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“George” de Maria Judite de Carvalho

 As três idades da vida;


 O diálogo entre a realidade, imaginação e memoria.
 Metamorfoses da figura feminina.
 A complexidade da natureza humana.
Maria Judite de Carvalho foi uma figura ímpar do panorama literário português.

Vida e obra de Maria Judi... slide 2


Nascida em lisboa em 1921 onde passou a sua infância e juventude.

Concluído o secundário no Liceu Maria Amália, matriculou-se em Filologia Germânica


na faculdade de letras em lisboa. Em 1944 conheceu o professor universitário e escritor
Urbano Tavares Rodrigues com quem casou em 1949 este que foi o seu primeiro leitor e
incentivador da sua escrita. Nesse ano foram viver para frança. Regressa a Portugal para ter a
sua única filha em 1950 na qual deixa ao cargo dos avos paternos.

Vida e obra de Maria Judi... slide 3


Trabalhou como jornalista na revista Eva, onde começou a publicar como contista e como
cronista («Crónicas de Paris») em 1953. Mais tarde, foi redatora no Diário de Lisboa em 1968,
continuando a publicar as suas crónicas. Colaborou, em simultâneo, como cronista, no
semanário O Jornal. Faleceu em lisboa em 1998.

https://ensina.rtp.pt/artigo/maria-judite-carvalho-e-consciencia-em-movimento/

intervenientes: Urbano Tavares Rodrigues (marido) e Paula Mourão (leitora)

características/ vertentes trabalhadas: realismo (retrato da sociedade e das personagens)

Algumas das principais obras da autora slide 4


A estreia literária deu se com o livro “tanta gente mariana” uma obra considerada pela
imprensa da época como uma revelação.

2 anos mais tarde publicou “as palavras poupadas”, obra ao qual ganhou o premio Camilo
castelo branco.

(Nas obras de Maria Judite de Carvalho encontram-se “laivos” da parte biográfica da


autora, mas de uma forma transformada, numa perceção da mesma, a que ela teve sobre a
realidade do seu tempo. Trata-se de um texto de reflexão que catapulta os leitores a procurar
realizar também uma reflexão, como testemunha, Inês, a neta da autora: “Há na sua escrita
uma profundidade a que pressentimos que só se chega pela vivência.”)

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Inicialmente debruçamo-nos no título desta obra George e visto como um nome masculino e
estrangeiro, podemos supor que a autora terá de precisar de utilizar um nome masculino para

“foi o meu grande amor, grande, grande amor… uma ternura tão grande… ainda hoje penso nela constantemente…”
se impor enquanto figura feminina num determinado ciclo da sociedade provavelmente ciclo
das artes.

*Durante a análise da obra vou utilizar apenas o manual*

(A fotografia é um elemento essencial no conto “George”, como se diz na obra o seu único
fetiche.)

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George passado 20 anos volta a vila onde viveu e possivelmente nasceu e esse regresso para a
personagem esta a ser pensoso tao difícil que e comparado com a caminhada no mar “ou
como quem caminha, também é possível, na pesada e espessa e dura água do mar.”

Remete também para uma outra temática do conto que é a infância um regresso penoso.

Duas personagens que caminham em sentido contrário, George e a outra personagem que
esta quase esqueceu pois encontra se num passado já distante (Gi).

Realidade: George caminha na rua 20 anos depois de ter partido.

Memória: George lembra se vagamente da pessoa que vai a seu lado.

Imaginação: duas personagens caminham lado a lado. Uma é reflexo da outra.

Está presente um diálogo entre a realidade, memoria e a imaginação da personagem principal


ao longo de toda a obra nas diferentes idades da personagem.

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“rosto vago e sem contornos” ainda não esta percetível na sua memoria.

“pincelada clara” referência à pintura e a Modigliani assim como a própria pintora de renome
George.

O único fetiche de George era trazer consigo uma fotografia dela enquanto jovem intacta num
determinado tempo, este rosto que lhe e familiar trata se do seu próprio rosto.

Olhar critico e realista de George no momento em que esta afirma que os seus pais não dão o
devido valor ao seu gosto pela pintura, uma vez que estes se cingiam a que ela seguisse o
padrão da sociedade educando-a para ser uma boa mãe de família, boa dona de casa e talvez
fazer uns retratos de criancinhas, proveniente da ignorância que o próprio regime fazia
questão de manter na sociedade.

“diziam como se os outros não trabalhassem”, estes outros a que a personagem se refere são
aqueles que trabalhavam com a arte por exemplo.

Critica ao poder político da época que não permitia o espírito critico, perigoso para o regime
da ditadura.

O facto de não cultivar afetos conduz ao vazio, a solidão e ao desencanto.

Gi- necessita de fugir, ambiciona mais do que aquilo que a vida lhe apresenta e foge.

George- sucesso no seu percurso de vida.

“foi o meu grande amor, grande, grande amor… uma ternura tão grande… ainda hoje penso nela constantemente…”
Desenho- fuga à realidade, as convenções, um modo de se realizar; sensibilidade apurada;
desejo de conhecer mundo; viver novas experiências.

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“A sua voz esta mole, pegajosa, difícil, as palavras perdem o fim, desinteressadas de si
próprias, é como se se preparassem para o sono.” Desinteresse em prosseguir o diálogo.
Sinestesia, adjetivação e comparação.

As três idades da vida 14


Gi de 18 anos: ânsia de liberdade, descoberta e conhecimento. Recusa da vida que a sociedade
espera da mulher (vida confinada ao casamento e a maternidade). Tentativa vã de fugir de si
mesma. Representa o passado desta personagem. Gi parte da vila na ilusão de concretização
de um sonho (ser artista). Abandona uma vida simples, familiar e afetiva. Parte para holanda
para seguir o ser sonho.

George de 45 anos: solidão, desamparo, exclusão. Em constante processo de fuga.


Desvalorização das relações afetivas/ desapego de objetos que tragam recordações.
Representa o presente da personagem. Enquanto pintora, adota um nome masculino e
estrangeiro para se afirmarem atingir o seio sucesso profissional que deseja alcançar. Mulher
de sucesso, pintora reconhecida, viajada e de muitos amores. (*referencia a metamorfose da
personagem relativamente a mudança da cor dos seus cabelos*)

Georgina de 70 anos: consciência da passagem do tempo e da efemeridade da vida; da


efemeridade do poder, da importância dos laços afetivos. Sem esperança no futuro.
Representa o futuro da personagem. Deseja libertar se dos modelos impostos pela sociedade.

Complexidade da natureza humana 17


Este conto constitui uma profunda reflexão sobre a complexidade da natureza humana,
centrada na figura de George: (sobre) o fracasso do amor, a separação, a dificuldade de
atingir a realização profissional, a condição feminina, a efemérida da vida, a solidão, o vazio
e a morte. Por outro lado, o conto compreende uma reflexão sobre a intemporalidade da arte
e a imortalização do artista.

O desejo de ser livre e independente predominava. Apesar de conservar uma fotografia sua da
juventude (de quando era Gi), prefere o esquecimento e não chora pelo passado.

Uma terceira questão respeitante ao problema da complexidade da natureza humana neste


conto tem a ver com a falta de amor, tema recorrente na obra de Maria Judite de Carvalho.

No texto, por exemplo, George, em vez de amor, tem amores, isto é, relações frágeis e
efémeras, passageiras, todas provisórias, como provisórias são as casas e as cidades onde
mora. A vida, metaforicamente vista como uma viagem, é complexa, tanto na juventude como
na velhice. Famosa além-fronteiras, George configura o protótipo da mulher independente e
profissionalmente realizada, aparente sem razões para lamentar o passado e, ainda medos,
recear o futuro. No entanto, esse medo assalta-a de forma imprevista e cruel no momento em
que regressa à sua terra natal e que vai suscitar um confronto quer com o passado quer com o
futuro.

“foi o meu grande amor, grande, grande amor… uma ternura tão grande… ainda hoje penso nela constantemente…”
A imagem do que acontece com Fernando Pessoa esta desdobra-se noutras duas para puder
refletir sobre as diferentes fases da vida e as escolhas feitas nessas mesmas fases.

Linguagem, estilo e estrutura 18


O conto é um género literário de narrativa leve que apresenta uma ação única e linear que
contém eventos concentrados assim como um número limitado de personagens.

Discurso sucinto marcado pela clareza das ideias e dos conceitos essenciais.

Recursos expressivos recorrentes: comparação, metáfora, interrogação retórica.

O narrador de terceira pessoa focaliza os acontecimentos, conhece o passado e o mundo


interior das personagens; mistura a sua voz com os pensamentos da personagem principal e
com as falhas de memória; reproduz as “falas” de Gi e de Georgina em itálico.

Conclusão 19
Esta obra como a maior parte das obras desta autora tem uma visão desencantada da
realidade, crua, objetiva, preservada de sentimentalismos, sem sentimentos excessivos com a
observação irónica da sociedade burguesa.

Uma das temáticas deste conto são então estas personagens que estão mais a margem da
sociedade, frustradas, ou seja, que se destacam pelo facto de não se incluírem na sociedade.

Participação dos leitores na obra como sendo uma novidade.

Síntese 20
Estrutura do conto- organização narrativa

1ª sequencia narrativa: retrato fugaz de uma jovem ambiciosa e sonhadora.

Inicio da ação:

 Realidade (George caminha pela rua)


 Memoria (esta lembra se do seu passado) --- analepse
 Imaginação (é acompanhada por Gi (o seu passado)).

Fio condutor da narrativa:

 Imaginação (George dialoga com Gi e estas afastam-se)


 Realidade (George viaja num comboio)
 Memoria (George recorda o passado pela última vez, de forma fugaz).

Fim da ação:

 Imaginação (George dialoga com georgina (o seu futuro), georgina desaparece.


Projeta-se no futuro.
Sumario da sua vida: a vertigem, a busca e a instabilidade.

“foi o meu grande amor, grande, grande amor… uma ternura tão grande… ainda hoje penso nela constantemente…”

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