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CURITIBA
2006
Introdução
multidões de crentes” (WEBER, 1963: p. 309). Essas religiões, segundo ele, são:
confucionismo, cuja camada portadora da religião era formada por “homens com educação
literária que se caracterizavam pelo racionalismo secular”, ou seja, pela parte culta da
sociedade (p. 310); o hinduísmo, composto de uma casta hereditária de letrados, legítimos
portadores das escrituras religiosas; o budismo, propagado pelos monges, únicos membros
que queriam dominar o mundo; o judaísmo, com sua camada de intelectuais treinados na
(1978, p. 85), a religião é um “sistema de idéias através dos qual os indivíduos representam
representação espontânea e ilusória do mundo, “mas representação tal que, pelo seu próprio
conteúdo, do seu próprio interior, ela funda e exige uma prática que lhe corresponde”
reuniões e não seguir a religião em casa? Por que as religiões não fazem sentido fora da
instituição? “En primer lugar, no se supone que uno alcance la paz retirándose de la
sociedad. Uno debe permanecer en la sociedad Deus alternando com la gente, pero llevando
Nas religiões de salvação, o “exercício regular do culto” foi um dos fatores que
religiosos), têm a função de organizar a instituição e distribuir bens de salvação aos fiéis, ao
contrário das religiões mágicas em que, por não possuir um culto formal e por faltar ao
feiticeiro a racionalização de idéias e valores éticos, que dão sentido existencial a uma
multidão de crentes, ficou confinada a ser um meio “marginal” de salvação, restrita em que
magia cresce ainda mais, pois as religiões universais se colocam como único meio legítimo
de salvação. Contudo, a magia como forma de cura dos males e, sobretudo, das
enfermidades, foi sempre procurada pelo indivíduo, pois ele já não se voltava para o culto
mais velho e pessoal” (p. 315). Isso, segundo Weber, resultou na formação de uma
nova posição em relação ao sofrimento individual, pois a preocupação também era dirigida
ao sofrimento das massas. Nesse sentido, as religiões de redenção tinham por objetivo
“Tanto la ética como la religión, tanto el misticismo como la cortesia apuntan pues al
mimso fin: una tranquilidad desapegada que defienda contra toda pertubación de adentro o
de afuera” (2005: 126). Logo, a religião serviria para amortizar esse sofrimento. Sofre-se
aqui, mas tendo em vista uma “recompensa” futura, neste mundo ou em outro que haveria
de vir.
materiais entre os homens. Com isso, as religiões atendem a uma necessidade geral, no
elas, “necessitam saber que têm direito à boa sorte. Desejavam ser convencidas de que
saber que os menos afortunados também estão recebendo o que merecem. A boa fortuna
redenção que as livrassem do sofrimento do mundo, a distribuição dos bens materiais entre
uma explicação religiosa para o sofrimento, que era percebido como negativo e injusto.
Para que o infortúnio do sofrimento pudesse ser percebido, ele teve de adquirir um
caráter positivo, justificado pelas religiões universais, que nas sociedades tribais, era visto
como um desagrado aos deuses e como um sintoma de culpa secreta. Nas religiões de
formas de punições e abstinência em relação á dieta e sono, bem como relações sexuais,
e carentes. Nisso, pode-se dizer que os cultos de redenção, promovidos pelas religiões
racional do mundo baseada no mito do redentor ou do profeta, que “tal visão racional do
mundo deu com freqüência ao sofrimento, como tal, um valor positivo que lhe era antes
totalmente estranho” (p. 317). Ao tornar o sofrimento como um valor positivo, essa
concepção centrava sua esperança num salvador que tivesse, ao mesmo tempo, um caráter
individual e universal, pronto para garantir a salvação do indivíduo e de toda a coletividade
que se voltassem para ele. Essa concepção de mundo, que resultou da profecia emissária,
possibilitou o surgimento de uma concepção metafísica de Deus, criada pelo judaísmo, que
monte Sinai, que deu origem às três religiões que Maurílio Adriani chama de “fés de
bíblica, quando o povo era escravo no Egito, Moisés desafiou o faraó para que libertasse o
povo de Israel. Cada vez que o faraó recusava, o povo era atingido por pragas. Ao final,
depois que Deus enviou as dez pragas, o povo foi liberto, mas mesmo assim foi seguido por
faraó e seu exército. Com isso, permitiu-se a realização do milagre maior: o mar Vermelho
se abriu e o povo hebreu passou. Em seguida, o mar se fechou, afogando todo o exército de
faraó.
terra, a quem Deus teria dado uma missão muito especial de firmar, pro meio dele, uma
aliança com o povo de Israel. Foi para Moisés que Deus teria entregado as tábuas com os
Dez Mandamentos, por meio das quais as religiões de ascendência bíblica baseiam seu
pecado, ou seja, aquilo que não agrada a Deus e o separa do homem. por causa do pecado
bíblica estava diretamente voltado para a ação no mundo e não fora dele. As idéias não
eram análogas, ideais, mas concretas. O profeta é legitimado por fatos concretos. O milagre
deve acontecer para comprovar a que aquela pessoa realmente é a escolhida por Deus.
Dessa forma, a profecia emissária, que mostra o caminho de salvação por meio do
mensageiro ou instrumento de Deus, que revela suas exigências éticas aos homens, difere
uma vida guiada pela contemplação. Nessa profecia, há ausência do conceito de Deus ético
e supramundano, segundo Weber, que foi tão presente na profecia emissária. Isto significa
dizer que a concepção de Deus supramundano “foi especialmente importante para a direção
ativa e ascética de busca de salvação. Não teve a mesma importância para a busca
contemplativa com o divino mediante a posse dele pelo êxtase. O Divino, na profecia
exemplar, era considerado um ser supremo e impessoal, como Brahma, na religião hindu.
Nas religiões tradicionais — que Godelier chama de “primitivas” — não havia essa
Segundo Godelier, o homem primitivo pensa a natureza por analogia, ou seja, pensa
fantásticos que representam, que forma ilusória, as realidades invisíveis da natureza, “as
Analisando os textos de Marx e Engels, podemos ver que, o “reflexo fantástico” das
forma, trata o mundo de coisas como de pessoas e o mundo subjetivo como objetivo. Como
afirma Marx, “a personificação das coisas e a reificação das relações de produção, esta
Para Marx, a ideologia religiosa e a ideologia dominante nos povos primitivos. À medida
que as relações nesses povos foram se hierarquizando, a sociedade perdeu controle sobre si
própria e a ideologia tomou conta dessas forças sociais e lhes atribuiu caráter sobrenatural,
como vontade e consciência, mas que podem fazer o que o homem não pode fazer. “Estes
personagens formam uma sociedade ideal e mantêm relações entre si e com a sociedade
A estrutura dominante das relações sociais, nessas sociedades, é dada pelas relações
de parentesco. Dessa forma, há uma forte relação entre o papel das relações de parentesco
na vida social e sua função de armadura sociológica do mundo ideal dos mitos. O homem
religiosos, do sofrimento como algo positivo e das profecias, tanto emissárias quanto de
exemplo, as religiões mágicas se diferem das religiões de salvação na relação entre a vida
por determinada sociedade, fazendo com que não se possa distinguir a vida secular da vida
religiosa, ao contrário do que acontece nas religiões racionalizadas, que são conscientes em
si mesmas. Nestas, são muito distintas as relações entre a vida espiritual e a vida cotidiana,
Por fim, uma religião se legitima quando tem uma documentação, uma literatura. A
religião só pode ser racionalizada quando tem um livro, como a Bíblia ou o Corão.
À medida que o mundo parece sem sentido, a religião tende a se racionalizar para
dar um sentido ao mundo. “A unidade da imagem primitiva do mundo, em que tudo era
racionalização da religião tradicional de Bali, que o autor chamou de “bali-ismo”, que mais
tarde, em 1962, foi admitida como grande religião da Indonésia. Segundo Geertz, as
possibilidades de conversão para outras religiões são praticamente excluídas, pois, na
abandonou a religião, mas também a própria Bali e até perdeu o juízo. “El cristianismo
Deus el Islam podrán continuar ejercendo influencia en la vida religiosa de la isla; pero no
religiones mundiales tanto por el carácter general de las preguntas que formula como por el
los mitos, el derrumbre de los fundamentos en una forma clara, sin barnices” (p. 163).
A importância do estudo dos rituais para a compreensão da experiência religiosa
encontro com o sagrado — que Godelier define como a relação dos homens com a origem
das coisas “na qual os homens reais desaparecem e parecem no seu lugar duplos deles
O ritual serve como um marco na vida religiosa e divide-se em três etapas, definidas
por Van Gennep, que são citadas em Turner (1974, 201): pré-liminariedade (separação),
base para a compreensão do ritual, pois nela encontra-se simplificada toda a estrutura do
o sagrado e é por meio desses rituais que se percebe melhor a religiosidade. Todo o ritual
serve para reforçar a concepção religiosa. Como já foi dito no início, toda a religião é
dos rituais.
Bibliografia
1978.