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Curso de Informativos e Questões

Constitucional
Administrativo
Empresarial

Aula do dia 22/9/2017

Prof. Daniel Pinheiro de Carvalho


e-mail: daniel.cpiuris@gmail.com
Instagram: @profdanielcarvalho
ADMINISTRATIVO
Desapropriação e Bens da União – Info 873
STF
• Caso: União demarcou terra indígena em
MT. MT ajuizou ação de desapropriação
indireta contra a União por suposta
inclusão indevida de terras devolutas do
Estado no âmbito da demarcação.
Desapropriação e Bens da União – Info 873 STF
• Para entender o caso:
• Terras devolutas são, em regra, dos Estados (art. 26, IV,
da CF), exceto as que previstas no art. 20, II, da CF, que
são da União (indispensáveis à defesa das fronteiras,
das fortificações e construções militares, das vias
federais de comunicação e à preservação ambiental,
definidas em lei).
Desapropriação e Bens da União – Info 873 STF
• Requisitos da desapropriação indireta (STJ):
a) Apossamento do bem sem prévio devido processo legal (esbulho possessório)
b) Afetação a uma finalidade pública
c) Irreversibilidade da situação fática a tornar ineficaz a tutela judicial específica.
• Obs: Particular pode se valer de ação possessória apenas enquanto não
afetado o bem a um fim público.
• Obs: ação de natureza indenizatória (art. 35 do DL 3365), mas com prazo
prescricional de 10 anos decorrente do instituto da Usucapião extraordinária
do art. 1.238, p.u., do CC.(S. 119 do STJ sem efeito, pois se referia ao prazo
de usucapião do CC/16)
Desapropriação e Bens da União – Info 873 STF
• Voltando ao caso: MT tem razão?
• Art. 20, XI, da CF/88: são bens da União as terras
tradicionalmente ocupadas pelos índios.
• Fundamentos do STF: ato de demarcação é declaratório e
desde 1934 é reconhecida a proteção da posse dos
indígenas das terras que tradicionalmente ocupam, razão
pela qual desde então não se pode considerá-las como
devolutas.
Desapropriação e responsabilidade tributária – Info 606 STJ
• Se o imóvel desapropriado possuía dívidas de IPTU
anteriores à desapropriação, o ente desapropriante poderá
ser responsabilizado pelo débito?
Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador
seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem
assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais
bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos
respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua
quitação.
Desapropriação e responsabilidade tributária – Info 606 STJ
• Desapropriação é forma de aquisição derivada ou originária
de propriedade?

• Aquisição originária  unilateral, sem vínculo prévio,


afasta qualquer ônus anterior que recaia sobre o bem, pois
é um ato originário.
Servidor Público - Piso Nacional do Magistério – Info 606 STJ
• Art. 206, VIII, da CF: o ensino será ministrado com base nos
seguintes princípios: (...) piso salarial profissional nacional para os
profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei
federal.
• Piso estabelecido em 2008 no patamar de R$ 950,00. Em ADI, STF,
apesar de ter suspendido cautelarmente a vigência da lei,
declarou-a constitucional (ADI 4167), mas com aplicação apenas a
partir da data do julgamento (27/4/2011).
Servidor Público - Piso Nacional do Magistério – Info 606 STJ
• Mesmo após a decisão do STF, alguns estados e municípios continuaram a
não observar o piso nacional, o que ensejou o ajuizamento de diversas
ações que incluíram inclusive a União no polo passivo, devido à previsão do
art. 4º da Lei 11.738/2008.
• STJ: União não é parte legítima, por dois motivos:
a) Complementação pela União não é automática (precisa observar os
requisitos do art. 4º.
b) Uma coisa é a relação entre os professores e o Estado ou o Município, tendo
estes a responsabilidade pela implementação do piso salarial. Outra coisa é a
relação orçamentária que haverá entre o Estado ou o Município e a União,
caso seja hipótese de complementação.
DIREITO CONSTITUCIONAL
TCU – contraditório e prazo decadencial - Inf. 873 STF
• Em fiscalizações do TCU na gestão administrativa de
determinado órgão, é preciso intimar terceiros (ex: pensionistas)
eventualmente prejudicados para exercício do contraditório?
• Não (MS 34.224)! Contraditório pressupõe litigantes/acusados, o
que não acontece no âmbito de fiscalização de órgãos e
entidades pelos Tribunais de Contas. Quem deve conceder o
contraditório é o órgão de origem no momento do cumprimento
da determinação da Corte de Contas.
TCU – contraditório e prazo decadencial - Inf. 873 STF
• Aplica-se o prazo decadencial de 5 anos previsto no art. 54 da Lei
9.784/99? Cuidado com essa questão...
• MS 34.224, julgado em 15/8/2017 (Info 873): ”em processos de
controle abstrato (fiscalização linear pelo TCU), não há exame de ato
específico do qual decorre efeito favorável ao administrado, no que a
repercussão sobre eventual direito individual é apenas indireta.”
• MS 32.683, julg. em 23/8/2016, e outros: o ato concessivo de
aposentadoria, pensão ou reforma é ato complexo, aperfeiçoando-se
com o registro perante a Corte de Contas, de modo que a aplicação
do prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei no 9.784/99 somente
se opera a partir da publicação do referido registro.
Controle de Constitucionalidade - Inf. 874 STF
• Art. 97 da CF: Somente pelo voto da maioria absoluta de seus
membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão
os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Poder Público.
• STF tem 11 ministros, logo exige-se voto de 6 ministros para
declarar a inconstitucionalidade de lei. E se 2 Ministros se
declararem impedidos? Apura-se a maioria absoluta entre os
remanescentes ou continua sendo necessária a manifestação de
6 ministros para a inconstitucionalidade da norma?
Controle de Constitucionalidade - Inf. 874 STF
• Nesse contexto de 2 impedimentos, se 5 ministros votarem pela
inconstitucionalidade e 4 pela constitucionalidade, o que
acontece?
• ADI 4066: julgamento não terá efeito vinculante, pois o STF nem
terá declarado a lei inconstitucional nem constitucional,
permanecendo os demais órgãos do Poder Judiciário livres para
apreciar o tema.
• Obs: não confundir com o quórum para iniciar a sessão de
julgamento sobre constitucionalidade de ato normativo: 8
ministros (art. 22 da Lei 9868/99 e art. 143 do RISTF).
Conselho Nacional de Justiça - Inf. 875 STF
• CNJ pode abrir PAD diretamente, sem que tenha sido dada
oportunidade para a corregedoria local apurar os fatos?

• MS 30.361 (Info 875) e outros: Sim! CNJ possui competência


originária e concorrente, logo autônoma (não subsidiária), para
aplicar medidas disciplinares.

• Pode usar dados obtidos por descoberta fortuita em


interceptações telefônicas como prova emprestada em PAD?
Conselho Nacional de Justiça - Inf. 875 STF
• Por falar em descoberta fortuita...
• Serendipidade de 1º e de 2º grau. STJ: APN 690 e 425.
• Na APN 690, o relator fez uma análise do posicionamento
da doutrina:
a) Não admite serendipidade alguma: Damásio
b) Admitem serendipidade de 1º grau apenas: LFG e Raúl
Cervini.
c) Admitem inclusive a de 2º grau: Fernando Capez e
doutrina majoritária (segundo o voto do Ministro).
Conselho Nacional do Ministério Público - Inf. 875 STF
• CNMP pode avocar PAD (art. 130-A, § 2º, III, da CF) e, quando o
faz, pode aproveitar atos praticados regularmente na origem
(art. 108 do RI-CNMP).

• Caso analisado: Corregedoria do MPE instaurou PAD contra o


membro do MP, conduzido pelo Corregedor-Geral local. A
comissão do PAD determinou a juntada de documentos e ouviu
testemunhas. O membro investigado reclamou ao CNMP de
suspeição do Corregedor-Geral local e pediu avocação do
processo e invalidade das provas já produzidas.
Conselho Nacional do Ministério Público - Inf. 875 STF
• CNMP avocou preventivamente e aproveitou provas já
produzidas. Em sede de MS contra o aproveitamento, o STF
entendeu que não houve irregularidade na atuação do CNMP
por três fundamentos:
a) Avocação se deu em caráter preventivo, sem ter sido firmada a
suspeição do Corregedor.
b) Atos foram praticados pela Comissão Processante designada
para instruir o PAD, não pelo Corregedor.
c) Não houve demonstração do prejuízo (princípio pas de nullité
sans grief).
Sigilo Bancário - Inf. 605 – STJ
• Juiz em ação coletiva referente a expurgos inflacionários,
determinou que o banco fizesse convocação pública dos
clientes que foram beneficiados com a decisão, por meio
de publicação de seus nomes em jornais de grande
circulação. Banco recorreu, alegando quebra de sigilo
bancário.
Sigilo Bancário - Inf. 605 – STJ
• STJ concordou. Resp 1.285.437-MS.
• O art. 1º da Lei Complementar nº 105/2001 determina que
”as instituições financeiras conservarão sigilo em suas
operações ativas e passivas e serviços prestados”. Dados
cadastrais estão inseridos em tal sigilo e apenas em caráter
excepcional, nas hipóteses previstas na lei, podem o sigilo
ser relativizado.
• Sigilo bancário decorre também do direito constitucional à
intimidade e à vida privada.
Suspensão de Liminar e tarifa de transporte público
Inf. 605 – STJ
• SLS 2.240-SP: ”Doutrina Chenery”: Poder Judiciário não
pode anular ato político da Administração Pública com
base na afirmação de que não se valeu de metodologia
técnica, pois o Poder Judiciário não gozam de expertise
técnica para concluir se os critérios adotados pela
Administração são ou não os mais adequados. Origem:
caso Chenery vs SEC da Suprema Corte norte-americana.
Suspensão de Liminar e tarifa de transporte público
Inf. 605 – STJ
• Para que Judiciário invalide uma escolha política, deve-se
estar diante de reconhecida ilegalidade.
• STJ: invalidação pelo judiciário de reajuste de tarifa de
transporte público urbano viola a ordem pública,
especialmente nos casos em que houver, por parte da
Fazenda estadual, esclarecimento de que a metodologia
adotada para a fixação dos preços era técnica.
Suspensão de Liminar e tarifa de transporte público
Inf. 605 – STJ
• Obs: Pedido de Suspensão (até há pouco chamado
majoritariamente de Suspensão de Segurança, embora já
valesse contra decisões liminares ou definitivas em geral):
- Incidente processual
- Pode ser requerido por PJ de Dir. Público ou pelo MP ou
concessionárias de serviço público na tutela de interesse público
primário.
- Dirigido ao Presidente do Tribunal competente para o
julgamento do recurso. E contra decisões e acórdãos do TJ, vai
para STJ ou STF?
Suspensão de Liminar e tarifa de transporte público
Inf. 605 – STJ
- Objetivo: suspender a execução de decisão, sentença ou
acórdão que cause grave lesão: à ordem, à saúde, à
segurança e à economia públicas (fundamento: periculum in
mora inverso). Apenas essas questões serão analisadas no
incidente, não o mérito da demanda. Ainda assim, há a
necessidade de um juízo mínimo de delibação (STF, STA 73),
para aferir um mínimo de plausibilidade na tese de mérito
da Fazenda Pública (fumus boni iuris).
Direito Empresarial
Extinção das obrigações do falido e codevedores –
Info 605 – STJ
• Art. 158 da Lei de Falências: Extingue as obrigações do falido:
I – o pagamento de todos os créditos;
II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50%
(cinqüenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao
falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se
para tanto não bastou a integral liquidação do ativo;
III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da
falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime
previsto nesta Lei;
IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da
falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto
nesta Lei.
Extinção das obrigações do falido e
codevedores – Info 605 – STJ
• Uma vez declaradas extintas as obrigações do falido
com base no inciso III do art. 158, por exemplo, não
pode um credor prosseguir na ação de execução
contra ele. E contra eventuais coobrigados (ex: um
avalista de uma nota promissória emitida pela
sociedade empresária falida)?
Extinção das obrigações do falido e codevedores
– Info 605 – STJ
• STJ, Resp 1.104.632: Pode! A extinção das obrigações do falido
é um direito pessoal deste, uma espécie de defesa (”exceção”
em sentido amplo) que pode ser usada por ele contra seu
credor. Todavia, o avalista não poderá opor a exceção pessoal
do falido contra o credor comum, nos termos do art. 281 do
CC/2002:
• Art. 281 do CC: O devedor demandado pode opor ao credor as
exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe
aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor.
• Tal entendimento decorre também da autonomia da obrigação
do avalista em um título de crédito.

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