1. Fazer uma "descrição densa" sobre o filme "A HORA DA ESTRELA",
considerando a sua análise a partir de uma perspectiva semiótica, nos moldes propostos por Clifford Geertz (1989). O objetivo da atividade é compreender os fatos a partir da abordagem interpretativista (GEERTZ, 1989).
A história do filme é contextualizada na cidade do Rio de Janeiro. Temos
como protagonista da história a figura de uma mulher nordestina, pobre e semialfabetizada, que não possui voz, ou não tem consciência da sua existência, ela não sabe se expressar e não possui ambição. Órfã de pai e mãe, a protagonista, Macabéa, foi criada por uma tia que sempre foi muito rígida com ela, após a morte dessa tia, Macabéa passa a viver em uma pensão, onde dividia o quarto com mais três mulheres.
Macabéa vivia uma vida de miséria, tanto em relação a bens materiais
como a sentimentos e relações, pois sempre foi sozinha, não tinha outros parentes e muito menos amigos. Sua vida e rotina é resumida pelo emprego num escritório como datilógrafa e em ouvir a rádio relógio que se torna o único meio de acesso à informação e cultura dela. Apesar de ser tratada como uma mulher feia e desinteressante, Macabéa consegue encontrar um namorado, o Olímpico, outro nordestino que anseia pela fama e carreia política e que a trata de forma rude e ignorante.
Ao tentar fazer uma abordagem interpretativista do filme, percebemos
que o mesmo traz uma série de questões sociais como a penúria do povo pobre brasileiro, representado pela figura de Macabéa e a condição da mulher naquela sociedade. O filme busca revelar o invisível da sociedade, retratando a dura realidade social em que estão inseridas as personagens que vivem em um contexto de completa invisibilidade social.
Ao analisarmos o papel da protagonista, vemos que ela está imersa em
um sistema do qual ela não faz parte, onde ela é obrigada a viver num mundo opressor que limita suas oportunidades de pensar e existir. Não se encaixando nesse mundo, Macabéa vive ao acaso, sem opinião, sem voz, e sem consciência do seu próprio sofrimento. Por não se encaixar nesse mundo, ela morre, libertando-se daquela inadaptação.