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ADMINISTRAÇÃO

Gestão e Planejamento Estratégico

A idéia de planejar não é nova nas organizações. A necessidade de organizar


atividades, orientar o trabalho de pessoas ou formalizar um orçamento fez com que as
organizações incorporassem o conceito de planejamento à sua vida. As maneiras de
concretizá-lo é que variam: planos anuais; plurianuais; por setor ou área temática da
organização; financeiro e assim por diante. Todas estas formas possuem em comum a
preocupação mais geral de fazer com que a organização defina objetivos,
cronogramas, organogramas e orçamentos. Em outras palavras, como a organização
vai se preparar para cumprir sua missão.

Com o passar do tempo, no entanto, ficou claro que os formatos de


planejamento adotados pelas organizações já não se mostravam adequados à
realidade. Um ambiente em transformação mais profunda, incertezas cada vez maiores
e constantes, demandas inesperadas são condições que têm feito com que as
organizações percebam que seu universo de planejamento está limitado. Além de não
incorporar satisfatoriamente as mudanças – gerando a sensação de trabalho
incompleto e de relevância questionável para os próprios membros –, os antigos
formatos de planejamento já não são capazes de garantir à organização sua
sobrevivência no futuro.

Do quê se trata? Para quê serve?

Daí, a "novidade" de incorporar estratégias ao planejamento. O mundo


empresarial rapidamente adotou a idéia de utilizar estratégias para sua ação;
submetido à realidade da concorrência crescente – em escala global, até –, foi buscar
na metáfora da guerra inspiração para conquistar terreno – o chamado mercado.

Estratégia diz respeito a ser capaz de posicionar-se corretamente frente às


situações, principalmente quando se está diante de incertezas e turbulência do
ambiente. Diante das reformulações provocadas pela economia mundial, das
redefinições do papel do Estado e das desigualdades sociais crescentes e mais
profundas em todo o mundo, as organizações se vêem confrontadas com a
necessidade de redefinir rumos e buscar alternativas de atuação para poderem
sobreviver. Se, por um lado, conquistaram espaço na sociedade, por outro, se vêem
na iminência de perder terreno.

Desta forma, os planos plurianuais, por exemplo, se mostram insuficientes para


que as organizações se posicionem corretamente perante o ambiente.

Planejar estrategicamente, então, significa pensar a organização como um todo


em sua relação com o ambiente, numa perspectiva de futuro. É ver o todo antes das
partes. Criar uma visão de futuro e dos meios de alcançá-lo. Daí a importância de
analisar o ambiente para redefinir missão e escolher estratégias de ação – numa
palavra, posicionar-se.

Significa, ainda, rever os projetos em que a organização está engajada, avaliar


se seus objetivos e metodologias contribuem para os objetivos estratégicos escolhidos,
assim como criar novos projetos.

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Por sua vez, administrar estrategicamente significa ser capaz de responder às
demandas do presente tendo em mente o que se planejou para o futuro. É comum que
organizações passem pelo processo de planejamento estratégico sem se darem conta
de que precisarão preparar-se para administrar estrategicamente. O resultado é que as
rotinas anteriores tomam conta das decisões e pouco ou nada se realiza do plano
adotado.

A quem interessa?

Para uma organização, isto pode significar muitas mudanças: é possível que os
projetos desenvolvidos há anos – e que, afinal, sempre foram sua razão de ser – já
não sejam adequados; pode ser que as relações de poder dentro da organização
precisem ser revistas; que as competências de seus membros não sejam suficientes
para o futuro desejado. E, como se sabe, mudanças nem sempre são bem toleradas,
pois significam incerteza. É, portanto, um processo que depende fundamentalmente da
direção da organização. É a direção que assume o compromisso de realizar mudanças
e de conduzir o conjunto de

Em vista disso, o planejamento estratégico precisa levar em consideração


algumas de suas características:

a)Participação nas decisões

Nas organizações a decisão é influenciada por pessoas que ocupam espaço em


instâncias diversas – hierárquicas ou não –, o processo precisa incorporar esta
pluralidade de visões desde o início. Isto não significa que a direção deixe de lado sua
responsabilidade, mas que tenha construído condições para a adesão das várias visões
a um plano comum.

b)Relações de poder

Uma vez que mobiliza os vários interesses individuais e de grupos dentro da


organização, o planejamento estratégico precisa ser tomado como oportunidade e não
como ameaça. É uma oportunidade de afirmação da organização, que deve ser maior
que a soma de seus integrantes.

c)Delimitação por programas, projetos, áreas temáticas

Como o planejamento estratégico parte de definições mais amplas sobre o


posicionamento da organização em sua relação com o ambiente, as divisões existentes
entre projetos ou áreas temáticas devem ser contornadas. O mais importante é
resgatar o aprendizado da organização como um todo, interpretar as demandas a que
está sujeita e definir seu potencial para o futuro.

d)Predomínio da racionalidade substantiva

O planejamento estratégico precisa ser tratado no âmbito da racionalidade que


diz respeito a valores e a padrões éticos de ação, onde os resultados estão
subordinados a seus membros no sentido estratégico.

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Quando colocar em prática?
Embora o planejamento estratégico esteja intimamente ligado a pensar a
organização em sua relação com o exterior, ele depende de condições internas para
ser colocado em prática com todas as suas implicações. Certamente, os momentos de
crise são os menos favoráveis a que se instale um processo deste tipo. Nestes
momentos, as relações estão desgastadas, os erros se acumulam e parecem
insuperáveis, as avaliações estão mais sujeitas às influências dos aspectos subjetivos e
a possibilidade de obter consenso é mais difícil. Idealmente, é quando as coisas vão
bem que se deve pensar em mudar.

INSERIR NESTA PONTO TODO O ARQUIVO DE ADMIN DE


MATERIAIS APOSTILA DA AGU PAG. 143 até 162(processo
organizacional)

ATENÇÃO******************************COLOCAR A REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA DA SEGUINTE MANEIRA:

ESTE MATERIAL ESTÁ BASEADO NA OBRA: Administração de Materiais-Uma


Abordagem Logística – do Prof. Marco Aurélio P. Dias – Editora Atlas –
1996*************************************************************

INVENTÁRIOS
· Natureza dos Inventários -
O termo inventário é usado para designar o estoque disponível para a venda no curso
normal da empresa, bem como os artigos que serão utilizados na produção de mercadorias a
serem vendidas. A venda da mercadoria acima do custo é a principal fonte de renda da empresa
comercial ou fabril.
Os inventários representam um dos mais ativos elementos nas operações comerciais,
sendo continuamente adquiridos, transformados e revendidos. Os registros de inventário controlam
o estoque em constante movimento. São necessários os registros para os custos de inventário,
para a avaliação periódica dos resultados das operações e a determinação da situação financeira
da empresa.
O inventário constitui peça fundamental no levantamento do balanço, compreendendo a
conferência física das existências e sua avaliação em moeda, constituindo peça importante do

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Balanço, pois que, como sempre se dizia, “do bom inventário depende o bom balanço”. O
Inventário sempre foi o apoio dos balanços. Por isso, não basta que as legislações estabelecessem
a obrigatoriedade do levantamento dos balanços. Tiveram elas que ir mais adiante, prescrevendo
leis para o levantamento dos inventários, para que se tivessem balanços fidedignos.
Não bastou também que a lei fixasse normas para o levantamento quantitativo e qualitativo
dos valores a inventariar. Era preciso ir mais longe: prescrever normas quanto a avaliação,
sabendo que desta resulta o bom ou mau balanço.
Foi o que fizeram as legislações modernas. O que predomina é a teoria do menor preço, que aliás
constitui uma vantagem dada às empresas, para fins fiscais, quando se trata de mercadorias que
não tem cotação em bolsa.
De fato, referindo-se a nossa legislação ao preço de venda ou de custo, o que for mais
baixo, deixa a nossa legislação um pouco à critério das empresas, avaliar como quiser e por
quanto quiser, pois, não havendo cotação oficial de venda, e podendo ser adotado este critério,
também dentro deles podem ser analisados os preços de venda de comprador e vendedor, o que
em muitos casos fornece margem muito favorável a uma apresentação de resultado conveniente.
Adotado um critério de avaliação, este não é em nosso direito, vinculativo, o que quer dizer
que nos anos posteriores a empresa pode mudar de critério.

· Constituição dos Inventários -


O Inventário de mercadorias de uma empresa comercial consiste de mercadorias
adquiridas para a revenda. Na empresa fabril, é constituído de matéria-prima, mercadorias em
processamento e produtos (mercadorias fabricadas). A matéria-prima refere-se aos artigos usados
no processo da produção. A matéria-prima de uma Companhia representa, freqüentemente, o
produto da outra Companhia, de que foi adquirida. Assim, por exemplo, papel é matéria-prima para
o editor de jornais, mas é o produto para seu fabricante. Há exceções, porém, em que as empresas
adquirem a matéria-prima das fontes naturais. Certas matérias-primas, conquanto necessárias no
processo produtivo, não podem ser identificadas com um produto particular no curso da fabricação.
Exemplo: óleos, graxas e combustíveis. São relacionadas separadamente como material de
fábrica; dado, porém, o seu consumo no processo fabril, são tidas como parte dos inventários da
Companhia. A matéria-prima diretamente empregada na produção de certas mercadorias é
denominada “matéria direta”; o material de fábrica é chamado “matéria indireta”.

Mercadorias em processamento são os artigos ainda não prontos, no processo de


produção. Mercadorias em processamento abrange três elementos: 1) matéria-prima, 2) mão-de-
obra e 3) despesas de fábrica ou carga. Mão-de-obra, algumas vezes chamado trabalho produtivo,
é o trabalho que pode ser identificado com o produto. Despesa de fábrica é todo o custo fabril que
não a matéria-prima e a mão-de-obra. Inclui material de fábrica e o trabalho que não possa ser
identificado com o produto. Inclui, também, o custo da depreciação, concertos, impostos e seguros,
bem como uma parte razoável do custo da administração e outros custos que não os relacionados
exclusivamente com as funções de venda.

Mercadorias prontas são os produtos completos de uma empresa. O custo do produto


abrange, também, matéria-prima, mão-de-obra e despesas de fábrica. Os produtos comprados
para serem usados na produção são classificados como matéria-prima; os que se destinam a
vendas são classificados como mercadorias prontas.

Sistemas de Inventário
Métodos de Inventariar -
SISTEMA DE INVENTÁRIO PERIÓDICO
Neste tipo de sistema, a administração especifica um intervalo fixo de tempo, para que se
faça a revisão da posição do estoque. Em cada revisão, uma ordem de suprimento é colocada. O
tamanho dessa ordem variará de uma revisão para a seguinte, dependendo das flutuações da
demanda.

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A característica marcante dos sistemas periódicos de controle de estoque é a de que as
revisões da posição do estoque são conduzidas somente a intervalos de tempo regulares, tais
como uma vez por dia ou uma vez por semana. A análise, em cada revisão, deverá desenvolver
respostas adequadas a duas questões fundamentais.
(1) Deverá uma ordem de suprimento ser colocada agora ?
(2) Se esse é o caso, quantas unidades deverão ser encomendadas ?
A decisão-chave de projeto para o caso de sistemas periódicos é a determinação do período mais
adequado entre revisões.
Uma vez identificados os fatores de custo relevantes, as alternativas viáveis poderão ser
analisadas. O período ótimo é considerado como sendo aquele intervalo de tempo que resulta no
mínimo custo variável total, ao longo de certo período de planejamento.
Uma vez decidido o intervalo de revisão, o máximo número de ordens de rotina para determinado
item durante um período de planejamento é fixado.
O Sistema periódico permite ao tomador de decisão, boas previsões do consumo do item.
Já que os dados contínuos facilitarão a ilustração dos conceitos a serem demonstrados, todas as
previsões serão dadas sob a forma de uma distribuição normal.
Os sistemas periódicos podem ser projetados para atingir dado nível de serviço, ou, se não
conhecidos os custos de não atendimento, a fornecer um ótimo nível de serviço, baseado no
tratamento explícito dos custos de não atendimento. O nível de atendimento(NA) pode ser
calculado da seguinte maneira: NA= pedidos atendidos/pedidos realizados. Por exemplo: para 100
pedidos, se forem atendidos 90, o nível de atendimento é de 90%.
SISTEMA DE INVENTÁRIO PERMANENTE
Numa empresa industrial, mantêm-se, geralmente, no almoxarifado ou em outros locais ,
registros indicando para cada item de matéria - prima, as quantidades existentes no início do
período, os recebimentos, as retiradas e o saldo no encerramento do período. Estes registros são
chamados inventários permanentes. Além das quantidades, os registros de inventários
permanentes podem incluir os custos dos itens de matérias - primas. Neste caso, eles são
freqüentemente designados como inventários contábeis. Os inventários contábeis constituem um
Razão Auxiliar, já que o conjunto dos custos dos itens individuais de matéria-prima se iguala ao
saldo que aparece na conta de Controle de Matérias - Primas, no Razão Geral.
Os registros permanentes de estoques são um importante instrumento de controle. Eles
fornecem informações que permitem ao departamento de compras colocar os pedidos de uma
maneira destinada a minimizar o investimento em estoque e, contudo, evitar a perda de descontos
potenciais e a ocorrência de estrangulamentos da produção devidos a faltas de matérias. Contém
eles, igualmente, dados que são úteis no planejamento e programação da produção. Quando
existe um sistema de inventário permanente, podem ser feitos levantamentos físicos de
determinadas matérias - primas, através de todo o ano, em processo de rodízio. Se aparecerem
discrepâncias significativas entre a contagem física e o registro de inventário permanente, este
pode ser verificado com a documentação comprovante, em busca de possíveis erros, ou se pode
procurar alguma outra explicação plausível, por exemplo, furto.
Conhece-se a quantidade de mercadorias disponível ou mediante o inventário analítico ou
pela manutenção de um livro de inventário permanente. O inventário analítico envolve contagem,
medida e peso das mercadorias. O inventário permanente requer o registro corrente do movimento
das mercadorias.Os registros do inventário permanente podem ser feitos só pelas quantidades ou
pelas quantidades e respectivos custos.
Nas empresas que adotam o sistema de inventário permanente, é aconselhável fazer a
contagem das unidades existentes, ao menos uma vez ao ano; se possível, com intervalo menor. A
freqüência de tais inventários depende do movimento das mercadorias. Freqüentemente se adota
o plano de controle contínuo do inventário sobre a base rotativa. As variações entre o inventário
permanente e o analítico, decorrentes de erros, avarias, perdas, roubos ou outras causas,
determinam a reconciliação, de modo que os registros igualem à contagem.
As Mercadorias recebidas em consignação, cuja posse só ocorre quando a venda é feita a
um freguês, devem ser excluídos do inventário. Por outro lado, se as mercadorias foram expedidas
em consignação e ainda permanecem na posse dos consignatários, tais mercadorias devem ser
incluídas nos inventários do consignador como Mercadorias em Consignação. As mercadorias de

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que se tem a propriedade, mas em mãos de terceiros, como vendedores e agências, são incluídas
nos inventários finais.
O controle do material é, sem dúvida, problema de grande importância, pois diz respeito à
guarda e movimentação de um dos mais importantes compromissos do patrimônio. Por essa razão
muitas indústrias não deixam tal controle exclusivamente a cargo do almoxarifado, mas
estabelecem um duplo fichário de estoque — um com o almoxarifado, outro com a seção de custo.
No primeiro serão registrados apenas as unidades de entradas e saídas, assim como os
respectivos saldos, sem se cogitar do preço dos materiais. O segundo será completo, incluindo os
preços unitários e total. Esse duplo controle não dispensa, entretanto, a realização de inventários
periódicos pelos chamados inventários permanentes.
Os primeiros eram realizados por ocasião dos balanços, porém as empresas de grande
movimentos, com grandes estoques de materiais, não podem interromper anualmente ou
semestralmente suas atividades para realização do inventário. Daí a manutenção do inventário
permanente, que é hoje medida inevitável em determinadas indústrias.
Para manutenção do inventário permanente a indústria manterá um ou mais elementos
encarregados deste trabalho, aos quais caberá contar, sucessivamente, durante todo o ano, cada
um dos materiais existentes em estoque. À medida que a contagem é procedida, são feitos os
ajustes, não só na ficha de estoques, quanto na Contabilidade e, em cada caso de variação.
Através do formulário do inventário permanente, cada item inventariado é conferido com o saldo
acusado na ficha de estoque e anotam-se as diferenças. Se estas forem razoáveis, podendo ser
consideradas variações normais em face da movimentação do material, anotamos o valor da
diferença para efeito de registros contábeis. Algumas são para mais e outras para menos. A
contabilidade registrará apenas o saldo das diferenças, a débito ou a crédito do estoque, conforme
o caso, debitando a conta de Insubsistências Ativas ou creditando a de Superveniências Ativas,
conforme seja a variação para mais ou para menos.
Esse acerto mensal das diferenças de estoque simplificada consideravelmente o trabalho
de fim de exercício, pois na época do balanço teremos o estoque físico conciliado com os valores
contábeis.

Movimentação de Materiais
Henry Ford dizia, você pode escolher o carro de qualquer cor contanto que a cor seja
preta. Essa filosofia de mercado funcionava em 1908. Hoje o consumidor é mais exigente
escolhendo a cor ,opcionais, gosta de personalizar o produto que esta adquirindo, portanto devido
a uma mudança comportamental radical do consumidor, levou também a logística rever todos os
seus conceitos buscando alcançar a redução de custos e proporcionar as indústrias produzirem
seus produtos dentro dos conceitos de manufatura enxuta. O mercado não permite que empresas
que não possuam respostas rápidas e que não sejam flexíveis sobrevivam. Logo cada vez mais as
empresas tem que buscar produtividade.
Um ponto que muitas vezes passa desapercebido dentro das empresas é o fluxo da
movimentação de materiais, que de bem administrado pode ser um fator de diferencial competitivo,
gerando reduções de custos e ganhos em produtividade, sendo um dos quesitos para se chegar a
manufatura enxuta. Todas as vezes que fazemos movimentos desnecessários, estamos perdendo
tempo, produtividade e qualidade. Acredito que se olharmos atentamente ao fluxo existente em
nossas empresas poderemos promover alguma redução de movimentos desnecessários.
Recomendamos que antes de se determinar um novo processo ou mesmo revisar os existentes,
atentem para os princípios abaixo; os mesmos não são regras mas ajudam na definição de um
fluxo mais contínuo da produção evitando portanto movimentos desnecessários.

Princípios da Movimentação de Materiais

Enunciamos sob a forma de princípios os pontos fundamentais que orientam a


movimentação de materiais. Estes princípios (adaptados pelo Instituto IMAM do Material Handling
Institute - USA) não são regras rígidas mas resultam da experiência prática e aplicação do bom
senso, oferecendo resultados positivos.
Princípio do planejamento : É necessário determinar o melhor método do ponto de vista
econômico, para a movimentação de materiais, considerando-se as condições particulares de cada

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operação.
Princípio do sistema integrado : Devemos planejar um sistema que integre o maior número de
atividades de movimentação, coordenando todo o conjunto de operação.
Princípio do fluxo de materiais : É fundamental planejar o fluxo contínuo e progressivo dos
materiais."
Princípio da simplificação: Devemos procurar sempre reduzir, combinar ou eliminar
movimentação e/ou equipamentos desnecessários.
Princípio da gravidade : A força motora mais econômica é a gravidade.
Princípio da utilização dos espaços (Princípio da verticalização): O aproveitamento dos
espaços verticais contribui para o descongestionamento das área de movimentação e a redução
dos custos da armazenagem.
Princípio do tamanho da carga (Unitização): A economia em movimentação de materiais é
diretamente proporcional ao tamanho da carga movimentada. A utilização da PALETIZAÇÃO tem
reduzido consideravelmente os custos de movimentação de materiais. PALETS são estrados de
madeira que permitem um melhor aproveitamento do espaço vertical e permitem ainda o
transporte de grandes quantidades de uma única vez com a utilização de empilhadeiras
Princípio da segurança: A produtividade aumenta conforme as condições de trabalho tornam-se
mais seguras.
Princípio da mecanização - automação: Usar equipamento de movimentação mecanizada ou,
automático sempre que possível e viável.
Princípio da seleção de equipamento: Na seleção do equipamento de movimentação, considerar
todos os aspectos do material a ser movimentado, o movimento a ser realizado e o(s) método(s) a
ser(em) utilizado(s).
Princípio da padronização: Padronizar métodos, bem como tipos e tamanhos dos equipamentos
de movimentação e das cargas utilizadas.
Princípio da flexibilidade: Procurar sempre equipamentos versáteis, pois o seu valor é
diretamente proporcional a sua flexibilidade.
Princípio do peso morto: Quanto menor for o peso próprio do equipamento móvel, em relação a
sua capacidade de carga, mas econômicas serão as condições operacionais.
Princípio do tempo ocioso: Reduzir tempo ocioso ou improdutivo tanto do equipamento quanto
da mão-de-obra empregada na movimentação de materiais.
Princípio da movimentação: O equipamento projetado para movimentar materiais deve ser
mantido em movimento.
Princípio da manutenção: Planejar a manutenção preventiva e corretiva de todos os
equipamentos de movimentação.
Princípio da obsolência: Substituir os métodos e equipamentos de movimentação obsoletos
quando métodos e equipamentos mais eficientes vierem a melhorar as operações.
Princípio do controle: Empregar o equipamento de movimentação de materiais para melhorar o
controle de produção, controle de estoques e preparação de pedidos.
Príncipio da capacidade: Usar equipamentos de movimentação para auxiliar a atingir a plena
capacidade de produção.
Princípio de desempenho: Determinar a eficiência do desempenho da movimentação de
materiais em termos de custo por unidade movimentada.

Armazenamento –Estocagem de materiais

Neste contexto, não deve ser surpreendente aprender que acreditamos que a melhor
estocagem de material é nenhuma estocagem de material. Atualmente, muitas empresas estão se
empenhando em eliminar etapas de distribuição, dentro do sistema logístico; na essência, estão
tentando estocar menos material no sistema. Se o material está no canal de distribuição ou em um
armazém, resulta em custo ao sistema. Por meio da utilização do cross-docking (onde os produtos
são descarregados dos caminhões que chegam e carregados diretamente nos caminhões que
saem, sem irem para o estoque), as empresas estão tentando eliminar a atividade de estocagem.
Exceto para os casos onde a qualidade do material melhora com o tempo, não há valor em estocar
material. Ao invés de focalizar primeiramente no projeto de sistemas de estocagem de materiais

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eficientes e efetivos, as empresas devem focalizar na redução da necessidade de estocar material
em primeiro lugar.
Em geral, a estocagem de materiais é necessária devido à falta de informação perfeita
sobre as futuras necessidades de material. Até que ponto a variação nas futuras demandas é
reduzida, assim será a necessidade consequente de estocagem.
No caso de você não ser capaz de eliminar a necessidade da estocagem de materiais,
então acredita-se que "estocar menos é melhor". Em especial, acreditamos que estocar menos
frequentemente, menos quantidade, menos centralmente, menos volume, menos dinheiro e menos
rotineiramente é melhor.
A estocagem frequente ocorre quando existem desequilíbrios nas velocidades de fluxo de
operações sucessivas. Por meio do balanceamento do fluxo da produção, o número de vezes em
que ocorre a estocagem, será reduzido. Outra forma de reduzir frequência de estocagem é reduzir
o número de peças, componentes e montagens que exigem estocagem. Como um exemplo, se
diversos produtos são idênticos antes de uma determinada operação, então, qualquer estocagem
de material em processo deve ocorrer antes da criação das diferenças nos produtos; no caso de
um processo de pintura, preferir-se-ia a estocagem de peças não pintadas à estocagem das peças
pintadas.
Os programas de padronização das peças são outro método de reduzir o número de
diferentes peças que exigem estocagem. Estocar menos frequentemente é melhor.
Grandes inventários frequentemente significam grandes custos. Inventários de matérias-primas,
materiais em processo e produtos acabados acrescentam custos operacionais à empresa, como
acrescentam custos aos inventários de acessórios, ferramentas, equipamentos, móveis e outras
instalações de apoio. A redução nos inventários sustenta a afirmação de que estocar menor
quantidade é melhor.
A estocagem no ponto de uso ou descentralizada é utilizada para reduzir a distância entre
estocagem e o cliente do material estocado. Distâncias reduzidas permitem entrega mais rápida de
material. Estocagem centralizada foi utilizada, ao invés da estocagem descentralizada, a fim de
reduzir os níveis de inventário agregado e para melhorar o controle de material. Entretanto, com
controle de material em tempo real, incluindo visibilidade de item por todo o sistema, é menos
importante de uma perspectiva de controle, onde um item é estocado - conquanto possa ser
despachado rapidamente ao ponto de uso. Daí, com múltiplos pontos de uso, mas desiguais, para
uma unidade de estocagem (SKU), aquela que gera a maior utilização será candidata,
provavelmente, a qualquer estocagem de SKU. Daí, estocar menos centralmente é melhor.
A estocagem de material envolve mais do que somente estocar material. São necessários
espaço para corredores, estruturas de estocagem e contenedores. Como resultado, numa estrutura
porta-paletes bem projetada, é típico para o material que está sendo estocado representar, em
média, menos que 30% do volume do espaço consumido. À medida que o custo do espaço
aumenta, torna-se óbvio que estocar menos volume é melhor.
No geral, o custo de estocar materiais tende a ser subestimado. Além do custo do material, o custo
do espaço necessário, equipamento e pessoal precisa ser considerado. Inventários obsoletos são
de alto custo; excesso de inventário também leva à ineficiência no desempenho da
estocagem/retirada e separação de pedidos, devido às maiores distâncias de viagem que
produzem. Além disso, mais gerenciamento discriminado é necessário em termos do material que
está sendo estocado; maior diferenciação é necessária entre material de baixo custo e alto, a fim
de reduzir os investimentos do inventário.
Com maior ênfase no serviço ao cliente e tratamento especializado necessário aos
clientes, as empresas também se deram conta de que um custo significativo de ter canais de
abastecimento completos é a flexibilidade reduzida que têm ao responder às rápidas mudanças na
demanda de seus clientes. A noção de um sistema de Movimentação de Materiais "enxuto", mas
altamente responsivo, inclui um sistema com pequenos montantes (não grandes) de material em

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estoque. O coração do sistema JIT é inventário enxuto, sem excessos. Por meio do
reconhecimento de que o material é um recurso físico, é evidente que estocar material é
considerado estocar dinheiro e, a menos que alguém esteja pagando para você fazer isto, estocar
menos dinheiro é melhor.
Finalmente, a estocagem de material é extremamente rotineira! Com muita frequência,
pensa-se ser a regra, ao invés da exceção no projeto de sistemas de manufatura. A estocagem de
material, feita corretamente, foi considerada um aspecto necessário para se realizar negócios;
atualmente, não é mais encarada como necessária ou desejável por parte de muitas empresas.
Além disso, com muita frequência, a estocagem de material é executada utilizando métodos de
estocagem convencionais ou rotineiros, quando métodos contemporâneos são justificados. A
utilização insatisfatória do espaço, erros na acuracidade do inventário, material perdido e excesso
de tempo gasto procurando material são indicações de que a estocagem de material está sendo
levada como certa. Estocar menos rotineiramente é melhor.

TÉCNICAS DE ESTOCAGEM/ARMAZENAMENTO
A dimensão e as características de materiais e produtos podem exigir desde a instalação de uma
simples prateleira até complexos sistemas de armações, caixas e gavetas. As principais técnicas
utilizadas são:
- Caixas: adequadas para itens de pequenas dimensões
- Prateleiras: são fabricadas em madeira ou perfis metálicos, destinando-se a peças maiores
ou para o apoio de gavetas ou caixas padronizadas
- Racks: adequados para acomodar peças longas e estreitas, como tubos, vergalhões,
barras, etc.
- Empilhamento: permite o aproveitamento máximo do espaço vertical ( paletização- carga
unitária).

TIPOS DE EMBALAGENS
Caixas de papelão,. Tambores(indicados para líquidos de todo tipo, produtos sólidos, pastosos,
fluídos, em pó, granulados, etc. fardos(utilizado para armazenar produtos agrícolas).

ALGUNS PRODUTOS E SEUS TIPOS DE ESTOCAGEM


1)Barras, tubos e feixes – o sistema indicado é o CANTILEVER
2)Bobinas – pallet ou o SKID(uma armação de ferro com pernas e estrutura superior)
3)Chapas – blocagem ou casulo. Utilizado para estocagem de vidros também
4)Fardos – empilhamento
5)Parafusos, arruelas e porcas- bandejas ou gavetas
6)Tapetes e carpetes – gaiolas ou pombais.

LOCALIZAÇÃO DE MATERIAIS
• estocagem livre: os materiais ocupam os espaços vazios dentro do depósito. Exige maior
controle.
• estocagem fixa: os materiais são estocados em um local pré-determinado. Corre-se o
risco de grande desperdício nas áreas de estocagem, pois os materiais que não tiverem
espaço para estocagem ficam nos corredores.

IDENTIFICAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS

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Uma das atividades mais importantes na administração dos recursos materiais e
patrimoniais é registrar e controlar todos os bens da empresa. Seu objetivo é especificar e
padronizar com uma numeração todos os bens materiais e patrimoniais da empresa, visando
facilitar um maior controle e também informar todo o seu histórico.

DESCRIÇÃO PADRÃO

São os dados descritivos completos de um item de material que obedecem a determinados


parâmetros ou padrões de descrição. Pode ser formada pelo NOME DO MATERIAL, DESCRIÇÃO
TÉCNICA, DESCRIÇÃO COMPLEMENTAR.

REGRAS A SEREM SEGUIDAS:


§ O material deve ser registrado com a designação genérica, sempre no singular, exceto nos casos
de materiais que só possuem forma plural.
§ Empregar termos que tenham significado exato individual.
§ Usar terminologia técnica corrente, ou de uso mais comum, evitando pluralidade de sinônimos,
gírias ou regionalismo.
§ Não empregar marcas de produtos, nomes de fabricantes ou palavras de origem estrangeiras.
§ A designação genérica não deve considerar embalagem ou forma de apresentação do material.

DESCRIÇÃO PARTICULAR
Deve ser criada em função de formatos, tipos, aplicação, formas de apresentação,
composição, origem ou de quaisquer características próprias do item identificado.
DESCRIÇÃO TÉCNICA
É decorrente de uma análise detalhada de cada tipo de material, com vistas ao
estabelecimento de uma série de requisitos a serem preenchidos e que se referem às
características técnicas do item representado por sua descrição genérica ou nome do material.
DESCRIÇÃO COMPLEMENTAR
São informações do tipo:
§ Referência de fornecedor (equivalência)
§ Aplicação do item
§ Embalagem
§ Indicação de permutabilidade
DESCRIÇÃO COMERCIAL
Trata-se da identificação de materiais com base nos códigos empregados pelos
fornecedores. Essa descrição é formada pelo nome do material acrescido da referência do
fornecedor e de sua respectiva origem.
CODIFICAÇÃO DE MATERIAIS
Classificação Merville Dewey proporciona inúmeras variações de agrupamento permitindo a
rápida identificação e localização dos materiais. Nesse método são definidos grupos de materiais,
com subdivisões que permitem a classificação por afinidade de uso ou coincidência de
características, e uma última subdivisão que identifica cada material individualmente.
Classificação Federal Supply Classification (FSC) sistema criado e desenvolvido pelo
Departamento de Defesa dos Estado Unidos da América com objetivo de estabelecer e manter um
sistema uniforme de identificação codificação e catalogação para todos os materiais
movimentados.
ESTRUTURA DE CODIFICAÇÃO

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XXX XXX XXXX

Nº de identificação
Classe

Grupo

UNIDADES DE ESTOQUE

FR ou FD (fardo), UN CJ (conjunto), CX (caixa), PC (pacote ou peça), LT (lata), M, KG,L

ANÁLISE DE VALOR

É uma metodologia de gestão criada nos anos 50 pelo americano Lawrence Miles.
Consiste em decompor um produto ou serviço nas suas funções principais e, em seguida, delinear
as soluções organizacionais mais apropriadas para reduzir os custos de produção. Implica uma
análise detalhada do valor criado pela empresa por meio da distribuição dos custos totais de um
produto ou serviço pelas suas diferentes etapas: concepção, fabrico, venda, distribuição e serviço
aos clientes. Este conceito deu origem às noções de cadeia de valor, de valor acrescentado do
produto ou serviço e de shareholder value (valor para o acionista) cuja autoria pertence a Alfred
Rappaport.

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS PATRIMONIAIS

Patrimônio
Conceito: A concepção econômica de patrimônio sob o aspecto científico, observando que os bens
econômicos ou riquezas conjuntas constituem todo Patrimônio pertencente às pessoas naturais, às
Entidades Públicas, Sociedades, Empresas Privadas, com ou sem personalidade jurídica, e
constituem os Patrimônios particulares.

Em outras palavras: É o conjunto das riquezas, dos bens econômicos de uma pessoa,
Entidade Pública, Sociedade, Empresa, etc. Podemos dizer também que o Patrimônio de uma
pessoa ou Entidade, é um complexo de bens econômicos de que podem, de fato ou de direito,
dispor em seu próprio interesse. Não podemos esquecer que o Capital é entendido com a fonte do
Patrimônio.

Constituição do Patrimônio

Fazem parte dos bens patrimoniais: terras;bibliotecas;imóveis;museus;mobiliários;bens de


natureza industrial e comercial; máquinas, motores e aparelhos, semoventes, veículos, aeronaves;
outros bens móveis, como: as ações, equipamentos diversos de empresas Públicas, certidões de
débitos, hipotecas, quinhões de clubes e obrigações outras que se contrair com terceiros por
mercadorias, etc.

Da Movimentação e Controle (Tombamento)


Cumpre ao Departamento de Administração da Empresa ou Órgão Público, no que
concerne ao material Permanente em uso, cuidar da localização, recolhimento, manutenção e
redistribuição desse material, assim como da emissão de Termos de Responsabilidade, que
conterão os elementos necessários à perfeita caracterização do bem.
Para efeito de identificação e inventário, os materiais permanentes receberão números
sequências de registro patrimonial:

a) É o seu registro em livros próprios ou informatização, ou seja, o tombamento do bem;

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b) O número de registro patrimonial deverá ser aposto ao material, em número sequencial para
cada unidade, mediante gravação, fixação de plaqueta ou etiqueta apropriada, fixada em parte
mais visível do bem, como por exemplo:
EMPRESA
PATRIMÔNIO
A95 004324-9
Bens plaquetáveis(A)
Ano de fabricação(95)
Número seqüencial(004324)
Dígito verificador(9)

c) Para equipamentos sensíveis e de pequeno porte não é fixado a plaqueta, mas tem o mesmo
número sequencial controlado pelo Setor de Patrimônio, gravado no bem (instrumental cirúrgico,
odontológico, etc) exemplo:
EMPRESA
PATRIMÔNIO
B95 009815-8
Bens não plaquetáveis(B)
Ano de aquisição(95)
Número seqüencial(009815)
Dígito verificador(8)

d) Após fixar ou não a plaqueta no bem, este é distribuído pelo Setor de Almoxarifado juntamente
com o Setor de Patrimônio ao Setor solicitante

e)O Núcleo de Informática, após fazer os lançamentos, emitirá o TERMO DE


RESPONSABILIDADE (TR), em duas vias, ambas assinadas pelo Chefe do Setor de Patrimônio e
o responsável pelo recebimento e guarda do bem conforme descrito anteriormente.

As vias do T.R. serão assim distribuídas:


a) a 1ª via é arquivada no Setor de Patrimônio;
b) a 2ª via fica com o responsável do Setor que recebeu o bem, ou seja, o requisitante

Um comando com todas as informações para que se faça os devidos lançamentos no Sistema de
Patrimônio, pela informática, são as seguintes:
1 - número de tombamento;
2 - código do setor;
3 - código do responsável;
4 - classificação;
5 - descrição completa do bem;
6 - grupo SIAFI - Serviço Integrado de Administração Financeira (no caso de Órgãos Públicos)
7 - número do Termo de Responsabilidade(T.R.) - modelo do TR nº 1
8 - número do prédio e da sala;
9 - valor unitário

f)No fechamento de cada mês as informações quanto ao valor unitário de cada bem e o grupo
SIAFI (no caso de Órgão Público) são enviados à Contabilidade para lançamento no Sistema SIAFI
da União e no caso de Empresa Privada, enviados diretamente à Contabilidade, para o
tombamento propriamente dito.

g)Para o material bibliográfico, o número de registro patrimonial poderá ser aposto mediante
carimbo.

h)Nenhum material permanente ou equipamento será distribuído para uso sem o competente
Termo de Responsabilidade que será assinado pelo responsável pela guarda e conservação;

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i)Em cada unidade administrativa, o levantamento dos bens móveis será realizado por Comissão
designada para proceder ao inventário analítico (físico e financeiro) dos bens da unidade;

j)No Inventário, os bens móveis serão agrupados segundo as categorias anteriormente citadas,
constantes do Plano de Contas Único da Empresa, indicando-se ao final de cada categoria o total
das peças e o seu valor global, levando-se em conta a Depreciação do bem, no caso de Empresa
privada.

Tipos de Inventários

a)Inventário Inicial: realizado quando da criação de uma Empresa ou Unidade gestora, para
identificação e registro dos bens sob sua responsabilidade;

b)Inventário Anual: destinado a comprovar a quantidade e o valor dos bens patrimoniais do acervo
da Empresa e de cada Unidade gestora, existente em 31 de dezembro de cada exercício -
constituído do inventário anterior e das variações patrimoniais (acréscimos e baixas autorizadas de
bens) ocorridas durante o exercício. Ex.: do Imposto de Renda

c)De Transferência de Responsabilidade: realizado quando da mudança do dirigente de uma


Unidade gestora. Ex.: quando muda o Governo

d)De Extinção ou Transformação: realizado quando da extinção ou transformação da Unidade


gestora

e)Eventual: realizado em qualquer época, por iniciativa do dirigente da Unidade gestora ou por
iniciativa dos Órgãos fiscalizadores, através de auditorias.

INVENTÁRIO ANALÍTICO

No Inventário Analítico, para a perfeita caracterização do bem, figurarão:

a) Descrição minuciosa do bem;


b) Número de registro;
c) Valor (preço de aquisição, custo de produção ou preço de desavaliação);
d) Estado do bem (bom, ocioso, antieconômico ou inservível);
e) Outros elementos julgados necessários

O material permanente de pequeno valor econômico, quando o custo do controle for


evidentemente superior ao risco da perda do bem, poderá ser controlado através do simples
relacionamento do material (relação-carga)

O bem cujo valor de aquisição ou custo de produção for desconhecido será avaliado pela
Comissão Inventariante, tomando como referência o valor de outro bem semelhante ou sucedâneo
no mesmo estado de conservação e a preço de mercado

Da Conservação e Recuperação

Conservação
É obrigação de todos a quem tenha sido confiado material, para guarda ou uso, zelar pela sua boa
conservação e diligenciar no sentido da recuperação daquele que se avariar.

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Recuperação
A recuperação de material só será promovida se o seu valor compensar a despesa a ser realizada;
se considerado antieconômico ou inservível, o material será alienado. (cedido, transferido, vendido,
cessão de bens, baixado) - modelo do Termo de Baixa

Poderá existir dois tipos de Contrato de Manutenção ou Recuperação: um para máquinas


eletrônicas e outro para máquinas elétricas. Os outros equipamentos que não tenham contrato de
Manutenção são enviados ao Setor de Patrimônio juntamente com um memorando solicitando a
prestação de serviço para sua recuperação. O Patrimônio de posse deste memorando, encaminha-
o para o Setor de Compras para as devidas providências quanto à licitação e contratação da Firma
para a prestação do serviço. Definida a Firma, é emitido um recibo em duas vias, ambas assinadas
pelo Chefe do Setor de Patrimônio e do responsável pelo recebimento na Firma que irá prestar o
serviço. Assinadas, a 1ª via é devolvida ao Setor de Patrimônio que faz o arquivamento e a 2ª via
continua na Firma contratada.
Após o conserto do bem, assim que ele é devolvido, o Setor de Patrimônio o entrega no
Setor de origem (modelo nº 4)

Da Responsabilidade e Indenização

Todo funcionário ou Servidor, poderá ser chamado à responsabilidade pelo desaparecimento do


material que lhe for confiado, para guarda ou uso, bem como pelo dano que, dolosa ou
culposamente, causar a qualquer material, esteja ou não sob sua guarda.
É dever do Funcionário ou Servidor comunicar, imediatamente, se possível por escrito, a
quem de direito, qualquer irregularidade ocorrida com o material entregue aos seus cuidados.
Recebida a comunicação, o dirigente do Departamento de Administração após avaliação da
ocorrência poderá:

a)concluir que o desaparecimento ou avaria do bem decorreu de causas naturais (desgaste normal
pelo uso etc.). Nesta hipótese os prejuízos serão absorvidos pelo Orçamento próprio da Empresa;
b)identificar, desde logo, o(s) responsável(eis) pelo desaparecimento ou avaria do bem, sujeitando-
o(os) às providências seguintes:
I - arcar com as despesas de recuperação do bem, ou:
II - substituir o bem por outro com as mesmas características, ou:
III - indenizar, em dinheiro, esse bem, de acordo com o que for avaliado pelo dirigente do
Departamento de Administração.

Quando se tratar de bem cuja unidade seja “jogo”, “conjunto”, “coleção”, suas peças ou
partes danificadas deverão ser recuperados ou substituídas por outras com as mesmas
características, ou, na impossibilidade dessa recuperação ou substituição, indenizadas, em
dinheiro de acordo com o disposto no subitem anterior, letra “b”, inciso III.

Se o bem for de procedência estrangeira, a indenização será feita com base no valor da
reposição (considerando-se o câmbio vigente na data da indenização)

A passagem de responsabilidade deverá ser feita, obrigatoriamente, à vista da verificação


física de cada bem e lavratura de novo Termo de Responsabilidade

Nenhum material deverá ser liberado aos usuários, antes de cumpridas as formalidades do
recebimento, aceitação e registro

Para as providências mencionadas anteriormente, recomenda-se designação de Comissão


(ões) para apuração e orientação na solução dos problemas, ficando sua constituição e
competência ao exclusivo critério do Dirigente do Departamento de Administração ou do Órgão
com atribuições equivalentes. (modelos de 5 a 13)

14
RESPONSABILIDADE CIVIL, PENAL E ADMINISTRATIVA DO SERVIDOR PÚBLICO

São três as responsabilidades do servidor público: 1) responsabilidade civil; 2)


responsabilidade penal; e 3) responsabilidade administrativa.
As responsabilidades do servidor público são independentes entre si, ou seja, por um mesmo ato,
dependendo da natureza do ato, o servidor poderá ter de responder simultaneamente a um
processo administrativo disciplinar, a um processo penal e a um processo civil. E, dependendo do
julgamento dos processos, poderá vir a sofrer uma sanção civil, uma sanção administrativa e uma
sanção penal. Não há vinculação entre as sanções civis, penais e administrativas, e elas poderão
cumular-se (Lei n.º 8.112/90, art. 125).
Serem as responsabilidades do servidor independentes entre si também significa que as
suas instâncias de apuração são independentes, via de regra. Ou seja, um processo não precisará
aguardar o desfecho do outro nem o que acontecer em um processo necessariamente implicará no
outro. Por exemplo, para se aplicar uma punição administrativa não será preciso esperar a
conclusão do processo penal ou civil. Outro exemplo, se um processo administrativo concluir que o
servidor é inocente, não significará que ele deverá ser reconhecido como inocente no processo
penal ou no processo civil, salvo algumas raras exceções.
As responsabilidades do servidor (civil, penal e administrativa) só irão surgir se ele praticar
alguma irregularidade no exercício de suas atribuições (Lei n.º 8.112/90, art. 121). Enquanto ele
agir de maneira regular, cumprindo todo o ordenamento legal vigente, não será responsabilizado
de nenhuma forma. Da mesma maneira, se ele praticar algum ato ilícito mas não no desempenho
de sua função pública, não se falará em responsabilidade dele como servidor, embora possa ser
processado civil e penalmente como indivíduo membro da sociedade, já não tendo mais nada a ver
com o Direito Administrativo (Lei n.º 8.112/90, art. 124).
Responsabilidade civil é a obrigação imposta a alguém de reparar um dano causado a
outrem Esse dano é chamado de ilícito civil (Cód. Civil, art. 186). No Direito, há dois tipos de
responsabilidade civil: a) a responsabilidade subjetiva; b) a responsabilidade objetiva. Na
responsabilidade civil subjetiva, só haverá o dever de indenizar se o agente tiver causado o dano
por atuar com dolo ou culpa. Diferentemente, o que caracteriza a responsabilidade civil objetiva é a
desnecessidade de apreciação de dolo ou culpa do agente ao provocar o dano.
No que diz respeito à responsabilidade civil do servidor, ele responderá civilmente somente
se causar, com ato omissivo (omissão) ou comissitivo (ação), prejuízo ao erário ou a terceiros,
tendo agido com dolo ou culpa (Lei n.º 8.112/90, art. 122, caput). Notem que ele responderá não
somente por suas ações mas também pelas suas omissões, desde que essas causem prejuízo a
outros, e tenham sido praticadas com dolo ou culpa. Ele agirá com dolo quando tiver desejado que
sua ação ou omissão causasse prejuízo. Haverá culpa quando tiver atuado com imprudência,
negligência ou imperícia na sua ação ou omissão danosa. Por exemplo, vejam o caso de um
servidor motorista que atropela um transeunte, causando-lhe dano. Se tiver tido a intenção de ferir
ou matar a vítima, terá agido com dolo. Se tiver agido sem intenção, mas tiver sido imprudente,
negligente ou imperito, terá agido com culpa. Em ambos os casos, ficará o servidor sujeito à
responsabilidade civil, ou seja, terá o dever de pagar indenização pelo dano ocorrido, por ter agido
com dolo ou culpa. Percebemos então que a responsabilidade civil que tem o servidor público é do
tipo subjetiva.
A responsabilidade civil objetiva é o tipo de responsabilidade que têm as pessoas jurídicas
de direito público, que chamaremos de Estado, e as pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviços públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, segundo a imposição do art. 37, § 6.º, da Constituição Federal. Nesse tipo de
responsabilidade civil, não importa saber se o servidor agiu ou não com dolo ou culpa ao provocar
o dano. Em todo caso o Estado deverá indenizar ao terceiro prejudicado, se este não foi o
causador exclusivo do dano. Resumindo, podemos dizer que a responsabilidade civil do Estado é
objetiva ao passo que a responsabilidade civil do servidor público é subjetiva.
O dano causado por ato omissivo ou comissivo do servidor pode resultar em prejuízo: a) ao
erário; ou b) a terceiros. Ao ocorrer o dano, a Administração primeiro apura a responsabilidade civil
do servidor por meio de processo administrativo, observando os princípios do contraditório e da
ampla defesa (CF, art. 5.º, LV). Nessa apuração, a Administração deve lembrar que só existirá a
responsabilidade civil do servidor se este tiver atuado com dolo ou culpa.

15
Quando o dano for contra o erário, a Administração irá, via de regra, recorrer ao Poder
Judiciário, no âmbito da jurisdição civil, propondo ação de indenização contra o servidor
responsável (Lei n.º 8.112/90, art. 122, § 1.º, parte final).
Se o dano foi causado a terceiros, a solução para o caso se dará de forma diferente. Como
vimos, esse é um caso em que se dará a responsabilidade civil objetiva do ente público ao qual
pertence o servidor. O Estado deverá indenizar ao terceiro prejudicado, tendo havido ou não dolo
ou culpa do servidor. Não havendo dolo ou culpa do servidor, o Estado não terá o direito de
regresso, que é o direito de ser ressarcido pelo servidor do valor pago a título de indenização.
Tendo havido dolo ou culpa, o ente público terá o direito de regresso contra o servidor,
podendo então propor uma ação judicial, chamada de ação regressiva ou ação de regresso, na
esfera civil, para reaver do servidor o que pagou como indenização (Lei n.º 8.112/90, art. 122, §
2.º). Diz-se nesse caso que a responsabilidade civil subjetiva do servidor é regressiva.
Para ambos os casos (prejuízo ao erário e prejuízo a terceiros) poderá haver uma solução
administrativa em vez de judicial. Se o servidor concordar, o direito que a Administração tem à
indenização ou ao regresso poderá ser cobrado administrativamente, sem a necessidade de se
recorrer ao Poder Judiciário, podendo até ser parcelado, com desconto em sua remuneração, no
interesse do servidor (Lei n.º 8.112/90, art. 122, § 1.º, parte inicial). Não havendo concordância do
servidor, porém, só restará à Administração recorrer ao Judiciário para obter o ressarcimento do
prejuízo. O que nunca poderá ocorrer é a Administração isentar o servidor da responsabilidade civil
quando ele tiver causado prejuízo por agir com dolo ou culpa, mesmo que ele ganhe um baixo
salário e tenha poucos bens patrimoniais, porque é dever da Administração zelar pela integridade
do patrimônio público.
Se o servidor falecer antes de quitar a dívida, sua responsabilidade civil (a obrigação de
reparar o dano) estende-se aos seus sucessores ou herdeiros, até o limite da herança por eles
recebida (Lei n.º 8.112/90, art. 122, § 3.º). É claro que os sucessores do servidor poderão também
concordar com a solução administrativa, parcelando o valor restante da indenização com desconto
em sua pensão (Lei n.º 8.112/90, art. 40, caput e § 1.º), ou, caso não concordem com a solução
administrativa, serão cobrados judicialmente.
A responsabilidade administrativa do servidor resulta de uma violação de norma interna da
Administração, quando então o servidor pratica um ilícito administrativo. Esse ilícito pode ocorrer
em um ato omissivo ou comissivo praticado pelo servidor no desempenho do cargo ou função (Lei
n.º 8.112/90, art. 124). As normas administrativas a que o servidor deve obediência estão
disciplinadas em leis, decretos e outros provimentos regulamentares que contêm deveres e
obrigações para os servidores. Algumas delas podem ser lidas nos artigos 116, 117 e 132 da Lei
n.º 8.112/90.
A responsabilidade administrativa é apurada em processo administrativo, assegurando-se
ao servidor o contraditório e a ampla defesa (CF, art. 5.º, LV; Lei n.º 8.112/90, art. 153). Uma vez
constatada a prática do ilícito administrativo, ficará o servidor sujeito à sanção administrativa
adequada ao caso, que poderá ser advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentadoria
ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão ou destituição de função comissionada (Lei
n.º 8.112/90, art. 127). A penalidade deve sempre ser motivada pela autoridade competente para
sua aplicação, sob pena de ser nula. Na motivação da penalidade, devem estar presentes os
motivos de fato (os atos irregulares praticados pelo servidor) e os motivos de direito (os
dispositivos legais ou regulamentares violados e a penalidade prevista).
Se durante a apuração da responsabilidade administrativa a autoridade competente
verificar que o ilícito administrativo também está capitulada como ilícito penal, deve encaminhar
cópia do processo administrativo ao Ministério Público, que irá mover ação penal contra o servidor
(Lei n.º 8.112/90, arts. 171, 154, parágrafo único).
A responsabilidade penal do servidor é a que resulta de uma conduta tipificada por lei
como infração penal. A responsabilidade penal abrange crimes e contravenções imputadas ao
servidor, nessa qualidade (Lei n.º 8.112/90, art. 123). Notem que tanto os crimes funcionais quanto
as contravenções funcionais são abrangidos pela responsabilidade penal do servidor. Esses são
tipificados sempre em leis federais, visto ser competência privativa da União legislar sobre direito

16
penal (CF, art. 22, I). Muitos dos crimes funcionais estão definidos no Código Penal, artigos 312 a
326, como o peculato, a concussão, a corrupção passiva, a prevaricação etc. Outros estão
previstos em leis especiais federais. A responsabilidade penal do servidor é apurada em Juízo
Criminal. Se o servidor for responsabilizado penalmente, sofrerá uma sanção penal, que pode ser
privativa de liberdade (reclusão ou detenção), restritiva de direitos (prestação pecuniária, perda de
bens e valores, prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária
de direitos e limitação de fim de semana) ou multa (Código Penal, art. 32).
Tema interessante por ser muitas vezes cobrado em concursos públicos é a repercussão
da responsabilidade penal nas responsabilidades administrativa e civil. Embora seja mais profundo,
iremos abordar apenas a parte do tema que é mais cobrada nos concursos.
Primeiro devemos saber que a decisão penal, apurada por causa da responsabilidade
penal do servidor, só terá reflexo na responsabilidade civil do servidor se o ilícito penal tiver
ocasionado prejuízo patrimonial (ilícito civil). A responsabilidade civil do servidor será afastada se,
no processo criminal, o servidor for absolvido por ter sido declarada a inexistência do fato ou,
quando o fato realmente existiu, não tenha sido imputada sua autoria ao servidor. Notem que, se o
servidor for absolvido por falta ou insuficiência de provas, a responsabilidade civil não será
afastada.
Da mesma maneira se dará com a responsabilidade administrativa do servidor. Ela será
afastada somente no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria
(Lei n.º 8.112/90, art. 126). Tendo havido absolvição criminal por falta ou insuficiência de provas,
não será afastada a responsabilidade administrativa do servidor. Assim, por exemplo, se o servidor
foi demitido após apurada sua responsabilidade administrativa, não deverá ser reintegrado se o
processo criminal concluir pela sua absolvição por insuficiência de provas. No entanto, se a
absolvição criminal se deu por causa da inexistência do fato ou porque o servidor foi declarado
como não sendo o autor do ilícito penal, ele deverá ser reintegrado em resultado do afastamento
da sua responsabilidade administrativa (Lei n.º 8.112/90, art. 28, caput).

QUESTÃO COBRADA EM PROVA


A responsabilidade civil do servidor público
a) abrange a responsabilidade penal.
b) confunde-se com a responsabilidade administrativa.
c) não gera obrigação extensível aos herdeiros.
d) é distinta da responsabilidade civil do Estado.
e) independe da ocorrência de ato doloso ou culposo.

Iremos à busca da alternativa verdadeira. As alternativas "a" e "b" não podem ser verdadeiras
porque violam o conceito de independência das responsabilidades do servidor (Lei n.º 8.112/90,
arts. 121, 125). A alternativa "e" não pode estar certa porque a responsabilidade civil do servidor é
do tipo subjetiva, que depende da ocorrência de ato doloso ou culposo (Lei n.º 8.112/90, art. 122,
caput). A alternativa "c" também está errada porque a responsabilidade civil do servidor se estende
a seus sucessores (Lei n.º 8.112/90, art. 122, § 3.º). A única verdadeira é a alternativa "d",
porque a responsabilidade civil do servidor, que é do tipo subjetiva, realmente é diferente ou
distinta da responsabilidade civil do Estado, que é do tipo objetiva.

Nos termos da Lei nº 8.112/90, assinale a assertiva correta a respeito da responsabilidade do


servidor.
a) O servidor só responde civil e administrativamente pelo exercício irregular de suas
atribuições.
b) Tratando-se de dano causado à Administração, responderá o servidor perante a Fazenda
Pública em ação regressiva.
c) A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal
por falta de provas.
d) As sanções civis, penais e administrativas não poderão cumular-se, sendo independentes
entre si.
e) A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada, até
o limite do valor da herança recebida.

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Aqui também vamos procurar a alternativa que contém a assertiva correta. A alternativa "a"
está errada porque o servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular
de suas atribuições (Lei n.º 8.112/90, art. 121). A alternativa "b" também está errada porque o
servidor responde em ação regressiva quando o dano foi causado a terceiros, não à Administração
(Lei n.º 8.112/90, art. 122, § 2.º). A alternativa "c" está incorreta porque a responsabilidade
administrativa do servidor não é afastada quando a absolvição criminal resulta de falta de provas
(Lei n.º 8.112/90, art. 126). A alternativa "d" também está incorreta porque as sanções civis, penais
e administrativas poderão cumular-se, visto serem independentes entre si (Lei n.º 8.112/90, art.
125). Sobrou a alternativa "e", que está correta porque a responsabilidade civil do servidor,
consistente na obrigação de reparar o dano, estende-se aos seus sucessores e contra eles será
executada, até o limite da herança recebida (Lei n.º 8.112/90, art. 122, § 3.º).

*******ATENÇÃO...
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA: Direito Administrativo dos Prof Marcelo Alexandrino e
Vicente Paulo - Editora Impetus -2006

O PATRIMÔNIO PÚBLICO
Este material tem como referência o artigo publicado pelo Prof FRANCO, Wanildo José
Nobre. Domínio público – bens públicos. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 3, nº 158.

1 Da história

Nas mais remotas sociedades sempre foi constatada a necessidade de


existência de algum tipo de dominação e de regulamentação, a cargo do Estado, sobre
determinados bens. Em rigor, a vida em sociedade seria praticamente impossível, não
fora a presença de bens destinados ao cumprimento de finalidades de interesse
coletivo.

Nos Estados Modernos, essa dominação e regulamentação advêm de um regime


jurídico adequado que, além de especificar sua composição e utilização, cria regras de
proteção contra atos ilegítimos, ou danosos, quer provindos de particular, quer do
próprio Estado. Atualmente, todos os países conhecem um tratamento bastante
minucioso dispensado à regulamentação e proteção desses bens, por meio de normas
legais que garantam o atingimento dos objetivos e finalidades para os quais estão
voltados e que deram origem ao seu surgimento. [1]

No direito romano – institutas – havia referências a bens públicos, que incluíam


as res communes e as res universitatis, ao lado das res publicae. Estas últimas,
insusceptíveis de apropriação privada, pertenciam a todos, ao povo.

Os bens públicos – na idade média – eram considerados propriedade do rei, e


não mais do povo. Porém, com base nos antigos textos romanos – que influenciaram
todas as legislações ao longo da história – logo se voltou a atribuir ao povo a
propriedade desses bens públicos, cabendo ao monarca, na condição de governante
supremo, tão-somente o poder de polícia sobre os mesmos. [2]

O Estado, como Nação politicamente organizada, exerce poderes de Soberania


sobre todas as coisas que se encontram em seu território. Alguns bens pertencem ao
próprio Estado; outros, embora pertencentes a particulares, ficam sujeitos às
limitações administrativas impostas pelo Estado; outros, finalmente, não pertencem a
ninguém, por inapropriáveis, mas sua utilização subordina-se às normas estabelecidas

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pelo Estado. Este conjunto de bens sujeitos ou pertencentes ao Estado constitui o
domínio público, em seus vários desdobramentos. [3]

Existe uma distinção clara entre propriedade e dominação e regulamentação.

O país somos nós, seus cidadãos, seus legítimos donos e de todas as coisas,
excetuadas as da propriedade privada assegurada pelo Código Civil – art. 98 ss..

O Estado, por nossa delegação – ao escolhermos os governantes e os


legisladores – estabelece as regras comuns, legais, e as executa administrativamente,
em nosso nome, com vistas ao interesse coletivo.

2 Do domínio público

É noção mais abrangente que propriedade, pois aí se incluem os bens que não
são do Poder Público. [4]

É o poder de dominação ou de regulamentação que o Estado exerce sobre os


bens do seu patrimônio (bens públicos), ou sobre os bens do patrimônio privado –
bens particulares de interesse público – ou sobre as coisas inapropriáveis
individualmente, mas de fruição geral da coletividade – res nullius. Neste sentido
amplo e genérico o domínio público abrange não só os bens das pessoas jurídicas de
Direito Público interno como as demais coisas que, por sua utilidade coletiva, merecem
a proteção do Poder Público, tais como as águas, as jazidas, as florestas, a fauna, o
espaço aéreo e as que interessam ao patrimônio histórico e artístico nacional. [5]

De um lado, um poder político, superior a tudo, chamado domínio eminente,


que autoriza as limitações impostas pelo Estado ao exercício de direitos em todo
território nacional, e, de outro lado, um poder sobre os bens de que é proprietário ou
simples administrador, conhecido como domínio patrimonial, exercido sobre os bens
públicos. [6]

São poderes de soberania e em direitos de propriedade. Aqueles se exercem


sobre todas as coisas de interesse público, sob a forma de domínio eminente; estes só
incidem sobre os bens pertencentes às entidades públicas, sob a forma de domínio
patrimonial.

O domínio eminente não constitui um direito de propriedade; é o poder que o


Estado exerce potencialmente sobre as pessoas e os bens que se encontram no seu
território.

Esse poder não admite restrições; contudo, o absoluto dessa potestas está
condicionado à ordem jurídico-constitucional e aos princípios, direitos e garantias da
Lei Fundamental.

O domínio eminente é um poder sujeito ao direito; não é um poder arbitrário.

Em nome do domínio eminente é que são estabelecidas as limitações ao uso da


propriedade privada, as servidões administrativas, a desapropriação, as medidas de
policia e o regime jurídico especial de certos bens particulares de interesse público.

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Esse poder superior (eminente) que o Estado mantém sobre todas as coisas
existentes em seu território não se confunde com o direito de propriedade que o
mesmo Estado exerce sobre as coisas que lhe pertencem, por aquisição civil ou
administrativa. Aquele é um domínio geral e potencial sobre bens alheios; este é um
domínio específico e efetivo sobre bens próprios do Estado, o que o caracteriza como
um domínio patrimonial, no sentido de incidir sobre os bens que lhe pertencem.

O domínio patrimonial do Estado sobre seus bens é direito de propriedade, mas


direito de propriedade pública, sujeito a um regime administrativo especial.

A esse regime subordinam-se todos os bens das pessoas administrativas, assim


considerados bens públicos e, como tais, regidos pelo Direito Público, embora
supletivamente se lhes apliquem algumas regras da propriedade privada. Mas advirta-
se que as normas civis não regem o domínio público; suprem, apenas, as omissões das
leis administrativas.

O patrimônio público é formado por bens de toda natureza e espécie que


tenham interesse para a Administração e para a comunidade administrada. Esses bens
recebem conceituação, classificação e destinação legal para sua correta administração,
utilização e alienação, como veremos no decorrer deste item, em que, a final,
trataremos da aquisição de bens que passarão a integrar o patrimônio público.

3 Dos bens públicos

É o conjunto de coisas corpóreas e incorpóreas, móveis, imóveis e semoventes


de que o Estado se vale para poder atingir as suas finalidades. [7]

São os bens necessários à Administração Pública para o atingimento dos fins


coletivos de propiciar o bem estar e a satisfação dos habitantes de seu território. São
os bens do domínio público – res quorum commercium non sit, res publicæ ou loca
publica, [8] federais, estaduais, distritais ou municipais, conforme a entidade política
a que pertença ou o serviço autárquico, fundacional ou paraestatal a que se vinculem.

Não são somente as coisas que pertencem às pessoas jurídicas de Direito


Público, ou seja, União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas autarquias, mas
também aquelas coisas que, embora não pertencendo a essas pessoas, estão
destinadas a prestação de serviço público. [9]

São todas as coisas, móveis e imóveis, direitos e ações de que sejam titulares
os entes públicos, mesmo não se destinando à utilização pelo público. Seu estudo
corresponde ao direito administrativo das coisas. [10]

Genericamente, é toda espécie de bens, sob o domínio do Estado. Porém cabe


especificar, conceituando da seguinte forma são todas as coisas corpóreas,
incorpóreas, imóveis, móveis, semoventes, créditos, direitos e ações [11] , que
pertençam a qualquer título às entidades estatais, autárquicas, fundacionais de Direito
Público. Formam o patrimônio público e se submetem ao regime de direito público.
[12]

Em sentido estrito poderia-se incluir os bens das entidades não-públicas que


desempenham serviço público, ou integram a Administração Pública indireta, no
entanto, os bens das entidades paraestatais não se encaixam na categoria de públicos,

20
por não se imputar-lhes o essencial do regime jurídico dos bens públicos, isto é,
inalienabilidade, impenhorabilidade, imprescritibilidade. [13]

A soberania territorial do Estado está bastante ligada à relação bem público –


domínio do Estado, no entanto, necessário se faz dizer que no Estado Democrático de
Direito, o Estado cumpre, por meio de suas funções, as competências que lhe são
constitucionalmente atribuídas, não tendo, por isso, um “domínio” irrestrito sobre
todos os bens. [14]

Bem Público é aquele que por determinação legal ou por sua própria natureza, pode
ser utilizado por todos em igualdade de condições, sem necessidade de consentimento
individualizado por parte da Administração. [15]

Outros bens há, contudo, sobre os quais o Estado exerce um domínio eminente,
ainda que sendo eles da propriedade privada, simplesmente pelo fato de estarem em
seu território e suscitarem interesse público. Aí, a expressão de sua soberania, a
manifestação do summa potestas – a qualidade que tem o poder de ser supremo
dentro dos limites de sua ação. [16]

O Código Civil os reparte inicialmente em públicos e particulares, esclarecendo


que são públicos os do domínio nacional, pertencentes à União, aos Estados e aos
Municípios, e, por exclusão, declara que são particulares todos os outros, seja qual for
a pessoa a que pertencerem – art. 98 e ss.. São bens públicos os que, originariamente
integrando o patrimônio nacional, os bens transferidos a autarquias e fundações
públicas. [17]

Então, ainda que pertencentes a um ente público, estão franqueados para uso e
fruição de todos, normalmente, sem restrições ou ônus (não desfigura sua natureza se
a Administração condiciona tal a requisitos peculiares, estabelecendo condição de uso
ou o pagamento da retribuição admitida no art. 103 do Código Civil). [18]

Já aos bens das entidades paraestatais – empresas públicas, sociedades de


economia mista, serviços autônomos etc. – são bens públicos com destinação especial
e administração particular das instituições a que foram transferidos para consecução
dos fins estatutários.

A despeito de serem bens públicos, dada sua destinação especial a organizações


de personalidade privada e sua administração em moldes particulares, os bens das
entidades paraestatais prestam-se a oneração como garantia real e sujeitam-se a
penhora por dívidas da entidade, como, também, podem ser alienados na forma
estatutária, independentemente de lei. No mais, regem-se pelas normas do Direito
Público, inclusive quanto à imprescritibilidade por usucapião, uma vez que, se
desviados dos fins especiais a que foram destinados, retornam à sua condição
originária do patrimônio de que se destacaram.

4 Da classificação

A Constituição Federal, em seus arts. 20 e 26, enumeram os bens da União e os


bens dos Estados, mencionando também são as terras devolutas, aquelas que são do
Estado, mas sem destinação de uso comum, uso especial, ou uso dominial. [19]

21
Pelo Código Civil, os bens podem ser de uso comum do povo (uso indistinto das
pessoas, como praças, ruas, estradas etc), de uso especial (possuem destinação a
local de prestação de serviço público) e dominicais ou dominiais (Estado é proprietário,
como se fosse um particular). A afetação de um bem ao uso comum é a destinação
que se lhe atribui, ou por ser de sua natureza, ou por lei, ou ato administrativo, ao uso
comum do povo. A desafetação ocorre quando do trespasse do bem ao uso especial,
ou dominical, por meio de lei. [20]

Podem ser federais, estaduais ou municipais, conforme a entidade política a que


pertençam ou o serviço autárquico, fundacional ou paraestatal a que se vinculem.

Todos os bens públicos são bens nacionais, por integrantes do patrimônio da


Nação, na sua unicidade estatal, mas, embora politicamente componham o acervo
nacional, civil e administrativamente pertencem a cada uma das entidades públicas
que os adquiriram. [21]

Segundo a destinação [22] os bens públicos em três categorias:

I – os de uso comum do povo , atais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

II – os de uso especial, tais como os edifícios ou terrenos destinados a serviço ou


estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias;

III – os dominiais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito


público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

parágrafo único – não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens


pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de
direito privado.

Todos os bens vinculados ao Poder Público por relações de domínio ou de


serviço ficam sujeitos à sua administração. Daí o dizer-se que uns são bens do domínio
público, e outros, bens do patrimônio administrativo. Com mais rigor técnico, tais bens
são reclassificados, para efeitos administrativos em:

· bens do domínio público (os da primeira categoria: de uso comum do povo);

· bens patrimoniais indisponíveis (os da segunda categoria: de uso especial);

· bens patrimoniais disponíveis (os da terceira e última categoria: dominiais), segundo


se lê no Regulamento da Contabilidade Pública.

4.1 Bens de uso comum ou bens do domínio público

São os de uso indistinto das pessoas, como os rios, mares, praias, estradas,
ruas e praças

Enfim, todos os locais abertos à utilização pública adquirem esse caráter de


comunidade, de uso coletivo, de fruição própria do povo. Sob esse aspecto pode o

22
domínio público definir-se como a forma mais completa da participação de um bem na
atividade de administração pública.

4.2 Bens de uso especial ou bens do patrimônio indisponível

São os que se destinam especialmente à execução dos serviços públicos e, por


isso mesmo, são considerados instrumentos desses serviços. Não integram
propriamente a Administração, mas constituem o aparelhamento administrativo, tais
como os edifícios das repartições públicas, os terrenos aplicados aos serviços públicos,
os veículos da Administração, os matadouros, os mercados e outras serventias que o
Estado põe à disposição do público, mas com destinação especial.

4.3 Bens dominiais ou bens dominicais ou bens do patrimônio fiscal ou bens


do patrimônio disponível

São aqueles que, embora integrando o domínio público como os demais, deles
diferem pela possibilidade sempre presente de serem utilizados em qualquer fim ou,
mesmo, alienados pela Administração, se assim o desejar. Daí por que recebem
também a denominação de bens patrimoniais disponíveis ou de bens do patrimônio
fiscal. Tais bens integram o patrimônio do Estado como objeto de direito pessoal ou
real, isto é, sobre eles a Administração exerce poderes de proprietário, segundo os
preceitos de direitos constitucional e administrativo.

Todas as entidades públicas podem ter bens patrimoniais disponíveis, isto é,


bens não destinados ao povo em geral, nem empregados no serviço público, os quais
permanecem à disposição da Administração para qualquer uso ou alienação, na forma
que a lei autorizar.

5 Da administração dos bens públicos

Normalmente, o poder de utilização e conservação das coisas administradas,


diversamente da idéia de propriedade, que contém, além desse, o poder de oneração e
disponibilidade e a faculdade de aquisição. Daí por que os atos triviais de
administração, ou seja, de utilização e conservação do patrimônio público, independem
de autorização especial, ao passo que os de alienação, oneração e aquisição exigem,
em regra, lei autorizadora e licitação para o contrato respectivo.

Rege-se pelas normas do Direito Público, aplicando-se supletivamente os


preceitos do Direito Privado no que aquelas forem falhas ou omissas.

A transferência da propriedade dos bens imóveis se opera segundo as normas e


instrumentos civis – escritura e registro – sendo os atos e procedimentos
administrativos que a antecedem meras formalidades internas que não afetam a
substância negocial do contrato civil realizado entre a Administração e o particular. Por
essa razão é que, uma vez feita a transcrição, ou simplesmente assinadas a escritura,
tornam-se irretratáveis os atos ou procedimentos administrativos precedentes e a
transferência do domínio só poderá ser modificada ou invalidada por via judicial ou por
acordo entre as partes.

A utilização indevida de bens públicos por particulares, notadamente a


ocupação de imóveis, pode – e deve – ser repelida por meios administrativos,
independentemente de ordem judicial, pois o ato de defesa do patrimônio público, pela

23
Administração, é auto-executável, como o são, em regra, os atos de polícia
administrativa, que exigem execução imediata, amparada pela força pública, quando
isto for necessário.

6 Da utilização dos bens públicos

Os bens públicos ou se destinam ao uso comum do povo ou a uso especial. Em


qualquer desses casos o Estado interfere como poder administrador, disciplinando e
policiando a conduta do público e dos usuários especiais, a fim de assegurar a
conservação dos bens e possibilitar sua normal utilização, tanto pela coletividade,
quanto pelos indivíduos como, ainda, pelas repartições administrativas.

Uso comum do povo é todo aquele que se reconhece à coletividade em geral


sobre os bens públicos, sem discriminação de usuários ou ordem especial para sua
fruição. É o uso que o povo faz das ruas e logradouros públicos, dos rios navegáveis,
do mar e das praias naturais. Esse uso comum não exige qualquer qualificação ou
consentimento especial, nem admite freqüência limitada ou remunerada, pois isto
importaria atentado ao direito subjetivo público do indivíduo de fruir os bens de uso
comum do povo sem qualquer limitação individual. Para esse uso só se admitem
regulamentações gerais de ordem pública, preservadoras da segurança, da higiene, da
saúde, da moral e dos bons costumes, sem particularizações de pessoas ou categorias
sociais. qualquer restrição ao direito subjetivo de livre fruição, como a cobrança de
pedágio nas rodovias, acarreta a especialização do uso e, quando se tratar de bem
realmente necessário a coletividade, só pode ser feita em caráter excepcional.

6.1 Do uso comum do povo

Os bens de uso comum do povo são os usados por todos, de forma igualitária,
independendo de autorização administrativa. [23]

São anônimos, indeterminados, e os bens utilizados o são por todos os


membros da coletividade, razão pela qual ninguém tem direito ao uso exclusivo ou a
privilégios na utilização do bem o direito de cada indivíduo limita-se à igualdade com
os demais na fruição do bem ou no suportar os ônus dele resultantes.

6.2 Do uso especial

Os bens de uso especial são aqueles onde estão instalados órgãos que prestam
serviço público, podendo fazer uso deles as pessoas as quais correspondam o serviço
ali prestado. [24]

É todo aquele que, por um título individual, a Administração atribui a


determinada pessoa para fruir de um bem público com exclusividade, nas condições
convencionadas. É também uso especial aquele a que a Administração impõe
restrições ou para o qual exige pagamento, bem como o que ela mesma faz de seus
bens para a execução dos serviços públicos, como é o caso dos edifícios, veículos e
equipamentos utilizados por suas repartições, mas aqui só nos interessa a utilização do
domínio público por particulares com privatividade.

Todos os bens públicos, independentemente de sua natureza, são passíveis de


uso especial por particulares, desde que a utilização consentida pela Administração não
os leve a inutilização ou destruição, caso em que se converteria em alienação.

24
Ninguém tem direito natural a uso especial de bem público, mas qualquer
indivíduo ou empresa pode obtê-lo mediante contrato ou ato unilateral da
Administração, na forma autorizada por lei ou regulamento ou simplesmente
consentida pela autoridade competente. Assim sendo, o uso especial do bem público
será sempre uma utilização individual, a ser exercida privativamente pelo adquirente
desse direito. O que tipifica o uso especial é a privatividade da utilização de um bem
público, ou de parcela desse bem, pelo beneficiário do ato ou contrato, afastando a
fruição geral e indiscriminada da coletividade ou do próprio Poder Público. Esse uso
pode ser consentido gratuita ou remuneradamente, por tempo certo ou indeterminado,
consoante o ato ou contrato administrativo que o autorizar, permitir ou conceder.

As formas administrativas para o uso especial de bem público por particulares


variam desde as simples e unilaterais autorização de uso e permissão de uso até os
formais contratos de concessão de uso e concessão de uso como direito real solúvel,
além da imprópria e obsoleta adoção dos institutos civis do comodato, da locação e da
enfiteuse. [25]

6.3 Da autorização de uso

É o ato unilateral, discricionário e precário pelo qual a Administração consente


na prática de determinada atividade individual incidente sobre um bem público. Não
tem forma nem requisitos especiais para sua efetivação, pois visa apenas a atividades
transitórias e irrelevantes para o Poder Público, bastando que se consubstancie em ato
escrito, revogável sumariamente a qualquer tempo e sem ônus para a Administração.

Essas autorizações são comuns para a ocupação de terrenos baldios, para a


retirada de água em fontes não abertas ao uso comum do povo e para outras
utilizações de interesse de certos particulares, desde que não prejudiquem a
comunidade nem embaracem o serviço público. Tais autorizações não geram
privilégios contra a Administração ainda que remuneradas e fruídas por muito tempo,
e, por isso mesmo, dispensam lei autorizativa e licitação para seu deferimento.

6.4 Da permissão de uso

É o ato negocial, unilateral, discricionário e precário através do qual a


Administração faculta ao particular a utilização individual de determinado bem público.
Como ato negocial, pode ser com ou sem condições, gratuito ou remunerado, por
tempo certo ou indeterminado, conforme estabelecido no termo próprio, mas sempre
modificável e revogável unilateralmente pela Administração, quando o interesse
público o exigir, dada sua natureza precária e o poder discricionário do permitente
para consentir e retirar o uso especial do bem público. A revogação faz-se, em geral,
sem indenização, salvo se em contrário se dispuser, pois a regra é a revogabilidade
sem ônus para a Administração.

‘O ato da revogação deve ser idêntico ao do deferimento da permissão e


atender às condições nele previstas.

A permissão, enquanto vigente, assegura ao permissionário o uso especial e


individual do bem público, conforme fixado pela Administração, e gera direitos
subjetivos defensáveis pelas vias judiciais, inclusive ações possessórias para proteger
a utilização na forma permitida. Via de regra, a permissão não confere exclusividade
de uso, que é apanágio da concessão, mas, excepcionalmente, pode ser deferida com

25
privatividade sobre outros interessados, desde que tal privilégio conste de cláusula
expressa e encontre justificativa legal.

Qualquer bem público admite permissão de uso especial a particular, desde que
a utilização seja também de interesse da coletividade que irá fruir certas vantagens
desse uso, que se assemelha a um serviço de utilidade pública, tal como ocorre com as
bancas de jornais, os vestiários em praias e outras instalações particulares
convenientes em logradouros públicos. Se não houver interesse para a comunidade,
mas tão-somente para o particular, o uso especial não deve ser permitido nem
concedido, mas simplesmente autorizado, em caráter precaríssimo. Vê-se, portanto,
que a permissão de uso é um meio-termo entre a informal autorização e a contratual
concessão, pois é menos precária que aquela, sem atingir e estabilidade desta. A
diferença é de grau na atribuição do uso especial e na vinculação do usuário com a
Administração.

6.5 Da cessão de uso

É a transferência gratuita da posse de um bem público de uma entidade ou


órgão para outro, a fim de que o cessionário o utilize nas condições estabelecidas no
respectivo termo, por tempo certo ou indeterminado. É ato de colaboração entre
repartições públicas, em que aquela que tem bens desnecessários aos seus serviços
cede o uso a outra que deles está precisando.

Entre órgãos da mesma entidade, não se exige autorização legislativa e se faz


por simples termo e anotação cadastral, pois é ato ordinário de administração através
do qual o Executivo distribui seus bens entre suas repartições para melhor
atendimento do serviço. Quando, porém, a cessão é para outra entidade, necessário se
torna autorização legal para essa transferência de posse, nas condições ajustadas
entre as Administrações interessadas. Em qualquer hipótese, a cessão de uso é ato de
administração interna que não opera a transferência da propriedade e, por isso,
dispensa registros externos.

6.6 Da concessão de uso

É o contrato administrativo pelo qual o poder Público atribui a utilização


exclusiva de um bem de seu domínio a particular, para que o explore segundo sua
destinação específica.

O que caracteriza a concessão de uso e a distingue dos demais institutos


assemelhados – autorização e permissão de uso – é o caráter contratual e estável da
outorga do uso do bem público ao particular, para que o utilize com exclusividade e
nas condições convencionadas com a Administração.

Pode ser remunerada ou gratuita, por tempo certo ou indeterminado, mas


deverá ser sempre precedida de autorização legal e, normalmente, de concorrência
para o contrato.

Sua outorga não é nem discricionária nem precária, pois obedece a normas
regulamentares e tem a estabilidade relativa dos contratos administrativos, gerando
direitos individuais e subjetivos para o concessionário, nos termos do ajuste. Tal
contrato confere ao titular da concessão de uso um direito pessoal de uso especial

26
sobre o bem público, privativo e intransferível sem prévio consentimento da
Administração, pois é realizado intuitu personae, embora admita fins lucrativos.

É o que ocorre com a concessão de uso remunerado de um hotel municipal, de


áreas em mercado ou de locais para bares e restaurantes em edifícios ou logradouros
públicos.

6.7 Da concessão de direito real de uso

É o contrato pelo qual a Administração transfere o uso remunerado ou gratuito


de terreno público a particular, como direito real resolúvel, para que dele se utilize em
fins específicos de urbanização, industrialização, edificação, cultivo ou qualquer outra
exploração de interesse social. [26]

É transferível por ato inter vivos ou por sucessão legítima ou testamentária, a


título gratuito ou remunerado, como os demais direitos reais sobre coisas alheias, com
a só diferença de que o imóvel reverterá à Administração concedente se o
concessionário ou seus sucessores não lhe derem o uso prometido ou o desviarem de
sua finalidade contratual. Desse modo, o Poder Público garante-se quanto à fiel
execução do contrato, assegurando o uso a que o terreno é destinado e evitando
prejudiciais especulações imobiliárias dos que adquirem imóveis públicos para
aguardar valorização vegetativa, em detrimento da coletividade.

Pode ser outorgada por escritura pública ou termo administrativo, cujo


instrumento ficará sujeito a inscrição no livro próprio do registro imobiliário
competente. Desde a inscrição o concessionário fruirá plenamente o terreno para os
fins estabelecidos no contrato e responderá por todos os encargos civis,
administrativos e tributários que venham a incidir sobre o imóvel e suas rendas.

A concessão, embora erigida em direito real, não se confunde com a enfiteuse


ou aforamento, [27] que é instituição civil bem diversa e menos adequada ao uso
especial de bem público por particulares.

7 Da alienação dos bens públicos

A administração dos bens públicos compreende normalmente a utilização e


conservação do patrimônio público, mas, excepcionalmente, pode a Administração ter
necessidade ou interesse na alienação de alguns de seus bens, caso em que deverá
atender às exigências especiais impostas por normas superiores.

7.1 Conceito

Alienação é toda transferência de propriedade, remunerada ou gratuita, sob a


forma de venda, permuta, doação, dação em pagamento, investidura, legitimação de
posse ou concessão de domínio.

Qualquer dessas formas de alienação pode ser utilizada pela Administração,


desde que satisfaça as exigências administrativas para o contrato alienador e atenda
aos requisitos do instituto específico.

27
Inicialmente, toda alienação de bem público depende de lei autorizadora, de
licitação e de avaliação da coisa a ser alienada, mas casos há de inexigibilidade dessas
formalidades, por incompatíveis com a própria natureza do contrato.

Existe uma forma excepcional de alienação de bem público, restrita a terras


devolutas, que é a denominada legitimação de posse.

7.2 Do direito

A alienação de bens imóveis está disciplinada, em geral, na legislação própria


das entidades estatais, a qual, comumente, exige autorização legislativa, avaliação
prévia e concorrência, inexigível esta nos casos de doação, permuta, legitimação de
posse e investidura, cujos contratos, por visarem a pessoas ou imóvel certo, são
incompatíveis com o procedimento licitatório. Cumpridas as exigências legais e
administrativas, a alienação de imóvel público a particular formaliza-se pelos
instrumentos e com os requisitos da legislação civil – escritura pública e transcrição no
registro imobiliário – e qualquer modificação ou invalidação do contrato translativo da
propriedade só poderá ser feita por acordo entre as partes ou por via judicial. Ilegal é
a anulação ou revogação unilateral dos atos administrativos que precederam a
alienação, com pretensos efeitos modificativos ou invalidatórios do contrato de
transferência do domínio imobiliário, que é contrato civil em que, apenas, uma das
partes é a Administração.

A alienação de bens móveis e semoventes não tem normas rígidas para sua
realização, salvo, em princípio, a exigência de avaliação prévia, autorização legal e
licitação, podendo a Administração interessada dispor a esse respeito como melhor lhe
convier. As vendas são geralmente feitas em leilão administrativo, sem maiores
formalidades, e entregando-se no ato a coisa ao licitante que oferecer o melhor preço
acima da avaliação, em lance verbal, para pagamento à vista.

7.3 Das formas de alienação

7.3.1 Da venda e compra

É o contrato civil ou comercial pelo qual uma das partes (vendedor) transfere a
propriedade de um bem à outra (comprador), mediante preço certo em dinheiro. [28]
Toda venda, ainda que de bem público, é contrato de Direito Privado. Não há venda
administrativa; há, tão-somente, venda e compra civil ou comercial em que o
vendedor é a Administração, mas isto não transforma a operação em contrato
administrativo. É, e será sempre, contrato de Direito Privado, apenas realizado pelo
Poder Público com formalidades administrativas prévias, exigidas para a regularidade
da alienação do bem público.

As formalidades administrativas para a venda de bem público imóvel são a


autorização competente; a avaliação prévia e a concorrência – nos termos da
legislação pertinente. Tratando-se de bem de uso comum do povo ou de uso especial,
haveria necessidade de desafetação legal, que poderá constar da mesma norma que
autorize a alienação. A avaliação deverá ser feita por perito habilitado ou órgão
competente da entidade estatal, responsável por seu patrimônio. A concorrência
obedecerá às normas gerais do Decreto-lei Federal 2.300/86, no que couber, e às
especiais do Estado ou do Município, se as tiver, aplicáveis à espécie.

28
Quanto à venda de bens móveis e semoventes, exigem-se também, em
princípio, autorização legal, avaliação e licitação prévia.

A autorização, entretanto, poderá ser genérica, isto é, dirigir-se a bens


indiscriminados, como ocorre com os materiais inservíveis. O procedimento licitatório
poderá ser qualquer um dos legalmente previstos, inclusive o leilão administrativo, que
é o mais simples e recomendável.

7.3.2 Da doação

É o contrato pelo qual uma pessoa (doador), por liberalidade, transfere um bem
do seu patrimônio para o de outra (donatário), que o aceita. [29] É contrato civil, e
não administrativo, fundado na liberalidade do doador, embora possa ser com
encargos para o donatário. A doação só se aperfeiçoa com a aceitação do donatário,
seja pura ou com encargo.

A Administração pode fazer doações de bens móveis ou imóveis desafetados do


uso público, e comumente o faz para incentivar construções e atividades particulares
de interesse coletivo. Essas doações podem ser com ou sem encargos e em qualquer
caso dependem de lei autorizadora, que estabeleça as condições para sua efetivação, e
de prévia avaliação do bem a ser doado, não sendo exigível licitação para o contrato
alienativo. Só excepcionalmente poder-se-á promover concorrência para doações com
encargos, a fim de escolher-se o donatário que proponha cumpri-los em melhores
condições para a Administração ou para a comunidade.

Em toda doação com encargo é necessária a cláusula de reversão para a


eventualidade do seu descumprimento.

7.3.3 Da dação em pagamento

É a entrega de um bem que não seja dinheiro para solver dívida anterior. A
coisa dada em pagamento pode ser de qualquer espécie e natureza, desde que o
credor consinta no recebimento em substituição da prestação que lhe era devida. [30]

A Administração pode utilizar-se da dação em pagamento, com prévia


autorização legislativa e avaliação do bem a ser empregado no resgate da dívida.
Fixado o valor da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes reger-se-ão
pelas normas da compra e venda, e, se aquela for título de crédito, a transferência
importará cessão, sujeitando-se, então, aos preceitos deste instituto. [31]

7.3.4 Da permuta, troca ou escambo

É o contrato pelo qual as partes transferem e recebem um bem, uma da outra,


bens esses que se substituem reciprocamente no patrimônio dos permutantes. Há
sempre na permuta uma alienação e uma aquisição de coisa, da mesma espécie ou
não. A permuta pressupõe igualdade de valor entre os bens permutáveis, mas é
admissível a troca de coisa de valores desiguais com reposição ou torna em dinheiro
do faltante. Essa complementação em pecúnia, para igualarem-se os valores das
coisas trocadas, não desnatura a permuta, desde que a intenção precípua de cada
parte é obter o bem da outra.

29
A permuta de bem público, como as demais alienações, exige autorização legal
e avaliação prévia das coisas a serem trocadas, mas não exige licitação, pela
impossibilidade mesma de sua realização, uma vez que a determinação dos objetos da
troca não admite substituição ou competição licitatória.

Qualquer bem público, desde que desafetado do uso comum do povo ou de


destinação pública especial, pode ser permutado com outro bem público ou particular,
da mesma espécie ou de outra. O essencial é que a lei autorizadora da permuta
identifique os bens a serem permutados e a avaliação previa atribua-lhes corretamente
os valores, para a efetivação da troca sem lesão ao patrimônio público.

7.3.5 Da investidura

É a incorporação de uma área pública, isoladamente inconstruível, ao terreno


particular confinante que ficou afastado do novo alinhamento em razão de alteração do
traçado urbano. Esse clássico conceito doutrinário merece, atualmente, ampliação, no
sentido de abranger qualquer área inaproveitável isoladamente, remanescente ou
resultante de obra pública [32] uma vez que esta pode afetar também os terrenos
rurais. Assim sendo, área inaproveitável isoladamente é aquela que não se enquadra
nos módulos estabelecidos por lei para edificação urbana ou aproveitamento para fins
agropecuários, concluindo que a inaproveitabilidade da área, isoladamente, é
justificativa suficiente para a alienação e também para a dispensa de licitação, pois
não poderia ser usada por outrem que não o proprietário do imóvel lindeiro.

Realmente, essa situação cria para o proprietário confinante o direito de


adquirir por investidura a área pública remanescente e inaproveitável segundo sua
destinação natural, visto que só ele pode incorporá-la ao seu lote e utilizá-la com o
todo a que ficou integrada. Por isso mesmo, a investidura, embora seja forma de
alienação e aquisição de imóvel público, exige autorização legislativa, dispensando a
concorrência, uma vez que a transferência de propriedade só se pode fazer ao
particular lindeiro e pelo preço apurado em avaliação prévia, segundo os valores
correntes no local. Esse caráter de incorporação compulsória permite aos beneficiários
da investidura a plena utilização da área a ser investida, desde o momento da retração
do alinhamento ou da conclusão das obras, de que resultaram sobras inaproveitáveis
de terrenos públicos na divisa ou no meio das propriedades particulares.

A formalização da investidura se faz por escritura pública ou termo


administrativo, sempre sujeitos a transcrição no registro imobiliário.

7.3.6 Da concessão de domínio

É forma de alienação de terras públicas que teve sua origem nas concessões de
sesmaria da Coroa e foi largamente usada nas concessões de datas das
Municipalidades da Colônia e do Império. Atualmente, só é utilizada nas concessões de
terras devolutas da União, dos Estados e dos Municípios, [33] consoante prevê a tais
concessões não passam de vendas ou doações dessas terras públicas, sempre
precedidas de lei autorizadora e avaliação das glebas a serem concedidas a título
oneroso ou gratuito, além da aprovação do Congresso Nacional quando excedentes de
dois mil e quinhentos hectares.

Quando feita por uma entidade estatal a outra, a concessão de domínio


formaliza-se por lei e independe de transcrição; quando feita a particulares exige

30
termo administrativo ou escritura pública e o título deve ser transcrito no registro
imobiliário competente, para a transferência do domínio.

A concessão de domínio de terras públicas não deve ser confundida com a


concessão administrativa de uso de bem público, nem com a concessão de direito real
de uso de terrenos públicos, que já estudamos precedentemente, porque importa
alienação do imóvel, enquanto estas – concessões de uso como direito pessoal ou real
– possibilitam apenas a utilização do bem concedido, sem a transferência de sua
propriedade.

7.3.7 Da legitimação de posse

É modo excepcional de transferência de domínio de terra devoluta ou área


pública sem utilização, ocupada por longo tempo por particular que nela se instala,
cultivando-a ou levantando edificação para seu uso. A legitimação da posse há que ser
feita na forma da legislação pertinente, sendo que, para as terras da União, o Estatuto
da Terra [34] disciplina o procedimento e a expedição do título [35] para o devido
registro do imóvel em nome do legitimado. Quanto às terras estaduais e municipais,
são igualmente passíveis de legitimação de posse para transferência do domínio
público ao particular ocupante, na forma administrativa estabelecida na legislação
pertinente.

Expedido o título de legitimação de posse, que, na verdade, é título de


transferência de domínio, seu destinatário ou sucessor, deverá levá-lo a registro. No
registro de imóveis podem apresentar-se quatro situações distintas

a) o imóvel não estar registrado;

b) o imóvel estar registrado em nome do próprio legitimado;

c) o imóvel estar registrado em nome do antecessor do legitimado;

d) o imóvel estar registrado em nome de terceiro estranho ao legitimado.

No caso “a”, registra-se normalmente o título de legitimação.

No segundo e no terceiro casos “b” e “c”, o registro do título de legitimação de posse


substituirá os registros anteriores.

No quarto caso “d”, registra-se o título de legitimação de posse, ficando sem efeito o
registro existente.

Em qualquer dos casos prevalecerão as metragens e a descrição do imóvel


constantes do título de legitimação de posse, pois a finalidade precípua deste ato é a
regularização da propriedade pública e das aquisições particulares por essa forma
anômala, mas de alto sentido social.

Por final, não há nestes casos usucapião do bem público como direito do
posseiro mas, sim, reconhecimento do Poder Público da conveniência de legitimar
determinadas ocupações, convertendo-as em propriedade em favor dos ocupantes que
atendam às condições estabelecidas na legislação da entidade legitimante. Essa

31
providência harmoniza-se com o preceito constitucional da função social da
propriedade [36] e resolve as tão freqüentes tensões resultantes da indefinição da
ocupação, por particulares, de terras devolutas e de áreas públicas não utilizadas pela
Administração.

7.4 Observações

A. Cumpre observar que os bens do domínio público, posto que à disposição do povo,
da coletividade, estão e permanecem sob a responsabilidade – nos aspectos de
administração, manutenção, conservação e vigilância – do Poder Público, que tem a
obrigação de cuidar para que estejam sempre em condições normais de utilização pelo
público em geral.

B. Esse bens podem ser objeto de limitações ao exercício do direito de uso, com base
no poder de polícia do Estado, sem desnaturar o uso comum e sem transformá-lo em
uso privativo. É feita uma distinção entre os bens de uso comum ordinário (abertos a
todos, indistintamente, sem exigência de qualquer controle ou remuneração) e os de
uso comum extraordinário (sujeitos a restrições impostas que limitem a categoria
dos usuários, determinem remuneração ou exijam outorga administrativa).

C. Por conseguinte, existe a possibilidade de um bem público ficar condicionado ao uso


privativo de determinada pessoa ou grupo de pessoas determinadas, sob os institutos
de autorização, permissão ou concessão de uso, atos de outorga esses baixados
pela Administração Pública consoante sua conveniência e senso de oportunidade.

8 Da imprescritibilidade – da impenhorabilidade – da não oneração dos bens


públicos

Os bens públicos são, em regra, imprescritíveis, impenhoráveis e não sujeitos a


oneração, e a razão de ser desses atributos, tem fundamentos constitucionais e legais,
além de encontrarem plena justificação na prática administrativa.

8.1 Da imprescritibilidade

A imprescritibilidade dos bens públicos decorre como conseqüência lógica de


sua inalienabilidade originária.

Se os bens públicos são originariamente inalienáveis, segue-se que ninguém os


pode adquirir enquanto guardarem essa condição. Daí não ser possível a invocação de
usucapião sobre eles. É principio jurídico, de aceitação universal, que não há direito
contra Direito, ou, por outras palavras, não se adquire direito em desconformidade
com o Direito.

8.2 Da impenhorabilidade

A impenhorabilidade dos bens públicos decorre de preceito constitucional que


dispõe sobre a forma pela qual serão executadas as sentenças judiciárias contra a
Fazenda Pública, sem permitir a penhora de seus bens. Admite, entretanto, o
seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito, desde que ocorram certas
condições processuais (CF, art. 100).

32
O Código de Processo Civil [37] contém seção especial para a execução contra
a Fazenda Pública, [38] estabelecendo as regras para o pagamento das requisições
judiciais, na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo crédito. Isto
significa que caberá ao Poder Público providenciar os recursos necessários à execução,
que se realiza sem penhora de qualquer bem público.

8.3 Da não oneração dos bens públicos

A impossibilidade de oneração dos bens públicos – das entidades estatais,


autárquicas e fundacionais – é uma questão indiscutível, diante da sua inalienabilidade
e impenhorabilidade.

Penhor, anticrese e hipoteca são, por definição legal, direitos reais de garantia
sobre coisa alheia. [39] Como tais, tipificam-se pelo poder de seqüela, isto é, de
acompanhar a coisa em todas as suas mutações, mantendo-a como garantia da
execução. O que caracteriza esta classe de direitos reais é a íntima conexão em que se
acham com as obrigações cujo cumprimento asseguram. É por vincularem a coisa,
diretamente, à ação do credor, para a satisfação de seu crédito, que lhes cabe,
adequadamente, a denominação de direitos reais de garantia.

Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, a coisa dada em


garantia fica sujeita, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação. [40]

Só aquele que pode alienar poderá hipotecar, dar em anticrese ou empenhar;


só as coisas que se podem alienar poderão ser dadas em penhor, anticrese ou hipoteca
[41]

Ficam afastados, os bens de uso comum do povo e os de uso especial, que são,
por natureza, inalienáveis.

Restam, portanto, os dominiais e as rendas públicas.

Quanto a estes existe o obstáculo constitucional da impenhorabilidade em


execução judicial. Se tais bens, embora alienáveis, são impenhoráveis por lei, não se
prestam a execução direta, que é consectário lógico de vínculo real, que se estabelece
entre a coisa e a ação do credor hipotecário, pignoratício ou anticrético.

Exige o interesse público – a CF o resguardou – que o patrimônio das pessoas


públicas fique a salvo de apreensões judiciais por créditos de particulares. Para a
execução de sentenças condenatórias da Fazenda Pública, a Lei Magna e o Código de
Processo Civil instituíram modalidade menos drástica que a penhora, porém não
menos eficaz que esta, ou seja, a da requisição de pagamentos, à conta dos créditos
respectivos, e o subseqüente seqüestro de dinheiro, se desatendida a requisição.
Ressalvaram-se, assim, os interesses da Administração, sem se descuidar dos direitos
de seus credores.

9 Da aquisição de bens pela administração pública

O Estado, no desempenho normal de sua administração, adquire bens de toda


espécie e os incorpora ao patrimônio público para a realização de seus fins.

33
Os bens públicos são adquiridos pelas mesmas formas previstas no Direito
Privado – compra, venda, doação, etc – e pelas normas específicas de Direito Público,
como a desapropriação ou a determinação legal. [42]

Essas aquisições ou são feitas contratualmente, pelos instrumentos comuns do


Direito Privado, sob a forma de compra, permuta, doação, dação em pagamento, ou se
realizam compulsoriamente, por desapropriação ou adjudicação em execução de
sentença, ou, ainda, se efetivam por força da lei, na destinação de áreas públicas nos
loteamentos e na concessão de domínio de terras devolutas. Essas modalidades de
aquisição e alienação já foram vistas nos tópicos anteriores, restando apenas advertir
que cada modalidade de aquisição tem forma e requisitos específicos para sua
efetivação, segundo se trate de móvel ou imóvel e de acordo com o valor do bem a ser
adquirido.

Toda aquisição de bens pela Administração deverá constar de processo regular


no qual se especifiquem as coisas a serem adquiridas e sua destinação, a forma e as
condições de aquisição e as dotações próprias para a despesa a ser feita com prévio
empenho, [43] nos termos do contrato aquisitivo, precedido de licitação, quando for o
caso. [44] O desatendimento das exigências legais na aquisição de bens para o
patrimônio público poderá dar causa a invalidação do contrato, até mesmo por ação
popular [45] e a responsabilização do infrator por emprego irregular de verbas ou
rendas públicas, [46] além do ressarcimento do dano, se houver lesão aos cofres
públicos.

Os bens imóveis de uso especial e os dominiais adquiridos por qualquer forma


pelo Poder Público ficam sujeitos a registro no registro imobiliário competente; os bens
de uso comum do povo – vias e logradouros públicos – estão dispensados de registro
enquanto mantiverem essa destinação. [47]

10 Bens do domínio público

10.1 Terras públicas

10.1.1 Terras rurais públicas

São aquelas destinadas, originariamente, à agricultura e à pecuária, podendo


servir a outros usos ou manter-se intocadas para preservação da flora, da fauna e de
outros recursos naturais, com jurisdição da União – por intermédio do INCRA.

10.1.2 Terras urbanas públicas

São as que se destinam, precipuamente, ao uso da própria Administração


Pública, bem como as áreas ocupadas pelos chamados edifícios públicos. A jurisdição
sobre os terrenos urbanos ou urbanizáveis é da competência dos Municípios
(Constituição Federal/88, art. 30), o que permite, assim, transformar, por lei específica
da edilidade, áreas rurais em áreas urbanas.

10.1.3 Terras devolutas

34
São todas as terras que pertencem ao domínio público, de qualquer das
entidades estatais, e que não se achem utilizadas pelo Poder Público, nem destinadas a
fins administrativos específicos.

10.1.4 Plataforma continental

O leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além de seu mar
territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de seu território terrestre,
até o bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de duzentas milhas
marítimas das linhas de base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial,
nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância.
[48]

Os recursos naturais existentes ou encontrados na plataforma continental são


considerados bens da União, de acordo com a Constituição Federal, neles se incluindo
o petróleo off-shore e fauna marinha.

10.1.5 Terras ocupadas tradicionalmente pelos índios

São as porções do território nacional necessárias à sobrevivência física e


cultural das populações indígenas que as habitam, onde enterraram e cultuam seus
mortos e mantêm suas tradições.

Um dos grandes problemas brasileiros consiste na demarcação das reservas


indígenas.

10.1.6 Terrenos de marinha

Todos os que, banhados pelas águas do mar ou dos rios navegáveis, em sua
foz, vão até a distância de 33 metros para a parte das terras, contados desde o ponto
em que chega o preamar médio. [49]

10.1.7 Terrenos acrescidos

Todos aqueles que se formam com a terra carreada pela caudal. [50]

Os que se tiverem formado, natural ou artificialmente, para o lado do mar ou


dos rios e lagos, em seguimento aos terrenos de marinha. [51]

Os que acrescem terrenos de marinha pertencem à União.

10.1.8 Terrenos reservados

Fica reservada para a servidão pública nas margens dos rios navegáveis e de
que se fazem os navegáveis, fora do alcance das marés, salvas as concessões
legítimas feitas até a data da publicação da presente lei a zona de sete braças
contadas do ponto médio das enchentes ordinárias para o interior e o Governo
autorizado para concedê-la em lotes razoáveis na forma das disposições sobre os
terrenos da marinha. [52]

35
São faixas de terras particulares que margeiam rios, lagos e canais públicos,
oneradas com a servidão de trânsito na largura de quinze metros, que corresponde,
aproximadamente, a sete braças. [53]

10.1.9 Ilhas dos rios públicos e ilhas oceânicas

As ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias
marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras. [54]

São bens dos Estados-membros as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que
estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou
terceiros. [55]

Ilhas marítimas oceânicas são as que se encontram afastadas da costa e não


resultam do relevo continental, ou da plataforma submarina – as que resultam do
relevo continental ou da plataforma submarina recebem a denominação de ilhas
costeiras.

10.1.10 Álveos abandonados

Entende-se por álveo a faixa de terra ocupada pelas águas de um rio ou lago,
isto é, o leito das águas perenes.

Abandonado, passa ao Poder Público se a mudança do primitivo leito do rio ou


lago ocorreu por obra do Poder Público.

10.1.11 Faixa de fronteira

É uma faixa de 150 (cento e cinqüenta) km de largura, ao longo das fronteiras


terrestres, considerada fundamental para defesa do território nacional, [56] e cuja
ocupação e utilização sofrem restrições legais.

10.1.12 Vias e logradouros públicos

São as terras ocupadas com as vias e logradouros públicos e que pertencem à


Administração da esfera que os construiu. As terras ocupadas pelas vias férreas
seguem a natureza da estrada a que se destinam, podendo pertencer ao domínio
público de qualquer das entidades estatais, ser de propriedade particular ou, ainda,
exploradas mediante concessão federal ou estadual.

10.1.13 Áreas ocupadas com as fortificações

Correspondem aos terrenos em que foram, são ou vierem a ser construídas


fortificações e outras construções bélicas necessárias à defesa nacional e que
pertencem à União.

10.1.14 Legislação sobre terras públicas

• Decreto-lei nº 9.760, de 05.09.46 (alterado pela Lei nº 7.450, de 23.12.85),


sobre Bens Imóveis da União;
• Lei nº 4.504, de 30.11.64, sobre o Estatuto da Terra;

36
• Ato Complementar 45, de 30.11.64, sobre a Aquisição de Propriedade Rural por
Estrangeiros, regulamentado pelo Decreto-lei nº 494, alterado pelo Decreto-lei
nº 924, de 10.10.69, sendo complementado pela Lei nº 5.079, de 07.10.71;
• Lei nº 4.947, de 06.04.66, sobre a Reforma Agrária;
• Decreto-lei nº 554, de 25.04.66, sobre a Desapropriação de Imóveis Rurais por
Interesse Social;
• Decreto-lei nº 582, de 15.05.69, estabelecendo outras Medidas sobre a
Reforma Agrária;
• Decreto-lei nº 1.416, de 18.08.75, que dispõe sobre a Ratificação das
Concessões e Alienações de Terras Devolutas na Faixa de Fronteira;
• Lei n 6.383, de 07.12.76, que dispõe sobre o Processo Discriminatório de Terras
Devolutas da União e dá outras providências;
• Decreto-lei nº 1.561, de 13.07.77, que dispõe sobre a Ocupação de Terrenos da
União;
• Lei nº 6.634, de 02.05.79, sobre a Faixa de Fronteira;
• Decreto-lei nº 2.375, de 24.11.87, que dispõe sobre Terras Públicas.

10.2 Das Águas Públicas


10.2.1 Águas Nacionais
As águas nacionais – externas ou internas, segundo o Direito Internacional
Público –conforme o uso que a elas se dê e o domínio que as caracterize, são
classificadas em públicas, comuns e particulares.
Segundo este critério, águas públicas são todas as que pertencem a uma
pessoa jurídica de Direito Público ou têm destinação pública (uti universi); águas
comuns são as correntes não navegáveis nem flutuáveis e de que essas não se façam;
águas particulares são as nascentes e todas as demais situadas em propriedade
privada, desde que não estejam classificadas entre as públicas ou as comuns. [57]
10.2.1.1 Águas internas
São aquelas que banham exclusivamente o território nacional ou lhe servem
como fronteira e linha divisória com Estados estrangeiros, abrangem os rios, lagos e
mares interiores, os portos, canais e ancoradouros, as baías, golfos e estuários cujas
aberturas não ultrapassem os limites adotados em Convenções Internacionais.
10.2.1.2 Águas externas
São que contornam o continente, compreendem o mar territorial, a zona
contígua, a zona econômica exclusiva e o alto-mar.
Como mar territorial, convencionou-se que compreende uma faixa até um limite
que não ultrapasse 12 milhas marítimas, medidas a partir de linhas de base, ou seja,
da linha de baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro, onde o Brasil exerce
sua soberania.
A zona contígua, que é uma faixa de igual largura, pois não pode estender-se
além de 24 milhas marítimas, contadas das linhas de base que servem para medir a
largura do mar territorial.
A zona econômica exclusiva, compreendendo a faixa que vai das doze às
duzentas milhas, obedecendo a mesma contagem para o mar territorial e zona
contígua.
Por alto-mar ficou convencionado serem consideradas todas as partes do mar não
incluídas na zona econômica exclusiva, no mar territorial ou nas águas interiores de
um Estado, nem águas arquipelágicas de um Estado arquipélago.
Separando os diversos continentes, e como res nullius, são águas de uso comum,
sem que sobre elas qualquer Nação possa sequer pretender exercer direitos de
soberania ou domínio individual. [58]

37
Não se deve esquecer dois aspectos referentes às águas, principalmente as
internas: seu potencial hidroelétrico como fonte de energia de interesse coletivo e
nacional, e ser o meio em que se processa a pesca, não menos relevante para o povo.

10.2.2 Legislação sobre águas públicas

• Código de Águas, Decreto nº 24.643, de 10.07.34, que dispõe sobre a


Classificação e Utilização das Águas Internas, bem como sobre o
Aproveitamento do Potencial Hidráulico, fixando as respectivas Limitações
Administrativas de Interesse Público;
• Decreto-lei nº 852, de 11.11.38, que reclassifica as Águas do Domínio da União
(*);
• Decreto-lei nº 2.281, de 05.06.40, que dispõe sobre a Tributação das Empresas
de Energia Elétrica (*);
• Código de Águas Minerais, Decreto-lei nº 7.841, de 08.08.45, que conceitua as
Águas Minerais e dispõe sobre sua Pesquisa, Lavra e Exploração Industrial;
• Lei nº 2.308, de 31.08.54, que institui o Fundo Federal de Eletrificação e cria o
Imposto Único sobre a Energia Elétrica (*);
• Decreto nº 41.019, de 26.02.57, que regulamenta os Serviços de Energia
Elétrica, alterado pelos Decretos 68.419/71 e 83.269, de 12.03.79 (*);
• Lei nº 3.890-A, de 25.04.61, que autoriza a constituição da empresa “Centrais
Elétricas Brasileiras S/A – Eletrobrás” (*);
• Decreto nº 68.419, de 25.03.71, que aprova o regulamento do Imposto Único
sobre Energia Elétrica, o Fundo Federal de Eletrificação, o Empréstimo
Compulsório em favor da Eletrobrás, e altera o Decreto nº 41.019/57 (*);
• Decreto nº 75.700, de 07.05.75, sobre Produção das Fontes;
• Decreto nº 78.171, de 02.08.76, que regula o Controle e a Fiscalização das
Águas Minerais;
• Decreto nº 84.422, de 23.11.80, sobre Controle Sanitário;
• Lei nº 8.617, de 04.01.93, que dispõe sobre o Mar Territorial, a Zona Contígua
e a Zona Econômica Exclusiva e a Plataforma Continental Brasileiros.

(*) implicam alterações e modificações do Código de Águas.

10.3 Das jazidas


Entende-se como jazida toda massa individualizada de substância mineral ou
fóssil, aflorando à superfície ou existente no interior da terra e que tenha valor
econômico. [59]
Mina é a jazida em lavra.
A jazida é fenômeno geológico, da natureza, enquanto a mina é o resultado de
exploração da jazida, traduzindo uma atividade econômica e produtiva. [60]

CF, art. 176. – As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os


potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito
de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a
propriedade do produto da lavra.

parágrafo 1º – A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos


potenciais a que se refere o caput deste artigo somente poderão ser efetuados
mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou
empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no
País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas
atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.

38
parágrafo 2º – É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da
lavra, na forma e no valor que dispuser a lei.

parágrafo 3º – A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as


autorizações e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou
transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.

parágrafo 4º – Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do


potencial de energia renovável de capacidade reduzida. [61]
Tem-se então, nos dispositivos constitucionais [62] e respectivos parágrafos,
estabelecendo serem da propriedade da União os minérios, ainda que os solos sobre os
quais se encontrem pertençam a particulares, podendo serem explorados pelo sistema
de autorização ou concessão, com direito de participação no resultado da lavra. [63]

Como toda concessão, a de lavra é um ato unilateral pelo qual o Presidente da


República confere ao concessionário o direito de lavrar determinada jazida ou mina. O
título de concessão de lavra é um bem jurídico de valor econômico que se integra no
patrimônio de seu titular, ficando a União obrigada a indenizar o concessionário da
lavra toda vez que suprimir ou restringir a concessão.
O regime de monopólio é disciplinado por leis especiais e compreende, [64] a
pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos,
bem como a pesquisa, a lavra o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização
e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados.
Os dois mais expressivos tipos de jazidas, pela importância estratégica e
econômica, são as de petróleo e de minerais nucleares, não se podendo deixar de citar
todos os minerais de alto valor econômico, os metais nobres, os raros e aqueles
indispensáveis ao desenvolvimento de qualquer nação (ouro, prata, ferro, tungstênio,
manganês, etc.).
10.3.1 Legislação sobre jazidas

• Código do Petróleo, Decreto-lei nº 3.236, de 07.05.41;


• Lei nº 4.118, de 27.09.62, que estabelece Normas para a Exploração dos
Minérios Atômicos;
• Código de Mineração, Decreto-lei nº 227, de 28.02.67, modificado pelos
Decretos-leis nº 318, de 14.03.67, e 330, de 13.09.67, e Leis nº 6.403, de
15.12.76, nº 6.567, de 24.09.78, e nº 8.901, de 30.06.94, e seu Regulamento,
Decreto nº 62.934, de 02.07.68;
• Lei nº 6.189, de 16.12.74, e Decreto nº 80.266, de 31.08.77, considerando
Reservas Nacionais as Minas e Jazidas de substâncias de Interesse para a
Produção de Energia Atômica;
• Lei nº 6.340, de 05.07.76, que dispõe sobre a Mineração em Área de Pesquisa e
Lavra de Petróleo;
• Lei nº 6.567, de 24.09.78, que institui Regime Especial para Exploração e
Aproveitamento das Substâncias Minerais que especifica e altera o Sistema de
Pesquisa e Lavra, só facultado ao proprietário do solo ou a quem dele tiver
expressa autorização.

10.4 Das florestas


É a forma de vegetação, natural ou plantada, constituída por um grande número
de arvores, com o mínimo espaçamento entre si. [65]
É a mata cerrada. Nossa flora, composta de um riquíssimo e variadíssimo
conjunto de espécies vegetais, nas mais diversas regiões do imenso território nacional,

39
tem em suas florestas uma das suas mais importantes razões para exercer o domínio
eminente.
O solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente, [66]
enquanto o Código Florestal as diz bens de interesse comum a todos os habitantes do
País, o que significa permitir que sobre elas se exerçam direitos de propriedade, desde
que com as limitações que as leis impuserem.
Tanto é assim que qualquer entidade estatal pode constituir reservas florestais
ou parques florestais, em suas próprias terras ou nas particulares – neste caso,
mediante desapropriação – o que demonstra a competência concorrente da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para legislar sobre a matéria.
Sua importância transcende o aspecto econômico, tratando-se de uma questão
ecológica. Passou-se [67] a se falar em florestas de preservação permanente,
possibilitada a interdição de derrubadas criminosas em determinadas áreas do País, ou
de certas espécies de árvores, e tornando obrigatório o reflorestamento em algumas
regiões.
Dentre as medidas de proteção às florestas, inclui-se a chamada defesa
sanitária, a cargo de todas as entidades estatais, e particularmente do IBAMA –
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, sucessor do
antigo IBDF – Instituto Brasileiro de Defesa Florestal, [68] no bojo de uma gigantesca
reestruturação da Administração Pública brasileira.
Não bastasse toda a relevância das florestas como coisa de uso comum, ela ainda
representa o hábitat de parte considerável de nossa fauna, não menos rica e variada.

9.4.1 Legislação sobre florestas:

• Decreto-lei nº 3.583, de 03-09-41, proíbe a Derrubada de Cajueiros em Áreas


Rurais;
• Decreto nº 27.314, de 17.10.49, declara protetoras algumas florestas (hoje,
ditas de preservação permanente);
• Decreto nº 30.052, de 04.10.51, declara Imunes de Cortes alguns tipos de
Árvores;
• Código Florestal, Lei nº 4.771, de 15.09.65, alterado pela Lei nº 6.535, de
15.06.78;
• Lei nº 5.106, de 02.09.66, Decreto-lei nº 1.134, de 16.11.70, e Decreto nº
79.046, de 27.12.76, sobre Incentivos Fiscais para Empreendimentos
Florestais;
• Decreto Legislativo nº 39, de 1976, aprova Acordo entre Brasil e Peru para a
Conservação da Flora e da Fauna dos Territórios Amazônicos dos dois países;
• Lei nº 7.754, de 14.04.89, estabelece Medidas de Proteção das Florestas
Existentes nas Nascentes dos Rios.

10.5 Da fauna
A fauna constitui fonte primária de alimentação para inúmeros caçadores,
amadores ou profissionais, conquanto sirva, também, a propósitos criminosos, como o
aprisionamento de aves de nossa diversificada fauna.
A fauna silvestre, os ninhos, abrigos e criadouros naturais de seus componentes
ficaram incorporados ao domínio público da União. [69]
Há competência concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal para
legislar sobre a matéria, cabendo a preservação da fauna, como da flora, a todas as
entidades estatais, inclusive os Municípios.
A exemplo da defesa sanitária citada no estudo das florestas, constitui
importante aspecto de proteção à fauna a defesa sanitária animal, mormente no
tocante ao combate às epizootias e zoonoses em geral.

40
Existe uma preocupação estatal com a reprodução e preservação das espécies,
notadamente aquelas ameaçadas de extinção, daí a razão do Código de Caça [70] e
todos seus complementos de menor área geográfica de abrangência (legislações,
regulamentações e normalizações estaduais).
A fauna marinha não é menos relevante à população do País. Portanto, a pesca
também merece atenção, havendo um Código de Pesca [71] a regular todo ato
tendente a capturar ou extrair elementos animais ou vegetais que tenham na água seu
normal ou mais freqüente meio de vida, [72] podendo ser classificada como
comercial, desportiva e científica, conforme o seu objetivo seja de comércio, de lazer
ou pesquisa. [73]
Fonte de alimentação das populações ribeirinhas e da atividade pesqueira,
nossas águas têm atraído, inclusive, estrangeiros que até aqui vêm pescar –
principalmente japoneses – e já suscitou uma disputa internacional resolvida na Corte
Internacional de Justiça, da Haia, com a França – guerra da lagosta – em que as águas
internacionais e a plataforma continental brasileira foram argüidas em defesa do
direito de cada país.
A reprodução das espécies marinhas, igualmente, é protegida, sendo
normalmente proibida a pesca na época da reprodução, nas áreas onde se verificam as
desovas – piracema.

10.5.1 Legislação sobre fauna

• Decreto-lei nº 1.159, de 15.03.39, que dispõe sobre a Execução, pelos Estados-


membros, das Leis, Regulamentos e demais Disposições Federais sobre a Caça
e a Pesca;
• Lei nº 569, de 21.12.48, regulamentada pelo Decreto nº 27.932, de 28.03.50,
que estabelece Medidas de Defesa Sanitária Animal;
• Código de Caça, Lei nº 5.197, de 03.01.67, alterado pela Lei nº 7.653, de
12.02.88;
• Código de Pesca, Decreto-lei nº 221, de 28.02.67;
• Lei nº 7.679, de 23.11.88, que Proibiu a Pesca, nos Cursos d´Água, nos
Períodos em que Ocorrem Fenômenos Migratórios para Reprodução, e, em Água
Parada ou Mar Territorial, nos Períodos de Desova, de Reprodução e de Defeso,
etc.

10.6 Do espaço aéreo


É coisa insusceptível de domínio privado, pela própria natureza. “O céu é do
condor” – já disse o poeta – é de todos os pássaros e de todas as aeronaves.
Sua principal utilidade pública, como bem apreciável a justificar a preocupação
dos Estados, refere-se ao tráfego aéreo, considerando-se como área de soberania
nacional a projeção acima do respectivo território.
Por esse motivo, em não tendo havido solicitação prévia e prévia autorização
específica de um governo para que uma aeronave estrangeira cruze seus ares, terá se
verificado uma invasão de seu espaço aéreo, constituindo causa de reação legítima que
todos os governos reconhecem e acatam. Em se tratando de aeronaves militares, será
agressão e a reação armada pode, e deve ser mais enérgica, nos termos da melhor
doutrina do Direito Internacional Público.
Basicamente, rege-se pelo Código Brasileiro de Aeronáutica. [74]
Entende-se também como espaço aéreo a projeção sobre a plataforma
continental ou o mar territorial, o que for mais extenso.

11 Da questão ecológica

41
A luta pelo equilíbrio ecológico, diante da atitude predatória do homem
civilizado que, a pretexto do desenvolvimento, devasta florestas, exaure o solo,
extermina a fauna e polui as águas e o próprio ar de que necessitamos como bem vital
de natureza não-econômica, não começou hoje nem é modismo, mas tornou-se, nos
últimos vinte e cinco anos, uma questão essencial para a humanidade. A preservação
da Natureza é requisito fundamental quanto a todos os elementos essenciais à vida
humana. Daí a razão de tanto se falar e se insistir no tema da proteção ambiental em
uma vastíssima legislação.
As normas ambientais se revestem de três aspectos:
A. controle da poluição;
B. a preservação dos recursos naturais;
C. a restauração dos elementos destruídos.
As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados. [75]
O mundo todo vem se preocupando com a questão da ecologia ameaçada,
acarretando sérios danos ao homem e ao próprio planeta Terra. Fala-se todos os dias
no buraco da camada de ozônio que aumenta sem parar, o superaquecimento dos
mares, a destruição da hiléia – o chamado pulmão do mundo – essa reserva
monumental de oxigênio que preenche a Amazônia.
É culpa do homem, crime do homem e compete ao homem reparar. A ONU já
promoveu duas grandes conferências mundiais, a última delas no Rio de Janeiro, em
1992, sobre o Meio Ambiente. Vinte anos antes, na Suécia, havia se tratado do tema
pela primeira vez. Pouco foi feito até agora e são exatamente os países mais
desenvolvidos, os mais ricos, aqueles que mais contribuem, com suas indústrias e suas
pesquisas – inclusive nucleares – para a degradação da qualidade de vida que temos
conhecido. Eles, que mais podem, mais devem.

11.1 Legislação sobre proteção ambiental:

• Decreto nº 23.777, de 23.01.34, que regulariza o Lançamento de Resíduo


Industrial em Águas Fluviais;
• Portaria nº 85-DCP, de 07.06.61, que proíbe o Lançamento de Resíduos Sólidos
ou Líquidos nos Cursos d´Água, sem Tratamento;
• Decreto nº 50.877, de 29.07.61, que dispõe sobre o Lançamento de Resíduos
Tóxicos ou Oleosos nas Águas Interiores ou Litorâneas do País;
• Lei nº 4.118, de 27.08.62, que dispõe sobre a Política Nacional de Energia
Nuclear;
• Lei nº 5.318, de 23.09.67, que institui a Política Nacional de Saneamento e cria
o Conselho Nacional de Saneamento;
• Lei nº 5.357, de 17.11.67, que estabelece Penalidades para Embarcações e
Terminais Marítimos e Fluviais que Lançarem Detritos ou Óleo em Águas
Brasileiras;
• Portaria nº 170/72-SUDEPE, de 20.04.72, que proíbe o Lançamento de Detritos
Poluidores, Particularmente da “Borra Cinzenta” oriunda das Salinas, nas
Lagoas Litorâneas;
• Decreto-lei nº 1.413, de 14.08.75, que dispõe sobre o Controle da Poluição do
Meio Ambiente provocada por Atividades Industriais, regulamentado pelo
Decreto nº 6.389, de 03.10.75;
• Portaria nº 231/76-MINTER, de 27.04.76, que estabelece os Padrões de
Qualidade do Ar;
• Lei nº 6.453, de 17.10.77, que dispõe sobre a Responsabilidade Civil e Criminal
por Danos Nucleares;

42
• Decreto nº 81.107, de 22.12.77, que define as Atividades consideradas de Alto
Interesse para o Desenvolvimento e a Segurança Nacionais;
• Portaria nº 323-MINTER, de 29.11.78, e 158-MINTER, de 03.11.80, que
proíbem o Lançamento de Vinhoto em qualquer Coleção Hídrica;
• Lei nº 6.803, de 02.07.80, que estabelece as Diretrizes Básicas para o
Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Poluição;
• Portaria nº 100/80-MINTER, de 14.07.80, que fixa Padrões de Emissão de
Fumaça por Veículos movidos a Óleo Diesel;
• Decreto-lei nº 1.809, de 07.10.80, que institui o Sistema de Proteção ao
Programa Nuclear Brasileiro;
• Lei nº 6.894, de 16.12.80, que dispõe sobre o Controle da Produção e Comércio
de Fertilizantes (alterada pela Lei 6.934, de 17.03.81, e pelo Decreto-lei nº
1.899, de 21.12.81) e regulamentada pelo Decreto nº 86.955, de 18.02.82;
• Decreto-lei nº 1.865, de 26.02.81, que dispõe sobre Pesquisa e Lavra de
Minérios que contenham Elementos Nucleares;
• Lei nº 6.938, de 31.08.81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente e
criou o Sistema Nacional de Preservação e Controle;
• Decreto nº 90.857, de 24.01.85, que estabelece Reservas de Minérios
Nucleares;
• Lei nº 7.365, de 13.09.85, que proíbe a Fabricação de Detergentes Não-
biodegradáveis, vedando, também, sua Importação;
• Resolução 18/86-CONAMA, de 06.05.86, que institui o Programa de Controle da
Poluição do Ar por Veículos Automotores;
• Resolução nº 6/88-CONAMA, de 15.06.88, que determina Controle Específico
para vários Resíduos Industriais;
• Lei nº 7.735, de 22.02.89, que criou o IBAMA;
• Resolução 3/89-CONAMA, de 15.06.89, que dispõe sobre a Emissão de Aldeídos
por Veículos Automotores Leves;
• Resolução 4/89-CONAMA, de 15.06.89, que dispõe sobre a Emissão de
Hidrocarbonetos por Veículos Automotores Leves;
• Lei nº 7.797, de 10.07.89, que criou o Fundo Nacional do Meio Ambiente;

· Lei nº 7.802, de 11.07.89, que regula todas as Fases da Produção ao Destino


Final dos Resíduos de Agrotóxicos, inclusive sua Fiscalização e Controle;

• Lei nº 8.028, de 12.04.90, que criou a Secretaria do Meio Ambiente;


• Lei nº 8.490, de 19.11.92, que transformou a Secretaria do Meio Ambiente em
Ministério do Meio Ambiente;
• Lei nº 8.723, de 28.10.93, que dispõe sobre a Redução de Emissão de
Poluentes para Veículos Automotores.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
AZAMBUJA, Darcy. Teoria geral do estado. 30 ed. São Paulo: Globo, 1993.
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito administrativo. São Paulo: Saraiva, 1994.
CELSO NETO, João. Domínio público: os bens que todos usamos e a questão
ecológica. 25. ed. 1998. Teresina: Jus Navigandi, 1998. Disponível em: <sítio:
http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=1719 >. Acesso em set. 2003.
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DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 6.ed. São Paulo: Atlas,
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43
FIGUEIREDO, Lucia Valle. Curso de direito administrativo. 5. ed. rev., atual., ampl.
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FÜHRER, Maximilianus Cláudio A.; FÜHRER, Maximiliano Roberto E.. Resumo de
direito administrativo. 11. ed., São Paulo: Malheiros, 2001. 143 p.
HENRIQUES, Antônio; MEDEIROS, João Bosco. Monografia no curso de direito:
metodologia e técnicas de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 298 p.
MAGALHÃES, Roberto Barcellos. Dicionário jurídico e repertório processual. Rio de
Janeiro: Editora Didática e Científica. v 3.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 22 ed., atual. São Paulo:
Malheiros, 1997, 733 p.
MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 14. ed. São
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MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada: e legislação
constitucional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 2984 p.
NEGRÃO, Theotonio; COUVÊA, José Roberto Ferreira. Código civil: e legislação civil
em vigor. 22. ed., atual. São Paulo: Saraiva, 2003. 1606 p.
_____; _____. Código de processo civil: e legislação processual em vigor. 35. ed.,
atual. São Paulo: Saraiva, 2003. 2104 p.
NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de processo civil
comentado: e legislação extravagante. 7. ed., rev. e ampl. São Paulo: RT. 2003.
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PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 6. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1994. 1 v.
SCHIESARI, Nelson. Direito administrativo: coletânea atualização jurídica. São
Paulo: Hemeron, 1975. 248 p.
Notas:
[1] BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito administrativo. São Paulo: Saraiva, 1994,
p. 303.
[2] DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 6. ed., São Paulo: Atlas,
1996. p. 422.
[3] MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 22. ed., São Paulo:
Malheiros, 1997. p. 431.
[4] MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 14. ed.
São Paulo: Malheiros, 2001. p. 769.
[5] MEIRELLES, op. cit., p. 433.
[6] SCHIESARI, Nelson. Direito Administrativo : Coletânea Atualização Jurídica.
1. ed., São Paulo: Hemeron, 1975, p. 97.
[7] BASTOS, op. cit., p. 306.
[8] PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil, 6. ed., v. 1, Rio de
Janeiro: Forense, 1994. p. 279
[9] MELLO, op. cit., 768.
[10] SCHIESARI,op..cit.,p. 97/98.
[11] FIGUEIREDO, Lucia Valle. Curso de Direito Administrativo. 5. ed. rev., atual.,
ampl. São Paulo: Malheiros Editores, 2000. p. 516.
[12] FIGUEIREDO, id., p. 520.
[13] FIGUEIREDO, id., p. 519/520.
[14] FIGUEIREDO, id., p. 520.
[15] DI PIETRO, op. cit., p. 427.
[16] AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado. 30 ed., São Paulo: Globo, 1993, p.
80.
[17] MEIRELLES, op. cit., p. 435.
[18] PEREIRA, op. cit., p. 280.
[19] FIGUEIREDO, op. cit., p. 521.

44
[20] MELLO, op. cit. p. 769.
[21] MEIRELLES, op. cit., p. 436.
[22] CC, art. 99. NEGRÃO, Theotonio: COUVÊA, José Roberto Ferreira. Código Civil e
Legislação Civil em Vigor. 22. ed., atual., São Paulo: Saraiva, 2003. p. 56.
[23] MELLO, op. cit., p. 782.
[24] MELLO, id., p. 785.
[25] CC, art. 2.038, parágrafo 1º, I e II e parágrafo 2º – Fica proibida a constituição
de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até a sua extinção, às
disposições do CC anterior, Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916, e leis
posteriores....
[26] art. 7º do Decreto-lei Federal 271, de 28.02.67.
[27] CC, art. 2.038, parágrafo 1º, I e II e parágrafo 2º – Fica proibida a constituição
de enfiteuses e subenfiteuses, sobordinando-se as existentes, até a sua extinção, às
disposições do CC anterior, Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916, e leis
posteriores....
[28] CC, art. 481 e Código Comercial, art. 191.
[29] CC, art. 538.
[30] CC, art. 356.
[31] CC, arts. 286 e ss..
[32] art. 15, parágrafo 2º, do Decreto-lei 2.300/86.
[33] CF, art. 188, parágrafo 1º.
[34] Lei 4.504/64
[35] arts. 11 e 97 a 102.
[36] CF, art. 170, III.
[37] Lei 5.869 de 11.01.73, retificada pela Lei 5.925, de 01.10.73.
[38] CPC, arts. 730 e 731.
[39] CC, art. 1.419.
[40] CC, art. 1.419.
[41] CC, art. 1.420.
[42] MELLO, op. cit., p. 779.
[43] art. 60, Lei Federal 4.320/64.
[44] art. 70, Lei Federal 4.320/64 e legislação estadual e municipal pertinentes.
[45] arts. 1º e 4º, Lei Federal 4.717/65.
[46] CP, art. 315 e no caso de Prefeito Municipal, art. 1º, I e III do Decreto-lei 201/67.
[47] Lei 5.972, de 11.12.73, regula o procedimento para o registro da propriedade de
bens imóveis discriminados administrativamente ou possuídos pela União.
[48] art. 11 da Lei nº 8.617/93.
[49] art. 13 do Código de Águas – mas já constante de Aviso Imperial de 12 de julho
de 1833.
[50] MEIRELLES. op. cit., p. 467.
[51] Decreto-lei nº 9.760, de 1946 – alterado pela Lei nº 7.450 de 1985 – sobre bens
imóveis da União.
[52] art. 39 da Lei nº 1.507, de 26.09.1867.
[53] art. 14 do Código de Águas.
[54] art. 20, IV, CF.
[55] art. 26, II, CF.
[56] art. 20, parágrafo 2º, CF.
[57] MEIRELLES, op. cit., p. 474.
[58] Decreto Legislativo nº 5, de 1987 (Convenção das Nações Unidas sobre o Direito
do Mar, Partes II, V e VII), Diário do Congresso Nacional, Seção II, de 12.11.87.
[59] art. 6º, do Decreto nº 62.934, de 1968, que aprovou o Regulamento do Código de
Mineração.
[60] DI PIETRO, op. cit.., p. 475.

45
[61] Emenda Constitucional nº 6, de 15 de agosto de 1995.
[62] CF, art. 176.
[63] art. 11 do Decreto nº 62.934, de 1968, estabelece os regimes de exploração
(autorização, concessão, licenciamento, matrícula e monopólio).
[64] CF, art. 177.
[65] MEIRELLES, op. cit., p. 483.
[66] CC, art. 79, NEGRÃO, op. cit., p. 54.
[67] Lei nº 6.535, de 1978
[68] Decreto-lei nº 289, de 28.02.67
[69] Lei nº 5.197, de 1967
[70] Lei 5.197 de 1967.
[71] Decreto-lei 221, de 28.02.67.
[72] MEIRELLES, op. cit., p. 487/488.
[73] art. 2º e parágrafos do Decreto-lei 221 de 1967.
[74] Lei Federal nº 7.565 de 19.12.86.
[75] CF, art. 255, parágrafo 3º.

FRANCO, Wanildo José Nobre. Domínio público – bens públicos. Boletim Jurídico,
Uberaba/MG, a. 3, nº 158.

SISTEMAS DE APOIO À ADMINISTRAÇÃO PATRIMONIAL

SIAPA - Sistema Integrado de Administração Patrimonial – que consiste em uma ferramenta de


apoio à administração do patrimônio imobiliário da União, dos seus imóveis dominiais e que tem
como objetivos: identificar os imóveis dominiais da União, quais são, em que local estão e quais
suas características; identificar os usuários dos imóveis dominiais da União, quem são, que
imóveis estão ocupando, quais são os regimes de utilização e período de ocupação dos imóveis;
agilizar a cobrança e aprimoramento dos controles sobre os devedores omissos e fornecer dados
para o encaminhamento dos processos para inscrição em dívida ativa da União e a competente
execução judicial; estabelecer uma padronização nas atividades operacionais executadas pelas
GRPU – Gerencias Regionais de Patrimônio da União; integrar os procedimentos da SPU –
Secretaria do Patrimônio da União e GRPU e dispor à SPU informações que possam apoiar os
esforços de combate à sonegação e à moralização no trato da coisa pública.

SPIU – Sistema de Patrimônio Imobiliário da União – que consiste em uma ferramenta de apoio à
administração do patrimônio imobiliário da União, dos seus imóveis de uso especial e que tem
como objetivos: identificar os imóveis de uso especial da União, sejam próprios ou de terceiros,
utilizados nas atividades das Unidades de Gestão e também ou imóveis funcionais; identificar os
usuários dos imóveis de uso especial da União; estabelecer uma padronização nas atividades
operacionais executadas pelas GRPU; integrar os procedimentos da SPU e GRPU e minimizar os
esforços através da integração com o SIAFI, atualizando o balanço patrimonial imobiliário de forma
automática.

EX-OFFICIO – Sistema de Recadastramento dos Imóveis Dominiais da União Ex-officio do


SIAPA – que consiste em uma ferramenta de apoio a GRPU para o recadastramento dos imóveis
dominiais da união ex-officio do SIAPA, que tem como objetivo processar os dados cadastrados
por empresas em parceria com a GRPU, que depois de depurados, alimentarão a base de dados
do SIAPA. Essas empresas, contratadas através de licitação, são responsáveis pelo levantamento
de campo, registro e validação dos dados, garantindo sua autenticidade e legalidade. SSD -
Sistema de Suporte à Decisão – que consiste em um serviço baseado em tecnologia de Data
Warehouse, que integra e organiza os dados do SIAPA e SPIU, disponibilizando-os para consulta
em ferramenta cliente-servidor ou WEB. Os assuntos disponíveis para análise são: imóvel,
responsável, Débito, Crédito e parcelamento. GDI – Sistema Gerenciador de Documentos
Imobiliários – que consiste em uma ferramenta de apoio à administração do patrimônio imobiliário

46
da União, no gerenciamento dos seus documentos imobiliários, que tem por objetivo manter um
cadastro digitalizado de todos os documentos referentes aos imóveis, título precário e livro tais
como escritura, folha de registro, termo de entrega. SPN2000 - Sistema de Recadastramento de
Próprios Nacionais – que consiste em uma ferramenta de apoio à administração do patrimônio
imobiliário da União, dos seus imóveis próprios nacionais, que tem por objetivo permitir as
unidades gestoras de todo o Brasil recadastrar os imóveis próprios nacionais.

SIF – Sistema de Imóveis Funcionais –que consiste em uma ferramenta de apoio à


administração do Patrimônio imobiliário da União, dos seus imóveis funcionais, que tem por
objetivo gerenciar o uso dos imóveis funcionais da União.

LEGISLAÇÃO BÁSICA APLICADA

LEI Nº 9.636 - DE 15 DE MAIO DE 1998 - DOU DE 18/5/98

Alterada pela LEI Nº 11.314 - DE 3 DE JULHO DE 2006 - DOU DE 4/7/2006


alterada pela Medida Provisória nº 292, de 26 de abril de 2006 - DOU DE 27/4/2006
LEI No 10.852, DE 29 DE MARÇO DE 2004. - DOU DE 30/03/2004
LEI Nº 9.821 - DE 23 DE AGOSTO DE 1999 - DOU DE 24/08/99
LEI Nº 9.637 - DE 15 DE MAIO DE 1998 - DOU DE 15/05/98 - Retificação

Dispõe sobre a regularização, administração,


aforamento e alienação de bens imóveis de
domínio de União, altera dispositivos dos Decretos-
Leis nº 9.760, de 5 de setembro de 1946, e 2.398, de
21 de dezembro de 1987, regulamenta o § 2º do art.
49 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I -
DA REGULARIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO ORDENADA

Art. 1o É o Poder Executivo autorizado a executar ações de identificação, demarcação,


cadastramento, registro, fiscalização, regularização das ocupações, inclusive de
assentamentos informais de baixa renda, promovendo a utilização ordenada dos bens
imóveis de domínio da União, podendo, para tanto, firmar convênios com os Estados,
Distrito Federal e Municípios em cujos territórios se localizem e, observados os
procedimentos licitatórios previstos em lei, celebrar contratos com a iniciativa privada.
(alterada pela Medida Provisória nº 292, de 26 de abril de 2006 - DOU DE 27/4/2006)

Texto anterior

Art. 1º É o Poder Executivo autorizado a


agilizar ações, por intermédio da Secretaria do
Patrimônio da União - SPU, do Ministério da
Fazenda, no sentido de identificar, demarcar,
cadastrar, registrar, fiscalizar, regularizar as
ocupações e promover a utilização ordenada dos
bens imóveis de domínio da União, podendo, para
tanto, firmar convênios com os Estados e
Municípios em cujos territórios se localizem e,

47
observados os procedimentos licitatórios
previstos em lei, celebrar contratos com a
iniciativa privada.

Art. 2º Concluído, na forma da legislação vigente, o processo de identificação e


demarcação das terras de domínio da União, a SPU lavrará, em livro próprio, com força de
escritura pública, o termo competente, incorporando a área ao patrimônio da União.

Parágrafo único. O termo a que se refere este artigo, mediante certidão de inteiro teor,
acompanhado de plantas e outros documentos técnicos que permitam a correta
caracterização do imóvel, será registrado no Cartório de Registro de Imóveis competente.

Art. 3º A regularização dos imóveis de que trata esta Lei, junto aos órgãos
municipais e aos Cartórios de Registro de Imóveis, será promovida pela SPU e pela
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN, com o concurso, sempre que necessário,
da Caixa Econômica Federal - CEF

Parágrafo único. Os órgãos públicos federais, estaduais e municipais e os Cartórios de


Registro de Imóveis darão preferência ao atendimento dos serviços de regularização de que
trata este artigo.

SEÇÃO I -
DA CELEBRAÇÃO DE CONVÊNIOS E CONTRATOS

Art. 4º Os Estados, Municípios e a iniciativa privada, a juízo e a critério do Ministério da


Fazenda, observadas as instruções que expedir sobre a matéria, poderão ser habilitados,
mediante convênios ou contratos a serem celebrados com a SPU, para executar a
identificação, demarcação, cadastramento e fiscalização de áreas do patrimônio da União,
assim como o planejamento e a execução do parcelamento e da urbanização de áreas
vagas, com base em projetos elaborados na forma da legislação pertinente.

§ 1º Na elaboração e execução dos projetos de que trata este artigo, serão sempre
respeitados a preservação e o livre acesso às praias marítimas, fluviais e lacustres e a
outras área de uso comum do povo.
§ 2º Como retribuição pelas obrigações assumidas, os Estados, Municípios e a iniciativa
privada farão jus a parte das receitas provenientes da:

I - arrecadação anual das taxas de ocupação e foros, propiciadas pelos trabalhos que
tenham executado;
II - venda do domínio útil ou pleno dos lotes resultantes dos projetos urbanísticos por eles
executados.

§ 3º A participação nas receitas de que trata o parágrafo anterior será ajustada nos
respectivos convênios ou contratos, observados os limites previstos em regulamento e as
instruções a serem baixadas pelo Ministro de Estado da Fazenda, que considerarão a
complexidade, o volume e o custo dos trabalhos de identificação, demarcação,
cadastramento, recadastramento e fiscalização das áreas vagas existentes, bem como de
elaboração e execução dos projetos de parcelamento e urbanização e, ainda, o valor de
mercado dos imóveis na região e, quando for o caso, a densidade de ocupação local.
§ 4º A participação dos Estados e Municípios nas receitas de que tratam os incisos I e II
poderá ser realizada mediante repasse de recursos financeiros.
§ 5º Na contratação, por intermédio da iniciativa privada, da elaboração e execução dos
projetos urbanísticos de que trata este artigo, observados os procedimentos licitatórios

48
previstos em lei, quando os serviços contratados envolverem, também, a cobrança e o
recebimento das receitas deles decorrentes, poderá ser admitida a dedução prévia, pela
contratada, da participação acordada.

Art. 5º A demarcação de terras, o cadastramento e os loteamentos, realizados com base no


disposto no art. 4º, somente terão validade depois de homologados pela SPU.

Seção II
Do Cadastramento
(alterada pela Medida Provisória nº 292, de 26 de abril de 2006 - DOU DE 27/4/2006)

Texto anterior
SEÇÃO II -
DO CADASTRAMENTO DAS OCUPAÇÕES

Art. 6º O cadastramento de terras ocupadas dependerá da comprovação, nos termos do


regulamento, do efetivo aproveitamento do imóvel.

§ 1o A comprovação do efetivo aproveitamento será dispensada nos casos de


assentamentos informais definidos pelo município como área ou zona especial de interesse
social, nos termos do seu plano diretor ou outro instituto que garanta a função social da
área. (alterada pela Medida Provisória nº 292, de 26 de abril de 2006 - DOU DE
27/4/2006)

Texto anterior
§ 1º Será considerada de efetivo aproveitamento,
para efeito de inscrição, a área de até duas vezes
a área de projeção das edificações de caráter
permanente existentes sobre o terreno, acrescida
das medidas correspondentes às demais áreas
efetivamente aproveitadas, definidas em
regulamento, principalmente daquelas ocupadas
com outras benfeitorias de caráter permanente,
observada a legislação vigente sobre
parcelamento do solo.

§ 2º As áreas de acesso necessárias ao terreno, quando possível, bem como as


remanescentes que não puderem constituir unidades autônomas, a critério da
administração, poderão ser incorporadas àquelas calculadas na forma do parágrafo
anterior, observadas as condições previstas em regulamento.
§ 3º Poderão ser consideradas, a critério da Administração e nos termos do regulamento, no
cadastramento de que trata este artigo, independentemente da comprovação, as faixas de
terrenos de marinha e de terrenos marginais que não possam constituir unidades
autônomas, utilizadas pelos proprietários de imóveis lindeiros, observado o disposto no
Decreto nº 24.643, de 10 de julho de 1934 (Código de Águas) e legislação superveniente.

Texto anterior
§ 4º É vedada a Inscrição de posse sem a
comprovação do efetivo aproveitamento de que
trata este artigo.

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§ 4o Nas áreas urbanas, em imóveis possuídos por população de baixa renda para sua
moradia, onde não for possível individualizar as posses, poderá ser feita a demarcação da
área a ser regularizada, cadastrando-se o assentamento, para posterior outorga de título de
forma individual ou coletiva, dispensada, nesta hipótese, a comprovação do efetivo
aproveitamento individual. (alterada pela Medida Provisória nº 292, de 26 de abril de
2006 - DOU DE 27/4/2006)

Art. 6o-A. No caso de cadastramento de ocupações para fins de moradia cujo ocupante seja
considerado carente ou de baixa renda, na forma do § 2o do art. 1o do Decreto-Lei no 1.876,
de 15 de julho de 1981, a União poderá proceder à regularização fundiária da área,
utilizando, entre outros, os instrumentos previstos nos arts. 18, 19, inciso VI, e 22-A desta
Lei. (incluída pela Medida Provisória nº 292, de 26 de abril de 2006 - DOU DE
27/4/2006)

Art. 7º Os inscritos até 15 de fevereiro de 1997, na Secretaria do Patrimônio da União,


deverão recadastrar-se, situação em que serão mantidas, se mais favoráveis, as condições
de cadastramento utilizadas à época da realização da inscrição originária, desde que
estejam ou sejam regularizados os pagamentos das taxas de que tratam os arts. 1º e 3º do
Decreto-Lei nº 2.398, de 21 de dezembro de 1987, independentemente da existência de
efetivo aproveitamento.

Parágrafo único. A vedação de que trata o § 6º do art. 3º do Decreto-Lei nº 2.398, de 1987,


com a redação dada por esta Lei, não se aplica aos casos previstos neste artigo.

Seção II-A
Da Inscrição da Ocupação
(Incluída pela Medida Provisória nº 292, de 26 de abril de 2006 - DOU DE 27/4/2006)

Art. 7o A inscrição de ocupação é ato administrativo precário, resolúvel a qualquer tempo,


que pressupõe o efetivo aproveitamento do terreno pelo ocupante, outorgada pela
administração depois de analisada a conveniência e oportunidade, e gera obrigação de
pagamento anual da taxa de ocupação. (Incluída pela Medida Provisória nº 292, de 26 de
abril de 2006 - DOU DE 27/4/2006)

Parágrafo único. É vedada a inscrição de ocupação sem a comprovação do efetivo


aproveitamento de que trata o art. 6o. (incluída pela Medida Provisória nº 292, de 26 de
abril de 2006 - DOU DE 27/4/2006)

Art. 8º Na realização do cadastramento ou recadastramento de ocupantes, serão


observados os procedimentos previstos no art. 128 do Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de
setembro de 1946, com as alterações desta Lei.

Art. 9º É vedada a inscrição de ocupações que:

I - ocorrerem após 15 de fevereiro de 2006; (alterada pela Medida Provisória nº 292, de


26 de abril de 2006 - DOU DE 27/4/2006)
II - estejam concorrendo ou tenham concorrido para comprometer a integridade das áreas
de uso comum do povo, de segurança nacional, de preservação ambiental, de implantação
de programas ou ações de regularização fundiária de interesse social ou habitacionais, das
necessárias à preservação dos ecossistemas naturais, das reservas indígenas, das
ocupadas por comunidades remanescentes de quilombos, das vias federais de
comunicação, das reservadas para construção de hidrelétricas, ou congêneres, ressalvados
os casos especiais autorizados na forma da lei. (alterada pela Medida Provisória nº 292,
de 26 de abril de 2006 - DOU DE 27/4/2006)

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Texto anterior
I - ocorrerem após 15 de fevereiro de 1997;
II - estejam concorrendo ou tenham concorrido
para comprometer a integridade das áreas de uso
comum do povo, de segurança nacional, de
preservação ambiental, das necessárias à
proteção dos ecossistemas naturais, das reservas
indígenas, das ocupadas por comunidades
remanescentes de quilombos, das vias federais
de comunicação, das reservadas para construção
de hidrelétricas, ou congêneres, ressalvados os
casos especiais autorizados na forma da lei.

Art. 10. Constatada a existência de posses ou ocupações em desacordo com o disposto


nesta Lei, a União deverá imitir-se sumariamente na posse do imóvel, cancelando-se as
inscrições eventualmente realizadas.

Parágrafo único. Até a efetiva desocupação, será devida à União indenização pela posse ou
ocupação ilícita, correspondente a 10% (dez por cento) do valor atualizado do domínio
pleno do terreno, por ano ou fração de ano em que a União tenha ficado privada da posse
ou ocupação do imóvel, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.

SEÇÃO III -
DA FISCALIZAÇÃO E CONSERVAÇÃO

Art. 11. Caberá à SPU a incumbência de fiscalizar e zelar para que sejam mantidas a
destinação e o interesse público, o uso e a integridade física dos imóveis pertencentes ao
patrimônio da União, podendo, para tanto, por intermédio de seus técnicos credenciados,
embargar serviços e obras, aplicar multas e demais sanções previstas em lei e, ainda,
requisitar força policial federal e solicitar o necessário auxílio de força pública estadual.

§ 1º Para fins do disposto neste artigo, quando necessário, a SPU poderá, na forma do
regulamento, solicitar a cooperação de força militar federal.
§ 2º A incumbência de que trata o presente artigo não implicará prejuízo para:

I - as obrigações e responsabilidades previstas nos arts. 70 e 79 § 2º, do Decreto-Lei nº


9.760, de 1946;
II - as atribuições dos demais órgãos federais, com área de atuação direta ou indiretamente
relacionada, nos termos da legislação vigente, com o patrimônio da União.

§ 3º As obrigações e prerrogativas previstas neste artigo poderão ser repassadas, no que


couber, às entidades conveniadas ou contratadas na forma dos arts. 1º e 4º.
§ 4º Constitui obrigação do Poder Público federal, estadual e municipal, observada a
legislação específica vigente, zelar pela manutenção das áreas de preservação ambiental,
das necessárias à proteção dos ecossistemas naturais e de uso comum do povo
independentemente da celebração de convênio para esse fim.

SEÇÃO IV -
DO AFORAMENTO

Art. 12. Observadas as condições previstas no § 1º do art. 23 e resguardadas as situações

51
previstas no inciso I do art. 5º do Decreto-Lei nº 2.398, de 1987, os imóveis dominiais da
União, situados em zonas sujeitas no regime enfitêutico, poderão ser aforados, mediante
leilão ou concorrência pública, respeitado, como preço mínimo, o valor de mercado do
respectivo domínio útil, estabelecido em avaliação de precisão, realizada, especificamente
para esse fim, pela SPU ou, sempre que necessário, pela Caixa Econômica Federal, com
validade de seis meses a contar da data de sua publicação.

§ 1º Na impossibilidade, devidamente justificada, de realização de avaliação de precisão,


será admitida a avaliação expedita.
§ 2º Para realização das avaliações de que trata este artigo, a SPU e a CEF poderão
contratar serviços especializados de terceiros, devendo os respectivos laudos, para os fins
previstos nesta Lei, ser homologados por quem os tenha contratado, quanto à observância
das normas técnicas pertinentes.
§ 3º Não serão objeto de aforamento os imóveis que, por sua natureza e em razão de
norma especial, são ou venham a ser considerados indisponíveis e inalienáveis.

Art. 13. Na concessão do aforamento será dada preferência a quem, comprovadamente,


em 15 de fevereiro de 1997, já ocupava o imóvel há mais de um ano e esteja, até a data da
formalização do contrato de alienação do domínio útil, regularmente inscrito como ocupante
e em dia com suas obrigações junto à SPU.

§ 1º Previamente à publicação do edital de licitação, dar-se-á conhecimento do preço


mínimo para venda do domínio útil ao titular da preferência de que trata este artigo, que
poderá adquiri-lo por esse valor, devendo, para este fim, sob pena de decadência,
manifestar o seu interesse na aquisição e apresentar a documentação exigida em lei na
forma e nos prazos previstos em regulamento e, ainda, celebrar o contrato de aforamento
de que trata o art. 14 no prazo de seis meses, a contar da data da notificação.
§ 2º O prazo para celebração do contrato de que trata o parágrafo anterior poderá ser
prorrogado, a pedido do interessado e observadas as condições previstas em regulamento,
por mais seis meses, situação em que, havendo variação significativa no mercado
imobiliário local, será feita nova avaliação, correndo os custos de sua realização por conta
do respectivo ocupante.
§ 3º A notificação de que trata o § 1º será feita por edital publicado no Diário Oficial da
União e, sempre que possível, por carta registrada a ser enviada ao ocupante do imóvel que
se encontre inscrito na SPU.
§ 4º O edital especificará o nome do ocupante, a localização do imóvel e a respectiva área,
o valor de avaliação, bem como o local e horário de atendimento aos interessados.
§ 5º No aforamento com base no exercício da preferência de que trata este artigo, poderá
ser dispensada, na forma do regulamento, a homologação da concessão pelo Secretário do
Patrimônio da União, de que tratam os arts. 108 e 109 do Decreto-Lei nº 9.760, de 1946.

Art. 14. O domínio útil, quando adquirido mediante o exercício da preferência de que tratam
os arts. 13 e 17, § 3º, poderá ser pago:

I - à vista, no ato da assinatura do contrato de aforamento;


II - a prazo, mediante pagamento, no ato da assinatura do contrato de aforamento, de
entrada mínima de 10% (dez por cento) do preço, a título de sinal e princípio de pagamento,
e do saldo em até cento e vinte prestações mensais e consecutivas, devidamente
atualizadas, observando-se, neste caso, que o término do parcelamento não poderá
ultrapassar a data em que o adquirente completar oitenta anos de idade.

Parágrafo único. As vendas a prazo serão formalizadas mediante contrato de compra e


venda em que estarão previstas, entre outras, as condições de que trata o art. 27.

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Art. 15. A SPU promoverá, mediante licitação, o aforamento dos terreno de domínio da
União, situados em zonas sujeitas ao regime enfitêutico, que estiverem vagos ou ocupados
há até um ano em 15 de fevereiro de 1997, bem assim daqueles cujos ocupantes não
tenham exercido a preferência ou a opção de que tratam os arts. 13 e 17 desta Lei e o
inciso I do art. 5º do Decreto-Lei nº 2.398, de 1987.

§ 1º O domínio pleno das benfeitorias incorporadas ao imóvel, independentemente de quem


as tenha realizado, será também objeto de alienação.
§ 2º Os ocupantes com até um ano de ocupação em 15 de fevereiro de 1997, que
continuem ocupando o imóvel e estejam regularmente inscritos e em dia com suas
obrigações junto à SPU na data da realização da licitação, poderão adquirir o domínio útil
do imóvel, em caráter preferencial, pelo preço, abstraído o valor correspondente às
benfeitorias por eles realizadas, e nas mesmas condições oferecidas pelo vencedor da
licitação, desde que manifestem seu interesse no ato do pregão ou no prazo de quarenta e
oito horas, contado da publicação do resultado do julgamento da concorrência.
§ 3º O edital de licitação especificará, com base na proporção existente entre os valores
apurados no laudo de avaliação, o percentual a ser subtraído da proposta ou do lance
vencedor, correspondente às benfeitorias realizadas pelo ocupante, caso este exerça a
preferência de que trata o parágrafo anterior.
§ 4º Ocorrendo a venda, na forma deste artigo, do domínio útil do imóvel a terceiros, será
repassado ao ocupante, exclusivamente neste caso, o valor correspondente às benfeitorias
por ele realizadas calculado com base no percentual apurado na forma do parágrafo
anterior, sendo vedada a extensão deste benefício a outros casos, mesmo que
semelhantes.
§ 5º O repasse de que trata o parágrafo anterior será realizado nas mesmas condições de
pagamento, pelo adquirente, do preço do domínio útil.
§ 6º Caso o domínio útil do imóvel não seja vendido no primeiro certame, serão promovidas,
após a reintegração sumária da União na posse do imóvel, novas licitações, nas quais não
será dada nenhuma preferência ao ocupante.
§ 7º Os ocupantes que não exercerem, conforme o caso, as preferências de que tratam os
arts. 13 e 15, § 2º, e a opção de que trata o art. 17, nos termos e condições previstos nesta
Lei e em seu regulamento, terão o prazo de sessenta dias para desocupar o imóvel, findo o
qual ficarão sujeitos ao pagamento de indenização pela ocupação ilícita, correspondente a
10% (dez por cento) do valor atualizado do domínio pleno do terreno, por ano ou fração de
ano, até que a União seja reintegrada na posse do imóvel.

Art. 16. Constatado, no processo de habilitação, que os adquirentes prestaram declaração


falsa sobre pré-requisitos necessários ao exercício da preferência de que tratam os arts. 13,
15, § 2º, e 17, § 3º, desta Lei, e o inciso I do art. 5º do Decreto-Lei nº 2.398, de 1987, os
respectivos contratos de aforamento serão nulos de pleno direito, sem prejuízo das sanções
penais aplicáveis, independentemente de notificação judicial ou extrajudicial, retornando
automaticamente o imóvel ao domínio pleno da União e perdendo os compradores o valor
correspondente aos pagamentos eventualmente já efetuados.

SEÇÃO V -
DOS DIREITOS DOS OCUPANTES REGULARMENTE INSCRITOS ATÉ 5 DE OUTUBRO
DE 1988

Art. 17. Os ocupantes regularmente inscritos até 5 de outubro de 1988, que não exercerem
a preferência de que trata o art. 13, terão os seus direitos e obrigações assegurados
mediante a celebração de contratos de cessão de uso onerosa, por prazo indeterminado.

§ 1º A opção pela celebração do contrato de cessão de que trata este artigo deverá ser

53
manifestada e formalizada, sob pena de decadência, observando-se os mesmos prazos
previstos no art. 13 para exercício da preferência ao aforamento.
§ 2º Havendo interesse do serviço público, a União poderá, a qualquer tempo, revogar o
contrato de cessão e reintegrar-se na posse do imóvel, após o decurso do prazo de noventa
dias da notificação administrativa que para esse fim expedir, em cada caso, não sendo
reconhecidos ao cessionário quaisquer direitos sobre o terreno ou a indenização por
benfeitorias realizadas.
§ 3º A qualquer tempo, durante a vigência do contrato de cessão, poderá o cessionário
pleitear novamente a preferência à aquisição, exceto na hipótese de haver sido declarado o
interesse do serviço público, na forma do art. 5º do Decreto-Lei nº 2.398, de 1987.

SEÇÃO VI -
DA CESSÃO

Art. 18. A critério do Poder Executivo poderão ser cedidos, gratuitamente ou em condições
especiais, sob qualquer dos regimes previstos no Decreto-Lei nº 9.760, de 1946, imóveis
da União a

I - Estados, Municípios e entidades, sem fins lucrativos, de caráter educacional, cultural ou


de assistência social;
II - pessoas físicas ou jurídicas, em se tratando de interesse público ou social ou de
aproveitamento econômico de interesse nacional, que mereça tal favor.

§ 1o A cessão de que trata este artigo poderá ser realizada, ainda, sob o regime de
concessão de direito real de uso resolúvel, previsto no art. 7o do Decreto-Lei no 271, de 28
de fevereiro de 1967, aplicando-se, inclusive, em terrenos de marinha e acrescidos,
dispensando-se o procedimento licitatório para associações e cooperativas que se
enquadrarem no inciso II. : (alterada pela Medida Provisória nº 292, de 26 de abril de
2006 - DOU DE 27/4/2006)

Texto anterior
§ 1º A cessão de que trata, este artigo poderá ser
realizada, ainda, sob o regime de concessão de
direito real de uso resolúvel, previsto no art. 7º do
Decreto-Lei nº 271, de 28 de fevereiro de 1967.

§ 2º O espaço aéreo sobre bens públicos, o espaço físico em águas públicas, as áreas de
álveo de lagos, rios e quaisquer correntes d'água, de vazantes, da plataforma continental e
de outros bens de domínio da União, insusceptíveis de transferência de direitos reais a
terceiros, poderão ser objeto de cessão de uso, nos termos deste artigo, observadas as
prescrições legais vigentes.
§ 3º A cessão será autorizada em ato do Presidente da República e se formalizará mediante
termo ou contrato, do qual constarão expressamente as condições estabelecidas, entre as
quais a finalidade da sua realização e o prazo para seu cumprimento, e tornar-se-á nula,
independentemente de ato especial, se ao imóvel, no todo ou em parte, vier a ser dada
aplicação diversa da prevista no ato autorizativo e conseqüente termo ou contrato.
§ 4º A competência para autorizar a cessão de que trata este artigo poderá ser delegada ao
Ministro de Estado da Fazenda, permitida a subdelegação.
§ 5º A cessão, quando destinada à execução de empreendimento de fim lucrativo, será
onerosa e, sempre que houver condições de competitividade, deverão ser observados os
procedimentos licitatórios previstos em lei.

Art. 19. O ato autorizativo da cessão de que trata o artigo anterior poderá:

I - permitir a alienação do domínio útil ou de direitos reais de uso de frações do terreno

54
cedido mediante regime competente, com a finalidade de obter recursos para execução dos
objetivos da cessão, inclusive para construção de edificações que pertencerão, no todo ou
em parte, ao cessionário;
II - permitir a hipoteca do domínio útil ou de direitos reais de uso de frações do terreno
cedido, mediante regime competente, e de benfeitorias eventualmente aderidas, com as
finalidades referidas no inciso anterior;
III - permitir a locação ou o arrendamento de partes do imóvel cedido e benfeitorias
eventualmente aderidas, desnecessárias ao uso imediato do cessionário;
IV - isentar o cessionário do pagamento de foro, enquanto o domínio útil do terreno fizer
parte do seu patrimônio, e de laudêmios, nas transferências de domínio útil de que trata
este artigo;
V - conceder prazo de carência para início de pagamento das retribuições devidas, quando:
VI - permitir a cessão gratuita de direitos enfitêuticos relativos a frações de terrenos cedidos
quando se tratar de regularização fundiária de interesse social. : (incluída pela Medida
Provisória nº 292, de 26 de abril de 2006 - DOU DE 27/4/2006)

a) for necessária a viabilização econômico-financeira do empreendimento;


b) houver interesse em incentivar atividade pouco ou ainda não desenvolvida no País ou em
alguma de suas regiões; ou
c) for necessário ao desenvolvimento de microempresas, cooperativas e associações de
pequenos produtores e de outros segmentos da economia brasileira que precisem ser
incrementados.

Art. 20. Não será considerada utilização em fim diferente do previsto no termo de entrega, a
que se refere o § 2º do art. 79 do Decreto-Lei nº 9.760, de 1946, a cessão de uso a
terceiros, a título gratuito ou oneroso, de áreas para exercício de atividade de apoio,
definidas em regulamento, necessárias ao desempenho da atividade do órgão a que o
imóvel foi entregue.

Parágrafo único. A cessão de que trata este artigo será formalizada pelo chefe da
repartição, estabelecimento ou serviço público federal a que tenha sido entregue o imóvel,
desde que aprovada sua realização pelo Secretário-Geral da Presidência da República,
respectivos Ministros de Estado ou autoridades com competência equivalente nos Poderes
Legislativo ou Judiciário, conforme for o caso, e tenham sido observadas as condições
previstas no regulamento e os procedimentos licitatórios previstos em lei.

Art. 21. Quando o projeto envolver investimentos cujo retorno, justificadamente, não possa
ocorrer dentro do prazo máximo de 20 (vinte) anos, a cessão sob o regime de arrendamento
poderá ser realizada por prazo superior, observando-se, nesse caso, como prazo de
vigência, o tempo seguramente necessário à viabilização econômico-financeira do
empreendimento, não ultrapassando o período da possível renovação. Alterada pela LEI
Nº 11.314 - DE 3 DE JULHO DE 2006 - DOU DE 4/7/2006

Texto anterior
Art. 21. Quando o projeto envolver investimentos
cujo retomo, justificadamente, não possa ocorrer
dentro do prazo máximo de dez anos,
estabelecido no parágrafo único do art. 96 do
Decreto-Lei nº 9.760, de 1946, a cessão sob o
regime de arrendamento poderá ser realizada por
prazo superior, observando-se, neste caso, como
prazo de vigência, o tempo seguramente
necessário à viabilização econômico-financeira
do empreendimento.

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SEÇÃO VII -
DA PERMISSÃO DE USO

Art. 22. A utilização, a título precário, de áreas de domínio da União para a realização de
eventos de curta duração, de natureza recreativa, esportiva, cultural, religiosa ou
educacional, poderá ser autorizada, na forma do regulamento, sob o regime de permissão
de uso, em ato do Secretário do Patrimônio da União, publicado no Diário Oficial da União.

§ 1º A competência para autorizar a permissão de uso de que trata este artigo poderá ser
delegada aos titulares das Delegacias do Patrimônio da União nos Estados.
§ 2º Em áreas específicas, devidamente identificadas, a competência para autorizar a
permissão de uso poderá ser repassada aos Estados e Municípios, devendo, para tal fim,
as áreas envolvidas lhes serem cedidas sob o regime de cessão de uso, na forma do art.
18.

Seção VIII
Da Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia
: (incluída pela Medida Provisória nº 292, de 26 de abril de 2006 - DOU DE 27/4/2006)

Art. 22-A. A concessão de uso especial para fins de moradia se aplica às áreas de
propriedade da União, inclusive aos terrenos de marinha e acrescidos, e será conferida aos
possuidores ou ocupantes que preencham os requisitos legais estabelecidos na Medida
Provisória no 2.220, de 4 de setembro de 2001. : (incluída pela Medida Provisória nº 292,
de 26 de abril de 2006 - DOU DE 27/4/2006)

Parágrafo único. Esse direito não se aplica sobre imóveis funcionais. : (incluída pela
Medida Provisória nº 292, de 26 de abril de 2006 - DOU DE 27/4/2006)

CAPÍTULO II -
DA ALIENAÇÃO

Art. 23. A alienação de bens Imóveis da União dependerá autorização, mediante ato do
Presidente da República, e será sempre precedida de parecer da SPU quanto à sua
oportunidade e conveniência.

§ 1º A alienação ocorrerá quando não houver interesse público, econômico ou social em


manter o imóvel no domínio da União, nem inconveniência quanto à preservação ambiental
e à defesa nacional, no desaparecimento do vínculo de propriedade.
§ 2º A competência para autorizar a alienação poderá ser delegada ao Ministro de Estado
da Fazenda, permitida a subdelegação.

SEÇÃO I -
DA VENDA

Art. 24. A venda de bens imóveis da União será feita mediante concorrência ou leilão
público, observadas as seguintes condições:

I - na venda por leilão público, a publicação do edital observará as mesmas disposições


ilegais aplicáveis à concorrência pública;
II - os licitantes apresentarão propostas ou lances distintos para cada imóvel;
III - a caução de participação, quando realizada licitação na modalidade de concorrência,
corresponderá a 10% (dez por cento) do valor de avaliação;

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IV - no caso de leilão público, o arrematante pagará, no ato do pregão, sinal correspondente
a, no mínimo, 10% (dez por cento) do valor da arrematação, complementando o preço no
prazo e nas condições previstas no edital, sob pena de perder, em favor da União, o valor
correspondente ao sinal e, em favor do leiloeiro, se for o caso, a respectiva comissão;
V - o leilão público será realizado por leiloeiro oficial ou por servidor especialmente
designado;
VI - quando o leilão público for realizado por leiloeiro oficial, a respectiva comissão será, na
forma do regulamento, de até 5% (cinco por cento) do valor da arrematação e será paga
pelo arrematante, juntamente com o sinal;
VII - o preço mínimo de venda será fixado com base no valor de mercado do imóvel,
estabelecido em avaliação de precisão feita pela SPU, cuja validade será de seis meses;
VIII - demais condições previstas no regulamento e no edital de licitação.

§ 1º Na impossibilidade, devidamente justificada, de realização de avaliação de precisão,


será admitida avaliação expedita.
§ 2º Para realização das avaliações de que trata o inciso VII, poderão ser contratados
serviços especializados de terceiros, devendo os respectivos laudos, para os fim previstos
nesta Lei, ser homologados pela SPU, quanto à observância das normas técnicas
pertinentes.
§ 3º Poderá adquirir o imóvel, em condições de igualdade com o vencedor da licitação, o
cessionário de direito real ou pessoal, o locatário ou arrendatário que esteja em dia com um
suas obrigações junto à SPU, bem como o expropriado.
§ 4º A venda em qualquer das modalidades previstas neste artigo, poderá ser parcelada,
mediante pagamento de sinal correspondente e, no mínimo, 10% (dez por cento) do valor
de aquisição e o restante em até quarenta e oito prestações mensais e consecutivas,
observadas as condições previstas nos arts. 27 e 28.

Art. 25. A preferência de que trata o art. 13, exceto com relação aos imóveis sujeitos aos
regimes dos arts. 80 a 85 do Decreto-Lei nº 9.760, de 1946, e da Lei nº 8.025, de 12 de abril
de 1990, poderá, a critério da Administração, ser estendida, na aquisição do domínio útil ou
pleno de imóveis residenciais de propriedade da União, que venham a ser colocados à
venda, àqueles que, em 15 de fevereiro de 1997, já os ocupavam, na qualidade de
locatários, independentemente do tempo de locação, observadas, no que couber, as demais
condições estabelecidas para os ocupantes.

Parágrafo único. A preferência de que em este artigo poderá, ainda, ser estendida àquele
que, atendendo as demais condições previstas neste artigo, esteja regularmente cadastrado
como locatário, independentemente da existência de contrato locativo.

Art. 26. Em se tratando de projeto de caráter social, para fins de assentamento de famílias
de baixa renda, a venda do domínio pleno ou útil observará os critérios de habilitação
fixados em regulamento, podendo o pagamento ser efetivado mediante um sinal de, no
mínimo, 5% (cinco por cento) do valor da avaliação, permitido o seu parcelamento em até
duas vezes, e do saldo em até trezentas prestações mensais e consecutivas, observando-
se, como mínimo, a quantia correspondente a 30% (trinta por cento) do valor do salário
mínimo vigente.

§ 1º Quando o projeto se destinar ao assentamento de famílias carentes, será dispensado o


sinal, e o valor da prestação não poderá ser superior a 30% (trinta por cento) da renda
familiar do beneficiário, observando-se, como mínimo, o valor de que trata o art. 41.
§ 2º As situações de baixa renda e de carência serão definidas e comprovadas, por ocasião
da habilitação e periodicamente, conforme dispuser o regulamento.
§ 3º Nas vendas de que trata este artigo aplicar-se-ão, no que couber, as condições
previstas no artigo seguinte, não sendo exigido, a critério da Administração o pagamento de

57
prêmio mensal de seguro, nos projetos de assentamento de famílias carentes.

Art. 27. As vendas a prazo serão formalizadas mediante contrato de compra e venda ou
promessa de compra e venda em que estarão previstas, dentre outras, as seguintes
condições:

I - garantia, mediante hipoteca do domínio pleno ou útil, em primeiro grau e sem


concorrência, quando for o caso;
II - valor da prestação de amortização e juros calculados pela Tabela Price, com taxa
nominal de juros de 10% (dez por cento) ao ano, exceto para as alienação de que trata o
artigo anterior, cuja taxa de juros será de 7% (sete por cento) ao ano;
III - atualização mensal do saldo devedor e das prestações de amortização e juros e dos
prêmios de seguros, no dia do mês correspondente ao da assinatura do contrato, com base
no coeficiente de atualização aplicável ao depósito em caderneta de poupança com
aniversário na mesma data;
IV - pagamento de prêmio mensal de seguro contra morte e invalidez permanente e, quando
for o caso, contra danos físicos ao imóvel;
V - na amortização ou quitação antecipada da dívida, o saldo devedor será atualizado, pro
rata die, com base no último índice de atualização mensal aplicado ao contrato, no período
compreendido entre a data do último reajuste do saldo devedor e o dia do evento;
VI - ocorrendo impontualidade na satisfação de qualquer obrigação de pagamento, a
quantia devida corresponderá ao valor da obrigação, em moeda corrente nacional,
atualizado pelo índice de remuneração básica dos depósitos de poupança com aniversário
no primeiro dia de cada mês, desde a data do vencimento até a do efetivo pagamento,
acrescido de multa de mora de 2% (dois por cento) bem como de juros de 0,033% (trinta e
três milésimos por cento) por dia de atraso ou fração;
VII - a falta de pagamento de três prestações importará o vencimento antecipado da dívida
e a imediata execução do contrato;
VIII - obrigação de serem pagos, pelo adquirente, taxas, emolumentos e despesas
referentes à venda.

Parágrafo único. Os contratos de compra e venda de que trata este artigo deverão prever,
ainda, a possibilidade, a critério da Administração, da atualização da prestação ser
realizada em periodicidade superior à prevista no inciso III, mediante recálculo do seu valor
com base no saldo devedor à época existente.

Art. 28. o término dos parcelamentos de que tratam os arts. 24, § 4º, 26, caput, e 27 não
poderá ultrapassar a data em que o adquirente completar oitenta anos de idade.

Art. 29. As condições de que tratam os arts. 12 a 16 e 17, § 3º, poderão, a critério da
Administração, ser aplicadas, no que couber, na venda do domínio pleno de imóveis de
propriedade da União situados em zona não submetidas ao regime enfitêutico.

SEÇÃO II -
DA PERMUTA

Art. 30. Poderá ser autorizada, na forma do art. 23, a permuta de imóveis de qualquer
natureza, de propriedade da União, por imóveis edificados ou não, ou por edificações a
construir.

§ 1º Os imóveis permutados com base neste artigo não poderão ser utilizados para fins
residenciais funcionais, exceto nos casos de residências de caráter obrigatório, de que

58
tratam os art. 80 a 85 do Decreto-Lei nº 9.760, de 1946.
§ 2º Na permuta, sempre que houver condições de competitividade, deverão ser
observados os procedimentos licitatórios previstos em lei.

SEÇÃO III -
DA DOAÇÃO

Art. 31. Mediante ato do Poder Executivo e a seu critério, poderá ser autorizada a doação
de bens imóveis de domínio da União a: : (alterada pela Medida Provisória nº 292, de 26
de abril de 2006 - DOU DE 27/4/2006)

Texto anterior
Art. 31. Mediante ato do Poder Executivo e a seu
critério, poderá ser autorizada a doação de bens
imóveis de domínio da União a Estados,
Municípios e a fundações e autarquias públicas
federais, estaduais e municipais, observado o
disposto no art. 23.

§ 1º No ato autorizativo e no respectivo termo constarão a finalidade da doação e o prazo


para seu cumprimento.
§ 2º O encargo de que trata o parágrafo anterior será permanente e resolutivo, revertendo
automaticamente o imóvel à propriedade da União, independentemente de qualquer
indenização por benfeitorias; realizadas, se:

I - Estados, Distrito Federal, Municípios, fundações públicas e autarquias públicas federais,


estaduais e municipais; : (alterada pela Medida Provisória nº 292, de 26 de abril de 2006
- DOU DE 27/4/2006)
II - empresas públicas e sociedades de economia mista federais, estaduais e municipais; e :
(alterada pela Medida Provisória nº 292, de 26 de abril de 2006 - DOU DE 27/4/2006)
III - fundos públicos, nas transferências destinadas a realização de programas habitacionais
ou de regularização fundiária de interesse social. : (alterada pela Medida Provisória nº
292, de 26 de abril de 2006 - DOU DE 27/4/2006)

Texto anterior
I - não for cumprida, dentro do prazo, a finalidade
da doação;
II - cessarem as razões que justificaram a doação;
ou
III - ao imóvel, no todo ou em parte, vier a ser
dada aplicação diversa da prevista.

§ 3º É vedada ao beneficiário a possibilidade de alienar o imóvel recebido em doação,


exceto quando a finalidade for a execução, por parte do donatário, de projeto de
assentamento de famílias carentes, na forma do art. 26, e desde que o produto da venda
seja destinado à instalação de infra-estrutura, equipamentos básicos ou de outras melhorias
necessárias ao desenvolvimento do projeto.

CAPÍTULO III -
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 32. Os arts. 79, 81, 82, 101, 103, 104, 110, 118, 123 e 128 do Decreto-Lei nº 9.760, de
1946, passam a vigorar com as seguintes alterações:

59
"Art. 79. A entrega de imóvel para uso da
Administração Pública Federal direta compete
privativamente à Secretaria do Patrimônio da União -
SPU.
......................................................................................
.........................................................................

§ 3º Havendo necessidade de destinar imóvel ao uso


de entidade da Administração Pública Federal
indireta, a aplicação se fará sob o regime da cessão
de uso."

"Art. 81.
......................................................................................
.......................................................

§ 5º A taxa de uso dos imóveis ocupados por


servidores militares continuará a ser regida pela
legislação específica que dispõe sobre a
remuneração dos militares, resguardado o disposto
no § 3º em se tratando de residência em alojamentos
militares ou em instalações semelhantes."

"Art. 82.
......................................................................................
......................................................

Parágrafo único. Os imóveis residenciais


administrados pelos órgãos militares e destinados a
ocupação por servidor militar, enquanto utilizados
nesta finalidade, serão considerados de caráter
obrigatório, independentemente dos procedimentos
previstos neste artigo."

"Art. 101.
......................................................................................
.........................................................
Parágrafo único. O não-pagamento do foro durante
três anos consecutivos, ou quatro anos intercalados,
importará a caducidade do aforamento."

"Art. 103. O aforamento se extinguirá por


inadimplemento de cláusula contratual, por acordo
entre as partes, ou, a critério do Presidente da
República, por proposta do Ministério da Fazenda,
pela remição do foro nas zonas onde não mais
subsistam os motivos determinantes de aplicação do
regime enfitêutico.

§ 1º Consistindo o inadimplemento de cláusula


contratual no não-pagamento do foro durante três
anos consecutivos, ou quatro um intercalados, é
facultado ao foreiro, sem prejuízo do disposto no art.
120, revigorar o aforamento mediante as condições
que lhe forem impostas.

60
§ 2º Na consolidação pela União do domínio pleno de
terreno que haja concedido em aforamento, deduzir-
se-á do valor do mesmo domínio a importância
equivalente a 17% (dezessete por cento),
correspondente ao valor do domínio direto."

"Art. 104. Decidida a aplicação do regime enfitêutico


a terrenos compreendidos em determinada zona a
SPU notificará os interessados com preferência ao
aforamento nos termos dos arts. 105 e 215, para que
o requeiram; dentro do prazo de cento e oitenta dias,
sob pena de perda dos direitos que porventura lhes
assistam.

Parágrafo único. A notificação será feita por edital


afixado na repartição arrecadadora da Fazenda
Nacional com jurisdição na localidade do imóvel, e
publicado no Diário Oficial da União, mediante aviso
publicado três vezes, durante o período de
convocação, nos dois jornais de maior veiculação
local e, sempre que houver interessados conhecidos,
por carta registrada."

"Art. 110. Expirado o prazo de que trata o art 104 e


não havendo interesse do serviço público na
manutenção do imóvel no domínio pleno da União, a
SPU promoverá a venda do domínio útil dos terrenos
sem posse, ou daqueles que se encontrem na posse
de quem não tenha atendido à notificação a que se
refere o mesmo artigo ou de quem, tendo requerido,
não tenha preenchido as condições necessárias para
obter a concessão do aforamento."

"Art. 118. Caduco o aforamento na forma do


parágrafo único do art. 101, o órgão local da SPU
notificará o foreiro, por edital, ou quando possível por
carta registrada, marcando-lhe o prazo de noventa
dias para apresentar qualquer reclamação ou solicitar
a revigoração do aforamento.

......................................................................................
.........................................................................

"Art. 123. A remição do aforamento será feita pela


importância correspondente a 17% (dezessete por
cento) do valor do domínio pleno do terreno."

"Art. 128. Para cobrança da taxa, a SPU fará a


inscrição dos ocupantes, ex officio, ou à vista da
declaração destes, notificando-os para requererem,
dentro do prazo de cento o oitenta dias, o seu
cadastramento.

§ 1º A falta de inscrição não isenta o ocupante da


obrigação do pagamento da taxa, devida desde o
início da ocupação.

61
§ 2º A notificação de que trata este artigo será feita
por edital afixado na repartição arrecadadora da
Fazenda Nacional, publicado no Diário Oficial da
União, e mediante aviso publicado três vezes,
durante o período de convocação, nos dois jornais de
maior veiculação local.
§ 3º Expirado o prazo da notificação, a União imitir-
se-á sumariamente na posse do imóvel cujo ocupante
não tenha atendido à notificação, ou cujo posseiro
não tenha preenchido as condições para obter a sua
inscrição, sem prejuízo da cobrança das taxas,
quando for o caso, devidas no valor correspondente a
10% (dez por cento) do valor atualizado do domínio
pleno do terreno, por ano ou fração."

Art. 33. Os arts. 3º, 5º e 6º do Decreto-Lei nº 2.398, de 1987, passam a vigorar com as
seguintes alterações:

"Art. 3º
......................................................................................
..........................................................

§ 2º Os Cartórios de Notas e Registros de Imóveis,


sob pena de responsabilidade dos seus respectivos
titulares, não lavrarão nem registrarão escrituras
relativas a bem imóveis de propriedade da União, ou
que contenham, ainda que parcialmente, área de seu
domínio:

I - sem certidão da Secretaria do Patrimônio da União


- SPU que declare:

a) ter o interessado recolhido o laudêmio devido, nas


transferências onerosas entre vivos;
b) estar o transmitente em dia com as demais
obrigações junto no Patrimônio da União;
c) estar autorizada a transferência do imóvel, em
virtude de não se encontrar em área de interesse do
serviço público;

II - sem a observância das normas estabelecidas em


regulamento.

§ 3º A SPU procederá ao cálculo do valor do


laudêmio, mediante solicitação do interessado.
§ 4º Concluída a transmissão, o adquirente deverá
requerer ao órgão local da SPU, no prazo máximo de
sessenta dias, que providencie a transferência dos
registros cadastrais para o seu nome, observando-se,
no caso de imóvel aforado, o disposto no art. 116 do
Decreto-Lei nº 9.760, de 1946.
§ 5º A não-observância do prazo estipulado no § 4º
sujeitará o adquirente à multa de 0.05% (cinco
centésimos por cento), por mês ou fração, sobre o
valor do terreno e benfeitorias nele existente.

62
§ 6º É vedado o loteamento ou o desmembramento
de áreas objeto de ocupação sem preferência ao
aforamento, nos termos dos arts. 105 e 215 do
Decreto-Lei nº 9.760, de 1946, exceto quando:

a) realizado pela própria União, em razão do


interesse público;
b) solicitado pelo próprio ocupante, comprovada a
existência de benfeitoria suficiente para caracterizar,
no termos da legislação vigente, o aproveitamento
efetivo e independente da parcela a ser
desmembrada."

"Art. 5º Ressalvados os terrenos da União que, a


critério do Poder Executivo, venham a ser
considerados de interesse do serviço público,
conceder-se-á o aforamento:

I - independentemente do pagamento do preço


correspondente ao valor do domínio útil, nos casos
previstos nos arts. 105 e 215 do Decreto-Lei nº
9.760, de 1946;
II - mediante leilão público ou concorrência,
observado o disposto no art. 99 do Decreto-Lei nº
9.760, de 1946.

Parágrafo único. Considera-se de interesse do


serviço público todo imóvel necessário ao
desenvolvimento de projetos públicos, sociais ou
econômicos de interesse nacional, à preservação
ambiental, à proteção dos ecossistemas naturais e à
defesa nacional, independentemente de se encontrar
situado em zona declarada de interesse do serviço
público, mediante portaria do Secretário do
Patrimônio da União."

"Art. 6º A realização de aterro, construção ou obra e,


bem assim, a instalação de equipamentos no mar,
lagos, rios e quaisquer correntes de água, inclusive
em áreas de praias, mangues e vazantes, ou em
outros bens de uso comum, de domínio da União,
sem a prévia autorização do Ministério da Fazenda,
importará:

I - na remoção do aterro, da construção, obra e dos


equipamentos instalados, inclusive na demolição das
benfeitorias, à conta de quem as houver efetuado; e
II - a automática aplicação de multa mensal em valor
equivalente a R$ 30,00 (trinta reais), atualizados
anualmente em 1º de janeiro de cada ano, mediante
portaria do Ministério da Fazenda, para cada metro
quadrado das áreas aterradas ou construídas, ou em
que forem realizadas obras ou instalados
equipamentos, que será cobrada em dobro após
trinta dias da notificação, pessoal, pelo correio ou por
edital, se o infrator não tiver removido o aterro e

63
demolido as benfeitorias efetuadas.

Art. 34. A Caixa Econômica Federal representará a União na celebração dos contratos de
que tratam os arts. 14 e 27, cabendo-lhe, ainda, administrá-los no tocante à venda do
domínio útil ou pleno, efetuando a cobrança e o recebimento do produto da venda.

§ 1º Os contratos celebrados pela Caixa Econômica Federal, mediante instrumento


particular, terão força de escritura pública.
§ 2º Em se tratando de aforamento, as obrigações enfitêuticas, inclusive a cobrança e o
recebimento de foros e laudêmios, continuarão a ser administradas pela SPU.
§ 3º O seguro de que trata o inciso IV do art. 27 será realizado por intermédio de
seguradora a ser providenciada pela Caixa Econômica Federal.

Art. 35. A Caixa Econômica Federal fará jus a parte da taxa de juros, equivalente a 3,15%
(três inteiros e quinze centésimos por cento) ao ano, nas vendas a prazo de que trata o
artigo anterior, como retribuição pelos serviços prestados à União, de que dispõe esta Lei.

Art. 36. Nas vendas de que trata esta Lei, quando realizadas mediante licitação os
adquirentes poderão, a critério da Administração, utilizar, para pagamento à vista do
domínio útil ou pleno de imóveis de propriedade da União, créditos securitizados ou títulos
da dívida pública de emissão do Tesouro Nacional.

Art. 37. É instituído o Programa de Administração Patrimonial Imobiliária da União -


PROAP, destinado ao incentivo à regularização, administração, aforamento, alienação e
fiscalização de bens imóveis de domínio da União, ao incremento das receitas patrimoniais,
bem como à modernização e informatização dos métodos e processos inerentes à
Secretaria do Patrimônio da União.

Parágrafo único. Comporão o Fundo instituído pelo Decreto-Lei nº 1.437, de 17 dezembro


de 1975, e integrarão subconta especial destinada a atender às despesa com o Programa
instituído neste artigo, que será gerida pelo Secretário do Patrimônio da União, as receitas
patrimoniais decorrentes de:

I - multas; e
II - parcela do produto das alienações de que trata esta Lei, nos percentuais adiante
indicados, observado o limite de R$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de reais) ao ano:

a) 20% (vinte por cento), nos anos 1997 e 1998;


b) 15% (quinze por cento), no ano 1999;
c) 10% (dez por cento), no ano 2000;
d) 5% (cinco por cento), nos anos 2001 e 2002.

Art. 38. No desenvolvimento do PROAP, a SPU priorizará ações no sentido de desobrigar-


se de tarefas operacionais, recorrendo, sempre que possível, à execução indireta, mediante
convênio com outros órgãos públicos federais, estaduais e municipais e contrato com a
iniciativa privada, ressalvadas as atividades típicas de Estado e resguardados os ditames
do interesse público e as conveniências da segurança nacional.

Art. 39. As disposições previstas no art. 30 aplicam-se, no que couber, às entidades da


Administração Pública Federal indireta, Inclusive às autarquias e fundações públicas e às

64
sociedades sob controle direto ou indireto da União.

Art. 40. Será de competência exclusiva da SPU, observado o disposto no art. 38 e sem
prejuízo das competências da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, previstas no
Decreto-Lei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967, a realização de aforamentos, concessões de
direito real de uso, locações, arrendamentos, entregas e cessões a qualquer título, de
imóveis de propriedade da União, exceto nos seguintes casos:

I - cessões locações e arrendamentos especialmente autorizados nos termos de entrega,


observadas as condições fixadas em regulamento;
lI - locações de imóveis residenciais de caráter obrigatório, de que tratam os arts. 80 a 85 do
Decreto-Lei nº 9.760, de 1946;
III - locações de imóveis residenciais sob o regime da Lei nº 8.025, de 1990;
IV - cessões de que trata o art. 20; e
V - as locações e arrendamentos autorizados nos termos do inciso III do art. 19.

Art. 41. Será observado como valor mínimo para efeito de aluguel, arrendamento, cessão
de uso onerosa, foro e taxa de ocupação, aquele correspondente ao custo de
processamento da respectiva cobrança.

Art. 42. Serão reservadas, na forma do regulamento, áreas necessárias à gestão ambiental,
à implantação de projetos demonstrativos de uso sustentável de recursos naturais e dos
ecossistemas costeiros, de compensação por impactos ambientais, relacionados com
instalações portuárias, marinas, complexos navais e outros complexos náuticos,
desenvolvimento do turismo, de atividades pesqueiras, da aqüicultura, da exploração de
petróleo e gás natural, de recursos hídricos e minerais, aproveitamento de energia
hidráulica e outros empreendimentos considerados de interesse nacional.

Parágrafo único. Quando o empreendimento necessariamente envolver áreas


originariamente de uso comum do povo, poderá ser autorizada a utilização dessas áreas,
mediante cessão de uso na forma do art. 18, condicionada, quando for o caso, à
apresentação do Estudo de Impacto Ambiental e respectivo relatório, devidamente
aprovados pelos órgãos competentes, observadas as demais disposições legais
pertinentes.

Art. 43. Nos aterros realizados até 15 de fevereiro de 1997, sem prévia autorização, a
aplicação das penalidades de que tratam os incisos I e II do art. 6º do Decreto-Lei nº 2.398,
de 1987, com a redação dada por esta Lei, será suspensa a partir do mês seguinte ao da
sua aplicação, desde que o interessado solicite, junto ao Ministério da Fazenda, a
regularização e a compra à vista do domínio útil do terreno acrescido, acompanhado do
comprovante de recolhimento das multa até então incidentes, cessando a suspensão trinta
dias após a ciência do eventual indeferimento.

Parágrafo único. O deferimento do pleito dependerá da prévia audiência dos órgãos


técnicos envolvidos.

Art. 44. As condições previstas nesta Lei aplicar-se-ão às ocupações existentes nas terras
de propriedade da União situadas na Área de Proteção Ambiental - APA da Bacia do Rio
São Bartolomeu, no Distrito Federal, que se tornarem passíveis de regularização, após o
rezoneamento de que trata a Lei nº 9.262, de 12 de janeiro de 1996.

65
Parágrafo único. A alienação dos Imóveis residenciais da União, localizados nas Vilas
Operárias de Nossa Senhora das Graças e Santa Alice, no Conjunto Residencial Salgado
Filho, em Xerém, no Município de Duque de Caxias (RJ), e na Vila Portuária Presidente
Dutra, na Rua da América nº 31, no Bairro da Gamboa, no Município do Rio de Janeiro
(RJ), observará também, o disposto nesta Lei.

Art. 45. As receitas líquidas provenientes da alienação de bens imóveis de domínio da


União, de que trata esta Lei, deverão ser integralmente utilizadas na amortização da dívida
pública de responsabilidade do Tesouro Nacional, sem prejuízo para o disposto no inciso II
do § 2º e § 4º do art. 4º, no art. 35 e no inciso Il do parágrafo único do art. 37.

Art. 46. O disposto nesta Lei não se aplica à alienação do domínio útil ou pleno dos
terrenos interiores de domínio da União, situados em ilhas oceânicas e costeiras de que
trata o Inciso IV do art. 20 da Constituição Federal, onde existam sedes de municípios, que
será disciplinada em lei específica, ressalvados os terrenos de uso especial que vierem a
ser desafetados.

Redação anterior:
Art. 47. Prescrevem em cinco anos os débitos
para com a Fazenda Nacional decorrentes de
receitas patrimoniais.

Parágrafo único. Para efeito da caducidade de que


trata o art. 101 do Decreto-Lei nº 9.760, de 1946,
serão considerados também os débitos
alcançados pela prescrição.

Art. 47. O crédito originado de receita patrimonial será submetido aos seguintes prazos:
(Alterado pela LEI No 10.852, DE 29 DE MARÇO DE 2004. - DOU DE 30/03/2004)

I - decadencial de dez anos para sua constituição, mediante lançamento; e (Alterado pela
LEI No 10.852, DE 29 DE MARÇO DE 2004. - DOU DE 30/03/2004
II - prescricional de cinco anos para sua exigência, contados do lançamento. (Alterado pela
LEI No 10.852, DE 29 DE MARÇO DE 2004. - DOU DE 30/03/2004

Art. 48. (VETADO)

Art. 49. O Poder Executivo regulamentará esta Lei nº prazo de noventa dias, contado da
sua publicação.

Art. 50. O Poder Executivo fará publicar no Diário Oficial da União, no prazo de noventa
dias, contado da publicação desta Lei, texto consolidado do Decreto-Lei nº 9.760, de 1946,
e legislação superveniente.

Art. 51. São convalidados os atos praticados com base na Medida Provisória nº 1.647-14,
de 24 de março de 1998.

66
Art. 52. Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.

Art. 53. São revogados os arts. 65, 66, 125, 126 e 133, e os itens 5º, 8º, 9º e 10 do art. 105
do Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946, o Decreto-Lei nº 178, de 16 de
fevereiro de 1967, o art. 195 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, o art. 4º do
Decreto-Lei nº 1.561, de 13 de julho de 1977, a Lei nº 6.609, de 7 de dezembro de 1978, o
art. 90 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, o art. 4º do Decreto-Lei nº 2.398, de 21
de dezembro de 1987, e a Lei nº 9.253, de 28 de dezembro de 1995.

Brasília, 15 de maio de 1998; 177º da Independência e 110º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


Pedro Malan

DECRETO-LEI Nº 2.398 - DE 21 DE DEZEMBRO DE 1987 - DOU DE 22/12/87

Legislação :

LEI Nº 9.636 - DE 15 DE MAIO DE 1998 - DOU DE 18/05/98

Dispõe sobre foros, laudêmios e taxas de ocupação


relativas a imóveis de propriedade da União, e dá
outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere o art. 55, item
II, da Constituição,
DECRETA:

Art. 1° A taxa de ocupação de terrenos da União, calculada sobre o valor do


domínio pleno do terreno, anualmente atualizado pelo Serviço do Patrimônio da União
(SPU), será, a partir do exercício de 1988, de:

I - 2% (dois por cento) para as ocupações já inscritas e para aquelas cuja inscrição
seja requerida, ao SPU, até 31 de março de 1988; e
II - 5% (cinco por cento) para as ocupações cuja inscrição seja requerida ou
promovida ex officio , a partir de 1° de abril de 1988.

Art. 2° O Ministro da Fazenda, mediante portaria estabelecerá os prazos para o


recolhimento de foros e taxas de ocupação relativos a terrenos da União, podendo autorizar
o parcelamento em até oito cotas mensais.

Art. 3° Dependerá do prévio recolhimento do laudêmio, em quantia correspondente


a 5% (cinco por cento) do valor atualizado do domínio pleno e das benfeitorias, a
transferência onerosa, entre vivos, do domínio útil de terreno da União ou de direitos sobre
benfeitorias neles construídas, bem assim a cessão de direito a eles relativos.

§1° As transferências parciais de aforamento ficarão sujeitas a novo foro para a


parte desmembrada.
§2° Os Registros de Imóveis, sob pena de responsabilidade do respectivo titular,
não registrarão escrituras relativas a bens imóveis de propriedade da União ou que

67
contenham, ainda que parcialmente, terreno da União:

a) sem prova do pagamento do laudêmio;


b) se o imóvel estiver situado em zona que houver sido declarada de interesse do
serviço público em portaria do Diretor-Geral do Serviço do Patrimônio da União; e
c) sem a observância das normas estabelecidas em regulamento.

§3° O Serviço do Patrimônio da União (SPU) procederá à revisão do cálculo do


valor recolhido e, apurada diferença a menor, notificará o interessado para recolhê-la, no
prazo de 30 (trinta) dias, devolvendo o valor da eventual diferença a maior.
§4° O recolhimento da diferença a menor e a devolução da diferença a maior serão
feitas pelos respectivos valores monetariamente atualizados pelo índice de variação de uma
Obrigação do Tesouro Nacional (OTN).
§5° O não recolhimento de diferença a menor, no prazo fixado no parágrafo
anterior, acarretará a sua cobrança com os acréscimos previstos nos arts. 15 e 16 do
Decreto-lei n° 2.323, de 26 de fevereiro de 1987, com a redação dada pelo Decreto-lei n°
2.331, de 28 de maio de 1987.

Art. 4° A alienação de bens imóveis da União, sob administração do Serviço do


Patrimônio da União (SPU), será feita em leilão público, podendo adquiri-los, em condições
de igualdade com o lance vencedor, o ocupante ou locatário, sendo o mesmo procedimento
adotado para a alienação do domínio útil, quando não houver preferência ao aforamento,
observados os procedimentos estabelecidos no art. 15, inciso I, do Decreto-lei n° 2.300, de
21 de novembro de 1986, e modificações posteriores.

Art. 5° Ressalvados os terrenos da União que, a critério do Poder Executivo,


venham a ser necessários ao Serviço Público, conceder-se-á o aforamento:

I - independentemente do pagamento do preço correspondente ao valor do domínio


útil, nos casos previstos nos arts. 105 e 215 do Decreto-lei n° 9.760, de 5 de setembro de
1946;
II - mediante o pagamento do preço referido no item anterior, nos casos previstos no
art. 4° do Decreto-lei n° 1.561, de 13 de julho de 1977; e
III - mediante leilão público, nas hipóteses do art. 99 do Decreto-lei n° 9.760, de 5
de setembro de 1946.

Art. 6° A realização de aterros para a formação de acrescidos de marinha ou nas


margens de lagos, rios e ilhas fluviais e lacustres de propriedade da União, sem prévia
autorização do órgão competente do Poder Executivo, importará:

I - na remoção do aterro e demolição das eventuais benfeitorias, à conta de quem


as houver efetuado;
II - na automática aplicação de multa mensal em valor equivalente a 5 (cinco)
Obrigações do Tesouro Nacional (OTN), para cada 1m² (um metro quadrado) das áreas
aterradas ou construídas, que será cobrada em dobro, após 30 (trinta) dias da notificação,
pelo correio ou por edital, se o infrator não tiver removido o aterro e demolido a construção.

Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo aplicam-se a edificações em


praias marítimas e oceânicas, bem assim nas praias formadas em lagos, rios e ilhas fluviais
e lacustres de propriedade da União.

Art. 7° O Poder Executivo expedirá o regulamento deste decreto-lei, que disporá

68
sobre os procedimentos administrativos de medição, demarcação, identificação e avaliação
de imóveis de propriedade da União, e promoverá a consolidação, mediante decreto, da
legislação relativa a patrimônio imobiliário da União.

Art. 8° Este decreto-lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 9° Ficam revogados o § 1° do art. 101, os arts 102, 107, 111, 112 a 115, 117,
os §§ 1° e 2° do art. 127, o art. 129, os arts. 130, 134 a 148, 159 a 163 do Decreto-lei n°
9.760, de 5 de setembro de 1946, o art. 3° do Decreto-lei n° 1.561, de 13 de julho de 1977,
e demais disposições em contrário.

Brasília, 21 de dezembro de 1987; 166° da Independência e 99° da República.

JOSÉ SARNEY
Mailson Ferreira da Nóbrega

I.ORÇAMENTO PÚBLICO
Todos nós, muitas vezes sem percebermos, elaboramos em algum período de nossas
vidas um orçamento pessoal. Levantamos, um a um, nossos desejos de gastos com vestuário,
alimentação, habitação, saúde, diversão etc., e somamos os respectivos valores. Ao mesmo
tempo, somamos a renda que esperamos receber com salário, rendimentos financeiros, dividendos
etc. e confrontamos o total apurado com a nossa estimativa de gastos.
Como um dos problemas básicos da sociedade consiste na limitação dos recursos frente
às suas necessidades, é bem possível que o nosso desejo de realizar despesas seja superior às
receitas que esperamos receber. Por essa razão, devemos estabelecer um planejamento de
nossos gastos, onde elegemos as despesas prioritárias, ou seja, as mais importantes a serem
realizadas, deixando de lado, ou para outra oportunidade, aquelas que não consideramos tão
essenciais.
No caso do setor governamental, esse planejamento é consubstanciado em lei e recebe o
nome de orçamento público. Nessa lei são listadas, para um determinado exercício, todas as
despesas eleitas como prioritárias pelos Poderes da República, bem como as estimativas das
receitas previstas para serem arrecadadas e que custearão aqueles gastos. Como exemplos de
despesas públicas, podemos citar os gastos com a manutenção dos órgãos (ministérios,
autarquias etc.), com o sistema de saúde, com a educação, com os investimentos, com o
pagamento de juros e amortização da dívida pública. Como exemplos de receitas públicas, temos
aquelas originadas dos tributos cobrados das pessoas e das empresas, da exploração do
patrimônio, da prestação de serviços etc. e aquelas que envolvem a tomada de recursos de
terceiros (empréstimos ou operações de créditos) e as derivadas da venda de ativos
governamentais.

O orçamento público, juridicamente, materializa-se numa lei ordinária, de validade anual, que
exprime, em termos financeiros e técnicos, as decisões políticas na alocação dos recursos
públicos, estabelecendo as ações e programas prioritários para atender às demandas da
sociedade.

II. O MODELO ORÇAMENTÁRIO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988: o Plano Plurianual, as


Diretrizes Orçamentárias e o Orçamento Anual
O texto constitucional promulgado em 1988 trouxe inovações significativas na sistemática
de elaboração e de apreciação dos instrumentos que compõem o chamado “modelo
orçamentário”. O principal arcabouço legal do processo de planejamento e de orçamento está
inscrito nos arts. 165 a 169 da Constituição Federal1 e tem como expoente formal três documentos
interdependentes, a saber: a Lei do Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias

69
(LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). A preocupação central dos Constituintes de 88, ao
aprovar essas normas, foi vincular os processos de planejamento ao de orçamento.
Desse modo, foi determinado no art. 165, § 4º, da CF, que “...Os planos e programas
nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância
com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional”. Adicionalmente, o § 1º do art. 167,
estabelece que “...Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá
ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a sua inclusão, sob
pena de crime de responsabilidade”.

A Lei do Plano Plurianual é uma lei ordinária, editada a cada quatro anos e, segundo
dispõe o § 1º do art. 165 do texto constitucional, “...estabelecerá, de forma regionalizada,
asdiretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e
outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada”.
A elaboração do projeto de lei do PPA inicia-se no Poder Executivo, sendo coordenado pela
Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (SPI/MPO). Esse projeto deve ser enviado ao Congresso Nacional até 31 de
agosto do primeiro ano de cada mandato presidencial e tem validade para um período de quatro
exercícios financeiros. A sua execução inicia-se no segundo ano do mandato presidencial e
encerra-se no primeiro ano do mandato presidencial subseqüente. O PPA veio substituir o antigo
Orçamento Plurianual de Investimentos. Comparativamente ao seu antecessor, que abrangia
apenas três exercícios, o PPA apresenta, além do valor das despesas de capital (construção de
edificações públicas, estradas etc.), também as metas físicas a serem atingidas por tipo de
programa e ação, bem como lista as despesas de duração continuada (benefícios previdenciários),
condicionando toda a programação do orçamento ao planejamento de longo prazo.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), por sua vez, é uma lei ordinária com validade
apenas para um exercício. De acordo com o § 2º do art. 165 do texto constitucional, a LDO
“compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de
capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual,
disporá sobre as alterações da legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das
agências financeiras de fomento”. Estabelece, assim, de forma antecipada, as diretrizes, as
prioridades de gastos e as normas e parâmetros que devem orientar a elaboração do projeto de lei
orçamentária para o exercício seguinte ( lista de projetos prioritários, normas sobre convênios,
fixação das metas de resultado primário, relação dos riscos fiscais).
As prioridades e metas definidas pela LDO para os programas e ações são apresentadas
em anexo ao texto legal, constituindo-se num detalhamento anual de metas estabelecidas no PPA
e que foram selecionadas para constar do projeto de lei orçamentária de cada exercício.
Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), a LDO passou também a conter
dois Anexos de extrema importância para orientar o governo e a sociedade sobre a condução da
política fiscal. Tratase do Anexo de Metas Fiscais, onde são estabelecidos os resultados primários
esperados para os próximos exercícios, e que dão uma dimensão da austeridade dessa política; e
o Anexo de Riscos Fiscais, onde são enumerados os chamados passivos contingentes, ou seja,
aquelas dívidas que ainda não estão contabilizadas como tal, mas que, por decisão judicial,
poderão vir a aumentar a dívida pública.
A elaboração do projeto da LDO inicia-se no Poder Executivo e o projeto é encaminhado
até 15 de abril de cada ano ao Congresso Nacional, devendo por ser aprovado até 17 de julho,
sob pena de não se interromper o primeiro período da sessão legislativa.
No Poder Executivo, o órgão que coordena a elaboração desse projeto da LDO é a
Secretaria de Orçamento Federal (SOF) do Ministério de Orçamento e Gestão (MPO). A
Secretaria do Tesouro Nacional (STN) do Ministério da Fazenda (MF) também colabora na feitura
desse documento, principalmente nas questões relacionadas à dívida mobiliária federal e às
normas sobre execução orçamentária. Cabe apontar que as normas de direito financeiro, baixadas
pela Lei n.º 4320, de 1964, são ainda as que estabelecem as regras básicas de elaboração,
execução e controle dos planos e orçamentos. Porém, face, principalmente, aos novos comandos
orçamentários introduzidos pela Constituição de 88, essa lei ficou desatualizada.

70
Assim, diante da ausência da lei complementar prevista no § 9.º do art. 165 da CF, que
viria a substituir a referida lei, a LDO tem exercido também o papel de suprir as lacunas e
imperfeições legais sobre a matéria, atuando de forma a compatibilizar as normas infra-
constitucionais com as disposições contidas no texto da Lei Maior.

A Lei Orçamentária Anual (LOA) é igualmente uma lei ordinária com validade para cada
exercício fiscal. Consoante o § 5.º do art. 165 da Constituição, essa lei deve conter três
orçamentos: o orçamento fiscal, o orçamento da seguridade social e o orçamento de investimento
das empresas estatais. Os dois primeiros envolvem toda a programação de gastos dos Poderes da
União, seus fundos, autarquias e fundações. Em suma, abrangem toda a administração pública,
direta e indireta. O orçamento de investimentos das empresas estatais contém a previsão de
investimentos das entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital
social com direito a voto.
Os orçamentos fiscal e da seguridade social listam todos os gastos da União, como os
destinados à manutenção da máquina pública, os desembolsos com saúde, educação, defesa,
estradas, portos, benefícios previdenciários, folha de pessoal, juros da dívida etc., bem como todas
as receitas que são esperadas para serem arrecadadas. O projeto de lei orçamentária deve ser
enviado ao Congresso Nacional até 31 de agosto de cada ano, e devolvido para sanção até o
encerramento da sessão legislativa. Sua elaboração é coordenada pela Secretaria de Orçamento
Federal do Ministério de Planejamento e Orçamento e Gestão (SOF/MPO) que prepara a minuta
da Mensagem Presidencial e encaminha a proposta ao Congresso Nacional.
Pela análise conjunta desses três instrumentos, depreende-se que a concepção do
processo de planejamento e orçamento no Brasil confere ao PPA, à LDO e à LOA uma atuação
integrada, que pode ser assim resumida: o PPA estabelece o planejamento de longo prazo, por
meio dos programas e ações de governo, enquanto a LOA fixa o planejamento de curto prazo, ou
seja, materializa anualmente as ações e programas a serem executados por meio de projetos,
atividades e operações especiais. À LDO, por sua vez, cabe o papel de estabelecer a ligação entre
esses dois instrumentos, destacando do PPA os investimentos e gastos prioritários que deverão
compor a LOA, e definir as regras e normas que orientam a elaboração da lei orçamentária que irá
vigorar no exercício seguinte ao da edição da LDO. O diagrama a seguir ilustra o inter-
relacionamento entre os diversos instrumentos legais que compõem o ordenamento jurídico dos
planos e orçamentos.

71
III.O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO ANUAL
O processo de elaboração do orçamento público federal começa no Poder Executivo, com a
expedição das regras gerais pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF). O diagrama a seguir
ilustra esse trâmite.

A partir disso, os órgãos setoriais (Ministérios da Educação, Saúde, Agricultura etc.) fazem
o levantamento das necessidades de gastos das áreas que compõem cada ministério e
apresentam suas propostas à SOF, a quem compete compatibilizar as expectativas de gastos com
o nível de receita que o governo espera arrecadar da sociedade. Os Poderes Legislativo e
Judiciário também elaboram suas propostas, dentro dos parâmetros fixados pela LDO, e enviam-
nas à SOF para que sejam integradas ao projeto de lei do orçamento.
Não é tarefa fácil para a SOF definir os “grandes números” do orçamento. Embora a lei
orçamentária deva ser contabilmente equilibrada, com receitas esperadas iguais às despesas
fixadas, por trás dessa estrutura estão parâmetros que afetam a sociedade como um todo.
Contabilmente o orçamento está sempre equilibrado, pois se as receitas esperadas forem
inferiores às despesas fixadas, e o governo resolver não cortar gastos, a diferença deve ser
coberta por operações de crédito que, por lei, devem também constar do orçamento.
A meta de inflação, a taxa média de juros, a taxa média de câmbio, a evolução da massa
salarial, a expectativa de crescimento real do PIB, o montante do refinanciamento da dívida, o
resultado primário desejado, entre outros, são parâmetros decisivos para a apresentação da
proposta orçamentária. Os cinco primeiros são estabelecidos pela Secretaria de Política
Econômica do Ministério da Fazenda e repassados à Secretaria da Receita Federal, para fazer as
previsões de receitas, e à SOF, para fixar alguns itens de receita.
Em regra, procura-se fixar a despesa dentro do montante esperado da receita. Porém, há
situações que, a despeito da priorização de gastos, as intenções de despesas não podem ser mais
comprimidas e o orçamento é elaborado prevendo deficit (despesas fixadas maiores que as
receitas que se espera arrecadar).
Nesses casos, para financiar o excesso de gasto, o governo recorre a operações de crédito
ou empréstimos, junto à iniciativa privada nacional ou a entidades estrangeiras. Esses
empréstimos também devem estar previstos na lei orçamentária, para contrabalançar o excesso de
despesa. Por essa razão é que dizemos que o orçamento é sempre contabilmente equilibrado.
Retornemos ao processo de elaboração do orçamento. Uma vez concluída a proposta,
esta é encaminhada ao Presidente da República, juntamente com uma Exposição de Motivos do
Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, onde são apresentadas as perspectivas da
economia e das finanças públicas para o exercício referido. Estando de acordo, o Presidente da
República remete-a, em forma de projeto de lei, ao Congresso Nacional, por meio de Mensagem
Presidencial, até o dia 31 de agosto de cada ano. Como co-responsável e participante na
elaboração dos instrumentos de planejamento e orçamento, cabe ao Congresso Nacional analisar
e aprovar os projetos de leis que compõem o processo orçamentário.

72
Os projetos relativos ao PPA, à LDO e à LOA são apreciados conjuntamente pelas duas
Casas do Congresso Nacional, cabendo à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e
Fiscalização - CMO- examinar e emitir parecer sobre os referidos projetos, também em sessão
conjunta. Essa Comissão é composta por 84 parlamentares, sendo 21 Senadores e 63 Deputados,
com igual número de suplentes.
A forma constitucional prevista para a atuação do Congresso Nacional, em sua
participação na elaboração dos planos e orçamentos, dá-se por meio de emendas aos referidos
projetos de lei. Nos planos e orçamentos, os parlamentares, por meio das emendas, procuram
aperfeiçoar a proposta encaminhada pelo Poder Executivo, visando a uma melhor alocação dos
recursos públicos. Desse modo, identificam as localidades onde desejam que sejam executados os
projetos ou inserem novas programações com o objetivo de atender às demandas das
comunidades que representam.
As emendas parlamentares são sujeitas a restrições de diversas ordens. A norma
constitucional, conforme art. 166, § 3.º, estabelece as regras fundamentais para a aprovação de
emendas parlamentares ao projeto de lei orçamentária anual, quais sejam:
I. não pode acarretar aumento na despesa total do orçamento, a menos que sejam identificados
omissões ou erros nas receitas, devidamente comprovados;
II. é obrigatória a indicação dos recursos a serem cancelados de outra programação, já que
normalmente as emendas provocam a inserção ou o aumento de uma dotação;
III. não pode ser objeto de cancelamento as despesas com pessoal, benefícios previdenciários,
juros, transferências constitucionais e amortização de dívida;
IV. é obrigatória a compatibilidade da emenda apresentada com as disposições do PPA e da LDO.
Assim, ressalvado o caso de identificação de receita não incluída ou subestimada na proposta, a
atuação parlamentar dá-se fundamentalmente por um remanejamento de dotações orçamentárias
de uma para outra programação.
A aprovação das emendas deve observar não apenas as restrições constitucionais, mas também
os aspectos legais específicos eventualmente existentes em cada programação, bem como as
disposições das Resoluções do Congresso Nacional. A Resolução n.º 03/2003-CN determina que
cabe à CMO:
V. examinar e emitir parecer sobre os PLs do Plano Plurianual, Diretrizes Orçamentárias,
Orçamento Anual, Créditos Adicionais7 e Extraordinários e Contas apresentadas pelo Poder
Executivo, que incluirá, além das suas, as relativas aos outros Poderes e ao Ministério Público (ao
Tribunal de Contas da União – TCU - cabe emitir parecer prévio sobre essas contas);
VI. examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais;
VII. examinar e emitir parecer sobre a execução orçamentária e financeira, informações do TCU
sobre obra com indício de gestão irregular, a gestão fiscal dos órgãos, a avaliação quadrimestral
das metas fiscais, os contingenciamentos e a avaliação do impacto fiscal das políticas monetária,
creditícia e cambial.

As emendas parlamentares obedecem a dois níveis de intervenção: as emendas


individuais, que podem atingir um máximo de 20 emendas por parlamentar, e as emendas
coletivas8. Essas se subdividem em emendas de bancadas estaduais (de 18 até no máximo de 23
emendas, variando de acordo com o número de parlamentares por bancada), emendas de
bancadas regionais (até 2 emendas por bancada) e emendas de comissões permanentes do
Senado e da Câmara dos Deputados (até 5 emendas por comissão).

Após a aprovação pela Comissão Mista de Orçamento, o substitutivo segue para a apreciação
pelo Plenário do Congresso Nacional. Uma vez aprovado o substitutivo pelo Plenário do
Congresso, agora chamado de autógrafo, este é enviado ao Presidente da República para sanção
e publicação da lei orçamentária, dentro de um prazo máximo de quinze dias úteis. Ocorrendo
vetos, o Congresso terá trinta dias para apreciá-los, podendo torná-los sem efeito, caso seja esta a
decisão da maioria dos congressistas.

IV- CONCEITO DE ORÇAMENTO

73
O orçamento é um processo contínuo, dinâmico e flexível, que traduz, em termos
financeiros, para determinado período, os planos e programas de trabalho, ajustando o ritmo de
execução ao fluxo de recursos previstos, de modo a assegurar a contínua e oportuna liberação
desses recursos. Para Aliomar Baleeiro, o orçamento público “é o ato pelo qual o Poder Executivo
prevê e o Poder Legislativo lhe autoriza, por certo período, e em pormenor, a execução das
despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política
econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei.”
René Stourn entende: “O Orçamento do Estado é o ato contendo a aprovação prévia das Receitas
e Despesas Públicas”, “para um período determinado”, como arrematou o Prof. Amaro Cavalcanti.

V- EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO

Orçamento Clássico ou Tradicional

Antes do advento da Lei nº 4.320, de 17/3/64, o orçamento utilizado pelo Governo Federal
era o orçamento tradicional. O orçamento clássico se caracterizava por ser um documento de
previsão de receita e de autorização de despesas, estas classificadas segundo o objeto de gasto e
distribuídas pelos diversos órgãos, para o período de um ano. Em sua elaboração não se
enfatizava, primordialmente, o atendimento das necessidades da coletividade e da Administração;
tampouco se destacavam os objetivos econômicos e sociais. A maior deficiência do orçamento
tradicional consistia no fato de que ele não privilegiava um programa de trabalho e um conjunto de
objetivos a atingir. Assim, dotava um órgão qualquer com as dotações suficientes para pagamento
de pessoal e compra de material de consumo e permanente para o exercício financeiro. Os órgãos
eram contemplados no orçamento, sobretudo de acordo com o que gastavam no exercício anterior
e não em função do que se pretendia realizar (inercialidade).

Orçamento de Desempenho ou de Realizações

O orçamento clássico evoluiu para o orçamento de desempenho ou de realizações, onde


se buscava saber “as coisas que o governo faz e não as coisas que o governo compra”. Assim,
saber o que a Administração Pública compra tornou-se menos relevante do que saber para que se
destina a referida aquisição. O orçamento de desempenho, embora já ligado aos objetivos, não
poderia, ainda, ser considerado um orçamento-programa, visto que lhe faltava uma característica
essencial, que era a vinculação ao Sistema de Planejamento.

Orçamento-Programa

A adoção do orçamento-programa na esfera federal foi efetivada em 1964, a partir da


edição da Lei nº 4.320. O Decreto-Lei nº 200, de 23/2/67, menciona o orçamento-programa como
plano de ação do Governo Federal, quando, em seu art. 16, determina: “em cada ano será
elaborado um orçamento-programa que pormenorizará a etapa do programa plurianual a ser
realizado no exercício seguinte e que servirá de roteiro à execução coordenada do programa
anual”.
O orçamento-programa está intimamente ligado ao Sistema de Planejamento e aos
objetivos que o Governo pretende alcançar, durante um período determinado de tempo.
O Orçamento-programa pode ser definido como sendo “um plano de trabalho expresso por
um conjunto de ações a realizar e pela identificação dos recursos necessários à sua execução”.
Como se observa, o orçamento-programa não é apenas documento financeiro, mas,
principalmente, instrumento de operacionalização das ações do governo, viabilizando seus
projetos/atividades/operações especiais em consonância com os planos e diretrizes estabelecidos,
oferecendo destaque às seguintes vantagens:

74
a) melhor planejamento de trabalho;
b) maior precisão na elaboração dos orçamentos;
c) melhor determinação das responsabilidades;
d) maior oportunidade para redução dos custos;
e) maior compreensão do conteúdo orçamentário por parte do Executivo, do Legislativo e do
público;
f) facilidade para identificação de duplicação de funções;
g) melhor controle da execução do programa;
h) identificação dos gastos e realizações por programa e sua comparação em termos absolutos e
relativos;
i) apresentação dos objetivos e dos recursos da instituição e do inter-relacionamento entre custos e
programas; e
j) ênfase no que a instituição realiza e não no que ela gasta.

Orçamento Tradicional x Orçamento-Programa

O Orçamento Tradicional
– não é baseado em uma programação;
– distribui recursos segundo os objetos de gasto (pessoal, material de consumo, etc.);
– força os diferentes setores públicos a pressionarem a Administração superior em busca de
maiores recursos;
– conduz os responsáveis superiores a procederem a cortes indiscriminados no montante dos
recursos solicitados, no intuito de adequar a despesa à estimativa de receita ou a superestimarem
as receitas, para atender às pressões nas despesas;
– não incentiva a busca da economicidade por parte do administrador, já que não possui
mecanismos de controle de custos dos produtos oferecidos.

O Orçamento-Programa

– atribui recursos para o cumprimento de determinados objetivos e metas; e não para um conjunto
de compras e pagamentos;
– atribui responsabilidade ao administrador;
– permite interdependência e conexão entre os diferentes programas do trabalho;
– permite mobilizar recursos com razoável antecedência;
– permite identificar duplicidade de esforços;
– permite o controle de custos dos produtos oferecidos pelo governo à sociedade.
Observação: Na teoria, o orçamento-programa estabelece os objetivos como critério para
alocação de recursos. Na prática brasileira, o compromisso com a tradição orçamentária tem
consumido a maior parte dos recursos.

Elaboração do Orçamento-Programa

Identificam-se, na elaboração de um orçamento-programa, algumas fases nítidas e necessárias,


quais sejam:
1. Determinação da situação identificação dos problemas existentes.
2. Diagnóstico da situação identificação das causas que concorrem para o aparecimento dos
problemas.
3. Apresentação das soluções: identificação das alternativas viáveis para solucionar os
problemas.
4. Estabelecimento das prioridades: ordenamento das soluções encontradas.
5. Definição dos objetivos: estabelecimento do que se pretende fazer e o que se conseguirá com
isso.
6. Determinação das tarefas: identificação das ações necessárias para atingir os objetivos.

75
7. Determinação dos recursos: arrolamento dos meios: recursos humanos, materiais, técnicos,
institucionais e serviços de terceiros necessários.
8. Determinação dos meios financeiros: expressão monetária dos recursos alocados.

VI- PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS

O orçamento público surgiu para atuar como instrumento de controle das atividades financeiras do
governo. Entretanto, para real eficácia desse controle, faz-se mister que a constituição orgânica do
orçamento se vincule a determinadas regras ou princípios orçamentários. Divergem os escritores
na fixação dos princípios e, em conseqüência, torna-se extensa a relação que apresentam. Entre
os principais solicitados pelos tratadistas, destacamos os seguintes:

Anualidade: de conformidade com o princípio da anualidade, também denominado periodicidade,


as previsões de receita e despesa devem referir-se, sempre a um período limitado de tempo. Ao
período de vigência do orçamento denomina-se exercício financeiro. No Brasil, de acordo com o
art. 34 da Lei nº 4.320/64, o exercício financeiro coincide com o ano civil: 1º de janeiro a 31 de
dezembro;
Unidade: o orçamento deve ser uno, isto é, deve existir apenas um orçamento e não mais que um
para dado exercício financeiro. Visa-se com esse princípio eliminar a existência de orçamentos
paralelos;
Universalidade: o orçamento deve conter todas as receitas e todas as despesas referentes aos
Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta. (art. 165, §
5º, CF);
Exclusividade: o orçamento deve conter apenas matéria orçamentária e não cuidar de assuntos
estranhos, o que, aliás, está previsto no art. 165, § 8º da Constituição. O princípio da exclusividade
foi introduzido no Direito brasileiro pela reforma constitucional de 1926. Sua adoção como norma
constitucional pôs fim às distorções das famosas “caudas orçamentárias”. Exceção feita à
autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de créditos;
Especificação: este princípio tem por escopo vedar as autorizações globais, ou seja, as despesas
devem ser classificadas com um nível de desagregação tal que facilite a análise por parte das
pessoas. De acordo como art. 15 da Lei nº 4.320, 17/3/64, a discriminação da despesa na lei-de-
meios far-se-á, no mínimo, por elementos (pessoal, material, serviços, obras, etc.). As leis de
Diretrizes Orçamentárias também vêm determinando que o Poder Executivo enviará ao Congresso
Nacional os projetos de lei orçamentária e dos créditos adicionais em meio eletrônico com sua
despesa regionalizada e discriminada, no caso do projeto de lei orçamentária, por elemento de
despesa;
Publicidade: o conteúdo orçamentário deve ser divulgado (publicado) através dos veículos oficiais
de comunicação/divulgação para conhecimento público e para a eficácia de sua validade, que é
princípio para todos os atos oficiais do governo. No caso específico, a publicação deve ser feita no
Diário Oficial da União;
Equilíbrio: por equilíbrio se entende que, em cada exercício financeiro, o montante da despesa
não deve ultrapassar a receita prevista para o período. O equilíbrio não é uma regra rígida, embora
a idéia de equilibrar receitas continue ainda sendo perseguida, principalmente a médio ou longo
prazo. Uma razão fundamental para defender esse princípio é a convicção de que ele constitui o
único meio de limitar o crescimento dos gastos governamentais e do conseqüente endividamento
público;
Orçamento Bruto: todas as parcelas da receita e da despesa devem aparecer no orçamento
em seus valores brutos, sem qualquer tipo de dedução. Segundo Giacomoni, “a regra pretende
impedir a inclusão, no orçamento, de importâncias líquidas, isto é, a inclusão apenas do saldo
positivo ou negativo resultante do confronto entre as receitas e as despesas de determinado
serviço público”. De acordo com o art. 6º da Lei nº 4.320/64, “todas as despesas constarão da Lei
de Orçamento pelo seus totais, vedadas quaisquer deduções”.

76
Não-Afetação: este princípio está expresso no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal, que
estatui: “É vedada a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a
repartição do produto da arrecadação a que se referem os arts. 158 e 159 (FPE, FPM, FCO, FNO,
FNE), a destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento de ensino, como determinado
pelo art.212 e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita,
previstas no art. 165, § 8º, bem assim o disposto no § 4º deste artigo (vinculação de receitas
próprias para prestação de garantia à União).

VII- CRÉDITOS ADICIONAIS


São as autorizações de despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na lei de
orçamento. Em outras palavras, podemos considerar os créditos adicionais como instrumentos de
ajustes orçamentários, que visam atender às seguintes situações: corrigir falhas da Lei de Meios;
mudanças de rumo das políticas públicas; variações de preço de mercado dos bens e serviços a
serem adquiridos pelo governo; e situações emergenciais inesperadas e imprevisíveis.
São classificados em:
– suplementares;
– especiais;
– extraordinários.
a) Crédito Suplementar
É destinado ao reforço de dotação orçamentária já existente. Utilizados quando os créditos
orçamentários são ou se tornam insuficientes (como, por exemplo, aumento de um insumo utilizado
pelo governo). Estes créditos estão relacionados diretamente ao orçamento, já que suplementam
dotações já existentes. Sua abertura depende da existência de recursos disponíveis para acorrer à
despesa e será precedida de exposição justificativa. É autorizado por lei, e aberto por decreto do
Poder Executivo. A Lei de Orçamento Anual poderá conter autorização para que o Poder Executivo
abra créditos suplementares (somente) até determinada importância.
b) Crédito Especial
É destinado às despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica na Lei de Meios.
O crédito especial cria novo item de despesa, para atender a um objetivo não previsto no
orçamento. Sua abertura depende da existência de recursos disponíveis para acorrer à despesa e
será precedida de exposição justificativa. É autorizado por lei e aberto por decreto do Poder
Executivo. Se a lei de autorização do crédito for promulgada nos últimos quatro meses do
exercício, poderá ser reaberto no exercício seguinte, nos limites de seu saldo, sendo incorporado
ao orçamento do exercício financeiro subseqüente.
c) Crédito Extraordinário
É destinado a atender despesas urgentes e imprevisíveis, como as decorrentes de guerra,
comoção interna ou calamidade pública. Caracteriza-se assim:
a) pela imprevisibilidade do fato, que requer ação urgente do Poder Público;
b) por não decorrer de planejamento e, pois, de orçamento.
Independem da existência prévia de recursos disponíveis. Abertos por Medida Provisória.

Se a abertura do crédito for promulgada nos últimos quatro meses do exercício, poderá ser
reaberto no exercício seguinte, nos limites de seu saldo, sendo incorporado ao orçamento do
exercício financeiro subseqüente.

Consideram-se recursos disponíveis para fins de abertura de créditos suplementares e


especiais, além da reserva de contingência:
I - O superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior;
II - Os provenientes do excesso de arrecadação;
III - Os resultados de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais
autorizados em lei; e
IV - O produto de operações de crédito autorizados em forma que juridicamente possibilite ao
Poder Executivo realizá-las.
Entende-se por:

77
Superávit financeiro – a diferença positiva entre o ativo financeiro e o passivo financeiro,
conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de crédito a
eles vinculadas;
Excesso de arrecadação – o saldo positivo das diferenças, acumuladas mês a mês, entre
a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício,
excluída a importância dos créditos extraordinários abertos no exercício.

Por fim, o ato que abrir o crédito adicional indicará a importância, a espécie do mesmo e a
classificação da despesa, até onde for possível.

O ORÇAMENTO PÚBLICO NA CONSTITUIÇÃO

Título VI

Capítulo II

Seção II

DOS ORÇAMENTOS

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o plano plurianual;

II - as diretrizes orçamentárias;

III - os orçamentos anuais.

§ 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as


diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de
capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração
continuada.

§ 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da


administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício
financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá
sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação
das agências financeiras oficiais de fomento.

§ 3º - O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada


bimestre, relatório resumido da execução orçamentária.

§ 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta


Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e
apreciados pelo Congresso Nacional.

§ 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e


entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público;

78
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a


ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e
fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

§ 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo


regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções,
anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e
creditícia.

§ 7º - Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o


plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-
regionais, segundo critério populacional.

§ 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da


receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para
abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda
que por antecipação de receita, nos termos da lei.

§ 9º - Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a


organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei
orçamentária anual;

II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta


e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos.

Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes


orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados
pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum.

§ 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:

I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as


contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República;

II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e


setoriais previstos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a
fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões do
Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58.

§ 2º - As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá


parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do
Congresso Nacional.

§ 3º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o


modifiquem somente podem ser aprovadas caso:

I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes


orçamentárias;

79
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de
anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre:

a) dotações para pessoal e seus encargos;

b) serviço da dívida;

c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito


Federal; ou

III - sejam relacionadas:

a) com a correção de erros ou omissões; ou

b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

§ 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser


aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual.

§ 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional


para propor modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não
iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta.

§ 6º - Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do


orçamento anual serão enviados pelo Presidente da República ao Congresso
Nacional, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º.

§ 7º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o


disposto nesta seção, as demais normas relativas ao processo legislativo.

§ 8º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de


lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser
utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com
prévia e específica autorização legislativa.

Art. 167. São vedados:

I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;

II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam


os créditos orçamentários ou adicionais;

III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas


de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou
especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria
absoluta;

IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou


despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos
impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de
recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para
manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de
atividades da administração tributária, como determinado,

80
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a
prestação de garantias às operações de crédito por antecipação
de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º
deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)

V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização


legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes;

VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma


categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia
autorização legislativa;

VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;

VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos


orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit
de empresas, fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º;

IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização


legislativa.

X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos,


inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais
e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal
ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios. (Inciso incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
04/06/98)

XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de


que trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas distintas do
pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que
trata o art. 201. (Inciso incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/98)

§ 1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro


poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que
autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.

§ 2º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro


em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos
últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de
seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro
subseqüente.

§ 3º - A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a


despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção
interna ou calamidade pública, observado o disposto no art. 62.

§ 4º E permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos


a que se referem os artigos 155 e 156, e dos recursos de que tratam os
artigos 157, 158, 159, I, a e b, e II, para prestação de garantia ou
contragarantia à União e para pagamentos de débitos para com esta.
(Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93)

81
Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos
os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes
Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, ser-lhes-ão entregues até o dia 20
de cada mês, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º.

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei
complementar.

§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de


remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou
alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou
contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades
da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas
e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas:

I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender


às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela
decorrentes;

II - se houver autorização específica na lei de diretrizes


orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades
de economia mista.

§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste


artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente
suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os
referidos limites. (Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
04/06/98)

§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo,


durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes
providências:

I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em
comissão e funções de confiança;

II - exoneração dos servidores não estáveis.


(Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98)

§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem


suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei
complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o
cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes
especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto
da redução de pessoal. (Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº
19, de 04/06/98)

§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus


a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de

82
serviço. (Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
04/06/98)

§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será


considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com
atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. (Parágrafo
incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98)

§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na


efetivação do disposto no § 4º.(Parágrafo incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 04/06/98)

VIII - DESPESA PÚBLICA


Quase a totalidade dos doutrinadores acata o conceito de despesa pública formulado por
Aliomar Baleeiro. Segundo ele, a despesa pública pode significar:
[...] o conjunto dos dispêndios do Estado, ou de outra pessoa de direito público, parao
funcionamento dos serviços públicos...; ou;
[...] a aplicação de certa quantia, em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público
competente, dentro de uma autorização legislativa, para execução de fim a cargo do governo.
Essas definições guardam características importantes da despesa pública. A mais
importante delas é a de que deve ser sempre antecedida de previsão orçamentária, que fará a
fixação do total de despesas. Devemos notar que a Constituição Federal e a Lei de
Responsabilidade Fiscal proíbem
a realização de despesas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais.
Vale lembrar que nem todo desembolso de recursos representa uma despesa pública.
Existem desembolsos que representam meras saídas de recursos dos cofres públicos, como
veremos em seguida. Da mesma forma que ocorre com a receita pública a despesa pública está
relacionada com o orçamento anual, podendo ser classificada dentro dos conceitos de
desembolsos Orçamentários, tratados aqui como despesas, e os desembolsos Extra-
Orçamentários, que por sua vez não são despesas.
Em respeito ao princípio orçamentário da universalidade, todas os desembolsos orçamentários são
caracterizados como despesas e deverão possuir previsão no orçamento. Cabe ressaltar que as
restituições de tributos são saídas de caixa que apesar de se relacionarem com a execução
orçamentária da receita não se caracterizam como despesas orçamentárias, enquadrando-se,
portanto, como desembolsos extra-orçamentários, independentemente do exercício em que
ingressou a receita.
Os desembolsos extra-orçamentários, como a própria denominação sugere, não estão
previstos no orçamento e correspondem a fatos de natureza financeira decorrentes da própria
gestão pública. São valores que saem dos cofres públicos em contrapartida de baixas de passivos
financeiros, não alterando o patrimônio da entidade. Como exemplos podemos citar:
devolução em caução;
devolução de depósito judiciais;
devolução de depósitos para quem de direito;
pagamento de consignações.
Como podemos ver, há disciplina bastante específica que regula a realização de despesas
públicas para essa ou aquela finalidade.

Classificações da Despesa
O modelo brasileiro de classificação da Despesa observa quatro critérios:
Classificação Institucional (ou Departamental);
Classificação Funcional-Programática;
Classificação por Categorias Econômicas; e
Classificação quanto à Natureza da Despesa
Classificação por Elemento de Despesas.

Classificação Institucional

83
Classifica as despesas conforme as instituições autorizadas a realizá-las relacionando os
órgãos da administração pública direta ou indireta. É o mais antigo critério de classificação da
despesa e sua finalidade principal é evidenciar as unidades governamentais responsáveis pela
execução da despesa, ou seja, os órgãos que gastam os recursos de conformidade com a
programação orçamentária visando fixar as responsabilidades e os conseqüentes controles e
avaliações.
Esta classificação parte da divisão dos três poderes públicos: Legislativo, Executivo e Judiciário.
Cada um dos poderes é dividido em três tipos de instituições: órgãos que são subdivididos em
unidades orçamentárias que são, por sua vez, subdivididas em unidades administrativas.
Ressalte-se que as unidades administrativas não constam da codificação desta Classificação.
Assim, podemos dizer que:
a) Órgãos: São o nível institucional que, a título de subordinação ou supervisão, agregam
determinadas unidades orçamentárias e unidades administrativas. Ex: Presidência da República,
Ministério da Educação e Ministério de Minas e Energia.
b) Unidades Orçamentárias: São os grupamentos de serviços subordinados ao mesmo Órgão a
que são consignadas dotações orçamentárias próprias. Ex: Secretaria de Administração Federal,
Instituto Benjamim Constant, Departamento de Polícia Federal.
c) Unidades Administrativas: São o nível institucional que, por não possuírem autonomia
orçamentária, necessitam de uma Unidade Orçamentária para a obtenção de recursos.

O Código da Classificação Institucional


AB.CDE
AB indicam o órgão
CDE indicam a Unidade Orçamentária
C também faz a separação das Unidades Orçamentárias da Administração Direta e da
Administração Indireta e dos Fundos Especiais.

Vantagens e Desvantagens da Classificação Institucional


Vantagens
1. Compara os diversos órgãos em termos de dotações recebidas;
2. Identifica o agente responsável pelas dotações autorizadas para um dado programa;
3. É o ponto de partida para a contabilização de custos dos vários serviços; e;
4. Combinada com a Classificação Funcional-Programática focaliza em detalhes a
responsabilidade pela execução de um programa.

Desvantagens
1. Se for usada predominantemente impede uma visão global das finalidades dos gastos do
governo em termos de funções a cumprir;
2. Tende a gerar rivalidades entre as diferentes instituições na obtenção de recursos quando da
preparação do orçamento e da sua aprovação pelo Legislativo; e
3. Demonstrar o valor que cada instituição está autorizada a gastar não contribui em nada para a
melhoria das decisões orçamentárias.

Classificação Funcional
Considerada a mais moderna das classificações orçamentárias da despesa, visa fornecer
informações das realizações do governo, apresentando:
a)Relação de Funções que representa o maior nível de agregação das diversas áreas de despesa
que competem ao setor público. Exs.: Agricultura; Organização Agrária; Educação; Saúde;

b)Relação de Subfunções que representam uma partição da função, visando a agregar


determinado subconjunto de despesa do setor público. As subfunções poderão ser combinadas
com funções diferentes daquelas a que estão relacionadas. Exs.: Defesa Sanitária Vegetal;
Colonização; Ensino Fundamental; Assistência Hospitalar e Ambulatorial.

c)Relação de Programas que são instrumentos de organização da ação governamental que


articula um conjunto de ações que juntas concorrem para um objetivo comum preestabelecidos,

84
mensurados por indicadores estabelecidos no PPA, visando à solução de um problema ou ao
atendimento de uma necessidade ou demanda da sociedade. Na Lei orçamentária as ações serão
identificadas em termos de funções, subfunções, programas, atividades, projetos e operações
especiais.

A Classificação mantém o Conceito de Tipicidade que "consiste na divisão lógica da Função em


Subfunções, das Subfunções em Programas considerados típicos daquela Função". Entretanto,
uma Função pode valer-se de Subfunções e/ou Programas considerados atípicos. Tal fato traduz
grande flexibilidade classificatória. Não se deve confundir tipicidade com exclusividade. Um
programa e um subprograma são típicos de uma Função, porém não são exclusivos dela. Não se
deve confundir, também, os gastos realizados por uma instituição com os gastos realizados por
objetivos (Função). Os gastos realizados pelo Ministério da Educação não são os mesmos gastos
da Função Educação e Cultura.

O Código da Classificação Funcional


FG.HIJ. KLMN.OPQR.STUV
FG Função
HIJ Subfunção
KLMN Programa
OPQR Ação (projeto, atividade e operação especial)
STUV Subação ou Localizador de Gasto (Subprojeto e Subatividade)

Projetos, Atividades e Operações Especiais


A abertura dos Programas será feita por meio de Projetos, Atividades e Operações Especiais que
são os menores níveis de especificação da programação do governo com destinação de recursos
na Lei Orçamentária Anual.
O Projeto é um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa,
envolvendo um conjunto de operações, que se realizam num período limitado de tempo, das
quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de governo.
A Atividade é um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa,
envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das
quais resulta um produto necessário à manutenção da ação de governo.
As Operações Especiais são ações que não contribuem para a manutenção das ações de
governo, das quais não resulta um produto, e não geram contraprestação direta sob a forma de
bens ou serviços. São despesas passíveis de enquadramento nesta ação: amortizações e
encargos, aquisição de títulos, pagamentos de sentenças judiciais,indenizações, pagamentos de
inativos entre outras.
A Localização do Gasto é o menor nível de detalhamento na lei, e na fase da elaboração, é onde
o órgão setorial apropria o valor financeiro da sua proposta orçamentária.

Classificação por Categorias Econômicas


Os critérios institucional e funcional têm grande utilidade administrativo-gerencial, pois alimentam
com informações as etapas de programação, tomada de decisões, execução, avaliação e controle.
O critério por categorias econômicas visa dar informações sobre os efeitos que o gasto público tem
na atividade econômica de um país. Pode indicar com precisão qual a contribuição do governo
para a renda nacional e se essas contribuição está aumentando ou diminuindo. Pode indicar,
ainda, a parcela propiciada pelo setor governamental para a formação de capital de um país. Além
disso, pode demonstrar, comparando-se os diversos exercícios financeiros, se o governo está
contribuindo para aumentar as pressões inflacionárias, uma vez que suas atividades aumentam a
demanda por bens e serviços, produzindo inflação.

Codificação Econômica
Segundo a Lei nº 4.320/1964, em seu artigo 12, "a despesa será classificada nas seguintes
categorias econômicas:
DESPESAS CORRENTES (categoria econômica)
Despesas de Custeio (subcategoria econômica)

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Transferências Correntes (subcategoria econômica)
DESPESAS DE CAPITAL (categoria econômica)
Investimentos (subcategoria econômica)
Inversões Financeiras (subcategoria econômica)
Transferências de Capital (subcategoria econômica)

Despesas Correntes
As Despesas Correntes são destinadas à manutenção e funcionamento dos serviços públicos
gerais anteriormente criados na administração pública direta ou indireta, e ao se converterem em
moeda são consumidos na corrente do mercado. Divide-se em duas subcategorias:
I. Despesas de Custeio - segundo o artigo 12, § 1º, "são dotações para a manutenção de serviços
anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de
bens imóveis".

Despesas de Capital
As Despesas de Capital são efetuadas pela Administração Pública com a intenção de adquirir ou
constituir bens de capital (máquinas, veículos, equipamentos, imóveis, entre outros) que
enriquecerão o patrimônio público ou serão capazes de gerar novos bens e serviços.

Codificação da Classificação por Natureza/ Classificação por Elemento de Despesa

A classificação econômica foi alterada, no âmbito da esfera federal, por determinação da LDO e
estendida aos demais entes da Federação por Portaria Interministerial. A classificação
orçamentária segundo a natureza está assim organizada:
A.B.CD.EF
A = Categoria Econômica
3 - Despesas Correntes
4 - Despesas de Capital

B = Grupo de Despesa
1 -> Pessoal e Encargos Sociais
2 -> Juros e Encargos da Dívida
3 -> Outras Despesas Correntes
4 -> Investimentos
5 -> Inversões Financeiras
6 -> Amortizações da Divida

CD = Modalidade de Aplicação
15 -> Transferências Intragov. a entidades não integrantes dos Orç. Fisc. e Seg
Social
30 -> Transferências a Estados e ao DF.
40 -> Transferências a Municípios
90 -> Aplicações Diretas

EF = Elementos de Despesa
01 -> Aposentadorias e Reformas
02 -> Pensões
47 -> Obrigações tributárias e Contributivas
23 -> Juros, Deságios e Descontos da Dívida Mobiliária...
30 -> Material de Consumo
61 -> Aquisição de Imóveis
65 -> Constituição ou Aumento de Capital de Empresas

Desta maneira, temos que só são possíveis as seguintes combinações:


Despesas Correntes
3.1.00.00 - Pessoal e Encargos Sociais

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3.2.00.00 - Juros e Encargos da Dívida
3.3.00.00 - Outras Despesas Correntes

Despesas de Capital
4.4.00.00 - Investimentos
4.5.00.00 - Inversões Financeiras
4.6.00.00 - Amortizações da Dívida Interna

I. Investimentos: são dotações destinadas para o planejamento e a execução de obras públicas,


inclusive as destinadas à aquisição de imóveis necessários à realização destas últimas, bem como
para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material
permanente e a constituição ou aumento do capital social de empresas que não sejam de caráter
comercial ou financeiro. É de se salientar que o pagamento de pessoal contratado para a execução
de obras, desde que não faça parte do quadro de funcionários do governo, também são
classificados como Investimentos.

II. Inversões Financeiras: são dotações destinadas a aquisições de imóveis, ou de bens de


capital já em utilização na economia; aquisição de títulos representativos do capital de empresas
ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do
capital social; e constituição ou aumento do capital de empresas ou entidades que visem objetivos
comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros.

Observações Importantes sobre as Transferências


As Transferências Correntes se dividem em Subvenções Sociais e Subvenções Econômicas.
Segundo a Lei 4.320/1964, em seu artigo 16, as Subvenções Sociais serão concedidas
"fundamentalmente dentro do limites das possibilidades financeiras" (grifos nossos) e visam à
prestação de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional, sempre que
suplementação de recursos de origem privada aplicados a esses objetivos revelar-se mais
econômica. Conforme o § 1º do supracitado artigo, o valor das Subvenções Sociais, sempre que
possível, será calculado tendo como base as unidades de serviços postos à disposição da
coletividade ou efetivamente prestados, desde que sejam obedecidos os padrões mínimos de
eficiência previamente definidos e fixados pelos órgãos oficiais de fiscalização (ver artigo 17, da Lei
nº 4.320/1964).
Ainda de acordo com a Lei nº 4.320/1964, em seu artigo 18, as Subvenções Econômicas
visam a cobertura de déficits de manutenção das empresas públicas, de natureza autárquica ou
não. No § único destaca que são também subvenções econômicas as dotações destinadas a cobrir
diferença de preços de mercado e os de revenda, pelo Governo, de gêneros alimentícios ou outros
materiais; bem como ao pagamento de bonificações a produtores de determinados gêneros ou
materiais.
Convêm destacar que a Lei nº 4.320/1964, em seu artigo 19, estabelece que a lei orçamentária
não consignará ajuda financeira a qualquer título, a empresas com fins lucrativos, a não ser
quando se tratar de subvenções cuja concessão tenha sido expressamente autorizada em lei
especial (grifo nosso).

Com relação às Transferências de Capital dividem-se em Auxílios, Contribuições e


Amortizações da Dívida Pública. No artigo 21 da Lei nº 4.320 fica estabelecido que a Lei de
Orçamento não consignará auxílio para investimentos que se devam incorporar ao patrimônio das
empresas privadas de fins lucrativos (grifos nossos). O mesmo acontecendo em relação aos
fundos especiais e dotações sob regime excepcional de aplicação.

Estágios de execução da despesa

De forma mais ampla a execução da despesa se realiza mediante cumprimento de várias


etapas além daquelas citadas pela lei 4.320/1964, como estágios da despesa, dentre as quais vale
destacar:
a) fixação orçamentária

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b) processo licitatório;
c) emissão da nota de empenho;
d) produção dos bens ou serviços, pela parte contratada;
e) registro da liquidação da despesa;
f) efetivação do pagamento.

Empenho
De acordo com o art. 58 da Lei nº 4.320/1964 "... é o ato emanado de autoridade competente que
cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição (grifos
nossos)". Além disso, o "caput" do art. 59 da referida lei assinala que deve ser observado que o
valor empenhado não poderá exceder o limite de crédito concedido na dotação orçamentária
própria (ver também o art. 167, inciso II, da CF/88). Isto quer dizer que poderão ser feitos tantos
empenhos quantos forem necessários, desde que o somatório deles não ultrapasse o montante da
dotação.
O Empenho possui três modalidades:
a) Empenho ordinário - é emitido para certo e determinado credor e relativo a uma única parcela
de valor indivisível. Exemplo: A compra de artigos de escritório e a contratação de pequenos
serviços de terceiros;
b) Empenho por estimativa - não sendo conhecido o valor da despesa, emite-se um empenho
estimativo. Isto não significa que o credor e o objeto de despesa sejam também desconhecidos. A
estimativa refere-se apenas ao valor. Exemplo: O pagamento de contas de água, energia e
telecomunicações. Ver art. 60, § 2º, da Lei nº 4.320/1964 e;
c) Empenho global - engloba pagamentos parcelados relativos a contratos. O credor e a
obrigação são perfeitamente definidos. É semelhante ao Empenho ordinário, diferindo apenas pelo
seu histórico (pagamento parcelado). Exemplo: O contrato para o asfaltamento de uma via de
acesso de uma cidade à estrada federal ou estadual mais próxima. Em cada uma das etapas
concluídas da obra, de acordo com o contrato firmado, exige-se o pagamento de uma parcela
contratual. Outro exemplo são os contratos referentes a aluguéis. Ao findar o mês, exige-se o
pagamento da parcela daquele período. Ver art. 60 da Lei nº 4.320/1964.

Observações Importantes sobre o Empenho

i - "É vedada a realização de despesas sem prévio empenho." A despesa empenhada


posteriormente é sujeita a crime de responsabilidade. Somente em casos urgentes, caracterizado
na legislação em vigor, será admitido que o ato de empenho seja contemporâneo à realização da
despesas. (Ver arts. 60, da Lei nº 4.320/1964; 24, § único, Decreto nº 93.872/1986)
ii - Com relação à definição do empenho criar para o Estado a obrigação de pagamento é bastante
discutível. O empenho por si só não cria a obrigação de pagamento, podendo ser cancelado ou
anulado unilateralmente.
iii - É vedado o empenho no último mês de mandato do Prefeito, mais do que o duodécimo (1/12)
das despesas previstas no orçamento vigente (ver art. 59 da Lei nº 4.320/1964). Somente admite-
se exceção a esta norma nos casos comprovados de calamidade pública.
iv - "Para cada empenho será extraído um documento denominado "nota de empenho" que
indicará o nome do credor, a especificação e a importância da despesa, bem como a dedução
desta do saldo da dotação própria " (grifos nossos).A este respeito ver arts. 61 da Lei nº
4.320/1964; 25 e 29 do Decreto nº 93.872/1986. Por especificação entende-se o programa de
trabalho (classificação funcional-programática) e a classificação por natureza da despesa
(classificação por categorias econômicas e por elementos de despesa). Ver arts. 60 da Lei nº
4.320/1964; e arts. 29, § único, e 30 do Decreto nº 93.872/1986.
v - "Em casos especiais, previstos na legislação específica, será dispensada a emissão da nota de
empenho." (Art.60, § 1º, da Lei nº 4.320/1964). É preciso retomar a discussão sobre a diferença
existente entre empenho e nota de empenho, pois não são a mesma coisa. Primeiro, é possível
empenhar-se previamente a despesa, sem que haja a necessidade da emissão do documento
Nota de Empenho. Segundo, empenha-se a despesa previamente, com a obrigatoriedade da
emissão da Nota de Empenho. Desde que regulamentadas na lei complementar ou supletiva

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estadual ou municipal, são passíveis de dispensa da Nota de Empenho, quando for o caso, as
seguintes despesas ou obrigações:
a) Relativas a contratos de adesão, de convênios ou contratos expressos, ou de ajustes ou
acordos firmados entre entidades governamentais da mesma esfera e de esfera diferente; ou entre
entidades de direito privado das quais façam parte como acionistas;
b) Originárias de mandamentos constitucionais ou de leis, tais como o PASEP, encargos patronais,
sociais e trabalhistas, inativos, pensionistas e outras;
c) Oriundas de mandamentos constitucionais, da Lei Orgânica dos Municípios ou de outra lei e que
caracterize transferências inter ou intragovernamentais; e
d) Referentes a contratos de empréstimos ou financiamentos, independentemente de destinação
do seu produto.
vi -" As despesas relativas a contratos, convênios, acordos ou ajustes de vigência plurianual, serão
empenhadas em cada exercício financeiro pela parte nele a ser executada (grifos nossos). Ver art.
27 do Decreto nº 93.872/1986.
vii - “ O empenho da despesa não liquidada será considerado anulado em 31 de dezembro, para
todos os fins salvo quando:
a) vigente o prazo para cumprimento da obrigação assumida pelo credor;
b) vencido o prazo de que trata o item anterior, mas esteja em curso a liquidação da despesa, ou
seja de interesse da Administração exigir o cumprimento da obrigação assumida pelo credor;
c) se destinar a atender transferências a instituições públicas ou privadas; e
d) corresponder a compromisso assumido no exterior. (Ver art. 35 do Decreto nº 93.872/1986).
viii - "A redução ou cancelamento no exercício financeiro, de compromisso que caracterize o
empenho, implicará sua anulação parcial ou total, revertendo a importância correspondente à
respectiva dotação ...". Ver art. 35 do Decreto nº 93.872/ 86.

Liquidação

De acordo com o art. 63 da Lei nº 4.320/1964, "... consiste na verificação do direito adquirido pelo
credor, tendo por base títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito "(grifos nossos).
Posteriormente, o Decreto nº 93.872/1986, em seu art. 36, acrescentou as palavras grifadas no
texto "... direito adquirido pelo credor ou entidades beneficiárias..." e "... respectivo crédito ou
habilitação do benefício” (grifos nossos).
A liquidação é o que se pode chamar de uma auditoria de bens e serviços e tem a finalidade de
apurar:
a) a origem e o objeto que se deve pagar;
b) a importância exata a pagar; e
c) a quem deve se pagar a importância, para extinguir a obrigação.
A liquidação da despesa por fornecimentos feitos, obras executadas ou serviços prestados terá por
base:
a) o contrato, ajuste ou acordo;
b) a Nota de Empenho; e
c) os comprovantes da entrega do material ou prestação efetiva do serviço.

Pagamento
Conforme o art. 62 da Lei nº 4.320/1964, "...o pagamento da despesa só poderá ser efetuado
quando ordenado após sua regular liquidação.". É preciso observar que a liquidação da despesa
permite a administração pública reconhecer a dívida como líquida e certa, só então nasce a
obrigação de pagar. De acordo o art. 64 da supracitada lei, " a ordem de pagamento é o despacho
exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga." E prossegue em seu
§ único, " a ordem de pagamento só poderá ser exarada em documentos processados pelos
serviços de contabilidade."
Com a unificação dos recursos de caixa do Tesouro Nacional, promovida pelo Decreto nº 93.872/
86, em seu art. 43, ficou estabelecido que a ordem de pagamento é dada em documento próprio
assinado pelo ordenador de despesas e pelo agente responsável pelo setor financeiro. O
documento próprio denomina-se "Ordem Bancária" e disciplinado pela Instrução Normativa/STN nº

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04, de 13.08.2002. O pagamento será efetuado mediante saque contra a conta única do Tesouro
Nacional, para crédito em conta bancária do credor, no banco por ele determinado, podendo ser
efetuado em espécie, quando autorizado (ver art. 43 do Decreto nº 93.872/ 86).
Atualmente, a ordem de pagamento é dada por meio de emissão, no Sistema Integrado de
Administração Financeira do Governo Federal – SIAFI, de ordem bancária autorizada pelo
ordenador de despesas e pelo agente responsável pelo setor financeiro.

XIX - RESTOS A PAGAR


O que são Restos a Pagar?
O regime de competência exige que as despesas sejam contabilizadas conforme o exercício a que
pertençam. Se uma despesa foi empenhada em um exercício e somente foi paga no exercício
seguinte, ela deve ser contabilizada como pertencente ao exercício do empenho e o seu
pagamento deve ser considerado extra-orçamentário.
Conceito : Consideram-se Restos a Pagar, ou resíduos passivos, de acordo com art. 36 da Lei nº
4.320/1964, as despesas empenhadas mas não pagas dentro do exercício financeiro (31.12). Para
maiores esclarecimentos sobre o assunto, veja também arts. 35 e 67 do Decreto nº 93.872/ 86.
As despesas inscritas em Restos a Pagar classificam-se em:
a) Processadas - são despesas em que o credor já tenha cumprido com as suas obrigações, ou
seja, que já tenha entregue o material ou executado o serviço ou etapa de uma obra, dentro do
exercício, tendo, portanto, direito líquido e certo e em condições de receber pagamento imediato.
b) Não Processadas - são as despesas que dependem , ainda da prestação do serviço ou
fornecimento do material, isto é, o direito do credor não foi apurado. São despesas ainda não
liquidas.

Inscrição em Restos a Pagar


Faz-se necessário recordar o estágio de Empenho da Despesa em que o art. 35 do Decreto nº
93.872/ 86 determina que a despesa empenhada e não liquidada será considerado anulado em 31
de dezembro, para todos os fins, salvo quando:
a) ainda vigente para cumprimento da obrigação assumida pelo credor;
b) vencido o prazo para cumprimento da obrigação, mas esteja em curso a liquidação da despesa,
ou seja, de interesse da Administração, exigir o cumprimento da obrigação assumida pelo credor;
c) se destinar a atender transferências a instituições públicas ou privadas; e
d) corresponder a compromisso assumido no exterior.
Os empenhos enquadrados nas ressalvas anteriormente citadas, bem como as despesas já
liquidadas e não pagas, serão automaticamente inscritos em Restos a Pagar, no encerramento do
exercício.

Observações Importantes sobre Restos a Pagar


i - Os Restos a Pagar terão validade até 31 de dezembro do exercício financeiro subseqüente, a
partir de então serão cancelados (prescrição interrompida).
ii - A inscrição da despesa em Restos a Pagar deverá ser feita pelo valor devido, ou caso o valor
seja desconhecido, pelo valor estimado. Neste caso, duas hipóteses podem ocorrer:
a) o valor a ser pago é superior ao valor inscrito: a diferença deverá ser empenhada à conta de
Despesas de Exercícios Anteriores; e
b) o valor a ser pago é inferior ao valor inscrito: o saldo deverá ser anulado.
iii - É vedada a reinscrição de empenhos em Restos a Pagar. O reconhecimento de eventual direito
do credor deverá ser feito através da emissão de nova Nota de Empenho, no exercício de
recognição, à conta de Despesas de Exercícios Anteriores, respeitando-se a categoria econômica
própria.
iv - "Os Restos a Pagar com prescrição interrompida" não significa dizer que o direito do credor
também esteja cancelado. O direito creditório terá validade por 5 (cinco) anos a partir da data da
inscrição em Restos a Pagar.

X - DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES

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Não é demais lembrar que o regime de competência exige que as despesas sejam contabilizadas
conforme o exercício a que pertençam. Cabe apenas fazer uma diferenciação neste caso. Se uma
despesa foi originada no exercício de 1989, digamos, e somente foi paga no exercício de 1991, sua
contabilização deverá ser feita à conta de "Despesas de Exercícios Anteriores" de forma a
evidenciar o regime de exercício.
Conceito: São as dívidas resultantes de compromissos gerados em exercícios financeiros
anteriores àqueles em que devem ocorrer os pagamentos.

Ocorrência de Despesas de Exercícios Anteriores


Poderão ser pagas à conta de Despesas de Exercícios Anteriores, desde que autorizadas pelo
ordenador de despesas, respeitada a categoria econômica própria:
a) as despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito
próprio com saldo suficiente para atendê-las, que não tenham processado em época própria; assim
entendidas aquelas cujo empenho tenha sido considerado insubsistente e anulado no
encerramento do exercício correspondente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o credor tenha
cumprido sua obrigação;
b) os Restos a Pagar com prescrição interrompida; assim considerada a despesa cuja inscrição
como Restos a Pagar tenha sido cancelada, mas ainda vigente o direito do credor; e
c) os compromissos decorrentes de obrigação de pagamento criada em virtude de lei e
reconhecidos após o encerramento do exercício.

XI - MOVIMENTAÇÃO DE CRÉDITOS E RECURSOS


Distinção entre Crédito, Dotação e Recurso
A técnica orçamentária distingue as palavras Crédito, Dotação e Recurso. O crédito orçamentário
está associado a uma dotação orçamentária, isto é, um crédito é a autorização de despesas
consignadas na Lei de Meios e a dotação é o limite de gastos desta. O recurso envolve o lado
financeiro, ou seja, a quantidade de dinheiro ou saldo bancário a disposição de um crédito
orçamentário. Podemos dizer que crédito e recursos são os dois lados de uma mesma moeda.

XII -SUPRIMENTO DE FUNDOS


O que é Suprimento de Fundos?
A Administração Pública prevê, em determinadas situações, a utilização de sistemática especial
para realizar despesas que, por sua natureza ou urgência não possam aguardar o processamento
normal da execução orçamentária. Essa previsão está definida no art. 74, § 3º, do Decreto-lei nº
200/67; nos arts. 68 e 69 da Lei nº 4.320/65; nos arts. 45 e 47 do Decreto nº 93.872/1986; e na
IN/STN nº 10/91.
Conceito: O Suprimento de Fundos (ou Adiantamento) consiste na entrega de numerário a
servidor, sempre precedida de empenho prévio na dotação própria à despesa a realizar, e que não
possa subordinar-se ao processo normal de execução da despesa. O ordenador de despesas é a
autoridade competente para conceder suprimento de fundos fixando-lhe o valor.

As Despesas Realizáveis por Suprimento de Fundos


De acordo com o art. 45 do Decreto nº 93.872/1986, são passíveis de realização de despesas por
meio de suprimento de fundos:
a) "serviços especiais que exijam pronto pagamento em espécie (ver Decreto nº 95.804, de 9/3/88);
b) quando a despesa deva ser feita em caráter sigiloso, conforme se classificar em regulamento; e
c) para atender despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas cujo valor, em cada caso,
não ultrapassar o limite estabelecido em Portaria do Ministro da Fazenda.

A Concessão de Suprimento de Fundos


O Decreto nº 93.872/1986, em seu art. 45, § 3º, determina que não se concederá suprimento de
fundos a:
a) servidor responsável por dois suprimentos;
b) servidor que tenha a seu cargo a guarda ou utilização do material a adquirir, salvo quando não
houver na repartição outro servidor;

91
c) a responsável por suprimento de fundos que, esgotado o prazo, não tenha prestado contas de
sua aplicação; e
d) servidor declarado em alcance, ou que esteja respondendo a inquérito administrativo (IN/STN nº
12/87). Por servidor em alcance entende-se por aquele que não prestou contas do suprimento no
prazo regulamentar, ou que não teve aprovadas suas contas em virtude de desvio, desfalque, falta
ou má aplicação verificados na prestação de contas, bem ou valores confiados a sua guarda.

Ato de concessão e prazo de aplicação


O prazo de aplicação do suprimento não deve exceder a 90 dias e nem ultrapassar o exercício
financeiro. O servidor tem prazo de 30 dias para prestar contas do suprimento, uma vez que tenha
expirado o prazo de aplicação. A prestação de contas da importância aplicada até 31 de dezembro
deverá ser apresentada até o dia 15 de janeiro do exercício subseqüente. Portanto, neste caso
específico, o prazo reduz-se para 15 dias. O suprido deverá apresentar a indicação precisa dos
saldos em seu poder no dia 31.12, para efeito de contabilização e reinscrição da respectiva
responsabilidade. De acordo com a Portaria MF no 95 o ato de concessão deverá indicar o
mecanismo de movimentação do suprimento, se por conta corrente ou cartão corporativo do
governo.

Cartão de Crédito Corporativo do Governo Federal


O assunto está previsto no Dec. Nº 3.892, de 20.08.2001 e Portaria nº 265/MP, de 16.11.2001.
Poderão ser adquiridos/pagos pelo Cartão de Crédito Corporativo do Governo Federal, sem
prejuízo das demais formas de pagamento, previstas na Legislação:
a) Aquisição de bilhetes de passagens aéreas, acional/internacional, com tarifas promocionais,
reduzidas ou não;
b) Compras de materiais e serviços realizadas com os afiliados;
c) Saque em moeda corrente, para atender as despesas enquadradas como Suprimento de
Fundos observando (Dec. Nº 93.872/1986 – art. 45 a 47) e Legislação Complementar (art. 4º -
Portaria nº 265/MP/2001).
O uso do Cartão de Crédito Corporativo é exclusivo das Unidades Gestoras dos Órgãos e
entidades da Administração Pública Federal Direta, Autárquica e Fundacional, que aderirem ao
contrato n° 060/2001 firmado entre a União por intermédio do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão e a BB Administradora de Cartões de Créditos S/A – BB Cartões.
O Ordenador de Despesas é a autoridade competente para assinar em nome da Unidade Gestora,
a Proposta de Adesão e para indicar outros portadores de Cartão da respectiva Unidade.
De uma maneira geral, são atribuições do Ordenador:
1) assinar proposta de adesão.
2) Indicar nome de portadores de Cartão.
3) Será o responsável pelo cumprimento das regras contratuais/demais instruções.
4) Será o responsável pelo pagamento das despesas.
5) Definir o limite de crédito total da Unidade Gestora Titular.
6) Definir o limite de crédito a ser concedido a cada um dos portadores de cartão por ele
autorizados, e os tipos de gastos permitidos (bens, serviços, passagens aéreas, saque).
7) Autorizar emissão de empenho.
8) Comunicar à BB Cartões, alteração dos limites de crédito.
9) Glosar valores indevidos.
10) Efetuar o pagamento, impreterivelmente, até o dia 28 de cada mês, ou até o quinto dia útil
subseqüente a data em que forem disponibilizados pela BB Cartões as informações solicitadas do
respectivo demonstrativo mensal.
11) Será o responsável pelo pagamento de eventuais encargos devidos à BB Cartões por
descumprimento do prazo estabelecido para pagamento mensal, inclusive aqueles de correntes de
glosas indevidas.
12) O Ordenador/Portador do Cartão serão responsáveis pelo ressarcimento de eventuais
transações fraudulentas com o Cartão Roubado, Furtado, Perdido ou Extraviado, mesmo que
efetuadas por terceiros, até a data e hora da comunicação da ocorrência à central de atendimento
da BB Cartões.

92
No julgamento das propostas, a comissão deverá considerar o disposto no art. 44 da Lei 8.666/93,
no que se refere ao percentual/Agências de Viagens sobre o valor do volume de vendas, cabendo
a promoção de diligências conforme o art. 43 - § 3º da referida Lei, quando houver necessidade de
esclarecer ou complementar à instrução processual.

Dos limites financeiros para concessão e utilização


Com a implantação da sistemática de movimentação de suprimento de fundos por meio do cartão
corporativo do governo foi publicada a Portaria MF n.º 95, estabelecendo novos valores limites
para concessão de suprimento e despesas de pequeno vulto, sendo:
a) Suprimento concedido por meio de conta bancária: O valor limite está estabelecido na Portaria
MF n.º 95, de 19/04/2002.
Para a execução de obras e serviços de engenharia obedecerá o limite de 5% do teto fixado para a
modalidade licitação de convite aplicado ao caso (Lei 8.666/93, art.23, inciso I, alínea a),
representando atualmente R$ 7.500,00 (R$150.000,00 x 5%).
Para outros serviços e compras em geral obedecerá o limite de 5% do teto fixado para a
modalidade licitação de convite aplicado ao caso (Lei 8.666/93, art.23, inciso II, alínea a),
representando atualmente R$ 4.000,00 (R$80.000,00 x 5%).
As despesas de pequeno vulto, máximo de cada nota fiscal, limitam-se a 0,25% do valor definido
para a modalidade de licitação Convite. Para execução de obras e serviços de engenharia
representa R$ 375,00 (R$150.000,00 x 0,25%) e para compras e serviços em geral representa hoje
R$ 200,00 (R$80.000,00 x 0,25%).
b) Suprimento concedido por meio do cartão Corporativo do Governo: O valor limite também está
estabelecido na Portaria MF n.º 95, de 19/04/2002.
Porém, com o intuito de incentivar a utilização do cartão de crédito corporativo do Governo os
percentuais definidos no item anterior, neste caso, ficam alterados de 5% para 10%, e de 0,25%
para 1%, conforme descrito abaixo:

Execução de obras e serviços de engenharia: representando atualmente R$ 15.000,00


(R$150.000,00 x 10%). Outros serviços e compras em geral: representando atualmente R$
8.000,00 (R$80.000,00 x 10%). Despesas de pequeno vulto para execução de obras e serviços de
engenharia: representando hoje R$ 1.500,00 (R$150.000,00 x 1%).
Despesas de pequeno vulto para compras e outros serviços: representando hoje R$ 800,00
(R$80.000,00 x 1%).

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1) Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle – CONORF – Senado Federal,


maio de 2004.
2) Giacomoni, James. Orçamento Público. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1997

SIAFI – SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

HISTÓRICO DO SIAFI

Até o exercício de 1986, o Governo Federal convivia com uma série de problemas de
natureza administrativa que dificultavam a adequada gestão dos recursos públicos e a
preparação do orçamento unificado, que passaria a vigorar em 1987 :

• Emprego de métodos rudimentares e inadequados de trabalho, onde, na maioria dos


casos, os controles de disponibilidades orçamentárias e financeiras eram exercidos sobre
registros manuais;

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• Falta de informações gerenciais em todos os níveis da Administração Pública e utilização
da Contabilidade como mero instrumento de registros formais;

• Defasagem na escrituração contábil de pelo menos, 45 dias entre o encerramento do mês


e o levantamento das demonstrações Orçamentárias, Financeiras e Patrimoniais,
inviabilizando o uso das informações para fins gerenciais;

• Inconsistência dos dados utilizados em razão da diversidade de fontes de informações e


das várias interpretações sobre cada conceito, comprometendo o processo de tomada de
decisões;

• Despreparo técnico de parte do funcionalismo público, que desconhecia técnicas mais


modernas de administração financeira e ainda concebia a contabilidade como mera
ferramenta para o atendimento de aspectos formais da gestão dos recursos públicos;

• Inexistência de mecanismos eficientes que pudessem evitar o desvio de recursos públicos


e permitissem a atribuição de responsabilidades aos maus gestores;

• Estoque ocioso de moeda dificultando a administração de caixa, decorrente da existência


de inúmeras contas bancárias, no âmbito do Governo Federal. Em cada Unidade havia
uma conta bancária para cada despesa. Exemplo: Conta Bancária para Material
Permanente, Conta bancária para Pessoal, conta bancária para Material de Consumo, etc.

A solução desses problemas representava um verdadeiro desafio à época para o Governo


Federal. O primeiro passo para isso foi dado com a criação da Secretaria do Tesouro Nacional -
STN, em 10 de março de 1986., para auxiliar o Ministério da Fazenda na execução de um
orçamento unificado a partir do exercício seguinte.

A STN, por sua vez, identificou a necessidade de informações que permitissem aos gestores
agilizar o processo decisório, tendo sido essas informações qualificadas, à época, de gerenciais.
Dessa forma, optou-se pelo desenvolvimento e implantação de um sistema informatizado, que
integrasse os sistemas de programação financeira, de execução orçamentária e de controle interno
do Poder Executivo e que pudesse fornecer informações gerenciais, confiáveis e precisas para
todos os níveis da Administração.

Desse modo, a STN definiu e desenvolveu, em conjunto com o SERPRO, o Sistema Integrado
de Administração Financeira do Governo Federal – SIAFI em menos de um ano, implantando-o em
janeiro de 1987, para suprir o Governo Federal de um instrumento moderno e eficaz no controle e
acompanhamento dos gastos públicos.

Com o SIAFI, os problemas de administração dos recursos públicos que apontamos acima
ficaram solucionados. Hoje o Governo Federal tem uma Conta Única para gerir, de onde todas as
saídas de dinheiro ocorrem com o registro de sua aplicação e do servidor público que a efetuou.
Trata-se de uma ferramenta poderosa para executar, acompanhar e controlar com eficiência e
eficácia a correta utilização dos recursos da União.

OBJETIVOS
O SIAFI é o principal instrumento utilizado para registro, acompanhamento e controle da
execução orçamentária, financeira e patrimonial do Governo Federal. Desde sua criação, o SIAFI
tem alcançado satisfatoriamente seus principais objetivos :
a) prover mecanismos adequados ao controle diário da execução orçamentária, financeira e
patrimonial aos órgãos da Administração Pública;

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b) fornecer meios para agilizar a programação financeira, otimizando a utilização dos recursos
do Tesouro Nacional, através da unificação dos recursos de caixa do Governo Federal;

c) permitir que a contabilidade pública seja fonte segura e tempestiva de informações


gerenciais destinadas a todos os níveis da Administração Pública Federal;

d) padronizar métodos e rotinas de trabalho relativas à gestão dos recursos públicos, sem
implicar rigidez ou restrição a essa atividade, uma vez que ele permanece sob total controle do
ordenador de despesa de cada unidade gestora;

e) permitir o registro contábil dos balancetes dos estados e municípios e de suas


supervisionadas;

f) permitir o controle da dívida interna e externa, bem como o das transferências negociadas;

g) integrar e compatibilizar as informações no âmbito do Governo Federal;

h) permitir o acompanhamento e a avaliação do uso dos recursos públicos; e

i) proporcionar a transparência dos gastos do Governo Federal.

VANTAGENS
O SIAFI representou tão grande avanço para a contabilidade pública da União que ele é hoje
reconhecido no mundo inteiro e recomendado inclusive pelo Fundo Monetário Internacional. Sua
performance transcendeu de tal forma as fronteiras brasileiras e despertou a atenção no cenário
nacional e internacional, que vários países, além de alguns organismos internacionais, têm enviado
delegações à Secretaria do Tesouro Nacional, com o propósito de absorver tecnologia para a
implantação de sistemas similares. Veja os ganhos que a implantação do SIAFI trouxe para a
Administração Pública Federal :

• Contabilidade : o gestor ganha tempestividade na informação, qualidade e precisão em


seu trabalho.
• Finanças : agilização da programação financeira, otimizando a utilização dos recursos do
Tesouro Nacional, por meio da unificação dos recursos de caixa do Governo Federal na
Conta Única no Banco Central;

• Orçamento : a execução orçamentária passou a ser realizada tempestivamente e com


transparência, completamente integrada a execução patrimonial e financeira;

• Visão clara de quantos e quais são os gestores que executam o orçamento : os


números da época da implantação do SIAFI indicavam a existência de aproximadamente
1.800 gestores. Na verdade, eram mais de 4.000 que hoje estão cadastrados e executam
seus gastos através do sistema de forma “on-line”;

• Desconto na fonte de impostos : hoje, no momento do pagamento, já é recolhido o


imposto devido.
• Auditoria : facilidade na apuração de irregularidades com o dinheiro público;

• Transparência : poucas pessoas tinham acesso às informações sobre as despesas do


Governo Federal antes do advento do SIAFI. A prática da época era tratar essas despesas
como “assunto sigiloso”. Hoje a história é outra, pois na democracia o cidadão é o grande
acionista do estado; e

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• Fim da multiplicidade de contas bancárias : os números da época indicavam 3.700
contas bancárias e o registro de aproximadamente 9.000 documentos por dia. Com a
implantação do SIAFI, constatou-se que existiam em torno de 12.000 contas bancárias e
se registravam em média 33.000 documentos diariamente. Hoje, 98% dos pagamentos são
identificados de modo instantâneo na Conta Única e 2% deles com uma defasagem de, no
máximo, cinco dias.

Além de tudo isso, o SIAFI apresenta inúmeras vantagens que o distinguem de outros
sistemas em uso no âmbito do Governo Federal :

• Sistema disponível 100% do tempo e on-line;

• Sistema centralizado, o que permite a padronização de métodos e rotinas de trabalho;

• Interligação em todo o território nacional;

• Utilização por todos os órgãos da Administração Direta (poderes Executivo, Legislativo e


Judiciário);

• Utilização por grande parte da Administração Indireta; e

• Integração periódica dos saldos contábeis das entidades que ainda não utilizam o SIAFI,
para efeito de consolidação das informações econômico-financeiras do Governo Federal -
à exceção das Sociedades de Economia Mista, que têm registrada apenas a participação
acionária do Governo - e para proporcionar transparência sobre o total dos recursos
movimentados.

PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES
O SIAFI é um sistema informatizado que processa e controla, por meio de terminais instalados
em todo o território nacional, a execução orçamentária, financeira, patrimonial e contábil dos
órgãos da Administração Pública Direta federal, das autarquias, fundações e empresas públicas
federais e das sociedades de economia mista que estiverem contempladas no Orçamento Fiscal
e/ou no Orçamento da Seguridade Social da União.
O sistema pode ser utilizado pelas Entidades Públicas Federais, Estaduais e Municipais
apenas para receberem, pela Conta Única do Governo Federal, suas receitas (taxas de água,
energia elétrica, telefone, etc) dos Órgãos que utilizam o sistema. Entidades de caráter privado
também podem utilizar o SIAFI, desde que autorizadas pela STN. No entanto, essa utilização
depende da celebração de convênio ou assinatura de termo de cooperação técnica entre os
interessados e a STN, que é o órgão gestor do SIAFI.
Muitas são as facilidades que o SIAFI oferece a toda Administração Pública que dele faz uso,
mas podemos dizer, a título de simplificação, que essas facilidades foram desenvolvidas para
registrar as informações pertinentes às três tarefas básicas da gestão pública federal dos recursos
arrecadados legalmente da sociedade:

• Execução Orçamentária;
• Execução Financeira; e
• Elaboração das Demonstrações Contábeis, consolidadas no Balanço Geral da União.

ESTRUTURA

O SIAFI é um sistema de informações centralizado em Brasília, ligado por


teleprocessamento aos Órgãos do Governo Federal distribuídos no País e no exterior. Essa

96
ligação, que é feita pela rede de telecomunicações do SERPRO e também pela conexão a outras
inúmeras redes externas, é que garante o acesso ao sistema às quase 17.874 Unidades Gestoras
ativas no SIAFI.
Para facilitar o trabalho de todas essas Unidades Gestoras, o SIAFI foi concebido para se
estruturar por exercícios : cada ano equivale a um sistema diferente, ou seja, a regra de formação
do nome do sistema é a sigla SIAFI acrescida de quatro dígitos referentes ao ano do sistema que
se deseja acessar : SIAFI2000, SIAFI2001, SIAFI2002, etc.
Por sua vez, cada sistema está organizado por subsistemas - atualmente são 21 - e estes,
por módulos . Dentro de cada módulo estão agregadas inúmeras transações, que guardam entre si
características em comum. Nesse nível de transação é que são efetivamente executadas as
diversas operações do SIAFI, desde entrada de dados até consultas.

Cada subsistema tem uma função própria e bem delimitada no SIAFI. Podemos organizá-los
informalmente em cinco grupos principais :

• Controle de Haveres e Obrigações :

- Dívida Pública - DIVIDA


- Haveres - HAVERES
- Controle de Obrigações - OBRIGACAO
- Operações Oficiais de Crédito - O2C

• Administração do Sistema :

- Administração do Sistema - ADMINISTRA


- Auditoria - AUDITORIA
- Centro de Informação - CI
- Conformidade - CONFORM
- Manual - MANUALMF

• Execução Orçamentária e Financeira :

- Contábil - CONTABIL
- Documentos do SIAFI - DOCUMENTO
- Orçamentário e Financeiro - ORCFIN

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• Organização de Tabelas:

- Tabelas administrativas - TABADM


- Tabelas de apoio - TABAPOIO
- Tabelas do cadastro de obrigações - TABOBRIG
- Tabelas orçamentárias -TABORC
- Tabelas de receitas orçamentárias - TABRECEITA

• Recursos Complementares com Aplicação Específica:

- Programação orçamentária - PROGORCAM


- Convênios - CONVENIOS
- Contas a pagar e a receber - CPR
- Estados e Municípios - ESTMUN.

PRINCIPAIS DOCUMENTOS

Nota de Dotação – ND A Nota de Dotação é o documento utilizado para registro das informações
orçamentárias elaboradas pela Secretaria de Orçamento Federal , ou seja, dos créditos previstos
no Orçamento Geral da União (OGU). Também se presta à inclusão de créditos no OGU não
previstos inicialmente e ao registro do desdobramento do Plano Interno e do detalhamento da fonte
de recursos.

Nota de Movimentação de Crédito – NC A Nota de Movimentação de Crédito é o documento


utilizado para registrar a movimentação interna e externa de créditos e suas anulações.

Nota de empenho – NE A Nota de Empenho é o documento utilizado para registrar as operações


que envolvem despesas orçamentárias realizadas pela Administração Pública federal, ou seja, o
comprometimento de despesa, seu reforço ou anulação, indicando o nome do credor, a
especificação e o valor da despesa, bem como a dedução desse valor do saldo da dotação própria.

Nota de Lançamento por Evento – NL A Nota de Lançamento é o documento utilizado para


registrar a apropriação/liquidação de receitas e despesas, bem como outros atos e fatos
administrativos, inclusive os relativos a entidades supervisionadas, associados a eventos contábeis
não vinculados a documentos específicos.

DARF Eletrônico- DARF é a sigla para Documento de Arrecadação de Receitas Federais. Por
meio desse documento se registra a arrecadação de tributos e demais receitas diretamente na
Conta Única do Tesouro Nacional, sem trânsito pela rede bancária, ou seja, por meio de
transferências de recursos intra-SIAFI. O DARF eletrônico nada mais é que o instrumento de
registro dessas informações no SIAFI.

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GPS Eletrônica GPS é a sigla para Guia da Previdência Social. Esse documento permite registrar
o recolhimento das contribuições para a Seguridade Social por meio de transferências de recursos
intra-SIAFI entre a UG recolhedora e a Conta Única do Tesouro Nacional

Ordem Bancária – OB A Ordem Bancária é o documento utilizado para o pagamento de


compromissos, bem como à liberação de recursos para fins de adiantamento, suprimento de
fundos, cota, repasse, sub-repasse e afins, em contas bancárias mantidas no Banco do Brasil.

GSE Eletrônica GSE é a sigla para Guia do Salário Educação. A GSE é o documento que registra
o recolhimento do salário educação destinado aos seus beneficiários e do valor que lhes é pago,
mediante transferências intra-SIAFI de recursos entre a Unidade Gestora recolhedora e o Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE.

Nota de Programação Financeira – PF A Nota de Programação Financeira é o documento que


permite registrar os valores constantes da Proposta de Programação Financeira (PPF) e a
Programação Financeira Aprovada (PFA), envolvendo a Coordenação-Geral de Programação
Financeira da Secretaria do Tesouro Nacional - COFIN/STN e os Órgãos Setoriais de
Programação Financeira - OSPF.

SEGURANÇA DO SIAFI
O SIAFI apresenta uma série de métodos e procedimentos para disciplinar o acesso e
assegurar a manutenção da integridade dos dados e do próprio sistema. Esta proteção se dá tanto
contra utilizações indevidas ou desautoirzadas como eventuais danos que pudessem ser causados
aos dados. Assegura-se portanto a confiabilidade dos dados no sistema, sua responsável
utilização e a responsabilização dos gestores e usuários que delas dispõe. A segurança do
Sistema tem por base os seguintes princípios e instrumentos:

SENHA
Para utilizar o SIAFI, os usuários são habilitados formalmente por meio do cadastramento
de uma senha SENHA, quando são especificados os perfis e níveis de acesso de cada usuário.
Perfil é o conjunto de determinadas transações atribuídos a cada Operador, para atender às
necessidades de execução e consulta ao Sistema. Enquanto o nível de acesso determina o grau
de inclusão de dados e a abrangência das consultas feitas pelo usuário no sistema SIAFI. Cabe
sempre lembrar que o usuário responde integralmente pelo uso do sistema sob a sua senha e
obriga-se a cumprir os requisitos de segurança instituídos pela STN, sujeitando-se ás
conseqüências das sanções penais ou administrativas cabíveis em decorrência do mau uso.
Estas Habilitações são regidas pelos seguintes instrumentos legais:
NORMA DE EXECUÇÃO Nº 01 DE 13 DE JUNHO DE 2001,
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 03 DE 23 DE MAIO DE 2001

Conformidade Diária A Conformidade Diária de documentos no Sistema SIAFI, é a conferência


feita pela própria Unidade Gestora (UG), que consiste na confrontação diária da documentação
comprobatória com o registro correspondente no SIAFI, atestando que, para todos os lançamentos
efetuados existe documentação hábil exigida pela legislação que disciplina a execução
orçamentária, financeira e patrimonial.

Conformidade Contábil A Conformidade Contábil é a conferência efetuada pelas Unidades


Setoriais Contábeis de UG e de Órgão tendo como objetivo assegurar o fiel e tempestivo registro
dos dados contábeis registrados pelas UG no SIAFI, relativos aos atos e fatos de sua gestão
financeira, orçamentária e patrimonial, de acordo com a documentação.

Conformidade de Operadores A Conformidade de Operadores ou Circularização de Senhas tem


por objetivo automatizar a rotina periódica de confirmação ou desativação de usuário pela própria
Unidade Gestora (UG), através de seu operador habilitado a proceder a confirmação. A não
execução da Conformidade de Operadores no mês, implica na suspensão dos usuários da UG.

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Conformidade de Documental A Conformidade de Suporte Documental consiste na certificação
da existência de documento hábil que comprove a operação e retrate a transação efetuada dentro
do SIAFI. Ela deverá ser registrada, diariamente, por um servidor designado da Unidade Gestora.
Para maior segurança, há a necessidade de que seja mantida a segregação entre a função de
emitir documentos e a de registrar a conformidade.

Identificação das Operações do Usuário Quando o usuário entra no sistema, automaticamente


são registrados o seu CPF, a hora e de qual terminal foi feito o acesso. Esta medida tem o objetivo
de monitorar as ações danosas ou fraudulentas executadas utilizando-se o sistema. Da mesma
forma, a inclusão ou modificação de dados no sistema também é registrada com a identificação do
CPF, a hora e o nome do autor da operação.

Integridade e Fidedignidade dos Dados Uma vez registrado um documento no sistema, não é
permitida a sua alteração. A imutabilidade dos documentos permite que sejam acompanhados
todas as modificações nos dados do sistema e para a correção ou anulação de um documento já
registrado é necessário que seja incluído um novo documento de forma a retificar o anterior.

Inalterabilidade dos Documentos Uma vez incluídos os dados de um documento no SIAFI e


após sua contabilização, qualquer irregularidade for constatada nesses dados, somente será
possível corrigi-la por meio da emissão de um novo documento que efetue o acerto do irregular.

FORMA DE ACESSO
O SIAFI permite que as Unidades Gestoras – UG, na efetivação dos registros da execução
orçamentária, financeira e patrimonial, obtenham acesso de forma on-line ou off-line.
A forma de acesso on-line caracteriza-se pelo fato de: todos os documentos
orçamentários e financeiros das UG serem emitidos diretamente pelo sistema; A própria UG
atualizar os arquivos do sistema, digitando por meio de terminais conectados ao SIAFI, dados
relativos aos atos e fatos de gestão; e as disponibilidades financeiras da UG serem
individualizadas em contas contábeis no SIAFI, compondo o saldo da Conta Única e de outras
contas de arrecadação ou devolução de recursos.

A forma de acesso off-line caracteriza-se pelo fato de: as disponibilidades financeiras da Unidade
serem individualizadas em conta corrente bancária e não comporem a Conta Única; a UG emitir
seus documentos orçamentários, financeiros e contábeis previamente à introdução dos respectivos
dados no sistema; e a UG não introduzir os dados relativos a seus documentos no sistema, o que é
feito por meio de outra unidade, denominada Pólo de Digitação.

Cabe à Secretaria do Tesouro Nacional definir qual a forma de acesso de cada UG,
ouvindo o respectivo Ministério ou Órgão. A alteração da forma de acesso de determinada UG será
efetuada pela Secretaria do Tesouro Nacional, por solicitação do respectivo Ministério ou Órgão.

MODALIDADE DE USO

O SIAFI permite aos órgãos a sua utilização nas modalidade total ou parcial.

As principais características da utilização do sistema na modalidade de uso total são as


seguintes:
Processamento de todos atos e fatos de determinado órgão pelo SIAFI, incluindo as eventuais
receitas próprias;
Identificação de todas as disponibilidades financeiras do órgão por meio da Conta Única do
Governo Federal ou das contas fisicamente existentes na rede bancária;
Sujeição dos procedimentos orçamentários e financeiros do órgão ao tratamento padrão do
SIAFI, incluindo o uso do Plano de Contas do Governo Federal; e o SIAFI se constituir na base de
dados orçamentários, financeiros e contábeis para todos os efeitos legais.

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As principais características da utilização do sistema na modalidade de uso parcial são as
seguintes:
Execução financeira dos recursos previstos no Orçamento Geral da União efetuada pelo SIAFI;
Não permitir tratamento de recursos próprios do órgão; e
Não substituir a contabilidade do órgão, sendo necessário, portanto, o envio de balancetes para
incorporação de saldos.
Os órgãos que se valem da utilização do sistema na modalidade parcial farão uso somente dos
grupos de eventos próprios para essa modalidade.
É obrigatória a utilização do sistema na modalidade de uso total por parte dos órgãos e
entidades do Poder Executivo que integram os Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social,
ressalvadas as entidades de caráter financeiro.

É facultativo para os órgãos dos Poderes Legislativos e Judiciário, assim como para as
demais entidades da Administração Indireta do Governo Federal, o uso do sistema na modalidade
total.
TABELA DE EVENTOS DO SIAFI

EXERCICIO DE 2007
PLANO DE CONTAS DA ADMINISTRACAO PUBLICA FEDERAL
----- -- ------ -- ------------- ------- -------
ADENDO 'A' - TABELA DE EVENTOS
------ --- - ------ -- -------
SUMARIO
-------
1 - OBJETIVO
2 - ESTRUTURA
3 - FUNDAMENTOS LOGICOS
4 - REGRAS BASICAS
5 - DISPOSICOES FINAIS
6 - DETALHAMENTO DO INDICADOR 'INSCRICAO' DO EVENTO

1 – OBJETIVO

A tabela de eventos e o instrumento utilizado pelas unidades gestoras no preenchimento das telas
e/ou documentos de entrada no siafi para transformar os atos e fatos administrativos rotineiros em
registros contabeis automaticos.

2 - ESTRUTURA

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2.2 - classe dos eventos

10.0.000 - previsao da receita.


20.0.000 - dotacao da despesa
30.0.000 - movimentacao de credito.
40.0.000 - empenho da despesa.
50.0.000 - apropriacoes de retencoes, liquidacoes e outros.
51.0.000 - apropriacoes de despesas.
52.0.000 - retencoes de obrigacoes.
53.0.000 - liquidacoes de obrigacoes.
54.0.000 - registros diversos.
55.0.000 - apropriacoes de direitos.
56.0.000 - liquidacoes de direitos.
60.0.000 - restos a pagar.
61.0.000 - liquidacao de restos a pagar.
70.0.000 - transferencias financeiras.
80.0.000 - receita.

3 – FUNDAMENTOS LÓGICOS

3.1 - os eventos mantem correlacao com os documentos de entrada do siafi, a excecao dos
eventos de classe 50, 60, 70 e 80, que podem aparecer indistintamente na nl, ob e gr;
3.2 - os eventos 10.0.xxx sao preenchidos de forma individual na nl e se destinam a registrar a
provisao da receita;

3.3 - os eventos 20.0.xxx sao indicados na nd e objetivam registrar a dotacao da despesa. tais
eventos sao preenchidos de forma individual, com algumas excecoes de utilizacao conjugada,
porem com eventos da mesma classe;

3.4 - os eventos 30.0.xxx sao indicados de forma individual na nc e se destinam a registrar a


movimentacao de creditos orcamentarios;

3.5 - os eventos 40.0.xxx sao preenchidos na ne ou pe, de forma individual, e objetivam registrar a
emissao de empenhos ou pre-empenhos;

3.6 - os eventos 50.0.xxx, quando preenchidos na nl, nao podem se apresentar de forma individual,
exceto os de classe 54. isto porque sao eventos representativos de partida contabil de debitos
(classes 51, 53 e 55) e de creditos (52 e 56).

A combinacao natural destes eventos e a seguinte:

102
3.6.1 - os eventos 51.0.xxx sao utilizados sempre que a despesa for reconhecida, esteja ou nao em
condicoes de pagamento. Estes eventos exigem como complemento, eventos 52.0.xxx para o caso
de retencao da respectiva obrigacao na nl. Em se tratando de pagamento direto, o evento de
despesa e utilizado na ob que apropriara e liquidara simultaneamente a despesa;

3.6.2 - os eventos 52.0.xxx sao utilizados normalmente em conjunto com os 51.0.xxx sempre que
houver retencao da obrigação para pagamento posterior;

3.6.3 - os eventos 53.0.3xx sao utilizados para liquidar obrigacoes retidas atraves dos eventos
52.0.2xx, e suas dezenas finais mantem, na sua maioria, correlacao entre si, para facilitar a
identificacao e o uso dos mesmos;

3.6.4 - os eventos 54.0.xxx sao utilizados de forma individual e se destinam a realizacao de


registros contabeis diversos;

3.6.5 - os eventos 55.0.xxx sao utilizados para apropriar os valores representativos de direitos,
inclusive por desembolsos efetuados pela propria unidade gestora para prestacao de contas
posterior;

3.6.6 - os eventos 56.0.6xx sao utilizados para liquidar os direitos apropriados pelos eventos
55.0.5xx, e suas dezenas finais mantem, na sua maioria, correlacao entre si, para facilitar a
identificacao e o uso dos mesmos;

3.6.7 - os eventos 61.0.xxx sao utilizados para liquidar os restos a pagar inscritos no final do
exercicio anterior e exigem, como contra-partida, eventos de saida de bancos;

3.6.8 - os eventos 70.0.xxx sao utilizados para realizacao de transferencias financeiras e exigem,
como contra-partida, eventos de saida de bancos;

3.6.9 - os eventos 80.0.xxx sao utilizados para a apropriacao da receita e exigem, como contra-
partida eventos de entrada em bancos;

4 - Regras Básicas

4.1 - as unidades gestoras deverao utilizar, para registro de suas transacoes diarias, os codigos
desta tabela de eventos;

4.2 - caso nao seja encontrado nesta tabela o evento que expresse com bastante clareza a
transacao a ser processada, devera ser contactado o orgao de contabilidade para os
esclarecimentos necessarios;
4.3 - somente aos orgaos de contabilidade compete realizar os registros contabeis, sem a
indicacao de eventos. neste caso o tratamento a ser dado aos mesmos sera atraves de debito (d) e
credito (c), desde que nao se trate de receitas e/ou despesas.

4.4 - A coordenacao-geral de contabilidade da stn e o orgao responsavel pela administracao da


tabela de eventos.

SIDOR – SISTEMA INTEGRADO DE DADOS ORÇAMENTÁRIOS

O Sidor é o sistema responsável pela elaboração da proposta orçamentária do governo e o


PLOA é o seu produto final. Ele registra toda a programação orçamentária – ações e programas de
governo, com seus respectivos valores e destinações geográficas – planejada para a execução no

103
ano seguinte. Cada órgão público informa suas ações e previsões orçamentárias ao sistema.
Depois disso, cada ministério faz uma consolidação dessas informações que, finalmente chegam à
Secretaria de Orçamento Federal (SOF) para uma consolidação final.

TABELA DE MOMENTOS DO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA PROPOSTA NO SIDOR

O processo de elaboração da proposta orçamentária via SIDOR divide-se em três etapas


básicas, controladas pelo Sistema, denominadas “momento”, que se subdividem em subetapas –
denominadas “tipo de detalhamento”. Cada momento pertence exclusivamente ao respectivo
usuário e não pode ser compartilhado, o que assegura privacidade e segurança aos dados. Cada
tipo de detalhamento corresponde a um determinado conjunto de despesas que serão tratadas
separadamente segundo regras específicas.
Nos seus respectivos momentos, a Unidade Orçamentária, o Órgão Setorial e a SOF
poderão consultar, incluir, alterar e excluir dados no subsistema ”Captação Quantitativa das
Propostas dos Orçamentos e da Revisão do PPA”, até o encaminhamento da proposta. Encerrado
esse momento, o órgão e a unidade podem ainda consultar os dados encaminhados ou,
excepcionalmente, alterar
apenas os textos referentes à justificativa de sua programação. A SOF poderá apenas consultar os
dados encaminhados pelo órgão.

SUPORTE DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO


O SIDOR é o Sistema de Informações Corporativas da SOF. Seu objetivo é dotar o
processo orçamentário de uma estrutura de processamento de dados consoante às modernas
ferramentas da tecnologia de informação, consubstanciadas na implementação de um conjunto de
processos informatizados e estruturas de dados que dão suporte às atividades do Sistema
Orçamentário Federal.

Integração SIDORNet, SIGplan e SIESTNet


Ao aliar estratégias, a Secretaria de Orçamento Federal – SOF, a Secretaria de
Planejamento e Investimentos – SPI e o Departamento de Controle de Empresas Estatais – DEST,
obedecendo a diretrizes do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, estão modernizando
o serviço de recebimento das propostas orçamentárias.

104
Por possuírem clientela comum, desde o ano de 2005, a captação das programações
quantitativas do Plano Plurianual e dos Orçamentos da União tem ocorrido por meio do SIDORNet.
O sistema é a porta de entrada para que os agentes corporativos, tomadores de recursos da
união, ingressem com os dados físicos e financeiros de suas propostas orçamentárias bem como
lhes sejam permitido obter informações que apóiam o processo de remessa desses dados aos
respectivos órgãos centrais, uma vez que reune, num único ambiente, informações qualitativas e
quantitativas sobre o processo de elaboração.
Do ponto de vista econômico, a utilização de um único sistema reduz custos, sejam estes
mensuráveis ou não, considerando que muitas das despesas deixam de existir ou são evitadas
com a agilização do processo de coleta e avaliação dos dados, haja vista a interdependência
desses na tomada de decisões pelo órgão central do Governo federal. A segurança dos processos
estará preservada por meio de mecanismos de controle de acessos aos serviços.

Como o SIDOR está estruturado para atender ao Processo


Com maior relevância no suporte ao processo orçamentário, os aplicativos seguintes
apresentam relação direta com as etapas de elaboração orçamentária:

1)Subsistema Cadastro de Programas e Ações


Banco de informações sobre as ações orçamentárias – atividades, projetos e operações especiais
– contidas na peça orçamentária e também as ações não-orçamentárias, constantes do PPA.
Trata-se do registro da proposição e da formalização de alterações na estrutura programática dos
órgãos e unidades orçamentárias.

2)Subsistema Prioridades e Metas Anuais


Destinado à sistematização das pesquisas e análises necessárias para a definição da
programação privilegiada em cada exercício que terão precedência na alocação de recursos no
orçamento e na sua execução. Gera o anexo específico de prioridades e metas da LDO referente
ao exercício.

3)Subsistema Legislação Orçamentária


Trata-se de uma Central de Informação, constituída de acervo e da base de dados de atos
constitucionais, legais, normativos e administrativos relativos à matéria orçamentária e afins,
permitindo aos agentes do sistema orçamentário federal a elucidação de questões correlatas ao
processo orçamentário, a rápida recuperação e atualização, bem como o compartilhamento dos
recursos informacionais. Desenvolve coleta, processamento e disseminação da legislação de
interesse da administração pública federal, por assunto, data ou período de referência, palavra-
chave que resuma o assunto ou número da norma, de modo a permitir ao usuário,
acompanhamento, controle e registro da legislação.

4)Subsistema Alinhamento da Série Histórica


Corresponde à transformação de uma série de despesas realizadas e registradas no Balanço Geral
da União em série histórica, alinhada em conformidade à classificação vigente no exercício anterior
a que se refere a proposta que está sendo elaborada, permitindo a comparação de diferentes
exercícios em relação ao PLO e à LOA, incluindo os créditos adicionais. O processo de
alinhamento incorpora efeitos de reformas administrativas institucionais que tiveram repercussão
na estrutura do aparelho de Estado e resultaram na criação, alteração ou extinção de órgãos e
unidades, exigindo uma adaptação da classificação institucional orçamentária. Envolve também
ajustes decorrentes de alterações de programação ou de classificação funcional no âmbito de cada
unidade orçamentária e de modificações nas classificações orçamentárias em geral, ocorridas em
cada exercício do período analisado, convertendo-as para uma base comum, tornando
comparáveis os dados de realização dos exercícios passados (t-2) e (t-1) com os do presente
exercício (t).

5)Subsistema Definição dos Limites


Permite a análise do comportamento da série histórica alinhada com vistas à definição dos
parâmetros financeiros das programações de atividades e operações especiais dos

105
órgãos/unidades orçamentárias. Esses limites equivalem aos dispêndios necessários para
assegurar a execução das ações atualmente desenvolvidas nos níveis correspondentes à
capacidade produtiva instalada e constituem parâmetro monetário para a apresentação da
proposta orçamentária setorial. Os limites resultam de ajustes efetuados sobre o valor estimado de
execução provável do exercício em curso, do qual são expurgados os fatos exclusivos de tal
exercício e acrescidos aqueles já decididos que incidirão sobre o próximo.

6)Subsistema Captação Quantitativa das Propostas dos Orçamentos e da Revisão do PPA


Destinado ao momento da apresentação das propostas orçamentárias e da revisão do PPA pelos
órgãos setoriais e unidades orçamentárias que compõem os orçamentos fiscal e da seguridade
social. Permite o detalhamento final da proposta orçamentária e da revisão do PPA no nível
necessário e suficiente à formalização dos Projetos de Lei do Orçamento Anual – PLOA e do Plano
Plurianual – PLPPA para encaminhamento ao Congresso Nacional.

7)Subsistema Análise da Proposta Setorial


Reservado ao estudo da proposta de alocação setorial dos recursos “vis-à-vis” os estudos
preliminares desenvolvidos na SOF, os parâmetros fixados, as justificativas e as diretrizes de
Governo.

8)Subsistema Simulador de Fontes


Organizado para o desenvolvimento de cenários alternativos de alocação das fontes de recursos
com vistas ao atendimento das programações de despesa das unidades orçamentárias,
obedecendo às restrições legais de vinculação.

9)Subsistema Compatibilização da Proposta Orçamentária


Verifica a adequação da programação aos instrumentos legais e formais que norteiam sua
elaboração.

10)Subsistema Formalização do Projeto de Lei Orçamentária


Gera todos os documentos especificados pela LDO quanto à estrutura e organização dos
orçamentos da União.

11)Subsistema Receita
Implementado a partir de 2000, agiliza e dá maior segurança às informações de financiamento dos
orçamentos fiscal e da seguridade social. Seus objetivos são:
• consolidar toda informação da receita da União;
• agilizar processos para tomada de decisão;
• projetar valores da receita com base em modelos pré-definidos; e
• disponibilizar relatórios gerenciais.

12)Subsistema Dívida (SAOC)


Permite o registro, acompanhamento e controle das operações de crédito contratuais presentes no
orçamento. Subsidia a elaboração da proposta orçamentária.

13)Subsistema Precatórios
Possibilita o registro da relação de débitos constantes de precatórios judiciários a serem incluídos
na proposta orçamentária anual; efetua cálculos e correções dos valores.

14)Subsistema Pleitos
Aplicativo subsidiário para avaliar pressões sobre o orçamento futuro. O sistema de pleitos constitui
instrumento gerencial destinado ao controle da tramitação dos pedidos de créditos encaminhados à
SOF, permitindo identificar, a qualquer momento, sua evolução e respectivo estágio de andamento.
São objeto de acompanhamento não só as solicitações de alterações orçamentárias, mas também
as de informação ou de providências dirigidas à SOF, que exigem o conhecimento ou decisão do
Secretário de Orçamento Federal. O subsistema opera as funções de registro de dados dos
pleitos/solicitações, permite a anotação sistemática das análises e proposições realizadas em nível

106
técnico e dispõe de mecanismos facilitadores de consulta que possibilitam, por meio de filtros de
pesquisa, recuperar informações pertinentes a cada um dos pleitos cadastrados.

Além dos aplicativos assinalados que subsidiam o processo de elaboração orçamentária,


são utilizados pela SOF no acompanhamento da execução do orçamento os subsistemas de
gestão de limites, de acompanhamento da execução orçamentária e de créditos.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

http://www.tesouro.fazenda.gov.br/siafi/
Acessado em Fev 2007

CONTROLE DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

O controle exerce na administração sistêmica papel fundamental no desempenho eficaz de


qualquer organização. É através dele que detectamos eventuais desvios ou problemas que
ocorrem durante a execução de um trabalho, possibilitando a adoção de medidas corretivas para
que o processo se reoriente na direção dos objetivos traçados pela organização. Na Administração
Pública a importância do controle foi destacada, principalmente, com o advento da Reforma
Administrativa de 1967. Assim, o art. 6º do Decreto-Lei nº 200/67 o coloca, ao lado do
planejamento, entre os cinco princípios fundamentais que norteiam as atividades da Administração
Federal.
Evidentemente, o controle não é fim em si mesmo e, dentro desse espírito, os controles
puramente formais ou cujo custo seja superior ao risco devem ser abandonados, não só em
atendimento ao art. 14 do Decreto-Lei nº 200, mas também à política de desburocratização do
Governo. A Lei nº 4.320/64 estabelece que o controle da execução orçamentária e financeira da
União, Estados, Municípios e Distrito Federal será exercido pelos Poderes Legislativo e Executivo,
mediante controles externo e interno, respectivamente. Esse entendimento é reafirmado pelo art.
70 da Constituição, que determina:
“A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.”
De acordo com o que dispõe o art. 75 da Lei nº 4.320/64, o controle da execução
orçamentária compreenderá:
I - a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou a realização da despesa, o
nascimento ou a extinção de direitos e obrigações;
II - a fidelidade funcional dos agentes da administração responsáveis por bens e valores público; e
III - o cumprimento do programa de trabalho, expresso em termos monetários e em termos de
realização de obras e prestação de serviços.
Os dois primeiros itens expressam a preocupação jurídico-legal ou formal do controle, por
influência do orçamento tradicional. O inciso I apresenta a abrangência do controle, definindo sua
universalidade – todos os atos que resultem a arrecadação da receita e a realização da despesa.
Já o inciso II individualiza o objeto do controle, recaindo, desta forma, sobre cada agente da
Administração. O último inciso já demonstra a preocupação do legislador com o controle do
Orçamento-Programa, dado que o objetivo é avaliar o cumprimento das ações constantes do
orçamento – programas de trabalho –, avaliando a realização de obras e prestação de serviços.

CONTROLE INTERNO

As atividades de controle encontram-se disseminadas em todo o corpo da Administração


Federal, devendo ser exercidas em todos os níveis e através não só de um órgão específico mas
também das chefias competentes e dos próprios órgãos de cada sistema, conforme determina o
art. 13 do Decreto-Lei nº 200/67. A coordenação dessas atividades no Poder Executivo, entretanto,

107
está legalmente atribuída à Secretaria Federal de Controle Interno do Ministério da Fazenda –
SFC, órgão integrante do Sistema de Controle Interno do Poder .
O Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal tem as seguintes finalidades:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e à eficiência, da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e nas entidades da Administração Pública
Federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e
haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

Constata-se, desde logo, que, além de serviço de suporte às atividades de controle


externo, ao controle interno cabem as importantes tarefas de avaliação do cumprimento das metas
previstas no Plano Plurianual e da execução dos programas de governo e dos orçamentos da
União, consoante o disposto no art. 74, da Constituição Federal, que prevê que a verificação da
legalidade dos atos de execução será prévia, concomitante e subseqüente.

CONTROLE EXTERNO
O controle externo, consoante o art. 71, da Carta Magna é exercido pelo Congresso
Nacional com o auxílio do Tribunal de Contas da União – TCU, e compreende, dentre outras
atividades, a apreciação das contas do Presidente da República, o julgamento das contas dos
administradores e demais responsáveis por bens e valores públicos, bem como a legalidade dos
atos de admissão de pessoal, a qualquer título. O TCU é responsável, portanto, pelas funções de
auxiliar o Congresso Nacional na atividade de controle externo, apresentando Relatório e Parecer
Prévio sobre as contas do Presidente da República e julgando a regularidade das contas dos
administradores e demais responsáveis por bens e valores públicos, através de levantamentos
contáveis, relatórios e certificados de auditoria.
O Presidente da República deverá remeter ao Congresso Nacional, dentro de sessenta
dias após a abertura da sessão legislativa, as contas relativas ao ano anterior, consoante
determina o art. 84, inc. XXIV, da Constituição. O Congresso Nacional, por sua vez, encaminhará
ao TCU as contas do Presidente, acompanhadas de demonstrativos elaborados pela STN, para
que o Tribunal elabore um Relatório e Parecer Prévio sobre as contas. O TCU dispõe de
sessenta dias para elaborar o citado parecer e remetê-lo ao Congresso Nacional, para fins de
julgamento.
O Congresso aprecia as contas dos Três Poderes da União, valendo-se,
fundamentalmente, dos seguintes documentos: Balanço Geral da União, Relatório e Parecer Prévio
do TCU, além do relatório e voto da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e
Fiscalização do Congresso Nacional.
EXERCÍCIOS

01)No que tange aos aspectos constitucionais relativos ao orçamento público, identifique a
alternativa incorreta:
(a)A lei que instituir o Plano Plurianual estabelecerá de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos
e metas da administração pública federal para as despesas de capital e as relativas a programas
de duração continuada.
(b)A LDO compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, excluindo as
despesas de capital para o exercício seguinte.
(c)O Poder Executivo publicará, até 30 dias após o encerramento de cada bimestre, relatório
resumido da execução orçamentária.
(d)Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na Constituição Federal, serão
elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional.

02)Julgue as alternativas abaixo, identificando aquela que contraria normas constitucionais


relativas ao Orçamento Público:

108
(a)Os projetos de lei relativos ao PPA, LDO, LOA e créditos adicionais serão apreciados pelas
duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum.

(b)Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados examinar e emitir


parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na CF/88 e exercer
o acompanhamento e a fiscalização orçamentária.

(c)O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito,


sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios
de natureza financeira, tributária e creditícia

(d) A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da
despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

(e) As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente
podem ser aprovadas caso sejam compatíveis com o plano plurianual

03)Julgue a alternativa que contraria norma legal relativa ao Orçamento Público.


(a) As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando
incompatíveis com o plano plurianual

(b) O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor
modificação nos projetos do PPA, LDO e LOA, enquanto não aprovada, na Comissão mista, da
parte cuja alteração é proposta.

(c) Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária
anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante
créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa

(d) É vedada a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os


créditos orçamentários ou adicionais

(e) É vedada a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de
capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade
precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta

04)O Orçamento Programa é considerado um importante instrumento para


(A) harmonizar as relações entre os poderes executivo e legislativo, aplainando previamente
pontos conflitivos.
(B) manter claramente os níveis de desembolso compatibilizados entre União, Estados e
Municípios.
(C)) compatibilizar objetivos e cumprimento de tarefas com desembolsos.
(D) eliminar despesas excessivas por parte dos Poderes Legislativo e Judiciário.
(E) estimular o clientelismo como prática administrativa do setor público.

05 O instrumento que objetiva ajustar o ritmo de execução do orçamento anual ao fluxo provável
de recursos é
(A)) a programação financeira de desembolso.
(B) a lei de diretrizes orçamentárias.
(C) o plano geral do governo.
(D) o orçamento plurianual de investimentos.
(E) a programação geral, setorial e regional do governo.

06Julgue os itens abaixo, relativos às normas legais do orçamento público.

109
a) A Lei do Plano Plurianual deve estabelecer as diretrizes, os objetivos e as metas da
Administração Pública para as despesas de capital e para as despesas com subvenções
econômicas.

b)A autorização contida na Lei Orçamentária Anual para a realização de operação de crédito por
antecipação de receita não é considerada dispositivo estranho à previsão de receitas e à
fixação de despesa e nem fere o princípio da exclusividade.
c)São vedados a transposição, o remanejamento e a transferência de recursos de uma categoria
de programação para outra, ou de um órgão para outro, sem prévia autorização regulamentar.
d)É admitida a abertura de créditos extraordinários para atender a despesas imprevisíveis e
urgentes, mediante utilização, na esfera federal, de medida provisória.
e)Sob pena de crime de responsabilidade, nenhum investimento, cuja execução ultrapasse um
exercício financeiro, poderá ser iniciado sem prévia inclusão na LOA.

07)No que concerne aos princípios orçamentários, julgue os itens que se seguem.

a)A CF/88 criou a possibilidade de vinculação de receitas como regra geral, desconsiderando o
princípio da não-afetação das receitas.
b)A lei orçamentária brasileira poderá destinar dotações globais a certos programas de trabalho
relacionados ao custeio de determinadas atividades.
c)A lei orçamentária deverá conter apenas matéria financeira relativa à previsão da receita e à
fixação da despesa, excetuadas as autorizações para a abertura de créditos adicionais e a
contratação de operações de crédito.
d)Na CF/88, foi aberta a possibilidade da existência de orçamentos desequilibrados, nos quais o
déficit deverá figurar nas chamadas operações de crédito.
e)Os orçamentos públicos, ao cumprir múltiplas funções (algumas não técnicas), devem ser
apresentados em linguagem clara e compreensível a todos os possíveis usuários das
informações neles contidas.

08)A respeito da LDO, que veio representar uma alteração significativa no processo de elaboração
do orçamento, julgue os itens que se seguem.

a)A LDO vem ensejar aos legisladores o conhecimento da situação global das finanças do Estado,
proporcionando-lhes uma antevisão da proposta orçamentária orçamentária a ser posteriormente
elaborada.
b)O prazo para o encaminhamento da proposta orçamentária ao Poder Legislativo está previsto na
Constituição, que determinou que o projeto deverá ser remetido até oito meses e meio antes do
encerramento do exercício financeiro.
c)O Poder Legislativo deverá devolver o projeto ao Poder Executivo, para sanção, até o
encerramento do primeiro período da sessão legislativa ou durante o recesso parlamentar de julho.
d)A LDO conterá orientações para a elaboração das propostas orçamentárias a serem observadas
ao longo de todo o mandato do Presidente da República..
e)A LDO poderá inclusive, dispor, sobre alterações na legislação tributária.

09)A propósito dos créditos adicionais, julgue os itens abaixo.

a)Sua existência deveria ser de caráter meramente excepcional, haja vista o processo integrado
de planejamento e orçamento.
b)São também denominados créditos suplementares e classificam-se em especiais e
extraordinários.
c)Créditos especiais são aqueles destinados a despesas urgentes ie imprevistas, em caso de
guerra, comoções intestinas ou calamidades públicas, para as quais não haja dotação
orçamentária sequer na reserva de contingência.
d)Créditos extraordinários são aqueles destinados ao reforço de dotações orçamentárias.

110
e)Os créditos adicionais terão vigência no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo
quando a autorização for promulgada nos quatro últimos meses daquele exercício, caso em que
poderão ser reabertos, até o limite de seus saldos, para incorporação ao orçamento do exercício
financeiro subsequente.

10)Com relação à estrutura do orçamento público, prevista na CF/88, julgue os itens abaixo.

a)O plano plurianual, que é um plano de investimentos, é instituído por lei que compreenderá as
metas e as prioridades da Administração Pública Federal, disporá sobre as alterações na
legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de
fomento.
b)O princípio orçamentário da exclusividade foi adotado na Constituição Federal, pois há vedação
de a lei orçamentária anual conter dispositivo estranho à fixação da despesa e à previsão da
receita, salvo autorização para a abertura de crédito suplementar e para a contratação de crédito,
ainda que por antecipação de receita.
c)Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual são
de iniciativa exclusiva do Presidente da República e serão apreciados pelas duas Casas do
Congresso Nacional, na forma do regimento comum, cabendo a uma comissão mista permanente
de senadores e deputados examiná-los e emitir parecer relativo aos mesmos.
d)Os créditos especiais e extraordinários terão vigência, sem exceção, apenas no exercício
financeiro em que forem autorizados. Por outro lado, o investimento que ultrapassar um exercício
financeiro tem de estar incluído no plano plurianual, sob pena de não ser autorizado.
e)O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor
modificação nos projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento
anual, somente antes de iniciada a votação pelo Plenário das duas Casas do Congresso
Nacional.

11)A forma de alterar a lei orçamentária vigente é mediante a abertura de créditos adicionais. A Lei
nº 4.320/64 já dispunha a respeito do assunto, mas sofreu alterações ante o texto constitucional
em vigor. Com base nesse contexto, julgue os itens a seguir.

a)Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem
abertos, salvo se o ato de abertura for publicado nos últimos quatro meses daquele exercício,
caso em que reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do
exercício financeiro subsequente.
b)A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas
decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, por meio da edição de medida
provisória.
c)Consideram-se recursos disponíveis, para fins de abertura de créditos suplementares e
especiais, os provenientes do excesso de arrecadação, ou seja, do saldo positivo das diferenças,
acumuladas mês a mês, entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a
tendência do exercício.
d)Embora haja dúvida acerca da adequação constitucional, os créditos extraordinários, por serem
autorizados mediante medida provisória, não têm sido liberados na Comissão Mista a que se
refere a Constituição Federal.
e)As emendas parlamentares aos projetos de lei de créditos adicionais devem ser compatíveis
com o que dispõe a LDO.

12)Com relação à execução orçamentária e à luz da Constituição da República e da Lei n.º


4.320/1964, julgue os itens abaixo.

a)A liquidação da despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado
obrigação de pagamento, pendente ou não de implemento de condição.
b)É ilegal a realização de uma determinada despesa não empenhada, mesmo que se proceda ao
empenho dela imediatamente após a sua realização.

111
c)Uma vez reconhecida a notória repercussão institucional e a urgente necessidade de um
programa governamental na área social, este pode ser iniciado independentemente de sua
inclusão na lei orçamentária anual, desde que expressamente autorizado pela Lei de Diretrizes
Orçamentárias.
d)Só é válido o pagamento de uma determinada despesa se efetuado após a regular liquidação
dela.
e)O empenho de uma despesa corresponde à verificação do direito adquirido pelo credor, tendo
por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.

13) No que concerne à classificação da receita pública, julgue os itens a seguir.

a)As receitas correntes são as que não provêm da alienação de um bem de capital ou que não
estejam, na lei, definidas como de capital.
b)Receitas públicas que estejam, por ato do poder público, vinculadas à realização de despesas
correntes são consideradas receitas de capital.
c)As receitas de capital provêm da alienação de bens de capital, da obtenção de empréstimos e
das amortizações de empréstimos concedidos.
d)As categorias econômicas das receitas públicas podem ser distribuídas por fontes e subfontes,
podendo chegar a um maior detalhamento, dependendo das necessidades de informação do
órgão arrecadador.
e)As receitas tributárias são uma das fontes das receitas correntes.

14) Estágios da receita pública são as etapas consubstanciadas nas ações desenvolvidas e
percorridas pelos órgãos e pelas repartições encarregados de executá-las. Em relação a esse
tema, julgue os itens seguintes.

a)Os três estágios da receita pública são: previsão, lançamento, e arrecadação e recolhimento,
nessa ordem.
b)Os estágios da receita pública devem ser percorridos tanto pelas receitas orçamentárias quanto
pelas receitas extraorçamentárias.
c)O estágio correspondente à previsão configura-se com a edição legal do orçamento.
d)Existem determinadas receitas tributárias, como o imposto sobre a renda de pessoas físicas,
em que o estágio do lançamento não é percorrido.
e)A arrecadação é o ato que se relaciona com a entrega de valores, pelos agentes
arrecadadores, ao Tesouro Público.

15) A respeito da classificação funcional-programática da despesa pública, julgue os itens abaixo.


a)Programas e subprogramas típicos são aqueles que se apresentam classificados dentro da
função governamental que melhor caracteriza suas ações.
b)Programas exclusivos são aqueles que se caracterizam por ações que somente poderiam ser
classificadas em uma única ação governamental.
c)Alguns projetos, quando de seu término, podem ensejar a criação de uma nova atividade no
âmbito da administração orçamentária.
d)A discriminação ordenada da despesa pública, na classificação funcional-programática, visa
conjugar as funções do governo com os programas e subprogramas a serem desenvolvidos.
e)Se houver necessidade, podem-se conjugar programas de diversas áreas com as funções que
possibilitem a identificação dos seus objetivos, mesmo que essa não expresse a melhor
caracterização de suas ações.

16) A despesa orçamentária deve ser processada em estágios. A respeito de tais estágios, julgue
os itens a seguir.

a)A fixação é, em realidade, o primeiro estágio da despesa orçamentária, a qual é cumprida por
ocasião da edição da Lei do Orçamento.
b)No empenho da despesa, fica criada, para o Estado, a obrigação de pagamento,
independentemente de quaisquer condições.

112
c)É válido o empenho da despesa que exceder o limite dos créditos concedidos por meio de
créditos especiais.
d)Sendo conseqüência da liquidação a emissão de ordem de pagamento, quando a autoridade
competente determina que a despesa seja paga, a realização da despesa deve ser considerada
como ocorrida com a sua liquidação e não com o seu pagamento.
e)O pagamento da despesa poderá ser efetuado antes de sua regular liquidação, em casos
excepcionais, por meio da efetivação de adiantamentos.

17) Existem ocorrências especiais na execução da despesa pública, tais como os suprimentos de
fundos e os restos a pagar. A respeito desse assunto, julgue os itens a seguir.
a)O suprimento de fundos é a modalidade de realização de despesa por meio de adiantamento
concedido a servidor, para posterior prestação de contas, quando o pagamento da despesa não
for realizável mediante a utilização da rede bancária.
b)A entrega do numerário ao servidor, relativa a suprimento de fundos concedido, não será
precedida do empenho respectivo, o que somente será efetuado quando da prestação de contas.
c)A legislação proíbe, expressamente, a concessão de suprimentos de fundos a servidor
declarado em alcance e a responsável por dois suprimentos.
d)Os restos a pagar representam as despesas empenhadas, pendentes de pagamento na data do
encerramento do exercício financeiro, inscritas contabilmente como obrigações a pagar no
exercício subseqüente.
e)Toda despesa empenhada e liquidada é passível de inscrição em Restos a Pagar -
Processados, enquanto que as despesas empenhadas, mas não-liquidadas, somente são
passíveis de inscrição em Restos a Pagar – Não Processados, se forem atendidas determinadas
condições.

18) A propósito dos créditos adicionais, julgue os itens abaixo.

a) Sua existência deveria ser de caráter meramente excepcional, haja vista o processo integrado
de planejamento e orçamento.
b) São também denominados créditos suplementares e classificam-se em especiais e
extraordinários.
c) Créditos especiais são aqueles destinados a despesas urgentes ie imprevistas, em caso de
guerra, comoções intestinas ou calamidades públicas, para as quais não haja dotação
orçamentária sequer na reserva de contingência.
d) Créditos extraordinários são aqueles destinados ao reforço de dotações orçamentárias.
e) Os créditos adicionais terão vigência no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo
quando a autorização for promulgada nos quatro últimos meses daquele exercício, caso em
que poderão ser reabertos, até o limite de seus saldos, para incorporação ao orçamento do
exercício financeiro subsequente.

Acerca do tratamento dado pelas normas aos princípios orçamentários e à receita, julgue os itens
subseqüentes.

19) Considere a seguinte situação hipotética. Um parlamentar apresentou projeto de lei na


Câmara Legislativa que adicionava um ponto percentual na alíquota geral do ICMS e destinava o
produto da arrecadação adicional ao financiamento de programa habitacional destinado a pessoas
de baixa renda. Nessa situação, a proposição tem amparo legal, cabendo aos integrantes da
Câmara Legislativa considerar o mérito da proposta, bem como a oportunidade de aumentar ainda
mais a carga tributária.

20) Considere a seguinte situação hipotética.


Uma receita cujo fato gerador tenha ocorrido em 2000 e que tenha sido lançada em 2001,
arrecadada em 2002 e recolhida em 2003, de acordo com a Lei n.o 4.320/1964, pertence ao
exercício de 2003.

113
21) A lei de orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito, nas
suas diversas modalidades: em razão de mútuo, pela emissão de título ou por antecipação da
receita orçamentária.
22) Segundo a doutrina e o ordenamento jurídico-constitucional pátrios, a lei orçamentária é
informada por um amplo e fundamental conjunto de princípios. Acerca desse tema, julgue os itens
que se seguem.

a) Os basilares princípios da universalidade e da exclusividade, expressamente previstos no texto


constitucional, implicam, respectivamente, que o orçamento deve conter todas as receitas e
despesas, inclusive a dos Poderes, fundos, órgãos
e entidades da administração direta e indireta, e que o orçamento não conterá dispositivo estranho
à previsão da receita e à fixação da despesa, não incluídas nessa proibição as hipóteses definidas
na própria Constituição da República.

b) O princípio constitucional da economicidade, vinculado à idéia de justiça orçamentária e


informando, simultaneamente, o orçamento e o controle da sua execução, expressa a idéia de que
a receita orçamentária prevista deve ser gerida com o fim precípuo de produzir o máximo possível
de bens e serviços públicos, caracterizando-se como a justa adequação entre as duas vertentes
das finanças públicas, inserindo-se, do ponto de vista do controle externo, no amplo e relevante
contexto da fiscalização material da gestão pública.

c) O princípio da não-vinculação ou da não-afetação da receita, positivado no texto constitucional,


veda a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, admitindo, todavia, algumas
exceções, expressamente definidas, a essa
regra geral.

d) O basilar princípio constitucional da publicidade dos atos administrativos não se aplica,


expressamente, ao orçamento público.

e) O princípio do equilíbrio orçamentário, considerado, em uma concepção clássica, como o


verdadeiro princípio fundamental dos orçamentos públicos, está expressamente previsto na
Constituição da República.
QUESTÃO 21
23) Com relação à execução orçamentária e à luz da Constituição da República e da Lei n.º
4.320/1964, julgue os itens abaixo.

a) A liquidação da despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado
obrigação de pagamento, pendente ou não de implemento de condição.
b) É ilegal a realização de uma determinada despesa não empenhada, mesmo que se proceda ao
empenho dela imediatamente após a sua realização.
c) Uma vez reconhecida a notória repercussão institucional e a urgente necessidade de um
programa governamental na área social, este pode ser iniciado independentemente de sua
inclusão na lei orçamentária anual, desde que expressamente autorizado pela Lei de Diretrizes
Orçamentárias.
d) Só é válido o pagamento de uma determinada despesa se efetuado após a regular liquidação
dela.
e) O empenho de uma despesa corresponde à verificação do direito adquirido pelo credor, tendo
por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.

Texto I - Diz a sabedoria popular: quem gasta o que ganha é imprudente; quem gasta mais do que
ganha é irresponsável. Esse adágio bem representa o objetivo maior da Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) brasileira, que é o de impor sérios limites aos gastos governamentais e manter sob
controle rígido as finanças públicas. Essa lei estrutura-se em quatro pilares: planejamento,
transparência, controle e responsabilidade. O planejamento contempla o estabelecimento de
metas, limites e condições para a gestão de receitas e despesas públicas e para a assunção de
dívidas. A transparência e a ampla divulgação dos dados da gestão fiscal mediante a publicação

114
de relatórios e a divulgação de dados por meio eletrônico. O controle pressupõe o
acompanhamento de metas, limites e condições previamente planejadas. A responsabilidade
implica a apenação dos agentes em caso de descumprimento desses parâmetros.
QUESTÃO 9
24) Considerando o texto I, julgue os itens a seguir, acerca da LRF.

a) As disposições da LRF obrigam a União, os estados, o DF e os municípios, e alcançam,


nesses entes políticos, o Poder Executivo, o Poder Legislativo, o Poder Judiciário e o Ministério
Público, restando fora de sua abrangência apenas os tribunais de contas, pois são os entes
responsáveis pelos controles estabelecidos.
b) A LRF, disciplinando o planejamento fiscal, determina que o projeto de lei de diretrizes
orçamentárias deverá conter o Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas
anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e
primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois
seguintes.
c) A transparência será assegurada pela ampla divulgação dos planos, orçamentos e leis de
diretrizes orçamentárias, prestações de contas e respectivo parecer prévio, Relatório
Resumido da Execução Orçamentária e Relatório de Gestão Fiscal. Contudo, a LRF deixou de
incentivar a participação popular durante o processo de elaboração e discussão dos planos e
das leis orçamentárias.
d) Segundo a LRF, é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal,
incluídos os contratos de terceirização de mão-de-obra que se refiram à substituição de
servidores ou empregados públicos, expedido nos 180 dias anteriores ao final do mandato do
titular do Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário, assim como do Ministério Público.
e) Cabe aos tribunais de contas apreciar as contas anualmente prestadas pelo chefe do Poder
Executivo, as quais incluirão as contas dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do
chefe do Ministério Público, que receberão parecer prévio separado, vedada a entrada desses
tribunais em recesso enquanto existirem contas pendentes do mencionado parecer prévio.
QUESTÃO 10
25) Ainda considerando o assunto apresentado no texto I, julgue os itens subseqüentes.

a) A LRF prevê que, se for verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita não
comportará o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal, os Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes
necessários, nos trinta dias subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira,
segundo os critérios fixados na lei de diretrizes orçamentárias, estando o Poder Executivo
autorizado a restringir os valores financeiros se os demais poderes e o Ministério Público não
promoverem essa limitação no prazo estipulado, tendo o STF, em sede de ADIn, confirmado a
eficácia dessa disposição legal.
b) O STF deferiu pedido de medida cautelar, em sede de ADIn, suspendendo os efeitos do
dispositivo da LRF que estabelece repartição dos limites globais de despesa com pessoal entre
os poderes, nas esferas federal, estadual e municipal, sob o argumento de que a Constituição
da República não autoriza a imposição de limites de despesa por Poder, mas apenas por
esfera de governo.
c) O STF indeferiu pedido de medida cautelar contra dispositivo da LRF que veda a realização de
transferências voluntárias para o ente político que se revelar negligente com a arrecadação de
seus próprios impostos, por considerar que esse dispositivo não é incompatível com as
restrições constitucionais que vedam a retenção dos recursos atribuídos aos estados, ao DF e
aos municípios.
d) A previsão da receita pública constitui requisito essencial da responsabilidade na gestão fiscal,
devendo observar as normas técnicas e legais, a variação do índice de preços e o crescimento
econômico, além de ser acompanhada de demonstrativo de sua evolução nos últimos três
anos, da projeção para os dois anos seguintes àquele a que se referirem e da metodologia de
cálculo e das premissas utilizadas.
e) O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das
despesas de capital constantes no projeto de lei orçamentária, não sendo admitidas exceções.

115
QUESTÃO 11

26)A receita pode ser classificada por categorias econômicas ou por fontes de recursos. No que
tange às categorias econômicas, marque a alternativa incorreta:
a)São categorias econômicas as receitas correntes e de capital
b)São receitas públicas derivadas: as receitas tributárias, de contribuições e de taxas de serviços
c)As receitas originárias são produzidas pelos ativos do próprio poder público e decorrem do poder
coercitivo do Estado
d)serão classificadas como receita orçamentária, sob rubricas próprias, todas as receitas
arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no
orçamento.
e)As receitas de capital são denominadas receitas por mutações patrimoniais.

27)Com relação às receitas públicas não é correto afirmar que:


a)a receita púbica efetiva é aquela em que os ingressos não representam obrigações do ente
público e por isso alteram a situação líquida patrimonial.
b)a receita pública não-efetiva é aquela em os ingressos de disponibilidades de recursos foram
precedidos de registro do reconhecimento do direito e por isso não alteram a situação líquida
patrimonial.
c)na codificação orçamentária da receita segundo sua natureza o 5º nível indica a subalínea
d)as receitas não financeiras são oriundas de tributos, contribuições, patrimoniais, agropecuárias,
serviços, industriais, enquanto as receitas financeiras são oriundas de aplicações financeiras,
operações de crédito e alienação de ativos.
e)a receita corrente líquida é o somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais,
industriais, agropecuárias, serviços, transferências correntes e outras receitas correntes,
consideradas as deduções conforme o ente.

28) O registro do produto da venda de sucatas em conta de Passivo Financeiro para atender
durante diversos exercícios despesas de pronto pagamento da entidade, representa desrespeito ao
princípio
(A) da unidade.
(B) da anualidade.
(C)) da universalidade.
(D) do orçamento bruto.
(E) da não afetação.

29) Em sua fase ascendente, teoricamente, em cada unidade orçamentária a elaboração do


orçamento deve iniciar-se
(A) no gabinete de seu dirigente.
(B) nas unidades que integram o gabinete de seu dirigente.
(C) nas unidades imediatamente inferiores às que compõem o gabinete do seu dirigente.
(D) nas suas unidades de maior porte.
(E)) nas suas unidades de menor nível.

30) Constitui despesa pública de um exercício financeiro


(A) operação de crédito a ser resgatada no exercício.
(B) depósito recebido em caução como garantia de fornecimento.
(C) consignação retida em folha de pagamento de pessoal.
(D)) compra de móveis diversos para uso na unidade.
(E) despesa empenhada legalmente em período anterior.

31) A atual classificação funcional-programática segue a seguinte ordem:


(A) função, programa, subprograma e projeto ou atividade ou operação especial.
(B)) função, subfunção, programa e projeto ou atividade ou operação especial.
(C) função, subprograma, programa e projeto ou atividade ou operação especial.
(D) programa, função, subfunção e projeto e atividade.

116
(E) função, subfunção, programa, projeto e atividade.

32) As etapas a que se submetem as despesas, desde a fixação até seu pagamento, devem
necessariamente observar a seguinte seqüência:
(A) empenho, licitação, ordem de pagamento, liquidação.
(B) licitação, liquidação, empenho, ordem de pagamento.
(C) empenho, licitação, liquidação, ordem de pagamento.
(D) licitação, empenho, ordem de pagamento, liquidação.
(E)) licitação, empenho, liquidação, ordem de pagamento.

33) Consiste na verificação do direito adquirido pelo credor,


(A)) a liquidação. (B) a licitação. (C) o empenho. (D) a ordem de pagamento.
(E) a ordem de serviço.

34) Uma despesa de um exercício nele não processada, embora tivesse saldo suficiente, pode ser
atendida no exercício subseqüente por
(A) crédito especial.
(B) dotação para isso suplementada no exercício seguinte.
(C)) despesas de exercícios anteriores, após reconhecida.
(D) restos a pagar restabelecidos.
(E) dotação dessa mesma despesa, do exercício seguinte.

35) Por disposição legal, a responsabilidade por prejuízos causados à Fazenda Pública
decorrentes de atos praticados por subordinado é
(A) do ordenador da despesa, sempre.
(B) do ordenador da despesa, apenas salvo conivência.
(C) do ordenador da despesa e do subordinado, solidariamente, sempre.
(D)) deste, no que exorbitar das ordens recebidas.
(E) deste, sempre.

36) Nos projetos de investimento em imobilizado que, em função de sua natureza e características,
demandam períodos longos e requerem aplicações de recursos financeiros em montantes
significativos deve-se elaborar:
(A) fonte de financiamento a médio-prazo.
(B) fluxo de caixa.
(C)) orçamento de capital.
(D) método de avaliação de investimento.
(E) planejamento de curto prazo.

37) Quando da apuração do superávit financeiro, o balanço patrimonial do exercício anterior


indicava para o ativo financeiro o valor de $150 e para o passivo financeiro o de $70. No exercício
haviam sido reabertos dois créditos adicionais: um especial pelo saldo de $50, que havia sido
aberto com recursos de operação de crédito, do qual deixou de ser arrecadado no exercício
anterior o valor de $20; e um extraordinário pelo saldo de $28. Considerados esses dados, o valor
máximo do crédito adicional a ser aberto será
(A) $80. (B) $52. (C) $30. D)) $22. (E) $ 2.

38) As emendas ao projeto de lei do orçamento anual podem ser aprovadas se indicados os
recursos necessários provenientes de anulação de despesa, que podem incidir
sobre dotações para
(A) pessoal.
(B) encargos de pessoal.
(C) amortização da dívida.
(D) encargos da dívida.
(E)) transferências constitucionais não tributárias.

117
39) Os restos a pagar não processados, caracterizam-se por não terem sido objeto de
(A) protocolização.
(B) licitação.
(C)) liquidação.
(D) anulação de empenho.
(E) ordenação de pagamento quando empenhadas.

40) As despesas realizadas por meio de suprimentos são incluídas na tomada de contas do
ordenador da despesa
(A)) desde que por ele não impugnadas.
(B) quando por ele impugnadas.
(C) desde que ele assim decida.
(D) desde que o responsável pelo suprimento assim deseje.
(E) sempre.

41) A partir da Lei de Responsabilidade Fiscal, os limites globais de receita devem ser repartidos
sem que excedam, na esfera federal, para o Poder Judiciário e para o Poder Legislativo,
respectivamente,
(A)) 6% e 2,5% (B) 5% e 2,5% (C) 4% e 2% (D) 3% e 1,5% (E) 2% e 1%

42) Quando a despesa corrente derivada de lei fixa para o ente a obrigação legal de sua execução
por um período superior a dois exercícios, ela recebe o nome de despesa
(A) permanente com pessoal.
(B)) obrigatória de caráter continuado.
(C) de controle orçamentário obrigatório.
(D) continuada por permanência orçamentária.
(E) de obrigação orçamentária fundada.

GABARITO
01)B 10)ECCEE 19)E 28)C 37)D
02)E 11)EEECE 20)E 29)E 38)E
03)B 12)ECECE 21)E 30)D 39)C
04)C 13)CECCC 22)CCCEE 31)B 40)A
05)A 14)EECEE 23)ECECE 32)E 41)A
06)ECECE 15)CCCCC 24)ECECC 33)A 42)B
07)EEECC 16)CEECE 25)EECCE 34)C
08)CCEEC 17)CECCC 26)C 35)D
09)CEEEE 18)CEEEE 27)C 36)C

EXERCÍCIOS-ADM DE MATERIAIS

Em relação a Administração de Materiais julgue os itens abaixo.

1) Se o consumo médio anual de determinada unidade de estoque for de 800 unidades/ano e o


estoque médio for de 100 unidades, é correto dizer que a rotatividade média desse item de
estoque é de 8 vezes/ano.

2) O ponto de pedido é um método utilizado para identificar o limite máximo de estocagem de


determinado item de estoque.

3) O estoque máximo não pode ser superior à soma do estoque mínimo com o lote de compra.

4) Tempo de reposição é o prazo médio necessário para repor qualquer unidade de estoque,
contado a partir do seu consumo.

118
5) Uma empresa compra matéria-prima cinco vezes por ano, ao custo total anual de emissão de
pedido de R$20.750. Com base nessa informação, pode-se dizer que o custo de um pedido é
de R$4.150.

6) Se durante o ano de 2004 as entradas em estoque de um produto X perfizerem um somatório


de R$200.000 e o montante físico for de 20.000 unidades, o custo das mercadorias vendidas
será de R$10 por unidade caso seja utilizado o método da média ponderada fixa.

7) Caso o consumo de um determinado item seja de: 200, 300, 500, 400, 200 e 300 unidades nos
meses de Jan, Fev, Mar, Abr, Mai e Jun respectivamente, a previsão para o mês de Julho,
considerando um período de 4 meses, deverá ser superior a 350 unidades.

8) Uma empresa que utiliza o método FIFO na avaliação de seus estoques, realizou as seguintes
operações durante o mês de junho de 2004:

- no dia 05 adquiriu 100 unidades de um produto X por R$10,00 cada unidade


- no dia 10 adquiriu 120 unidades do mesmo produto X por R$15,00 cada unidade
- no dia 12 vendeu 160 unidades do produto
- no dia 20 adquiriu 180 unidades desse produto X por R$12,00 cada unidade e vendeu 60
unidades.
- No dia 30 vendeu 100 unidades.
Com base nessas informações o EF nos dias 20 e 30 era de respectivamente: R$900,00 e
R$960,00.

09)A administração de recursos materiais objetiva possibilitar um bom funcionamento da


organização por meio do suprimento de materiais que sejam fundamentais a seu pleno
desenvolvimento, não envolvendo, entretanto, a aquisição e a movimentação de material.

10)Objetivando o controle de estoques, é necessário determinar os itens que devem permanecer


em estoque e a periodicidade em que devem ser reabastecidos. Nesse controle, não é necessário
realizar inventários periódicos para a avaliação da quantidade e do estado dos materiais
estocados.

11)Um dos principais requisitos para um bom funcionamento do processo de compras de


determinada organização é a previsão das necessidades de suprimento.

12)Um dos principais dilemas da gestão e manutenção de estoques é a quantidade de material


mantido em estoque. Se, por um lado, um estoque elevado requer investimentos e grandes gastos,
por outro lado, diminui o risco de não ter satisfeita a demanda de consumidores dos produtos em
estoque.

13)No que se refere à seleção do número de fornecedores em determinado processo de compras,


é correto dizer que uma das principais vantagens em situações de compra de muitos fornecedores
é o maior grau de liberdade de opção na escolha dos fornecedores.

14)O nível de serviço ou nível de atendimento é o indicador de quão eficaz foi o estoque para
atender às solicitações dos usuários..

15)Um dos objetivos da administração de estoques é otimizar o investimento em estoques por


meio da maximização das necessidades de capital investido.

16)As decisões a respeito dos volumes de estoque devem considerar as metas organizacionais
quanto aos prazos de atendimento dos pedidos dos clientes.

17)Os custos de armazenagem ocorrem quando há grandes quantidades de materiais em estoque


por longo tempo de permanência.

119
18)As decisões de compra podem interferir no nível de competitividade da empresa no mercado.

19)Um bom negociador de compras deve desenvolver alternativas criativas que vão ao encontro
das necessidades do fornecedor.

20)Na administração de compras, a negociação, o surgimento de novos fornecedores do mesmo


material, o aumento da quantidade comprada, o surgimento de materiais similares com a mesma
qualidade são condições que permitem melhorar os preços ou as condições de compra.

21)Um dos grandes desafios da filosofia do just in time é harmonizar a velocidade de entrada dos
itens de estoque com a velocidade de saída. Caso isso seja alcançado, os estoques podem
inclusive serem nulos. Diante do exposto, é correto afirmar que a gestão do fluxo de entrada é
função de compras e a gestão do fluxo de saída é função das vendas. Na fábrica quem harmoniza
os dois fluxos é o PCP (planejamento e controle da produção).

22)A função compras inicia-se com a identificação e a seleção de fornecedores habilitados a


atender as necessidades referentes a prazo, quantidade e qualidade do cliente.

23)Atender aos clientes na hora certa, com a quantidade certa e requerida, tem sido o objetivo da
maioria das empresas. Desse modo é correto afirmar que a rapidez e presteza na distribuição das
mercadorias assumem cada vez menos importância na obtenção da competitividade, pois o que o
cliente busca é principalmente qualidade e preço.

24)Ballou, um dos mais respeitados gurus da logística, em 1978 ressaltou a importância dessa
ferramenta na administração de materiais. Nesse contexto, atenção especial deve ser dada aos
inventários. Para Ballou os estoques devem ser mantidos com o objetivo de melhorar o serviço ao
cliente, gerar economia de escala, proteger a empresa contra mudanças de preços em tempo de
inflação alta, proteger contra incertezas na demanda e no tempo de entrega, além de proteger
contra contingências.

25)Os estoques tem a função de funcionar como reguladores do fluxo de negócios de uma
empresa.

26)Os custos de manter estoques podem ser classificados em três grandes categorias: custos
diretamente proporcionais aos estoques; inversamente proporcionais aos estoques e
independentes da quantidade estocada. Desse modo os custos inversamente proporcionais são
aqueles que aumentam com a diminuição do estoque médio.

27)Os estoques são constituídos de bens destinados à venda, ou à produção, vinculados aos
objetivos da empresa. Nesse sentido pode-se afirmar que as matérias-primas são bens que no
todo ou parcialmente, irão fazer parte do produto acabado e no conjunto dos diversos tipos de
estoques são os de menor liquidez.

28)Os insumos, embora não integrem o produto final, são imprescindíveis ao processo produtivo.

29)Os produtos acabados apresentam como característica principal o fato de já estarem prontos
para a venda e como consequência nas empresas comerciais representam elevados volumes de
investimentos. Além disso, apresentam baixa liquidez, pois independem de transformação.

30)Os estoques mantidos para superar os imprevistos que podem acontecer nos processos de
fornecimento, produção e vendas apresentam um caráter especulativo e quando ocorrem
perspectivas de aumentos de preços as empresas tendem a aumentar o seu volume. Essa decisão
deve ser momentânea e considerar a relação custo-benefício.

120
31)Os custos vinculados aos estoques estão classificados em três diferentes categorias: custos de
manter, comprar ou repor e de faltar estoque. Os custos associados à manutenção são aqueles
relativos a custos do capital, armazenagem, seguros, perdas, controle e desuso. Já os custos de
comprar estão associados principalmente à falta de estoque, diminuindo assim o poder de
barganha junto aos fornecedores.

32)Produtos customizados, que são produzidos dentro das especificações definidas pelo cliente,
requerem maiores volumes de estoques de partes e componentes do produto final, justamente
para atender com rapidez às expectativas do cliente.

33)A duração do ciclo de produção influi também na decisão do volume de estoques. Desse modo,
produtos que têm longos ciclos de produção tendem a exigir menores volumes de estoques e,
consequentemente, menores investimentos em estoques.

34)Várias áreas organizacionais da empresa têm vinculação com a administração de estoques.


Cada área, em princípio, está voltada para um diferente tipo de estoque e, consequentemente, com
atenção concentrada no tipo de estoque de sua responsabilidade. Pode-se então afirmar que a
área de produção tem a tendência de desejar grandes volumes de estoque para atender bem às
suas atividades, enquanto a área de finanças tem a tendência de demandar esforços com o
objetivo de minimizar todos os tipos de estoques, conflitando inclusive com a área de marketing
que tem grande interesse em manter estoques suficientes para que as vendas não sejam
prejudicadas por falta de estoques.

35)Empresas compradoras e fornecedoras devem se tornar verdadeiros parceiros em suas


atividades, porque o relacionamento, quando é transparente, tende a se estabelecer por longos
períodos.

36)Embora as parcerias sejam importantes, é preciso manter-se a par de como o mercado está
atuando, porque as relações comerciais, mantidas por longo tempo, podem incorporar vícios
prejudiciais a um dos parceiros. Verificadas as alterações nas condições do mercado, os parceiros
devem dialogar visando à devida adequação de seu relacionamento.

37)A área de compras tem a responsabilidade de solidificar as parcerias e, até mesmo, fazer ver
aos fornecedores o alcance desse procedimento.

38)As empresas devem definir políticas simples para seus procedimentos de compras e que
tragam resultados eficazes como, por exemplo, manter atualizado o cadastro de fornecedores de
bens e serviços, manter o histórico do relacionamento com os fornecedores no qual constarão os
preços e condições de negociação, além do registro de ocorrências técnicas e comerciais, como
recusa de produtos, procedimentos irregulares em cobrança, etc.

39)A pesquisa de novos fornecedores e de novos produtos também é atividade que a área de
compras deve desenvolver em conjunto com a área de produção.

40)Em termos de procedimentos, a área de compras interage permanentemente com a área


financeira, recebendo desta as orientações referentes ás formas de negociação de volumes de
compras, prazos para pagamentos e descontos por antecipação de pagamentos.

41)Quando o fluxo de caixa da empresa for superavitário deve-se negociar bons descontos para
pagamento à vista e quando for deficitário a orientação deve ser votada para a obtenção de bons
prazos de pagamento e menores volumes de compras.

42)As negociações com fornecedores, em termos de prazos, não devem considerar as políticas de
comercialização da empresa, pois o que define as negociações são os prazos de pagamento, que
de modo geral devem ser iguais aos oferecidos aos clientes.

121
43)Na administração de materiais, uma das preocupações básicas deve ser relacionada com o
controle de estoques. Do ponto de vista econômico-financeiro, os controles visam verificar se os
valores registrados estão bem avaliados, pois são eles que irão compor a estrutura de custos que
definirá os resultados de lucro ou prejuízo da empresa.

44)O método de controle de estoque conhecido como faixa vermelha é simples de ser aplicado e
no momento em que os produtos colocados em uma caixa atingirem a faixa vermelha, uma nova
encomenda deverá ser feita.

45)Uma das técnicas bastante utilizadas para se determinar as quantidades a serem adquiridas de
um determinado produto é o LEC (lote econômico de compra). Se uma empresa consumir
mensalmente 250 unidades de um produto e o LEC for de 200 unidades, pode-se concluir que o
estoque médio será de 100 unidades e por mês serão feitas 1,25 encomendas observando um
intervalo de 24 dias.

46)O método do ponto de reencomenda indica em que nível de estoque deve ser feita nova
encomenda. Por esse método, que considera o tempo necessário entre a efetivação da compra e o
recebimento dos produtos, define-se o momento da nova encomenda.

47)Se no dia 10 de Janeiro forem realizadas compras de 100 unidades de um produto X a 20,00
cada; no dia 12 forem adquiridas 200 unidades do mesmo produto a 15,00 e ainda forem vendidas
250 unidades desse produto, é correto afirmar que usando o método LIFO o estoque final no dia 20
de janeiro será de R$1.144 após duas compras consecutivas de 200 e 100 unidades no dia 19 de
janeiro, por respectivamente R$18 e R$25 e uma venda de 292 unidades no último dia antes da
avaliação.

48)Quando se utiliza o método de avaliação de estoques conhecido como FIFO, é correto dizer
que o EF (estoque final) será superior ao valor do estoque quando se utiliza o método do Custo
médio.

49)O método de avaliação de estoques LIFO é indicado para fins gerenciais porque apresenta
resultados mais realistas, no entanto apresenta uma deficiência: para períodos de inflação não é
recomendado, pois os lucros ficam subavaliados e também o estoque final, reduzindo assim o valor
tributável.

Tendo em vista a administração de recursos materiais, julgue o item que se segue.


50)O giro dos estoques mede quantas vezes por unidade de tempo o estoque se renovou ou girou
e pode ser medido através da relação estoque médio no período pelo custo das mercadorias
vendidas.

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 1 1 2 2 2 2 2 25
8 9 0 1 2 3 4
C E C E C C E E E E C C C C E C C C C C C C E C C
26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 4 4 4 4 4 4 4 50
3 4 5 6 7 8 9
E C C E E E C E C C C C C C C C E C C C C C E E E

122

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