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Disciplina „Gestão de Operações‟

Aula 3: Sistemas de
Produção e suas
Tipologias

Profa. Márcia M. P. Marchesini


marcia.marchesini@ufabc.edu.br
1
Bibliografia utilizada

• FERNANDES, Flavio Cesar Faria; GODINHO FILHO,


Moacir. Planejamento e Controle da Produção: dos
fundamentos ao essencial. Ed. Atlas, 2010.
• CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de
Produção e Operações - manufatura e serviços: uma
abordagem estratégica. 2ª edição. Editora Atlas, 2011.
• SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R.
Administração da Produção. 3ª edição. Atlas, 2009.

2
1) Apresentar classificações para entender os
sistemas de produção da organização

ou seja, apresentar várias tipologias ou


classificações para os sistemas de produção,
de forma que possam ser aplicadas nas
organizações, possibilitando a identificação e
o entendimento de suas características e,
assim, orientando as abordagens de gestão
3
Temas gerais
Linha de desenvolvimento da disciplina para temas
mais pontuais
Aulas 1 e 2: O que é Gestão da Produção/Operações e a visão sistêmica interna à
organização (sistema de produção)
1) Gestão de Operações – Introdução à GO
2) Sistemas de produção ou modelo input-transformação-output (visão sistêmica
interna à organização). Modelo geral da GO

Aula 3 - Classificações para entender os sistemas de produção da


organização:
3) Tipologias de Sistemas de Produção
Esta aula

Aulas 4 e 5 - Desafios à GO e visão sistêmica externa à organização (cadeia de


suprimentos):
4) A necessidade de uma visão Ampla das Operações: Gestão da Cadeia de
Suprimentos (SCM, Supply Chain Management)
5) Gestão de Operações e Sustentabilidade ambiental: Green Supply Chain
Management (GSCM) e Produção Mais Limpa (P+L)

Aulas 6 e 7 – Duas áreas específicas de GO:


6) Logística (visão geral) e Serviço logístico
4
7) Canais de Distribuição
Cada departamento, área ou Sistemas de Produção/Operações =
processo da organização pode
ser visto como um sistema de
Modelo input-transformação-output
Através do processo de transformação (cujo objetivo é
produção, assim como a mudar o estado ou a condição de algo), as entradas são
própria organização.... transformadas em saídas, gerando produtos e/ou
serviços.

Recursos
transformados: Inputs Outputs
 Materiais

Consumidores
 Informações Saídas de
Consumidores/ Recursos de produtos e
Processo de
pessoas entrada serviços
(input)
Transformação (output)
Recursos
transformadores:
 Instalações
 Pessoal/
funcionários
Figura – Modelo de transformação geral: qualquer operação envolve os
processos input – transformação – output.
5
Fonte: Adaptado de SLACK, CHAMBERS & JOHNSTON (2009, p. 9)
Gestão de Sistemas de Produção
se torna cada vez mais complexa
 A tarefa de desenvolver e gerenciar sistemas de produção tem-se tornado
progressivamente mais complexa...alterações nos produtos, processos,
tecnologias de gestão, conceitos, culturas, sustentabilidade – desafios
(Fernandes e Godinho Filho, 2010)

OBS.: Com a necessidade da Sustentabilidade:


o modelo tradicional de negócios das empresas, baseado só na
dimensão econômica, deve ser alterado para um novo modelo que
considere os desempenhos ambiental e social da organização, além do
financeiro (Elkington, 1994, 2012)
a gestão se torna mais complexa, já que não basta só garantir a
maximização do valor para os acionistas, mas também criar valor para
todas as partes interessadas (stakeholders) e conciliar objetivos
econômicos, sociais e ambientais e sua medição e monitoramento
(Friedman, 1970; Jensen, 2001)
Stakeholders = fornecedores, clientes empresariais, consumidores finais, governo,
6
comunidade vizinha, sociedade geral, ONGs...
Evolução dos Sistemas de Produção ao longo
do Tempo (Sipper e Bulfin, 1997)

 Os sistemas de produção passaram por 4 evoluções (5 tipos) até


hoje:

Sistemas de Produção:

a) Antigo

b) Feudal

c) Europeu

d) Americano (orientado à produção)

e) Orientado ao mercado (Atual)


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Fonte: Fernandes e Godinho Filho (2010)
Evolução dos Sistemas de Produção ao longo do Tempo
a) Sistema de Produção Antigo: dos Sumérios (registros de estoques), Egípcios
(construção de pirâmides), Hebreus, Gregos, dentre outros povos da
Antiguidade.dxsa\

b) Sistema de Produção Feudal: Idade Média – produção doméstica (auto-


suficiência: não havia ainda o comércio/troca de mercadorias).

c) Sistema de Produção Europeu: Renascimento (1300), Revolução Industrial


(1700: mudança da manufatura para a maquinofatura, substituição do trabalho
humano por máquinas – artesãos para fábricas), corrida pela divisão e
especialização do trabalho (Adam Smith)

d) Sistema de Produção Americano (sistema de produção orientado à


produção): EUA, 1800. Início da indústria de máquinas e ferramentas. Linha
de montagem de Ford (1913). Taylor: administração científica: projeto e
controle do trabalho (atividades): a solução para a ineficiência era a melhor
gestão de processos (conjunto de atividades executadas para atingir certo
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objetivo) e não trabalhadores extraordinários
Sistema de Produção Americano X Sistema de
Produção Orientado ao Mercado
d) Sistema de Produção Americano: com a produção em larga escala =
sistema de produção orientado à produção:
• o que era produzido era comprado
• Eficiência era o ponto central
• consumidor com pouca ou nenhuma influência

e) Sistema de Produção Orientado ao Mercado: a partir da metade do


século XX: transformações no ambiente competitivo:
 consumidor cada vez mais exigente: maior variedade, menor custo e
alta qualidade; mercado heterogêneo: CLIENTE É A FORÇA
DIRECIONADORA DOS ESFORÇOS PRODUTIVOS.
 alta competitividade estrangeira: competição no nível global
 Portanto, eficácia também é importante, além da eficiência
 UM DESAFIO ATUAL: redução dos ciclos de vida do produto e
introdução frequente de novos produtos: obsolescência projetada
para uma sociedade orientada ao consumo.....X sustentabilidade
ambiental: extensão do ciclo de vida do produto (usar menos 9
recursos e gerar menos resíduos)
Tipologia dos Sistemas de
Produção/Operações

VÁRIAS CLASSIFICAÇÕES/TIPOLOGIAS...

Objetivo das tipologias: possibilitar a identificação e o


entendimento das características do sistema de produção em
questão. Assim, orienta as abordagens de gestão a serem
adotadas no sistema de produção (FERNANDES e GODINHO
FILHO, 2010).

10
Observação

O detalhamento do „Modelo de transformação

input-output‟ em recursos, outputs e processos de

transformação permite a identificação de várias

Tipologias de Operações

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5 Tipologias da Operações dentro do Modelo input-transformação-output
As operações diferem em termos da natureza de: a) seus inputs e
b) outputs e c) dos seus processos de transformação:
A) tipologia das operações: D.1) tipologia das C) tipologia das operações:
predominantemente operações: caracterização quanto à natureza dos
processadora de materiais, dos processos de outputs (produtos, serviços
informações ou consumidores transformação a partir dos ou ambos e em que
recursos transformados proporção)
Recursos (a
serem)
transformados:
 Materiais

Consumidores
 Informações
Consumidores Saídas de
Recursos de
Processo de produtos e
entrada
Transformação serviços
(input)
(output)
Recursos
transformadores:
 Instalações
 Pessoal
B) tipologia das
operações: quanto à D.2) tipologia das operações:
importância relativa dos influências dos aspectos dos outputs (4
recursos de V‟s) sobre a caraterísticas do processo
12
transformação de transformação
A) Recursos transformados e D.1) Processos de transformação
Recursos que são tratados, transformados ou convertidos de alguma forma...
São geralmente um composto de materiais, informações e/ou consumidores (mas geralmente, um
deste predomina):
a) Materiais: operações que processam materiais para alterar: suas
propriedades físicas (forma, composição; fábricas), sua localização
(transportadoras), sua posse/propriedade (varejo). E operações que
estocam materiais (depósitos)
b) Informações: operações que processam informações podem
transformar: suas propriedades informativas (objetivo ou forma da
informação, como os contadores), a posse da informação (empresas de
pesquisa de mercado), sua localização (empresas de telecomunicações).
Ou operações que estocam informação (bibliotecas e arquivos).
c) Consumidores/Pessoas: operações que processam consumidores para
alterar: suas propriedades físicas (cabeleireiros e cirurgiões plásticos),
sua localização (transporte aéreo, metroviário e rodoviário), estado
fisiológico (hospitais), estado psicológico (serviços de entretenimento,
como música, teatro, televisão, rádio, parques temáticos). Ou operações
que estocam/acomodam consumidores (hotéis). 13
A) Recursos transformados
(Modelo input-transformação-output)

Exemplos de operações e seus principais recursos transformados (recursos


transformados predominantes):
Predominantemente Predominantemente
Predominantemente
processadores de processadores de
processadores de materiais
informações consumidores
Todas as operações de
Contadores Cabeleireiros
manufatura
Empresas de mineração Bancos Hotéis
Empresas de pesquisa de
Operações de varejo Hospitais
mercado
Armazéns Analistas financeiros Transporte de passageiros
Serviços postais Serviços de notícias Teatros

Unidades de pesquisa em
Embarque de containers Parques temáticos
universidade

Empresas de transporte Empresas de


Dentistas
rodoviário de cargas telecomunicações

Fonte: SLACK, CHAMBERS & JOHNSTON (2009, p. 10) 14


B) Recursos de transformação
(Modelo input-transformação-output)

Recursos que agem sobre os recursos transformados.


Dois tipos:

a) Instalações: prédios, equipamentos, terreno e tecnologia do processo de


produção
b) Funcionários: os que operam, mantêm e administram a produção.

As operações variam conforme a natureza específica das instalações e dos


funcionários:
 instalações de alta/baixa tecnologia,
 nível de experiência dos funcionários, etc.
 e quanto ao equilíbrio entre instalações e funcionários

(ex. empresa fabricante de refrigerantes depende mais das instalações e empresa


de consultoria em gestão depende mais dos funcionários)

O que é mais importante para a empresa: suas instalações ou seus funcionários?


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C) Outputs de bens e/ou serviços - Sistemas de
Produção de bens e de serviços
Há vários tipos de operações, posicionadas em um espectro que vai de
fabricantes de „produtos puros‟ até geradores de „serviços puros‟.

Produção de Petróleo Produtos puros –


outputs que são
exclusivamente tangíveis
Fundição de alumínio
(serviços facilitadores)
Fabricante de máquinas-
ferramentas especiais
Mistura de produtos e
Restaurante serviços – outputs são
uma combinação de
Provedor de sistemas de tangível e intangível
informática
(produtos facilitadores)
Consultoria gerencial
Serviços puros – outputs
são exclusivamente
Clínica psicoterápica intangíveis

Figura – Os outputs das operações: produtos puros, serviços puros ou mistura de


produtos e serviços.
Fonte: Adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 11). 16
C) Outputs de bens e/ou serviços - Sistemas de Produção de
bens e de serviços

Figura – pacotes de valor entregues ao cliente variam na proporção entre


produtos físicos e serviços.
Fonte: Corrêa e Caon (2002). 17
C) Outputs de bens e/ou serviços
Produtos (Modelo input-transformação-output)
Puros Nos polos, não há nem serviços facilitadores nem produtos
facilitadores

 À medida que se desloca do polo de produtos puros, insere-se a


coexistência de „serviços facilitadores‟, que existem apenas para
facilitar a venda dos produtos aos quais dão sustentação (por
exemplo, assistência técnica, instalação, manutenção e
treinamento).

 Mas os serviços oferecidos por um restaurante são mais do que


„facilitadores‟, são parte essencial do que o consumidor está
pagando.

 À medida que se aproxima do polo de „serviços puros‟, inserem-


Serviços se os „produtos facilitadores‟ (como relatórios, documentos,
Puros mídias físicas etc), que são suporte à venda dos serviços.
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Serviço de „uso‟ do produto (aluguel e não
posse)
Alguns modelos de disponibilização de produtos e
serviços:

 orientado ao produto: adicionar serviços complementares


à oferta de produtos, como entrega, montagem/instalação,
garantia etc (Exemplo: Dell)

 orientado ao uso: venda do uso do produto - o produto é


disponibilizado ao cliente, que paga pelo seu uso, sendo
a posse do bem mantida pela empresa – ALUGUEL DO
PRODUTO (E NÃO VENDA DA POSSE) (exemplo: HP)

Exemplos? Uso compartilhado de carros, bicicletas,


impressoras
19
Elementos/questões de distinção entre produtos e
serviços (Slack, Chambers e Johnston, 2002, 2009):

1) tangibilidade
2) estocabilidade
3) transportabilidade
4) simultaneidade (timing da produção em
relação ao consumo)
5) contato com o consumidor (das operações
com o consumidor)
6) qualidade (evidente – produto -, ou não-
evidente – serviço)
7) tempo de validade

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Elementos/questões de distinção entre produtos e
serviços (Slack, Chambers e Johnston, 2002, 2009):
1. Tangibilidade: geralmente, os produtos são tangíveis e os
serviços são intangíveis.
Ex.: Não se pode tocar um corte de cabelo (serviço), mas seus resultados são
sentidos ou vistos (o próprio cabelo) e há produtos ou recursos auxiliares
(tesoura, xampu, pente, escova etc)

2. Estocabilidade: em função da tangibilidade, os produtos


podem ser estocados, pelo menos por algum tempo após sua
fabricação. Já os serviços não são estocáveis (serviço de
acomodação noturna...são temporais).

3. Transportabilidade: em função da tangibilidade, em geral, os


produtos podem ser transportados e os serviços (output) não
podem ser transportados (com exceção de seus recursos de
entrada que podem ser transportados) 21
Elementos/questões de distinção entre produtos e
serviços (Slack, Chambers e Johnston, 2002, 2009):
4. Simultaneidade: timing da produção em relação ao
consumo: os produtos físicos são quase sempre
produzidos antes de o consumidor recebê-los ou vê-los;
já os serviços são frequentemente produzidos
simultaneamente ao seu consumo. Produto: quase
sempre não simultâneo (produção ocorre antes do seu
consumo); Serviço: frequentemente simultâneo (produção
ocorre simultaneamente ao consumo)

5. Contato das operações com o consumidor: em função da


simultaneidade, as operações que produzem produtos
possibilitam baixo nível de contato dos consumidores
com as operações. Já as operações que produzem
serviços possibilitam nível mais alto de contato entre o
consumidor e a operação. 22
Elementos/questões de distinção entre produtos e
serviços (Slack, Chambers e Johnston, 2002, 2009):
6. Qualidade: em função da simultaneidade e do contato com o
consumidor, a avaliação da qualidade das operações que produzem
produtos físicos é feita através dos próprios produtos físicos, sendo
uma avaliação razoavelmente evidente e objetiva.
Já nos serviços, como o consumidor participa muitas vezes da
operação, a avaliação da qualidade das operações que produzem
serviços é feita através do resultado do serviço mas também dos
aspectos da operação (por exemplo, a cordialidade do vendedor
pode ser relevante para certos consumidores e para outros não, a
aparência física dos funcionários e instalações). Assim, a avaliação
da qualidade das operações de serviços é menos evidente e mais
subjetiva e, assim, mais difícil julgar a qualidade.
Economia da Experiência: a organização precisa não somente ofertar produtos e serviços,
mas também gerenciar a experiência que os clientes têm nas suas instalações
7. tempo de validade: em geral, a vida útil dos serviços é muito
menor do que a dos produtos, é temporal (janela de tempo) (ex.:
serviço de acomodação noturna). 23
D.2) Processos de Transformação:
Influência dos 4 V‟s dos outputs
Do ponto de vista dos
outputs
ASPECTOS DOS OUTPUTS QUE DIFERENCIAM
OS PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO

Apesar de as operações serem similares entre si em


termos da transformação de inputs em outputs de
produtos e serviços, elas diferem em 4 aspectos, que
influenciarão características dos processos de
transformação:
 Volume do output
 Variedade do output
 Variação da demanda do output
 Grau de visibilidade que os consumidores possuem
da produção do output
24
D.2) Processos de Transformação:
Influência dos 4 V‟s dos outputs
1. Volume do output: o volume de produção gera implicações na
maneira como a produção é organizada

 Alto volume de produção: alto grau de repetição e sistematização do


trabalho (manual com procedimentos padrões para a realização da
tarefa); consequentemente, pode-se desenvolver máquinas
especializadas; especialização do trabalho. Assim, os custos unitários
são baixos.
Exemplo: McDonald‟s

 Baixo volume de produção: baixa repetição e sistematização do


trabalho, número menor de trabalhadores, mais atividades/tarefas são
desempenhadas pelo trabalhador, menos viável investir em
equipamento especializado. Assim, os custos unitários são mais altos.
Exemplo: Pequeno restaurante
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D.2) Processos de Transformação:
Influência dos 4 V‟s dos outputs

2. Variedade do output:

 Baixa variedade de produtos/serviços: alta definição de rotas e


programação definida, padronização e regularidade, custo será
mais baixo.
Exemplo: ônibus

 Alta variedade de produtos/serviços: o processo de


transformação deve ter alta flexibilidade para atender às
necessidades dos consumidores, custo será mais elevado.
Exemplo: Taxi, Uber etc

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D.2) Processos de Transformação:
Influência dos 4 V‟s dos outputs
3. Variação da demanda do output:
 Baixa variação da demanda:
• demanda estável, previsível e nivelada
• Isso possibilita que as atividades sejam planejadas com antecedência e
organizada de forma rotineira e previsível, para obter alta utilização dos recursos
(capacidade).
• Assim, o custo unitário é menor. Baixa variação da Demanda
• Exemplo: Hotel para executivos X alta utilização da
Capacidade
 Alta variação da demanda:
• deve haver uma precisa previsão de demanda, que não superestime nem
subestime a demanda real, de forma a flexibilizar suas atividades.
• Necessidade de capacidade mutante ou variável para atender à demanda variável:
a) em épocas de pico, é necessário aumentar a capacidade da operação
(como contratação de funcionários extras) para atender à demanda;
b) em baixa temporada, utiliza-se apenas uma fração da capacidade total
da operação: capacidade ociosa
• Assim, os custos de operação são mais altos. Alta variação da Demanda
• Exemplo: hotel resort de férias X Capacidade mutante
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D.2) Processos de Transformação:
Influência dos 4 V‟s dos outputs
4. Grau de visibilidade que os consumidores possuem da produção do output: significa
o quanto das atividades de uma operação é percebido ou exposto aos consumidores

 Alta visibilidade: tolerância de espera limitada (tempo entre o pedido e seu


atendimento); satisfação definida pela percepção do consumidor, os funcionários
devem ter habilidade interpessoal ou de contato com o consumidor, os consumidores
podem exigir produtos que não estejam à venda (alta variedade de produtos/serviços).
Não é possível centralizar as operações em um local físico (precisa estar perto dos
consumidores – presença local). Assim, as operações de alto contato não obtêm alta
produtividade dos recursos, gerando custo de operação mais alto. Exemplo: lojas de
roupa tipo “tijolos e cimento”. Farmácia física
 Baixa visibilidade: maior tolerância do tempo de espera (entre o pedido e seu
atendimento), permitindo a padronização das tarefas, exigindo pouca habilidade de
contato com os consumidores por parte dos funcionários, alta utilização dos
funcionários; é possível centralizar as operações em um local físico. Assim, o custo de
operação é menor. Exemplo: venda pela internet. Farmácia virtual (site ou aplicativo =>
preço mais baixo)
 Operações mistas (possuem processos de baixo e alto contato dentro da mesma
operação): ambientes de retaguarda da operação e de linha de frente, respectivamente.
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Exemplos: supermercados, aeroportos, shoppings centers, shows musicais, teatro etc
Fonte: Slack, Chambers e Johnston
D.2) Processos de Transformação: (2009, p. 20).

Influência dos 4 V‟s dos outputs Características do processo de


transformação
Baixa repetição Alto custo Baixo custo
Características do processo de

Alta repetitividade
Cada funcionário
Especialização
participa mais do Baixo VOLUME Alto Sistematização
trabalho
Ex.: pequeno restaurante e Fast Capital intensivo
Menor sistematização
transformação

Baixo custo unitário


Alto custo unitário Foods
Flexível
Bem definida
Completo
Rotineira
Atende às necessidades Alta VARIEDADE Baixa Padronizada
dos consumidores
Regular Baixo custo
Alto custo unitário
Ex.: taxi e ônibus unitário

Capacidade mutante Estável


Flexibilidade Rotineira
Ajustado com a Alta VARIAÇÃO DA DEMANDA Baixa Previsível
demanda Alta utilização
Alto custo unitário Ex.: resort e hotel Ibis Baixo custo unitário

Tolerância de espera limitada Tempo entre a produção e o


Satisfação definida pela consumo
percepção do consumidor Padronização
Necessidade de habilidade de Pouca habilidade de contato
Alta VISIBILIDADE Baixa
contato com o consumidor Alta utilização de
A variedade exigida é alta Ex.: Loja de roupa “tijolo e funcionários
Alto custo unitário Centralização
cimento” e venda pela internet Baixo custo unitário 29
Outra Tipologia dos Sistemas de Produção
=> Fernandes e Godinho Filho (2010)

Classificação:

 Tipologia 1: Quanto às quantidades fabricadas e


repetitividade

 Tipologia 2: Quanto ao tipo de produto e tipo de


processo

 Tipologia 3: Quanto à orientação de mercado

 Tipologia 4: Quanto à estratégia de resposta à


demanda (tempo de reposta ou responsividade)

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Tipologia 1: Quantidades fabricadas (volume) e
repetitividade
PRODUÇÃO UNITÁRIA:
 Sob encomenda e altos lead times
Ex: infraestrutura, equipamentos pesados, avião, navio, filme, shows
musicais...
PRODUÇÃO EM PEQUENA E MÉDIA SÉRIE:
 fabricação em lotes, valores intermediários de lead time;
 ex: máquinas e equipamentos, mobiliário
PRODUÇÃO EM GRANDES SÉRIES:
 volumes elevados de produção e lead times individuais próximos a
valores ínfimos;
Baixa variedade
 ex: indústria química, de derivados de petróleo e indústria de alimentos
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Tipologia 2: Quanto ao tipo de produto e tipo de processo
1) PRODUÇÃO POR PROJETO: (construção civil, avião, exposição em museu etc)
 produto manufaturado é único (lote de um único produto) e complexo; grande lead time
e prazos de entrega pré-estipulados; fase crítica: desenvolvimento de projeto
 normalmente o produto fica parado e os recursos se deslocam até ele (“em docas”)
2) PRODUÇÃO INTERMITENTE (JOB SHOP): (calçados)
 grande variedade de produtos fabricados Arranjo físico funcional
 tamanho dos lotes de produção de pequeno a médio ou por processos
 os itens fabricados não têm o mesmo roteiro de fabricação, mas utilizam um conjunto
comum de equipamentos funcionais
3) PRODUÇÃO CONTÍNUA (FLOW SHOP): (como biscoitos, refrigerantes,
petróleo, eletrodomésticos etc) 2 SUBTIPOS: puro (os produtos são discretizados apenas nas
operações finais; no sentido de que os produtos são inseparáveis e
Arranjo físico em linha ou por produzidos em um fluxo ininterrupto) e em linha (podem ter
produto poucos elementos individualizados ou matérias-primas e produtos
em processo discretizados)
 pequena variedade de produtos
o layout da produção que é um dos pontos-chave para
 lotes grandes de fabricação: grande volume distinguir as classificações!
 Característica predominante: fluxo sem interrupções de uma parte a outra do processo
equipamentos dedicados à execução (altos volumes e em fluxo linear): itens feitos em
uma linha têm a mesma sequência de operações nas diversas máquinas
4) SISTEMA PURO DE ESTOQUES: (ELOS ATACADISTAS E VAREJISTAS)
 os itens são comprados, estocados, distribuídos e revendidos, não existindo fase de
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processamento. Ex: atacadistas e varejistas.
Observações Gerais
 Quanto à tipologia 2, o layout da produção que é um dos pontos-chave
para distinguir as classificações Produção Intermitente (Arranjo físico
funcional ou por processos) e Produção Contínua (Arranjo físico em linha ou
por produto).
 Uma empresa pode ter mais de um tipo de classificação e não ser
homogênea conforme a tipologia:
Partes homogêneas: uma parte da empresa pode ter uma classificação e outra
parte ter outra classificação e assim por diante.
Recortes da empresa: pode ser necessário fazer „recortes‟ de partes da empresa
(usando como critérios a parte da fabricação, o tipo de produto etc). O importante
é dividir a empresa em termos de cada parte ser homogênea e se enquadrar em só
um tipo de classificação.
Por exemplo, se uma empresa fabrica as peças e também faz a montagem dos produtos
finais, a parte da fabricação das peças provavelmente se classifica como Produção
Intermitente e a parte de montagem dos produtos se classifica como Produção Contínua por
ter uma linha de produção/montagem.
 Mesmo com o trabalho manual, pode ser linha de produção. Como no caso
da Electrolux, há linha de montagem mas há a presença das pessoas fazendo os
trabalhos manuais
33
Tipologia 3: Orientação de mercado ou grau de exigência
do consumidor
PRODUÇÃO PARA ESTOQUE:
Quando tempo de fabricação e distribuição > prazo para atendimento dos pedidos:
assim, não dá para esperar fabricar para então atender ao pedido
Quando o consumidor exige a disponibilidade imediata de produtos (não esperam,
procuram)
Parte da previsão de demanda
No caso de produtos de baixo valor aquisitivo (preço baixo): caso da grande
maioria de produtos alimentícios
Estratégia de EMPURRAR A PRODUÇÃO, a partir de previsão de demanda

PRODUÇÃO POR ENCOMENDA:


Quando o consumidor admite espera na obtenção do produto: produto
individualizado que atenda a necessidades específicas
Ação coordenada entre fornecedor e cliente, tipicamente regida por contrato
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Estratégia de PUXAR A PRODUÇÃO, a partir do pedido real
Tipologia 4: segundo a estratégia de resposta do
sistema de produção em relação à demanda
Vários lead times:
entradas saídas

Processo de
transformação

Tempo
abastecimento
Lead time de

Lead time de

Lead time de Lead time de Lead time de


Projeto

fabricação de montagem distribuição


componentes

Lead time de
produção
35
Tipologia 4: segundo a estratégia de resposta do
sistema de produção em relação à demanda
EMPURRAR

5 formas de um sistema de produção responder à


demanda:
a) Make to Stock (MTS = produção para estoque) Menor o
tempo de
Tempo de Resposta (TR) = LD (lead time de distribuição) resposta
b) Assembly to Order (ATO = montagem sob desejado
encomenda) pelo cliente
TR = LM (lead time de montagem) + LD
c) Make to order (MTO = fabricação sob encomenda)
TR = LFC (lead time de fabricação dos componentes) +
LM + LD
d) Resources to order (RTO = recursos insumos ou de
PUXAR

entrada sob encomenda) Maior o


TR = LS (lead time de abastecimento) + LFC + LM + LD tempo de
e) Engineering to order (ETO = projeto sob resposta
aceito pelo
encomenda)
cliente
TR = LP (lead time de projeto) + LS + LFC + LM + LD 36
Comportamento de alguns fatores importantes dos sistemas
de produção em função da estratégia de resposta à demanda

Baixo
Alto volume MTS ATO MTO RTO ETO volume de
de produção
produção

Baixa Alta
variedade de
MTS ATO MTO RTO ETO
variedade de
produtos produtos

Nenhum grau
de
MTS ATO MTO RTO ETO Alta grau de
customização customização

Altos custos MTS ATO MTO RTO ETO Baixos


de estoque
custos de
Valor agregado do produto estocado: mais baixo para o mais alto estoque
Baixo tempo MTS ATO MTO RTO ETO Alto tempo
de resposta de resposta
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Outra visão de Tipologia de Operações

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Uma das Tipologias dos Sistemas de
Produção/Operações:
„EFEITO DO VOLUME E VARIEDADE DO OUTPUT
(PRODUTO OU SERVIÇO) NO PROJETO DE
PROCESSO‟

 Tipologia elaborada por Slack, Chambers e Johnston (2009)

 Existe um continuum de „baixo volume-alta variedade‟ até


„alto volume-baixa variedade‟

 Dentro de uma mesma organização, podem existir diferentes


processos em termos de variedade e volume

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Tipologia do
„efeito volume e variedade do output no projeto de
processo‟
Variedade Volume de Variedade Volume de
produtos produtos de serviços serviços
Alta Baixo Alta Baixo
Projeto Serviços
Profissionais
Jobbing

Processos por
Loja de
Lote ou
Serviços
Batelada
Processos
em Massa
Baixa
Processos Alto Serviços de Baixa Alto
Contínuos Massa
Manufatura Serviços 40
Processos de Manufatura
a) Processos de Projeto:
 extremo de alta variedade e baixo volume (unitário);
 cada trabalho tem início e fim bem definidos;
 produtos muito customizados;
 recursos transformadores dedicados mais ou menos exclusivos
a cada projeto de produto/serviço;
 lead time de produção é longo;
 grau de repetição é baixo;
 exemplos: produção de avião, construção de navios, empresas
de construção civil, produção de filmes, grandes operações de
fabricação 41
Processos de Manufatura
b) Processos de Jobbing:
 variedade muito alta e baixos volumes;
 os recursos transformadores são compartilhados entre vários
produtos;
 produtos com quantidade maior e tamanho geralmente
menor do que os processos de projeto;
 grau de repetição é baixo;
 Exemplos: restauração de móveis, alfaiates que trabalham por
encomenda, gráficas.

42
Processos de Manufatura
c) Processos em lote ou batelada:
 menor grau de variedade do que os processos de jobbing;
 Produção em lotes: cada vez que um processo em lotes produz
um produto, produz mais do que uma unidade: produz um lote
(que pode envolver 2 ou muitas unidades de produto);
 mais ampla gama de níveis de volume e variedade;
 repetição dentro de cada parte da operação no período em que
o lote ou batelada está sendo processado.
 Exemplos: manufatura de máquinas-ferramentas, alimentos
congelados especiais, manufatura de peças de automóveis,
produção de roupas.
43
Processos de Manufatura

d) Processos em Massa:
 alto volume e variedade relativamente estreita;
 atividades repetitivas e amplamente previsíveis;
 recursos não-dedicados: de transformação capaz de lidar
com vários tipos de produtos;

 Exemplo: montadora de automóveis, fábricas de


aparelhos de TV, a maior parte dos processos de
alimentos

44
Processos de Manufatura
e) Processos Contínuos:
 volumes ainda maiores e variedade ainda mais baixa;
 operam por períodos de tempo muito mais longos;
 Característica predominante: fluxo sem interrupções de uma
parte a outra do processo.
 podem ser literalmente contínuos (“Puro”) no sentido de que
os produtos são inseparáveis e produzidos em um fluxo
ininterrupto; ou podem ter poucos elementos
individualizados (“em linha”);
 tecnologias inflexíveis, de capital intensivo e fluxo altamente
previsível.
 Exemplos: refinarias petroquímicas, centrais elétricas, fábricas
de papeis, fabricação de refrigerantes. 45
Processos de Serviços

a) Serviços Profissionais:
 baseados em pessoas (ênfase no „processo‟ ou como o serviço é
prestado), ao invés de equipamentos (recurso transformador);
 organizações de alto contato, em que os clientes passam tempo
considerável no processo do serviço;
 o escritório da linha de frente gasta muito tempo de seu pessoal;
 altos níveis de customização para atender às necessidades
individuais dos clientes.
 Serviço/produto até customizado e atendimento customizado
 Exemplos: consultores de gestão, advogados, arquitetos,
cirurgiões, auditores.
46
Processos de Serviços
b) Lojas de Serviços:
 combinação de atividades dos escritórios de linha de frente e
da retaguarda.
 O serviço/produto é relativamente padronizado, mas o
atendimento da linha de frente é customizado para atender
às necessidades individuais dos clientes.
 No continuum, situa-se intermediariamente em termos de nível
de contato com os clientes, customização, volume de clientes.
 Serviço/produto padronizado e atendimento customizado
 Exemplos: bancos, lojas em ruas comerciais, empresas de
aluguel de automóveis, escolas, a maior parte dos restaurantes,
hotéis e agentes de viagens, academia de ginástica.
47
Processos de Serviços
c) Serviços de Massa:
 alto volume de clientes, consequentemente tempo de contato
limitado e pouca customização.
 Ênfase no „serviço/produto‟ (o que é fornecido) ao invés de
no „processo‟ (como o serviço é prestado ).
 O escritório de retaguarda é que adiciona mais valor ao
serviço, sendo que a linha de frente não pode customizar o
atendimento.
 Serviço/produto padronizado e atendimento não-customizado
 Exemplos: supermercados, aeroportos, serviços de
telecomunicações, livrarias, emissoras de televisão, serviço da
polícia e atendimento em um serviço público.
48
Crítica à esta tipologia

A tipologia de processos é simplista....

pois não há fronteiras claras entre os tipos de processos.

Uma operação real pode ter características de dois tipos de


processos e não se enquadrar em somente um tipo de
processo.

49
Exercício – aula 3

1) Reúnam-se em grupos, escolham uma empresa e a


classifiquem conforme duas tipologias de Fernandes e
Godinho Filho (2010):

 Tipologia 2: Quanto ao tipo de produto e tipo de processo

 Tipologia 4: Quanto à estratégia de resposta à demanda


(tempo de resposta ou responsividade)

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