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A Concepção Atual
seres humanos vivem em grupos sociais, logo todos são socializados. Em termos
práticos, torna-se ininteligível tal processo, pois se todos os indivíduos passam por um
cotidiano é que as pessoas são diferentes. Cada pessoa é única. Em síntese, todos
passam pelo processo de socialização, mas cada um tem uma forma única de ser. Como
este indivíduo seja inserido neste grupo é que tenha uma vida em comum com o
econômicos que influenciaram na construção dessa sociedade. Sabe-se que estes valores
variam de uma sociedade para outra, diferenciando assim, a formação de cada uma
universal, porém há uma variação no corpo social em que ele é inserido. Sendo assim,
as normas interiorizadas não são as mesmas, irão variar de acordo com a sociedade em
cooperativas entre crianças. Nota-se neste estudo que o regime social de cada sociedade
conceito varia na relevância de seus fatores pelo fato do processo de socializar diferir
delas pessoas mais aptas ou menos aptas para lidarem com o meio social e exercerem
papéis sociais.
Papalia e Olds (1981) e outros teóricos contemporâneos que não faziam referências às
deste processo, pois a mãe é a pessoa que vive com a criança a primeira relação
Institucionalização e Formação do Eu
(1978), observaram que o ser humano é um animal que nasce biologicamente imaturo,
pois o seu desenvolvimento ontogenético - desde o nascimento até a maturação para
humano ainda está em crescimento quando se encontra já em relação com seu meio
ambiente, o que nos faz pensar na influência do meio na formação do sujeito. Além do
meio natural, o meio ambiente é composto por outros seres vivos, sobretudo humanos,
inseridos num mesmo contexto sócio-cultural, e o contato com eles faz com que o
indivíduo se forme em um ambiente natural com uma ordem social e cultural específica.
cada cultura. Embora os impulsos sexuais sejam iguais, a escolha do objeto para
com o meio em que o indivíduo está incluído. Nota-se, assim, que o homem tem uma
criado pelo próprio homem - terá significativa influência na direção e especialização dos
experiências sócio-culturais.
processos sociais de uma determinada cultura e também por aspectos psicológicos que
1978).
cultura, que dirigem os impulsos do homem biológico. Formam-se, assim, pessoas com
uma tipificação recíproca de conduta, pois cada indivíduo tem seu comportamento
específico, que serve de modelo para o outro, além de tornar-se conhecido para este.
Inicia-se a institucionalização, existindo assim uma rotina habitual e certa, onde cada
um é capaz de predizer as ações do outro. Desta forma, as atitudes pessoais não são
mais fontes de observação e atenção, elas passam a ser naturais e, ao nível de rotina,
criam espaço para inovações, construindo assim o mundo social, no qual as pessoas
interagem e atuam separadamente. O dito acima retrata uma interação dual. Supondo-se
a entrada de uma terceira pessoa nessa interação, ela receberá a comunicação original.
Os hábitos e tipificações dos dois primeiros passam a ser instituições históricas, pois já
são existentes; são experimentados como tendo realidade própria e são recebidos como
algo exterior e coercitivo, sendo assim qualificados como realidade objetiva. O mundo
objetivo é cristalizado no momento da transmissão e não pode mais ser modificado com
tanta facilidade pelos membros do grupo institucional. Há uma diferença marcante nesta
cristalização; os dois primeiros membros têm uma realidade transparente, porque eles a
formaram, o terceiro e outros que vierem a participar desta instituição, têm uma
realidade opaca. Ao tomar como exemplo a instituição familiar, observa-se que os pais
nascerem, recebem pronto. Para os filhos, este é o mundo, e não um mundo entre outros,
e, como não participaram da formação dele, é uma realidade objetiva, tal como a
natureza. Apenas desta maneira, como mundo objetivo, pode ser transmitido para outras
sua vez, é constituída com tipificações. Temos, assim, uma interação da tipificação de
da instituição em que ele vive, e, ao mesmo tempo, esta controla o seu comportamento,
vivido dentro da história objetiva da sociedade. O sujeito está incluído nas instituições
que existem e que funcionam como realidade exterior, tendo poder coercitivo sobre ele,
Para que o mundo institucional seja reconhecido, ele tem de ser explicado e
das normas institucionais. Pelo conhecimento teórico das instituições ele consegue
teórico, ou seja, conjunto de tudo aquilo que todos sabem: princípios morais, crenças,
que nele não se enquadrar é considerado como desvio da ordem institucional, tomando
caráter de afastamento da realidade. Este desvio pode ser encarado como doença mental,
tipo X de pessoa num grupo social com identidade e biografia específicas. Tais
subjetivo dos outros passa a ser significativo para o indivíduo, cuja primeira fase de
socialização ocorre na infância. Nessa fase ele é inserido num mundo social e absorve
quanto emocional, porque a criança interioriza papéis e atitudes dos outros que são
significativos para ela, e é somente com estes papéis e atitudes que é realizado o
necessário que a criança se identifique com o outro para que subjetive seus papéis e
atitudes. A identificação se dá com pessoas que tenham alto grau de significação para a
criança. A identidade não só se dá pela interiorização dos papéis dos pais ou outros que
os substituam, mas também através da forma como a criança é percebida por eles nesta
fase inicial do desenvovimento, o pai, a mãe ou outros que os substituam. Desta forma,
a fazer uma relação simétrica entre a realidade objetiva e a subjetiva. O que é realidade
externa é traduzido por interna. Há muito mais realidade objetiva do que realidade
subjetivada. Sendo assim, o indivíduo faz uma seleção do que será subjetivado em uma
totalidade de realidade objetiva em sua sociedade de acordo com o seu papel social e
figuras lhe são impostas, as regras do jogo são dadas pelos adultos e a criança tem que
significativo funciona com o mundo e não como um mundo entre outros. Devido a este
com dificuldade.
poderemos dizer que a socialização primária é uma realidade básica, com a qual a
1A expressão ‘socialização primária’ é utilizada por Luckman e Berger (1978) para fazer referência à fase inicial
de socialização no meio familiar.
secundária contrasta através de suas realidades parciais. A socialização secundária não é
comunicação entre os seres humanos para que ela exista. Posteriormente, havendo uma
relação uma afetividade que lembrará a infância. Observa-se que o conteúdo ensinado
necessários fortes choques ou traumas na vida para que haja esta desintegração, pois,
quer queira ou não, o indivíduo vive no mundo tal como foi definido pelos pais.
cotidiana, servem para reafirmar a realidade subjetiva do indivíduo; porém os pais são
É importante deixar claro que uma identificação com o coro pode afetar a
imagem fornecida pelos pais, assim como estes podem ter um efeito sobre o meio em
estão relacionadas com a situação social do indivíduo, embora os pais tenham papel
2A expressão “outros significativos” é utilizada por Luckman e Berger (1978) para fazer referência aos pais no
processo de socialização primárria.
Os grupos sociais em que o indivíduo é inserido no curso de vida, podem
significado da relação que o indivíduo tenha com este grupo, a realidade subjetivada
Para que haja uma ordem institucional é necessário haver tipificações de formas
têm sentido objetivo, que exige uma objetivação lingüística , havendo um vocabulário
específico que se refere a esta forma de ação. Assim, as ações objetivas podem ser
executadas por qualquer sujeito do tipo adequado. Estas tipificações sociais passam a
que a mãe está com a família, ela tem formas de ações comuns para o desempenho da
função de mãe naquele contexto. A objetivação lingüística ‘mãe’ é que se refere a esta
forma de ação. No momento em que um sujeito executa uma ação, embora existam
identificada com o executante daquela ação, pois outras partes estão implicadas em
outras ações. Em suma, quando o sujeito reflete sobre sua ação, ele estabelece uma
distância entre ele e a sua conduta, e a conduta pode ser conservada na consciência e
depreende que uma parte de sua consciência estrutura-se em função destas objetivações.
Este segmento forma o ‘eu social’, parte integrante do psiquismo, chegando muitas
atuante não existe como um indivíduo único, mas sim como um tipo de indivíduo.
Quando esta tipificação de ações passa a ser comum a uma coletividade, pode-se
ao incorporá-los, o mundo social torna-se subjetivamente real para ele. Os papéis são