Você está na página 1de 4

Algodão-do-campo {Cochlospermum regium (Mart.

ex Schrank) Pilger}

Esta planta é um recurso medicinal importante em algumas comunidades rurais brasileiras, principalmente nas regiões
Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste. Ela foi assunto da minha dissertação de mestrado e agora, finalmente, consegui
boas imagens pra podermos mostrar essa planta maravilhosa. O nome comum, algodão-do-campo ou algodãozinho-
do-campo, se dá em função da semelhança com o algodão comercial.
Descrição botânica: Subarbusto com até 2 metros de altura; raiz pivotante e muito espessa quando adulta (até 20 cm
de diâmetro); ramificado, com folhas alternadas simples e palmadas; as flores são amarelas e bem vistosas, no formato
de uma concha com 6 a 8 cm de diâmetro, dispostas em cachos no final dos ramos e com até 10 flores/cacho; cada flor
é composta por cinco pétalas de cor amarelo-vivo e com discretas pontuações marrom-avermelhado; as flores contém
numerosos estames curvados; os frutos são alongados, de coloração variando entre verde e castanho-escuro conforme
avança a maturação; as sementes são pequenas, de coloração preta e são envoltas por pequenas plumas, muito
semelhante ao algodão comercial.

Onde ocorre: É uma planta nativa da flora do Brasil e que ocorre naturalmente em quase
todos os estados da Nação, preferencialmente, em áreas de Cerrado. A planta é característica de áreas degradadas,
como beiras de estradas e clareiras abertas pelo desmatamento e revolvimento do terrenos. Já no ambiente natural é
encontrada, preferencialmente, em pequenas encostas de solo bastante pedregoso.

Usos: É uma planta de uso medicinal com inúmeras aplicações na medicina tradicional, principalmente, na confecção
de chás e garrafadas para “problemas de mulher”. A parte usada é a casca da raiz. Estudos fitoquímicos e
farmacológicos comprovam que a planta é rica em caempferol, uma molécula que confere à planta propriedades
antiinflamatória, analgésica, gastroprotetora e até antioxidante. Muitas plantas do gênero Cochlospermum (C.
tinctorium; C. planchonii e C. angolense) possuem ação antimalárica, fato que ainda necessita ser investigado em C.
regium.
Observação importante: o uso de plantas medicinais, assim como qualquer outro medicamento, requer sempre o
acompanhamento de profissionais de saúde especializados no assunto.
Mas além do uso medicinal, esta semana encontrei um planta de algodão-do-campo sendo cultivado em um
jardim. Desta forma, está aberta a possibilidade para o uso da espécie também como planta ornamental, considerando-
se a beleza de suas flores.

Algodão-do-campo cultivado em jardim.

Aspectos agronômicos: A propagação é feita por sementes que devem ser semeadas logo que colhidas (germinam
90%) ou entrarão em dormência e a germinação cairá drasticamente (menos de 10%). O substrato para germinação
pode ser areia, vermiculita ou uma mistura de ambos, para que fique leve e bem aerado. A germinação pode ser feita
em tubetes ou bandejas, preferencialmente, em ambiente protegido e com irrigação constante. As plantas não suportam
encharcamento, tão pouco falta de água. O germinação é rápida, mas o desenvolvimento das plantas é lento, levando
até 18 meses para estarem prontas para o plantio definitivo. No entanto, seu cultivo é simples e não demanda muitos
cuidados de manutenção. O cultivo é recomendando para regiões de temperaturas mais elevadas, preferencialmente,
onde não ocorram geadas frequentes.
Curiosidades: Esta planta logo após germinar e emitir raiz, inicia a formação de uma estrutura de reserva denominada
xilopódio, que nada mais é do que o engrossamento rápido da raiz principal. Esta características lhe confere resistência
à seca e, principalmente, ao fogo, pois quando o Cerrado é queimado e com ele toda a parte aérea da planta, as raízes
permanecem intacta e com grande volume de reservas para brotar e continuar seu ciclo de vida. É um dos primeiros
arbustos a brotar após os incêndios no Cerrado.

Você também pode gostar