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Representação do protagonismo feminino na obra de Jorge

Amado

TIETA DO AGRESTE

por

Emerson Augusto Lins de Jesus


APRESENTAÇÃO DE JORGE AMADO

Jorge Amado (1912-2001) foi um escritor brasileiro, um dos


maiores representantes da ficção regionalista. Sua obra é
baseada na exposição e análise realista dos cenários rurais e
urbanos da Bahia. Jorge Amado foi casado com a escritora
Zélia Gattai (1916-2008). Antes que o feminismo da década de
1960 desse voz e visibilidade às mulheres na vida social,
política e cultural do Brasil, a ficção de Jorge Amado já
apresentava personagens femininas que transgrediam e
superavam códigos injustos. Trata-se da passagem da mulher de
objeto manipulado pelo homem a sujeito de seu próprio destino
— amoroso ou profissional.

APRESENTAÇÃO DAS OBRAS

Entre suas obras adaptadas para a televisão, cinema e teatro


estão: Dona Flor e Seus Dois Maridos, Gabriela Cravo e
Canela, Tieta do Agreste e outras.

Nestes romances, apresenta-se a imagem da mulher nordestina,


em especial a da Bahia com sua cultura, culinária, religião e
diversas temáticas. Essas personagens-título podem ser
compreendidas como uma apresentação do poder da mulher,
regido pela lógica da feminilidade, dentro de uma cultura de
domínio masculino. Fortes, incansáveis, belas, por natureza,
sabiam o que queriam e tomavam iniciativa, qualquer tentativa
de dominação sobre elas era em vão.

APRESENTAÇÃO DE TIETA

Um destaque em especial vai para obra Tieta do Agreste, ela


foi publicada em 1977, e fez tanto sucesso que acabou sendo
adaptada para televisão com o protagonismo de Betty Farias
(1989) e para o cinema com o protagonismo de Sonia Braga
(1996). A protagonista da obra é Tieta, menina/mulher com
forte apelo sexual que vive diferentes personagens femininas
na obra.

TIETA NA INFANCIA E ADOLESCENCIA

Entre elas a mais criticada e excluída socialmente é a de


Tieta do Agreste na infância e adolescência, é vista como
levada, bonita e moleca, enfrenta a todos para viver seus
romances de adolescente, namoradeira desde muito nova foge
para encontros noturnos, e diurnos, com seus pretendentes,
utilizando os espaços mais inesperados para seus encontros.
definida como uma cabra no cio. Essa personalidade é
censurada pela sua liberdade sexual, invejada pela
sensualidade e beleza, e pela presença forte que possui
diante dos pudores sociais os quais não segue, de certa
2.

forma. Alguns autores no texto Tecnologias de gênero e as


lógicas de aprisionamento parafraseando Teresa de Lauretis
diz que o questionamento das normas de gênero a que todos são
enquadrados inicia logo na infância. Com isso, pode se dizer
que os modos de existência rígidos, ortopédicos, que
delimitam as existências humana onde classifica e qualifica
como melhores ou piores com base na capacidade mimética da
assunção das expressões de gênero instituídas a cada um dos
sexos. Dessa forma, qualquer proposta de câmbio na escala do
gênero é mal vista. No caso das mulheres, elas devem
corresponder aos padrões instituídos de feminilidade de seu
contexto sócio-histórico-cultural, assim, quanto mais se
afastam desses papéis e expressões de gênero, maior será a
discriminação, o controle, a estigmatização, a violência e a
tentativa de reenquadramento que recairão sobre ela. Tieta é
expulsa pelo pai e humilhada diante de toda a cidade,
Sant´Anna do Agreste, para a felicidade da irmã beata
Perpétua.

PARTE FINAL

Conclui-se assim que é em torno das personagens femininas em


destaque para Tieta do agreste, que gravitam as narrativas de
Jorge Amado, e não na esfera masculina. Focalizando esses
seres normalmente à margem da vida social, o autor lhes
confere força para subverter a ordem estabelecida e inaugurar
um novo tempo de celebração da vida e da liberdade.

REFERENCIAS

LAURETIS, Teresa De. A tecnologia do gênero. Tradução de


Suzana Funck. In:

TANIA, Pifani et al. Tecnologias de gênero e as lógicas de


aprisionamento. Natal, 2011. Disponível
em:www.cchla.ufrn.br/bagoas

www.ebiografia.com/jorge_amado/ Acesso em 17/09/2021 as 10:00


horas

PAIVA, C. C. de. Mulheres-macho ou sensuais? Apontamentos


sobre a representação das mulheres nordestinas no cinema
brasileiro da década de 1980 In: São Bernardo do Campo, v.
34, n. 2, p. 261-281, jan./jun. 2013

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