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Gerenciamento de projetos
na prática: casos brasileiros
SÃO PAULO
EDITORA ATLAS S.A. – 2010
Gerenciamento de projetos na prática : casos brasileiros / Roque Rabechini Jr., Marly Monteiro de Carvalho
(organizadores). – – São Paulo : Atlas, 2009.
Vários autores.
Bibliografia
ISBN 978-85-224-5698-7
1. Administração de projetos I. Rabechini Junior, Roque. II. Carvalho, Marly Monteiro de.
09-10627 CDD-658.404
A prática
do gerenciamento
de projetos
1 Introdução
O modelo serve assim para ampliar a visão não só dos gerentes de projetos,
mas também dos estrategistas das organizações, na medida em que seus ele-
mentos se integram.
Estratégias da Organização
M
Escopo Prazo
a
at
t ur
uri
Estru
dade
RH Risco
Integração
Suprimentos Comunicação
Custo Qualidade
Com
petências
Ambiente Competitivo
Fonte: Carvalho e Rabechini Jr. (2005 e 2007).
Figura 1 MEGP© – Modelo Estratégico de Gerenciamento de Projetos.
Modelo Pró-Valor®
Eficácia Aprendizagem
Ambiente
Competitivo
Portfólio
Competências
Maturidade
Boas Práticas
Eficiência Conhecimento
Introdução
teórica
Leitura do Análise
caso individual
Discussão
em
grupo
Respostas Preparação
às questões apresentação
Apresentação
para
classe
Interferência
do
professor
Fechamento
teórico
Avaliação do
aprendizado
O quadro atual dos trabalhos desenvolvidos neste livro inicia-se com um caso
de construção do primeiro curso de mestrado profissional em administração com
ênfase em gerenciamento de projetos no Brasil.
O caso foi desenvolvido seguindo as práticas de gerenciamento de projetos.
Nesse sentido, inicialmente, uma vez aprovado o projeto, deu-se prosseguimento
com o detalhamento do escopo. O caso mostra a WBS (Work Breakdown Structure
– Estrutura Analítica do Projeto) da construção de um mestrado profissional em
gerenciamento de projetos.
Embora mereçam destaque os aspectos ligados à consistência gerencial com
a utilização das técnicas de gerenciamento de projetos, o caso tem como ponto
forte a concepção do curso. Ancorado nas rígidas restrições de órgãos reguladores
e apoiado na criatividade de seus autores, foi concebido um mestrado profissional
único, original e ousado!
O Prof. Milton Campanário organizou o trabalho que teve um time de peso
na sua realização. São eles os Profs. Maccari, Binder, Marcelo Muniz e a mes-
tranda Sibele Faria.
Estudando o caso, os organizadores deste livro consideraram as seguintes
questões:
Desenvolvido pelo Prof. Roque em parceria com a Profa. Ivete Rodrigues, que
estava presente no livro anterior, e com o Prof. Roberto Sbragia da FEA/USP, o
caso obedeceu ao seguinte processo metodológico: revisão sobre o tema, levan-
tamento primário e secundário de informações, diagnóstico e proposições.
Para esse caso, os organizadores do livro propuseram as seguintes ques-
tões:
O caso apresentado pelo Prof. Amaru em parceria com Daniel Leroy, da Uni-
versité François Rabelais, França, aborda a empresa Alstom Transporte.
O trabalho apresenta conceitos bem sedimentados sobre as atividades de
projetos da Alstom e discute o processo de desenvolvimento dos empreendi-
mentos.
Casos brasileiros
em gerenciamento
de projetos
1 Introdução
dos dois. Os insumos intangíveis (HALL, 1991, 1993; ITAMI, 1987) muitas vezes
são os responsáveis pela vantagem competitiva porque são de imitação difícil
pelos concorrentes (BARNEY, 1991), especialmente os desenvolvidos e acumu-
lados internamente pela organização (DIERICKX; COOL, 1989). A mediação
entre insumos e resultados é feita por meio de um conjunto de processos que visa
gerar resultados planejados (VALERIANO, 1998) e feedbacks (LEWIS, 1995). Em
outros termos, ao se orientar pelas entregas específicas (resultados ou saídas),
a análise e elaboração de projetos depende da disponibilidade e qualidade dos
recursos necessários para o empreendimento (insumos ou entradas) e da forma
como os processos de gerenciamento são desenvolvidos. Os processos constituem
o objeto da atividade de gerenciamento e sua combinação evolui para padrões
tais quais os advogados pelo PMBoK® (2004).
Mercado
MACROAMBIENTE Instituições-leis
•concorrentes
EXTERNO: •infraestrutura
•novos entrantes
instituições e •marco regulatório
•fornecedores
mercado •políticas de incentivo
•clientes
Inputs Outputs
•tangíveis • tangíveis
• recursos humanos • novos produtos
• máquinas e • novos processos
AMBIENTE equipamentos • serviços
EXTERNO: • insumos e materiais Processo • documentos
projeto •intangíveis Processador • intangíveis
• conhecimentos • conceitos
tácitos e codificados • conhecimentos
• redes (profissionais, • redes de
organizações etc.) profissionais
Fronteiras
do projeto
Ambiente e
competências
internas Processos de
monitoramento e controle Entregas Usuários
do projeto finais
Processos de
planejamento
Demanda e
Entradas do Processos Processos de
financiamento projeto
do projeto de iniciação encerramento
Registros Ativos de
Processos de do projeto processos
execução
Ambiente
externo
Formação mínima: os profissionais atuantes devem ter uma formação mínima, adquirida por
meio da prática e da educacional formal.
Barreiras de entrada: o mercado de trabalho cria barreiras de entrada relacionadas a certas habi-
lidades e ao conhecimento adquirido impondo, em alguns casos, a certificação profissional.
Produto específico: a área de administração abarca uma ampla classificação de campos de atua-
ção ou disciplinas. Quanto mais genérica ou abstrata, mais adequada ela se faz para a modalidade
acadêmica, dada a amplitude de investigação e colocação profissional possível. Mas, no caso do
Mestrado Profissional, o “produto” envolve necessariamente a formação de um profissional que,
embora com habilidades de docência e pesquisa, possa agregar valor do conhecimento científico
e teórico nas atividades externas à academia, estando apto a utilizar métodos de pesquisa no quo-
tidiano de trabalho das organizações, públicas ou privadas.
Diferenciação no PMDA: o MPA-GP é proposto no âmbito de uma IES que já contempla um Mes-
trado Acadêmico e Doutorado em Administração. Torna-se mais clara a tarefa de distinguir muito
bem o escopo, os objetivos, os campos de atuação, o foco e o público-alvo de cada programa,
identificando áreas de sobreposição, mas garantindo a autonomia relativa em cada caso, o que
pode ser considerado um processo de aprendizado contínuo, mas já com condições favoráveis de
sucesso no seu início.
Conhecimento profissional como ativo: o Mestrado Profissional deve reconhecer que a expe-
riência e o conhecimento profissional acumulado na área de sua vocação são um ativo relevante.
Nos Mestrados Acadêmicos, esse ativo é relativamente depreciado. No profissional, ele deve ser
devidamente lapidado pela metodologia científica para ganhar uma dimensão que incorpore
valor na prática profissional, esta eminentemente prática e aplicada. Sendo assim, o perfil ideal
do candidato é marcado também pela experiência acumulada em gestão, além do treinamento
formal, que é condição necessária, mas não suficiente para uma prática profissional socialmente
útil e responsável.
4 A hierarquia estratégica
Para Kerzner (2006), os princípios de gestão de projetos são cada vez mais
utilizados para operacionalizar a implantação dos planos estratégicos, bem como
melhorar o fluxo de trabalho horizontal e vertical nas unidades de negócio de
uma organização. A relação entre a moderna gestão de projetos e o planejamen-
to estratégico das organizações é sintetizada por meio de um modelo de cinco
camadas, inspirado no PMBoK® (2004). Apresentado na Figura 3, este modelo
foi utilizado para direcionar o MPA-GP no contexto das estratégias de ensino
da UNINOVE.
ESTRATÉGIA
PLANEJAMENTO E
GESTÃO DE PORTFÓLIO
DE PROJETOS
PLANEJAMENTO E GESTÃO DE
PROGRAMAS DE PROJETOS
Portfólio: tem como objetivo fixar e orientar a priorização entre diferentes projetos, considerando
o objetivo estratégico e as metas previamente definidas. O portfólio abre o leque de alternativas
das ações possíveis. Permite o alinhamento e o balanceamento da estratégia, ponderando riscos
e verificando a criação de valores mais eficientes e eficazes. Estabelece critérios de seleção, cálculo
de custos de oportunidade e risco controlável.
Programa: responde pela coordenação entre diferentes projetos como meio de aumentar a
eficiência e eficácia em seu controle, gerando economias de escala. Garante a apresentação de
resultados unificados e logicamente integrados. Promove a sinergia e a economia na alocação
de recursos escassos.
Projeto: prevê a entrega de um produto ou resultado final, contando com recursos finitos e utili-
zando processos racionais para o seu desenvolvimento. Essa atividade deve estar alinhada com o
programa ao qual agregará valor. Constitui-se em um sistema relativamente autônomo de desen-
volvimento de atividades independentes dos processos administrativos convencionais.
O Decreto no 5.773 do MEC estabelece que todas as IESs devem ter um Plano
de Desenvolvimento Institucional (PDI), renovável a cada cinco anos, para traçar
4.2 Portfólio
4.3 Programa
Esta seção segue as linhas traçadas pelo PMBoK® (2004) sobre a condução
de um projeto, tal qual apresentadas acima. Cinco grupos de processos são tra-
tados, todos referenciados ao estudo de caso em análise:
5.1 Iniciação
Grande demanda social: constituída por busca crescente de certificação profissional e conheci-
mento prático e científico na área.
Composição sinérgica: com o PMDA tanto em termos de recursos humanos (docentes) como
materiais e de produção intelectual.
Definição de equipe: constituída pelo colegiado do PMDA e liderada pelo seu coordenador.
5.2 Planejamento
5.3 Execução
23/11/2009 09:16:58
48 Gerenciamento de projetos na prática: casos brasileiros • Rabechini Jr. e Carvalho
Criação: referem-se a este item os Projetos, Linhas de Pesquisa e Área de Concentração, a Grade
Curricular, incluindo as disciplinas e ementas, e a integração entre pesquisa e ensino, com desta-
que para a criação do Laboratório de Gestão de Projetos da UNINOVE (PM9). Esses itens foram
designados a líderes de duas Linhas de Pesquisa, cada um contando com seis docentes para o
desenvolvimento de atividades.
Descrição: esse tipo de conteúdo envolve as informações da IES, da infraestrutura existente e dos
docentes envolvidos, inclusive sua produção científica, estas por meio dos Currículos Lattes, a se-
rem inseridos no sistema APCN. Sob a supervisão do coordenador, esta parte foi desenvolvida pela
auxiliar de pesquisa e secretária do PMDA.
Operação: foram definidas ações executivas pontuais entre os membros docentes para o cum-
primento de atividades ditas operacionais, como o desenvolvimento do regulamento, processo
seletivo, critérios de credenciamento docente e métricas de avaliação e de desempenho e convênios
existentes.
A ideia de que algo que não pode ser medido não pode ser gerenciado pode
ser utilizada para realçar a importância do monitoramento e do controle. No
plano teórico, o processo de monitoramento e controle abrange ações que res-
pondem pela verificação do escopo, garantia de qualidade, prazos/cronograma,
custos, monitoramento de riscos e gestão de contratos, bem como a comunicação
com a equipe, gestão das partes interessadas, garantindo e corrigindo desvios
em relação ao plano original. Também abarca a elaboração de relatórios de de-
sempenho (HELDMAN, 2006).
Início
Geração Desenvolvi- Avaliação (escopo,
Portão 1 mento da Portão 2 Portão 3 Portão 4
da Ideia do Negócio custo e
Proposta prazo)
Concepção Subequipe
Portão 6
Proposta 1
5.5 Encerramento
6 Considerações finais
Referências bibliográficas
1 Introdução
Desenvolvimento
Estratégico
Pré-processo
Seleção da Alocação de
Diretrizes
Metodologia recursos
Propostas
de projeto
Processo
Análise Seleção
Ajuste do
Pré-triagem individual Triagem otimizada
portfólio
do projeto de portfólio
Banco de Desenvolvi-
dados de mento do
projeto projeto
Pós-processo
Avaliação
Fase/Gate
Conclusão
com
sucesso
Avaliação de projetos
Avaliação da Avaliação do
Análise financeira
probabilidade de potencial estratégico
dos projetos
sucesso dos projetos dos projetos
A realização das quatro fases teve uma duração total de dez semanas. Sendo
que as duas primeiras levaram três semanas cada, pois precisaram buscar as
informações sobre os novos projetos e também avaliá-los individualmente. As
duas últimas fases representaram o início da tomada de decisão do time para a
formação do portfólio de projetos e duraram duas semanas cada.
O restante desta seção apresenta os resultados das quatro fases seguidas
na aplicação da gestão de portfólio. Para cada uma delas é descrita a aplicação
prática e as lições aprendidas.
A primeira atividade dessa fase previu o fluxo de caixa dos quatro novos pro-
jetos, para em seguida calcular os dados do investimento, valor presente líquido
negócio, essa avaliação pouco diferenciou os projetos entre si. Mesmo assim, os
critérios que mediram a vantagem competitiva e o potencial de geração de outras
oportunidades destacaram o potencial estratégico de dois dos quatro projetos.
Por fim, as notas recebidas pelos projetos em cada critério foram somadas para
se determinar a nota do potencial estratégico do projeto.
A Projeto B
75,0% Projeto C
C D B
Projeto D
50,0%
VPL
R$ 0,00
R$ 750.000,00
R$ 1.500.000,00
R$ 2.250.000,00
25,0%
0,0%
Portfólio de
projetos
Plano estratégico
de produtos
Planejamento do
portfólio de projetos
5 Considerações finais
Agradecimentos
1. Quais são as fontes de ideias de projetos que devem ser consideradas pelo
processo de gestão de portfólio de projetos?
2. A gestão de portfólio de projetos contribui com o desdobramento dos planos
estratégicos do negócio e dos produtos?
3. Quais os benefícios da aplicação da gestão de portfólio de projetos nas peque-
nas empresas de base tecnológica?
4. Como a seleção de projetos e o controle de projetos interagem dentro do pro-
cesso de gestão de portfólio de uma pequena empresa de base tecnológica?
5. Como tornar o processo de gestão de portfólio de projetos parte dos processos
de negócio da empresa?
Referências bibliográficas
1 Introdução
Patrocinador
do projeto
Gerente
do projeto
Equipe de gerenciamento
de projetos
Equipe do projeto
Partes interessadas
no projeto
GF GF GF GF GF GF
“Peso Leve”
Funcional
Nível de
Trabalho C C
GP
GF GF GF
Autônoma
GF GF GF
eng prod mkg
“Peso Pesado”
eng prod mkg
GP C C C
GP
C C C
Flexibilidade no uso dos recursos humanos Menor motivação das pessoas em relação ao
necessários ao projeto projeto
Especialistas podem ser usados em diferentes A área tende a ser orientada para suas ativida-
projetos des particulares
A área funcional é a base para continuidade do Não facilita uma abordagem holística em
conhecimento relação ao projeto
A área funcional proporciona um caminho O cliente não é o foco das atividades da área
natural para o desenvolvimento dos indivíduos que gerencia o projeto
Respostas rápidas às necessidades dos clientes Podem existir dúvidas quanto à responsabilida-
de pela tomada de decisão dentro do projeto
Permite o uso de toda capacidade técnica da Em estruturas matriciais fracas, podem ocorrer
empresa atrasos na conclusão do projeto
Existe menor ansiedade no destino das pessoas A estrutura matricial viola o princípio de
após a conclusão do projeto gerenciamento da unidade de comando (duas
chefias)
Estrutura simples e flexível, relativamente fácil Incerteza quanto ao destino dos membros
de implantar quando o projeto terminar
Tipo de Matricial
Organização
Funcional Projetizada
Matriz
Características Matriz Fraca Matriz Forte
Equilibrada
dos Projetos
Percentual do Pessoal da
Organização Executora Virtualmente
0-25% 15-60% 50-95% 85-100%
Alocado em Tempo Nenhum
Integral ao Projeto
Alocação do Gerente do
Tempo Parcial Tempo Parcial Tempo Integral Tempo Integral Tempo Integral
Projeto
Suporte Administrativo
Tempo Parcial Tempo Parcial Tempo Parcial Tempo Integral Tempo Integral
ao Gerente do Projeto
1
Cabe destacar que outros pesquisadores estiveram envolvidos com o trabalho, em algumas
das fases de implementação e em maior ou menor intensidade. Destacam-se pesquisadores da
FEA-USP e UFMG.
mento para que este fosse mais eficiente, como reduzir os problemas originários
no projeto quando o produto entrava na fase de aumento de escala de produção,
além de estabelecer como trabalhar os dados de entrada do projeto, advindos
do mercado, transformando-os em especificações dos produtos de forma eficaz.
A partir dessas limitações, foram introduzidas três iniciativas de implantação
(gestão de portfólio de projetos, estrutura organizacional do processo de desen-
volvimento de novos produtos e métodos de suporte para desenvolver novos
produtos). Os aspectos relativos à estrutura organizacional no desenvolvimento
de novos produtos e gestão de projetos fazem parte do escopo deste capítulo e
são descritos em mais detalhes a seguir.
Supermercado Consumidor
(ponto de venda) Final
Usuário Final
(Embalador)
Petróleo
2 A empresa foi vendida por US$ 120 milhões para a Vitopel, vice-líder do segmento na América
Latina, controlada por fundos de investimento dos bancos JP Morgan Chase e CSFB. O grupo
considerava que “o negócio era pequeno e desfocado dentro do grupo”, representando 2% do
faturamento (Valor Econômico, Empresas e Tecnologia, p. B1, 9 de junho de 2005).
4 Implementação e resultados
Projeto do Produto
Preliminar
N Projeto
Viabilidade
Abortado
Planejamento do
S
Produto
Produção
Experimental
Testes
Período de
Consolidação do filme
no mercado
S
N Validação do Homologação do
Projeto Produto
Comitê de
Gestão de Projetos
Diretor
Geral
Controladoria
Coordenador
de Projetos
Tecnologia
Marketing
Qualidade
Comercial
Industrial
Pessoas
Gerentes de
Projeto
Equipes de Projeto
100
que Agregam Valor (%)
80
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5
tipo funcional, matricial ou por projeto. A empresa adotou o tipo matricial leve
(ou “peso leve”, como ilustrado na Figura 2). O fato de a gerência ser “matricial
leve” ou “matricial pesada” está associado à autoridade que o gerente do proje-
to tem sobre os membros da equipe, que também respondem a sua respectiva
gerência funcional.
Coordenador de Projetos
Envolvidos
Comitê de Projetos
Gerente do Projeto
Gestão de Pessoas
Equipe de projeto
Célula Industrial
Controladoria
Diretor Geral
Marketing
Qualidade
Comercial
Atividades/Decisões
P&D
1. Concepção e Planejamento do Projeto
Proposta Planejamento
Básica do Projeto Fase Teste 1 Fase Teste 2 Homologação
Ideia
Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4 Estágio 5
5 Considerações finais
Agradecimentos
Influência
relativa
Referências bibliográficas
1 Introdução
s )
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q C
Re do D
z F
( Vo Q s
te ma s
o EV
Sis isit
. de equ M
g R
En ng.
E
MPPM
Dependendo da
complexidade da WBS,
pode haver sucessivos
desdobramentos dos
CTQ deliverables do projeto e
(COMO)
pacotes de trabalho
CTQ – deliverables
HoQ #1 (COMO)
Variáveis Críticas
Casa HoQ #2 (COMO)
(O QUE)
da
CCQs
Deliverables HoQ #3
CTQ – deliverables
Qualidade
Controle
(O QUE) Aceitação
Estru dos
tura s Deliverables Alimenta a
im
t r a d i c ilar a QFD análise de EVA
ional
WBS Projeto
23/11/2009 09:17:03
100 Gerenciamento de projetos na prática: casos brasileiros • Rabechini Jr. e Carvalho
5. Matriz de Relação WP
Requisito Cliente
(Alocação dos requisitos do cliente
aos requisitos técnicos e posteriormente
dos requisitos técnicos para os WPs)
6. Matriz de Relação WP
Req. Cliente Porcentual
(Transformação da matriz de
relação entre WP e Requisito
Cliente em alocação porcentual)
Uma empresa que projeta e fabrica bens duráveis de alta complexidade foi
escolhida para a aplicação do MPPM em um projeto piloto e avaliação dos re-
sultados.
O projeto selecionado tem como produto final um bem durável utilizado pelo
cliente final em suas operações. Um cliente fez uma especificação de requisitos
preliminar que se encaixava até certo ponto em produtos fabricados pela empresa.
O cliente fez uma avaliação de um produto similar já fabricado pela empresa e,
após a avaliação, apontou quais seriam os requisitos que deveriam ser melhora-
dos e quais requisitos novos o produto final deveria atender. Em nenhum caso,
os requisitos foram considerados mandatórios.
Após avaliar os requisitos do cliente, os técnicos da empresa chegaram à
conclusão de que atender os requisitos tal qual o desejo do cliente seria econo-
micamente inviável, por isso, foi elaborada uma proposta onde seis requisitos
dos nove solicitados seriam atendidos totalmente e os outros três seriam aten-
didos parcialmente. Uma vez acordada, aquela passava a ser a Especificação de
Requisitos pactuada com o cliente.
O projeto era desafiante para a empresa, principalmente pelo prazo muito
curto previsto para sua execução (quatro meses entre o fim de 2005 e início de
2006). O projeto foi orçado em um pouco mais de US$ 1,1 milhão e o ciclo passa-
ria por todas as fases de desenvolvimento: concepção, detalhamento, implantação
e testes de validação. A complexidade foi considerada bastante alta, com alto
grau de dificuldade tecnológica, número alto de interfaces e um número alto de
critérios de desempenho técnico do produto final. Apesar dos desafios, o projeto
foi executado com total êxito de acordo com os critérios da empresa.
Os requisitos do cliente foram elaborados sem preocupação técnica, quase
como uma lista de desejos do cliente, fortemente baseados em critérios subjetivos.
O corpo de engenharia da empresa avaliou os requisitos do cliente e elaborou
requisitos técnicos que poderiam atender aos requisitos dos clientes e que pode-
riam ser desenvolvidos e comprovados objetivamente. Apesar dessa tradução de
requisitos do cliente para requisitos técnicos ter sido feita de maneira competente
pela equipe de engenharia, não foi utilizado nenhum método de avaliação de
requisitos tais quais os descritos no QFD ou na engenharia de requisitos.
A empresa aplicou o EVM para a avaliação de desempenho do projeto e man-
teve relatórios detalhados do andamento do projeto durante os quatro meses de
desenvolvimento. Os relatórios eram fornecidos pelo menos a cada quinzena,
chegando a ser semanais em alguns períodos.
WBS Original
Projeto Piloto
WBE 1 WBE 2 WBE 3 WBE 4 WBE 5 WBE 6 WBE Fase A WBE Fase B WBE Fase C
US$ 28.308 US$ 56.650 US$ 44.285 US$ 195.382 US$ 162.234 US$ 14.031 US$ 303.772 US$ 217.043 US$ 88.571
Projeto Piloto
US$ 219.446 US$ 113.160 US$ 102.882 US$ 382.881 US$ 256.260 US$ 33.648
Avaliação de
Desempenho Plano Peso
Requisitos do Cliente
RC1 2 3 9 3 4 4 4 1,33 1 2,7 6%
RC2 3 9 3 4 1 4 1,33 1 4,0 9%
RC3 3 3 9 3 4 4 4 1,33 1 4,0 9%
RC4 5 9 3 5 5 5 1,67 1 8,3 19%
RC5 1 9 3 3 5 5 1,67 1 1,7 4%
RC6 5 9 9 2 3 3 5 2,50 1 12,5 29%
RC7 1 9 2 3 3 3 1,50 1 1,5 3%
RC8 3 9 2 4 3 3 1,50 1 4,5 10%
RC9 3 9 2 4 3 3 1,50 1 4,5 10%
Peso Absoluto 2,1 0,8 0,2 0,5 0,8 2,9 1,7 2,6 0,3 12,0 Total Total 43,7 100%
Pesos
Peso Relativo 17,7% 6,9% 1,5% 4,6% 6,9% 24,0% 14,3% 21,4% 2,9% 100% Total
Correlação
9 Forte
3 Média
1 Fraca
Branco Inexiste
Avaliação de desempenho em projetos complexos: uma abordagem tridimensional – prazo, custo & qualidade
103
23/11/2009 09:17:04
104 Gerenciamento de projetos na prática: casos brasileiros • Rabechini Jr. e Carvalho
Avaliação de
Desempenho Plano Peso
Requisitos do Cliente
RC1 2 3 9 3 4 4 4 1,33 1 2,7 6%
RC2 3 9 3 4 1 4 1,33 1 4,0 9%
RC3 3 3 9 3 4 4 4 1,33 1 4,0 9%
RC4 5 9 3 5 5 5 1,67 1 8,3 19%
RC5 1 9 3 3 5 5 1,67 1 1,7 4%
RC6 5 9 9 2 3 3 5 2,50 1 12,5 29%
RC7 1 9 2 3 3 3 1,50 1 1,5 3%
RC8 3 9 2 4 3 3 1,50 1 4,5 10%
RC9 3 9 2 4 3 3 1,50 1 4,5 10%
Peso Absoluto 2,1 0,8 0,2 0,5 0,8 2,9 1,7 2,6 0,3 12,0 Total Total 43,7 100%
Pesos
Peso Relativo 17,7% 6,9% 1,5% 4,6% 6,9% 24,0% 14,3% 21,4% 2,9% 100% Total
Correlação
9 Forte
3 Média
1 Fraca
Branco Inexiste
Avaliação de desempenho em projetos complexos: uma abordagem tridimensional – prazo, custo & qualidade
105
23/11/2009 09:17:04
106 Gerenciamento de projetos na prática: casos brasileiros • Rabechini Jr. e Carvalho
Requisitos Técnicos
Grau de
RT1
RT2
RT3
RT4
RT5
RT6
RT7
RT8
RT9
Requisitos Importância
do Cliente
RC1 2 6 18
RC2 3 27
RC3 3 9 27
RC4 5 45
RC5 1 9
RC6 5 45 45
RC7 1 9
RC8 3 27
RC9 3 27
Requisitos Técnicos
RT1
RT2
RT3
RT4
RT5
RT6
RT7
RT8
RT9
WPs
WP1 9 9
WP2 9
WP3 9 9
WP4 9 9
WP5 9
WP6 9
A alocação dos requisitos nos WPs foi então realizada em dois passos:
WBS
WP 1
WP 2
WP 3
WP 4
WP 5
WP 6
Requisitos do Cliente
RC1 0 0 216 0 0 0
RC2 0 243 0 0 0 0
RC3 324 0 0 0 0 0
RC4 0 0 0 405 0 0
RC5 0 0 0 0 0 81
RC7 0 0 0 81 0 0
RC8 243 0 0 0 0 0
RC9 243 0 0 0 0 0
Por último, a alocação de custos de cada WP foi distribuída por cada requisito
do cliente conforme definido no modelo de referência (Figura 12).
WBS
WP 2
WP 1
WP 3
WP 4
WP 5
WP 6
Requisitos do Cliente
RC1 0% 0% 100% 0% 0% 0%
RC2 0% 100% 0% 0% 0% 0%
RC3 40% 0% 0% 0% 0% 0%
RC4 0% 0% 0% 45% 0% 0%
RC5 0% 0% 0% 0% 0% 100%
RC7 0% 0% 0% 9% 0% 0%
RC8 30% 0% 0% 0% 0% 0%
RC9 30% 0% 0% 0% 0% 0%
WBS
Valor Alocado
para Cada
Requisito
WP 1
WP 2
WP 3
WP 4
WP 5
WP 6
Requisitos
do Cliente 219.446,10 113.160,67 102.882,90 382.881,89 256.260,15 33.648,29
Dia 0 Dia 7 Dia 14 Dia 21 Dia 28 Dia 35 Dia 42 Dia 49 Dia 56 Dia 63 Dia 70 Dia 77 Dia 84
RC1 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 0% 0%
RC2 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
RC3 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
RC4 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
RC5 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
RC6 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
RC7 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
RC8 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
RC9 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Dia 0 Dia 7 Dia 14 Dia 21 Dia 28 Dia 35 Dia 42 Dia 49 Dia 56 Dia 63 Dia 70 Dia 77 Dia 84
RC1 Alocado Alocado Alocado Alocado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Implem. Testado Testado
RC2 Alocado Alocado Alocado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Implem. Implem. Testado
RC3 Alocado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Implem. Implem. Testado
RC4 Alocado Alocado Alocado Alocado Alocado Alocado Projetado Projetado Projetado Projetado Implem. Testado Testado
RC5 Alocado Alocado Alocado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Implem. Testado Testado
RC6 Alocado Alocado Alocado Alocado Alocado Alocado Projetado Projetado Projetado Projetado Implem. Testado Testado
RC7 Alocado Alocado Alocado Alocado Alocado Alocado Projetado Projetado Projetado Projetado Implem. Testado Testado
RC8 Alocado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Implem. Implem. Testado
RC9 Alocado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Projetado Implem. Implem. Testado
-
Dia 0 Dia 7 Dia 14 Dia 21 Dia 28 Dia 35 Dia 42 Dia 49 Dia 56 Dia 63 Dia 70 Dia 77 Dia 84
Meses
Requisitos testados Requisitos implementados Requisitos projetados Requisitos alocados
Projeto piloto
1.200.000
PV
EV
1.000.000
EQ
AC
800.000
US$
600.000
400.000
200.000
–
Dia 77
Dia 98
Dia 14
Dia 21
Dia 28
Dia 70
Dia 56
Dia 63
Dia 35
Dia 42
Dia 49
Dia 84
Dia 91
Dia 0
Dia 7
Tempo
100.000
50.000
US$
(50.000)
(100.000)
(150.000)
Dia 21
Dia 49
Dia 56
Dia 63
Dia 77
Dia 84
Dia 70
Dia 91
Dia 98
Dia 14
Dia 28
Dia 35
Dia 42
Dia 0
Dia 7
Tempo
1,60
1,40
1,20
1,00
Índice
0,80
0,60
0,40
SPI
CPI
0,20
QPI
–
Dia 28
Dia 35
Dia 63
Dia 77
Dia 91
Dia 56
Dia 84
Dia 7
Dia 14
Dia 21
Dia 42
Dia 49
Dia 70
Dia 98
Dia 0
Tempo
Esses seriam os requisitos para que uma empresa pudesse evoluir para a
aplicação do MPPM para monitoramento do desempenho de seus projetos.
Utilizar o custo atual do projeto para avaliar o trabalho realizado. Sim Sim
Referências bibliográficas
ANBARI, F. T. Earned value project management method and extensions. Project Manage-
ment Journal, v. 34, no 4, p. 12-23, Dec. 2003.
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SOLOMON, P. J.; YOUNG, R. R. Performance-Based Earned Value®. IEEE Computer
Society. Hoboken, NJ: John Wiley, 2007.
1 Introdução
nacional, com seu conhecimento do mercado local, cabe a gestão de menor risco
(DUTRA, 1997). A joint venture possibilita o crescimento, pois a empresa conhece
melhor o novo ambiente, estabelecendo estratégias de marketing específicas e
obtendo maior acesso aos insumos locais, reduzindo custos (SUAREZ, 1990).
Para a Escola de Uppsala, o processo de internacionalização ocorre através
de um comprometimento gradual da empresa com o mercado externo, e do
aprendizado resultante da experiência e conhecimentos adquiridos (JOHANSON;
VAHLNE, 1977). O conceito de gradualismo surgiu com o trabalho de Johanson
e Wiedersheim-Paul (1975) sobre empresas exportadoras suecas, ao perceberem
que estas apresentavam comportamentos semelhantes em suas incursões no mer-
cado internacional. A partir daí, dois novos conceitos foram identificados: cadeia
de estabelecimento e distância psíquica. O primeiro especifica que a empresa
investe mais recursos à medida que avança no conhecimento sobre o mercado
internacional, e os investimentos são aportados de forma incremental, à medida
que a firma se sente mais segura nesse mercado.
A distância psíquica reflete as diferenças percebidas entre valores, práticas
gerenciais, educação e cultura de dois países. Os autores observaram que as em-
presas suecas comumente investiam nos países próximos (Dinamarca, Noruega,
Finlândia), com cultura, educação e língua semelhantes, e esses mercados eram
utilizados como portas para o mercado global.
Esse modelo demonstra o processo de passagem de empresa nacional para
empresa internacional, e preconiza que a falta ou dificuldade de obtenção de co-
nhecimento sobre mercados externos seria um obstáculo para o desenvolvimento
das operações internacionais. Assim, a teoria defende que o processo de interna-
cionalização de uma empresa é resultado de uma série de decisões incrementais.
A empresa avançaria no processo à medida que adquirisse experiência, o que
é um processo único, específico de cada mercado. Mas, para alguns críticos, a
aceleração do processo de globalização da economia modificou o comportamento
empresarial, tornando o conceito de distância psíquica irrelevante.
Entre as teorias econômicas, o Paradigma Eclético da Produção Internacio-
nal de Dunning (1980, 1988) buscou identificar os fatores que influenciariam
a decisão de produção no exterior de empresas multinacionais. A dimensão, a
localização geográfica e a composição da produção industrial das empresas inte-
ressadas em investimento direto no exterior são determinadas pela interação de
três tipos de vantagens percebidas: de propriedade, de localização e de internali-
zação. Para uma empresa ter sucesso internacionalmente, ela deve possuir algum
tipo de vantagem competitiva (ownership) em relação a seus concorrentes. Essa
vantagem ou conjunto delas pode ser relativa a patentes, economias de escala,
controle ou acesso privilegiado a algum ativo.
rou uma fábrica de creme vegetal e margarinas. Anos depois, ela foi a primeira
empresa a comercializar pratos prontos à base de soja no mercado brasileiro, a
linha “Sadia Vita Soja”.
Em 1982, foi criada uma estrutura até então inédita no mercado de alimen-
tos brasileiro: o Serviço de Informação ao Consumidor Sadia, implantado nove
anos antes de entrar em vigência o Código de Defesa do Consumidor. No final da
década, a empresa possuía vários tipos de negócios (carne animal, biotecnologia,
melhoramento genético, soja) em diferentes estados (Paraná, Rio de Janeiro,
Mato Grosso, Santa Catarina e São Paulo).
Nos anos de 1990, a empresa saiu do mercado de carne bovina e de soja,
passando a concentrar-se na produção e distribuição de alimentos industrializa-
dos, congelados e resfriados. No final daquela década, foi o primeiro abatedouro-
frigorífico a obter as certificações ISO 9001 e ISO 14001 para todo o seu um
parque fabril, composto por 12 fábricas instaladas em sete estados: Santa Catarina
(Concórdia e Chapecó), Rio Grande do Sul (Três Passos), Paraná (Dois Vizinhos,
Francisco Beltrão, Toledo, Paranaguá e Ponta Grossa), Mato Grosso (Várzea
Grande), Rio de Janeiro (Duque de Caxias), São Paulo (São Paulo) e Minas Gerais
(Uberlândia). Ainda em 1999, ela adquiriu a Granja Rezende, tradicional centro
de excelência em genética e produção avícola e suinícola em Minas Gerais, numa
região privilegiada para a expansão dos negócios do Centro-Oeste.
A empresa, já consolidada no mercado de aves e suínos, buscou ser a primei-
ra no nicho de mercado de sobremesas, numa estratégia de abandonar o rótulo
de agroindústria para vir a ser conhecida como uma empresa de alimentos. Em
1999, comprou a empresa de sobremesas congeladas Miss Daisy. De 12 tipos de
produtos em 2001, passou para mais de 30 em 2005. A divisão de sobremesas
representa 7% das vendas de congelados da empresa, e as vendas para restau-
rantes (food service) representam 30% do total, além de servir como termômetro
das preferências do consumidor (D’AMBROSIO, 2005).
As linhas de produto estão assim classificadas: in natura (frango inteiro e em
pedaços, inclusive temperado, mas que não sofreu processos térmicos); empa-
nados de frango e peru (empanados de suínos até agora só no mercado interno);
cozidos (carne bovina e cubado, muito utilizado em cadeias de lanchonetes);
pizzas; pratos prontos. E sobremesas.
Desde 2002, a empresa tornou-se fornecedor regular da rede McDonald’s,
não só no Brasil como também em vários países da América Latina, Inglaterra,
França, Alemanha e Japão.
Atuando como companhia aberta desde 1971, em 2001 a SADIA lançou
ADRs (American Depositary Receipts) na Bolsa de Nova Iorque, representan-
do um grande passo no sentido de sua internacionalização. Também em 2001,
aderiu ao Nível 1 de Governança Corporativa da Bolsa de Valores de São Paulo
Após uma oferta hostil de compra da Perdigão em 2006, recusada pela con-
corrente, uma fusão entre as empresas foi decidida no mês de maio de 2009. O
objetivo principal é capitalizar a Sadia, após as perdas financeiras sofridas em
2008. Não deve haver aporte de dinheiro por parte da Perdigão, apenas troca
de ações. A expectativa é que o BNDES capitalize a empresa resultante (Portal
Exame; Folha de S. Paulo, 2009). Uma estratégia já definida é usar a marca Sadia
(tradição) como avalista dos produtos da empresa e o modelo de gestão da Per-
digão (eficiência).
A empresa resultante se chamará Brasil Foods, nome semelhante ao criado
em 2001, quando foi constituída uma joint-venture para atuar no mercado interna-
cional, a BRF International Foods, desfeita um ano depois. Será a maior empresa
produtora de proteína animal do mundo, e a décima em faturamento entre as
companhias de alimentos das Américas, com faturamento de R$ 22 bilhões.
No início dos anos 70, o mercado interno para a carne de frango era pequeno,
cerca de 20% do consumo atual. A produção excedente de frangos, por conta da
expansão da avicultura nas regiões Sul e Sudeste, foi importante estímulo para
as vendas externas. Naquela ocasião, um grande importador de carne de frango
do Oriente Médio procurou a Sadia, pois enfrentava problemas com seus forne-
cedores europeus. A empresa vislumbrou no Oriente Médio a possibilidade de
escoamento de sua produção.
Em 1975, iniciaram-se, em grande escala e com subsídios oficiais, as exporta-
ções de frango congelado para o Oriente Médio. Até então, era utilizado o trading,
modalidade em que a empresa contrata serviços de empresas especializadas em
exportação para executarem todo o trâmite alfandegário, além de representar a
firma no exterior. A década de 80 consolidou a vocação exportadora da empresa.
Em 1980, foi criada a Sadia Trading, responsável pelas operações internacionais.
No mesmo ano, as exportações ultrapassaram os U$ 100 milhões para o Oriente
Médio, Extremo Oriente, Japão, Hong Kong, além da Europa e Estados Unidos.
Em 1996, foi construída uma filial da Sadia Trading em Buenos Aires, para coor-
denar a montagem de uma rede de distribuição própria naquele país, aproveitando
as oportunidades do Mercosul. A empresa possui oito centros de distribuição,
onde são preparados os embarques para o exterior, que são abastecidos por uma
frota terceirizada de 1.600 veículos refrigerados, além da utilização da navegação
de cabotagem e do transporte ferroviário.
O Conselho de Administração estabelece, anualmente, as diretrizes estra-
tégicas para o mercado externo. A Diretoria Comercial do Mercado Externo e o
Presidente da Sadia escolhem os mercados-alvo, de acordo com as metas a serem
atingidas. Em 2000, as exportações representavam 26,8% da receita bruta da
empresa; em 2001, esse percentual passou para 38%, e a empresa detinha 30%
do volume brasileiro de exportação de aves.
Naquele ano, a Sadia participou da criação de uma joint-venture com sua gran-
de concorrente do setor alimentício, a Perdigão. Em abril de 2001, anunciaram
a criação da BRF International Foods, uma exportadora que iria levar as carnes
suínas e de aves das duas empresas para países emergentes, ainda inexplorados
pelas duas companhias. Cada um dos acionistas detinha 50% do negócio, que
teria uma gestão independente. A meta de faturamento para o primeiro ano era
de US$ 150 milhões, devendo atingir US$ 500 milhões em cinco anos.
Essa aliança deveria permitir importantes vantagens competitivas, graças
ao modelo brasileiro de produção integrada de animais, adotado por ambas, e
a possibilidade de ganhos logísticos, a partir de melhores negociações de fretes
e formação de estoques. Rússia, Ucrânia e Bielorússia eram os principais alvos,
além de Egito, África do Sul e Angola (África), República Dominicana e Cuba
(Caribe), Irã, Iraque e Jordânia (Oriente Médio). Nos países onde já estavam
consolidadas, Sadia e Perdigão continuariam a ser concorrentes.
Para atender às necessidades específicas dos projetos tipo rompimento e tipo ex-
tensão, foram estabelecidos processos de desenvolvimento distintos, em paralelo,
que se baseiam no modelo “Stage-Gate” (COOPER et al. 2000). Esse modelo prevê
etapas e pontos de decisão, e as empresas que o adotam são capazes de mapear
com maior facilidade as inconsistências em seus processos, uma vez que os gates
(pontos de decisão) facilitam a visão dos problemas pelas equipes multifuncionais
envolvidas, contribuindo para que novos critérios de controle, sugestões de novas
ideias e revisões sejam incorporados (AJAMIAN; KOEN, 2002).
As principais etapas são: seleção de ideias, investigação preliminar, estudo de
oportunidades, desenvolvimento, implantação e lançamento. Os dois processos
paralelos se diferenciam na velocidade de execução das tarefas, na profundidade e
extensão das análises técnicas e mercadológicas, nas exigências para a aprovação
de cada fase e, especialmente, nos responsáveis pela decisão.
Os projetos tipo rompimento são definidos a partir da seleção de ideias
de diversas áreas da empresa (brainstorming), que sugerem a criação de novos
negócios ou novas famílias de produtos. Em princípio, não há um limite definido
de propostas que podem passar para a fase seguinte. É avaliada a atratividade do
novo negócio, seu alinhamento com o planejamento estratégico, coerência com
as tendências de mercado e, por fim, a disponibilidade de recursos financeiros.
Há evidente prioridade para esses projetos, apesar de riscos maiores.
Para os projetos de extensão, o processo ocorre ininterruptamente, seguindo
as oportunidades identificadas pela área de marketing. Em geral, são projetos
que não exigem investimentos e são aprovados em um fórum menor, constituído
pelas Diretorias e Gerências de marketing e a DDPP.
Os projetos que requeiram investimento em novas linhas de produção ou
equipamentos, ou que necessitem de contratação de mão de obra adicional, in-
dependentemente do tipo, são aprovados pela Comissão de Desenvolvimento,
liderada pela Diretoria Industrial e pela Diretoria de Marketing e Vendas e cons-
tituída pelas demais Diretorias e Gerências envolvidas no projeto (ROMANO;
CIA, 2002).
Tabela 3 Características típicas dos projetos tipo rompimento e tipo extensão na Sadia.
Perspectiva Projetos tipo rompimento Projetos tipo extensão
Produto do projeto Novos produtos em novas famílias Novos produtos em famílias existentes
(plataformas)
controle sanitário etc. – forem significativos. Nesse caso, não haveria necessidade
de percorrer todos os estágios do processo de internacionalização.
Apenas em 2006, dada a possibilidade de utilizar o seu conhecimento em
processamento de carnes, ao lado de uma parceira especialista em distribuição
de produtos, a empresa decidiu participar de uma aliança estratégica no exterior,
com a empresa russa Miratorg. Uma segunda fábrica nos Emirados Árabes esta-
va nos planos da empresa em 2008, uma vez que a demanda da região é muito
alta – as exportações da Sadia para o Oriente Médio somam US$ 550 milhões
ao ano. E ainda uma terceira, em 2009, em um país asiático, seguindo os planos
de crescimento da empresa.
Todavia, devido à turbulência econômica e a perdas de R$ 2,5 bilhões, por
conta de operações com derivativos cambiais, em 2008, a empresa suspendeu
parte dos investimentos em 2009, tanto no Brasil como no exterior. A construção
do complexo agroindustrial de Campo Verde (MT) e de uma unidade de abate
de suínos em Mafra (SC) foi suspensa, representando uma economia de R$ 1,3
bilhão, e um forte desgaste político com os governos daqueles estados, que ha-
viam assegurado investimentos em infraestrutura. A suspensão da construção da
fábrica nos Emirados Árabes traz economia de R$ 150 milhões (Folha de S. Paulo,
17 out. 2008). Este foi o primeiro prejuízo da Sadia em 64 anos de vida.
Ela também decidiu vender a fábrica na Rússia, como uma das alternativas
de capitalização em estudo. Nesse caso, a Sadia estaria insatisfeita com o rela-
cionamento com o sócio local, que detinha 40% do negócio (PORTAL EXAME,
18 mar. 2009).
Apesar do insucesso na joint-venture BRF International Foods, em 2001-2002,
Sadia e Perdigão iniciaram em 2001 conversações sobre uma possível associação.
Até junho de 2009, haverá uma definição a respeito das negociações, assim como
para alternativas que a Sadia estuda para se capitalizar, como a venda de ativos
não operacionais e de alguns operacionais que não tenham relação direta com a
sua cadeia de valor, como fábricas de rações e centros de distribuição (PORTAL
EXAME, 2009).
Estima-se que os ganhos de sinergia, com uma fusão, chegariam a 2,2 bilhões
de reais e trariam um aumento de 23,4% no valor de mercado das duas empre-
sas juntas, que é de 9,59 bilhões de reais, aproximadamente. Com isso, o valor
da nova companhia resultante corresponderia a cerca de 11,83 bilhões de reais.
Os benefícios seriam, principalmente, com transporte e logística, economias de
despesas e ganhos de receita e custos, por causa do maior poder de barganha
que a nova firma teria como a maior empresa de alimentos no Brasil. Em maio
de 2009, as negociações parecem se encaminhar para este fim (Folha de S. Paulo,
12 maio 2009).
Referências bibliográficas
1 Introdução
projetos com a mesma prioridade e, muitas vezes, fica difícil distinguir os mais
importantes (CAMANHO, 2009).
Outro problema tem sido explicar, de uma lista de projetos priorizados, como
um projeto tão importante para a empresa pode ter sido classificado como de
baixa prioridade. Normalmente, esse fato ocorre devido à estrutura de critérios
adotada. A solução para esse problema é a escolha de critérios adequados à es-
tratégia da empresa e aos projetos que serão categorizados.
Crawford et al. (2004) utilizam o conceito da complexidade como um dos
principais para se categorizar projetos. Segundo os autores, os atributos utilizados
para caracterizar a complexidade são:
• Escopo do projeto.
• Número de sites, localidades ou países.
• Número de funções ou habilidades.
• Envolvimento organizacional.
• Clareza de metas e objetivos.
• Nível de ambiguidade ou incerteza.
• Fontes de risco.
• Complexidade técnica.
• Projeto individual ou componente de um projeto maior.
• Familiaridade.
• Impacto organizacional.
Além disso, também podem ser citados como tipo de projeto aqueles con-
duzidos para clientes externos, onde uma organização desenvolve um projeto
solicitado por outra organização, mediante um contrato negociado e assinado
entre as duas empresas.
Raz et al. (2002) buscam classificar um projeto baseando-se em duas dimen-
sões: incerteza tecnológica e escopo do sistema (ou complexidade). Os autores
trabalham com essas dimensões uma vez que seu estudo busca analisar em mais
• Volume financeiro.
• Valor percentual de riscos estimados.
Financeiros • Margem de comercialização do projeto.
• Valor percentual de investimento em pesquisa e desenvolvimento ou
engenharia para o projeto.
10 25 45 70 100 10
Project Profit >1 0 % 5-10% 2-5% 0-2% <0%
Gross Margin > 20% 10 - 20% 5 - 10% 0 - 5% l< 0 %
10 25 45 70 120 10
Gross R&D / Engineering cost up to 1% 1% - 5% 5 - 10% 10 - 20% >20%
5 30 70 100 150 5
Organizational Considerations 15 90 140 215 320
15
Type of project Component supply Component Supply with System and Turnkey System Turnkey with ongoing
(supply, Syst,Turnkey) technical services Solution Supply Operation/maint
commitment/or
ownership
15 40 60 85 120 15
Contractual Complexity very low low medium high very high
0 30 50 70 100 0
Strategic significance for Siemens very low low medium high very high
group
Div, GG Global or Siemens
Global)
0 10 15 30 50 0
Strategic relevance for the very low low medium high very high
customer
0 10 15 30 50 0
Max Points/column 75 320 605 900 1360
CATEGORY LIMITS
C B A TOTAL: 225
60 to 500 points 500 to 1000 points >1000 points Category C
Management adjustment Yes FALSO Comment:
No
######
89
90
80
70
66
59 60
60
52
50
40
30 27
20
10
0
A B C D E F
R$ 700,00
R$ 600,00
R$ 508,91
R$ 500,00
R$ 400,00
R$ 300,00
R$ 183,03
R$ 200,00
R$ 131,10
R$ 67,02
R$ 100,00
R$ 0,00
A B C D E F
Para a empresa deste primeiro caso, uma das principais aplicações da cate-
gorização de projetos é o uso da mesma para a designação do profissional mais
adequado a cada tipo de projeto. Para isso, foram estabelecidos quatro níveis
de profissionais, juntamente com o departamento de recursos humanos, que
estruturaram a carreira do gerente de projetos para a empresa. Esses quatro
níveis são denominados: diretor de projetos; gerente sênior de projetos; gerente
de projetos; e coordenador de projetos.
Cada posição profissional está diretamente relacionada ao tipo de projeto
que o gestor de projetos está habilitado a conduzir, conforme abaixo:
Coordenador de Projetos –
Projetos Tipos D, E e F
CATEGORIZAÇÃO DE PROJETO
PROJETO:
CATEGORIA: #ND
Data da análise:
CATEGORIA DETALHADA
Macrocategoria Impacto Categoria Detalhada Descrição
Alto A1 Projeto A com impacto estratégico alto
A Médio A2 Projeto A com impacto estratégico médio
Baixo A3 Projeto A com impacto estratégico baixo
Alto B1 Projeto B com impacto estratégico alto
B Médio B2 Projeto B com impacto estratégico médio
Baixo B3 Projeto B com impacto estratégico baixo
Alto C1 Projeto C com impacto estratégico alto
C Médio C2 Projeto C com impacto estratégico médio
Baixo C3 Projeto C com impacto estratégico baixo
Alto D1 Projeto D com impacto estratégico alto
D Médio D2 Projeto D com impacto estratégico médio
Baixo D3 Projeto D com impacto estratégico baixo
6
5
4
4
3
0 0 0 0 0
0
A1 A2 A3 B1 B2 B3 C1 C2 C3 D1 D2 D3
R$ 1.366,00
R$ 1.400,00
R$ 1.200,00
R$ 1.000,00
R$ 800,00
R$ 600,00
R$ 400,00 R$ 331,00
R$ 195,00
R$ 200,00
Ferramentas de GP A B C D
Carta do projeto X X X X
Categorização do projeto X X X X
Carta de nomeação do gerente do projeto X X
Iniciação
Declaração do escopo X X X
Organograma do projeto X X
Formulário de 1o Go/llo–go X X X X
Plano de Projeto – Escopo X X X X
Plano de Projeto – Prazo X X X
Plano de Projeto – Custos X X X
Plano de Projeto – Qualidade X X
Plano de Projeto – Comunicação X X
Plano de Projeto – Recursos Humanos X X
Planejamento Plano de Projeto – Riscos X
Plano de Projeto – Suprimentos X
Plano de Projeto – Sistemática de Acompanhamento X X
WBS de Projeto X X
Cronograma em ferramenta padronizada X X X X
Orçamento em ferramenta padronizada X X X X
Formulário de 2o Go/llo–go X X X X
Relatório de Acompanhamento Corporativo X X X X
Relatório de Acompanhamento da Área X X X X
Análise de Variações – Ações Corretivas X X X
Análise de Variações – Ações Preventivas X
Execução
Análise de Variações – Não conformidades X X
Análise de Variações – Claim Management X
Análise de Variações – Lições Aprendidas X X
Relatório de Aceites Parciais X X X
Relatório de Acompanhamento Corporativo X X X X
Relatório de Acompanhamento da Área X X X X
Controle Cronograma atualizado X X X X
Orçamento atualizado X X X X
Apresentações periódicas à diretoria X X
Avaliação de maturidade X X
Relatório de aceites finais X X X
Encerramento
Relatório de encerramento X X X X
Relatório de lições aprendidas X X
4 Considerações finais
Referências bibliográficas
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de boa parte de estudiosos e pesquisadores no assunto.
Além do mais, a importância do setor de autopeças pode ser vista não só
pela carência em termos gerenciais, mas também pelos seus robustos números.
O setor é responsável por um faturamento anual no Brasil de U$ 24,2 bilhões,
emprega 197 mil pessoas e exporta U$ 7,5 bilhões para mais de 160 países. Pos-
sui no Brasil 648 unidades distribuídas em dez Estados da Federação. Destas,
500 empresas são associadas ao Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de
Componentes para Veículos Automotores). As associadas ao Sindipeças podem
ser divididas em empresas de capital majoritariamente multinacional e de capi-
tal majoritariamente nacional. O primeiro grupo representa 50 empresas, que
respondem por 80% do valor total do capital; 87% do faturamento do setor; e
76% do investimento total do setor. Nessas 50 empresas, os projetos de desen-
volvimento são concebidos quase na sua totalidade nas matrizes do exterior. Das
450 empresas restantes, com capital majoritário nacional, a grande maioria está
descapitalizada, devendo impostos e, portanto, não podendo obter empréstimos
de capital de giro, ampliar sua capacidade produtiva, nem iniciar novos projetos
(SINDIPEÇAS, 2007).
A Anfavea (associação das montadoras) fez uma revisão de suas projeções
para 2008, que revelam a intenção de a indústria produzir 3,42 milhões de auto-
veículos (automóveis, caminhões e ônibus), com crescimento de 15% em relação
aos 2,9 milhões de unidades produzidas em 2007. A projeção anterior dava conta
de incremento de 8,9% sobre 2007. Esse aquecimento recente da indústria traz
pressões aos fornecedores para atender, no prazo e com qualidade, aos pedidos
das montadoras. Os fornecedores trabalham com capacidade ociosa média de
15%, sendo que 20% é o nível mínimo considerado adequado. O setor de auto-
peças deverá investir, neste ano, entre R$ 3,4 bilhões e R$ 3,5 bilhões, contra
aproximadamente R$ 2 bilhões no ano passado. Além da pressão na produção, a
falta de mão de obra qualificada pode ser colocada na lista dos gargalos do setor
(ARAUJO, 2008).
Considerando o contexto acadêmico e a realidade do setor anteriormente
apresentados, este capítulo trata da proposição de um novo modelo de sistema
de gerenciamento de projetos para uma empresa de autopeças, preocupada com
a situação do setor e com a busca de maior eficiência produtiva. A experiência
teve lugar numa empresa de origem alemã, do setor de autopeças, que possui 600
funcionários. Apresenta um faturamento na matriz da Alemanha de cerca de 250
milhões de euros e, no Brasil, cerca de 250 milhões de dólares. As preocupações
da filial brasileira residem em aumentar a competitividade de forma sustentável,
trazendo maior retorno aos acionistas.
Fase 1 – Levantamento e
Revisão conceitual leitura de obras
sobre o tema
Fase 4 – Proposições e
Proposições e conclusões
conclusões
Presidência
Administração Técnica
Comercial RH Qualidade
Finanças Industrial
Fatores determinantes
0 1 2 3 4 5
Notas
26,15
0,00
19,06
30,54
Organização Equipe
Equipes
Relacionamento 100,00
80,00
60,00
40,00
Organização
20,00
100,00
0,00
0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 80,00
Estratégia
Tarefa 60,00
Indivíduos Gestão
40,00
100,00
20,00
17,03 0,00
0 20 40 60 80 100
0,00 Gerenciamento
25,74 35,69
Projeto Negócio
inerentes aos projetos, mas apresenta dificuldades (em torno de 26%) quanto
ao gerenciamento dos mesmos.
3.3 Proposições
Presidência
Comitê
Escritório de
Estratégico de
Projetos
Projetos
Administração Técnica
Comercial RH Qualidade
Finanças Industrial
item de diagnóstico. Assim, de acordo com a proposta dos autores, esse trabalho
deveria apresentar os macroprocessos a serem adotados pela empresa no que
tange ao gerenciamento de projetos, especificamente em relação a escopo, pra-
zos e custos. Foi considerado importante que estes macroprocessos estivessem
integrados àqueles já existentes (processos de vendas, de desenvolvimento de
produtos e de suporte), a fim de que não houvesse duplicação de esforços. Uma
proposição de fluxo de processos integrado é apresentada na Figura 7. Observa-se
que foi sugerida a implementação de uma nova camada de processos relaciona-
dos especificamente à gestão de projetos, sendo que alguns eram inexistentes e
outros pouco formalizados na empresa.
Processos de vendas
Processos de suporte
4 Conclusões
Referências bibliográficas
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Escola Politécnica da USP, São Paulo.
1 Introdução
Toda atividade exercida pelo homem é sujeita a incertezas que podem im-
putar riscos e afetar seus objetivos se não forem adequadamente tratadas. As
organizações se utilizam de técnicas como o planejamento estratégico como
forma de se posicionarem perante aos riscos a que estão expostas, diagnostican-
do suas forças, fraquezas, identificando as ameaças e oportunidades externas e,
através de uma análise cruzada dessas informações, preparando seus planos de
resposta para atender aos seus objetivos estratégicos. Quanto aos riscos técni-
cos, existem várias ferramentas disponíveis à disposição, bem como bancos de
dados com informações sobre probabilidades e impactos relativos aos eventos
de risco. Por exemplo, uma companhia seguradora para calcular um prêmio de
seguro de automóvel tem dados tabelados sobre a ocorrência de sinistros e fur-
tos levando em consideração dados do condutor como: idade, sexo, estado civil,
local de residência, existência de garagem, e outros detalhes que caracterizam
as probabilidades de ocorrência e respectivos impactos.
Quanto aos eventos de risco gerenciais que podem afetar seus projetos, a
situação é diferente. As organizações, em geral, estão nos estágios iniciais de
implantação do gerenciamento de riscos, e, como não existem bancos de dados
estruturados com informações para esse tipo de evento de risco, os gerentes de
projetos têm que contar com informações eliciadas de profissionais envolvidos
com projetos, tomando-se os devidos cuidados para garantir a qualidade das
informações obtidas.
O competitivo mercado de logística, especificamente o que abrange operações
de navios petroleiros, está sempre em busca de novos aprimoramentos na efi-
2 Revisão teórica
restringir seu foco na administração de incertezas, uma vez que o risco está sem-
pre associado a ameaças (ou oportunidades) de eventos incertos aos projetos.
A visão ampliada de riscos, envolvendo ameaças e oportunidades, foi corro-
borada pelo trabalho de Hillson (2002). Para esse autor, riscos estão relacionados
a eventos incertos que podem afetar os objetivos de um projeto negativa ou po-
sitivamente. Esta forma de posicionar o risco gera estratégias de administração
distintas.
Para o departamento de defesa norte-americano, risco é entendido como uma
medida das futuras incertezas em se atingir os objetivos do programa dentro de
suas restrições estabelecidas para custo, prazo e desempenho. Segundo Modarres
(2006), o termo risco significa não somente a ocorrência de um evento indesejável,
mas também quão provável e quais suas consequências caso ocorra.
O pensamento do gerenciamento de riscos apresenta, complementarmente,
alternativas para que tais eventos enquadrados até aqui possam ser administra-
dos. No entanto, para Raz et al. (2002), a disciplina gerenciamento de riscos
está, ainda, em sua infância.
Vários trabalhos (PMI, 2004; VALERIANO, 1998; KEELLING, 2006) têm
apresentado o gerenciamento de riscos como uma série de processos interligados
envolvendo técnicas e ferramentas específicas. O PMI (2004) propôs seis pro-
cessos de gerenciamento de riscos: planejamento do gerenciamento dos riscos,
identificação, avaliação qualitativa, avaliação quantitativa, respostas ao risco e
acompanhamento e controle.
O gerenciamento de risco de projetos tem como objetivo identificar e tratar
as incertezas que podem impactar o projeto, porém existem incertezas desco-
nhecidas que podem afetar os objetivos do projeto e não recebem qualquer trata-
mento. As incertezas que não podem afetar o projeto, sejam elas conhecidas ou
desconhecidas, não são motivos de preocupação por parte dos envolvidos com
o gerenciamento de riscos.
De outra forma, o ambiente de incertezas pode ser representado juntamente
com o ambiente do projeto, como na Figura 1, onde o ambiente de incertezas é
caracterizado pelo conhecimento em algum grau, que varia do limite próximo
do zero ao limite próximo dos 100%, das incertezas que podem afetar o proje-
to. O ambiente do projeto é mais amplo, abrangendo o ambiente de incertezas
parcialmente conhecido e o ambiente desconhecido pela equipe do projeto. Há
ainda o ambiente desconhecido pela equipe, mas que não afeta o projeto, não
sendo motivo de preocupação.
Grau de conhecimento
das incertezas que
podem afetar o
Ambiente do projeto projeto
Ambiente de incertezas
Não sei que Não sei Sei parcialmente e o Não sei Não sei que
não sei, mas que não projeto pode ser que não não sei, mas
o projeto sei, mas afetado sei, mas o o projeto
não é o projeto projeto não é
afetado. pode ser pode ser afetado.
afetado. 100% afetado.
Ambiente
Ambiente desconhecido parcialmente conhecido Ambiente desconhecido
Escopo do
Gerenciamento de riscos
Zona Verde Zona Vermelha Zona Amarela Zona Vermelha Zona Verde
(Não há (Pode haver (Pode haver risco) (Pode haver (Não há
risco) risco) risco) risco)
Utilidade Utilidade
$ $
Dessa forma, é importante que o nível de tolerância deva ser muito bem de-
finido para que os gerentes de projeto, outras pessoas envolvidas e as empresas
invistam adequadamente em seus projetos.
2.6 Docagem
3 Descrição da empresa
Riscos (EAP) elaborada previamente. Não foram identificados riscos que im-
pactassem positivamente o projeto, e alguns eventos de riscos identificados
eram causas de outros também identificados, o que suscitou a necessidade de
um trabalho posterior à dinâmica de grupo para organizar os dados obtidos,
separando-os em causas, efeitos e eventos de risco.
Probabilidade Legenda
10 8 6 4 2
10 100 80 60 40 20 Alto
8 80 64 48 32 16
Impacto
6 60 48 36 24 12 Médio
4 40 32 24 16 8
2 20 16 12 8 4 Baixo
80
60
50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50
Alto 3 1 1 3 8
Médio 17 2 9 2 6 36
Baixo 18 7 4 2 31
Total geral 38 3 16 7 11 75
Item Descrição 1 2 3 4 5 6 7
5 Considerações finais
Referências bibliográficas
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1 Introdução
com maiores responsabilidades quanto aos impactos que se espera que o projeto
venha a produzir, usando a metáfora de que o Gerente de Projetos deve ser o
CEO (Chief Executive Officer) do seu projeto.
1.1 Objetivo
2 Revisão bibliográfica
A seguir, apresenta-se uma breve síntese das ideias apresentadas por auto-
res preocupados com a redução da lacuna que entendem existir entre a gestão
tradicional de projetos e a estratégia empresarial/organizacional.
Para haver o alinhamento dos projetos de uma organização com sua estraté-
gia, é preciso, antes de tudo, identificar os objetivos estratégicos dessa organi-
zação. Com a definição desses objetivos, cabe em seguida situar ou categorizar
os projetos existentes.
Segundo Shenhar (2001), existe um “elo perdido” entre a estratégia dos
negócios da empresa e os planos de seus projetos. Esse elo perdido é a estratégia
do projeto, conforme ilustra a Figura 1.
Estratégia do negócio
O elo perdido
Projeto
Estratégico
Plano do Projeto
Implementação
Noland Eidsmoe (2000) defende em sua teoria que o Strategic Program Mana-
gement Office (PMO) é um “componente estratégico que auxilia as organizações no
Prioridades dos projetos estabelecidas pelo maior Prioridades dos projetos estabelecidas através
retorno sobre o investimento de uma conexão entre os objetivos estraté-
gicos de negócios
Planejamento
estratégico
Grandes iniciativas
e decisões
Gerenciamento
de projetos
Informações
Melhoria
contínua
Gerenciado
Institucionalizado
Processo estruturado e
padrões definidos
Inicial
1 Os nomes dos entrevistados e das empresas foram substituídos para preservar a confidencia-
lidade.
Todo projeto tem o seu orçamento aprovado pelo comitê executivo da Em-
presa X e faz parte do orçamento semestral. Somente assim é possível iniciar
um projeto.
Os projetos são priorizados considerando seus benefícios, tendo obviamente
como um dos principais fatores as exigências legais e regulatórias.
O Sr. Cesar afirma que existe uma fase dentro da metodologia de gestão
de projetos que prevê a mensuração dos resultados dos benefícios esperados.
Normalmente, os projetos são conduzidos por um gerente de projetos interno
à empresa.
O sponsor participa fortemente na fase de definição e depois na implantação,
porém, segundo a metodologia utilizada, também é requerido a cada mudança
de fase do projeto um aceite formal. O Sr. Cesar entra na fase de avaliação e
aprovação da viabilidade do projeto. Ele se reporta à Diretoria de Informática.
Para gerenciar o projeto, o MS-Project é utilizado como ferramenta de apoio
ao planejamento e também se utiliza um template de acordo com as fases da ati-
vidade. Para controle de atividades versus recursos de um projeto, recentemente
a Empresa X implantou uma ferramenta interna (Intranet) para apontamento de
tempo dedicado a cada atividade.
Dentro da área de informática, o Sr. Cesar tem visibilidade da situação dos
outros projetos. Revisa-se semestralmente o Planejamento Estratégico da área.
Se as mudanças no escopo durante a execução não envolverem alteração
de valores financeiros, elas são tratadas junto à Diretoria de Informática. Em
qualquer desvio de orçamento é necessária a aprovação do comitê executivo
para aporte financeiro. Os projetos são finalizados somente após a apuração
dos resultados esperados e nesse momento termina a responsabilidade sobre o
mesmo. O sucesso do projeto é definido ao se atingir os resultados esperados e
explicitados no início do projeto.
No que tange à estratégia, o Sr. Cesar afirma que faz parte do Planejamento
Estratégico de TI estar alinhado com a visão da empresa que é divulgada para
todo o quadro de funcionários. Ele participa na discussão sobre a estratégia da
empresa no sentido de entender as necessidades estratégicas e alinhá-las com o
planejamento de TI. Esse processo envolve a Vice-presidência executiva, Direto-
rias e Superintendências tanto de negócios quanto de informática. A divulgação
da estratégia e dos seus resultados é responsabilidade de cada gestor de área e
deve abranger todos os funcionários da organização.
O Sr. Cesar faz parte do grupo que aprova a execução dos projetos e é respon-
sável pelo seu orçamento. Portanto, conhece bem a estratégia e o orçamento do
projeto. Os incentivos normalmente são gerados a partir de prêmios semestrais
4 Conclusões
Referências bibliográficas
1 Introdução
Este estudo de caso sobre a Alstom Transport foi feito por meio de entrevistas
na França e no Brasil, de análise de documentação fornecida pela empresa e de
correio eletrônico, ao longo de um período de quatro meses em 2009. Em termos
metodológicos, os autores tomaram por base o “cubo de dificuldade”, proposto
por Leenders e Erskine (1989). Usando esse referencial, os autores optaram por
redigir um caso que descreve sucintamente uma situação para análise prospectiva,
por meio de informações sobre os processos e as estruturas para o gerenciamento
da qualidade dos projetos e dos produtos, englobando o tratamento de variáveis
de desenvolvimento sustentável. Reiterando a introdução, o objetivo central dos
autores foi o estudo de uma situação real para sustentar e orientar atividades de
ensino e pesquisa.
A Alstom é um grupo francês com duas áreas de negócios, energia e trans-
portes, que produziram um faturamento de 18 bilhões de euros no ano fiscal
2008/2009. A Alstom Transport contribuiu com 1/3 desse total, operando com
uma participação de 16% em um mercado global acessível (potencial) de 42 bi-
lhões de euros. Seus principais concorrentes são Bombardier e Siemens, que têm
participação similar. O restante do mercado é dividido em muitas outras compa-
nhias, com pequena participação. É uma empresa com 26.000 colaboradores em
mais de 60 países, que experimentou um acréscimo de 4,2% em seu faturamento
de 2007/2008, em comparação com o período anterior. Sua carteira de pedidos
também cresceu 39% no mesmo período. A maior parte de seus negócios é rea-
lizada na Europa, onde obtém 61,7% de seu faturamento. Em seguida, vêm Ásia
e Pacífico, com 16,6%, América do Norte, com 11%, América do Sul e Central,
com 5,5% e, finalmente, Oriente Médio e África com 5,2%.
O ramo de negócios da Alstom Transport está em uma conjuntura favorável.
Entre 2002 e 2005, o volume de passageiros, em todo o mundo, cresceu 11,5%,
e continua a crescer a uma taxa de 3% ao ano, com participação mais alta da
Europa do Norte. Esse é um desdobramento do adensamento das cidades e das
políticas de valorização do transporte coletivo. Atualmente, 50% da população do
mundo vivem nas cidades; em 1900, essa proporção era de 13,3% (UN, 2007). O
trem elétrico (em suas diferentes modalidades) é um meio de transporte limpo,
o que, numa época de preocupação com a ecologia, o transforma num produto
atraente, contribuindo para as perspectivas positivas dessa indústria. O mercado
global das ferrovias, que inclui regiões nas quais a Alstom Transport não opera,
como o Japão, e produtos que não fazem parte de sua linha, oferece um potencial
de 123 bilhões de euros.
É fácil reconhecer a Alstom Transport na Europa, especialmente por sua
presença no mercado da alta velocidade ferroviária. Seu produto mais visível na
França é o TGV,2 que está completando 25 anos de operação e viaja regularmen-
te a 250 km/h. Em abril de 2007, o AGV (automotrice à grande vitesse, altíssima
velocidade) fez sua primeira viagem experimental, atingindo o recorde de 574,8
km/h. Quando em operação, o AGV terá uma velocidade de cruzeiro de 360
km/h. A Alstom lidera o mercado global da alta velocidade, com 70% de parti-
cipação. Seus objetivos estratégicos: manter essa posição, alcançar a liderança
na indústria do transporte em termos de lucratividade e market share, chegar à
primeira posição em trams (bondes) e trams-trains (trens de circulação dentro de
cidades) e aumentar a participação no faturamento das atividades de sinalização,
serviços, infraestrutura e turnkey, de 40 para 60%.
A Alstom Transport define-se como empresa de projetos, que trabalha exclusi-
vamente com encomendas e produz somente por contrato. Não é uma fábrica de
trens, que produz para um estoque. Todas as operações, os processos e procedi-
mentos, o modelo de comercialização e o modelo econômico são orientados para
projetos sustentados por contratos. Alguns contratos de manutenção chegam a
30 anos de prazo e os contratos de três a cinco anos são frequentes, o que induz
a Alstom Transport a um horizonte extenso de gerenciamento de seus projetos
e, consequentemente, de todos os aspectos da administração corporativa. O
faturamento anual é o resultado das receitas de projetos que se encontram em
fases distintas de seu ciclo de vida. A margem é calculada com base no cost at
completion e a rentabilidade é calculada com base em cada projeto.
2.1 Produtos
2.3 Organização
2.4 Sustentabilidade
Licitação e execução
Ciclos em V Tecnologia Produto
do contrato (Projeto)
a
iad
o
e
r
ip
et
se
ót
u
ão
aq
ot
uç
M
Pr
od
Pr
Bibliotecas de Referência (Plataformas/Subsistemas)
A fase de execução do projeto divide-se, por sua vez, em seis fases meno-
res:
Escopo do Desenho
detalhado Montagem dos
Design subsistemas
Reviews do sistema
Fabricação dos
subsistemas
Gate Reviews
e atividades regulares não estão diretamente ligadas aos projetos, mas terminam
por impactá-los. É o caso das iniciativas de desenvolvimento contínuo nos sites
de produção, do programa de melhoramento dos fornecedores e, provavelmente,
das atividades regulares de administração interna. A ideia de administração por
projetos, definida como a aplicação da disciplina a algumas atividades contínuas,
além dos próprios projetos (PMI, 2004) precisa ser revista levando em conta
essas características da Alstom Transport e de outras empresas similares, o que
oferece um primeiro caminho para pesquisa.
Para os estudantes de administração, as empresas como a Alstom Transport
oferecem um desafio interessante. A formação em gerenciamento de projetos
focaliza precisamente o que esse título implica e nada além disso. Pouco, se algo,
é abordado no que tange às empresas em que a administração por projetos é pra-
ticada. Para retratar o que acontece em uma empresa orientada por projetos, as
disciplinas de marketing, contabilidade e finanças, recursos humanos e todas
as outras funções devem ter o qualificativo “por projetos” agregado, o que im-
plica a necessidade de uma reconversão dessas disciplinas. Além disso, escapa
do campo teórico a questão da estrutura organizacional da empresa, não dos
projetos. Na Alstom Transport, a estrutura para o gerenciamento de projetos é
um sistema complexo, que envolve funções e posições em diferentes pontos da
estrutura, às vezes dentro das áreas de apoio, às vezes dentro das operações. A
imagem do gerente de projetos como um empreendedor solitário, responsável
único pelo sucesso ou fracasso do projeto, fica em xeque nesse caso. Outro pos-
sível caminho para pesquisa e produção acadêmica.
Por outro lado, é notável a coincidência entre as práticas na Alstom Transport
e os manuais da moderna administração de empresas. PMBoK, lean production,
proteção ambiental, EHS, DFQ – praticamente tudo está lá. Se isso se repete em
outras empresas, e não há razão para não acreditar nisso, mais um desafio para
os estudantes e praticantes da administração: o desafio de dominar um corpo de
conhecimentos complexo, tanto no nível da compreensão dos conceitos e ferra-
mentas quanto no nível da aplicação. A profundidade desse domínio por parte
dos ocupantes ou potenciais ocupantes de cargos gerenciais, nos diferentes níveis
hierárquicos de uma estrutura organizacional, é o tema que os autores remetem
para as possibilidades de pesquisa, encerrando este capítulo.
Referências bibliográficas
1 Introdução
Nesta seção, será realizada uma breve descrição da empresa em estudo, bem
como a apresentação do seu projeto inovador.
2.1 Freeddom
O produto criado pela Freeddom era inovador, pois foi gerado a partir de
uma nova tecnologia, que utiliza o celular como meio de pagamento e que é di-
ferente do que se pode encontrar, até o momento de sua concepção, no mercado
em geral.
As transações são realizadas por mensagem de texto no celular (SMS) do
cliente e do lojista. Para que ocorra, é premissa básica que o cliente seja creden-
ciado junto à administradora e o lojista junto à acquirer – ambas as empresas do
grupo OiPaggo –, como ocorre no cartão de crédito tradicional. A Figura 1 ilustra
como se dá a transação de mobile payment na Freeddom.
Freeddom
Consumidor Lojista
Fonte: Elaborada pelos autores.
Figura 1 Fluxo da transação de crédito da Freeddom.
Integração
Escopo
Aquisições do projeto
Tempo do projeto
Qualidade do projeto
3 Considerações finais
A Freeddom é uma start-up brasileira que tem obtido grande êxito no mer-
cado financeiro. Seu serviço oferecido é considerado pioneiro e tem tido grande
aceitação em grandes centros, como por exemplo na cidade do Rio de Janeiro,
com cerca de 306 mil clientes.
A capacidade empreendedora do fundador se mostra a partir da sua percep-
ção da lacuna existente no mercado financeiro, que, a partir disso, desenvolveu
uma tecnologia de custo baixo, utilizando a telefonia para trafegar informações
de transações financeiras.
O sucesso também pode ser explicado pela combinação da filosofia com a
forma de motivar e o gerenciamento utilizado na condução das atividades dos
colaboradores da empresa. O ambiente encontrado é muito dinâmico, mas ao
mesmo tempo agradável.
Referências bibliográficas
Formato 17 x 24 cm
Tipografia Iowan 10/13
Papel Offset Sun Paper 90 g/m2 (miolo)
Supremo 250 g/m2 (capa)
Número de páginas 256
Impressão Lis Gráfica
03 cap12.indd 250
View publication stats 24/11/2009 11:16:43