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Sumário

Sumário ____________________________________ 2
INTRODUÇÃO ________________________________ 3
PARTE 1 Rabi Judah Ben-Samuel ________________ 4
PARTE 2 A Profecia ___________________________ 7
PARTE 3 Considerações _______________________ 14
PARTE 4 Olhando Para o Lado Errado ___________ 27
Bibliografia ________________________________ 29
INTRODUÇÃO

Um fato recorrente na Igreja, são as profecias


acerca da volta de Jesus ou de outros eventos
apocalípticos, sendo que o advento da Internet e das redes
sociais facilitam sobremaneira a propagação de tais
revelações (verdadeiras ou não), algo que não ocorria no
passado. E mais que isto, no mundo virtual, as
informações, as postagens, os sites, blogs e outros
mecanismos não são voláteis, logo, estas coisas ficam
incubadas e, de vez em quando alguém "descobre" e ferve
tudo de novo. Um exemplo disto são as postagens que
falam sobre o chip da besta; é um assunto que vai e vem e
isto já por uma ou mais décadas.

Com a chegada do ano 2017, surgiram novas


profecias, novas revelações estão circulando, trazendo
anúncios diversos para este período. Uma das mais
interessantes que está circulando nas redes sociais,
YouTube e outros é a Profecia dos 10 Jubileus, um
conjunto de três revelações trazidas no século XIII pelo
rabi Judah Ben-Samuel. Mas, quem é este homem?
PARTE 1

Rabi Judah Ben-Samuel

Judá Ben Samuel (rabino Yehudah Hachassid)


viveu na Alemanha, tendo nascido em Speyer (1140) e
morrido em Regensburg (1217). Sua data de nascimento é
omitido na Enciclopédia judaica mas era provavelmente
1140 ou 1150. Ele certamente viveu durante o tempo das
Cruzadas e estava ciente da situação envolvendo a cidade
de Jerusalém. Ele era considerado um dos pais de um certo
tipo de misticismo judaico (Chassidei Ashkenaz) que
enfatizava a ética moral e a oração. Por volta de 1195
estabeleceu-se em Regensburg e foi aqui que escreveu um
trabalho importante: Sefer Hasidim (livro do Piedoso).
Este trabalho seminal trata de muitos assuntos, incluindo
orgulho, oração, recompensa e punição, penitência,
sábado, jejum e muito mais.

Afirma-se que o Rabi Ben Samuel tenha escrito ou


pelo menos contribuído para um Sefer Gematriyot (Livro
sobre Numerologia) e um Sefer Hakavod (Livro de Glória),
mas, obras não encontradas e que podem ter se perdido.
Os escritos de Judá Ben-Samuel são difíceis de seguir, uma
vez que são, em sua maioria, uma coleção de pensamentos
vagamente conectados e não organizados
sistematicamente, com declarações temáticas gerais. A
Enciclopédia Judaica traz um artigo sobre ele, escrito em
1899, conclui assim:

Zunz diz dele: “Para justificar tudo o que é nobre nos esforços
humanos e as mais altas aspirações dos israelitas, e para descobrir
as verdades mais íntimas aludidas nos Livros Sagrados, parecia ser o
propósito último de uma mente em que as qualidades poéticas, morais
e divinas foram fundidas.”

Muito respeitado em seus dias, e até hoje, ele foi


certamente uma influência sobre Gaon de Vilna,
reconhecido como um dos maiores estudiosos da história
judaica. Ben Shmuel certamente tinha inclinações
místicas, e de acordo com seus alunos ele tinha um ardente
desejo de ver a vinda do Messias. Apesar do respeito, ele
também era muito questionado entre os rabis de seu
tempo devido a algumas posturas, entre elas aquela na
qual afirmava ser mais importante o estudo das Escrituras,
do que os ensinos rabínicos. Isto realmente afligia os
rabinos, afinal eles se consideravam os intérpretes das
Escrituras e, a partir de suas conclusões escreveram os
livros de tradições, orações, sendo o mais famoso deles o
Talmude. Eles ensinavam que o povo deveria seguir suas
tradições e ensinos e não estudar as Escrituras.

E a partir de um artigo publicado em 2008, uma


verdadeira avalanche de pensamentos, pregações e outros
tipos de comentários se avolumaram na Internet,
abordando uma das profecias de Judah Ben-Samuel. Uma
pesquisa no Google revela cerca de 437.000 referências ao
rabino. Mas, qual é a verdade por trás desta profecia? Por
que somente recentemente ela se destacou no mundo
virtual? É digna de crédito?

Estas e outras perguntas são as que procuro


responder neste e-book. E, como disse, encontrei
informações surpreendentes sobre a profecia e sobre como
tudo isto começou na Internet. Espero contribuir para o
crescimento de todos, equipando-os com informações que
permitam discernir as revelações que procedem de Deus e
as que tem origem nas especulações humanas e teológicas.
PARTE 2

A Profecia

Mas que profecia é esta que, sendo escrita há tantos


séculos por Ben-Samuel, está causando polêmicas e
despertando tanto interesse nos últimos meses e anos? Por
que agora?

A profecia é a Profecias dos Jubileus, resumida em


uma frase da seguinte forma:

"Quando os otomanos conquistarem Jerusalém, eles governarão


Jerusalém por oito Jubileus. Depois, Jerusalém se tornará terra de
ninguém por um Jubileu, e depois no nono Jubileu voltará a ser posto
na posse da nação judaica - o que significaria o início do tempo
messiânico do fim ".

Graficamente, a profecia é representada assim:


A profecia de Judah começaram a acontecer 300
anos depois de sua morte, que ocorreu em 1217, ou seja,
300 anos depois, ou ainda, 6 jubileus após a sua morte.

O que é o Jubileu?
Antes de prosseguirmos, porém, precisamos que
você entenda claramente o que é um JUBILEU, já que a
profecia se desenvolve sobre este elemento da cultura e
religião judaica. Não vou me deter nesta explicação, me
limitando a transcrever a definição e explicações contidas
no site judaico pr.chabad.org:

Antigamente, no Yom Kipur do qüinquagésimo ano, tocava-se o


shofar na Terra Santa como sinal feliz da libertação dos escravos e o
retorno de terrenos a seus donos originais.

A palavra jubileu vem do hebraico, yovel. Refere-se ao carneiro, cujo


chifre foi usado para anunciar o ano festivo. Há comentaristas que
oferecem mais uma explicação. Dizem que yovel vem do verbo
hebraico "trazer de volta", pois os escravos voltavam a seu estado
anterior de liberdade, não sendo mais servos de homens e sim apenas
do Criador; e os terrenos também voltavam aos proprietários
originais.

Além da contagem do ano de shemitá, de sete em sete anos, existe a


contagem do yovel - o jubileu, que ocorre a cada cinquenta anos, no
ano seguinte ao término de 7 anos sabáticos.

Para um agricultor judeu, é muito difícil não trabalhar os campos e


pomares durante um ano inteiro, não podendo dispensar-lhes os
cuidados adequados. Que dirá então o quão difícil é para ele não
trabalhar a terra por dois anos seguidos! O sétimo ano de Shabat
Shemitá e o seguinte, do jubileu.

Na época do Templo Sagrado isto era exatamente o que acontecia a


cada cinqüenta anos. Atualmente, não se guarda o Yovel.
O Yovel caracterizava-se por três obrigações, que recaíam sobre a
nação inteira:

1. Abstenção de qualquer trabalho agrícola, exatamente como em


Shemitá.

2. Liberdade incondicional para todo escravo hebreu.

3. A devolução de todos os campos aos seus proprietários originais.

No Yovel, os escravos judeus são libertados

A cada ano de Yovel, em Yom Kipur, o San'hedrin (Tribunal Superior)


tocava o shofar. A seguir os judeus em Israel, tocavam o shofar. O
som podia ser ouvido em Israel inteira, anunciando: "Chegou a hora
de libertar todos os escravos judeus. Todos os que possuem escravos
judeus devem libertá-los e enviá-los à suas casas."

Não importava se o escravo recém começara a servir seu senhor, ou


se já havia trabalhado seis anos, todo escravo judeu tinha de ser
enviado de volta ao seu lugar de origem. O toque do shofar era um
lembrete para ouvir e observar esta mitsvá. Depois de possuir um
escravo por um longo período, o amo deve achar difícil mandá-lo
embora; assim como o escravo pode ficar relutante em deixar seu
amo. De Rosh Hashaná até Yom Kipur do ano de Yovel, um escravo
não retorna à sua casa; nem seu amo pode empregá-lo. Em vez disso,
senta-se à mesa de seu amo, come, bebe, e relaxa. Quando o shofar é
tocado em Yom kipur, ele finalmente parte. Este período de dez dias
de transição ajudam-no a readaptar-se à liberdade. D'us disse:
"Quando tirei o povo judeu do Egito, tornaram-se Meus escravos. Por
isto, nenhum judeu poderá servir a outro por toda a vida, somente Eu
posso exigir tal submissão."

O que nos ensinava a mitsvá de tocar o shofar no Yovel?

O toque do shofar no ano de Yovel anunciava a libertação de todos


os escravos judeus. Da mesma forma, um dia escutaremos um
magnífico toque do shofar, que anunciará a vinda de Mashiach. Este
som será o início da verdadeira liberdade para o povo judeu.
Mashiach virá e construirá o Terceiro Templo Sagrado. D'us
libertará o mundo da morte e da má inclinação. A ressurreição dos
mortos será realidade, e viveremos para sempre. Rezamos
diariamente na oração da Amidá para que isto aconteça logo: o toque
do grande shofar anunciando nossa liberdade.

Portanto, podemos resumir o Jubileu como um


período de 50 anos. Logo, a Profecia dos 10 Jubileus se
estende por um período de 500 anos, a saber, de 1517 a
2017. Também importante destacar o trecho final do artigo
acima citado que menciona os efeitos da manifestação do
Messias, que traria o verdadeiro jubileu a todos os
israelenses, período este que se crê, segundo a profecia de
Judah Ben-Samuel, aconteceria ao final do décimo jubileu.

Feitos estes esclarecimentos, passemos a análise da


profecia.

Primeira parte:
Os turcos otomanos tomam a cidade de Jerusalém
Ben-Samuel declarou que a cidade santa seria
tomada pelos turcos otomanos que a governariam por 8
jubileus. Isto ocorreu em 1517, 6 jubileus judaicos após a
morte do rabi. Os turcos permaneceram na posse de
Jerusalém por exatos 8 jubileus, ou seja, 400 anos.

Segunda parte:
Jerusalém se tornará “terra de ninguém” por um
jubileu
Isto aconteceria no nono jubileu, segundo a profecia
de Judah. Em 1917, O Gal. Allenby tomou Jerusalém,
estabelecendo o Mandato Britânico na Terra Santa, o que
foi determinado pela Liga das Nações (atual ONU). Mais
tarde, a cidade foi dividida em judeus e jordanianos, entre
1948 e 1967. A missão dos ingleses era trazer paz à região,
intento que não foi alcançado, culminando com a saída das
tropas inglesas do território judaico-palestino.

Com o Mandato Britânico, estabeleceu-se que a


Terra Santa não pertencia a nenhuma nação. Após a
Guerra da Independência (1948-49), a cidade de
Jerusalém permaneceu dividida por uma faixa de terra que
atravessava o coração da cidade, sendo que os judeus
controlavam a parte oeste e a Jordania controlando a parte
leste. Esta faixa de terra foi considerada e chamada “terra
de ninguém”, tanto por judeus, quanto por jordanianos.
Esta situação mudaria apenas em 1967.

Terceira parte:
Os judeus retomarão a posse de Jerusalém
No último jubileu da profecia, Judah afirma que a
cidade de Jerusalém retornaria para as mãos dos judeus.
Este jubileu acontecem em 1967, quando ocorreu um dos
eventos mais emblemáticos da história do Israel recente:
A Guerra dos Seis Dias.

Israel, numa ação meteórica, derrotou as nações


árabes, inclusive a maior delas na época, o Egito, cujos
aviões foram destruídos ainda no solo. A Cisjordania foi
conquistada e assim, toda a cidade de Jerusalém passou
para o domínio israelense, onde permanece até os dias
atuais, lembrando que este décimo jubileu terminou agora
em 2016. Segundo, Judah Ben-Samuel, este fato marcaria
o início do fim do tempo messiânico.

O entendimento da profecia
Segundo alguns estudiosos e pesquisadores, isto
significa que se encerramento do décimo jubileu marca o
início dos tempos messiânicos e se sabemos que Israel
rejeitou o verdadeiro Messias, Jesus Cristo, então o que se
espera para este tempo é a manifestação do falso messias,
ou seja, do Anticristo. Portanto, estaríamos às vesperas de
grandes mudanças no cenário mundial já que, falar do
Anticristo significa falar de mudanças políticas e sociais do
mundo inteiro. A argumentação de muitos que tem falado
sobre esta profecia é que, se Judah Ben-Samuel acertou as
primeiras previsões, não erraria a última. Muitos até
pregaram sobre isto em suas igrejas ou fizeram palestras
sobre o assunto.

Questionamentos
Seria esta uma profecia realmente válida, digna de
crédito? Devemos esperar o Arrebatamento para 2017?
Não poderia tudo isto ter sido desenhado apenas depois
dos eventos terem se desenrolado? Se era uma profecia
conhecida, porque somente veio a tona depois de 2008,
não sendo mencionada antes por nenhuma autoridade,
judaica ou cristã?

Responder a esta e outras questões não é tarefa


simples ou fácil; implica numa série de análises e
tentativas de se levantar os materiais fonte desta profecia.
Farei algumas considerações sobre a profecia, sua
validade, suas dificuldades e outros aspectos a partir de
agora.
PARTE 3

Considerações

As Escolas de Interpretação Escatológica


Para que a profecia deste rabi fizesse sentido
comum entre os cristãos seria necessário que houvesse
apenas um ponto de vista sobre os eventos do final dos
tempos. O que não acontece. Mas, o que isto tem a ver com
a interpretação da profecia?

Ora, se o rabi estiver correto, então teríamos nos


próximos meses a instauração do advento do Anticristo e,
se o Anticristo se manifestar no mundo, então,
consequentemente, estaríamos vivendo o período
chamado de A Grande Tribulação e não temos como falar
deste período sem entrar num outro assunto, o
Arrebatamento. Nem todos os cristãos compartilham as
mesmas crenças sobre o cronograma dos eventos dos
últimos tempos.

Alguns não acreditam que haverá um


Arrebatamento literal, logo, a vinda do Anticristo não
impacta os seus pensamentos. Temos outros dois grupos,
os miditribulacionistas e os pós-tribulacionistas, que
acrecitam que o Arrebatamento acontecerá no meio ou
depois da Grande Tribulação, respectivamente. Para eles,
a manifestação do Anticristo, portanto, seria um grande
alerta acerca da proximidade do rapto da Igreja. Mas,
temos os pré-tribulacionistas, que acreditam que Jesus
volta antes da Grande Tribulação, antes da manifestação
do Anticristo; logo, para estes estaríamos diante da
iminente volta de Jesus.

Evidentemente, apenas um destes grupos está


correto quanto aos seus pensamentos (ou nenhum deles);
mas a profecia quer dizer coisas diferentes para cada
grupo. Nem todos veem a profecia dos jubileus como uma
evidência imediata do Arrebatamento. Os alardes que tem
sido proclamado mundo (ou internet) a fora tem como
principais divulgadores os pré-tribulacionistas.

Diante deste quadro, dificilmente teremos um


consenso na interpretação ou aceitação desta profecia e
sua interpretação entre todos os cristãos. As manifestações
variar-se-ão do ceticismo ou fanatismo,
impreterivelmente.

O Arrebatamento não tem Data


Um dos principais aspectos que chamam a atenção
negativamente para esta profecia é o fato dela se incluir
entre as muitas tentativas que já ocorreram de tentar-se
apontar uma data para a volta de Jesus. Todos os
movimentos anteriores que se aventuraram a fazer isto
falharam, entrando para a classe dos falsos profetas. Entre
estes temos aqueles grupos que permanecem desde a sua
origem, russelitas e seguidores de Ellen G. White, por
exemplo; e os grupos que vem e se vão sem deixar rastros,
a não ser os estragos causados na vida de muitos, às vezes,
na Igreja como um todo.

Como podemos autenticar esta profecia?

A fonte original
A primeira coisa que precisaria ser feita e que
ninguém fez, exceto um grupo que mencionarei mais
adiante, é buscar a fonte de tal profecia, ou seja,
precisamos ter a certeza que as palavras atribuídas ao rabi
Samuel Ben-Judá, foram de fato por ele registradas. E, se
porventura alguém buscou esta informação, não a
divulgou. A maioria limitou-se a repetir as citações
atribuídas ao rabi, ampliando ou copiando os comentários
e interpretações. E aí vem então a pergunta: Existem
registros dos escritos do rabi Judah contendo esta
profecia? A resposta a esta pergunta é NÃO! Segundo Bob
O'Dell e Gidon Ariel (2016), as obras disponíveis não tem
qualquer referência a esta profecia, e ninguém
apresentou algum escrito antigo ou livro no qual Ben-
Samuel tenha declarado tais coisas. A ausência de
comentários por parte dos sábios judeus é algo digno de
nota quanto a esta profecia dado o respeito que este rabi
tem entre os mesmos.

Os autores acima citam outro problema em seu


artigo, comentando objeções que alguns céticos quanto ao
assunto:

“...uma série de artigos da Internet céticos sobre essa profecia


apontam que o império otomano mencionado na profecia nem sequer
começou até 1299, mais de 80 anos após sua morte. O termo
"otomano" vem do homem, Osman I, que nem sequer nasceu até 40
anos depois de Judá Ben Samuel. De modo mais geral, os "turcos"
foram segmentados, dispersos e em contínuo declínio na época em
que Judá Ben Samuel viveu! Isso levanta a questão de exatamente
como a profecia original está redigida na sua língua original e
contexto?...

Quanto a este problema, não vejo necessidade de


que Ben-Samuel tivesse conhecimento do termo otomano
já que estamos falando em profecia. Questionar isto seria
o mesmo que questionar a profecia de Isaías (45) onde rei
da Pérsia, Ciro, é chamado pelo nome séculos antes de sua
existência. Apesar de não ver nisto um problema para a
profecia, insisto que a análise do texto original da profecia
se faz necessário. Fazemos isto com o texto sagrado o
tempo todo, Hermenêutica e Exegese, quanto mais numa
predição extra-cânon!

E o terceiro problema levantado pelos mesmos


autores é muito pertinente: o anúncio desta profecia se deu
apenas a alguns anos atrás, basicamente depois de todos
os seus eventos terem sido concluídos! E isto é algo que
deve ser acender lâmpadas de atenção.

Os autores foram os únicos que realizaram


trabalhos no sentido de achar-se a fonte original para a
série de textos produzidos nos últimos anos. Eles
apuraram que esta profecia vem de um artigo publicado
na revista Israel Today, março de 2008, página 18, de
Ludwig Schneider. Veja abaixo um trecho do artigo de
Ludwig Scheider, que apresentou esta profecia ao mundo:
“Antes de morrer no ano de 1217, ele profetizou que os turcos
otomanos conquistariam Jerusalém e governariam a Cidade Santa
por “oito anos do Jubileu”. Um ano bíblico do jubileu consiste em 50
anos. Cinquenta multiplicado por oito equivale a 400 anos.

Depois, de acordo com Ben Samuel, os otomanos seriam expulsos de


Jerusalém, que permaneceria na terra de ninguém por um ano jubilar.
No décimo ano do jubileu, Jerusalém voltaria ao povo judeu e então
os tempos do fim messiânico começariam.

Isso aconteceu 300 anos depois de sua morte. Ele não poderia ter
baseado sua profecia em eventos que poderiam ser previstos, mas
apenas nos resultados de seu estudo da Bíblia”.

Ainda no mesmo artigo, Schneider escreve:

“De acordo com esse cronograma, é possível que 2017 ou 2018 seja
um ano decisivo para Israel, porque será 70 anos depois de 1947, a
decisão da ONU para o estabelecimento de Israel e 50 anos após a
reunificação de Jerusalém”.

E conclui:

“Nós não sabemos o dia ou a hora da sua vinda, mas não estamos
falando sobre o retorno de Jesus. Estamos falando sobre o calendário
de Deus para Israel.”

No entanto, ao tentar contato com Ludwig, os


autores não conseguiram falar com o mesmo, visto que ele
não tinha interesse em comentar o assunto. O mais
próximo que chegaram foi uma entrevista com o filho dele,
Aviel com quem obtiveram as seguintes informações:

 Ludwig Schneider, o autor do artigo que deu


início a tantas especulações, possui uma
imensa biblioteca de livros judeus na língua
alemã e acredita que foi dali que o pai citou a
profecia.
 Aviel, o filho, não viu e não sabe que material
é este.
 Durante sete anos ninguém fez comentário
algum sobre o artigo e, de repente, se viram
as voltas com mais de 60.ooo páginas no
Google sobre o assunto.
 Ludwig Schneider escreveu apenas uma vez
sobre o assunto.

Portanto, não temos uma fonte segura acerca da


Profecia dos Jubileus, pelo menos não até agora. Sabemos
que o autor do artigo original não escreveu isto a belprazer,
já que possui uma gama de escritos alemães antigos,
dentre os quais pode estar os de Judah Ben-Samuel,
porém, o mesmo não pode ser contatado e respondeu que
não sabe onde está a informação.

Mas, quero fazer duas observações sobre os trechos


do artigo de Ludwig Schneider. Primeiro ele afirma que
diante dos fatos citados seria “...possível que 2017 ou 2018
seja um ano decisivo para Israel...”. Ora, profecias não
trabalham com possibilidades, mas com certezas. Logo, ele
mesmo não via as palavras do rabi como algo certo e que
aconteceria ao longo do tempo. A segunda observação se
refere ao fato de que Ludwig deixa claro que não estava
falando acerca da volta de Jesus, mas do calendário de
Deus para Israel.
As predições anteriores
O fato da profecia do rabi ter se cumprido quanto a dois eventos
anteriores, a tomada de Jerusalém pelos turcos otomanos e a Terra
Santa ter permanecido como “terra de ninguém” por um Jubileu; já
não ratificam a profecia?

Não fosse o fato da profecia ter sido trazida à luz


apenas nos últimos anos, após o cumprimento dos
principais eventos, a resposta seria positiva. No entanto,
não podemos atestar fatos que não foram previamente
constatados e comentados por outros estudiosos.

Quando olhamos para as profecias bíblicas


podemos usar este critério. Por quê? Vamos usar apenas
um exemplo: o profeta Miquéias registrou uma revelação
sobre o lugar onde nasceria o Messias, Belém. E isto era
fato conhecido de todos os sábios judeus, inclusive na
época do nascimento, tanto que, quando os reis magos
chegam a Jerusalém e questionam a Herodes, este chama
os sacerdotes e os escribas do povo, que confirmam as
palavras de Miquéias (Mt. 2.1-10). E somente então o fato
central, que era o nascimento de Jesus, confirma a
profecia.

Os eventos mundiais
Uma vez que a fonte original não pode ser verificada
e que os fatos anteriores também são questionáveis, nos
resta apenas uma opção: acompanhar os eventos futuros
envolvendo Israel e o mundo, únicos elementos que
podem ratificar a veracidade da profecia. Suponhamos que
haja uma manifestação do falso messias nos próximos
meses e que fique evidente que o seu governo está prestes
a eclodir, então teremos alguma boa evidência acerca da
veracidade da profecia. Mas, lembremos mais uma vez que
este evento tem magnitude tal que envolve uma série de
outros eventos, atingindo o mundo inteiro e não apenas
Israel.

O grande problema desta única possibilidade é que


a profecia perde o seu efeito completamente, porque, qual
a utilidade de uma revelação que não pode ser verificada,
autenticada, senão depois que ocorreu? Uma
características das revelações bíblicas é a sua plena
credibilidade, não se discute se ela se cumprirá, mas
quando. E mais, as profecias bíblicas sempre traz consigo
outros indicativos que permitem verificação e
acompanhamento, ainda que não se possa determinar com
exatidão algumas coisas, veja-se o exemplo da volta de
Jesus, onde temos inúmeros sinais, exceto o dia da volta.

Concluindo
Quero deixar claro que não estou dizendo que o rabi
Judah não tenha feito tal profecia, estou dizendo que não
foram apresentados documentos comprobatórios, que
permitam uma análise das palavras no seu conteúdo
original, sem filtros ou acréscimos; estou dizendo que as
revelações do seu conteúdo são muito recentes, portanto,
passíveis de questionamentos sérios. Tenho ainda outros
questionamentos que exponho a seguir.
Equívocos na interpretação da profecia
Partindo dos comentários feitos pelo autor do artigo
original, Ludwig Schneider, onde ele mesmo declara a
possibilidade de algumas coisas acontecerem e declara que
não estava falando da volta de Jesus; partindo do fato de
que os artigos que encontramos na Internet apresentam
divergências nas suas interpretações; partindo do fato de
que não temos as informações originais; podemos
tranquilamente concluir que podem haver inúmeros
equívocos na interpretação da profecia.

Se não sabemos exatamente o rabi Judah Ben-


Samuel escreveu, como saberemos quem está certo ou
errado? Como saberemos se foi isto mesmo que o rabi
queria afirmar?

Exemplos anteriores e similares


Os anos 2014 e 2015 causaram certa comoção entre
os cristãos de todo o mundo por causa das chamadas LUAS
DE SANGUE ou TÉTRADE. Um evento raro, que ocorre de
tempos em tempos e que, segundo estudos, sempre estão
relacionadas a eventos envolvendo o povo de Israel. Sete
anos antes de sua ocorrência tivemos uma explosão de
artigos e declarações por todo o mundo. Um renomado
pastor afirmou que as luas de sangue marcariam o início
da Grande Tribulação o que, de acordo com os muitos
conceitos teológicos existentes, não aconteceu. Fui
chamado na época para falar sobre o assunto e alertei o
pessoal para algumas coisas que não batiam em diversas
declarações. Resultado de tudo aquilo foi que o evento veio
e se foi e nada de novo vimos acontecer, nem em Israel,
nem no mundo.

A fonte de sabedoria de Judah Ben-Samuel


Finalmente, tem o elemento que mais me preocupa
em relação a esta profecia: a fonte das revelações recebidas
pelo rabi Ben-Samuel. Quando questionado acerca da sua
sabedoria, ele afirmava que o profeta Elias, que
antecederia ao Messias em sua vinda, é quem lhe
aparecera e revelara estas coisas.

Estas afirmações suscitam diversos


questionamentos.

O profeta Elias já veio


A profecia acerca da vinda do profeta Elias está no
livro do profeta Malaquias:

Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, a qual lhe mandei em


Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e ordenanças. Eis que
eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível
dia do Senhor; e ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o
coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra
com maldição. – Ml. 4.4-6

Porém, quando analisamos esta profecia à luz de Lc.


1.13-17; Mt. 11.12-14, assunto este que aprofundo no
estudo do Livro do Apocalipse, quando falo sobre as duas
testemunhas do capítulo 11; observamos que esta profecia
já se cumpriu, e isto confirmado pelas palavras do próprio
Senhor Jesus Cristo. Sim, Elias já veio e não se trata de
uma volta literal, mas da manifestação de alguém que
atuou no espírito e virtude de Elias ou, usando termos
mais atuais, com a mesma unção do profeta do Antigo
Testamento.

Este é o meu Filho amado


Um segundo questionamento que faço quanto a
esta “fonte” de sabedoria do rabi Judah Ben-Samuel se
fundamenta num dos episódios da vida terrena de Jesus,
registrando no Evangelho de Mateus:
1
Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago e a João,
irmão deste, e os conduziu à parte a um alto monte;
2
e foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandeceu como o
sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.
3
E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
4
Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos
aqui; se queres, farei aqui três cabanas, uma para ti, outra para
Moisés, e outra para Elias.
5
Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e
dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo; a ele ouvi.
6
Os discípulos, ouvindo isso, cairam com o rosto em terra, e ficaram
grandemente atemorizados.
7
Chegou-se, pois, Jesus e, tocando-os, disse: Levantai-vos e não
temais.
8
E, erguendo eles os olhos, não viram a ninguém senão a Jesus
somente.

Esta visão tem sido interpretada incorretamente,


como se Moisés e Elias tivessem vindo falar com Jesus. Na
realidade, quem transfigura é o Senhor Jesus Cristo, ou
seja, é ele quem passa para o mundo sobrenatural. Não
existe volta de mortos, não existe comunicação entre os
mundos, conforme Jesus estabelece na parábola do rico e
Lázaro (Lc. 16.19-31). Somos instados por Deus a ouvir
somente a Jesus Cristo, qualquer manifestação que
extrapole este contexto deve ser questionada e analisada
com cuidado, à luz da Palavra de Deus.

A fonte da revelação das profecias bíblicas


O apóstolo Pedro, na sua primeira epístola, escreve:
16
Porque não seguimos fábulas engenhosas quando vos fizemos
conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois nós
fôramos testemunhas oculares da sua majestade.
17
Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando pela
Glória Magnífica lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho
amado, em quem me comprazo;
18
e essa voz, dirigida do céu, ouvimo-la nós mesmos, estando com ele
no monte santo.
19
E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em
estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até
que o dia amanheça e a estrela da alva surja em vossos corações;
20
sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é
de particular interpretação.
21
Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens,
mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo.

Duas coisas devem ser destacadas nas palavras


deste apóstolo: No verso 16 ele embasa os seus ensinos no
conhecimento pessoal que tiveram com Jesus Cristo; e
depois ele enfatiza o Espírito Santo como sendo aquele que
inspirou os homens que falaram da parte de Deus.

Concluindo
Todas as profecias extra-bíblicas devem ser
analisadas com muito cuidado, procurando-se saber a
fonte, a inpiração alegada por quem a profere. Existem
profecias verdadeiras fora as que estão nas Escrituras?
Sim, claro que sim; mas os profetas de Deus tem como
principal característica a pré divulgação de suas
revelações, permitindo que assim possamos aferir o peso e
a validade de suas palavras.

Um fato que precisa ser citado aqui quanto ao rabi


Judah Ben-Samuel, que embora não desabone quanto ao
caráter de suas obras, mas serve de alerta quanto aos
métodos empregados para obter informações ou fazer
previsões, é que ele era um místico judeu. Entre suas obras
está, por exemplo o Sefer Gematriot, comercializado pela
Amazon, trata-se de uma Edição Fac-símile de um
Manuscrito Único (Fontes e Estudos na Literatura do
Misticismo Judaico). A Gematria, uma prática ligada
atualmente a diversos grupos (Maçonaria,
Rosacrucianismo, Gnosticismo, Magia e Thelema) recebeu
contribuições deste rabi1; motivos para levantar sérias
preocupações por parte de cristãos.

1 Gematria ou Guematria é o método hermenêutico de análise

de palavras, atribuindo um valor numérico definido a cada letra. É


conhecido há mais de 3.300 anos. A cada letra do alfabeto hebraico
(grego, enochiano, etc.) é atribuído um valor númerico, assim, realiza-
se a soma dos valores de uma palavra.
PARTE 4

Olhando Para o Lado Errado

Se desejamos entender e acompanhar os eventos do


final dos tempos, devemos olhar para os lugares apontados
por Jesus Cristo. As profecias que nos interessam neste
caso não são as que surgem aqui e acolá, cuja exatidão não
se pode aferir pelas razões mais diversas. Só existe uma
fonte segura de informações e revelações que já passaram
pelo crivo sagrado e que, portanto, são dignas de
confiança: as Sagradas Escrituras.

Eu não pertenço ao chamado grupo dos


“cessacionistas”2, pelo contrário, acredito sim que este
dom ainda seja operante e disponível para a Igreja de
Jesus Cristo, porém, da mesma forma acredito que o
escopo das revelações, no que se refere ao desfecho dos
eventos que acontecerão neste mundo, já foi dado uma vez
por todas. Resumindo não acredito em novas revelações,

2 Os cessacionistas crêem que os dons do Espírito Santo

cessaram e não estão disponíveis para a igreja hoje. Baseiam-se em


duas premissas. Uma delas diz que os dons eram características do
ministério apostólico, são "marcas dos apóstolos". Com a morte destes
no século I os dons cessaram. Outra baseia-se em 1Co 13:8. Para eles
"o que é perfeito" é a Bíblia Sagrada, ou seja, quando o cânon foi
completado, as profecias cessaram e as línguas foram aniquiladas.
Estes são os argumentos, por assim dizer, bíblicos para embasar o
cessacionismos. Eles (digo "eles" pois sou pentecostal) também
lançam mão de argumentos históricos ("existe séculos de silêncio
sobre os dons") e teológicos (o princípio do Sola Scriptura).
mas acredito sim que possamos obter a cada dia maior
visão, mais clareza quanto ao que foi profetizado, com o
avanço dos tempos.

Qualquer revelação extra-bíblica pode extrapolar a


Palavra de Deus, qualquer um que se proponha a falar em
nome de Deus, não podem agir em desacordo com a
Palavra de Deus. Como vamos julgar uma declaração de
grande porte como é a profecia dos jubileus, se não temos
sequer acordo entre nossas interpretações? E, se estamos
divididos em nossa forma de pensar os eventos finais
naquilo que a Bíblia nos revela, certamente não teremos
consenso quanto a visões de que outros falaram.

Cada um interpreta ou rejeita segundo o seu modo


de pensar e aí, voltamos a estaca zero e a estaca zero já foi
assim definida pelo Senhor Jesus Cristo:

“Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem
o Filho, senão só o Pai”. – Mt. 24.36
Bibliografia

 The Mystery of the Lost Jubilee: Part VII – Judah


Ben Samuel’s “Internet Prophecy”. Disponível em:
https://www.breakingisraelnews.com/58608/the-
mystery-of-the-lost-jubilee-part-vii-judah-ben-
samuels-internet-prophecy-
opinion/#lwjfUc62gy3GQVhV.97. Visualizado em
17 de janeiro de 2017.
 Mystery of the Lost Jubilee: Part VIII – Prophetic
Memories. Disponível em:
https://www.breakingisraelnews.com/59430/mys
tery-of-the-lost-jubilee-part-viii-prophetic-
memories-opinion/#R4zAXeQ1EXhZ8fBC.97.
Visualizado em 17 de janeiro de 2017.
 Gematria. Disponível em
http://ocultura.org.br/index.php/Gematria.
Visualizado em 19 de janeiro de 2017.

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