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FASE ESTÁVEL DA DPOC

Apenas três intervenções – cessação do tabagismo, oxigenoterapia para pacientes com hipoxemia crônica e cirurgia
de redução do volume pulmonar em pacientes selecionados com enfisema – mostraram-se capazes de influenciar a
história natural dos pacientes com DPOC.
Atualmente existem evidências sugestivas, porém não definitivas, de que o uso de glicocorticoides inalatórios pode
alterar a mortalidade (porém não a função pulmonar).
Tto dpoc
Apesar de não existir um tratamento curativo para a DPOC
Tratamento farmacológico pode melhorar e prevenir os sintomas, reduzir a frequência e a gravidade das
exacerbações, melhorar a condição da saúde e aumentar a tolerância aos exercícios.9
Terapias focadas na cessação do tabagismo, com aconselhamento intensivo, uso de antidepressivos e reposição de
nicotina são efetivas em pacientes com DPOC, reduzindo, a longo prazo, em 15% a mortalidade total nesses
pacientes
A suplementação domiciliar de oxigênio reduz a mortalidade em pacientes com hipoxemia crônica em repouso C.
Fora do âmbito ambulatorial, as intervenções que reduzem mortalidade são a ventilação não invasiva (VNI) em
pacientes hospitalizados com agudização de insuficiência respiratória
cirurgia redutora de volume pulmonar em um grupo seleto de pacientes graves com predomínio de enfisema nos
lobos superiores e pobre capacidade funcional (RRR=53%; NNT=13 em 29,2 meses).20
As metas do tratamento da DPOC incluem desacelerar a progressão da doença, aliviar os sintomas, aumentar a
tolerância ao exercício físico, melhorar a condição de saúde, prevenir e tratar as complicações, prevenir e tratar as
exacerbações, reduzir a mortalidade e prevenir ou minimizar os efeitos colaterais provenientes do tratamento.9
Tais metas podem ser alcançadas por meio da implementação de um programa de manejo da DPOC composto por
quatro componentes: → Avaliação e monitorização da doença. → Redução dos fatores de risco. → Manejo da DPOC
estável. → Manejo das exacerbações.

Tto farmacológico
Broncodilatadores
tratamento sintomático da DPOC
β2-agonistas, anticolinérgicos e metilxantinas.
via de escolha preferencial deve ser a inalatória, por providenciar ação direta do fármaco nas vias aéreas e
apresentar menor índice de eventos adversos.
Os anticolinérgicos de curta duração, assim como os β2-agonistas, promovem melhora da função pulmonar e
aumento da capacidade para o exercício C.
O anticolinérgico de longa duração (tiotrópio) é efetivo na melhora sintomática e da qualidade de vida A, além de
estar associado a menor número de exacerbações (NNT=4/ano) A e de hospitalizações A.
As metilxantinas são consideradas fármacos de terceira linha na DPOC, porém são úteis quando há necessidade de se
associar um terceiro fármaco aos broncodilatadores de longa ação β2-agonistas e anticolinérgicos. Elas promovem
melhora sintomática, aumentam a capacidade funcional e diminuem exacerbações B, mas estão associadas a
aumento importante de eventos adversos, como náuseas, diarreia, irritabilidade e, em alguns casos, convulsões e
arritmias A.Deve-se dar preferência pelas orais que possuem 12 horas de duração, como a teofilina e a bamifilina.
Com o advento dos broncodilatadores de ação mais prolongada, tem-se considerado que uma broncodilatação ainda
mais sustentada reduziria a variabilidade do fluxo na via aérea com resultados positivos em desfechos clínicos. Nesse
sentido, o indacaterol é um novo β2-agonista considerado de duração ultralonga (superior a 24 horas), promovendo
broncodilatação sustentada com administração uma vez ao dia. Comparado aos β2 de longa duração, o indacaterol
resulta em aumento da capacidade pulmonar, melhora sintomática e redução no uso de broncodilatador de curta
ação de resgate.
Corticoide

Os corticoides inalados- Apesar de terem benefício demonstrado, sua relevância clínica é pouco expressiva.
Promovem melhora discreta na capacidade pulmonar e nos sintomas de dispneia C,58-60 mas não reduzem a
progressão da DPOC B.58
uso crônico dos corticoides, pois podem provocar monilíase orofaríngea, estrias na pele, glaucoma, osteoporose,
necrose asséptica de cabeça de fêmur, fácies cushingoide, diabetes melito, etc. Esses efeitos são dose-dependentes e
mais comumente associados ao uso de corticoide por via oral. Em relação a eventos adversos quando usados pela via
inalatória, não parecem ter impacto importante na perda de massa óssea, mas aumentam o risco de pneumonia e de
candidíase oral B.58,64 Deve-se orientar o paciente a lavar a boca para prevenir a ocorrência de monilíase oral ou
faríngea. Devido aos efeitos adversos, o tratamento a longo prazo com corticoides orais não é recomendado,65,66
embora haja evidência de seu benefício com o uso curto (7 a 10 dias) em exacerbações da DPOC

Outras intervenções
A vacina contra gripe reduz exacerbações em pacientes com DPOC C
A vacinação contra pneumococo, adicional ou não à vacinação contra influenza, reduz a incidência de exacerbações
C, tem mostrado diminuir a hospitalização por pneumonia e uma possível redução de mortalidade geral D.

Os antibióticos não são recomendados, exceto para tratamento de exacerbações infecciosas bacterianas agudas e
outras infecções bacterianas.
Os agentes mucocinéticos (mucolíticos, mucorreguladores) teriam o benefício teórico de reduzir a viscosidade da
expectoração e sua adesividade na via aérea, favorecendo sua eliminação (ambroxol, carbocisteína, glicerol iodado).
Uma revisão sistemática sugere benefício em pacientes com exacerbações frequentes, reduzindo em 21% sua
ocorrência (NNT=25 para uma exacerbação em um mês) D.73 Entretanto, as evidências para esse grupo de pacientes
são mais consistentes para os corticoides inalados. Os mucolíticos, portanto, podem ser tentados em pacientes com
tosse e expectoração crônica, sendo mantidos caso haja melhora sintomática (p. ex., redução na frequência de tosse
e produção de catarro),9 mas não devem ser rotineiramente utilizados para prevenir exacerbação em pacientes
estáveis.

Tratamento não farmacológico


O tratamento não farmacológico da DPOC estável inclui reabilitação pulmonar, oxigenoterapia, suporte ventilatório
não invasivo e intervenções cirúrgicas.

Todos os pacientes com DPOC se beneficiam de programas de exercícios físicos, melhorando a tolerância aos
exercícios, a dispneia e a fadiga.
A oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP), com administração de oxigênio durante no mínimo 15 horas diárias,
para pacientes com insuficiência respiratória crônica, prolonga a sobrevida dos pacientes com DPOC C.
o uso de oxigênio contínuo, comparado apenas ao seu uso noturno, possui impacto ainda maior em termos de
redução de mortalidade (RRR=43%; NNT=6 em dois anos) C.
Recomenda-se que, à prescrição de oxigênio durante o dia em repouso, adicione-se 1 litro a mais para uso noturno.
Tratamento cirúrgico
Os tratamentos cirúrgicos são representados pela bulectomia, pelo transplante de pulmão e pela cirurgia de redução
do volume pulmonar (CRVP), devendo ser considerados em pacientes cuidadosamente selecionados.
A bulectomia é um procedimento cirúrgico antigo indicado para remoção de grandes bolhas enfisematosas que
comprimem o parênquima adjacente. Capacidade difusiva pulmonar normal ou pouco alterada, ausência de
hipoxemia significativa e demonstração de redução regional da perfusão sanguínea com boa perfusão no restante do
parênquima são indicações de benefício com essa cirurgia.
A CRVP é um procedimento de ressecção de regiões enfisematosas do tecido pulmonar, visando melhorar a
mecânica ventilatória dos músculos respiratórios e aumentar a capacidade de recolhimento elástico do parênquima
remanescente, melhorando os fluxos expiratórios. É indicada para pacientes com predomínio de enfisema em lobos
superiores e baixa capacidade funcional (<40 watts em teste de exercício incremental).
O transplante pulmonar demonstrou ser capaz de melhorar a qualidade de vida e a capacidade funcional em
pacientes selecionados, embora ainda existam dúvidas quanto à sobrevida dos pacientes após dois anos. Os critérios
para referenciar para transplante pulmonar são VEF1 < 35% do previsto, PaO2 < 55 a 60 mmHg, PaCO2 > 50 mmHg e
hipertensão pulmonar secundária.
Exacerbação

O reconhecimento de uma exacerbação deve ser considerado um evento-sentinela, sinalizando a necessidade de


iniciar ou aperfeiçoar o tratamento de manutenção da doença, buscando redução de morbidade, incapacidade e,
provavelmente, mortalidade.

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