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O TEMPO MUSICAL NO TEMPO DO SUJEITO:

OUVINDO OS FAZEDORES DE MÚSICA DA IDADE MADURA

KATIA KLAR RENNER

O poder da experiência musical mobiliza a condição humana de conhecer-se, num espaço de


liberdade e auto-realização, onde a experiência estética ativa o processo dinâmico de construção
interior. (p.7)

Portanto, a amplitude da expectativa do tempo de vida, num alargamento da longevidade, vai exigir
inúmeras estratégias, através de metodologias educacionais, visando a oferecer a esta clientela,
projetos de desenvolvimento cognitivo, afetivo e estético, na busca de agregar significados,
estimulando a educação permanente na construção pessoal “desafiadora e transformadora”
(FREIRE, 1997) (p.10)

Na visão de Duarte (1999) o envelhecimento, como ocorre em todas as etapas do desenvolvimento


psicológico, é tão complexo como pluridimensional: é um fato biológico, social e psicológico, faz
parte do plano maturativo, circunstancial e próprio da espécie humana.(p.18)

Segundo a autora Sá (2004), espera-se que o aluno veterano seja capaz de aprender a aprender, estar
sempre aberto à mudança, compreendendo a temporalidade do humano; colocar-se numa atitude de
constante movimento: mental, emocional e social, aprender a avaliar-se; distinguir o principal do
acessório; estar voltado mais para a aquisição de atitudes mentais do que para simples aquisição de
conhecimentos; colocar-se numa atitude de troca de conhecimentos; compreender-se enquanto
totalidade humana; buscar a disponibilidade e não o egoísmo; a liberdade e não o automatismo; o
social e não o individualismo; a cooperação e não a competição, buscar enfim a humanização e a
transcendência. (p.23)

Lapassade, (apud FERRIGNO 2005), traz o conceito de “inacabamento do sujeito”, porque este
nasce prematuro, física e psiquicamente, e que, além disso, ou por isso permanecerá sempre
inacabado. Portanto, combate o mito da perfectibilidade humana, possível de ser alcançada em
determinado momento da cronologia do indivíduo, que geralmente é situado no estágio de adulto
jovem. Aí reside uma das fontes de discriminação não somente dos velhos, mas também às crianças.
Esses extremos do ciclo da vida humano não colocados em posição de inferioridade social. (p.23)

Andragogia deriva do grego aner (adulto) e agogus (conduzir, guiar), portanto, é a arte de orientar
os adultos a aprender. Caracteriza-se por estimular a ação e a participação em atividades reais de
aprendizagem e auto-aprendizagem, “numa atitude crítica e criadora que busca obter na multi e
transdisciplinaridade, a construção da forma contínua dos homens” (KRISCHKE, 2000, p.3). (p.24)

Ainda na visão de Bandeira (2005), a Organização Mundial da Saúde definiu qualidade de vida
como a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida, dentro do contexto da cultura e do
sistema de valores em que vive, considerando seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.
Cabe à sociedade oferecer oportunidades e acesso à educação, o que contribuirá para uma vida com
mais qualidade, na maioria das vezes.
Os indicadores da qualidade de vida na velhice, segundo alguns autores citados por Bandeira, são o
grau de independência e autonomia, a sensação de bem-estar, estar satisfeito com a vida atual, ter
expectativas em relação ao futuro.(p.31)
Toda a vivência do adulto maduro encaminha-se para o exercício de ressignificar suas experiências,
assim como no contato com a linguagem musical. Ativando a consciência agregam e remodelam-se
as percepções do fato sonoro. [...] Mora (2004) argumenta que o homem não apenas percebe; ele se
emociona, sente e cria a beleza graças ao seu cérebro. Também pode não apenas “ver”, mas “saber
que vê”, um privilégio da raça humana. (p.41)

“O som é um objeto subjetivo, que está dentro e fora, não pode ser tocado diretamente, mas nos
toca com uma enorme precisão” (WINSK, 1989, p.29) (p.45)

À medida que as pessoas amadurecem, sofrem transformações, diz Knowles (1998), indicando, a
seguir, as peculiaridades da aprendizagem no adulto: passam de pessoas dependentes para
indivíduos independentes, autodirecionados; acumulam experiências de vida que serão o
fundamento e o substrato do seu aprendizado futuro; seus interesses para a aprendizagem se
direcionam para o desenvolvimento das habilidades que utilizam no seu papel social; na sua
profissão, esperam uma imediata aplicação do que aprendem, reduzindo seu interesse por
conhecimentos a serem úteis num futuro distante; preferem aprender a resolver problemas e
desafios. Mais que simplesmente aprender um assunto, passam a apresentar motivações internas
(satisfação, melhoria na qualidade de vida, elevação da auto-estima, motivações pessoais, realizar
uma ação) mais intensas que motivações externas (como notas nas provas, por exemplo).

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