função do sexo, além de
explicitar a maneira pela qual a medicina pode colocar a degenerência e as taras sexuais
Desta maneira o sexo passa a ser entendido enquanto função para o corpo social, bom
prazer no sexo, vem não por meio do sentir, ou do acaso do corpo, mas como um manual
social a ser seguido e ensinado.O sexo no Ocidente se encontra dependente de uma história da
Assumir-se homossexual não quer dizer simplesmente fazer sexo com pessoas do
mesmo gênero, este por sinal é um termo também questionável por Judith Butler4, e pela
discussão da teoria 3 Para isso é necessário recorrer aos discursos do sexo e verdade,
4
Judith Butler questiona os movimentos feministas que naturalizam o sexo biológico em preferência a uma
sexualidade socialmente construída, traz a duvida de quem se a liberação do sexo, não trouxe a identidade de
gênero, e uma verdade sobre este sexo aparentemente liberto.
5
A teoria é um estudo sobre a sexualidade de forma a entender que as experiências constroem os sujeitos,
e não os sujeitos que detêm a experiência. Tendo a identidade de forma ampla, em constante movimentação.
12
atravessando aquilo que Michel Foucault chama de governamentalidade, tentando dar conta
destes discursos da sexualidade, que não é uma construção natural, mas antes uma política de
preservação da espécie, uma espécie definida por suas normas ou padrões heterossexuais.
Este governo e adestramento sobre a vida do indivíduo, Foucault afirma ser o bio-
sexualidade precisam ser saudáveis, servindo de adestramento para não colocar em risco o
corpo social, o futuro da espécie e da vida, com os perigos ilimitados do sexo. Com o
consultórios médicos e psiquiátricos com suas definições meticulosas dos inúmeros "desvios
sexuais". Ainda hoje o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - Fourth
como disfunção sexual, alguns destes ³desvios´ como por exemplo: o sadomasoquismo e a
transexualidade.
A medicina é o que da legitimidade aos Estados para a busca por uma sociedade já não
mais de pessoas ou massas, mas de uma população produtiva para girar capital financeiro, e
disciplinar percebe que é necessário obter o máximo de produção com o mínimo de gastos.
este ³sujeito´ que coloca em risco o sistema de alianças, a família, a herança, a divisão de
bens e nomes e a troca de moedas. Este sujeito incomoda pois, com seu prazer coloca em
risco, o próprio Estado Liberal, constituindo-se como uma ameaça ao Contrato Universal.
6
Fonte: http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?sec=23
13
Foi com a ³frugalidade do governo´ que o Estado Liberal pôde criar discursos de
verdade sobre si e sobre o individuo. Nesta comunhão da economia com o governo mínimo, e
Estado Mínimo. Foucault descreve, como a razão do Estado se apropria do mercado, para
produzir verdades, e salienta que isto acontece com o liberalismo, pois até os séculos XVI e
XVII o próprio mercado era o espaço da justiça , pois as relações do artesão com o comprador
não importavam ao Estado; condição esta que se modifica no século XVIII, frente a nova
sociedade liberal em que o mercado legitima o governo pela escassez, com a lei da oferta e da
procura.
sobre a terra e podia interferir na vida e na morte dos súditos, na nova razão do Estado
mínimo (Liberal) o Estado regula interesses individuais, mas não pode intervir sem utilidade,
pois os direitos civis dos indivíduos assim como o mercado, são naturais. Isto auto-limita o
próprio poder do Estado que legitimou este sistema de verdade, neste contexto organizações
coletivas ganham espaços dentro desta relação de poder criando discursos para si que regulam
14
A verdade faz parte dos regimes de maioria, assim sem a formação de um discurso
aceito e institucional, pois não é possível ser legitimado e naturalizado. Neste sentido é
possível perceber como a busca homossexual atravessou e ainda atravessa esta questão da
naturalização do próprio prazer, é preciso justificar seu sexo e a natureza dos prazeres para
resistir a esta ³polícia´ do sexo (Foucault, 2006).O que Foucault traz no texto
sociedade de controle.
Enfim, creio que essa vontade de verdade apoiada sobre um suporte e uma distribuição
institucional tende a exercer sobre os outros discursos - estou sempre falando de nossa
sociedade - uma espécie de pressão e como que um poder de coerção. Penso na maneira como
Dessa maneira é possível estratificar os gays dentro de uma escala daquilo que está
dentro do normal, ou do aceitável para o padrão heterossexual. Sobre esta mesma escala,
Gayle Rubin (2004), analisa está transformação do sujeito homossexual, e por isto, em
seu artigo Thinking Sex, afirma sobre a existência de uma estratificação sexual na sociedade,
permitido ou não pela sociedade segue na mesma lógica em que exclui o gay, e cria os guetos.
Assim o surgimento de um gay normal, limpo e saudável não modifica uma organização
15
As a result of the sex conflicts of the last decade, some behavior near
the border is inching across the direction of respectability. Most of
homosexuality s still on the bad side of the line. But if it is coupled
and monogamous, the society is beginning to recognize that it
includes the full range of human interaction. Promiscuous
homosexuality, sadomasochism, fetishism, transsexuality, and cross-
generational enconunter are still viewed as un modulated horror
incapable or involving affection, love, free choice, kindness, or
transcendence. (Rubin, 2004: 25)
pirâmide que estratifica o sexo, pois estes nem sempre são reconhecidos como pessoas, ficam
16
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No final da década de 1960 uma nova possibilidade de resistir aparece no corpo, o gay
que nega o padrão masculino questionando o feminino da mulher dona de casa, usando o
corpo como máquina questionadora da sociedade que criou estes padrões do homem ativo,
másculo, animal e violento. A lésbica não é a masculina, mas aquela que nega ser a mulher
consumida, vendável, e está junto com o movimento feminista. Mostra que a vida não é a
exclusão, e tão pouco a inclusão, mas algo como a expansão, e o fato de não ser feminino não
vive é múltipla, mas permanece igual quando a necessidade se faz pela inclusão em busca de
preservação da vida.
possibilidades de vida, que promoveu brechas na história, mudou seu rumo, e propiciou uma
revolução molecular . Guattari traz a revolução molecular como um evento que transforma a
percepção do mundo, o maio de 68 trouxe novas relações com o corpo e com o tempo,
17
revolucionário, o único que pode conjurar a vergonha ou responder ao
intolerável (Deleuze, 2008:211)
O intempestivo do sexo livre aparece como a potência que destrói valores e irrompe a
realidade contra o poder, é singular, e abre brechas na história do sexo, no entanto junto com
ele surgem novos mecanismos de poder. Afinal, como mostra Edson Passetti ³a história não
2005:12).
é convidado a participar sendo o único homem desse movimento até então restrito a mulheres
lésbicas. Deleuze (2008) explicita por meio da inserção de Guy Hocquenghen na FHAR a
seus espaços fixos, e luta junto ao movimento feminista, não separando as lutas pela
18
uma primeira imagem. A futura ordem sexual não esta fundamentada
como algo que exerça uma ordem repressiva sobre a Natureza. Divide
racionalmente um setor liberado, aquele que se refere a um erotismo
cada vez mais confessado e comercializado, praticado entre machos e
um setor protegido, mulheres que se recusam as caricias brutais,
crianças postas a salvo da sanha dos pederastas. (Hocquenghen,
1980:9)
democrática. Por isto talvez a definição dada por Hocquenghen da divisão racionais de
liberação, a força homossexual aparece dentro da instituição, e não se separa desta. O filme
'4+ (2000), mostra a necessidade de estar dentro da instituição. Este
mostra a trajetória de Harvey Milk, o primeiro gay assumido a ser eleito, em 1977 no estado
corpo, visto que, estava em curso uma ditadura que impossibilitava que homossexuais
participassem das decisões de direitos políticos. Desta forma o corpo era o espaço de combate
passava de um lado para o outro, desfazendo as fronteiras, com sua voz fina, sua maneira de
movimento negro e unificando-se com os movimentos artísticos, sem separar o que era
primeiro jornal que tratava sobre os modos de vida do gay, de forma critica, e não de maneira
promíscua.
19
No mesmo ano de 1978 homossexuais dos Estados Unidos e da Suécia começam a
apresentar os primeiros sinais de uma doença desconhecida, que passou a ser cruelmente
popularizada como a ³peste gay´ e que mais tarde seria chamada de Aids.
dispositivos de poder. O que antes era dever da policia, de fechar espaços gays, agora ganha
uma justificativa médica e passa a ser questão de saúde publica.Os movimentos homossexuais
se posicionam contra esse ataque, em busca da vida e da sobrevivência. Para isso se assumem
como resistência ao poder violento do Estado e da medicina. Com essa doença foi possível
mapear a vida sexual dos gays, e a moral médica -de preservação da vida- foi tomada quase
que como uma obrigação, mudando as relações políticas do movimento com o Estado e
consigo mesmo.
questionadora, afirma uma representação que não busca mas a liberação do sexo, mas antes
seu cuidado. Para tal, busca um mercado consolidado que equipare os gays aos
identidade positivada pelo mercado, compreende que a melhor maneira de preservar a vida
não é contestando, mas sim se inserindo, dando espaço para a competência de uma
O gay se apresenta não mais enquanto um sujeito de uma vida, mas como produtor e
dialogando com Michel Foucault, ganha um novo espaço de análise através da criação de
É preciso ressaltar que mercado não opera por singularidades ou multiplicidades, mas
por pluralidades, definidas por pesquisas de marketing, ou seja, por maiorias.A formação da
20
maioria homossexual acontece na aliança entre o mercado e a identidade, em um período em
mecanismos de poder de uma sociedade que opera para inclusão, e separa os movimentos em
tarde LGBT.
21
descontínua. O homem não é mais o homem confinado, mas o homem
endividado.(Deleuze,1992:224).
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Caetano Veloso
Esta sociedade aparece, segundo Deleuze, no final da segunda Guerra Mundial e tem como
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substituir a sociedade disciplinar, mas não sobrepõe seus mecanismos de poder, pelo
contrário, os reformula.
Esta reformulação não é apenas uma simples mudança no mecanismo de poder, mas
uma mudança do próprio capitalismo, que organiza estes poderes. Assim, se na sociedade
um produto contínuo para a venda, atuando para que o tempo e o espaço sejam processos de
lazer ganha função, têm horários e espaços inseridos dentro da agenda, onde as parquinhas de
diversões para crianças têm seguranças particulares e câmeras de vigilância 24h por dia,
sexo controlado parecem um passado distante, quase como um conto de fadas para estudantes
universitários. Agora o sexo é saudável, seguro e limpo, sempre entre quatro paredes de um
24
Dentro deste cenário há o movimento gay brasileiro atual, em que há formação de
específicas, organizadas dentro de uma demanda maior e dita homogênea, em nome de todos.
tornou simbólico, com categorias oficiais e categorizadores oficiais, suas formas de impor o
enquanto seu grande aliado, inaugurando o que Edson Passetti chama de Eco-politica, um
novo poder em nome da preservação do mundo, entendido como um organismo vivo que
que não está mais preocupada só com o indivíduo detentor de um registro, mas com um
mundo de políticas internacionais que colocam cada um dentro de uma grande teia de direitos
e deveres com a espécie humana, não mais com o contrato social como era o caso da
sociedade disciplinar.
como para aqueles que compram, não há problema de vender e comprar mais caro, é o preço
levando à uma hierarquização legítima de quem tem direito a existir, afirmando o mesmo
25
sistema que foi formado na sociedade disciplinar de julgamentos dos prazeres, enquanto cada
um é tribunal do outro.
oposição ao o outro. Esta é a maneira pela qual a sociedade de controle organiza seus
específicas.
26
Além disto há a segmentação daquilo que já é aparentemente separado, ³os gays
homens ricos´ e ³modelos lésbicas femininas´ em seus espaços determinantes pelo poder de
> que custa no Rio de Janeiro cerca de 0,50 centavos. Isadora Lins, elucida essa
, em que faz uma pesquisa de campo mostrando os
segmentos gays, em que os travestis são proibidos de participar de saunas exclusivas para
homens.
ILGA - Internacional Lesbian and Gay Association - junto com a InterPRIDE, é a referência
da comunidade gay, com as datas de todas as paradas do orgulho gay, que interliga com a
7 Casa noturna de São Paulo freqüentada por um público majoritariamente masculino, em que a entrada chega a
custar 100 reais.
8 Atualmente as linhas prioritárias de atuação da ABGLT incluem: o monitoramento da implementação das
decisões da I Conferência Nacional LGBT; o monitoramento do Programa Brasil Sem Homofobia; o combate à
homofobia nas escolas; o combate à Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis; o reconhecimento de
Orientação Sexual e Identidade de Gênero como Direitos Humanos no âmbito do Mercosul; Advocacy no
Legislativo, no Executivo e no Judiciário; a capacitação de lideranças lésbicas em direitos humanos e >;
a promoção de oportunidades de trabalho e previdência para travestis e a capacitação em projetos culturais
LGBT.
27
negras feministas autônomas´ 9. O que começou com uma luta junto com o movimento negro
agora se separa, em busca dos mesmos direitos de reconhecimento enquanto pessoa humana,
direito a família, procriação, adoção, casamento, trabalho e herança. Esta articulação de idéias
nos remete ao começo do trabalho, em que se questionava o tipo de resistência que almeja se
criminalizada10.
terceira fase.
desejos individuais, assim nos lugares onde há maior participação democrática, o desejo
capitalista tem forma interminável, o poder de compra é tão alto quanto a participação. O
Mas estes países não existiriam desta forma se não fossem os outros em tamanha
9 LGBT Brasil - Movimentos: Leões do Norte; ANTRA - Articulação Nacional de Travestis e Transexuais;
Grupos de Pais e Mães de Homossexuais; Parada do Orgulho GLT - SP; Um Outro Olhar Rede Afro LGBT; E -
jovem - Grupo E - jovem de adolescentes gays, lésbicas e aliados; Flor do Asfalto; Coletivo Nacional de
Lésbicas Negras Feministas Autônomas; Candaces-BR; Movimento Gay de Alfenas e Região Sul de Minas
Fórum Paulista LGBT; GRAB - Grupo de Resistência Asa Branca
10 Sudão, Mauritânia, Somália, Arábia Saudita, Iémem, Ira, Suriname, Serra Leoa, Nigéria, Uganda, Quênia,
Tanzânia, Malaui, Zâmbia, Emirados Árabes, Paquistão, Índia, Bangladesh, Malasia, Brunei, Papua Nova-
Guiné, Nicarágua, Jamaica, Botsuana, Zimbábue, Somália, Etiópia, Eritreia, Camarões, Gana, Guinpe, Senegal,
Saara Ocidental,Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Jordânia, Síria, Kadet, Catar, Omã, Turquemenistão,
Uzbequistão, Sri Lanka, Mianmar, Iesoto, Namíbia, Angola, Moçambique, Costa do Marfim, Afeganistão,
Tajiquistçao e Butão. Não separei os tipos de pena, pois não me interessa saber quantos anos cada homossexual
passa preso, pois qualquer prisão é violência.
28
como o mercado e esta democracia deu poder dentro das relações com o Estado, mas que
Se todas as identidades são possíveis, não é porque é possível se expandir, ser tudo, é
preciso sempre estar dentro de uma delas. Esta análise não é feita de maneira direita, como
causa e efeito, mas como uma percepção de que a democracia depende de identidades
A organização 87 1 @ que tem como objetivo ³vigiar´ as empresas que
asseguram a diversidade, naturalizando a igualdade pelo mercado, já não são mais como antes
instrumento para mostrar como o mercado pode e deve servir de igualdade. Não lugar de
As associações por direitos homossexuais promovem mais do que a busca por direitos,
dotGAY ± The new Top Level Domain for the Gay Community Internet Identity for Gay
People ± Worldwide.
Golde Gate Business Association The First LGBT Chamber of Commerce : ³The GGBA¶s
mission is to grow, promote and increase the visibility of LGBT businesses and those
29
Na cidade de São Paulo, há uma forte implantação dos governos para a promoção da
identidade gay. São Paulo é o único estado brasileiro a ter uma Coordenadoria de Assuntos da
da Declaração Universal de Direitos Humanos, segundo os quais todos são iguais perante a lei
construção da plena cidadania dos munícipes LGBT da cidade de São Paulo.´, criada em 10
pelo Governo Municipal, curiosamente no ano em que a parada do orgulho GLBT chega a 2,5
milhões de pessoas11 (sendo que em 2003, 1 milhão de pessoas participam) e coloca a parada
de São Paulo como evento no calendário gay mundial, que em 2007 o evento, segundo dados
30
Além de mais rica a cidade de São Paulo, fica cada vez mais legislada13, e os mesmos
policiais que servem ao Estado que reprime prostitutas e travestis agora estão a serviço da
A CADS promove mais do que segurança, como inclusão digital para travestis:
³Sabemos das dificuldades que vem sendo vivenciadas pelo público GLBTT quando se fala
médio, as travestis são discriminadas. Diante destes fatos, a CADS iniciou uma pesquisa para
saber quais eram os cursos de maior interesse desse público. O curso de informática foi o
mais solicitado.´ É possível perceber que enquanto uma coordenadoria do Estado de São
Paulo, a CADS só promova cidadania na cidade de São Paulo, a mesma que tem uma parte
Não é a toa que o Estado de São Paulo, cria pela primeira vez no mundo, um selo da
13 LEI Nº. 10.948, DE 5 DE NOVEMBRO DE 2001 (Dispõe sobre as penalidades a serem aplicadas à prática
de discriminação em razão de orientação sexual e dá outras providências).
LEI Nº. 7.437, de 20 de dezembro de 1985 (Incluí, entre as contravenções penais, a prática de atos resultantes de
preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil, dando nova redação à Lei nº. 1.390, de 3 de julho de 1951
- Lei Afonso Arinos).
31
³O Selo que estamos entregando hoje chama-se da Diversidade. Mas, de fato, ele é o selo
ser indulgente". E essas categorias são totalmente inadequadas quando o que está em jogo é a
cidadania integral das pessoas.[..]As organizações que receberam o selo não foram escolhidas
cabendo a cada um dos interessados. Além disso, elas submeteram seus planos e ações ao
Comitê Gestor do programa, que procedeu a um exame rigoroso das práticas previstas ou
implantadas. O selo tem ainda outra grande virtude. É que ele envolve um processo
permanente de avaliação, pois que, após 12 meses da concessão, deve ser renovado, inclusive
com a possibilidade de passar para uma categoria mais alta, que é a do Selo Paulista de
Diversidade ± Pleno.[...]´
No dia 18 de agosto de 2009, o governador do Estado de São Paulo, José Serra entrega
gay, institucionalmente chamado de LGBT, colocando São Paulo dentro deste movimento que
surte de políticas afirmativas de minoria, ou talvez o Estado tenha percebido algo bem
Com estas ações o Estado de São Paulo da mais um passo para consolidar os direitos
humanos dos indivíduos homossexuais, como pode ser lido no documento aprovado pela
Declaração dos Direitos Humanos GLBTTs - Montreal em 200614 e com o plano nacional de
direitos humanos .
14Ë
5A;!
+se
´. 'Todos direitos humanos são universais, indivisíveis e interdependentes e
relacionados' (Conferência Mundial em Direitos Humanos, Vienna,1993). Identidades e práticas LGBT existem e
continuam a existir em cada cultura em todos os cantos do mundo; simplesmente fazem parte das condições
32
Inserindo-se nesta política de segmentação do gay, há a criação, pela prefeitura da
cidade de Campinas, de uma escola gay, e um manual de ³boas maneiras´ produzido pela
ABGLT que ensina como deve ser tratado um homossexual, há também a formação
homossexuais, na qual a educação vira cultura, administrando corpos gays, para serem
inseridos no mundo e não serem discriminados nas escolas heterossexuais, gays ensinados a
serem discretos, a dança, arte e musica. Ainda assim é escola, e a educação serve para
promoção de igualdade15.
apropriação dos discursos, com os saberes e poderes que eles trazem consigo"
(Foucault,1996:44).
humanas. Lutar contra a ignorância e o preconceito permanece a nossa primeira prioridade. Mais informações
sobre pessoas LGBT, e mais franqueza na parte de pessoas LGBT (quando isto pode ser feito com segurança),
são futuras condições para progressos a serem feitos.
15
A escola não vai oferecer o ensino regular, mas cursos que promovam a cultura homossexual e fomentem a
formação de meios de divulgação, como os fanzines e a TV por internet. O projeto tem financiamento público de
R$ 180 mil, a serem gastos em três anos. A proposta de criação da escola foi uma das 300 contempladas no
programa do governo para a formação de pontos de cultura. Publicado por Tatiana Farah no jornal O Globo de
24/01/2010.
33
$143#.",56%#.",%&7&/&+.#"5&+3$%$,.$/*$,7"8,
médica contra a degeneração. Este discurso permitia que homossexuais fossem perseguidos e
não o faz sem entrar em outros mecanismos de poder. A homossexualidade não é mais um
desvio, ela não leva ninguém obrigado ao psiquiatra (o mercado já resolveu isto), mas a
Sádicos, Pedófilos. Mas o que são todas essas categorias, senão a criação de um novo
anormal?
Esta questão volta ao que já foi discutido por Michel Foucault em $
sobre a busca médica de definir a verdade de alguém por seu sexo, ou melhor, que o sexo de
Assim, o grande problema talvez não seja o transgênero, mas o transexual, chamado
O transexual rompe ao ser múltiplo, pode ser o homem passivo, a mulher ativa, o
homem ativo, e todas as outras reconfigurações possíveis, do feminino com o masculino. Ele
34
não é a ausência do sexo, como talvez o andrógino, ele é o sexo escancarado, ³Genderfuck16´,
Para o Estado a sexualidade pode ser diversa, desde que seja verdadeira, assim a
notícia que anima a comunidade gay de um centro de especialidades para transsexuais está
aberto a todos que queiram deixar o corpo de homem, mas para isso há regras. A socióloga
Berenice Bento, analisa assim como Foucault sobre como a cirurgia da transexualidade opera
Segundo Berenice Bento, as mudanças no corpo devem estar de acordo com uma
possibilidade. O sexo hétero, a penetração o gozo, devem seguir como regra a priori, a
reprodução é sempre o mais natural a ser feito. Talvez isto justifique os ³mitos´ de que
Existir não é dialético, não é a escolha entre ser ou não ser. Esta é uma afirmação da
identidade de gênero, pois se escolhe novamente entre o masculino ou o feminino, mesmo que
Não cabe mais ao individuo decidir o sexo ao qual ele deseja pertencer
jurídica ou socialmente; mas sim ao perito dizer que sexo a natureza
escolheu para ele, e ao qual, consequentemente, a sociedade deve lhe
restringir-se (Foucault, 2006:84)
As pesquisas bio-géneticas tentam dar o mesmo valor à existência dos gays e lésbicas,
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Literalmente: foder com o gênero Eve Kosofsky Sedgwick,
Pág. 49.
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reformulação do bio-poder pela ciência da genética. A mesma ciência que um dia legitimou a
afirmação da raça:
gays são mais satisfeito com relação´. Segundo a matéria ³As pesquisas contrariam os
parecidos com pessoas do sexo oposto´ sobre uma pesquisa feita no Instituto Karolinska, na
homens gays com mulheres heterossexuais, provando pela ciência que a homossexualidade
Hélio Schawartsman publica ³O Armário de Darwin´ no qual ele debate sobre a aceitação do
movimento gay com a teoria darwinista, ou seja, aquela que diz que a homossexualidade é
genético (ou uma construção social, tanto faz), mas simplesmente porque duas ou mais
pessoas adultas agindo consensualmente tem o direito de fazer o que bem entenderem entre
quatro paredes´.
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Estas três matérias desnaturalizam a idéia de que desejo sexual é construído e o sexo
biológico é natural (Butler,2003), como se houvesse uma norma a ser perseguida e um destino
Se de um lado a medicina opera para que a naturalidade permaneça, por outro atua na
prevenção daquilo que pode escapar ao controle. Este controle já discutido nos outros
capítulos, de um corpo sem comedimentos, vigiando cada pedaço deste novo indivíduo
dividido.
A Aids que antes foi desculpa para o fechamento de bares e saunas gays, agora serve
como dispositivo para controle dos comportamentos. E o que era na sociedade disciplinar
função do Estado, de controle do corpo agora é atravessado pelas inúmeras parcerias entre
Paulo atua dentro dos princípios da defesa dos direitos humanos, respeito à diversidade,
construção da cidadania, defesa dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e realiza
coordenação geral organiza-se por áreas de atuação: Prevenção, Assistência, Articulação com
comunicação´
um desejo e um erotismo seguro neste gay, e a Aids aqui é o instrumento para isso.
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O Centro de Testagem e Aconselhamento têm frentes de ação que não dizem sobre um
movimento gay, mas sim sobre homens que fazem sexo com homens, mulheres, travestis,
usuários de drogas, cada um deles com suas políticas de inclusão específica: ³Com base nos
dados epidemiológicos foram definidas as populações mais vulneráveis e para elas foram
criados os seguintes projetos: ³Cidadania Arco-Iris´ (homens que fazem sexo com homens),
em suas regiões de moradia e estudo), ³Elas por Elas´ (mulheres) e ³PRD Sampa ± projeto de
redução de Danos da Cidade de São Paulo´ (usuário de drogas injetáveis). Desde 2008, está
transterritorias, neste sentido o avanço das tecnologias virtuais dá suporte ao controle deste
segmento e vira mecanismo de poder. As próprias políticas de saúde se referem a uma política
mais abrangente ligada a OMS, os direitos gay são representados nas conferências de direitos
humanos.
17 A prefeitura de São Paulo inaugurou neste sábado, 1/12, seu primeiro centro atendimento virtual do programa
municipal de DST/Aids, onde os usuários poderão tirar dúvidas e se informar sobre qualquer DST. O local fica
situado na Ilha Anhangabaú I, parte que recria o centro de São Paulo.Quem faz o atendimento aos usuários é um
Avatar que fará o papel de um agente de prevenção. Para os gestores do projeto, Secretário municipal de saúde
de São Paulo, Januário Montone, e da coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids da capital paulista,
Maria Cristina Abbate, a idéia é pioneira no mundo. Fonte: www.acapa.com.br
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controlar as populações de modo cada vez mais global. (Foucault,
1997:118).
Se a saúde aliada com a ciência médica e a democracia operam com este bio-poder
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%
Alice Ruiz
meninos se conhecem pela para jogar com a vida, sem interesse algum em fazer parte
desta eco-política. Uma roleta russa, nada interessada nesta segunda vida controlada por
comportamentos saudáveis.
; 4 é o nome de uma prática em que homens se encontram em orgias para
Os indivíduos que o praticam e não possuem o vírus tem conhecimento de que alguns
têm e gostariam de receber o que se chama de Gift (o presente que é o vírus da Aids). Neste
trabalho não me interessa fazer uma etnografia destas pessoas, sobre quem são e sua formação
psicossocial, mas de como, mesmo que se admita o risco eminente de pegar HIV dos
18 ³o sexo bem vale a morte. É nesse sentido, estritamente histórico, como se vê, que o sexo hoje em dia é de
fato transpassado pelo instinto de morte´ (Foucault, 2006:170)
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indivíduos conscientes de seu próprio prazer e sua própria vida. O que pode ser visto pelas
políticas públicas, e também pelas ONG¶s que por ser um tema atual reformulam os discursos
construções disciplinares, o controle operado pela inclusão, atravessa discursos que mudam
frente a quem escapa das definições de saúde sexual que interessa analisar, pois traz um
discurso político, uma posição política atenta não à preservação da vida, mas a contenção dos
vida sem controles, se interessa pelo prazer de sentir outro corpo em pêlos. Neste sentido
; 4 pode escapar ao sexo limpo e seguro e produzir linhas de fuga, mas também
Sobre o ; 4 é difícil falar, pois há uma escassez de produção bibliográfica,
codificações.
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Talvez o ; 4 não seja um devir minoritário, e sim, simplesmente o
surgimento de uma nova maioria, mas é certo que a resistência desses jovens está no corpo,
não no discurso, em um corpo que não quer ser prevenido, preventivo. E que não liga para o
Estado: ³± Sinceramente, não me preocupo com essa questão e nem me sinto culpado. Não
O ; 4 aparece enquanto resistência por meio do prazer em sentir outros
corpos: ³Contra o dispositivo da sexualidade, o ponto de apoio do contra-ataque não deve ser
Este sexo-prazer que coloca em xeque a vida, uma luta, como em um jogo, em que o
sexo e o instinto de morte jogam, em um ato bem consistente de não dizer nada a ninguém
sobre seu próprio prazer. É um saber de si, sua saúde (não aquela que o Estado proclama), seu
19 Fonte: http://jbonline.terra.com.br/nextra/2009/01/03/e030115675.asp
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Coleção Baderna. Paris: Maio de 68 Solidarity. Trad. Léo Vinicius.São Paulo: Editora Conrad
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