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Pseudônimo: Cícero

Conto: A revolta que não deu certo

“​— ​Nave 992, nave 992, câmbio…


— Na escuta, Nave 777.
— Tudo sob controle na parte norte do Brasil?
— Tivemos alguns problemas com algumas energias densas oriundas de algumas
cidades, mas tudo sob controle. Iremos descer agora? Câmbio.
— Iremos sim. O Governador Terreno autorizou a descida e iremos ingressar na
atmosfera terrestre em alguns minutos.
— Eu hei de esperar seus comandos. Câmbio.” — um dos seres estelares responsáveis
pelo território brasileiro, Aion, respondeu ao Uei, outro ser estelar responsável pelo Brasil.
Isso aconteceu em 2030. A Terra estava passando por transformações profundas no
que diz respeito à energia que o Planeta emanava e, consequentemente, à dos seus moradores.
Essas transformações eram previstas antes mesmo que o hinduísmo se estabelecesse como
uma religião. Muitos mestres - como Jesus Cristo e Budha - também chamados avatares,
encarnaram na Terra para trazer a consciência e ajudar nesse processo que logo viria a ser
vivenciado. Uma parte dos seres humanos, no entanto - focados no materialismo e no
egoísmo e negligenciando toda a vivência espiritual - não se prepararam e, muitos deles,
sequer aceitaram a mensagem que Os Mestres trouxeram. Hoje, 5000 mil anos depois, a
Nova Terra já está estabelecida e os humanos passaram por grandes metamorfoses.
Pedi ao Divino, portanto, para que pudesse vos contar uma história deveras
interessante. Acessei a caixa akashica da Terra e agora vocês poderão viajar em minhas
palavras. Todavia, antes disso, eu irei me apresentar: me chamo Zoel. Sou um elemental,
morador das profundezas terrenas. Ajudei na transição planetária que aconteceu durante
muitos e muitos anos. Sou um duende de cor rosa, tenho mais ou menos 60 centímetros de
altura e vivi no território brasileiro, pertinho da Amazônia. Minha missão, junto aos outros
elementais, era proteger a Floresta Amazônica dos ataques humanos. A história que contarei a
vocês é de como nós, moradores do centro terreno, nos organizamos em um determinado
período de tempo que os seres humanos resolveram agredir mais a Floresta Amazônica.
O ano era 2013. Após alguns anos de declínio nas taxas de desmatamento da Floresta,
os humanos voltaram a desmatar as árvores e fazer queimadas. Os elementais, portanto,
resolveram se reunir durante a madrugada em uma parte escondida da mata. Fadas, gnomos,
duendes, silfos, ninfas, algumas sereias e ondinas iam chegando e entrando no portal de
proteção energética que alguns seres estelares haviam preparado para nós. A reunião iniciou
às três da manhã. Fizemos todos os rituais: louvamos a Mãe Gaia, acendemos velas
energéticas, cantamos o hino dos elementais. Após tudo isso, começamos a discutir o que
deveria ser feito.
— Eu, junto às minhas amigas, estávamos passando perto daquela madeireira que tem
na entrada do Campo Azul e, juro que não queríamos, acabamos ouvindo que eles pretendem
invadir a parte norte da Mata na terça-feira na parte da manhã. Prepararam carros, homens e
instrumentos. — disse uma das fadas rainhas.
— O que estamos esperando, então? Não podemos deixar que isso aconteça. Nos
organizaremos em grupos para atacar esses humanos safados. — gritava um dos mestres
gnomos.
Em seguida, os gnomos começaram a gritar e gritar e gritar. Não feliz com a situação,
pedi às fadas que lançassem um vento aos gnomos para que eles calassem suas bocas. Então,
as fadas ouviram meu pedido.
— Obrigado. — exclamei — Precisamos de um plano. Não adianta sairmos feito
loucas e loucos por aí sem nos organizar. Minha ideia é mandarmos as fadas e os silfos
primeiro, pois eles são mais rápidos e funcionam como nossos olhos à distância. Depois
disso, mandaremos as sereias, as ondinas e as ninfas, pois corre um rio logo ao lado da parte
norte da Mata, caso tenhamos que precisar de água. Logo depois, nós, duendes, e os gnomos
iremos para o Campo Azul para atrapalhar os horrendos homens que querem destruir a parte
norte da Floresta.
Decidimos então seguir esse plano. Nós tínhamos apenas dois dias para nos organizar
e então colocarmos em prática o meu plano. A reunião terminou e voltamos às nossas tarefas
normais.
Dois dias depois...
As fadas levantaram cedo, prepararam seus cabelos grandes e coloridos, suas asas
bonitas e rápidas e suas roupinhas que combinavam como se fora uma farda. Os silfos
arrumaram seus unicórnios, prepararam seus sapatos e tomaram seus drinks energéticos de
verão. Os duendes e gnomos continuaram a brigar entre si, esconder suas próprias coisas e
arrumarem seus chapéus de diversos tamanhos. Eu estava até bonitinho: coloquei uma roupa
branca com dourado, minhas botas verdes claras e meus óculos pretos. As sereias, as ninfas e
ondinas não tenho muito o que falar até porque elas vivem nas águ… brincadeira. Tenho
medo que elas possam me afogar, embora saiba que elas boazinhas. Elas pentearam seus
enormes cabelos, colocaram óculos de nataçã… brincadeira de novo. Acho que elas vão me
matar.
O grande momento estava chegando. Comuniquei-me com os líderes de cada espécie
elemental. Estava tudo pronto. As fadas e silfos sairam primeiro, depois os elementais da
água, depois os duendes e os gnomos. Os primeiros se encostaram nas árvores da parte norte,
os segundos ficaram de plantão na parte de fora do rio e o nosso grupo foi em direção à
madeireira.
Chegando lá, nos deparamos com grandes caminhões e nos dividimos para trabalhar
melhor. Os duendes foram para a parte de dentro da madeireira e os gnomos ficaram na parte
de fora. Então, começamos a esconder os instrumentos que seriam usados no desmate.
Escondemos machados, carroças, cordas, chaves dos carros e muitas outras coisas. Enquanto
isso, do lado de fora, o grupo dos duendes bagunçavam tudo o que podiam: carros, máquinas
e pessoas. Depois de uma hora nesse trabalho, os homens horrendos decidiram não invadir
mais a parte norte da Mata pois tudo estava dando errado. Reunimos então o grupo dos
duendes e dos gnomos e fomos em direção à parte norte pois os outros elementais estavam lá.

Quando estávamos chegando, percebemos que tudo estava tão calmo. Estranhamos
então a calmaria. Chegamos mais perto e percebemos um cenário tanto quanto engraçado: as
fadas e os silfos dormiam no alto das árvores com suas panças grandes e pesadas de tantos
frutos que comeram e as sereias, as ondinas e as ninfas tomavam sol com direito a óculos
energéticos solares na beira do rio. Perguntas o que aconteceu conosco? Estávamos tão
cansados que nem tivemos tempo para ficarmos furiosos: caímos e no chão mesmo ficamos.

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