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Aula 03

Direitos Difusos e Coletivos p/ Promotor de Justiça 2019 (Curso


Regular)
Vanderlei Garcia Junior

00730618323 - Lucas Vieira


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Sumário
Considerações Iniciais ............................................................................... 3

1 – Ação Civil Pública ................................................................................ 4

1.1 – Considerações Iniciais .................................................................... 4

1.1.1 - Matéria Tributária.............................................................. 5

1.1.2 - Matéria Previdenciária ....................................................... 7

1.1.3 - FGTS ............................................................................... 8

1219045 e Ação Civil Pública .............. 9


1.1.4 - Controle de Constitucionalidade

1.2 – Cabimento .................................................................................. 10

1.3 – Competência ............................................................................... 15

1.4 – Legitimidade ............................................................................... 17

1.4.1 - Defensoria Pública ........................................................... 19

1.4.2 - Associação ..................................................................... 21

1.4.3 - Consequência da Falta de Legitimação ............................... 21

1.4.4 - Demais Pontos ................................................................ 22

1.5 - Conexão e continência. ................................................................. 23

1.6 – Litispendência com demandas individuais ....................................... 25

1.7 – Ônus da Prova em Ações Coletivas................................................. 26

1.8 - Medidas de Urgência ..................................................................... 28

1.9 – Meios de Impugnação das decisões proferidas no Processo Coletivo ... 30

2 – Coisa Julgada e Processo Coletivo ....................................................... 33

3 – Liquidação e Execução em Ações Coletivas ........................................... 38

3.1 - Considerações Iniciais ................................................................... 38

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3.2 – Legitimidade para Execução e Procedimento ................................... 39

3.3 – Competência ............................................................................... 45

3.4 – Concurso de Créditos ................................................................... 46

3.5 – Fundo de Defesa dos Direitos Difusos ............................................. 47

4-Bibliografia ......................................................................................... 51

5-Resumo da Aula .................................................................................. 52

6 – Questões Objetivas ........................................................................... 59

Gabaritos ............................................................................................ 75

Comentários ........................................................................................ 76

7 - Considerações Finais .......................................................................... 91

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Considerações Iniciais

Olá meus amigos, tudo bem? Firmes nos estudos?

Vamos seguir com nosso curso.

Quaisquer dúvidas, estou às ordens nos seguintes contatos:

Grande abraço,

Igor Maciel

profigormaciel@gmail.com

Convido-os a seguir minhas redes sociais. Basta clicar no ícone


desejado:

@ProfIgorMaciel

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1 – Ação Civil Pública

1.1 – Considerações Iniciais

A Ação Civil Pública corresponde a uma espécie de processo coletivo


previsto na Lei 7.347/85. Trata-se de procedimento destinado à tutela da
coletividade e que poderá ser manejado independente da propositura de Ação
Popular.

De acordo com o artigo 1º da referida Lei, caberá Ação Civil Pública para
discutir as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados
ao meio ambiente, ao consumidor a patrimônio artístico ou histórico, à ordem
econômica ou a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
I - ao meio-ambiente;
II - ao consumidor;
III - a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
V - por infração da ordem econômica;
VI - à ordem urbanística.
VII - à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
VIII – ao patrimônio público e social.
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam
tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS
ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente
determinados.

Já o parágrafo único do referido dispositivo estabelece que não será cabível


ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições
previdenciárias, FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos
beneficiários podem ser individualmente determinados.

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Tendo em vista a grande crítica doutrinária quanto a este dispositivo -


inserido na Lei 7.347/85 através da Medida Provisória 2.180-35/2001 -
analisemos individualmente cada ponto.

1.1.1 - Matéria Tributária

As questões tributárias envolvem direitos disponíveis dos contribuintes e,


por esta razão, não caberia ao Ministério Público a legitimidade para propor Ação
Civil Pública em matéria tributária.

Há julgado do Supremo Tribunal Federal neste sentido:

EMENTA: - CONSTITUCIONAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPOSTOS: IPTU. MINISTÉRIO


PÚBLICO: LEGITIMIDADE. Lei 7.374, de 1985, art. 1º, II, e art. 21, com a redação do art.
117 da Lei 8.078, de 1990 (Código do Consumidor); Lei 8.625, de 1993, art. 25. C.F.,
artigos 127 e 129, III.
I. - A ação civil pública presta-se a defesa de direitos individuais homogêneos, legitimado o
Ministério Público para aforá-la, quando os titulares daqueles interesses ou direitos
estiverem na situação ou na condição de consumidores, ou quando houver uma relação de
consumo. Lei 7.374/85, art. 1º, II, e art. 21, com a redação do art. 117 da Lei 8.078/90
(Código do Consumidor); Lei 8.625, de 1993, art. 25.
II. - Certos direitos individuais homogêneos podem ser classificados como interesses ou
direitos coletivos, ou identificar-se com interesses sociais e individuais indisponíveis. Nesses
casos, a ação civil pública presta-se a defesa dos mesmos, legitimado o Ministério Público
para a causa. C.F., art. 127, caput, e art. 129, III.
III. - O Ministério Público não tem legitimidade para aforar ação civil pública para
o fim de impugnar a cobrança e pleitear a restituição de imposto - no caso o IPTU
- pago indevidamente, nem essa ação seria cabível, dado que, tratando-se de tributos,
não há, entre o sujeito ativo (poder público) e o sujeito passivo (contribuinte) uma relação
de consumo (Lei 7.374/85, art. 1º, II, art. 21, redação do art. 117 da Lei 8.078/90 (Código
do Consumidor); Lei 8.625/93, art. 25, IV; C.F., art. 129, III), nem seria possível
identificar o direito do contribuinte com "interesses sociais e individuais
indisponíveis." (C.F., art. 127, caput). IV. - R.E. não conhecido.
(RE 195056, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 09/12/1999,
DJ 30-05-2003 PP-00030 EMENT VOL-02112-02 PP-00279 REPUBLICAÇÃO: DJ 14-11-2003
PP-00018)

Contudo, tal decisão deve ser analisada com cautela.

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Primeiramente, devemos entender que há uma diferença entre o pedido e


a causa de pedir da demanda.

De fato, o pedido da ação civil pública vinculado a uma pretensão tributária


não encontra guarida no procedimento, devendo o juiz extinguir o processo sem
resolução do mérito.

Por outro lado, acaso a discussão tributária esteja inserida no processo


como causa de pedir, inexiste qualquer vedação para o manejo da ACP:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE. ART. 1º,


PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI N. 7.347/85. ATO DE IMPROBIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO
DA LEGALIDADE. MATÉRIA TRIBUTÁRIA COMO CAUSA DE PEDIR. LEGITIMIDADE DO
MINISTÉRIO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE LEGITIMAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO AUTORA. EXCLUSÃO
DO FEITO.
1. Hipótese de ação civil pública que se encontra fora do alcance da vedação
prevista no parágrafo único do art. 1º da Lei n. 7.347/85, porquanto a matéria
tributária figura como causa de pedir, e não como pedido principal, sendo sua
análise indispensável para que se constate eventual ofensa ao princípio da
legalidade imputado na inicial ao agente político tido como ímprobo.
(...)
(REsp 1387960/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em
22/05/2014, DJe 13/06/2014)

O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento onde reconhece,


inclusive, a Legitimidade do Ministério Público para propor Ação Civil Pública com
o intuito de questionar benefícios fiscais concedidos de forma irregular para
determinados contribuintes:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE ATIVA. AÇÃO


CIVIL PÚBLICA. POSSIBILIDADE. TUTELA A PATRIMÔNIO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE DANO
AO ERÁRIO. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. TERMO DE ACORDO DE REGIME
ESPECIAL. TARE. LEGALIDADE DO ATO NORMATIVO. INTERPRETAÇÃO DE LEI LOCAL.
SÚMULA 280/STF. EXAME DE DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. INADMISSIBILIDADE.
1. Esta Corte Superior já determinou que a limitação imposta pelo art. 1º,
parágrafo único, da Lei n. 7.347/85, não pode ter interpretação ampliada a ponto
de inibir ou regular exercício de uma das mais significativas funções institucionais
do Ministério Público, prevista na própria Constituição Federal, que é a de
"promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção do patrimônio
público e social (...)" (CF, art. 129, III).

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2. A restrição do citado parágrafo único diz respeito unicamente a demandas envolvendo


matérias tributárias movidas contra a Fazenda Pública e em prol de beneficiários "que
podem ser individualmente determinados". Na espécie, o que se tem é típica ação destinada
à proteção do patrimônio público, que enseja a aplicação da Súmula 329/STJ: "O Ministério
Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patrimônio público".
(...)
5. Ao analisar o mérito da ação civil pública, o Tribunal concluiu que as disposições
contidas na Lei Distrital n. 2.381/99, que instituiu benefício compensatório ao
contribuinte, violaram as disposições contidas no art. 155, inciso XII, "c", da
Constituição Federal, que determina a observância de lei complementar para o
disciplinamento de regime de compensação de impostos.
6. A modificação do entendimento firmado demandaria exame de dispositivos
constitucionais e de lei local, o que afasta sua análise por esta Corte, pois o instrumento
utilizado não a comporta. Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 476.375/DF, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado
em 20/05/2014, DJe 26/05/2014)

1.1.2 - Matéria Previdenciária

Seguindo a mesma linha de raciocínio das questões tributárias, os Tribunais


Superiores discutiram por muito tempo o cabimento da Ação Civil Pública
proposta pelo Ministério Público para discutir matéria previdenciária.

É que além de tratar-se de um direito disponível, havia questionamento


quanto “à ausência de similitude entre os direitos individuais homogêneos de
natureza previdenciária e os direitos individuais homogêneos decorrentes do
Código de Defesa do Consumidor.” (DIDIER, 2016, pg. 336).

A matéria, contudo, restou pacificada reconhecendo o Superior Tribunal de


Justiça a legitimidade do Ministério Público no manejo de ação civil pública para
discutir direitos individuais homogêneos, inclusive os de ordem previdenciária,
como o pedido de revisão de benefícios.

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MINISTÉRIO PÚBLICO


FEDERAL. LEGITIMIDADE ATIVA. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. AGRAVO
REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

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1. De acordo com a jurisprudência atual desta Corte, o Ministério Público tem


legitimidade ativa para propor ação judicial que vise a defesa de direitos
individuais homogêneos tendo em vista o relevante interesse social na causa. (...)
(AgRg no REsp 1174005/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 18/12/2012, DJe 01/02/2013)

1.1.3 - FGTS

Quanto ao FGTS também há muita discussão quanto à constitucionalidade


do disposto no parágrafo único do artigo 1º, da Lei 7.347/85, eis que restringe a
importância da Ação Civil Pública e tolhe a possibilidade de o Ministério Público
exercer o seu papel previsto nos artigos 127 e 129, III, da Constituição Federal:

Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do


Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis.

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público
e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

O Supremo Tribunal Federal reconheceu Repercussão Geral (Tema 850)


quanto à matéria que ainda não fora apreciada e definitivamente julgada:

Ementa: PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


MINISTÉRIO PÚBLICO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CABIMENTO PARA A VEICULAÇÃO
PRETENSÃO QUE ENVOLVA O FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO (FGTS).
INTERPRETAÇÃO DO ART. 1º, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 7.347/85 EM FACE DA
DISPOSIÇÃO DO ART. 129, III, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL
CONFIGURADA.
1. Possui repercussão geral a questão relativa à legitimidade do Ministério Público para a
propositura de ação civil pública que veicule pretensão envolvendo o Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS). 2. Repercussão geral reconhecida.

(RE 643978 RG, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, julgado em 17/09/2015, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-192 DIVULG 24-09-2015 PUBLIC 25-09-2015)

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1.1.4 - Controle de Constitucionalidade e Ação Civil Pública

Grande debate doutrinário ocorrera quanto à possibilidade de se discutir


controle de constitucionalidade em sede de Ação Civil Pública.

É que tendo a coisa julgada coletiva eficácia erga omnes, permitir o controle
de constitucionalidade em sede de Ação Civil Pública seria usurpar a competência
do Supremo Tribunal Federal na análise de constitucionalidade de leis com
eficácia para todos.

Contudo, sendo certo que o controle concentrado de constitucionalidade no


Brasil possui como pedido o reconhecimento da inconstitucionalidade da norma,
tem-se que a análise de tal demanda é feita através do dispositivo da decisão.
Possível realizar-se este controle através das ações de ADI, ADC e ADPF, cujos
efeitos são erga omnes.

Por outro lado, no controle difuso, permite-se a discussão da


constitucionalidade da norma como causa de pedir e não no pedido, apreciando-
se o tema na fundamentação da sentença ou do acórdão e não no dispositivo. Os
efeitos aqui produzidos serão inter partes, portanto.

Assim, é possível o manejo de Ação Civil Pública ou de Ação Popular para


discutir de forma difusa o controle de constitucionalidade de norma.

Tal discussão seria feita como causa de pedir da Ação Civil Pública, razão
pela qual a discussão sobre a constitucionalidade da norma faria parte da
fundamentação da decisão, não de seu dispositivo.

Neste sentido:

EMENTA: - Reclamação. 2. Ação civil pública contra instituição bancária, objetivando a


condenação da ré ao pagamento da "diferença entre a inflação do mês de março de 1990,
apurada pelo IBGE, e o índice aplicado para crédito nas cadernetas de poupança, com
vencimento entre 14 a 30 de abril de 1990, mais juros de 0,5% ao mês, correção sobre o
saldo, devendo o valor a ser pago a cada um fixar-se em liqüidação de sentença". 3. Ação
julgada procedente em ambas as instâncias, havendo sido interpostos recursos especial e
extraordinário. 4. Reclamação em que se sustenta que o acórdão da Corte reclamada, ao
manter a sentença, estabeleceu "uma inconstitucionalidade no plano nacional, em relação

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a alguns aspectos da Lei nº 8024/1990, que somente ao Supremo Tribunal Federal caberia
decretar". 5. Não se trata de hipótese suscetível de confronto com o precedente da Corte
na Reclamação nº 434-1 - SP, onde se fazia inequívoco que o objetivo da ação civil pública
era declarar a inconstitucionalidade da Lei nº 7.844/1992, do Estado de São Paulo. 6. No
caso concreto, diferentemente, a ação objetiva relação jurídica decorrente de contrato
expressamente identificado, a qual estaria sendo alcançada por norma legal subseqüente,
cuja aplicação levaria a ferir direito subjetivo dos substituídos. 7. Na ação civil pública,
ora em julgamento, dá-se controle de constitucionalidade da Lei nº 8024/1990,
por via difusa. Mesmo admitindo que a decisão em exame afasta a incidência de
Lei que seria aplicável à hipótese concreta, por ferir direito adquirido e ato jurídico
perfeito, certo está que o acórdão respectivo não fica imune ao controle do
Supremo Tribunal Federal, desde logo, à vista do art. 102, III, letra b, da Lei Maior,
eis que decisão definitiva de Corte local terá reconhecido a inconstitucionalidade
de lei federal, ao dirimir determinado conflito de interesses. Manifesta-se, dessa
maneira, a convivência dos dois sistemas de controle de constitucionalidade: a
mesma lei federal ou estadual poderá ter declarada sua invalidade, quer, em
abstrato, na via concentrada, originariamente, pelo STF (CF, art. 102, I, a), quer
na via difusa, incidenter tantum, ao ensejo do desate de controvérsia, na defesa
de direitos subjetivos de partes interessadas, afastando-se sua incidência no caso
concreto em julgamento. 8. Nas ações coletivas, não se nega, à evidência,
também, a possibilidade da declaração de inconstitucionalidade, incidenter
tantum, de lei ou ato normativo federal ou local. 9. A eficácia erga omnes da
decisão, na ação civil pública, ut art. 16, da Lei nº 7347/1997, não subtrai o
julgado do controle das instâncias superiores, inclusive do STF. No caso concreto,
por exemplo, já se interpôs recurso extraordinário, relativamente ao qual, em situações
graves, é viável emprestar-se, ademais, efeito suspensivo. 10. Em reclamação, onde
sustentada a usurpação, pela Corte local, de competência do Supremo Tribunal Federal, não
cabe, em tese, discutir em torno da eficácia da sentença na ação civil pública (Lei nº
7347/1985, art. 16), o que poderá, entretanto, constituir, eventualmente, tema do recurso
extraordinário. 11. Reclamação julgada improcedente, cassando-se a liminar

(Rcl 600, Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, Tribunal Pleno, julgado em 03/09/1997, DJ
05-12-2003 PP-00019 EMENT VOL-02135-01 PP-00006)

1.2 – Cabimento

De acordo com a parte final do artigo 1º, da Lei 7.347/85, cabe Ação Civil
Pública também para o ressarcimento de dano moral coletivo causados pelo Réu.

Fredie Didier (2016, pg. 328) aponta que diversas correntes doutrinárias
questionaram a aplicação de tal dispositivo, haja vista a impossibilidade de aferir
a lesão à honra, à imagem ou à dor da coletividade.

Contudo, o Superior Tribunal de Justiça pacificou a possibilidade de se


admitir o dano moral coletivo, especialmente no direito ambiental e do

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consumidor. Fredie Didier (2016, pg. 331) ressalta, contudo, que a prova
produzida deve apontar que o dano ultrapassa os limites do tolerável e atinge,
efetivamente, os valores coletivos:

CONSUMIDOR. PROCESSO CIVIL. TRANSPORTE COLETIVO. CONFIGURAÇÃO DE DANO


MORAL COLETIVO. REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ.
1. O pedido de condenação ao dano moral coletivo é cabível quando o dano ultrapassa os
limites do tolerável e atinge, efetivamente, valores coletivos, o que não foi constatado
pela Corte de origem, pois "não restaram provados os fatos alegados na reclamação feita
através da denúncia anônima, quais sejam: as precárias condições estruturais dos
veículos, de limpeza e a ocorrência de problemas mecânicos frequentes" (fl.425, e-STJ).
2. Modificar tal entendimento demandaria o reexame do contexto fático-probatório dos
autos, o que é defeso a esta Corte. Incidência da Súmula 7/STJ. Agravo regimental
improvido.
(AgRg no AREsp 809.543/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado
em 08/03/2016, DJe 15/03/2016)

Ressalte-se que o artigo 3º, da Lei 7.347/85 determina ser possível que a
ação civil pública tenha por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento
da obrigação de fazer ou não fazer:

Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer.

Interpretando tal dispositivo, o STJ pacificou a possibilidade de cumulação


de ambos os pedidos: obrigação de fazer, de não fazer e de indenizar.

ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DESMATAMENTO E EDIFICAÇÃO EM


ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, SEM AUTORIZAÇÃO DA AUTORIDADE AMBIENTAL.
DANOS CAUSADOS À BIOTA. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 4º, VII, E 14, § 1º, DA LEI
6.938/1981, E DO ART. 3º DA LEI 7.347/85. PRINCÍPIOS DA REPARAÇÃO INTEGRAL, DO
POLUIDOR-PAGADOR E DO USUÁRIO-PAGADOR. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER (REPARAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA) E DE PAGAR QUANTIA CERTA
(INDENIZAÇÃO). REDUCTION AD PRISTINUM STATUM. DANO AMBIENTAL INTERMEDIÁRIO,
RESIDUAL E MORAL COLETIVO. ART. 5º DA LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL.
INTERPRETAÇÃO IN DUBIO PRO NATURA DA NORMA AMBIENTAL.

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1. Cuidam os autos de Ação Civil Pública proposta com o fito de obter responsabilização por
danos ambientais causados pela supressão de vegetação nativa e edificação irregular em
Área de Preservação Permanente. O juiz de primeiro grau e o Tribunal de Justiça de Minas
Gerais consideraram provado o dano ambiental e condenaram o réu a repará-lo; porém,
julgaram improcedente o pedido indenizatório pelo dano ecológico pretérito e residual.
2. A jurisprudência do STJ está firmada no sentido da viabilidade, no âmbito da Lei
7.347/85 e da Lei 6.938/81, de cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e
de indenizar (REsp 1.145.083/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe
4.9.2012; REsp 1.178.294/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,
DJe 10.9.2010; AgRg nos EDcl no Ag 1.156.486/PR, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima,
Primeira Turma, DJe 27.4.2011; REsp 1.120.117/AC, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda
Turma, DJe 19.11.2009; REsp 1.090.968/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe
3.8.2010; REsp 605.323/MG, Rel. Ministro José Delgado, Rel. p/ Acórdão Ministro Teori
Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 17.10.2005; REsp 625.249/PR, Rel. Ministro Luiz Fux,
Primeira Turma, DJ 31.8.2006, entre outros).
3. Recurso Especial parcialmente provido para reconhecer a possibilidade de cumulação de
indenização pecuniária com as obrigações de fazer e não fazer voltadas à recomposição in
natura do bem lesado, devolvendo-se os autos ao Tribunal de origem para que fixe, in casu,
o quantum debeatur reparatório do dano já reconhecido no acórdão recorrido.
(REsp 1328753/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
28/05/2013, DJe 03/02/2015)

Além disso, de acordo com o artigo 4º, da Lei 7.347/85, poderá ser ajuizada
ação cautelar para os fins previstos na norma, objetivando, inclusive, evitar dano
ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à
dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Para Fredie Didier (2016, pg. 351), este dispositivo, embora mencione
“tutela cautelar”, refere-se a uma tutela inibitória, que é satisfativa e visa
exatamente obter providência judicial que impeça a prática de ato ilícito e,
naturalmente, a ocorrência de um dano.

Fato é que se mostra possível em ações coletivas tanto a concessão de


tutela cautelar como qualquer hipótese de tutela provisória prevista nos artigos
300 e seguintes, do CPC.

Ressalte-se, contudo, o disposto no artigo 2º, da Lei 8.437/92:

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Art. 2º No mandado de segurança coletivo e na ação civil pública, a liminar será concedida,
quando cabível, após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito
público, que deverá se pronunciar no prazo de setenta e duas horas.

Em ações civis públicas, apenas será possível o deferimento de liminar,


após a oitiva do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que
deverá se pronunciar em um prazo de até 72 (setenta e duas) horas.

Aplicam-se, ainda, todas as restrições relativas à concessão de tutela


antecipada em face do Poder Público, especialmente aquelas previstas na Lei
8.437/92:

Art. 1° Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no procedimento
cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez que
providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de segurança, em
virtude de vedação legal.
§ 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada ou a sua
liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de segurança, à
competência originária de tribunal.
§ 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos processos de ação popular e de ação
civil pública.
§ 3° Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o objeto
da ação.
§ 4° Nos casos em que cabível medida liminar, sem prejuízo da comunicação ao dirigente
do órgão ou entidade, o respectivo representante judicial dela será imediatamente intimado.
(Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
§ 5o Não será cabível medida liminar que defira compensação de créditos tributários ou
previdenciários. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

Ressalte-se que o parágrafo 1º, do artigo 1º, do referido dispositivo


estabelece que: não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar
inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via
de mandado de segurança, à competência originária de tribunal.

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Tal dispositivo também se aplica à tutela antecipada e busca evitar


exatamente a burla às regras de competência por prerrogativa de foro previstas
na Constituição Federal.

Percebam, portanto, que em um exemplo onde a parte deva intentar um


Mandado de Segurança em face de ato do Presidente da República, a competência
seria do Supremo Tribunal Federal, por força do artigo 102, I, “d”, da CF.

Contudo, se a mesma parte opta por manejar uma ação de procedimento


comum, a competência já seria deslocada para a 1ª instância. Isto porque a
competência no writ é definida a partir da autoridade impetrada, consoante
previsão de diversas normas constitucionais.

Por outro lado, o parágrafo 2º, do artigo 1º, da Lei 8.437/92, excepciona
da própria regra as liminares deferidas em ação popular e ação civil pública.

Assim, não se aplica aos processos de ação popular e de ação civil


pública a vedação da concessão de liminar em casos de o ato
impugnado da respectiva autoridade ser sujeito, na via de mandado de
segurança, à competência originária de tribunal.

Nesse tipo de ação, será possível a concessão de medida liminar, sem que
seja considerada burla à regra de competência prevista na Constituição Federal.
Já quanto às demais hipóteses de vedações, estas se aplicam integralmente à
Ação Civil Pública, apenas sendo cabível a medida liminar acaso inexista vedação
legal para tanto.

Por outro lado, Leonardo Cunha afirma que (2016, pg. 301):

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Embora tenha reconhecido a constitucionalidade das restrições e vedações à concessão da


tutela antecipada contra o Poder Público, o STF vem conferindo interpretação restritiva ao
referido dispositivo, diminuindo seu âmbito de abrangência para negar reclamações
constitucionais em algumas hipóteses em que lhe parece cabível a medida antecipatória,
mesmo para determinar o pagamento de soma em dinheiro.

Deverá, portanto, o magistrado, analisando o caso concreto, verificar a


pertinência e viabilidade de se superar o impedimento legal, desde que
devidamente fundamentado e justificando o motivo e a urgência que viabilizam
a superação das restrições.

Não cabe ao Judiciário ater-se friamente à letra da lei desconsiderando


situações concretas que podem gerar uma urgência extremamente elevada

1.3 – Competência

De acordo com o artigo 2º, da Lei 7.347/85:

Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano,
cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.
Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.

Quanto à competência territorial, portanto, não restam quaisquer dúvidas:


será competente o foro do local onde ocorrer o dano para processar e julgar a
Ação Civil Pública, sendo esta hipótese de competência absoluta.

A dúvida surge em razão da previsão do artigo 109, parágrafo 3º, da


Constituição Federal que assim dispõe:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

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I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem


interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência,
as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa
domiciliada ou residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou
organismo internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou
interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução
no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o
sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra
jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal,
excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da
Justiça Militar;
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta
rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas. (...)
§ 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados
ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado,
sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição,
a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça
estadual.

E se a União for parte no processo e a comarca não for sede da


Justiça Federal? Caberá ao juiz estadual apreciar a Ação Civil Pública?

Inicialmente, o Superior Tribunal de Justiça assim pacificou a matéria:

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Súmula 183 – STJ – CANCELADA - Compete ao Juiz Estadual, nas Comarcas que não sejam
sede de vara da Justiça Federal, processar e julgar ação civil pública, ainda que a União
figure no processo.

Contudo, após a análise da questão pelo Supremo Tribunal Federal no


sentido de ser necessária a apreciação da ação por juízo federal, o STJ cancelou
a Súmula 183 adequando-se ao seguinte julgamento:

EMENTA: AÇÃO CIVIL PÚBLICA PROMOVIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.


COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. ART. 109, I E § 3º, DA CONSTITUIÇÃO. ART. 2º DA
LEI Nº 7.347/85. O dispositivo contido na parte final do § 3º do art. 109 da Constituição é
dirigido ao legislador ordinário, autorizando-o a atribuir competência (rectius jurisdição) ao
Juízo Estadual do foro do domicílio da outra parte ou do lugar do ato ou fato que deu origem
à demanda, desde que não seja sede de Varas da Justiça Federal, para causas específicas
dentre as previstas no inciso I do referido artigo 109. No caso em tela, a permissão não foi
utilizada pelo legislador que, ao revés, se limitou, no art. 2º da Lei nº 7.347/85, a
estabelecer que as ações nele previstas "serão propostas no foro do local onde ocorrer o
dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa". Considerando
que o Juiz Federal também tem competência territorial e funcional sobre o local de qualquer
dano, impõe-se a conclusão de que o afastamento da jurisdição federal, no caso, somente
poderia dar-se por meio de referência expressa à Justiça Estadual, como a que fez o
constituinte na primeira parte do mencionado § 3º em relação às causas de natureza
previdenciária, o que no caso não ocorreu. Recurso conhecido e provido.
(RE 228955, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 10/02/2000, DJ
24-03-2001 PP-00070 EMENT VOL-01984-04 PP-00842 REPUBLICAÇÃO: DJ 14-04-2000 PP-
00056 RTJ VOL-00172-03 PP-00992)

Acaso a Ação Civil Pública se encaixe em uma adas hipóteses previstas no


artigo 109 da Constituição Federal, necessariamente a demanda deverá correr
perante um juiz federal, não se lhe aplicando a previsão do parágrafo 3º, do
artigo 109, da CF.

1.4 – Legitimidade

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De acordo com o artigo 5º, da Lei 7.347/85, poderão propor a ação principal
e a ação cautelar:

I - o Ministério Público;

II - a Defensoria Pública;

III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de


economia mista;

V - a associação que, concomitantemente:

a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei


civil;

b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao


patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à
ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos
raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico.

O Ministério Público assume importante papel na Ação Civil Pública, uma


vez que se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como
fiscal da lei. Cabe-nos destacar, ainda, pontualmente os parágrafos do artigo 5º:

§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste
artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.

§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o


Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.

§ 4º O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto
interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do
bem jurídico a ser protegido.

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§ 5º Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do


Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei.

§ 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de


ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante combinações, que terá eficácia
de título executivo extrajudicial.

No Brasil, a legitimação para demandas coletivas é, portanto, plúrima, eis


que vários entes são legitimados para proporem as demandas e mista, eis que
tanto entes da sociedade civil como do Estado são legitimados para o manejo da
ação coletiva.

Analisemos caso a caso.

1.4.1 - Defensoria Pública

Em 2007, a Lei 11.448 alterou a Lei 7.345/85 para incluir entre os


legitimados para propositura da Ação Civil Pública a Defensoria Pública. Até esta
data, tanto a doutrina como a jurisprudência não estavam em sintonia quanto à
possibilidade de atuação de tal ente.

O dispositivo legal teve a constitucionalidade questionada no Supremo


Tribunal Federal que reconheceu inexistir qualquer vício de inconstitucionalidade,
afirmando não deter o Ministério Público a exclusividade para ajuizamento de
ação civil pública.

Assim, possível o manejo de Ação Civil Pública também pela Defensoria.

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEGITIMIDADE ATIVA DA


DEFENSORIA PÚBLICA PARA AJUIZAR AÇÃO CIVIL PÚBLICA (ART. 5º, INC. II, DA LEI N.
7.347/1985, ALTERADO PELO ART. 2º DA LEI N. 11.448/2007). TUTELA DE INTERESSES
TRANSINDIVIDUAIS (COLETIVOS STRITO SENSU E DIFUSOS) E INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS. DEFENSORIA PÚBLICA: INSTITUIÇÃO ESSENCIAL À FUNÇÃO
JURISDICIONAL. ACESSO À JUSTIÇA. NECESSITADO: DEFINIÇÃO SEGUNDO PRINCÍPIOS

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HERMENÊUTICOS GARANTIDORES DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO E DA


MÁXIMA EFETIVIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS: ART. 5º, INCS. XXXV, LXXIV,
LXXVIII, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. INEXISTÊNCIA DE NORMA DE EXCLUSIVIDAD
DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA AJUIZAMENTO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO INSTITUCIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO PELO RECONHECIMENTO DA
LEGITIMIDADE DA DEFENSORIA PÚBLICA. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE.

(ADI 3943, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 07/05/2015,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-154 DIVULG 05-08-2015 PUBLIC 06-08-2015)

Ocorre que, segundo aponta Didier (2016, pg. 203) a Defensoria Pública
não possui legitimidade para LIQUIDAR e EXECUTAR os direitos individuais
decorrentes da sentença coletiva em relação aos jurisdicionados NÃO
necessitados.

É dizer: a Defensoria apenas poderá atuar na fase de liquidação e execução


da sentença em favor dos necessitados. Há julgado do STJ neste sentido:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. DEFENSORIA PÚBLICA. LEGITIMIDADE ATIVA.


AÇÃO CIVIL PÚBLICA. TUTELA DE INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. MUTUÁRIOS.
SISTEMA FINANCEIRO HABITACIONAL. PERTINÊNCIA SUBJETIVA. NECESSITADOS.
SENTIDO AMPLO. PERSPECTIVA ECONÔMICA E ORGANIZACIONAL.
1.Cinge-se a controvérsia a saber se a Defensoria Pública da União detém legitimidade para
propor ação civil pública em defesa de direitos individuais homogêneos, a exemplo dos
mutuários do SFH.
2. A Defensoria Pública é um órgão voltado não somente à orientação jurídica dos
necessitados, mas também à proteção do regime democrático e à promoção dos direitos
humanos e dos direitos individuais e coletivos.
3. A pertinência subjetiva da Defensoria Pública para intentar ação civil pública na
defesa de interesses transindividuais está atrelada à interpretação do que consiste
a expressão "necessitados" (art. 134 da CF) por "insuficiência de recursos" (art.
5º, LXXXIV, da CF).
4. Deve ser conferido ao termo "necessitados" uma interpretação ampla no campo da ação
civil pública para fins de atuação inicial da Defensoria Pública, de modo a incluir, para além
do necessitado econômico (em sentido estrito), o necessitado organizacional, ou seja, o
indivíduo ou grupo em situação especial de vulnerabilidade existencial.
5. O juízo prévio acerca da coletividade de pessoas necessitadas deve ser feito de forma
abstrata, em tese, bastando que possa haver, para a extensão subjetiva da legitimidade, o
favorecimento de grupo de indivíduos pertencentes à classe dos hipossuficientes, mesmo
que, de forma indireta e eventual, venha a alcançar outros economicamente mais
favorecidos.
6. A liquidação e a execução da sentença proferida nas ações civis públicas
movidas pela Defensoria Pública somente poderá ser feita aos que comprovarem
insuficiência de recursos, pois, nessa fase, a tutela de cada membro da
coletividade ocorre de maneira individualizada. (...)

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(REsp 1449416/SC, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 15/03/2016, DJe 29/03/2016)

1.4.2 - Associação

Para que a Associação possa manejar a Ação Civil Pública, faz-se necessário
que tenha sido constituída há pelo menos um ano, nos termos da lei civil e inclua
entre suas finalidades institucionais a defesa do patrimônio público ou social, ao
meio ambiente, ao consumidor ou outros direitos coletivos lato sensu.

Quanto ao tema, a discussão enfrentada pelos Tribunais Superiores fora


quanto aos limites do transporte da coisa jugada em demandas propostas por
sindicatos ou associações onde apenas no momento da execução apresenta-se a
lista de associados beneficiados pela decisão do processo de conhecimento,
devidamente comentada abaixo.

No caso das Ações Civis Públicas, as associações precisam de autorização


especial de seus associados para demandarem em juízo.

Já o requisito pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz quando haja


manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano,
ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido (parágrafo 4º).

1.4.3 - Consequência da Falta de Legitimação

E se proposta uma Ação Civil Pública, o Magistrado verificar a


ilegitimidade ativa? Qual deve ser o procedimento a ser adotado?

Fredie Didier (2016, pg. 197) defende que a consequência desta situação
não pode ser necessariamente a extinção do processo sem resolução do mérito
e defende que deve ser aproveitado o processo coletivo com a substituição
(sucessão) da parte que se reputa inadequada para a condução da demanda.

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Neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EMBARGOS INFRINGENTES. LEGITIMIDADE DA


DEFENSORIA PÚBLICA PARA A PROPOSITURA DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LIMITADOR
CONSTITUCIONAL. DEFESA DOS NECESSITADOS. PLANO DE SAÚDE. REAJUSTE. GRUPO DE
CONSUMIDORES QUE NÃO É APTO A CONFERIR LEGITIMIDADE ÀQUELA INSTITUIÇÃO.
(...)
8. Diante do microssistema processual das ações coletivas, em interpretação
sistemática de seus dispositivos (art. 5°, § 3°, da Lei n. 7.347/1985 e art. 9° da
Lei n. 4.717/1965), deve ser dado aproveitamento ao processo coletivo, com a
substituição (sucessão) da parte tida por ilegítima para a condução da demanda.
Precedentes.
9. Recurso especial provido.
(REsp 1192577/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
15/05/2014, DJe 15/08/2014)

1.4.4 - Demais Pontos

Cabe-nos destacar, ainda, que fica facultado ao Poder Público e a outras


associações legitimadas habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes
em qualquer processo. Além disso, em caso de desistência infundada ou
abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro
legitimado assumirá a titularidade ativa.

Além disso, o Ministério Público, se não intervier no processo como parte,


atuará obrigatoriamente como fiscal da lei, cabendo, inclusive, o litisconsórcio
facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos
Estados na defesa dos interesses e direitos coletivos.

Por fim, os artigos 6º e 7º da Lei da Ação Civil Pública estabelecem que


qualquer pessoa PODERÁ e o servidor público DEVERÁ provocar o Ministério
Público quanto a fatos que constituam objeto de Ação Civil Pública. Já o
magistrado, se tiver conhecimento de fatos no exercício de suas funções, deverá
remeter peças ao Ministério Público para providências cabíveis.

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Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do


Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação
civil e indicando-lhe os elementos de convicção.

Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos
que possam ensejar a propositura da ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para
as providências cabíveis.

1.5 - Conexão e continência.

Segundo Didier (2016, pg. 148):

A conexão é fato jurídico processual que normalmente produz o efeito jurídico de determinar
a modificação da competência, de modo a que um único juízo tenha competência para
processar e julgar todas as causas conexas. A reunião das causas em um mesmo juízo é o
efeito jurídico mais tradicional da conexão.

De acordo com o parágrafo único do artigo 2º, da Lei 7.347/85:

Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano,
cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.
Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.

Assim, o magistrado poderá conhecer a conexão entre duas demandas


coletivas de ofício, remetendo os autos ao juiz a quem foi distribuído o primeiro
processo relacionado ao mesmo objeto, eis que prevento. No direito brasileiro, a
continência é uma espécie de conexão, conforme previsto no artigo 57, do CPC:

Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente,
no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso
contrário, as ações serão necessariamente reunidas.

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Aplica-se à continência a mesma sistemática da conexão, conforme já


decidido pelo STJ:

Súmula 489 STJ - Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as
ações civis públicas propostas nesta e na Justiça estadual.

Já quanto à litispendência, interessante transcrever as palavras de Fredie


Didier (2016, pg. 157):

Não obstante possam produzir o mesmo efeito jurídico, conexão e litispendência são fatos
distintos: conexão pressupõe a existência de duas ou mais causas diferentes; litispendência
pressupõe a pendência de duas ou mais causas iguais. A observação é importante,
principalmente para que se evite a repropositura de demanda que já fora julgada.

Ocorre que, na esfera coletiva, o artigo 83 do CDC estabelece que qualquer


demanda pode ser proposta para viabilizar a efetiva tutela dos direitos previstos
no microssistema processual.

CDC
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis
todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.

Assim, comum o manejo de diversas ações que digam com o mesmo objeto,
mas propostas por partes diferentes. Exemplo: uma ação civil pública proposta
pelo Ministério Público, uma ação popular proposta por um cidadão e um Mandado
de Segurança coletivo proposto por uma associação: todas as demandas com o
mesmo objeto.

Como conciliar os institutos? Qual deve ser o juízo competente?

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Trata-se de tema não pacificado nem na doutrina e nem na jurisprudência,


havendo quem defenda a necessidade de se reconhecer a litispendência entre as
demandas, determinando-se a reunião dos processos para se evitar julgamentos
conflitantes (Ada Pellegrini Grinover, 2005, p. 214).

1.6 – Litispendência com demandas individuais

Por outro lado, o artigo 104, do CDC, estabelece que a ação coletiva não
induz litispendência para as ações individuais, eis que nestas busca-se o direito
individual e não o direito coletivo lato sensu, gerando situações jurídicas ativas
distintas e não podendo ser consideradas idênticas demandas.

Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não
induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga
omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão
os autores das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta
dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.

No processo coletivo, a sentença fará coisa julgada de acordo com o


resultado da demanda. Acaso a demanda seja julgada improcedente, não haverá
coisa julgada em relação aos titulares individuais do direito, que poderão ajuizar
demandas individuais, sem qualquer vinculação com a demanda coletiva 1.

Ao mesmo tempo, não há qualquer impedimento para que os titulares


individuais do direito, mesmo tomando conhecimento da propositura de coletiva,
permaneçam litigando individualmente com sua demanda própria.

Todavia, de acordo com o artigo 104, do CDC, tais litigantes não serão
beneficiados pela decisão coletiva se não requererem a suspensão do seu

1
CDC. Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada: II - ultra partes, mas
limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior,
quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do art. 81;

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processo individual em um prazo de até 30 (trinta) dias, a contar da ciência da


propositura da ação coletiva.

Assim, não haverá litispendência entre tais demandas (individual e coletiva)


podendo inclusive as decisões serem tomadas de forma divergente em cada um
dos processos. Pode-se, portanto, resumir a coisa julgada da sentença coletiva
da seguinte forma:

a) Processo extinto sem resolução do mérito – produz


apenas coisa julgada formal;

b) Pedido julgado improcedente – Não atinge as demandas


individuais que porventura venham a ser propostas;

c) Sentença julgada procedente – Transporte da coisa


julgada – todos beneficiados que não tenham demandas
individuais;

1.7 – Ônus da Prova em Ações Coletivas

Quanto ao ônus da prova, sabe-se que, em regra, compete ao Autor


demonstrar o fato constitutivo do seu direito, conforme previsão do artigo 373
do CPC:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

Contudo, o artigo 6º, inciso VIII, do CDC estabelece ser direito básico do
consumidor a facilitação da defesa dos seus direitos, inclusive com a inversão do
ônus da prova:

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Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

Utilizando-se de tal fundamento, o Superior Tribunal de Justiça já


determinou a inversão do ônus da prova em demandas que versem quanto a
questões de consumo, mesmo quando o Ministério Público é o autor da ação:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


AÇÃO CIVIL PÚBLICA. TELEFONIA. COBRANÇA INDEVIDA DE TARIFAS. OFENSA AO ART.
535. DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. ANATEL. LEGITIMIDADE PASSIVA. INEXISTÊNCIA.
COMPETÊNCIA. DANO LOCAL. DEMANDA PROPOSTA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO.
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. POSSIBILIDADE. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA.
ANÁLISE DOS REQUISITOS. NECESSIDADE DE REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA
7/STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA NÃO
IMPUGNADOS. SÚMULA 182/STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.
(...)
V. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, "o Ministério Público,
no âmbito de ação consumerista, faz jus à inversão do ônus da prova, a considerar
que o mecanismo previsto no art. 6º, inc. VIII, do CDC busca concretizar a melhor
tutela processual possível dos direitos difusos, coletivos ou individuais
homogêneos e de seus titulares - na espécie, os consumidores -,
independentemente daqueles que figurem como autores ou réus na ação" (STJ,
REsp 1.253.672/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de
09/08/2011). Nesse sentido: STJ, AgRg no REsp 1.300.588/RJ, Rel. Ministro CESAR ASFOR
ROCHA, SEGUNDA TURMA, DJe de 18/05/2012; STJ, AgRg no REsp 1.241.076/RS, Rel.
Ministro PAULO DE TARSO VIEIRA SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, DJe de 09/10/2012.
VI. É firme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, em regra, a
análise dos requisitos necessários à concessão da antecipação dos efeitos da tutela ou do
deferimento da inversão do ônus da prova demanda o reexame de matéria fática, o que é
vedado em Recurso Especial, nos termos da Súmula 7/STJ.
(...)
VIII. Agravo Regimental improvido.
(AgRg no REsp 1318862/BA, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 18/02/2016, DJe 01/03/2016)

Ressalte-se também que em questões ambientais, o STJ seguiu a mesma


trilha:

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PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL ? AÇÃO CIVIL PÚBLICA ? DANO AMBIENTAL ?


ADIANTAMENTO DE HONORÁRIOS PERICIAIS PELO PARQUET ? MATÉRIA PREJUDICADA ?
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA ? ART. 6º, VIII, DA LEI 8.078/1990 C/C O ART. 21 DA LEI
7.347/1985 ? PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO.
1. Fica prejudicada o recurso especial fundado na violação do art. 18 da Lei 7.347/1985
(adiantamento de honorários periciais), em razão de o juízo de 1º grau ter tornado sem
efeito a decisão que determinou a perícia.
2. O ônus probatório não se confunde com o dever de o Ministério Público arcar com os
honorários periciais nas provas por ele requeridas, em ação civil pública. São questões
distintas e juridicamente independentes.
3. Justifica-se a inversão do ônus da prova, transferindo para o empreendedor da atividade
potencialmente perigosa o ônus de demonstrar a segurança do empreendimento, a partir
da interpretação do art. 6º, VIII, da Lei 8.078/1990 c/c o art. 21 da Lei 7.347/1985,
conjugado ao Princípio Ambiental da Precaução.
4. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 972.902/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
25/08/2009, DJe 14/09/2009)

1.8 - Medidas de Urgência

De acordo com o artigo 4º, da Lei 7.347/85 caberá a propositura de medida


cautelar para evitar dano ao patrimônio público e social:

Art. 4º Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive,
evitar dano ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à
dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e direitos
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (Artigo com redação dada pela
Lei nº 13.004, de 24/6/2014, publicada no DOU de 25/6/2014, em vigor após decorridos
60 dias de sua publicação oficial)

Segundo Didier, tanto a tutela cautelar como a tutela satisfativa podem ser
requeridas de forma provisória, sendo certo que possível também o pedido de
tutela inibitória, em sede de ação civil pública.

Além disso, os artigos 11 e 12 da Lei 7.347/85 demonstram que não


existem maiores diferenciadores entre a Tutela provisória concedida em caráter

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individual e a tutela provisória coletiva, cabendo-nos tecer algumas


considerações sobre o instituto em geral.

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer,
o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da
atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta
for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.

Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em
decisão sujeita a agravo.
§ 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave
lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal
a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em
decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo
de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.
§ 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da
decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o
descumprimento.

Isto porque sendo a Ação Civil Pública, o Mandado de Segurança Coletivo,


a Ação Popular e o Mandado de Injunção Coletivo manejados contra o Poder
Público, diversas são as restrições que se aplicam em relação a liminares contra
a Fazenda Pública, cabendo ao aluno ter conhecimento acerca do tema.

Ora, o Novo Código de Processo Civil trouxe novas expressões e institutos


em relação à tutela provisória, sendo certo que a tutela jurisdicional poderá ser
definitiva ou provisória. Segundo Fredie Didier (2016, pg. 577):

A tutela definitiva é aquela obtida com base em cognição exauriente, com profundo debate
acerca do objeto da decisão, garantindo-se o devido processo legal, o contraditório e a
ampla defesa. É predisposta a produzir resultados imutáveis, cristalizados pela coisa
julgada.

Além disso, a tutela definitiva poderá ser satisfativa, quando visa a


efetivar um direito material (entregar o bem de vida pretendido ao litigante) ou

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cautelar que possui escopo de assegurar ou conservar o direito guerreado para


futura satisfação.

Satisfativa ou cautelar a tutela definitiva estará sujeita ao regular trâmite


processual brasileiro que, inevitavelmente, gera males por vezes irreversíveis às
partes;

Com o objetivo de diminuir os efeitos maléficos do tempo no processo e


garantir a efetividade da jurisdição, criou-se o instituto da Tutela Antecipada que,
no Novo Código de Processo Civil, fora denominada de Tutela Provisória.

Trata-se, assim, de decisão tomada com base em cognição sumária e


concede imediata eficácia à tutela definitiva pretendida, seja ela cautelar ou
satisfativa. Tal decisão provisória será substituída no futuro por uma tutela
definitiva, que a confirme, revogue ou modifique.

O Novo Código de Processo Civil dispões sobre o instituto da Tutela


Provisória em seu Livro V (artigos 294 a 311) e previu os institutos da tutela de
urgência e da tutela de evidência. Tanto a tutela cautelar como a tutela
satisfativa poderão ser deferidas de forma antecipada, sendo certo que a tutela
cautelar provisória será sempre de urgência e a tutela satisfativa provisória
poderá ser de urgência ou de evidência.

1.9 – Meios de Impugnação das decisões proferidas no


Processo Coletivo

Em verdade, conforme dicção do artigo 12, da Lei 7.347/85, negada a


liminar em um processo coletivo, caberá a interposição de Agravo de
Instrumento.

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Além disso, acaso a antecipação de tutela seja deferida em sentença, o


recurso a ser manejado é o Recurso de Apelação, que o magistrado poderá
atribuir efeito suspensivo nos termos do artigo 14:

Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável
à parte.

Ocorre que a controvérsia reside quanto aos recursos cabíveis quando


DEFERIDA a medida de urgência em face da Fazenda Pública. Isto porque assim
dispõe o artigo 12 da Lei 7.347/85:

Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em
decisão sujeita a agravo.
§ 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave
lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal
a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em
decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo
de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.
§ 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da
decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o
descumprimento.

A liminar poderá, portanto, ser deferida com ou sem justificação


prévia em Ação Civil Pública, cuja decisão será sujeita a Agravo de
Instrumento. Aqui, cabe-nos fazer uma rápida ressalva: em procedimentos de
Mandado de Segurança Coletivo a liminar apenas poderá ser deferida APÓS
a oitiva da Fazenda Pública:

Mandado de Segurança Coletivo


Lei 12.016/2009
Artigo 22.
§ 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência
do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no
prazo de 72 (setenta e duas) horas.

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Pode ser deferida


ACP sem oitiva da parte
contrária;
Liminar
Necessidade de
MS Coletivo oitiva da parte
contrária (72 horas);

E se for deferida uma medida de urgência em Ação Coletiva, qual o


recurso cabível?

Três são os meios de se impugnar uma tutela provisória em face da


Fazenda Pública: o Agravo de Instrumento, a Suspensão de Antecipação
de Tutela e a Reclamação Constitucional. É possível, inclusive, a
utilização conjunta e concomitante destes três meios.

Deferida uma tutela provisória por um juízo de primeira instância, cabe, normalmente, um
agravo de instrumento (CPC, art. 1.015, I), no qual poderá ser requerido o efeito
suspensivo, com fundamento na urgência ou na evidência (CPC, art. 995, parágrafo único),
cabendo ao relator examinar tal requerimento (CPC, art. 932, II; art. 1.019, I). (CUNHA,
2016, pg. 321).

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Igualmente possível o pedido de suspensão a ser dirigido para o presidente


do respectivo Tribunal. Ademais, poderá a Fazenda Pública intentar uma
Reclamação Constitucional, acaso a tutela provisória seja concedida em
desrespeito a súmula vinculante, a precedente obrigatório ou a decisão do STF
proferida em sede de controle concentrado de constitucionalidade (art. 988, III e
IV, do CPC).

2 – Coisa Julgada e Processo Coletivo

Lição básica de processo civil é que apenas o dispositivo da sentença transita


em julgado, sendo certo que por mais relevante que seja a fundamentação da
sentença, esta não resta atingida pelo manto da coisa julgada. Neste sentido:

Art. 504. Não fazem coisa julgada:


I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da
sentença;
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.

Já o limite subjetivo, no processo tradicional, pode-se afirmar que este


apenas atinge as partes que integram a relação jurídica, não atingindo terceiros.

Novo CPC:
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando
terceiros.

Se o limite subjetivo da coisa julgada é restrito às partes da demanda e o


limite objetivo diz com a parte dispositiva, como conciliar a execução das
demandas coletivas?

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No Processo Civil Brasileiro, a coisa julgada coletiva opera-se segundo o


resultado da demanda.

Acaso a demanda seja julgada improcedente, não haverá coisa julgada em


relação aos titulares individuais do direito, que poderão ajuizar demandas
individuais, sem qualquer vinculação com a demanda coletiva:

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I - erga omnes , exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento
valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por
insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista
no inciso II do parágrafo único do art. 81;
III - erga omnes , apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas
e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.
§ 1º Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão interesses e
direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os interessados
que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação de
indenização a título individual.
§ 3º Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei nº
7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos
pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas,
se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à
liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.
§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença penal condenatória.

Pode-se, portanto, resumir a coisa julgada da sentença coletiva da seguinte


forma:

• Processo extinto sem resolução do mérito – produz apenas coisa julgada


formal;

• Pedido julgado improcedente – Não atinge as demandas individuais que


porventura venham a ser propostas;

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• Pedido julgado improcedente por insuficiência de provas – Não atinge as


demandas coletivas que venham a ser novamente intentadas, desde que
baseadas em novas provas;

• Sentença julgada procedente – Transporte da coisa julgada – todos


beneficiados;

Quanto à Ação Civil Pública, o artigo 16, da Lei 7.347/85 reforça a regra:

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial
do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento,
valendo-se de nova prova.

Assim, se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,


qualquer outro legitimado coletivo – valendo-se de nova prova – poderá propor
nova demanda com idêntico fundamento.

Grande controvérsia surgira, contudo, quanto aos limites do transporte da


coisa jugada em demandas propostas por sindicatos ou associações de servidores
públicos onde apenas no momento da execução apresenta-se a lista de
associados beneficiados pela decisão do processo de conhecimento.

Em suma, existe restrição ao ajuizamento de demandas por


sindicatos e associações? Quais os limites subjetivos do título?

A discussão passa pelo enfrentamento da diferença entre Associação e


Sindicato e dos institutos de representação e substituição processual.

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Inicialmente, o tratamento dado tanto para as associações como para os


sindicatos era bastante semelhante, conforme julgado pelo Superior Tribunal de
Justiça nos autos do AgRgAI 801.822-DF, de relatoria da Ministra Maria Thereza
de Assis Moura:

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.LEGITIMIDADE ATIVA. VÍCIO SANÁVEL


NA INSTÂNCIA ORDINÁRIA. VIOLAÇÃO DO ART. 284 DO CPC. OCORRÊNCIA.
1. Este Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que não há
necessidade de autorização expressa ou relação nominal dos associados para que
a associação ou sindicato atue em seus nomes, seja para propor ações ordinárias
ou coletivas, porquanto está-se diante da chamada substituição processual. (...)

Ocorre que, segundo a Constituição Federal, as associações e os sindicatos


possuem tratamento jurídico diferenciado, nos termos do artigo 5º, incisos XXI e
LXX, b e 8º, III2, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal:

REPRESENTAÇÃO – ASSOCIADOS – ARTIGO 5º, INCISO XXI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.


ALCANCE. O disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da República encerra representação
específica, não alcançando previsão genérica do estatuto da associação a revelar a defesa
dos interesses dos associados.

TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL – ASSOCIAÇÃO – BENEFICIÁRIOS. As balizas subjetivas do


título judicial, formalizado em ação proposta por associação, é definida pela representação
no processo de conhecimento, presente a autorização expressa dos associados e a lista
destes juntada à inicial.

RE 573232, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min.


MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2014, DJe-182 DIVULG 18-09-2014
PUBLIC 19-09-2014 EMENT VOL-02743-01 PP-00001

2
Constituição Federal. Art. 5. XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Art. 8. III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;

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Ao demandarem em juízo, portanto, as associações atuam em defesa de


seus filiados através do instituto da Representação Processual, diferentemente
dos Sindicatos que seriam substitutos processual.

Para a formação da coisa julgada coletiva através de associações,


necessária a autorização expressa dos filiados e a juntada da lista completa dos
beneficiários, como forma de garantir a melhor defesa do réu. Tal autorização
não pode ser apenas aquela expressa na ata de constituição ou no Regimento
interno da Associação.

Já os sindicatos, atuando em juízo através do instituto da substituição


processual, possuem ampla legitimidade para, independentemente de
autorização expressa dos filiados, proporem demandas que possibilitem a
execução individual do título executivo.

Ressalte-se, por fim, que especificamente quanto ao manejo do Mandado


de Segurança Coletivo, quando a associação ou o sindicato demandarem em juízo
em defesa dos interesses de seus associados, é dispensada qualquer autorização
especial. Isto porque o artigo 21, da Lei 12.016/2009 é cristalino:

Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com
representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a
seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe
ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em
defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou
associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial.

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3 – Liquidação e Execução em Ações Coletivas

3.1 - Considerações Iniciais

A liquidação da sentença é a fase do processo que define com segurança o


valor da prestação (quantum debeatur) e ainda individualiza o objeto da
prestação (quid debeatur) nas decisões proferidas de forma ilíquidas.

Quanto às obrigações de fazer e não fazer, não há necessidade de liquidação,


haja vista que o artigo 11, da Lei 7.347/85 é cristalino:

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer,
o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da
atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta
for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.

É que, segundo Fredie Didier (2016, pg. 424):

O objetivo da liquidação é, portanto, o de integrar a decisão liquidanda, chegando a uma


solução acerca dos elementos que faltam para a completa definição da norma jurídica
individualizada, a fim de que essa decisão possa ser objeto de execução.
Dessa forma, liquidação de sentença é atividade judicial cognitiva pela qual se busca
complementar a norma jurídica individualizada estabelecida num título judicial.

De acordo com o artigo 509, do Código de Processo Civil, dois são os tipos
de liquidação de sentença: a liquidação por arbitramento e a liquidação pelo
procedimento comum. Tais hipóteses são também aquelas previstas para as
sentenças individuais, razão pela qual discutir-se-á apenas a aplicação destas aos
processos coletivos.

Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à


sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor:

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I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou


exigido pela natureza do objeto da liquidação;
II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo.

Trata-se de tema previsto nos artigos 95 a 100 do Código de Defesa do


Consumidor, sobre os quais cabe-nos comentar o que se segue.

3.2 – Legitimidade para Execução e Procedimento

A sentença coletiva que diga respeito a direitos coletivos em sentido estrito


ou a direitos difusos pode ser executada nos próprios autos pelo autor coletivo
ou pela vítima através do transporte in utilibus da coisa julgada coletiva.

Tal liquidação quando feita nos próprios autos pelo legitimado coletivo não
se distingue do processo individual, eis que apenas irá se buscar a identificação
do quanto é devido.

Já no caso de liquidação pela própria vítima ou por seus sucessores,


necessário que seja feita tanto a identificação do valor executado como também
do titular do crédito, sendo necessário ser dado início a um processo executivo.

É que se aplica à hipótese o previsto no artigo 95 do Código de Defesa do


Consumidor, pertinente também quanto à condenação coletiva relativa a direitos
individuais homogêneos.

Julgado procedente o pedido, a sentença coletiva será genérica fixando a


responsabilidade do réu pelos danos causados.

Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a condenação será genérica, fixando a


responsabilidade do réu pelos danos causados.

A liquidação de tais julgados, portanto, irá apurar (DIDIER, 2016, pg. 430):

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a) Os fatos e alegações referentes ao dano individualmente sofrido pelo demandante;


b) A relação de causalidade entre esse dano e o fato potencialmente danoso acertado na
sentença;
c) A titularidade individual do direito;

Tal sentença poderá ser executada por qualquer vítima ou por seus
sucessores ou ainda por qualquer legitimado coletivo:

Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus
sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.

Neste sentido já se pronunciou o Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. BRASIL TELECOM.


CUMPRIMENTO INDIVIDUAL DE SENTENÇA PROFERIDA EM AÇÃO COLETIVA. PRESCRIÇÃO
QUINQUENAL. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO. INEXISTÊNCIA.
1. A sentença de procedência na ação coletiva tendo por causa de pedir danos
referentes a direitos individuais homogêneos (art. 95 do CDC) será, em regra,
genérica, dependendo, assim, de superveniente liquidação, não apenas para
simples apuração do quantum debeatur, mas também para aferição da titularidade
do crédito (art. 97, CDC). Precedentes. (...)
(AgRg no AREsp 283.558/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 15/05/2014, DJe 22/05/2014)

Ademais, mesmo em caso de execuções individuais do título coletivo,


caberá a condenação do Réu ao pagamento de honorários advocatícios:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL COLETIVA. LIQUIDAÇÃO E


EXECUÇÃO DE SENTENÇA GENÉRICA. DIREITO A HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
1. Consoante a jurisprudência desta Corte Superior, o advogado do liquidante/exequente
de sentença genérica prolatada em sede de ação coletiva tem direito a honorários tendo
em conta a litigiosidade estabelecida, a causalidade e o efetivo labor por ele desempenhado
no curso da fase liquidatória de elevada carga cognitiva, em face da necessidade de definir,
além do valor devido a mais de setecentos exequentes, a titularidade destes em relação ao
direito material.
2. Independência e autonomia entre as verbas fixadas na fase cognitiva e, agora,
liquidatória/executiva, de modo a se manter o dever de pagamento dos honorários

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arbitrados na sentença, reconhecendo-se o direito à fixação de honorários nesta segunda


fase processual.
3. Possibilidade de, após o reconhecimento do direito a honorários, proceder-se ao
arbitramento nesta Corte Superior, valorizando-se o trabalho desempenhado, o tempo
de tramitação da demanda, a litigiosidade declarada.
4. Inocorrência de violação ao princípio da "non reformatio in pejus".
5. RECURSOS ESPECIAIS PARCIALMENTE PROVIDOS.
(REsp 1602674/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA,
julgado em 13/09/2016, DJe 21/09/2016)

Ressalte-se que nos termos do artigo 98 do CDC, a execução coletiva


poderá ser feita pelos legitimados coletivos abrangendo as vítimas cujas
indenizações já foram fixadas individualmente em sentença de liquidação, sem
prejuízo de outras execuções individuais.

Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o
art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de
liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras execuções.

A execução coletiva será feita com base em certidão das sentenças de


liquidação, da qual deverá constar a ocorrência ou não do trânsito em julgado.
(parágrafo 1º, artigo 98, CDC).

E se transitado em julgado o processo coletivo de conhecimento,


nenhuma vítima promover a execução do julgado?

Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número


compatível com a gravidade do dano, surge a legitimidade ativa extraordinária e
subsidiária dos legitimados coletivos para execução do julgado, nos termos do
artigo 100, do CDC:

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Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número


compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a
liquidação e execução da indenização devida. (Vide Decreto nº 407, de 1991)
Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo criado pela Lei n.°
7.347, de 24 de julho de 1985.

Trata-se de dispositivo oriundo do direito americano denominado de fluid


recovery (DIDIER, 2016, pg. 431):

Trata-se de uma liquidação coletiva proveniente de uma sentença condenatória proferida


em ação envolvendo direitos individuais homogêneos.
(...)
O produto desta execução reverterá ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD) e se
chama fluid recovery (“indenização fluida” ou recuperação fluida – já que se trata dos
valores referentes aos titulares dos direitos individuais recuperados para o FDD para
garantir o princípio da tutela integral do bem jurídico coletivo, conforme parágrafo único do
art. 100, do CDC.

Ressalte-se que este prazo de um ano não implica na perda do direito da


vítima em liquidar e executar os créditos individuais, sendo certo tratar-se de
prazo legal que legitima o surgimento da instauração do pedido de liquidação do
fluid recovery (DIDIER, 2016, pg. 433).

A ideia da regra é exatamente evitar que o condenado em ação coletiva


envolvendo direitos individuais homogêneos obtenha uma vantagem em razão
da ausência de execução do título por legitimados individuais. Assim, o fluid
recovery visa a compensar a execução do título quando o número de exequentes
individuais não for compatível com a gravidade do dano.

Para DIDIER, o objetivo desta liquidação é exatamente obter o valor


residual devido, cabendo ao réu, nesta ação de liquidação, apontar a existência
de liquidações individuais em andamento e o eventual pagamento das mesmas,
para que o magistrado possa quantificar mais justamente o valor da indenização
fluida (2016, pg. 434).

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Quanto ao tema, há julgado do STJ:

RECURSO ESPECIAL - DIREITO DO CONSUMIDOR - AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO


COLETIVA - INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS - SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA -
LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO DA SENTENÇA GENÉRICA REQUERIDA PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO, COM FUNDAMENTO NO ART. 100 DO CDC (FLUID RECOVERY) - PEDIDO
INDEFERIDO PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS, SOB O ARGUMENTO DE QUE O
TRANSCURSO DO PRAZO DE UM ANO DEVE TER COMO TERMO INICIAL A PUBLICAÇÃO DE
EDITAIS EM JORNAIS DE AMPLA CIRCULAÇÃO, OBRIGAÇÃO A QUE FORAM CONDENADOS
OS RÉUS - IMPOSSIBILIDADE DE SE CONDICIONAR O INÍCIO DO REFERIDO PRAZO AO
CUMPRIMENTO DA CITADA OBRIGAÇÃO DE FAZER.
INSURGÊNCIA RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL.
Hipótese: liquidação de sentença genérica, proferida nos autos de ação coletiva, requerida
pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, com fulcro no artigo 100 do Código
de Defesa do Consumidor. Pretensão indeferida pelas instâncias ordinárias, sob o argumento
de que seria necessária, previamente, a publicação de editais em jornais de ampla circulação
- obrigação determinada aos réus da demanda coletiva, na sentença condenatória.
1. Sendo o Ministério Público o autor da ação coletiva, a sua atuação como custos legis não
é obrigatória, pois, nos termos do princípio da unidade, o Ministério Público é uno enquanto
instituição, razão pela qual, uma vez figurando como parte do processo, é dispensada a sua
presença como fiscal da lei.
2. Nos termos do artigo 100, caput, do Código de Defesa do Consumidor, "decorrido o prazo
de um ano sem habilitação de interessados em número compatível com a gravidade do
dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da indenização
devida", hipótese denominada reparação fluida - fluid recovery, inspirada no modelo norte-
americano da class action.
2.1. Referido instituto, caracterizado pela subsidiariedade, aplica-se apenas em situação na
qual os consumidores lesados desinteressam-se quanto ao cumprimento individual da
sentença coletiva, transferindo à coletividade o produto da reparação civil individual não
reclamada, de modo a preservar a vontade da Lei, qual seja a de impedir o enriquecimento
sem causa do fornecedor que atentou contra as normas jurídicas de caráter público, lesando
os consumidores.
2.2. Assim, se após o escoamento do prazo de um ano do trânsito em julgado, não houve
habilitação de interessados em número compatível com a extensão do dano, exsurge a
legitimidade do Ministério Público para instaurar a execução, nos termos do mencionado
artigo 100 do Código de Defesa do Consumidor; nesse contexto, conquanto a sentença
tenha determinado que os réus publicassem a parte dispositiva em dois jornais de ampla
circulação local, esta obrigação, frise-se, destinada aos réus, não pode condicionar a
possibilidade de reparação fluida, ante a ausência de disposição legal para tanto e, ainda, a
sua eventual prejudicialidade à efetividade da ação coletiva, tendo em vista as dificuldades
práticas para compelir os réus ao cumprimento.
2.3. Todavia, no caso em tela, observa-se que não obstante as alegações do Ministério
Público Estadual, deduzidas no recurso especial, no sentido de que "no presente caso houve
a regular publicação da sentença, conforme documento da fl. 892 [dos autos de agravo de
instrumento, correspondente à fl. 982, e-STJ]", ao compulsar os autos, verifica-se que a
mencionada folha refere-se à publicação do edital, em 20/02/2003, relativo à cientificação
dos interessados sobre a propositura da ação coletiva. Assim, o citado edital não se destinou
à cientificação dos interessados quanto ao conteúdo da sentença, mas à propositura da ação
coletiva, o que constitui óbice à sua habilitação, razão pela qual não se pode reputar iniciado

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o prazo do artigo 100 do Código de Defesa do Consumidor. Precedente: REsp 869583/DF,


Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe 05/09/2012 3. RECURSO ESPECIAL
PARCIALMENTE PROVIDO, a fim de (i) afastar a necessidade de cumprimento da obrigação
de publicar editais em dois jornais de ampla circulação local para fins de contagem do prazo
previsto no artigo 100 do Código de Defesa do Consumidor, bem assim (ii) determinar o
retorno dos autos à origem, para que se proceda à publicação de edital, sobre o teor da
sentença exequenda, em órgão oficial, nos termos do artigo 94 do diploma consumerista.
(REsp 1156021/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 06/02/2014,
DJe 05/05/2014)

Sindicato X Associação – Execução individual do julgado coletivo. Há


diferenças?

Vimos que a sentença coletiva proferida em ação proposta por sindicatos e


associações difere quanto à necessidade de prévia autorização dos associados. A
discussão passa pelo enfrentamento da diferença entre Associação e Sindicato e
dos institutos de representação e substituição processual.

Exatamente por conta desta distinção, a execução individual do título


executivo coletivo será feita da seguinte forma:

i. Em Associações, apenas é possível a execução do título executivo de


forma individual acaso a Associação tenha demandado em juízo
expressamente autorizada pelos filiados e acostado à inicial a lista dos
representados;

ii. Em sindicatos, todos os sindicalizados, independente de autorização,


poderão demandar em juízo e executar o título coletivo, haja vista a
incidência do instituto da substituição processual;

Neste sentido:

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. ART. 8º, III, DA LEI MAIOR.


SINDICATO. LEGITIMIDADE. SUBSTITUTO PROCESSUAL. EXECUÇÃO DE SENTENÇA.

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DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.


REAFIRMAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. I – Repercussão geral reconhecida e reafirmada a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido da ampla legitimidade extraordinária
dos sindicatos para defender em juízo os direitos e interesses coletivos ou individuais dos
integrantes da categoria que representam, inclusive nas liquidações e execuções de
sentença, independentemente de autorização dos substituídos.

(RE 883642 RG, Relator(a): Min. MINISTRO PRESIDENTE, julgado em 18/06/2015,


ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-124 DIVULG 25-06-2015
PUBLIC 26-06-2015 )

3.3 – Competência

De acordo com o artigo 98, do CDC:

Artigo 98.
§ 2° É competente para a execução o juízo:
I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual;
II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.

Contudo, em razão da necessidade de se facilitar a efetividade dos direitos


albergados pelas ações coletivas, o Superior Tribunal de Justiça pacificou o
entendimento segundo o qual é possível o ajuizamento da demanda executória
individual no foro do domicílio do credor:

DIREITO PROCESSUAL. RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (ART. 543-C,


CPC). DIREITOS METAINDIVIDUAIS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. APADECO X BANESTADO.
EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. EXECUÇÃO/LIQUIDAÇÃO INDIVIDUAL. FORO COMPETENTE.
ALCANCE OBJETIVO E SUBJETIVO DOS EFEITOS DA SENTENÇA COLETIVA. LIMITAÇÃO
TERRITORIAL. IMPROPRIEDADE. REVISÃO JURISPRUDENCIAL. LIMITAÇÃO AOS
ASSOCIADOS. INVIABILIDADE. OFENSA À COISA JULGADA.
1. Para efeitos do art. 543-C do CPC: 1.1. A liquidação e a execução individual de sentença
genérica proferida em ação civil coletiva pode ser ajuizada no foro do domicílio do
beneficiário, porquanto os efeitos e a eficácia da sentença não estão circunscritos a lindes
geográficos, mas aos limites objetivos e subjetivos do que foi decidido, levando-se em
conta, para tanto, sempre a extensão do dano e a qualidade dos interesses metaindividuais
postos em juízo (arts. 468, 472 e 474, CPC e 93 e 103, CDC).

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1.2. A sentença genérica proferida na ação civil coletiva ajuizada pela Apadeco, que
condenou o Banestado ao pagamento dos chamados expurgos inflacionários sobre
cadernetas de poupança, dispôs que seus efeitos alcançariam todos os poupadores
da instituição financeira do Estado do Paraná. Por isso descabe a alteração do seu alcance
em sede de liquidação/execução individual, sob pena de vulneração da coisa julgada.
Assim, não se aplica ao caso a limitação contida no art. 2º-A, caput, da Lei n. 9.494/97.
2. Ressalva de fundamentação do Ministro Teori Albino Zavascki.
3. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido.
(REsp 1243887/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em
19/10/2011, DJe 12/12/2011)

3.4 – Concurso de Créditos

De acordo com o artigo 99, do Código de Defesa do Consumidor, em caso


de concurso de créditos decorrentes da condenação existente em Ação Civil
Pública, terão preferência os prejuízos individuais relacionados ao mesmo evento
danoso.

Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes de condenação prevista na Lei n.°
7.347, de 24 de julho de 1985 e de indenizações pelos prejuízos individuais resultantes do
mesmo evento danoso, estas terão preferência no pagamento.

Exatamente por isto, eventual condenação destinada ao Fundo de Defesa


dos Direitos Difusos ficará sustada enquanto pendente de decisão no segundo
grau as ações de indenização pelos danos individuais. A exceção é a hipótese do
patrimônio do devedor ser manifestamente suficiente para responder pela
integralidade das dívidas.

Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, a destinação da importância recolhida
ao fundo criado pela Lei n°7.347 de 24 de julho de 1985, ficará sustada enquanto pendentes
de decisão de segundo grau as ações de indenização pelos danos individuais, salvo na
hipótese de o patrimônio do devedor ser manifestamente suficiente para responder pela
integralidade das dívidas.

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3.5 – Fundo de Defesa dos Direitos Difusos

De acordo com o artigo 13, da Lei 7.347/85, havendo condenação em


dinheiro nas demandas que versem sobre direitos difusos ou coletivos em sentido
estrito, o dinheiro arrecadado deverá ser destinado a um fundo que também
receberá recursos advindos de multas por descumprimento de decisões judiciais
e doações de pessoas naturais ou jurídicas, dente outros.

Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um
fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão
necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos
destinados à reconstituição dos bens lesados.

§ 1o. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em


estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária.

§ 2o Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de


discriminação étnica nos termos do disposto no art. 1o desta Lei, a prestação em dinheiro
reverterá diretamente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações de promoção
da igualdade étnica, conforme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade
Racial, na hipótese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade
Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou local,
respectivamente.

Trata-se do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, regulado pelo Decreto


1.306/94 e tem por finalidade a reparação dos danos causados aos interesses
difusos e coletivos.

Art. 1º O Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD), criado pela Lei nº 7.347, de 24 de
julho de 1985, tem por finalidade a reparação dos danos causados ao meio ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico, paisagístico,
por infração à ordem econômica e a outros interesses difusos e coletivos.

Art. 2º Constituem recursos do FDD o produto da arrecadação:


I - das condenações judiciais de que tratam os arts. 11 e 13, da Lei nº 7.347, de 24 de julho
de 1985;

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II - das multas e indenizações decorrentes da aplicação da Lei nº 7.853, de 24 de outubro


de 1989, desde que não destinadas à reparação de danos a interesses individuais;
III - dos valores destinados à União em virtude da aplicação da multa prevista no art. 57 e
seu parágrafo único e do produto de indenização prevista no art. 100, parágrafo único, da
Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990;
IV - das condenações judiciais de que trata o parágrafo 2º, do art. 2º, da Lei nº 7.913, de
7 de dezembro de 1989;
V - das multas referidas no art. 84, da Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994;
VI - dos rendimentos auferidos com a aplicação dos recursos do Fundo;
VII - de outras receitas que vierem a ser destinadas ao Fundo;
VIII - de doações de pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras.

A gestão do Fundo (FDD) compete ao Conselho Federal Gestor do Fundo de


Defesa dos Direitos Difusos (CFDD), órgão colegiado integrante da estrutura do
Ministério da Justiça, composto dos seguintes membros:

Art. 3º O FDD será gerido pelo Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos
Difusos (CFDD), órgão colegiado integrante da estrutura organizacional do Ministério da
Justiça, com sede em Brasília, e composto pelos seguintes membros:
I - um representante da Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, que o
presidirá; (Inciso com redação dada pelo Decreto nº 7.738, de 28/5/2012)
II - um representante do Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal; (Inciso
retificado no DOU de 11/11/1994)
III - um representante do Ministério da Cultura;
IV - um representante do Ministério da Saúde vinculado à área de vigilância sanitária;
V - um representante do Ministério da Fazenda;
VI - um representante do Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE;
VII - um representante do Ministério Público Federal;
VIII - três representantes de entidades civis que atendam aos pressupostos dos incisos I e
II, do art. 5º, da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
§ 1º Cada representante de que trata este artigo terá um suplente, que o substituirá nos
seus afastamentos e impedimentos legais.
§ 2º É vedada a remuneração, a qualquer título, pela participação no CFDD, sendo a
atividade considerada serviço público relevante.

Art. 4º Os representantes e seus respectivos suplentes serão designados pelo Ministro da


Justiça; os dos incisos I a V dentre os servidores dos respectivos Ministérios, indicados pelo
seu titular; o do inciso VI dentre os servidores ou Conselheiros, indicado pelo Presidente da
Autarquia; o do inciso VII indicado pelo Procurador-Geral da República, dentre os

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integrantes da carreira, e os do inciso VIII indicados pelas respectivas entidades


devidamente inscritas perante o CFDD.
Parágrafo único. Os representantes serão designados pelo prazo de dois anos, admitida uma
recondução, exceto quanto ao representante referido no inciso I, do art. 3º, que poderá ser
reconduzido por mais de uma vez.

Art. 5º Funcionará como Secretaria-Executiva do CFDD a Secretaria Nacional do Consumidor


do Ministério da Justiça. (Artigo com redação dada pelo Decreto nº 7.738, de 28/5/2012)

A competência do CFDD é definida pelo artigo 6º, do Decreto 1.306/94:

Art. 6º Compete ao CFDD:


I - zelar pela aplicação dos recursos na consecução dos objetivos previstos nas Leis nºs
7.347, de 1985, 7.853, de 1989, 7.913, de 1989, 8.078, de 1990 e 8.884, de 1994, no
âmbito do disposto no art. 1º deste decreto;
II - aprovar convênios e contratos, a serem firmados pela Secretaria Executiva do Conselho,
objetivando atender ao disposto no inciso I deste artigo;
III - examinar e aprovar projetos de reconstituição de bens lesados, inclusive os de caráter
científico e de pesquisa;
IV - promover, por meio de órgãos da administração pública e de entidades civis
interessadas, eventos educativos ou científicos;
V - fazer editar, inclusive em colaboração com órgãos oficiais, material informativo sobre as
matérias mencionadas no art. 1º deste Decreto;
VI - promover atividades e eventos que contribuam para a difusão da cultura, da proteção
ao meio ambiente, do consumidor, da livre concorrência, do patrimônio histórico, artístico,
estético, turístico, paisagístico e de outros interesses difusos e coletivos;
VII - examinar e aprovar os projetos de modernização administrativa dos órgãos públicos
responsáveis pela execução das políticas relativas às áreas a que se refere o art. 1º deste
Decreto;
VIII - elaborar o seu Regimento Interno.

Além disso os recursos arrecadados pelo Fundo serão distribuídos para a


efetivação das medidas dispostas no artigo 6º e suas aplicações deverão estar
relacionadas com a natureza da infração ou do dano causado, sendo certo que
serão prioritariamente aplicados na reparação específica do dano causado,
sempre que possível (artigo 7º).

Por fim, transcreve-se o disposto no artigo 11 do referido Decreto:

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Art. 11. O CFDD, mediante entendimento a ser mantido com o Poder Judiciário e os
Ministérios Públicos Federal e Estaduais, será informado sobre a propositura de toda ação
civil pública, a existência de depósito judicial, de sua natureza, e do trânsito em julgado da
decisão.

Art. 11. O CFDD, mediante entendimento a ser mantido com o Poder Judiciário e os
Ministérios Públicos Federal e Estaduais, será informado sobre a propositura de toda ação
civil pública, a existência de depósito judicial, de sua natureza, e do trânsito em julgado da
decisão.

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4-Bibliografia

CUNHA, Leonardo Carneiro da. A FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO. 13ª. Edição.


Rio de Janeiro: Forense, 2016.

DIDIER JR, Fredier, BRAGA, Paula Sarno e OLIVEIRA, Rafael Alexandria de.
CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL – VOLUME 2. 11ª. Edição.
Salvador: Editora JusPodivm, 2016.

DIDIER JR, Fredie e CUNHA, Leonardo Carneiro da. CURSO DE DIREITO


PROCESSUAL CIVIL – VOLUME 3. 13ª. Edição. Salvador: Editora JusPodivm,
2016.

DIDIER JR, Fredie e ZANETI JR, Zaneti. Curso de direito processual civil:
processo coletivo. 10ª edição. Salvador: Juspodivm, 2016.

FONTELES, Samuel Sales. Remédios constitucionais para concursos. 2ª


edição. Salvador: Editora JusPodivm, 2015.

GRINOVER, Ada Pellegrini. A tutela dos interesses difusos. São Paulo: Editora
Max Limonad, 1984.

GRINOVER, Ada Pellegrini in WATANABE, Kazuo et. al. 8ª Ed. Código brasileiro
de defesa do consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. Rio
de Janeiro: Forense, 2005.

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5-Resumo da Aula

1. A Ação Civil Pública corresponde a uma espécie de processo coletivo


prevista na Lei 7.347/85. Trata-se de procedimento destinado à tutela da
coletividade e que poderá ser manejado independente da propositura de
Ação Popular, quanto aos danos morais e patrimoniais relacionados aos
seguintes interesses:

I - ao meio-ambiente;

II - ao consumidor;

III - a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.

V - por infração da ordem econômica;

VI - à ordem urbanística.

VII - à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.

VIII – ao patrimônio público e social.

2. O Ministério Público não tem legitimidade para aforar ação civil pública para
o fim de impugnar a cobrança e pleitear a restituição de imposto - no caso
o IPTU - pago indevidamente.

3. O Ministério Público tem legitimidade ativa para propor ação judicial que
vise a defesa de direitos individuais homogêneos tendo em vista o relevante
interesse social na causa.

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4. Hoje, prevalece na doutrina e na jurisprudência que o controle difuso de


constitucionalidade pode ser exercido na ação popular (e nas demais ações
coletivas, inclusive na Ação Civil Pública).

5. O pedido de condenação ao dano moral coletivo é cabível quando o dano


ultrapassa os limites do tolerável e atinge, efetivamente, valores
coletivos.

6. A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o


cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.

7. A jurisprudência do STJ está firmada no sentido da viabilidade, no âmbito


da Lei 7.347/85 e da Lei 6.938/81, de cumulação de obrigações de fazer,
de não fazer e de indenizar

8. Se a ação civil pública se encaixar em qualquer das hipóteses previstas no


art. 109 da Constituição Federal, que estabelece a competência do juiz
federal, deverá tramitar na Justiça Federal necessariamente, não lhe sendo
aplicável a regra do parágrafo 3º do mesmo art. 109 (julgamento por juiz
estadual).

9. No Brasil, a legitimação para demandas coletivas é plúrima, eis que vários


entes são legitimados para proporem as demandas e mista, eis que tanto
entes da sociedade civil como do Estado são legitimados para o manejo da
ação coletiva.

10. A Defensoria Pública é parte legítima para propor a Ação Civil Pública.

11. Para que a Associação possa manejar a Ação Civil Pública, faz-se
necessário que tenha sido constituída há pelo menos um ano, nos termos

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da lei civil e inclua entre suas finalidades institucionais a defesa do


patrimônio público ou social, ao meio ambiente, ao consumidor ou outros
direitos coletivos lato sensu.

12. Diante do microssistema processual das ações coletivas, em


interpretação sistemática de seus dispositivos (art. 5°, § 3°, da Lei n.
7.347/1985 e art. 9° da Lei n. 4.717/1965), deve ser dado aproveitamento
ao processo coletivo, com a substituição (sucessão) da parte tida por
ilegítima para a condução da demanda e não extinto o processo sem
resolução do mérito.

13. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a


iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos
que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de
convicção.

14. Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem


conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da ação civil,
remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis.

15. Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as


ações civis públicas propostas nesta e na Justiça estadual.

16. É direito básico do consumidor a facilitação da defesa de seus direitos,


inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências.

17. O Ministério Público, no âmbito de ação consumerista, faz jus à


inversão do ônus da prova, a considerar que o mecanismo previsto no art.
6º, inc. VIII, do CDC busca concretizar a melhor tutela processual possível

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dos direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos e de seus titulares


- na espécie, os consumidores -, independentemente daqueles que figurem
como autores ou réus na ação.

18. Em Ação Civil Pública será cabível tanto a tutela cautelar como a
satisfativa requerida de forma provisória. Além disso, possível também o
pedido de tutela inibitória, inexistindo maiores diferenças em relação à
tutela provisória dos processos individuais.

19. A coisa julgada da sentença coletiva pode ser resumida da seguinte


forma:

• Processo extinto sem resolução do mérito – produz apenas


coisa julgada formal;

• Pedido julgado improcedente – Não atinge as demandas


individuais que porventura venham a ser propostas;

• Pedido julgado improcedente por insuficiência de provas – Não


atinge as demandas coletivas que venham a ser novamente
intentadas, desde que baseadas em novas provas;

• Sentença julgada procedente – Transporte da coisa julgada –


todos beneficiados;

20. A liquidação da sentença é a fase do processo que define com


segurança o valor da prestação (quantum debeatur) e ainda individualiza o

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objeto da prestação (quid debeatur) nas decisões proferidas de forma


ilíquidas.

21. A sentença coletiva que diga respeito a direitos coletivos em sentido


estrito ou a direitos difusos pode ser executada nos próprios autos pelo
autor coletivo ou pela vítima através do transporte in utilibus da coisa
julgada coletiva.

22. Tal liquidação quando feita nos próprios autos pelo legitimado coletivo
não se distingue do processo individual, eis que apenas irá se buscar a
identificação do quanto é devido.

23. Já no caso de liquidação pela própria vítima ou por seus sucessores,


necessário que seja feita tanto a identificação do valor executado como
também do titular do crédito, sendo necessário ser dado início a um
processo executivo.

24. É que se aplica à hipótese o previsto no artigo 95 do Código de Defesa


do Consumidor, pertinente também quanto à condenação coletiva relativa
a direitos individuais homogêneos.

25. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em


número compatível com a gravidade do dano, surge a legitimidade ativa
extraordinária e subsidiária dos legitimados coletivos para execução do
julgado.

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26. Em Associações, apenas é possível a execução do título executivo de


forma individual acaso a Associação tenha demandado em juízo
expressamente autorizada pelos filiados e acostado à inicial a lista dos
representados.

27. Em sindicatos, todos os sindicalizados, independente de autorização,


poderão demandar em juízo e executar o título coletivo, haja vista a
incidência do instituto da substituição processual.

28. O produto desta execução reverterá ao Fundo de Defesa dos Direitos


Difusos (FDD) e se chama fluid recovery (“indenização fluida”) ou
recuperação fluida – já que se trata dos valores referentes aos titulares dos
direitos individuais recuperados para o FDD para garantir o princípio da
tutela integral do bem jurídico coletivo, conforme parágrafo único do art.
100, do CDC.

29. Em razão da necessidade de se facilitar a efetividade dos direitos


albergados pelas ações coletivas, o Superior Tribunal de Justiça pacificou o
entendimento segundo o qual é possível o ajuizamento da demanda
executória individual no foro do domicílio do credor.

30. De acordo com o artigo 99, do Código de Defesa do Consumidor, em


caso de concurso de créditos decorrentes da condenação existente em Ação
Civil Pública, terão preferência os prejuízos individuais relacionados ao
mesmo evento danoso.

31. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado


reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos

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Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e


representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à
reconstituição dos bens lesados. Trata-se do Fundo de Defesa dos Direitos
Difusos.

32. A gestão do Fundo (FDD) compete ao Conselho Federal Gestor do


Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (CFDD), órgão colegiado integrante
da estrutura do Ministério da Justiça.

33. Os recursos arrecadados pelo Fundo serão distribuídos para a


efetivação das medidas dispostas no artigo 6º do Decreto 1.036/94 e suas
aplicações deverão estar relacionadas com a natureza da infração ou do
dano causado, sendo certo que serão prioritariamente aplicados na
reparação específica do dano causado, sempre que possível.

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6 – Questões Objetivas

Questão 01 - VUNESP – TJ/MS – Juiz Substituto – 2015

Em relação à ação civil pública, regida pela Lei no 7.347/85, assinale a


alternativa correta.

a) Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação


legitimada, fica facultado ao Ministério Público assumir a titularidade
ativa, caso outro legitimado não o faça.

b) O magistrado não pode conceder efeito suspensivo aos recursos.

c) É cabível para veicular pretensões que envolvam tributos ou contribuições


previdenciárias.

d) Poderá ter por objeto a declaração da existência ou inexistência de


relação jurídica, condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação
de fazer, não fazer ou dar.

e) Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as


ações propostas nesta e na Justiça Estadual.

Questão 02- FCC – DPE/BA - 2016

Sobre a legitimidade da Defensoria Pública para a propositura da ação civil


pública o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3943, decidiu
pela

a) constitucionalidade desde a redação dada pela Lei nº 11.448/07 à Lei da


Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85).

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b) constitucionalidade desde a redação original da lei de ação civil pública


(Lei nº 7.347/85).

c) inconstitucionalidade.

d) inconstitucionalidade até a Emenda Constitucional 80/14.

e) constitucionalidade desde a promulgação da Constituição da República


Federativa do Brasil.

Questão 03- FCC – DPE/SP – 2015 - ADAPTADA

Ao avaliar o tema Defensoria Pública, o Supremo Tribunal Federal, no


exercício jurisdicional do controle concentrado de constitucionalidade,
decidiu que:

É constitucional a legitimação, concorrente, autônoma e exclusiva da


Defensoria Pública para ajuizar ação civil pública, juntamente com o
Ministério Público, incumbindo a elas a tutela de interesses transindividuais
(coletivos stricto sensu e difusos) e individuais homogêneos.

Questão 04- FCC – DPE/BA – 2016 - ADAPTADA

Acerca do sistema constitucional de proteção dos direitos humanos e


fundamentais, é correto afirmar:

I - A norma constitucional atribui legitimidade exclusiva ao Ministério Público


para a propositura de ação civil pública para a proteção do patrimônio público
e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

II - Ação popular teve o seu objeto ampliado por disposição da Constituição


Federal de 1988, autorizando expressamente o seu manuseio para a defesa
dos direitos do consumidor.

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Questão 05 - VUNESP – TJ/RJ – Juiz Substituto – 2014

Assinale a alternativa correta, de acordo com a lei que disciplina a ação civil
pública (Lei n.º 7.347/1985).

a) A liminar concedida poderá ter sua execução suspensa pelo presidente do


tribunal competente, mediante requerimento de pessoa jurídica de direito
público, para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à
economia pública.

b) O objeto da ação civil pública será condenação em dinheiro, sendo


vedados pedidos de obrigação de fazer ou não fazer.

c) As pessoas jurídicas de direito público interno não possuem legitimidade


para ajuizar ação civil pública.

d) Figurando a União em um dos polos da demanda, a competência será do


juiz estadual do local onde ocorreu o dano, sempre que a comarca não
seja sede de vara da justiça federal.

Questão 06- FCC – TJ/RR – 2015 – Juiz Estadual

O rol completo dos legitimados para propor ação civil pública previsto na Lei
Federal n° 7.347/85 é composto por:

a) Ministério Público, Defensoria Pública, União, Estados, Distrito Federal,


Municípios, Autarquias, Empresas Públicas, Fundações, Sociedades de
Economia Mista e Associações, estas últimas desde que cumpridos certos
requisitos previstos em lei.

b) Ministério Público, Defensoria Pública, União, Estados, Distrito Federal,


Municípios e Associações, estas últimas desde que cumpridos certos
requisitos previstos em lei.

c) Ministério Público, Defensoria Pública, União, Estados, Distrito Federal,


Municípios, Autarquias, Empresas Públicas, Fundações e Associações,
estas últimas desde que cumpridos certos requisitos previstos em lei.

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d) Ministério Público, Defensoria Pública, União, Estados, Distrito Federal,


Municípios, Autarquias, Fundações e Associações, estas últimas desde
que cumpridos certos requisitos previstos em lei.

e) Ministério Público, Defensoria Pública, União, Estados, Distrito Federal,


Municípios, Autarquias e Associações, estas últimas desde que cumpridos
certos requisitos previstos em lei.

Questão 07- FCC – TJ/GO – 2015 – Juiz Estadual

O Ministério Público ajuizou ação civil pública contra empresa que, sem
autorização do órgão competente, lançava efluentes líquidos ao meio
ambiente. Requereu, em sede de liminar, sem oitiva da ré, a cessação da
prática lesiva. Não requereu a imposição de multa para o caso de
descumprimento. De acordo com a Lei no 7.347/1985, convencido da
existência dos requisitos para concessão de liminar, o juiz deverá

a) deferir a liminar, sem oitiva da ré, porém sem imposição de multa para o
caso de descumprimento, diante da ausência de pedido nesse sentido.

b) deferir a liminar, sem oitiva da ré, se o caso impondo, de ofício, multa


para o caso de descumprimento, a qual somente será exigível após o
trânsito em julgado da decisão favorável ao Ministério Público, porém
devida desde o dia em que tiver havido o descumprimento.

c) designar, necessariamente, para data próxima, audiência de justificação,


ao fim da qual poderá deferir liminar, porém sem imposição de multa para
o caso de descumprimento, diante da ausência de pedido nesse sentido.

d) deferir a liminar, sem oitiva da ré, se o caso impondo, de ofício, multa


para o caso de descumprimento, a qual será devida e exigível desde o dia
em que tiver havido o descumprimento.

e) designar, necessariamente, para data próxima, audiência de justificação,


ao fim da qual poderá deferir liminar, se o caso impondo, de ofício, multa

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para o caso de descumprimento, a qual será devida e exigível desde o dia


em que tiver havido o descumprimento.

Questão 08- MPE/PR – 2013 – Promotor

Nos termos da Lei nº 7.347/85, assinale a alternativa incorreta:

a) Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou


não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade
devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução
específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou
compatível, independentemente de requerimento do autor;

b) Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação


legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a
titularidade ativa;

c) Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da


União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e
direitos de que cuida a lei da ação civil pública;

d) Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão


remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três)
dias, ao Conselho Superior do Ministério Público;

e) As associações e órgãos públicos legitimados poderão tomar dos


interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências
legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo
extrajudicial.

Questão 09- MPE/PR – 2013 – Promotor

Ainda sobre a Lei nº 7.347/85, assinale a alternativa correta:

a) Para instruir a inicial, o interessado poderá requisitar às autoridades


competentes as certidões e informações que julgar necessárias, a serem
fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias;

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b) Rejeitada a promoção de arquivamento e insistindo o agente do Ministério


Público no seu entendimento, o Procurador-Geral de Justiça designará
outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação;

c) Regem-se pelas disposições da Lei nº 7.347/85, sem prejuízo da ação


popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais
causados por infração da ordem econômica;

d) Será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam
tributos e contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço – FGTS ou outros fundos de natureza institucional, desde que
os benificiários possam ser individualmente determinados;

e) Tem legitimidade para propor a ação civil pública a associação que esteja
constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil ou que tenha
incluído, dentre as suas finalidades, a proteção ao meio ambiente, ao
consumidor, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico.

Questão 10 - VUNESP – Analista SP URBANISMO – 2014

A Lei n.º 7.347/85 disciplina as ações civis públicas. Sobre tal texto legal, é
correto afirmar que

a) apenas os servidores públicos deverão provocar a iniciativa do Ministério


Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto
da ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção, para que esta
seja proposta.

b) independentemente do exercício de suas funções, se os juízes e tribunais


tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da ação
civil, remeterão peças ao Procurador Geral de Justiça para análise da
possibilidade de manejo de uma ação civil pública.

c) se o órgão do Ministério Público, independentemente de serem esgotadas


todas as diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a

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propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do


inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente.

d) para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades


competentes as certidões e informações que julgar necessárias, a serem
fornecidas em 20 dias.

e) na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou


não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade
devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução
específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou
compatível, independentemente de requerimento do autor.

Questão 11 - VUNESP – Procurador Legislativo – Município de


Sertãozinho/SP – 2014

De acordo com a Lei n.º 7.347/1985, que disciplina a ação civil pública, é
correto afirmar que

a) em regra, a ação civil pública deve ser proposta no foro de domicílio do


autor.

b) o pedido não poderá contemplar obrigação de fazer ou não fazer.

c) o Município tem legitimidade para propor ação civil pública.

d) não será concedida medida liminar sem prévia realização de audiência de


justificação

e) a Defensoria Pública não tem legitimidade para propor ação civil pública.

Questão 12 – FCC – DPE/SP – 2015 - ADAPTADA

Sobre o posicionamento dos tribunais superiores em tema de processo


coletivo e ações constitucionais, julgue o item a seguir:

O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que, em ações coletivas


propostas por associações, apenas os associados que tenham dado
autorização expressa para a propositura da ação poderão executar o título

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judicial ali engendrado, sendo que tal autorização pode ser dada por ato
individual ou em assembleia geral.

Questão 13 – FCC – DPE/CE – 2014

Nas ações coletivas de que trata o Código de Defesa do Consumidor, a


sentença fará coisa julgada:

a) ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo


improcedência por insuficiência de provas, no caso de a ação visar à
defesa de interesses ou direitos individuais homogêneos, assim
entendidos os decorrentes de origem comum.

b) ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo


improcedência por insuficiência de provas, no caso de a ação visar à
defesa de interesses ou direitos coletivos, assim entendidos os
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.

c) erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar


todas as vítimas e seus sucessores, no caso de a ação visar à defesa de
interesses ou direitos coletivos, assim entendidos os transindividuais, de
natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica
base.

d) erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por


insuficiência de provas, no caso de a ação visar à defesa de interesses ou
direitos difusos, assim entendidos os transindividuais, de natureza
indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por
circunstâncias de fato.

e) erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por


insuficiência de provas, no caso de a ação visar à defesa de interesses ou
direitos coletivos, assim entendidos os transindividuais, de natureza

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indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas


ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base.

Questão 14 – FCC – DPE/AM – 2013

Com relação à coisa julgada nas ações coletivas, considere as afirmações


abaixo.

I. Nas causas de interesses difusos, a sentença de improcedência fará


coisa julgada erga omnes.

II. Nas causas de interesses coletivos, a sentença fará coisa julgada erga
omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência
de provas.

III. Nas causas de interesses difusos, após o trânsito em julgado de


sentença procedente, qualquer legitimado poderá ajuizar outra ação
com mesmo pedido e causa de pedir, valendo-se de nova prova.

IV. Os efeitos da coisa julgada, tanto nas causas de interesses difusos


como nas de coletivos, não prejudicarão interesses e direitos
individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou
classe.

V. Na hipótese de direitos individuais homogêneos, a sentença fará coisa


julgada erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para
beneficiar todas as vítimas e seus sucessores.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I e III.

b) III, IV e V.

c) IV e V.

d) II e V.

e) I, II e III.

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Questão 15 – FCC – DPE/PB – 2014 - ADAPTADA

Quanto à sentença, à coisa julgada e à execução nas ações coletivas é


correto afirmar:

I. Em razão da limitação territorial imposta pela Lei de Ação Civil Pública à


coisa julgada, a sentença coletiva só produzirá efeitos na comarca em que
foi prolatada.

II. A sentença coletiva nas ações que versam sobre direitos difusos ou
coletivos deve ser genérica, enquanto que a sentença que tratar de
direitos individuais homogêneos deve especificar o quantum indenizatório
para cada vítima.

Questão 16 – FCC – DPE/PB - 2014

Quanto à sentença, à coisa julgada e à execução nas ações coletivas é


correto afirmar:

a) A sentença coletiva de procedência prolatada em processo ajuizado pela


Defensoria Pública só pode ser executada individualmente pela
Defensoria Pública, em favor dos necessitados, para indivíduos que não
sejam necessitados não se beneficiem indevidamente de sua atuação.

b) Em razão da limitação territorial imposta pela Lei de Ação Civil Pública à


coisa julgada, a sentença coletiva só produzirá efeitos na comarca em que
foi prolatada.

c) A sentença que tratar de direitos difusos ou de direitos coletivos pode ser


executada apenas coletivamente, enquanto que a sentença que tratar de
direitos individuais homogêneos pode ser executada apenas
individualmente, sem prejuízo, contudo, que uma mesma sentença cuide
de direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos.

d) A execução individual da sentença coletiva pode ser intentada tanto no


juízo sentenciante quanto no juízo do domicílio do exequente.

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e) A sentença coletiva nas ações que versam sobre direitos difusos ou


coletivos deve ser genérica, enquanto que a sentença que tratar de
direitos individuais homogêneos deve especificar o quantum indenizatório
para cada vítima.

Questão 17 – MPE/GO – MPE/GO - 2013

Em relação à execução na tutela coletiva, é correto afirmar:

a) as multas diárias impostas em ações civis públicas em prol de direitos


coletivos em sentido amplo são devidas a partir do descumprimento da
decisão. Contudo, a exigibilidade das multas fica condicionada ao trânsito
em julgado da sentença favorável ao autor. Exceção a esta regra geral
encontra-se no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Estatuto do
Idoso, que em razão da prioridade absoluta, dispensam o trânsito em
julgado da sentença.

b) na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou


não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade
devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução
especifica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou
compatível. Para imposição da multa é necessário expresso pedido do
autor, sob pena de julgamento extra petita. Além disso, o juiz não poderá
modificar seu valor ou periodicidade, caso se tome ineficiente.

c) a sentença coletiva tanto pode ser executada coletivamente, para efetivar


o direito coletivo certificado, como individualmente, para efetivar o direito
individual daquele que se beneficiou com a extensão in utilibus da coisa
julgada coletiva. No primeiro caso, a execução é proposta por qualquer
legitimado extraordinário coletivo. No segundo, a execução é proposta
pela vítima e seus sucessores. O credor individual tem privilégio em
relação ao crédito coletivo.

d) para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático


equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como

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busca e apreensão, remoção de coisas ou pessoas, desfazimento de obra,


impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.
Não é possível, contudo, executar decisão que determina a implantação
de poiltica pública pela Administração Pública em razão da reserva do
possível e das limitações orçamentárias.

Questão 18 – FCC – Advogado SABESP - 2014

A sentença em ação coletiva, tendo como objeto interesses individuais


homogêneos,

a) não impede que, em caso de improcedência da ação coletiva, os


interessados proponham ação individual de indenização, se não tiverem
atuado como litisconsortes.

b) poderá ter execução coletiva, a qual exclui a possibilidade de execuções


individuais.

c) poderá ser liquidada e executada, entre outros, pelo Ministério Público,


em proveito direto das vítimas, quando, decorrido o prazo de 2 (dois)
anos, não houver habilitado interessados em número compatível com a
gravidade do dano.

d) faz coisa julgada apenas em relação ao legitimado que propôs a ação,


qualquer que tenha sido o seu conteúdo.

e) pode ser liquidada e executada pela vítima mas não por seus sucessores,
dado o caráter personalíssimo da decisão.

Questão 19 – FCC – MPE/RS – 2010 - ADAPTADA

Sobre as ações coletivas para a defesa de interesses individuais homogêneos


é correto afirmar:

I. A liquidação e a execução de sentença não poderão ser promovidas


pela vítima e seus sucessores.

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II. É competente para a execução, quando se tratar de execução coletiva,


o juízo da liquidação.

Questão 20 – CESPE – DPE/SE - 2012

A respeito da competência nas ações coletivas e da liquidação e execução


da sentença, assinale a opção correta.

a) Tratando-se de liquidação e cumprimento da sentença em ação coletiva


que imponha obrigação de pagar, se a ação objetivar a reparação de
outros valores, diversos do patrimônio público, tais como os direitos dos
idosos e dos consumidores, os valores serão vertidos a um fundo de
reparação de bens lesados.

b) O juiz federal não dispõe de competência para processar e julgar a ACP e


a ação popular quando o presidente da República figurar como autoridade
demandada.

c) De acordo com a legislação de regência, o juízo perante o qual seja


proposta a primeira ACP é prevento para todas as ações coletivas que,
posteriormente ajuizadas, possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo
pedido, exigindo-se ainda, para a incidência da prevenção, a identidade
de partes.

d) Compete à justiça federal processar e julgar todas as ações coletivas cujo


objeto seja a proteção ao meio ambiente.

e) Nas ações coletivas, o cumprimento de sentença que imponha a


obrigação de fazer ou não fazer contra o poder público segue o rito
previsto no CPC, devendo o poder público ser citado para opor embargos,
com a posterior expedição de ofício requisitório

Questão 21 – CESPE – MPE/SE - 2010

Acerca da sentença e da execução nas ações coletivas, assinale a opção


correta.

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a) Julgada procedente a demanda coletiva, a condenação será certa, fixando


a obrigação de indenizar do réu, o ressarcimento dos danos causados e
dos prejuízos das vítimas.

b) Em procedimento de liquidação da sentença coletiva, as vítimas e os


sucessores devem demonstrar, em amplo contraditório e cognição
exauriente, a existência do dano pessoal e o nexo de causalidade com o
dano global, bem como a sua quantificação.

c) O MP não tem legitimidade para promover a execução coletiva da


sentença condenatória proferida em ação civil pública, na qualidade de
representante das vítimas, quando as indenizações já estiverem
determinadas em liquidação.

d) Havendo concurso de crédito decorrente de indenização cumulativa pelos


danos provocados e o ressarcimento pelos prejuízos pessoalmente
sofridos, tem preferência a reparação coletiva em confronto com a
individual.

e) Os legitimados concorrentes à ação coletiva, após o decurso do prazo


legal sem que haja habilitação dos prejudicados, podem promover a
liquidação das indenizações pessoais, por amostragem, cujas certidões
constituirão título hábil a embasar a execução coletiva.

Questão 22 – CESPE – TJ/RN – Juiz - 2013

A respeito do procedimento de liquidação da sentença proferida em ação


coletiva, assinale a opção correta.

a) O procedimento de liquidação enseja a habilitação das vítimas e


sucessores, de modo a transformar a condenação pelos prejuízos
globalmente causados em indenizações pelos prejuízos individualmente
sofridos, devendo ser apurados não só a quantificação dos prejuízos, mas
também a existência dos danos particulares e o nexo causal com o dano
geral reconhecido na sentença.

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b) A legitimidade para a propositura de liquidação, execução e cumprimento


de sentença é restrita das vítimas do dano e seus sucessores.

c) Em ACP ajuizada para a defesa do meio ambiente e dos valores


urbanísticos, artísticos e culturais, não havendo habilitação de
interessados no procedimento de liquidação, o valor genérico da
indenização será revertido ao ente público do local do dano para ser
aplicado em projetos de restauração e recuperação dos bens lesados.

d) Não promovida a liquidação ou a execução da sentença no prazo de


sessenta dias pelo autor coletivo, a pessoa jurídica de direito público
interno do local do dano e a União Federal, se o dano alcançar mais de
uma unidade da Federação, deverão ser intimadas para o cumprimento
da sentença.

e) A sentença condenatória coletiva deve ser certa e líquida quanto à


extensão dos danos causados e à indenização destinada ao respectivo
fundo, remanescendo a liquidação apenas em relação às pretensões
individuais pelos prejuízos sofridos.

Questão 23 – MPT – MPT – Procurador – 2015 - ADAPTADA

A respeito da liquidação e execução das ações coletivas, assinale:

I. Na fase de liquidação e execução do provimento condenatório, os


legitimados para a ação coletiva não possuem legitimidade para agir
como substituto processual, mas apenas como representantes dos
indivíduos beneficiados.

II. Em caso de concurso de créditos decorrentes de condenação em ação


civil pública e de indenizações por prejuízos individuais resultantes do
mesmo evento danoso, as primeiras terão preferência na execução.

III. Tratando-se de interesses individuais homogêneos, a liquidação e a


execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima, mas não
por seus sucessores.

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Questão 24 – MPT – MPT – Procurador - 2012

Nos termos do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/1990), nas


ações coletivas, é CORRETO afirmar que:

a) É competente para a execução o juízo do domicílio do autor, no caso de


execução individual, e o juízo da liquidação da sentença, na hipótese de
execução coletiva.

b) É competente para a execução o juízo da ação condenatória, no caso de


execução individual, e o juízo da liquidação da sentença, no caso de
execução coletiva.

c) É competente para a execução o juízo da liquidação da sentença ou da


ação condenatória, no caso de execução individual, e o juízo da ação
condenatória, no caso de execução coletiva.

d) É competente para a execução o juízo da liquidação da sentença, no caso


de execução individual, e o juízo da liquidação da sentença ou da ação
condenatória, na hipótese de execução coletiva.

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Gabaritos

Questão Resposta Questão Resposta

1 E 16 D

2 A 17 C

3 FALSO 18 A
==1299e5==

4 FF 19 FF

5 A 20 A

6 A 21 B

7 B 22 A

8 E 23 FFF

9 C 24 C

10 E

11 C

12 V

13 D

14 C

15 FF

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Comentários

Questão 01 - VUNESP – TJ/MS – Juiz Substituto – 2015

Comentários

A alternativa correta é a Letra E.

Isto porque conforme a Súmula 489 do STJ: Súmula 489 - Reconhecida a continência,
devem ser reunidas na Justiça Federal as ações civis públicas propostas nesta e na Justiça
estadual.

A alternativa A está falsa, uma vez que não se trata de atuação facultativa do MP, mas
de determinação legal, tal qual previsão do artigo 5º, parágrafo 3º, da LACP:

§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o


Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.

A alternativa B está falsa, uma vez que o juiz poderá conferir o efeito suspensivo ao
recurso, conforme dispõe o art. 14 da LACP:

Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável
à parte.

A alternativa C está falsa, eis que contrária ao parágrafo único do artigo 1º, da LACP:

Parágrafo Único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam
tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS
ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente
determinados.

Já a alternativa D está falsa, eis que a ação civil pública NÃO TEM por objeto a declaração
da existência ou inexistência de relação jurídica e tampouco a obrigação de dar. Somente
tem por objeto, conforme dispõe o artigo 3°:

Artigo 3º. A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento
de obrigação de fazer ou não fazer.

Questão 02- FCC – DPE/BA - 2016

Comentários

Alternativa Correta, letra A, conforme decidido pelo Colendo STF nos autos da ADI 3943:

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EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEGITIMIDADE ATIVA DA


DEFENSORIA PÚBLICA PARA AJUIZAR AÇÃO CIVIL PÚBLICA (ART. 5º, INC. II, DA LEI N.
7.347/1985, ALTERADO PELO ART. 2º DA LEI N. 11.448/2007). TUTELA DE INTERESSES
TRANSINDIVIDUAIS (COLETIVOS STRITO SENSU E DIFUSOS) E INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS. DEFENSORIA PÚBLICA: INSTITUIÇÃO ESSENCIAL À FUNÇÃO
JURISDICIONAL. ACESSO À JUSTIÇA. NECESSITADO: DEFINIÇÃO SEGUNDO PRINCÍPIOS
HERMENÊUTICOS GARANTIDORES DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO E DA
MÁXIMA EFETIVIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS: ART. 5º, INCS. XXXV, LXXIV,
LXXVIII, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. INEXISTÊNCIA DE NORMA DE EXCLUSIVIDAD
DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA AJUIZAMENTO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO INSTITUCIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO PELO RECONHECIMENTO DA
LEGITIMIDADE DA DEFENSORIA PÚBLICA. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE.

(ADI 3943, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 07/05/2015,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-154 DIVULG 05-08-2015 PUBLIC 06-08-2015)

Questão 03- FCC – DPE/SP – 2015 - ADAPTADA

Comentários

Item Falso, eis que a legitimação não é EXCLUSIVA da DPE, e sim CONCORRENTE e
DISJUNTIVA onde um legitimado não exclui o outro.

Questão 04- FCC – DPE/BA – 2016 - ADAPTADA

Comentários

O Item I está falso, eis que vários são os legitimados para propor Ação Civil pública,
inexistindo atribuição exclusiva ao MP, conforme artigo 129 da CF:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: III - promover o inquérito civil e
a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos;
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo
não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição
e na lei.

O Item II está falso, eis que a Ação Popular apenas será cabível nos termos previstos na
Constituição Federal (onde não se inclui a defesa do consumidor):

CF, Artigo 5º. LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;”

Questão 05 - VUNESP – TJ/RJ – Juiz Substituto – 2014

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Comentários

Alternativa correta, letra A, conforme parágrafo 1º, do artigo 12, da LACP:

Art. 12. § 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar
grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do
Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da
liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras,
no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.

A alternativa B está falsa, eis que poderá ser objeto da ACP também o pedido de
obrigação de fazer e não fazer (artigo 3º, LACP).

as pessoas jurídicas de direito público interno


A alternativa C está falsa, eis que
POSSUEM legitimidade para ajuizar ação civil pública (artigo 5º, LACP).

A alternativa D está falsa, uma vez que a Súmula 183 do STJ fora cancelada:

STJ – Súmula 183 - CANCELADA. Compete ao Juiz Estadual, nas Comarcas que não sejam
sede de vara da Justiça Federal, processar e julgar ação civil pública, ainda que a União
figure no processo.

Neste sentido:

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


RESPONSABILIDADE POR DANO CAUSADO A BEM CONSIDERADO COMO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO. INTERESSE DA UNIÃO. APLICAÇÃO DO ART. 109, INCISO I, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. SÚMULA 183/STJ. CANCELAMENTO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
FEDERAL.
Nega-se provimento ao agravo regimental em face das razões que sustentam a decisão
agravada, sendo certo que consoante o disposto no art. 109, I, da Magna Carta, a
competência para processar e julgar a ação é da Justiça Federal, dado o interesse da União
no feito, por tratar-se de Ação Civil Pública de responsabilidade por danos causados a bem
de valor histórico, cumulada com obrigação de fazer, consistente na tomada de medidas
tendentes à restauração e conservação da área denominada Fortaleza de Santo Amaro da
Barra Grande, localizada na Ilha de Santo Amaro (Guarujá), junto à praia de Nossa Senhora
dos Navegantes (Pouca Farinha), considerada como patrimônio histórico, já tombada pelo
órgão público competente, edificada no final do século XVI, no ano de 1583, à época do
domínio espanhol (união das coroas). Não incidência, pois, na espécie, da Súmula n° 183
deste Tribunal que, dada a evolução legislativa, restou cancelada.
(AgRg no CC 27.828/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
26/03/2003, DJ 05/05/2003, p. 211)

Questão 06- FCC – TJ/RR – 2015 – Juiz Estadual

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Alternativa correta, letra A, nos termos do artigo 5º, da LACP.

Questão 07- FCC – TJ/GO – 2015 – Juiz Estadual

Comentários

A alternativa correta é a letra b, eis que, conforme dispõe o artigo 11, da LACP, o juiz
determinará a aplicação de multa diária, independente do requerimento do Autor:

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer,
o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da
atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta
for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.

Além disso, o artigo 12, da LACP, em seu parágrafo 2º, estabelece que:

§ 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em


julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver
configurado o descumprimento.

Tem-se, portanto, que falsas as alternativas A e D.

Por fim, as letras C e E estão falsas, uma vez que o artigo 12, da LACP estabelece ser
facultativa a justificação prévia.

Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em
decisão sujeita a agravo.

Questão 08- MPE/PR – 2013 – Promotor

Comentários

A questão pedia a alternativa incorreta.

Assim, o candidato deveria marca a letra E, eis que a legitimidade para firmar Termo
de Ajustamento de Conduta é dada apenas aos órgãos públicos:

Artigo 5º. § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso
de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia
de título executivo extrajudicial.

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Questão 09- MPE/PR – 2013 – Promotor

Comentários

Alternativa correta, letra C, nos termos do artigo 1º, inciso V, da Lei 7.347/85:

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei nº
12.529, de 2011).

V - por infração da ordem econômica; (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).

A alternativa A está falsa, eis que o interessado poderá REQUERER e não REQUISITAR
(artigo 8º, LACP);

A alternativa B está falsa, eis que cabe ao próprio CSMP designar outro órgão do MP para
ajuizar a ação.

Artigo 9º. § 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento,


designará, desde logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

A alternativa D está falsa, eis que a ACP não é cabível em causas que envolvam FGTS e
previdenciárias, nos termos do artigo 1º, parágrafo 1º, da LACP:

Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam
tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS
ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente
determinados.

Já a alternativa E está falsa, uma vez que os requisitos para a associação ajuizar ACP
são concomitantes e não alternativos.

Questão 10 - VUNESP – Analista SP URBANISMO – 2014

Comentários

Alternativa correta, letra E.

Trata-se de interpretação do artigo 11, da LACP:

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer,
o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da
atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta
for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.

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A alternativa A está falsa, uma vez que qualquer pessoa poderá provocar o MP e o
servidor público DEVERÁ (artigo 6º).

A alternativa B está falsa, uma vez que a atuação dos juízes deve ser no exercício de
suas funções (artigo 7º).

A alternativa C está falsa, uma vez que necessário o esgotamento de todas as diligências
para a promoção do arquivamento (artigo 9º).

A alternativa D está falsa, uma vez que o prazo para fornecimento de informações é de
15 dias e não de 20 (artigo 8º).

Questão 11 - VUNESP – Procurador Legislativo – Município de


Sertãozinho/SP – 2014

Comentários

Alternativa correta, letra C, nos termos do artigo 5º, da LACP.

A alternativa A está falsa, por contrariar o artigo 2º, da LACP.

A alternativa B está falsa, por contraria o artigo 3º, da LACP.

A alternativa D está falsa, por contraria o artigo 12, da LACP.

A alternativa E está falsa, por contraria o artigo 5º, inciso II, da LACP.

Questão 12 – FCC – DPE/SP – 2015 - ADAPTADA

Comentários

Item considerado verdadeiro pela Banca, mas controverso.

De fato o STF entendeu ser necessária a autorização expressa para as Ações Ordinárias
propostas por associações. Contudo, em caso de Mandado de Segurança, desnecessária tal
autorização.
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ASSOCIAÇÃO. NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO EXPRESSA
DOS ASSOCIADOS. ART. 5º, XXI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. EXISTÊNCIA DE
REPERCUSSÃO GERAL. Questão relevante do ponto de vista jurídico.

(RE 573232 RG, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 15/05/2008, DJe-
102 DIVULG 05-06-2008 PUBLIC 06-06-2008 EMENT VOL-02322-05 PP-00906 RDECTRAB
v. 18, n. 203, 2011, p. 52-58 )

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Sumula 629 - STF A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe
em favor dos associados independe da autorização destes.

Questão 13 – FCC – DPE/CE – 2014

Comentários

Alternativa correta, letra D.

A questão toda representa os efeitos da coisa julgada em ação coletiva previstos no artigo
103 do CDC:

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I - erga omnes , exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento
valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por
insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista
no inciso II do parágrafo único do art. 81;
III - erga omnes , apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas
e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.

Questão 14 – FCC – DPE/AM – 2013

Comentários

Alternativa correta, letra C, apenas os itens IV e V estão verdadeiros.

Os itens refletem o inteiro teor do artigo 103, do CDC:

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I - erga omnes , exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento
valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81 (Interesses
Difusos)
II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por
insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista
no inciso II do parágrafo único do art. 81 (Interesses Coletivos)
III - erga omnes , apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas
e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81 (Interesses
individuais homogêneos).

Questão 15 – FCC – DPE/PB – 2014 - ADAPTADA

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O item I está falso. Apesar de o artigo 16 da LACP demonstrar o afirmado no enunciado,


o STJ pacificou o entendimento no sentido de que os efeitos e a eficácia da sentença
prolatada em ação civil coletiva não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites
objetivos e subjetivos do que foi decidido.

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial
do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento,
valendo-se de nova prova. (Redação dada pela Lei nº 9.494, de 10.9.1997)

Neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL COLETIVA. EXECUÇÃO.


LIMITAÇÃO TERRITORIAL. INEXISTÊNCIA. - Os efeitos e a eficácia da sentença prolatada
em ação civil coletiva não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites objetivos
e subjetivos do que foi decidido.
- Agravo não provido.
(AgRg no REsp 1326477/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
06/09/2012, DJe 13/09/2012)

O item II está falso por contrariar o artigo 95 do CDC:

Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a condenação será genérica, fixando a


responsabilidade do réu pelos danos causados.

Questão 16 – FCC – DPE/PB - 2014

Comentários

Alternativa correta, letra D, em razão do disposto no artigo 98, parágrafo 2º, do CDC:
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o
art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de
liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras execuções. (Redação dada pela Lei
nº 9.008, de 21.3.1995)
§ 2° É competente para a execução o juízo:
I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual;

A alternativa A está falsa, uma vez que nos termos do artigo 98, do CDC, poderá ser
executada também por por outro legitimado.

A letra B está falsa. Apesar de o artigo 16 da LACP demonstrar o afirmado no enunciado,


o STJ pacificou o entendimento no sentido de que os efeitos e a eficácia da sentença
prolatada em ação civil coletiva não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites
objetivos e subjetivos do que foi decidido.

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Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial
do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento,
valendo-se de nova prova. (Redação dada pela Lei nº 9.494, de 10.9.1997)

Neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL COLETIVA. EXECUÇÃO.


LIMITAÇÃO TERRITORIAL. INEXISTÊNCIA. - Os efeitos e a eficácia da sentença prolatada
em ação civil coletiva não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites objetivos
e subjetivos do que foi decidido.
- Agravo não provido.
(AgRg no REsp 1326477/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
06/09/2012, DJe 13/09/2012)

A letra C está falsa, conforme disposto no artigo 98, do CDC.

A letra E está falsa, por contrariar o artigo 95 do CDC:

Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a condenação será genérica, fixando a


responsabilidade do réu pelos danos causados.

Questão 17 – MPE/GO – MPE/GO - 2013

Comentários

Alternativa correta, letra C.

Trata-se da intepretação dos artigos 98 e 99 do CDC:

Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o
art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de
liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras execuções.
§ 1° A execução coletiva far-se-á com base em certidão das sentenças de liquidação, da
qual deverá constar a ocorrência ou não do trânsito em julgado.
§ 2° É competente para a execução o juízo:
I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual;
II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.
Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes de condenação prevista na Lei n.°
7.347, de 24 de julho de 1985 e de indenizações pelos prejuízos individuais resultantes do
mesmo evento danoso, estas terão preferência no pagamento.

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A letra A está falsa, uma vez que inexiste tal exceção no Eca ou no Estatuto do Idoso. Em
verdade, em qualquer caso, a multa será devida após o trânsito em julgado, nos termos do
artigo 12, da LACP, em seu parágrafo 2º, estabelece que:

§ 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em


julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver
configurado o descumprimento.

A letra B está falsa, uma vez que desnecessário o pedido expresso do autor para
cominação de multa, nos termos do artigo 11 da LACP:

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer,
o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da
atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta
for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.

Já a letra D está falsa, uma vez que é perfeitamente possível executar decisões que
determine a implantação de política pública pela administração pública, independente da
alegação de reserva do possível, certo que esta tese não pode servir para inviabilizar a
efetivação de direitos fundamentais.

Questão 18 – FCC – Advogado SABESP - 2014

Comentários

Alternativa correta, letra A.

Trata-se de interpretação do parágrafo 2º, do artigo 103, do CDC:


Art. 103 § 2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os
interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor
ação de indenização a título individual.

A alternativa B está falsa, uma vez que o artigo 98 do CDC estabelece:

Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o
art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de
liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras execuções.

A alternativa C está falsa, uma vez que o prazo previsto no artigo 100 do CDC é de um
ano:

Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número


compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a
liquidação e execução da indenização devida.

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A alternativa D está falsa, uma vez que a coisa julgada poderá operar-se para aqueles
que não integraram a ação, desde que ao demanda seja julgada procedente (artigo 103,
III, CDC).

A alternativa E está falsa, uma vez que a sentença pode ser executada pela vítima ou
seus sucessores, nos termos do artigo 97, do CDC.

Questão 19 – FCC – MPE/RS – 2010 - ADAPTADA

Comentários

O item “a” está falso, por contrariar o artigo 97 do CDC:

Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus
sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.

O item “b” está falso, por contrariar o artigo 98, parágrafo 2º, do CDC:

Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o
art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de
liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras execuções. (Redação dada pela
Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
§ 2° É competente para a execução o juízo:
I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual;
II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.

Questão 20 – CESPE – DPE/SE - 2012

Comentários

Alternativa correta, letra A, conforme disposto no artigo 13, do CDC:

Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um
fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão
necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos
destinados à reconstituição dos bens lesados.

A alternativa B está falsa, uma vez que a competência para processar e julgar ação
popular e ACP contra presidente da república é do juiz de 1º grau.

A alternativa C está falsa, uma vez que contraria o parágrafo único do artigo 2º, da Lei
7.347/85:

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Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano,
cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.

Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as


ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o
mesmo objeto.

A alternativa D está falsa, uma vez que nem toda demanda envolvendo o direito
ambiental será de competência da justiça federal.

A alternativa E está falsa, eis que na sentença que reconheça a obrigação de pagar, a
Fazenda Pública será intimada não para opor embargos, mas para IMPUGNAR a execução:

CPC, Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial,
por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos
próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir:

Questão 21 – CESPE – MPE/SE - 2010

Comentários

Alternativa correta, letra B.

Isto porque conforme visto em nossa aula, a liquidação da sentença é a fase do processo
que define com segurança o valor da prestação (quantum debeatur) e ainda individualiza o
objeto da prestação (quid debeatur) nas decisões proferidas de forma ilíquidas.
Quanto às obrigações de fazer e não fazer, não há necessidade de liquidação, haja vista
que o artigo 11, da Lei 7.347/85 é cristalino:

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer,
o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da
atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta
for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.

É que, segundo Fredie Didier (2016, pg. 424):

O objetivo da liquidação é, portanto, o de integrar a decisão liquidanda, chegando a uma


solução acerca dos elementos que faltam para a completa definição da norma jurídica
individualizada, a fim de que essa decisão possa ser objeto de execução.
Dessa forma, liquidação de sentença é atividade judicial cognitiva pela qual se busca
complementar a norma jurídica individualizada estabelecida num título judicial.

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A alternativa A está falsa, conforme artigo 95, do CDC:


Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a condenação será genérica, fixando a
responsabilidade do réu pelos danos causados.
A alternativa C está falsa, nos termos do artigo 98 do CDC:

Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o
art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de
liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras execuções.

A alternativa D está falsa, nos termos do artigo 99 do CDC:

Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes de condenação prevista na Lei n.°
7.347, de 24 de julho de 1985 e de indenizações pelos prejuízos individuais resultantes do
mesmo evento danoso, estas terão preferência no pagamento. Portanto, os prejuízos
individuais terão preferência no pagamento aos prejuízos coletivos.

Já a alternativa E está falsa, em razão do artigo 100, do CDC:

Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número


compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a
liquidação e execução da indenização devida

Questão 22 – CESPE – TJ/RN – Juiz - 2013

Comentários

A alternativa correta é a letra A, nos termos do artigo 91 do CDC:

Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 poderão propor, em nome próprio e no
interesse das vítimas ou seus sucessores, ação civil coletiva de responsabilidade pelos danos
individualmente sofridos, de acordo com o disposto nos artigos seguintes.

A alternativa B está falsa, nos termos do artigo 97 do CDC:

Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus
sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.

A alternativa C está falsa, eis que o valor da condenação não será revertido ao ente público
e sim ao fundo gerido pelo Conselho Federal, conforme o disposto no art. 13 da lei 7347/85:

Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um
fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão

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necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos


destinados à reconstituição dos bens lesados.

Já a alternativa D está falsa, uma vez que caberá a execução a um dos demais legitimados,
nos termos do artigo 15 da LACP:

Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem
que a associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público,
facultada igual iniciativa aos demais legitimados.

A alternativa E está falsa, uma vez que a condenação será genérica:


Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a condenação será genérica, fixando a
responsabilidade do réu pelos danos causados.

Questão 23 – MPT – MPT – Procurador – 2015 - ADAPTADA

Comentários

O item está Falso, conforme o artigo 91, do CDC. A liquidação e execução poderá ser feita
pelos legitimados do artigo 82 inclusive na qualidade de substitutos processuais.

Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 poderão propor, em nome próprio e no
interesse das vítimas ou seus sucessores, ação civil coletiva de responsabilidade pelos danos
individualmente sofridos, de acordo com o disposto nos artigos seguintes.

O item II está falso, eis que a preferência é dos créditos individuais:

CDC, Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes de condenação prevista na Lei
n.° 7.347, de 24 de julho de 1985 e de indenizações pelos prejuízos individuais resultantes
do mesmo evento danoso, estas terão preferência no pagamento

O item III está falso, por contrariar o disposto no artigo 97 do CDC:

Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus
sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.

Questão 24 – MPT – MPT – Procurador - 2012

Comentários

Alternativa correta, letra C.

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Todas as alternativas procuram interpretar o disposto no artigo 98, parágrafo 2º, do CDC:

Art. 98.
§ 2° É competente para a execução o juízo:
I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual;
II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.

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7 - Considerações Finais

Meus amigos, chegamos ao final de mais uma aula.

Espero que vocês tenham gostado! Quaisquer dúvidas, estou às ordens nos
canais do curso e nos seguintes contatos:

profigormaciel@gmail.com

@ProfIgorMaciel

Grande abraço!

Igor Maciel

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