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LINGUAGENS E CÓDIGOS

GRAMÁTICA PROFª: SAMARA.

FUNÇÕES DA LINGUAGEM.
1. (UEMG-2006) Assinale a alternativa em que o(s)
termo(s) em negrito do fragmento citado NÃO contém
(êm) traço(s) da função emotiva da linguagem.
a) Os poemas (infelizmente!) não estão nos rótulos de
embalagens nem junto aos frascos de remédio.
b) A leitura ganha contornos de “cobaia de laboratório”
quando sai de sua significação e cai no ambiente artificial
e na situação inventada.
c) Outras leituras significativas são o rótulo de um
produto que se vai comprar, os preços do bem de
consumo, o tíquete do cinema, as placas do ponto de
ônibus (...)
d) Ler e escrever são condutas da vida em sociedade.
Não são ratinhos mortos (...) prontinhos para ser
desmontados e montados, picadinhos (...)

2. (UFV-2005) Leia as passagens abaixo, extraídas


de São Bernardo, de Graciliano Ramos:
I. Resolvi estabelecer-me aqui na minha terra, município
de Viçosa, Alagoas, e logo planeei adquirir a propriedade
S. Bernardo, onde trabalhei, no eito, com salário de cinco
tostões.
As funções da linguagem são: II. Uma semana depois, à tardinha, eu, que ali estava
1 – Função emotiva ou expressiva – quando a aboletado desde meio-dia, tomava café e conversava,
linguagem está centrada no próprio emissor, bastante satisfeito.
revelando seus sentimentos, suas emoções. Ex.: III. João Nogueira queria o romance em língua de
“Solto a voz nas estradas/ Já não posso parar/ Meu Camões, com períodos formados de trás para diante.
caminho é de pedra/ Como posso sonhar”. IV. Já viram como perdemos tempo em padecimentos
inúteis? Não era melhor que fôssemos como os bois?
2 – Função apelativa ou conativa – quando o emissor Bois com inteligência. Haverá estupidez maior que
organiza a mensagem com o objetivo de influenciar o atormentar-se um vivente por gosto? Será? Não será?
receptor. É muito usada em mensagens publicitárias. Para que isso? Procurar dissabores! Será? Não será?
Ex.: Não deixe para última hora! Programe suas V. Foi assim que sempre se fez. [respondeu Azevedo
férias. Gondim] A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente
discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas
arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse
3 – Função referencial ou denotativa – quando a escrever como falo, ninguém me lia.
intenção do emissor é falar objetivamente sobre o Assinale a alternativa em que ambas as passagens
contexto real. É a linguagem de caráter informativo. demonstram o exercício de metalinguagem em São
Ex.: Textos de jornal, revistas, livros didáticos, Bernardo:
científicos etc.
a) III e V. b) I e II. c) I e IV.
4 – Função metalinguística – quando a linguagem fala d) III e IV. e) II e V.
dela mesma, se destina à explicação das próprias
palavras (códigos). Ex.: Quando digo “alto”, significa (PUC/SP-2001)A Questão é Começar
“parem”. Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever
também. Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre
5 – Função fática – quando a linguagem é usada para conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa
confirmar se de fato o emissor está sendo ouvido. É civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde, como
um canal de comunicação. Ex.: Você está me vai?” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer
entendendo? Certo? Não é verdade? Etc. assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol. No
escrever também poderia ser assim, e deveria haver para
6 – Função poética - quando a linguagem revela um a escrita algo como conversa vadia, com que se divaga
cuidado especial com o ritmo das frases, com a até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas,
sonoridade das palavras, com o jogo de ideias. Ex.: à diferença da conversa falada, nos ensinaram a escrever
Textos literários, provérbios etc. e na lamentável forma mecânica que supunha texto
prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes
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se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para Acabou-se a história e morreu a vitória.
pensar, uma outra forma de conversar.
Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na
Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em
rituais. Fomos induzidos a, desde o início, escrever bonito um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles
e certo. Era preciso ter um começo, um desenvolvimento campos, furos puxadouros arrastadouros meios-
e um fim predeterminados. Isso estragava, porque barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solidão
bitolava, o começo e todo o resto. Tentaremos agora do deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio
(quem? eu e você, leitor) conversando entender como Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia
necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um ato nem falar da tribo nem contar aqueles casos tão
inaugural; não apenas transcrição do que tínhamos em pançudos. Quem podia saber do Herói?
mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do
próprio pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente Mário de Andrade.

escreve antes, o leitor lê depois.” “Não!”, lhe respondo,


Considerando-se a linguagem desses dois textos,
“Não consigo escrever sem pensar em você por perto,
verifica-se que
espiando o que escrevo. Não me deixe falando sozinho.”
a) a função da linguagem centrada no receptor está
Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com
ausente tanto no primeiro quanto no segundo texto.
interlocutores invisíveis, imprevisíveis, virtuais apenas,
b) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial,
sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre
enquanto, no segundo, predomina a linguagem formal.
ativamente presentes. Depois é espichar conversas e
c) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo menos
novos interlocutores surgem, entram na roda, puxam
uma palavra de origem indígena.
assuntos. Termina-se sabe Deus onde.
d) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na
forma de organização da linguagem e, no segundo, no
(MARQUES, M.O. Escrever é Preciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13).
relato de informações reais.
e) a função da linguagem centrada na primeira pessoa,
3.Observe a seguinte afirmação feita pelo autor: “Em
predominante no segundo texto, está ausente no
nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa
primeiro.
tarde” já não funcionam para engatar conversa.
5. (Enem-2012) Desabafo
Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de
Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma
futebol.” Ela faz referência à função da linguagem cuja
cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não dá. Não
meta é “quebrar o gelo”. Indique a alternativa que explicita
tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-
essa função.
feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci
ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na
a) Função emotiva b) Função referencial
secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar
c) Função fática d) Função conativa
que venceram ontem. Estou nervoso. Estou
e) Função poética
zangado.CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).
4. (Enem-2007)
Nos textos em geral, é comum a manifestação
O canto do guerreiro
simultânea de várias funções da linguagem, com o
Aqui na floresta
predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No
Dos ventos batida, Façanhas de bravos
fragmento da crônica Desabafo, a função da linguagem
Não geram escravos,
predominante é a emotiva ou expressiva, pois
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio
— Ouvi-me, Guerreiros,
código.
— Ouvi meu cantar.
b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está
Valente na guerra,
sendo dito.
Quem há, como eu sou?
c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da
Quem vibra o tacape
mensagem.
Com mais valentia?
d) o referente é o elemento que se sobressai em
Quem golpes daria
detrimento dos demais.
Fatais, como eu dou?
e) o enunciador tem como objetivo principal a
— Guerreiros, ouvi-me;
manutenção da comunicação.
— Quem há, como eu sou?
(Gonçalves Dias.)
6. (Ibmec-2006)
Me devolva o Neruda (que você nem leu)
Macunaíma (Epílogo)

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Quando o Chico Buarque escreveu o verso acima, Pero se van tiñendo con tu amor mis palabras
ainda não tinha o “que você nem leu”. A palavra Neruda - Todo lo ocupas tú, todo lo ocupas
prêmio Nobel, chileno, de esquerda - era proibida no Voy haciendo de todas un collar infinito
Brasil. Na sala da Censura Federal o nosso poeta Para tus blancas manos, suaves como las uvas.
negociou a proibição. E a música foi liberada quando ele Desculpe o mau jeito: tchau!
acrescentou o “que você nem leu”, pois ficava parecendo
que ninguém dava bola para o Neruda no Brasil. Como (Prata, Mario. Revista Época. São Paulo. Editora Globo, Nº - 324, 02 de agosto de 2004,
eram burros os censores da ditadura militar! E coloca p. 99)
burro nisso!!! Mas a frase me veio à cabeça agora,
porque eu gosto demais dela. Imagine a cena. No meio Relacione os fragmentos abaixo às funções da linguagem
de uma separação, um dos cônjuges (me desculpe a predominantes e assinale a alternativa correta.
palavra) me solta esta: me devolva o Neruda que você
nem leu! Pense nisso. I - “Imagine a cena”.
II - “Sou um homem de sorte”.
Pois eu pensei exatamente nisso quando comecei a III - “O que é uma crônica? Uma página e meia. Portanto,
escrever esta crônica, que não tem nada a ver com o três páginas por mês e o cara me vem com esse papo de
Chico, nem com o Neruda e, muito menos, com os Neruda?”.
militares. a) Emotiva, poética e metalingüística, respectivamente.
b) Fática, emotiva e metalingüística, respectivamente.
É que eu estou aqui para dizer um tchau. Um tchau c) Metalingüística, fática e apelativa, respectivamente.
breve porque, se me aceitarem - você e o diretor da d) Apelativa, emotiva e metalingüística, respectivamente.
revista -, eu volto daqui a dois anos. Vou até ali escrever e) Poética, fática e apelativa, respectivamente.
uma novela na Globo (o patrão vai continuar o mesmo) e 7. (Fuvest-2004)
depois eu volto.

Esperando que você já tenha lido o Neruda.

Mas aí você vai dizer assim: pó, escrever duas crônicas


por mês, fora a novela, o cara não consegue? O que é
uma crônica? Uma página e meia. Portanto, três páginas
por mês e o cara me vem com esse papo de Neruda?

Preguiçoso, no mínimo.

Quando faço umas palestras por aí, sempre me


perguntam o que é necessário para se tornar um escritor.
E eu sempre respondo: talento e sorte. Entre os 10 e 20
anos, recebia na minha casa O Cruzeiro, Manchete e o
jornal Última Hora. E lá dentro eu lia (me invejem): Paulo Observe, ao lado, esta gravura de Escher: Na linguagem
Mendes Campos, Rubem Braga, Fernando Sabino, Millôr verbal, exemplos de aproveitamento de recursos
Fernandes, Nelson Rodrigues, Stanislaw Ponte Preta, equivalentes aos da gravura de Escher encontram-se,
Carlos Heitor Cony. E pensava, adolescentemente: com frequência,
quando eu crescer, vou ser cronista.
a) nos jornais, quando o repórter registra uma ocorrência
Bem ou mal, consegui meu espaço. E agora, ao pedir que lhe parece extremamente intrigante.
de volta o livro chileno, fico pensando em como eu me b) nos textos publicitários, quando se comparam dois
sentiria se, um dia, um desses aí acima escrevesse que produtos que têm a mesma utilidade.
iria dar um tempo. Eu matava o cara! Isso não se faz com c) na prosa científica, quando o autor descreve com
o leitor (desculpe, minha amiga, não estou me colocando isenção e distanciamento a experiência de que trata.
no mesmo nível deles, não!) d) na literatura, quando o escritor se vale das palavras
para expor procedimentos construtivos do discurso.
E deixo aqui uns versinhos do Neruda para as minhas e) nos manuais de instrução, quando se organiza com
leitoras de 30 e 40 anos (e para todas): clareza uma determinada sequência de operações.

Escuchas otras voces en mi voz dolorida 8. (Unifesp-2002)


Llanto de viejas bocas, sangre de viejas súplicas, Texto I:
Amame, compañera. No me abandones. Sigueme, Perante a Morte empalidece e treme,
Sigueme, compañera, en esa ola de angústia. Treme perante a Morte, empalidece.

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Coroa-te de lágrimas, esquece a) metalinguística. b) fática.


O Mal cruel que nos abismos geme. c) referencial. d) emotiva.
(Cruz e Souza, Perante a morte.) e) conativa.

Texto II: 10- Assinale a alternativa em que a função


Tu choraste em presença da morte? apelativa da linguagem é a que prevalece:
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte; a) Trago no meu peito um sentimento de solidão.
Pois choraste, meu filho não és! b) Não discuto com o destino o que pintar eu assino.
(Gonçalves Dias, I Juca Pirama.) c) Machado de Assis é um dos maiores escritores
brasileiros.
Texto III:
d) Conheça você também a obra desse autor.
Corrente, que do peito destilada,
e) Semântica é o estudo da significação das
Sois por dous belos olhos despedida;
E por carmim correndo dividida, palavras.
Deixais o ser, levais a cor mudada.
(Gregório de Matos, Aos mesmos sentimentos.) Enem 2013 – Questão 128 – Caderno Amarelo

Texto IV:
Chora, irmão pequeno, chora,
Porque chegou o momento da dor.
A própria dor é uma felicidade...
(Mário de Andrade, Rito do irmão pequeno.)

Texto V:
Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira
é esta,
Que impudente na gávea tripudia?!...
Silêncio! ... Musa! Chora, chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto...
(Castro Alves, O navio negreiro.)

Dois dos cinco textos transcritos expressam sentimentos


de incontida revolta diante de situações inaceitáveis. Esse
transbordamento sentimental se faz por meio de frases e
recursos linguísticos que dão ênfase à função emotiva e à
função conativa da linguagem. Esses dois textos são:
XAVIER, C. Disponível em: www.releituras.com. Acesso em: 24 abr. 2010

Os objetivos que motivam os seres humanos a


a) I e IV. b) II e III. c) II e V. estabelecer comunicação determinam, em uma situação
d) III e V. e) IV e V. de interlocução, o predomínio de uma ou de outra função
de linguagem. Nesse texto, predomina a função que se
9. (Enem-2014) caracteriza por
O telefone tocou.
— Alô? Quem fala?
— Como? Com quem deseja falar? a) tentar persuadir o leito acerca da necessidade de se
— Quero falar com o sr. Samuel Cardoso. tomarem certas medidas para a elaboração de um livro.
— É ele mesmo. Quem fala, por obséquio? b) enfatizar a percepção subjetiva do autor, que projeta
— Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel? para sua obra seus sonhos e histórias.
Faça um esforço. c) apontar para o estabelecimento de interlocução de
— Lamento muito, minha senhora, mas não me lembro. modo superficial e automático, entre o leitor o livro.
Pode dizer-me de quem se trata? d) fazer um exercício de reflexão a respeito do princípios
(ANDRADE, C. D. Contos de aprendiz. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.) que estruturam a forma e o conteúdo de um livro.
e) retratar as etapas do processo de produção de um
Pela insistência em manter o contato entre o emissor e o livro, as quais antecedem o contato entre leitor e obra.
receptor, predomina no texto a função

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