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Divulgação científica: A Mitologia dos Resultados∗

António Fernando Cascais

A evolução tecnocientífica encontra-se en- Por outro lado, se toda a tradução com-
tre os mais privilegiados temas da divulgação porta um maior ou menor grau de traição,
mediática. A sua presença é diária nos meios o problema que pretendemos aqui expôr de
de comunicação, desde os que privilegiam maneira nenhuma deve ser abordado nos ter-
públicos restritos e de elevados níveis de mos de uma traição ao rigor científico, que
aquisição cultural, até aos públicos mais in- seriam pobres e enganosos para dar conta
diferenciados e com um espectro menos se- dele. O exemplo de alguns grandes divul-
lectivo de escolha informativa. gadores que estão permanentemente na im-
Seria, porém, uma abusiva simplificação inência de serem tomados como modelos de
reduzir a uma questão de acessibilidade de referência, como Carl Sagan, David Atten-
linguagem a diferença entre um artigo publi- borough ou David Suzuki, sobressaem do
cado numa revista científica especializada e mundo multiforme do documentarismo cien-
o texto que se propõe divulgar idêntico con- tífico anónimo, o que não implica que neste
teúdo numa publicação de grande circulação impere a concessão à facilidade. Censurável
para um público leigo. Divulgar ciência só concessão à facilidade seria precisamente
relativa e parcialmente passa por um “trocar tomar como uma mera questão de traição ao
em miúdos” o hermetismo com que a comu- rigor científico o problema que entendemos
nidade de iniciados ao mesmo tempo se vela ser o de mais vastas implicações no domínio
e se ostenta ao olhar que sobre si convoca. da divulgação científica. Chamemos-lhe o
E mesmo o facto de os artigos científicos se problema da mitologia dos resultados.
encontrarem sujeitos a protocolos de publi- Porventura compreensível entre os públi-
cação, de que a revisão pelos pares é epí- cos menos familiarizados com o fazer da
tome, não esgota a diversidade de natureza ciência, a mitologia dos resultados não deve,
que separa o saber formal expresso na liter- porém, ser entendida primordialmente como
atura científica e o saber informal que a ve- um problema dos públicos - ainda que
icula para o exterior das comunidades cientí- neles se reflictam eventualmente as suas
ficas. mais dramáticas consequências - mas so-
bremaneira como um problema dos divul-

gadores. Traço distintivo da mitologia dos
Inicialmente publicado em: Cidoval M. Sousa,
Nuno P. Marques e Tatiana S. Silveira, orgs. et al., resultados é justamente o seu carácter ver-
2003: A comunicação pública da ciência. São Paulo: tical: além de, e muito mais que, decorrer
Cabral Editora e Livraria Universitária, pp. 65-77 necessariamente da iliteracia científica dos
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públicos, que hoje é já proverbial pressupôr, ser, ao falar da ciência que ele próprio faz;
ela é comum não só aos profissionais da di- ao falar dela, fala não do ponto de vista de
vulgação que não pertencem à comunidade quem está no seu interior - no laboratório -
de pares científicos, mas aos próprios cien- mas do ponto de vista de uma comunidade
tistas que fazem da divulgação quer uma car- maior que ela - o mais elevado interesse da
reira paralela, quer uma incursão mundana sociedade, ou da humanidade - tão exterior
fora da academia. Surpreendentemente, ou ao laboratório como o público não iniciado.
talvez nem tanto, a mitologia dos resulta- Isto não significa, porém, que o laboratório
dos prevalece igualmente, e com espantosa seja asséptico aos interesses prevalecentes no
frequência, nos certames oficiais, organiza- mundo extra-científico (Latour, 1995, 1996;
dos com o concurso dos próprios cientistas Latour e Woolgar, 1995); muito pelo con-
e selados aos mais altos níveis das instân- trário, é a comunidade científica que para
cias de decisão política, ou seja, onde con- si própria representa, e ao olhar alheio ap-
vergem os vértices do suposto saber e do su- resenta, como neutrais e apolíticos os seus
posto poder. A mitologia dos resultados é um próprios interesses cognitivos no momento
efeito discursivo. Sem ser inelutável, ela diz de fazer ciência, tão-só se limitando ela a
respeito à representação que fazem da activi- servir o bem comum. O olhar dos cientis-
dade científica tanto o público não iniciado tas sobre a ciência que fazem torna-se as-
na metodologia científica como os próprios sim congenial ao olhar do público receptor
cientistas que, sendo-o, passam também a que a consome, ambas convergindo num hor-
ser o primeiro público da ciência que fazem, izonte de expectativas comum e votado a
a partir do momento em que a divulgam. um mesmo uso social da ciência. Não se
Ao abalançarem-se a divulgá-la, os cientistas trata de uma debilidade corrigível do cien-
sobre ela principiam a volver o olhar quo- tista, aquilo que o transforma imediatamente
tidiano em que se exprimem os valores, os em público de si mesmo mal pretende meta-
móbeis e as expectativas (negativas ou pos- morfosear a sua ciência-ciência em ciência-
itivas) do mundo social que se encontra a cultura. Na verdade, o cientista não pode
montante e a jusante do fazer ciência, e não escapar ao modo narrativo originário da lin-
já a linguagem formal que vigora portas do guagem humana, que a tradição hermenêu-
laboratório a dentro. Ao anteciparem, imag- tica, e particularmente as análises de Paul
inariamente, o que pode ser a forma mentis Ricoeur (Ricoeur, 1985), mostram ser co-
do público ideal, num esforço de assimilação mum tanto à efabulação quotidiana como
dela pelo discurso vulgarizador, por mor da à explicação científica, ambas enformadas,
tradutibilidade do hermetismo da linguagem que são, pelo esquema finalista de todo o
científica, os cientistas são facilmente presa agir. Mas, sem perder de vista esta condição
das suas próprias representações da ciência, epistémica, há que volver um olhar mais
que de seguida transmitem ao público como prescrutador a quanto pode condicionar e
se se tratasse da ciência “tal qual se faz”, quanto pode ser condicionado por uma mi-
quando é da ciência tal qual ela é represen- tologia dos resultados.
tada pelos cientistas que se trata. O cientista Em essência, a mitologia dos resultados
não ganha em objectividade, pelo facto de o consiste em:

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• representar a actividade científica pelos eficácia a posteriori da empresa cientí-


seus produtos; fica, com a exclusão dos resultados for-
tuitos, inesperados ou adversos.
• subsumir os processos científicos à con-
secução finalista e cumulativa de resul- E ao dizermos que consiste nisto, pre-
tados; tendemos dizer que a mitologia dos resulta-
dos não se refere apenas a cada um destes
• e isolar exclusivamente como resulta- aspectos tomado por si só, mas à súmula de-
dos aqueles que são avaliados a poste- les; com efeito, e por um lado, nenhum bas-
riori como êxitos de aplicação. taria para a definir em toda a sua extensão,
e por outro lado, cada um deles é correlato
O que passa implicitamente por:
dos outros, pelo que nunca aparece sòzinho,
• ignorar a actividade científica enquanto ainda que por vezes algum deles, em casos
processo, que, ao mesmo que pro- concretos, possa surgir somente de maneira
cede pelo cumprimento protocolar de informulada.
critérios a priori de rigor metodológico Imprescindível é aqui notar, porém, que
da investigação, progride de modo não não se trata de fazer uma denúncia do que
linear, errático e tenteante - que o seria uma ocultação premeditada do cien-
mesmo é dizer, branquear a revisi- tista, um embuste do divulgador, um efeito
bilidade intrínseca a todo o conheci- perverso da passividade do público iliterato.
mento científico e a historicidade iner- Não se trata de desmascarar uma censura que
ente ao perseguir de interesses cog- agiria negativamente pela ocultação, pela ne-
nitivos, variáveis temporal e espacial- gação ou pelo disfarce. Não é mentira que
mente, a ponto de se tornarem incom- a ciência produza resultados, nem sequer
patíveis ou mutuamente exclusivos; é mentira que persiga ela legítimos móbeis
cognitivos, independentemente da percepção
• anular o papel do erro produtivo na que os públicos possam ter das suas próprias
tomada de decisão e nas escolhas cien- necessidades e interesses. Como não é men-
tíficas, de tal modo que o sucesso da tira que o rigor protocolar da empresa tecno-
obtenção de resultados é atribuível ao científica só seria plena, e logo, idealmente,
rigor da concepção metodológica - o acessível a um público leigo se este próprio
que implica a necessária eliminação do pudesse tornar-se cientista. Mas é precisa-
resto (o racionalmente inexplicável, o mente isto que se vê a cada passo contrari-
estatisticamente excepcional) que ex- ado pela progressão imparável e exponen-
cede o domínio de rigor delimitado pelo cial dos saberes e poderes tecnocientíficos,
método, tido por subproduto espúrio que impossibilita todo o acompanhamento
dele, em vez de marca dos seus limites humano, e pela hiperespecialização a que
de validade; ela dá lugar, com a decorrente fragmentação
dos seus públicos, que leva a que o inici-
• assimilar fins a resultados, assim ado numa especialidade facilmente seja ilit-
definidos – aqueles - em função da erato noutra. Neste sentido, a produção de

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iliteracia deve antes de mais ser encarada é a sideração. Decerto que o efeito de sider-
como efeito global da própria dinâmica da ação é imprescindível para dar conta da mi-
produção cognitiva. Ora, justamente, aquilo tologia dos resultados e é por intermédio dele
que entendemos por mitologia dos resultados que se constrói a imagem do cientista como
deve ser tido como efeito de censura positiva providenciador, a dos meios disponíveis – se
dessa iliteracia que a dinâmica tecnocientí- alguma há - como prestidigitação e a dos re-
fica segrega por assim dizer naturalmente: os sultados como prodígio. Mais, é por essa
não iniciados numa área específica da espe- via que o fiat tecnocientífico substitui a div-
cialização científica, tal como os não inicia- ina providência como força interventora na
dos no processo científico em geral, propen- história humana. Porém, tal acontece tão-
dem a transformar os produtos da tecnociên- só na medida em que a tecnociência se ap-
cia no eixo da sua própria representação do resenta dupla e inextricavelmente enquanto
processo que lhes deu origem. E a conse- emancipadora e legiferante, o que o efeito de
quência maior deste fenómeno é que, tanto sideração, tomado por si só, não deixa entr-
ao publicitar-se como ao ser percebida como ever. O que permite que a tecnociência mod-
produtora de resultados, que ela indubitavel- erna se apresente nessa dupla qualidade, só a
mente acaba por ser, a ciência censura-se sua própria índole o permite explicar.
positivamente como detentora e disponibi- Com efeito, as condições teóricas - i.e.,
lizadora de meios, que ela não menos indu- epistemológicas - da mitologia dos resulta-
bitavelmente começa por ser, antes de poder dos, há que as encontrar a um nível mais
produzir qualquer resultado. profundo ainda, na própria índole da tec-
O resultado aparece revestido de um nociência, que o é precisamente por já não
carácter autoritário e prescritivo onde a tec- ser a tekne grega: a nossa reflexão inspira-
nociência vai exaurir boa parte da sua mais se, neste ponto, no pensamento de Martin
recente legitimidade. O resultado faz autori- Heidegger (Heidegger, 1982, 1991, 1995,
dade ao impôr-se com a força de um facto 1996, 1987), sem todavia o subscrever no
que varre o que então surge como a impon- seu todo e sobretudo nalgumas das suas mais
derabilidade das opiniões e a vã discutibili- deploráveis leituras políticas, imputáveis em
dade dos valores. O resultado prescreve na primeiro lugar ao próprio Heidegger, mas
medida em que a muda – porque não sim- que foi muito criticamente retomada, e ainda
bólica – eficácia do seu fazer eloquentemente bem, por Hans Jonas (Jonas, 1980, 1984,
proclama o que se deve fazer, enquanto a 1994, 1996, 1996a , 1998; Hottois et al.,
política, a ética, a estética, tudo o que a tec- 1993; Hottois, Pinsart et al., 1993) e por
nociência não é, aparentemente titubeiam, Gilbert Hottois (Hottois, 1984, 1984a , 1986,
alvitram, ponderam e enfim se atolam na im- 1986a , 1991, 1992, 1992a , 1992b, 1996). A
potente ignorância e na ignorante impotên- mitologia dos resultados é afim da submis-
cia de quem não sabe porque não pode e não são do rigor teórico da antiga scientia con-
pode porque não sabe. Mas, tal como a mi- templativa à eficácia performativa e que fisi-
tologia dos resultados não deve ser resumida calizou na moderna ontotecnologia a ontolo-
a um mecanismo de censura negativa, não se gia metafísica do pensamento clássico. Mais
infira daí que aquilo que melhor a expressa explicitamente: a ciência moderna é ciência

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porque faz, ao contrário de tudo o que ela não constitui um dos avatares. Nesta conformi-
é e que não é ela; faz com que resulte, faz dade, o problema dos resultados indesejáveis
ocorrer, faz com que seja, de tal modo que é expresso, na linguagem que, então, e por
onde a scientia contemplativa tinha por cor- isso mesmo, só pode ser qualificada de cien-
relato a estabilidade do real a contemplar, a tista, como um problema de insuficiência da
tecnociência tem por correlato a plasticidade própria ciência que teria ficado “a meio cam-
do objecto a manipular. Ora, precisamente, inho”, ou seja, a ideia de que existe problema
é a estabilidade intersubjectiva do resultado porque a intervenção tecnocientífica não foi
que devolve segurança a um real definitiva- até ao fim e não há senão que a prosseguir
mente instabilizado pela exploração cientí- e consumar até ao sucesso, o qual mais não
fica da sua doravante indesmentível plastici- é do que a obtenção do resultado pretendido
dade – eis a ontotecnologia. desde o início. Apresenta-se o resultado in-
A mitologia dos resultados pratica a falá- esperado como engano provisório apenas ex-
cia naturalista, ainda que de maneira passiva, plicável pela momentânea desatenção, a es-
ou, talvez melhor dizendo, desavisada: não cassez de recursos técnicos ou o descaminho
se trata já da passagem automática dos enun- especulativo, em suma, pela incompetência
ciados descritivos a enunciados prescritivos que interrompe a progressão linear e cumu-
no discurso científico sobre um estado de lativa da aquisição cognitiva. Daí o extremo
coisas natural, de que a reflexão filosófica embaraço dos cientistas quando confronta-
se ocupa desde David Hume até Karl-Otto dos com aquilo que aos olhos do público
Apel (Apel, 2000, 2000a ); trata-se, antes, da leigo só pode ser o fracasso e que de facto é
identificação do estado de coisas alterado, o a própria imprevisibilidade e incerteza iner-
poder-ser – o resultado da manipulação tec- ente ao próprio processo de criação cien-
nocientífica – com o estado de coisas ideal, tífica. Para justificar o fracasso, demon-
o dever-ser de uma “natureza mais perfeita strar a razoabilidade dele, e só então e de-
que a própria natureza” da ambição baconi- baixo dessa pressão, é que os cientistas cos-
ana; e tanto mais não faz do que exprimir, tumam improvisar uma explicação tenteante
por outros termos, a fórmula do impera- do modo como realmente funciona a ciên-
tivo tecnológico que impõe que tudo o que cia, abalançando-se a mostrá-la tal como ela
é possível seja desejável. Por aí se opera se faz, que não apenas tal como ela ideal
a passagem do facto ao valor, da ciência à ou expectantemente resulta. É por se apre-
boa ciência, que os cientistas vulgarmente sentar como intrinsecamente emancipadora
se comprazem em sustentar que doravante e legiferante que a tecnociência faz política,
não errará onde outrora a ciência se equiv- faz ética, faz tudo o que ela não é nem pode
ocou, não por ter sido má, mas por ainda ser. Excedendo-se na prodigalização de re-
ser pouca, sempre em vias de ser mais ela sultados, a tecnociência exorbita-se nos usos
própria, isto é, de saber melhor e poder mais, ético-políticos, e tanto mais quanto é precisa-
assim positivamente se libertando, e à hu- mente por intermédio dessa exorbitação que
manidade sofredora, de tudo quanto (ainda) a tecnociência se oferece como instância de-
não é ela. Não é outra a racionalidade tec- cisória, árbitro dos conflitos ético-políticos.
nocrática, de que a mitologia dos resultados Seria da objectividade e da positividade do

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resultado que a tecnociência adquiriria a sua pela aferição biológica. E, precisamente,


condição de algum modo neutral que lhe tais discussões têm lugar não já do ponto
caucionaria a sua legitimidade para dirimir de vista daquilo que deve ser a vida boa,
conflitos. Porém, a presunção de neutral- ou decente, como a tradição ético-política
idade axiológica é posta em causa quando clássica tematizava o bios politikos, mas do
o público não iniciado descobre, para sua ponto de vista da manipulabilidade biotec-
grande perplexidade e escândalo, que os in- nológica do indivíduo humano enquanto ser
teresses cognitivos que conduzem a ciência vivo e na medida em que tal manipulabili-
são tão permeáveis às opções políticas e éti- dade é empreendida e decidida pela comu-
cas como as correntes de opinião que se nidade dos seus (dis?)semelhantes organiza-
digladiam nas arenas políticas e económicas, dos em polis, tal como recentemente reparou
a cujo respeito nunca se supôs, nem elas al- Giorgio Agamben (Agamben, 1995, 1997,
guma vez presumiram, a neutralidade recor- 1999). Ora aquilo que a manipulabilidade
rentemente proclamada pelo mundo cientí- biotecnológica põe em jogo são resultados,
fico. Nada patenteia tanto os compromis- não fins ou valores.
sos ético-políticos que atravessam o fazer Há aqui que distinguir meio de instru-
ciência quanto o facto de a caução do cien- mento e de resultado (Nadeau, 1999), tal
tífico se repartir em igual medida pelas como se distingue meio de fim e tal como
várias partes em litígio em momentos de esta distinção permitiu uma das formu-
discussão pública: quando se vêem cien- lações kantianas (Kant, 1988) do impera-
tistas aduzirem, uns contra os outros, mas tivo categórico, que obriga a considerar o
com igual denodo, argumentos para susten- nosso semelhante sempre como um fim em
tar tanto a inocuidade como a periculosidade si mesmo e nunca como um meio. In-
ambiental da incineração de resíduos tóxi- strumento e resultado reclamam-se mutua-
cos, ou quer da humanidade do embrião hu- mente na relação de necessidade e universal-
mano, quer do seu contrário, nos debates so- idade típica da experimentação tecnocientí-
bre a interrupção da gravidez. fica, mas, já agora, própria também da re-
Assim se compreende que, na esfera gra jurídica: trata-se da reprodutibilidade
pública, o argumento científico – e, no que de uma ocorrência, um experimento labo-
aos assuntos humanos sobremaneira diz re- ratorial ou uma decisão judiciária, no es-
speito, o argumento biológico – prevaleça trito quadro de uma lei verificada. O hori-
como árbitro final sempre que se trata da zonte em que surgem o instrumento e o re-
tomada de decisões. Vejam-se os exemp- sultado é o da consumação. Pelo contrário,
los das discussões sobre a humanidade dos um fim é sempre definido a priori, antes do
embriões e dos fetos, ou do estatuto dos co- seu cumprimento, na expectativa deste mas
matosos ultrapassados, ou dos clones, ou da não na sua certeza. É da ordem do simbólico
manipulação genética das células germinais e portador da marca de historicidade de todo
e do genoma humano em geral, enfim: toda aquele que o formula. É desejável, não na
a discussão acerca do que é uma vida hu- medida da sua previsibilidade, mas da cria-
mana. “Vejamos o que nos diz a biologia”: tividade que, por definição, ele veicula. Por
a figuração do humano faz-se cada vez mais sua vez, os meios, que tanto podem ser da

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ordem do simbólico como não, são a própria 1991, 1999), de um Imre Lakatos (Lakatos,
criatividade num devir sempre aberto porque 1982, 1994, 1999) ou de um Karl Popper
independente dos resultados. Enquanto o re- (Popper, 1982, 1988, 1991, 1992, 1992a ,
sultado marca o fechamento de um processo 1993, 1993a , 1995, 1997, 1997a , 1999; Pop-
- e pior ainda quando se transforma o resul- per e Eccles, 1977) e tão bem descritos entre
tado positivo, esperado e necessário, em eixo nós por Boaventura de Sousa Santos (San-
de representação do processo científico - o tos, 1995, 1999, 2000). Os avanços cog-
meio define-lhe a abertura, que o mesmo é nitivos apresentam-se sobretudo como mo-
dizer, define-o na sua plenitude, porquanto mentos de auto-correcção da dinâmica tec-
permite a inclusão, nele, de todos os seus re- nocientífica e inflexão da intervenção tecno-
sultados, positivos e negativos, esperados e científica em sistema de feed-back com o(s)
fortuitos, desejáveis e adversos. estádio(s) anterior(es) da sua evolução. A re-
Nesta conformidade, o que se impõe é visão de um programa tecnocientífico não é
afirmar que a tecnociência se encontra em pois uma simples questão de correcção con-
condições de disponibilizar meios, melhor juntural sobre um adquirido que permanece,
do que produzir resultados, contra a mi- porquanto ela implica o pôr em causa desse
tologia que deixa sem resposta o facto, a adquirido e a alteração de rumo no estabelec-
todos os títulos indesmentível, dos resulta- imento de metas da investigação.
dos inesperados e, no que de pior o ines- A mitologia dos resultados contribui
perado tem, indesejáveis e incontroláveis; e ainda, embora não baste, para que a racional-
contra o admirável mundo novo de cresci- idade científica possa surgir, tanto ao olhar
mento exponencial da produção científica leigo como ao dos próprios cientistas, como
com efeitos linear e cumulativamente eman- algo exterior ao polemos, à discutibilidade
cipatórios na condição humana que ignora e à argumentabilidade. A tanto equivale a
a mudança paradigmática a que se encon- presunção da autosuficiência científica, ou
tra sujeita a dinâmica da criação científica, seja, a reivindicada capacidade de a comu-
como o demonstrou Thomas Kuhn (Kuhn, nidade científica se auto-regular com simples
1983, 1989, 1989a ). A progressão cognitiva recurso à mesma racionalidade que presume
é errática, mas falar de progressão errática conhecer com rigor e controlar com eficá-
significa enfatizar, como compete, o carác- cia os fenómenos. Nesta perspectiva, tam-
ter mais próprio da racionalidade científica, a bém, a ciência só pode ser má ciência se
sua revisibilidade. A ciência progride na me- e na medida em que se deixar instrumen-
dida da sua abertura, não do seu fechamento talizar, isto é, quando se vir subtraída ao con-
em blocos estanques que se acumulariam trole dos próprios cientistas, cuja racionali-
uns sobre os outros, e procede por destru- dade intrínseca constitui garantia suficiente
ições e reconstruções incessantes, nisso con- tanto da bondade como do rigor com que a
sistindo a abertura que é garantia da sua pro- prosseguem; e a correcção passa sempre pelo
gressão e o carácter mais próprio dessa pro- retomar do rigor algures perdido num cam-
gressão é a revisibilidade: não é outro o inho sempre relutante em admitir o sobres-
adquirido da epistemologia contemporânea salto da real controvérsia entre posições in-
de um Paul Feyerabend (1981, 1982, 1990, compatíveis. O que normalmente prevalece

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na divulgação não é a incompatibilidade pérolas biográficas o público não entendedor


de teses científicas entre si, e, portanto, a das revistas das filosofias e das humanidades
controvérsia interna à própria racionalidade que - oh, encanto! - o convidaram para
científica, mas a incompatibilidade - melhor: um artigo sobre a sua ciência “dura, demasi-
a incomensurabilidade - entre a discursivi- ado dura” para tão frágil entendimento como
dade delas e outros saberes, o que desloca é o deles. Em última análise, a mitologia
a controvérsia para o exterior da ciência; a dos resultados não informa nem forma. Faz
ciência só é verdadeiramente obrigada a dis- do público uma audiência de curiosos: lá
cutir com o que não é ela e o que não é ela onde a curiosidade científica desdobra o de-
tende assim a ser representado como o ponto sconhecido na procura infinita que mais gen-
de vista da impertinência que ignora e per- uinamente caracteriza a ciência, a mitologia
ante a qual a ciência, se condescende no de- dos resultados devolve o fechamento de um
bate, é tão-só para melhor assumir o paternal produto fungível que ensimesma o consum-
papel da correcção pedagógica. idor no labiríntico horizonte da satisfação
Aqui reencontramos com incómoda fre- das suas necessidades incessantemente real-
quência o deplorável papel dos cientistas que imentadas. Idêntica pedagogia do usufruto
se dedicam à divulgação e que filosofam de não criativo sustenta boa parte dos materiais
maneira pós-prandial sobre o que supõem ser educativos dirigidos a públicos em idade es-
as implicações extra-científicas da sua ciên- colar, as gerações que se pretende “educar
cia. É comum o penoso espectáculo de au- para a ciência” - atente-se especialmente em
tocomplacente ignorância e jovial presunção quanto respeita às novas tecnologias da co-
do cientista lisongeado pelos meios de co- municação.
municação que em puro disfrute diletante A mitologia dos resultados bem pode ser
opina sobre política, que não só a científica, considerada – de modo porventura tão in-
dá uma perninha nas humanidades, morde quietante quão frutífero e inspirador - como
na ética e belisca o direito, com os quais ilusão de controle da dinâmica tecnocientí-
se compraz em fazer uma leitura corrobo- fica de cuja exterioridade não nos é já pos-
ratória da identificação estratégica dos inter- sível fazer experiência. E, enquanto mi-
esses da ciência - porventura legítimos em tologia dos resultados, forma mais acessível
si mesmos e regionalmente, mas não univer- - mas de modo nenhum única - de elabo-
salmente - com os interesses da sociedade ração racional de uma dinâmica que de outro
em geral. E ao mesmo tempo que assim modo se afigura, a todos os títulos, irresti-
discorre sobre a sua própria percepção do tuível ao humano, demasiado humano, das
mandato que a sociedade lhe atribui, vai-se aflições e das gratificações por que se pautam
deliciando com uma ou outra intromissão bi- as vidas dos indivíduos, dando por certo que
ográfica do profissional da comunicação que, nunca ninguém pode biograficamente ser ci-
ele sim sabiamente, o interroga; isto se não entista a tempo inteiro. A apreciação sen-
é o próprio cientista a tomar a iniciativa de sível ou estética - por que é disso que se
o fazer quando lhe é concedido tempo de trata numa mitologia - dos resultados da tec-
antena ou coluna regular, ou inclusivamente nociência, é precisamente a de mais fácil
quando entende dever mimosear com umas acesso e a que mais imediatamente recorre

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quem não pode já senão apreciar em termos nalismo Científico e da Divulgação, Vulgar-
de prazer e de dor o que escapa à ponder- ização e Compreensão Pública da Ciência e
ação dialogante, já que não é pura e sim- da Mediação dos Saberes. A formação es-
plesmente possível dialogar com a hermética pecializada em jornalismo científico é uma
voz das forças sobre-humanas da tecnociên- área pura e simplesmente ausente dos curric-
cia. A este propósito, muito nos teria a ula do Ensino Superior português. Em regra,
dizer a presciência com que um Michel Fou- este papel é desempenhado por jovens profis-
cault (Foucault, 1984, 1994, 1994a , 1994b , sionais que acedem à carreira já dotados de
1994c ) começou por teorizar o panoptismo formação superior, ao contrário das gerações
disciplinar e normalizador moderno e Gilles que os precederam. No entanto, e bem ao
Deleuze as máquinas desejantes (Deleuze, contrário de implicar isto qualquer demérito,
1976), para depois mostrar como o controle é o autodidactismo que prevalece na for-
tecnocientífico (Deleuze, 1995) de tudo so- mação dos profissionais que se dedicam a
bre todos deixa a perder de vista o sonho questões científicas. O efeito mais frequente
baconiano (Bacon, 1989, 1991, 1992) e Ilu- do autodidactismo consiste na falta de à-
minista de humanização da physis. E aí, ci- vontade no manuseamento da informação
entistas e leigos reencontram-se numa co- veiculada pelos fazedores da ciência e o
mum perplexidade, mas, e por isso mesmo, seu risco maior é o da vulnerabilidade dos
numa mesma comunidade de problema, o profissionais da comunicação às represen-
que, se bem que possa significar reconheci- tações que estes têm dos processos de inves-
mento mútuo, de modo nenhum implica nec- tigação científica, que o jornalismo científico
essariamente o automático desaparecimento tem assim tendência a reproduzir mecanica-
do diferendo que os opõe de modo irrecon- mente como se do próprio state of the art se
ciliável. Assim, entre a comunidade cientí- tratasse, perante um público que então só in-
fica e o vasto e multiforme mundo fora dela, justamente pode ser acusado de passividade
trata-se de interpôr, de fazer inter-mediar, porque são os seus próprios informadores a
a mensuração dos respectivos interesses uns transmitir-lhe a que é a deles mesmos. Igual-
pelos outros, que não por uma escala ter- mente ignorado tem sido, até hoje, o campo
ceira, quer esta seja a dos superiores inter- fundamental da Mediação dos Saberes. De
esses da sociedade ou do bem comum, quer modo nenhum se reduz ela à mediatização,
a das liberdades, direitos e garantias de um ou publicitação, ou vulgarização científica
cidadão abstracto alçados à posição de de- por obra e graça dos meios de comunicação.
cisores soberanos, no primeiros, pelas comu- Bem se poderia dizer que o ponto cardeal
nidades de pares e, os segundos, pelas con- da Mediação dos Saberes, há que o definir
stituições do Estado-Nação. pela recepção, não só dos saberes formais
Eis o espaço que se abre à formação e à pelos saberes não formais, mas dos próprios
investigação de nível superior e que a Uni- domínios científicos entre si; pense-se ape-
versidade portuguesa não contempla ainda nas, a este propósito, nos dilemas e perplexi-
com a premência e a seriedade que ele ex- dades precipitados pela recepção das actuais
ige. Em conclusão, dois apontamentos sobre biotecnologias pelos tradicionais saberes hu-
a formação especializada no âmbito do Jor- manísticos e que tematizam sobretudo cam-

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entes campos do saber – as “disciplinas” – Harlan Davidson, Inc.
na era da crise da ciência. Crise que é a
impossibilidade, não provisória ou conjuntu- Deleuze, Gilles (1995) - Pourparleurs. Paris:
ral, mas permanente e estrutural, de totalizar Minuit
o conhecimento humano, de unificar a frag-
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