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Podemos pregar tudo da Bíblia em

nossas igrejas? Será que deixam?


“Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus” Atos 20.27
Publicado
2 anos atrás
em
26 de outubro de 2016
Por
Silvio Costa

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Não se apresse a responder de que se pode pregar a bíblia toda em sua igreja, vai com calma! Digo que
depende da confissão de fé da comunidade em questão; vai depender do “veio litúrgico”; deve-se
considerar ainda a espiritualidade local (crença na atualidade dos dons espirituais ou não), de modo que
são muitas as variáveis para uma única resposta. O fato é que o ambiente doutrinário, cúltico e espiritual
influenciam o que será exposto como mensagem de Deus – e posto isso, afirmo que teremos dificuldades
em apresentar os ensinos da bíblia em abordagem mais abrangente.

Os arautos do Evangelho precisam considerar de que para pregarem a completa Palavra do Senhor –
não podem ser influenciados e dirigidos por sistemas teológicos ou qualquer ordem litúrgica, pois a
entrega da completa mensagem bíblica requer primeiramente, compromisso com o Senhor da Igreja e
não com os sistemas de crenças ou desejos da congregação.

Infelizmente, na maioria das vezes os expoentes não apresentam a Palavra em sua extensão e
profundidade necessárias – o que fazem é repetir de forma bem elaborada e didática a sistemática
doutrinal da denominação ou corresponder às expectativas e sentimentos de quem os ouve. Numa
primeira análise, essa pregação pública que a “igreja” faz em seus cultos – é uma pregação controlada.

A autoridade da pregação é condicionada neste caso, à “interpretação autorizada” que a denominação


fornece a seus pregadores. E assim, se você faz parte de uma igreja tradicional e pregar sobre a
atualidade do batismo com o Espírito Santo tendo como evidência física inicial, o falar em línguas – você
terá grandes problemas em sua igreja local. Ou quem sabe, se você frequenta igrejas pentecostais
clássicas e começar a ensinar sobre eleição e predestinação a lá monergismo – você será repreendido
em breve (mesmo que a bíblia exponha todos os assuntos que citei neste parágrafo – sem o teologizado
denominacional – você não pode pregá-los livremente nos quadrantes institucionais).

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a
instrução na justiça” 2 Tm 3:16
É preciso esclarecer que a denominação carece de um credo doutrinário básico, necessita de um
organizado bíblico-teológico para firmar suas crenças e valores e estabelecer uma cosmovisão dita cristã
para seus adeptos. Acredito que não temos problemas quanto a essa compreensão institucional e da
razão das denominações cristãs. A questão é que as denominações cristãs foram constituídas,
exatamente por acreditarem terem alcançado do Divino Senhor ou por algum acurado exame
escriturístico – a detenção máxima e absoluta da verdade – que fora entregue aos líderes daquele grupo
de fiéis.

Meus irmãos, nenhuma denominação evangélica por mais conservadora e zelosa que seja – detém a
expressão plena do Evangelho – isso é fato; e graças a Deus por isso, pois se não o fosse, teríamos uma
vida eterna de rotulados! Por melhores e bem abalizadas que sejam nossas crenças, elas sempre se
baseiam em alguma interpretação que está institucionalizada ou que será brevemente sacramentada por
algum grupo religioso. Sair dessa dependência interpretativa não é para todo mundo das denominações
cristãs – pois para tal, você precisa conhecer bem a Palavra do Senhor; e essa é a parte das águas
profundas – de adentrar milhares de côvados nas infindáveis revelações de Deus registradas em Sua
Palavra. É preciso cuidado para não achar que estou propondo novas revelações – estou dizendo que na
bíblia encontramos cada dia mais da revelação de Deus aos homens, e isso nos basta!
Bom, quando qualquer grupo local de crentes chega ao ponto da compreensão de que são a “ilha da
verdade” e que essa se firma na institucional, homilética e doutrinária fala da denominação
exclusivamente, acabaram de reprimir que se pregue a bíblia por completo naquele círculo religioso. A
denominação é necessária num país livre, é importante como a representação oficial de um grupo de
pessoas que acreditam nas mesmas coisas – mas não pode restringir pregações e ensinos que estão
claros na Palavra de Deus – simplesmente por conta de seus dogmas, concílios e convenções. A
denominação precisa representar os fiéis, mas jamais institucionalizar a fé dos mesmos, impondo-lhes
limites de crer, retardando-lhes a capacidade de pensar da nova mente cristã ou reprimindo-lhes o
crescimento na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.

“Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a
paciência e doutrina” 2 Tm 4:2

Respondendo a pergunta inicial: Do ponto de vista cristão e principalmente protestante,


sim pode ser pregado sobre tudo o que está na bíblia nas igrejas cristãs. A questão é se a
denominação deixa e se os crentes locais concordam. A falha de muitos ensinadores e pregadores
é exatamente essa: pregam somente o que a instituição permite ou aquilo que os crentes aprovam e
gostam. Se realmente cumprirmos o que alardeamos aos quatro cantos de que a bíblia é o nosso manual
de fé e prática cristãs – precisamos ensinar e pregar toda a bíblia, mexa com que mexer.
As verdades claras da Bíblia precisam ser ditas a um rebanho indisciplinado e a pastores omissos e
relapsos com a casa de Deus. As turmas dos irreverentes e profanadores do templo precisam ser
chamados à atenção pela Palavra que estabelece o perfil dos adoradores e o ambiente coletivo adequado
da adoração. O carente de qualquer coisa precisa ser advertido de que a relação com Deus não é a base
de troca, mas de dependência. O fervoroso menino precisa aprender que o culto não é pra ele, é pra
Deus e para a edificação dos outros.

Digo isso, não para causarmos confusão por onde ministramos, ou para lançar tropeços e inimizades
entre os irmãos e lideranças, de forma alguma. O que eu escrevi é que tem muita gente fazendo uso da
Palavra de Deus, mas com mordaças institucionais – mesmo estando convicto pelas Escrituras de que há
muito mais para o povo. Em alguns lugares a denominação paga pra você repetir a fala da
própria denominação – sim, exatamente isso que você acabou de ler. Os pregadores e
ensinadores das denonimações, ministram apenas para fazerem agenda e ampliar contatos ministeriais;
ou para cair na graça do povo, vender Dvds, livros e produtos de “seu ministério”. Em alguns rebanhos
(bem rebeldes por sinal) a mensagem é encomendada e os mensageiros se vendem por ofertas gordas –
apenas para falar o que a “igreja deixa” ou entregar o que o povo gosta.
Bom o recado você já recebeu, daqui para frente é com você, Deus e a igreja que você prega ou
frequenta.

No amor do Senhor,
Pregue a Bíblia Inteira
Mez McConnell22 de Novembro de 2017 - Igreja e Ministério

O texto abaixo foi extraído do livro Igreja em Lugares Difíceis, Mez McConnell e Mike McKinley, da Editora Fiel.

De certa maneira, o que estamos dizendo vai contra uma abordagem popular de ensino da
Palavra de Deus a pessoas com pouca educação ou conteúdo bíblico. Essa abordagem
busca engajar as pessoas no fluxo narrativo da Bíblia, usando as histórias nas Escrituras
para engajar a imaginação do ouvinte e modificar a compreensão que da história na qual
ele vive. O raciocínio é que as pessoas são naturalmente cativadas por histórias e, sendo
assim, a melhor forma de explicar a mensagem da Bíblia é contando histórias curtas que
formam a história completa da criação, da queda, da redenção e da consumação.
Acredita-se que esse método é particularmente útil para pessoas não acostumadas a
sentarem em silêncio e a ouvirem sermões didáticos com várias proposições.

Quando a abordagem é bem-feita, pode ser uma ferramenta poderosa para partilhar o
evangelho e deixar clara a necessidade que as pessoas têm de colocar a fé em Cristo.
Quando é malfeita (como normalmente é), edita a mensagem bíblica e acaba
obscurecendo todo o evangelho e o seu poder. Mas algo que o “contar o evangelho
através de histórias” é incapaz de ser (e, sinceramente, seus proponentes mais
responsáveis não buscam que seja) é um substituto para a mensagem completa da Bíblia.
A Palavra de Deus não é nada mais que uma história, embora não seja meramente uma
história.

Deus escolheu revelar-se através de diferentes formas literárias. A Bíblia contém, sim,
várias histórias, mas também apresenta leis, sermões, cartas, genealogias, poemas,
provérbios, reflexões filosóficas, profecias e literatura apocalíptica. Se você deseja
ministrar a comunidades carentes, precisará decidir se acha que elas precisam conhecer a
Bíblia toda ou apenas as histórias. Será que as pessoas que vivem nos abrigos da minha
comunidade precisam dos Salmos? Será que os filhos de imigrantes na escola local
precisam do livro de Eclesiastes? Será que os detentos da prisão local precisam conhecer
o conteúdo de 1 Pedro? Sabemos qual seria a resposta do apóstolo Paulo, pois ele
defendeu seu ministério em Éfeso dizendo: “Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que
estou limpo do sangue de todos; porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de
Deus” (Atos 20.26,27).

Se você é uma pessoa educada, precisa ter o cuidado de não presumir que uma pessoa
iletrada é tola demais para compreender a Bíblia. Na minha experiência, a falta de
educação normalmente tem menos a ver com inteligência do que com fatores do meio,
uma falta genuína de oportunidades e escolhas pessoais (ruins). Mas a Bíblia não foi
escrita para a faculdade de Harvard; foi escrita para as “humildes do mundo, e as
desprezadas” (1 Coríntios 1.28). Enquanto devemos certamente usar de sabedoria sobre
como ensinamos a Bíblia inteira (provavelmente é muito melhor começar com um
Evangelho do que com o livro de Levítico), precisamos do compromisso de ensinar a
mensagem completa das Escrituras (incluindo Levítico). Não podemos editar ou selecionar
a Bíblia ensinando apenas as partes que nós achamos úteis para as pessoas pobres.
Pregue bem a Bíblia inteira

As pessoas promovem vários modelos de comunicação da Bíblia. Alguns advogam a ideia


de engajar a congregação num diálogo ou em contar narrativas que comunicam uma ideia.
Mas estou convencido de que a dieta bíblica da igreja deve ser a Palavra de Deus
proclamada pelo pregador. Vivemos num mundo onde a autoridade encontra-se
desacreditada e denegrida; num mundo onde o que o pecador mais precisa não é de um
bate-papo amigável entre pessoas, mas de uma declaração da verdade de Deus em
monólogo.

Certamente deve haver oportunidades para diálogo e perguntas e o partilhar de


perspectivas na vida geral da igreja. Ainda assim, devemos reconhecer que a pregação
reflete a forma como Deus normalmente fala com o seu povo. Moisés declarou a Lei de
Deus aos israelitas. Os profetas do Antigo Testamento declararam: “Assim diz o Senhor”.
Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo”. Pedro estava no pórtico de Salomão e
confrontou seus ouvintes com as exigências de Deus. Em nenhum desses lugares você vê
Deus pedindo por um diálogo com o seu povo. As pessoas são chamadas a louvar a Deus
em resposta à sua Palavra e a obedecer a sua Palavra, mas não são chamados a
acrescentar algo à Palavra de Deus ou a oferecer sua perspectiva pessoal acerca da sua
Palavra, como se essa perspectiva tivesse alguma autoridade em si.

Quando um pregador se coloca para pregar, fala com a autoridade de Deus na medida em
que expõe, explica e aplica a Bíblia fielmente. Não porque ele mesmo seja inerrante ou
tenha autoridade, mas porque a Bíblia é e tem. Enquanto o pregador declara precisamente
a Palavra de Deus, suas palavras são as palavras de Deus, e as pessoas deveriam fechar
a boca e prestar atenção. Ele não precisa ser constrangido com aquela autoridade ou
evitá-la, uma vez que esta é a forma de Deus comunicar e dar vida às pessoas. É possível
que pessoas se sintam ofendidas e achem que a proclamação unilateral da Palavra de
Deus é um sinal de arrogância, mas é exatamente o contrário: ouvir Deus requer
humildade. O Espírito Santo falará de forma que o povo de Deus ouvirá sua voz na
pregação da sua Palavra ( João 18.37).

Observe a seriedade do apóstolo Paulo quando ele comissiona Timóteo a pregar a Palavra
de Deus: Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela
sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não,
corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em
que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as
suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar
ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas (2 Timóteo 4.1–4).

Paulo ordena que Timóteo “pregue” à luz da volta iminente de Cristo e do destino eterno
dos ouvintes de Timóteo. O imperativo grego que Paulo usa dá o sentido de um arauto
proclamando a vontade de seu soberano. Não se trata de uma sugestão, mas de uma
declaração do que Deus fez. Acrescente à pregação a ordem para reprovar, repreender e
exortar, e você terá o retrato de uma atividade que não tem o objetivo de incluir os
pensamentos e comentários dos outros.

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