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Sistemas de Produção
Parte II
Conteudista
Prof. Me. Maicon Gouvea de Oliveira
Teoria das Organizações e Sistemas de Produção
(Parte 2)
1 Introdução
O conteúdo desta semana considera informações sobre a gestão dos sistemas de produção nas
organizações, que são os responsáveis pela criação dos bens e serviços oferecidos ao mercado.
A capacitação nas teorias modernas de gestão dos sistemas de produção apoia a melhoria do
desempenho produtivo das organizações, resultando em benefícios tanto para as próprias
organizações, pelo aumento da lucratividade e competitividade, como também para a
manutenção das necessidades do mercado e para o uso consciente dos recursos naturais.
2 O processo de transformação
Os sistemas de produção criam produtos e serviços transformando entradas em saídas por meio
dos seus processos de transformação, conforme mostrado na Figura 1.
Recursos Transformados
(materiais, informações,
clientes)
Saída em
Entrada de Processo de
produtos e Clientes
Recursos Transformação
serviços
Recursos de
Transformação (estrutura
e equipamentos,
funcionários)
Os recursos que entram no processo de transformação são separados em dois tipos: os recursos
transformados e os recursos de transformação. Os transformados são movimentados,
transformados ou convertidos no processo. Estes compreendem os seguintes recursos: materiais,
informações e clientes.
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De acordo com o tipo de processo de transformação, podem ser usados diferentes recursos. Por
exemplo, em empresas de manufatura os materiais têm suas características físicas transformadas
à produção de produtos. Em empresas financeiras, o principal recurso transformado é a
informação, a qual é constantemente analisada e processada para gerar os serviços necessários
pelos clientes. Em hospitais, o recurso em transformação são as pessoas ou os próprios clientes,
que entram para tratamento e saem diagnosticadas e medicadas.
A variação da demanda da saída faz com que a organização tenha maior dificuldade na gestão
da sua capacidade produtiva, tanto pela necessidade de conciliar sua capacidade com períodos
de alta e baixa demanda, como pela imprevisibilidade existente na variação. Por exemplo, em
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pousadas ou hotéis localizados em praias, é comum existir uma grande variação de demanda no
verão, fins de semana e feriados. Para comportar essa variação, tais organizações preveem criar
mecanismos flexíveis e se preparar com antecedência. Além disso, podem ocorrer mudanças
climáticas que influenciem na variação, trazendo imprevisibilidade para a demanda esperada.
O grau de contato do cliente da saída considera uma característica dos sistemas de produção
usualmente relacionados com a prestação de serviços, nos quais o próprio cliente é o recurso
transformado como, por exemplo, em clínicas de fisioterapia. Neste caso, quanto mais próximo
o cliente estiver do processo de transformação, maior impacto terá seus desejos e percepções
sobre o desempenho da organização. O tempo que o cliente precisa esperar até o fim do
processo e do atendimento são exemplos de fatores críticos para o desempenho do sistema de
produção da organização quando existe maior contato do cliente.
O objetivo de qualidade mede o quanto a organização deseja ser precisa em suas operações e
como ela aceita a presença de erros em seus produtos e serviços. A qualidade tem influência
direta no nível de satisfação dos clientes, podendo significar a garantia de fidelidade do cliente
ou mesmo sua total insatisfação. Além do impacto nos clientes, a qualidade também influencia
as operações da organização. Quando os produtos apresentam defeitos constantes, a organização
desperdiça recursos em manutenções tanto do processo quanto do produto e, com isso, não
consegue estabelecer um processo de produção contínuo e eficiente.
O objetivo de rapidez mede o tempo necessário para o cliente receber o produto ou o serviço
completo depois de seu pedido. Quando mais rápida a produção do produto ou serviço, maior
será a probabilidade do cliente adquiri-lo, maior será o valor que o cliente estará disposto a
pagar e, até mesmo, maior pode ser o beneficio para o cliente. Por exemplo, em hospitais o
tempo para a realização do tratamento (serviço) pode significar o total sucesso ou falha da
organização. Para a organização, uma maior rapidez na elaboração dos produtos e serviços
significa maior giro financeiro e menor exposição a riscos, pois os estoques são reduzidos e a
capacidade de reação às mudanças no mercado é facilitada.
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funcionamento, mesmo que esses tenham um maior preço de aquisição. Para os processos
internos da organização, a confiabilidade significa maior eficiência em tempo e dinheiro,
principalmente porque existe menor necessidade de manutenção dos seus produtos.
O objetivo de custo é quase sempre o mais importante para as organizações, tanto pela
necessidade de entregar produtos e serviços a preços competitivos quando pela oportunidade de
aumentar seus lucros por meio da redução dos custos no sistema de produção. Além disso, o
custo está diretamente ligado com os outros objetivos, anteriormente apresentados, de forma
que a organização deve buscar um equilíbrio capaz de atender as suas estratégias de produção.
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Baixo Volume Alto
Alta De projeto
De jobbing
Variedade
Em lotes
Em massa
Contínuos
Baixa
Os processos de projeto são aqueles que tratam de produtos específicos, criados a fim de atender
uma demanda única com características particulares. Neste tipo, o processo de produção do
produto tem início e fim claramente definidos, tem normalmente um tempo longo, pode sofrer
mudanças durante sua execução devido a novas diretrizes dos clientes e possui os recursos
necessários organizados de acordo com as necessidades do produto. A construção de pontes e a
produção de grandes maquinários industriais são exemplos de processos de projeto.
Os processos de jobbing tem bastante similaridade com os processos de projeto, com exceção da
forma de organização e utilização de recursos. Neste tipo de processo, os recursos de produção
são compartilhados entre os vários produtos, apesar de cada produto ter suas próprias
especificidades e necessitar de uma atenção diferenciada. O tempo de produção é normalmente
menor do que nos processos de projeto e o volume é um pouco maior. Os exemplos mais
comuns de processos de jobbing são técnicos especializados como marceneiros, mecânicos,
costureiras e etc.
Os processos em lote são um tipo intermediário entre os processos de baixo volume e variedade
(projeto e jobbing) e os de alto volume e variedade (produção em massa e contínuos). O
principal determinante dos processos em lote é o tamanho do mesmo em produção. Lotes
pequenos fazem com que o processo esteja mais próximo do jobbing e nos lotes maiores, mais
próximo da produção em massa. Exemplos de processos em lote são as produções de roupas e
de peças para equipamentos com quantidade específica.
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sistema de produção, ou seja, a empresa deve conseguir manter sua produção apenas com alguns
ajustes. Exemplos de processos de produção em massa são os utilizados em empresas de
eletroeletrônicos, montadoras de automóveis e etc.
Os processos contínuos representam os processos com volume ainda maior e com menor
variedade do que os de produção em massa. Este tipo de processo está normalmente associado
com processos de transformação de matérias-primas, que acontecem de forma constante, sem
paradas. Exemplos de processos contínuos são os adotados por siderúrgicas, petroquímicas e
fornecedores de água e eletricidade.
Arranjo Físico Posicional: neste tipo ocorre a movimentação dos recursos e processos
produtivos em torno do produto em produção. É principalmente utilizado na produção
de produtos de grande escala, que precisam ser produzidos ou montados no local de
entrega (pontes, prédios e etc.) ou que são de difícil movimentação pelo seu tamanho
ou fragilidade (grandes maquinários industriais, turbinas de aviões e etc.).
Arranjo Físico por Processo: neste tipo de arranjo, a produção é organizada em função
dos recursos transformadores (estrutura, equipamentos, funcionáriose etc.). Os
processos similares são agrupados de forma a beneficiar o uso dos recursos
transformadores. Como resultado, o produto é movimentado por meio do arranjo, de
acordo com a ordem de passagem pelos processos.
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Arranjo Físico Celular: neste tipo acontece uma pré-organização dos processos em
células de produção. Com isso, consegue-se que cada produto seja direcionado para as
células que atendem às suas necessidades imediatas, nas quais eles encontrarão um
grupo de processos que está organizado em um arranjo físico por processo ou por
produto e que é capaz de preencher uma etapa planejada do seu processo de
fabricação.
Arranjo Físico por Produto: neste tipo de arranjo, os recursos transformadores são
posicionados para atender ao processo produtivo do produto. Por seguir exatamente a
necessidade de cada operação de produção, este tipo de arranjo é também chamado de
arranjo físico em linha ou “linhas de produção”. A previsibilidade do fluxo neste
arranjo garante um controle facilitado da produção, para isso os produtos precisam
apresentar grande uniformidade em seus requisitos.
Cada um destes tipos básicos de arranjos físicos possui vantagens e desvantagens. Por isso, é
comum serem criados arranjos mistos, que tentam adequar o potencial de cada tipo para
atender aos objetivos e necessidades do sistema de produção definido pela empresa. As
vantagens e desvantagens de cada tipo de arranjo são enunciadas na Tabela 2.
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7 Planejamento e controle da produção
Grande parte das informações apresentadas anteriormente está relacionada com o projeto do
sistema de produção. No entanto, depois de concebido e instalado, tal sistema precisa ser
gerenciado, para que consiga atingir seus objetivos de desempenho. É neste momento que entra
o planejamento e controle da produção, funcionando como uma ferramenta que visa equilibrar
os recursos e o fornecimento com a demanda de produtos e serviços (SLACK, CHAMBERS e
JOHNSTON , 2010), conforme ilustrado na Figura 3.
Planejamento e
Fornecimento Controle da Demanda de
de produtos e Produção produtos e
serviços serviços
Equilíbrio entre
fornecimento e Consumidores
Recursos de demanda da operação
produção produtiva
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9 Estratégias de produção para atender a demanda do mercado
Dependendo do tipo de demanda enfrentada pela empresa, podem ser adotadas diferentes
estratégias de produção. Três estratégias primárias são: obter recursos contra pedido (resource-
to-order), fazer-contra-pedido (make-to-order) e o fazerparaestoque (make-to-stock) (SLACK,
CHAMBERS e JOHNSTON , 2010).
A estratégia de obter recursos contra pedido atua de forma totalmente dependente da demanda.
A produção é planejada e iniciada somente após o cliente entrar com um pedido para a empresa.
Assim, a empresa tem a oportunidade de adquirir os recursos após o pedido, reduzindo seus
gastos com estoque. A dificuldade desta estratégia é o tempo de entrega, que acaba sendo maior,
pois a empresa executa os ciclos de compra, produção e entrega após o pedido do cliente.
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A medição da demanda e capacidade compreende o estudo da sazonalidade da demanda e das
suas variações de curto prazo (dias e semanas), e também considera a análise da capacidade
instalada de produção, a qual não seria exatamente a capacidade prometida pelo projeto da
fábrica, pois existem vários fatores como a variedade de produtos e a eficiência produtiva dos
operários, que influenciam em sua capacidade produtiva real.
A escolha de qual abordagem seguir é algo que depende das necessidades, restrições e
oportunidades da empresa. Uma análise fundamentada nas representações acumuladas de
demanda e capacidade pode ajudar na decisão. Na Figura 4, mostra-se os efeitos da adoção de
uma abordagem baseada na capacidade constante. Em períodos de demanda abaixo da
capacidade ocorre o aumento do estoque de produtos, o qual é reduzido quando a demanda tem
volume maior que a capacidade. Apesar do aparente equilíbrio, o estoque formado pode não ser
suficiente para suprir a demanda adicional, ou mesmo, a demanda inicial pode ser maior que a
capacidade produtiva.
3500 Redução
Volume acumalado (toneladas)
de estoque
3000
2500
Produção
2000 acumulada
Aumento
de estoque Demanda
1500
acumulada
1000
500
0
0 50 100 150 200 250
Dias produtivos acumulados
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11 Planejamento e controle de estoque
Os estoques surgem quando são armazenados materiais no processo de produção, incluindo
desde matérias-primas até produtos acabados. Sua presença indica que existe uma diferença
positiva entre o volume de produtos ofertados e a demanda do mercado.
O maior problema dos estoques é o valor financeiro que foi investido pela empresa, o qual
ficará parado se os estoques não forem usados, gerando desperdícios para o processo. No
entanto, o problema do valor dos estoques é algo relativo. Algumas empresas têm um custo alto
de estoque, devido ao alto valor agregado das matérias-primas e/ou produtos, enquanto outras
preferem possuir estoque, pois o valor parado é baixo em relação aos benefícios trazidos pela
disponibilidade de estoque (SLACK , CHAMBERS e JOHNSTON , 2010).
Existem diferentes tipos de estoque. Os estoques isoladores, que atuam para minimizar os riscos
em processos nos quais o fornecimento pode ser imprevisível. Os estoques de ciclo são usados
para suprir processos com estágios nos quais não é possível produzir todos os itens ao mesmo
tempo. Os estoques de antecipação são usados para compensar diferenças entre a capacidade de
produção e a demanda, por meio de produção e estocagem em momentos de baixa demanda. E
os estoques de distribuição são usados quando não é possível entregar os produtos diretamente
para os clientes ou também quando se pretende reduzir o tempo de entrega para diferentes
regiões.
A realização do planejamento e controle dos estoques compreende três decisões básicas: quanto
de matérias ou recursos pedir? Quando pedir? e Como controlar o sistema? A primeira decisão,
que é relacionada ao volume de reabastecimento, depende dos custos de estocagem e da
variação do nível de estoque no tempo. O estudo dos custos de estocagem precisam considerar
os custos de: colocação de novo pedido, desconto dos preços, falta de estoque, capital de giro,
armazenagem, obsolescência e ineficiência na produção. A variação do nível de estoque é
representada graficamente, como mostrado na Figura 5. Esta representação é denominada de
perfil de estoque.
Volume do
Pedido (Q) Demanda Taxa de
Confirmada e Demanda =
Previsível (D) Inclinação
Nível de Estoque
Estoque Médio
= Q/2
Tempo
Q/D
Entregas imediatas à taxa de D/Q por período
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A segunda decisão, relacionada ao momento mais adequado para colocar um novo pedido de
compra, compreende, principalmente, a análise do tempo entre colocar um novo pedido e o
estoque estar pronto para uso na produção. Este tempo, denominado de lead time do pedido,
precisa ser atentamente calculado para evitar estoque parado por tempo desnecessário ou falta
de estoque quando preciso. O problema é que o lead time do pedido, assim como a demanda dos
produtos, é variável e dependente de fatores externos. Desta forma, é necessária a realização de
previsões para estimar o tempo médio (distribuição probabilística) para entrega dos pedidos e
então calcular o momento mais adequado para realizar os pedidos de reposição de estoque.
13 Referências
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Operations Management. 6ed. Essex,
England: Prentice Hall Financial Times, 2010.
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