e-mail: daniel.cpiuris@gmail.com Instagram: @profdanielcarvalho ADMINISTRATIVO Desapropriação e Bens da União – Info 873 STF • Caso: União demarcou terra indígena em MT. MT ajuizou ação de desapropriação indireta contra a União por suposta inclusão indevida de terras devolutas do Estado no âmbito da demarcação. Desapropriação e Bens da União – Info 873 STF • Para entender o caso: • Terras devolutas são, em regra, dos Estados (art. 26, IV, da CF), exceto as que previstas no art. 20, II, da CF, que são da União (indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei). Desapropriação e Bens da União – Info 873 STF • Requisitos da desapropriação indireta (STJ): a) Apossamento do bem sem prévio devido processo legal (esbulho possessório) b) Afetação a uma finalidade pública c) Irreversibilidade da situação fática a tornar ineficaz a tutela judicial específica. • Obs: Particular pode se valer de ação possessória apenas enquanto não afetado o bem a um fim público. • Obs: ação de natureza indenizatória (art. 35 do DL 3365), mas com prazo prescricional de 10 anos decorrente do instituto da Usucapião extraordinária do art. 1.238, p.u., do CC.(S. 119 do STJ sem efeito, pois se referia ao prazo de usucapião do CC/16) Desapropriação e Bens da União – Info 873 STF • Voltando ao caso: MT tem razão? • Art. 20, XI, da CF/88: são bens da União as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. • Fundamentos do STF: ato de demarcação é declaratório e desde 1934 é reconhecida a proteção da posse dos indígenas das terras que tradicionalmente ocupam, razão pela qual desde então não se pode considerá-las como devolutas. Desapropriação e responsabilidade tributária – Info 606 STJ • Se o imóvel desapropriado possuía dívidas de IPTU anteriores à desapropriação, o ente desapropriante poderá ser responsabilizado pelo débito? Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação. Desapropriação e responsabilidade tributária – Info 606 STJ • Desapropriação é forma de aquisição derivada ou originária de propriedade?
• Aquisição originária unilateral, sem vínculo prévio,
afasta qualquer ônus anterior que recaia sobre o bem, pois é um ato originário. Servidor Público - Piso Nacional do Magistério – Info 606 STJ • Art. 206, VIII, da CF: o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: (...) piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. • Piso estabelecido em 2008 no patamar de R$ 950,00. Em ADI, STF, apesar de ter suspendido cautelarmente a vigência da lei, declarou-a constitucional (ADI 4167), mas com aplicação apenas a partir da data do julgamento (27/4/2011). Servidor Público - Piso Nacional do Magistério – Info 606 STJ • Mesmo após a decisão do STF, alguns estados e municípios continuaram a não observar o piso nacional, o que ensejou o ajuizamento de diversas ações que incluíram inclusive a União no polo passivo, devido à previsão do art. 4º da Lei 11.738/2008. • STJ: União não é parte legítima, por dois motivos: a) Complementação pela União não é automática (precisa observar os requisitos do art. 4º. b) Uma coisa é a relação entre os professores e o Estado ou o Município, tendo estes a responsabilidade pela implementação do piso salarial. Outra coisa é a relação orçamentária que haverá entre o Estado ou o Município e a União, caso seja hipótese de complementação. DIREITO CONSTITUCIONAL TCU – contraditório e prazo decadencial - Inf. 873 STF • Em fiscalizações do TCU na gestão administrativa de determinado órgão, é preciso intimar terceiros (ex: pensionistas) eventualmente prejudicados para exercício do contraditório? • Não (MS 34.224)! Contraditório pressupõe litigantes/acusados, o que não acontece no âmbito de fiscalização de órgãos e entidades pelos Tribunais de Contas. Quem deve conceder o contraditório é o órgão de origem no momento do cumprimento da determinação da Corte de Contas. TCU – contraditório e prazo decadencial - Inf. 873 STF • Aplica-se o prazo decadencial de 5 anos previsto no art. 54 da Lei 9.784/99? Cuidado com essa questão... • MS 34.224, julgado em 15/8/2017 (Info 873): ”em processos de controle abstrato (fiscalização linear pelo TCU), não há exame de ato específico do qual decorre efeito favorável ao administrado, no que a repercussão sobre eventual direito individual é apenas indireta.” • MS 32.683, julg. em 23/8/2016, e outros: o ato concessivo de aposentadoria, pensão ou reforma é ato complexo, aperfeiçoando-se com o registro perante a Corte de Contas, de modo que a aplicação do prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei no 9.784/99 somente se opera a partir da publicação do referido registro. Controle de Constitucionalidade - Inf. 874 STF • Art. 97 da CF: Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. • STF tem 11 ministros, logo exige-se voto de 6 ministros para declarar a inconstitucionalidade de lei. E se 2 Ministros se declararem impedidos? Apura-se a maioria absoluta entre os remanescentes ou continua sendo necessária a manifestação de 6 ministros para a inconstitucionalidade da norma? Controle de Constitucionalidade - Inf. 874 STF • Nesse contexto de 2 impedimentos, se 5 ministros votarem pela inconstitucionalidade e 4 pela constitucionalidade, o que acontece? • ADI 4066: julgamento não terá efeito vinculante, pois o STF nem terá declarado a lei inconstitucional nem constitucional, permanecendo os demais órgãos do Poder Judiciário livres para apreciar o tema. • Obs: não confundir com o quórum para iniciar a sessão de julgamento sobre constitucionalidade de ato normativo: 8 ministros (art. 22 da Lei 9868/99 e art. 143 do RISTF). Conselho Nacional de Justiça - Inf. 875 STF • CNJ pode abrir PAD diretamente, sem que tenha sido dada oportunidade para a corregedoria local apurar os fatos?
• MS 30.361 (Info 875) e outros: Sim! CNJ possui competência
originária e concorrente, logo autônoma (não subsidiária), para aplicar medidas disciplinares.
• Pode usar dados obtidos por descoberta fortuita em
interceptações telefônicas como prova emprestada em PAD? Conselho Nacional de Justiça - Inf. 875 STF • Por falar em descoberta fortuita... • Serendipidade de 1º e de 2º grau. STJ: APN 690 e 425. • Na APN 690, o relator fez uma análise do posicionamento da doutrina: a) Não admite serendipidade alguma: Damásio b) Admitem serendipidade de 1º grau apenas: LFG e Raúl Cervini. c) Admitem inclusive a de 2º grau: Fernando Capez e doutrina majoritária (segundo o voto do Ministro). Conselho Nacional do Ministério Público - Inf. 875 STF • CNMP pode avocar PAD (art. 130-A, § 2º, III, da CF) e, quando o faz, pode aproveitar atos praticados regularmente na origem (art. 108 do RI-CNMP).
• Caso analisado: Corregedoria do MPE instaurou PAD contra o
membro do MP, conduzido pelo Corregedor-Geral local. A comissão do PAD determinou a juntada de documentos e ouviu testemunhas. O membro investigado reclamou ao CNMP de suspeição do Corregedor-Geral local e pediu avocação do processo e invalidade das provas já produzidas. Conselho Nacional do Ministério Público - Inf. 875 STF • CNMP avocou preventivamente e aproveitou provas já produzidas. Em sede de MS contra o aproveitamento, o STF entendeu que não houve irregularidade na atuação do CNMP por três fundamentos: a) Avocação se deu em caráter preventivo, sem ter sido firmada a suspeição do Corregedor. b) Atos foram praticados pela Comissão Processante designada para instruir o PAD, não pelo Corregedor. c) Não houve demonstração do prejuízo (princípio pas de nullité sans grief). Sigilo Bancário - Inf. 605 – STJ • Juiz em ação coletiva referente a expurgos inflacionários, determinou que o banco fizesse convocação pública dos clientes que foram beneficiados com a decisão, por meio de publicação de seus nomes em jornais de grande circulação. Banco recorreu, alegando quebra de sigilo bancário. Sigilo Bancário - Inf. 605 – STJ • STJ concordou. Resp 1.285.437-MS. • O art. 1º da Lei Complementar nº 105/2001 determina que ”as instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados”. Dados cadastrais estão inseridos em tal sigilo e apenas em caráter excepcional, nas hipóteses previstas na lei, podem o sigilo ser relativizado. • Sigilo bancário decorre também do direito constitucional à intimidade e à vida privada. Suspensão de Liminar e tarifa de transporte público Inf. 605 – STJ • SLS 2.240-SP: ”Doutrina Chenery”: Poder Judiciário não pode anular ato político da Administração Pública com base na afirmação de que não se valeu de metodologia técnica, pois o Poder Judiciário não gozam de expertise técnica para concluir se os critérios adotados pela Administração são ou não os mais adequados. Origem: caso Chenery vs SEC da Suprema Corte norte-americana. Suspensão de Liminar e tarifa de transporte público Inf. 605 – STJ • Para que Judiciário invalide uma escolha política, deve-se estar diante de reconhecida ilegalidade. • STJ: invalidação pelo judiciário de reajuste de tarifa de transporte público urbano viola a ordem pública, especialmente nos casos em que houver, por parte da Fazenda estadual, esclarecimento de que a metodologia adotada para a fixação dos preços era técnica. Suspensão de Liminar e tarifa de transporte público Inf. 605 – STJ • Obs: Pedido de Suspensão (até há pouco chamado majoritariamente de Suspensão de Segurança, embora já valesse contra decisões liminares ou definitivas em geral): - Incidente processual - Pode ser requerido por PJ de Dir. Público ou pelo MP ou concessionárias de serviço público na tutela de interesse público primário. - Dirigido ao Presidente do Tribunal competente para o julgamento do recurso. E contra decisões e acórdãos do TJ, vai para STJ ou STF? Suspensão de Liminar e tarifa de transporte público Inf. 605 – STJ - Objetivo: suspender a execução de decisão, sentença ou acórdão que cause grave lesão: à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas (fundamento: periculum in mora inverso). Apenas essas questões serão analisadas no incidente, não o mérito da demanda. Ainda assim, há a necessidade de um juízo mínimo de delibação (STF, STA 73), para aferir um mínimo de plausibilidade na tese de mérito da Fazenda Pública (fumus boni iuris). Direito Empresarial Extinção das obrigações do falido e codevedores – Info 605 – STJ • Art. 158 da Lei de Falências: Extingue as obrigações do falido: I – o pagamento de todos os créditos; II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqüenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo; III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei; IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei. Extinção das obrigações do falido e codevedores – Info 605 – STJ • Uma vez declaradas extintas as obrigações do falido com base no inciso III do art. 158, por exemplo, não pode um credor prosseguir na ação de execução contra ele. E contra eventuais coobrigados (ex: um avalista de uma nota promissória emitida pela sociedade empresária falida)? Extinção das obrigações do falido e codevedores – Info 605 – STJ • STJ, Resp 1.104.632: Pode! A extinção das obrigações do falido é um direito pessoal deste, uma espécie de defesa (”exceção” em sentido amplo) que pode ser usada por ele contra seu credor. Todavia, o avalista não poderá opor a exceção pessoal do falido contra o credor comum, nos termos do art. 281 do CC/2002: • Art. 281 do CC: O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor. • Tal entendimento decorre também da autonomia da obrigação do avalista em um título de crédito.